E A MÁQUINA DE REMARCAR VOLTOU
Disparada dos preços ressuscita velhos hábitos da inflação. Brasileiros religam o freezer para estocar alimentos e enchem as despensas
Victor Martins e Larissa Garcia
Depois de seis planos econômicos fracassados, a partir de 1994, com o nascimento do Plano Real, finalmente os brasileiros puderam aposentar o uso das despensas e de freezeres e, melhor, garantir o tão sonhado poder de compra. A temida hiperinflação, que, um ano antes, deixara uma alta de 2.477% no custo de vida, começava a ser coisa do passado. Em 2011, quando a estabilização da economia completa 17 anos, o trauma que parecia vencido voltou a perturbar os brasileiros. Uma geração inteira de filhos da inflação anda assustada com a remarcação exagerada de preços nos supermercados, a ponto de ressuscitar velhos hábitos, como o de estocar mercadorias. No comércio, o mais execrado dos símbolos do longo período de descontrole inflacionário, a maquininha de etiquetar produtos, voltou a dar as caras. Restaurantes já não se intimidam em, diariamente, rasurar os cardápios, sempre cobrando a mais por bebidas e pela comida.
Ainda que não queira fazer alarde, a equipe econômica do governo Dilma Rousseff entrou em estado de alerta. Mais do que lidar com as desconfianças do mercado financeiro, que vem jogando as estimativas de inflação para cima, o que realmente está demandando as atenções é o comportamento da população diante da carestia. A apreensão no Palácio do Planalto pode ser traduzida por um importante assessor da presidente. Diz ele: “Quando nos dirigimos aos analistas e afirmamos que as medidas tomadas pelo governo, como a alta da taxa de juros (Selic) e a restrição ao crédito, terão efeitos daqui a seis meses, mesmo resistentes, eles entendem o que estamos dizendo. Quando, porém, pedimos às pessoas que tenham paciência, apesar de os preços dos alimentos terem subido mais de 60% desde julho do ano passado, de nada adianta. O quilo da carne, cujo valor dobrou em menos de um ano, fala mais alto”.
O aposentado Leonardo Giordano, 63 anos, que o diga. As últimas idas ao supermercado fizeram com que ele voltasse ao passado. Contrariado com a constante alta dos preços, religou o antigo freezer, comprado para estocar carne no fim dos anos 1980, quando a inflação chegava a 40% em um único mês. “Infelizmente, tive de fazer isso para congelar os preços”, lamenta. Ele conta que, a cada vez que sai de casa para fazer as compras mensais, está voltando com menos produtos. “Há algo de muito errado no ar. Depois de muitos anos, estou vendo o fantasma da inflação de volta”, diz. Não sem motivos. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de março, prévia do indicador oficial do mês, o tomate ficou 17,57% mais caro e a batata-inglesa, 9,66%. O quilo da picanha já é vendido a R$ 60.
Pessimismo
O processo de remarcação está tão intenso que 83% dos entrevistados pelo Instituto Datafolha dizem que a inflação continuará alta ou poderá aumentar mais. Tal percepção se repete no mercado. Já há analistas falando em índices superiores a 7% neste ano, nível sem precedentes desde 2005. O governo atribui esse salto às commodities (mercadorias com cotação internacional), sobretudo as agrícolas, afetadas por contratempos climáticos. E garante que os preços desses produtos vão cair nos próximos meses. Entre os especialistas, contudo, o atual processo inflacionário carrega uma série de motivos: além das commodities e de fatores positivos como a melhoria do mercado de trabalho, há a gastança dos últimos dois anos do governo Lula para ajudar a eleger Dilma.
Para Maristella Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra, na melhor da hipóteses, a inflação deste ano ficará no teto da meta definida pelo governo, de 6,5%. “Pesam nessa estimativa tanto os dados de inflação piores do que o esperado quanto os dados de atividade econômica, que mostram um crescimento ainda bastante robusto”, justifica. Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, não tem dúvidas de que o quadro inflacionário voltou a se deteriorar e, por isso, revisou a sua projeção do IPCA de 2011 de 5,8% para 6,3%. “Os fundamentos indicam inflação acima do centro da meta (definida pelo governo, de 4,5%), mesmo na ausência de pressões das commodities”, diz.
O próprio presidente do BC, Alexandre Tombini, admite que, entre junho e julho próximos, a inflação acumulada em 12 meses ficará acima de 6,5%. “Ninguém consegue conviver com isso”, reclama, taxativo, o aposentado Giordano. “Quando se vive com inflação alta, o dinheiro não vale nada. O negócio é gastar o mais rápido possível porque o salário vira pó muito rápido”, ensina. Mas nem de longe ele quer seguir essa receita novamente.
Governo Dilma Rousseff
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Re: Governo Dilma Rousseff
CORREIO BRAZILIENSE de hoje
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Re: Governo Dilma Rousseff
Isso é preocupante. Por isso acharia razoável o governo controlar o preço da gasolina, já que ela repercute em tudo.
- suntsé
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Re: Governo Dilma Rousseff
Matheus escreveu:Isso é preocupante. Por isso acharia razoável o governo controlar o preço da gasolina, já que ela repercute em tudo.
Nos EUA, O governo se esforça para manter baixo o preço dos combustíveis. eu acho que o controle da inflação é uma das razões.
Re: Governo Dilma Rousseff
Olha, nos no supermercados aqui na pobreza eu não vi essa disparada de hiper mega inflação não...
Nem soube de ninguém comprando freezer para estocar alimentos...
Eu vivia hiperinflação, inflação, e meia-bomba-inflação.
Eu particularmente acho que ainda estamos longe dessa catástrofe.
Mas quem quer ver, vê.
Nos EUA, que eu saiba, os preços dos combustíveis é livre e funciona a concorrência, flutua ao sabor dos preços de mercado, quase instantaneamente.
Pode ser que tenha mudado de seis anos prá cá.
Depois de estatizarem bancos, vai saber...
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Eu vivia hiperinflação, inflação, e meia-bomba-inflação.
Eu particularmente acho que ainda estamos longe dessa catástrofe.
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Nos EUA, que eu saiba, os preços dos combustíveis é livre e funciona a concorrência, flutua ao sabor dos preços de mercado, quase instantaneamente.
Pode ser que tenha mudado de seis anos prá cá.
Depois de estatizarem bancos, vai saber...
Re: Governo Dilma Rousseff
A inflação dos alimentos é um fenômeno global. Busquem os dados da UE e USA para comparar.
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Re: Governo Dilma Rousseff
Pra ala paulista, branca e catolica, isso não é verdade. A mulher vai levar o Brasil a quebradeira global, espere só e veráHader escreveu:A inflação dos alimentos é um fenômeno global. Busquem os dados da UE e USA para comparar.
[]'s
Como a ala branca paulista manda nos jornalecos, acaba dando a impressão de que o hecatombe começou, e é tudo culpa da herança maldita, se esquecedo que o mundo quebrou em 2008 e o Brasil nadou de braçada
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Governo Dilma Rousseff
Existem varios meios de manter os preços de um determinado produto ou serviço baixo sem necessidade de intervenção direta.Carlos Mathias escreveu: Nos EUA, que eu saiba, os preços dos combustíveis é livre e funciona a concorrência, flutua ao sabor dos preços de mercado, quase instantaneamente.
- suntsé
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Re: Governo Dilma Rousseff
Eu concordo que esta reportagem é por demais irrealista, nos mercados que eu freqüento, não vejo nenhuma disparada de preços, para mim não mudou nada. Esta tudo normal.
Esta noticia é tendenciosa demais.
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Re: Governo Dilma Rousseff
IdemCarlos Mathias escreveu:Olha, nos no supermercados aqui na pobreza eu não vi essa disparada de hiper mega inflação não...
Nem soube de ninguém comprando freezer para estocar alimentos...
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Re: Governo Dilma Rousseff
Também não acho um hectombe mas por aqui a carne aumentou 50% nos últimos meses. Combustíveis, imóveis, aluguéis, também subiram bastante. O IGPM do ano passado fechou em mais de 10%, logo reajuste das mensalidades foram proporcionais. É claro que não é a volta da inflação, mas os salários (perderam) perderão bastante valor neste ano e no anterior.
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Re: Governo Dilma Rousseff
Percebi aumentos pontuais em alimentos e combustíveis, o que preocupa, mas nem de perto é aquilo do passado. Ainda vou no supermercado com uma quantia x para comprar y coisas e dá. Muito diferente do passado onde cada dia era um preço. Hoje também há mais concorrência e nos dias de promoções de alimentos os supermercados entopem. Ir no supermercado fazer estoque, não é muito vantajoso, pois eles alternam as promoções em itens diversos e se for para ir vários dias para fazer estoque, não compensaria o dinheiro com combustível, o gasto de tempo etc
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Re: Governo Dilma Rousseff
Não estou aqui para discutir o mérito da questão dos impostos (no que concordo com a sua leitura de que afetará compras no exterior), mas eu queria saber se você poderia explicar a "grave situação econômica" do país. Seria a redução de gastos? Ou seria algo pior? Digo isso porque a sua afirmação pode dar a impressão de que o Brasil vai mal e não que gerou, por exemplo, 280 mil empregos em fevereiro (historicamente considerado um mês fraco).alcluiz escreveu:Caro colega DELTA22, nao estou enganado nao, e nao estou a caluniar ninguém, estou mesmo a apontar o dedo com provas, nao boatos, por isso nao me cabe processo algum, pois o sr Ministro da Fazenda enganou mesmo a todos, e classificou-nos de milhionarios, pois se lá temos dinheiro para fazer uma viagem ao exterior, nem que seja uma vez na vida, e outra na morte, temos que contribuir mais e mais com o governo, pois este culpa ao cidadão por ser um governo falho e safado, ao lançar um plano de corte fiscal apos aumentar o salário de vários governantes, e tem a cara de pau de dizer que a compra de materiais militares nao combinam com cortes financeiros, mas o aumento de salário deles combinou direitinho, e agora, depois de dizer que nao planejavam aumentar o IOF nas compras executadas no exterior, aumenta-o menos de 2 meses depois. Esse aumento afecta a todos que usam o cartão para compras no exterior, estando ele no Brasil ou em qualquer local, pois quando se compra num site fora do Brasil, seu pagamento é considerado como pagamento de CC no exterior. Quando se usa Paypal, se fizer com debito directo em conta ele nao usa o cartão internacional, mas caso contrário, será taxado.
É impensável, qualquer cidadão em sã consciência, defender tais actos, pois o Brasil é um país de todos, nao é de ricos, nao é dos pobres, e muito menos dessa classezinha que se acha acima de tudo e de todos, chamados políticos, aqueles mesmos que oferecem passaporte diplomatico a 2 indivíduos que nada tem a somar ao país, e que esconde da população, durante a campanha eleitoral, a grave situação econômica do país, só para se manter na linha de frente...
O povo brasileiro é mesmo muito condescente com essa corja, e espertos são eles, pois bem cedo deslocaram a capital do país lá pro meio do nada, pois queria ver se teriam tantos afrontes a população em geral se tal capital fosse em qualquer capital do Sul ou Sudeste, ou qualquer outra região...
Re: Governo Dilma Rousseff
Vou deixar aqui meu breve testemunho do que lembro da inflação dos anos 80. Tinha eu meus poucos 5 anos de idade, lembro-me perfeitamente de meu pai marcando os preços das mercadorias às 10 da manhã e remarcando novamente às 17 horas do mesmo dia. Não entendia nada do que isso significava, apenas observava, mas a lembrança ficou...
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"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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Re: Governo Dilma Rousseff
Que a oposição esta caindo de pau isso esta mesmo e talvez até aumento. Normal numa democracia. Mas bem que o governo Dilma poderia fazer sua parte. 3 meses de governo e já temos quantos aumentos de tudo que é imposto? 3 meses de governo e estão cortando tudo que foi prometido antes das eleições.joao fernando escreveu:Pra ala paulista, branca e catolica, isso não é verdade. A mulher vai levar o Brasil a quebradeira global, espere só e verá
Como a ala branca paulista manda nos jornalecos, acaba dando a impressão de que o hecatombe começou, e é tudo culpa da herança maldita, se esquecedo que o mundo quebrou em 2008 e o Brasil nadou de braçada
Dai eu te pergunto; se não estamos na beira do abismo (já que todos os sinais são claros) qual é o plano do governo Dilma?
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: Governo Dilma Rousseff
Que a inflação para o pais é uma droga isso todo mundo sabe. Nem o politico mais calhorda em atividade no nossso pais trabalharia para isso acontecer. O fato é que os sinais de crise são claros.DELTA22 escreveu:Vou deixar aqui meu breve testemunho do que lembro da inflação dos anos 80. Tinha eu meus poucos 5 anos de idade, lembro-me perfeitamente de meu pai marcando os preços das mercadorias às 10 da manhã e remarcando novamente às 17 horas do mesmo dia. Não entendia nada do que isso significava, apenas observava, mas a lembrança ficou...
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