Alternativas para fim do FX2

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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helio
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Re: Alternativas para fim do FX2

#196 Mensagem por helio » Seg Mar 21, 2011 8:07 am

Amigos
Eu comecei a pesquisar assuntos militares com mais seriedade a partir da década de setenta( para vc verem como sou velho [000] ). Pois bem, SEMPRE tivemos problemas de orçamento, mesmo durante o governo militar, além de enfrentarmos inumeras crises economicas.
A palavra de ordem sempre foi economizar...economizar....economizar.....
Não sei se alguns dos colegas foristas que já foram(ou ainda são) militares pode refrescar a minha memoria, mas não me lembro de épocas de fartura dentro das FA.
Acho perfeitamente normal, a nossa presidente fechar para balanço os gastos e investimentos publicos no inicio de uma gestão, novamente, desconheço qualquer presidente da republica, ou até mesmo governadores e prefeitos sérios que não tenham adotado este procedimento.
É logico que as FA não ficam de braços cruzados esperando que a auditoria acabe, e a verba novamente volte a brotar. Geralmente a imprensa fica sabendo da situação e noticiam o fato, coisa que durante o regime militar não acontecia.
Sinceramente, vejo isto como uma situação normal( como as outras que tivemos), e é por estes motivos que sempre fui franco em não acreditar na prática do END. Sempre disse que no papel ele é interessante, mas na prática é utopico.
Este é um dos motivos que não se motivam empresários a abrir uma industria de produtos bélicos, com enfase ao abastecimento das FA do Brasil.

Abraços

Hélio
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Re: Alternativas para fim do FX2

#197 Mensagem por FIGHTERCOM » Seg Mar 21, 2011 8:40 am

helio escreveu:Amigos
Eu comecei a pesquisar assuntos militares com mais seriedade a partir da década de setenta( para vc verem como sou velho [000] ). Pois bem, SEMPRE tivemos problemas de orçamento, mesmo durante o governo militar, além de enfrentarmos inumeras crises economicas.
A palavra de ordem sempre foi economizar...economizar....economizar.....
Não sei se alguns dos colegas foristas que já foram(ou ainda são) militares pode refrescar a minha memoria, mas não me lembro de épocas de fartura dentro das FA.
Acho perfeitamente normal, a nossa presidente fechar para balanço os gastos e investimentos publicos no inicio de uma gestão, novamente, desconheço qualquer presidente da republica, ou até mesmo governadores e prefeitos sérios que não tenham adotado este procedimento.
É logico que as FA não ficam de braços cruzados esperando que a auditoria acabe, e a verba novamente volte a brotar. Geralmente a imprensa fica sabendo da situação e noticiam o fato, coisa que durante o regime militar não acontecia.
Sinceramente, vejo isto como uma situação normal( como as outras que tivemos), e é por estes motivos que sempre fui franco em não acreditar na prática do END. Sempre disse que no papel ele é interessante, mas na prática é utopico.
Este é um dos motivos que não se motivam empresários a abrir uma industria de produtos bélicos, com enfase ao abastecimento das FA do Brasil.


Abraços

Hélio
Caro Hélio,

Pior que muitos acreditaram (e ainda acreditam) na possibilidade de implementação de tudo que está na END. Tem ainda aqueles que acreditam que é possível pegar um caminho mais fácil (através de ToTs) para se alcançar a independência tecnológica. Bem, é como disse um colega aqui no DB: "nada como um dia após o outro".

Abraços,

Wesley

PS.: Independência tecnológica é conseguida somente através de P&D, pensar que existe outra forma só demonstra ingenuidade sobre este tema. O caminho é longo e tem um custo elevado. Mas muitos, talvez motivados "pelo jeitinho brasileiro", acham que é possível fazer diferente e melhor do que foi feito pelas grandes potências.
"A medida que a complexidade aumenta, as declarações precisas perdem relevância e as declarações relevantes perdem precisão." Lofti Zadeh
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Re: Alternativas para fim do FX2

#198 Mensagem por LeandroGCard » Seg Mar 21, 2011 1:13 pm

sapao escreveu:
LeandroGCard escreveu:Bem, os romanos viviam em guerra, eram um povo extremamente agressivo e conquistaram assim uma boa parcela do planeta. E com isso não fizeram muitos amigos, com certeza.

Nós invadimos ou iremos invadir quem mesmo em um futuro previsível?


Leandro G. Card

Entendo perfeitamente seu argumento Leandro, e por causa dele um piloto do GTE ou do transporte voa em media de 4 a 5 vezes mais que a media da FAB.
Mas obviamente o dia em que tivermos uma ameaça vamos ter bastante tempo para preparar a aviação de combate (leia-se COMGAR) porque guerra nenhuma ocorre do dia para noite...

So para lembrar até o ano passado a Libia estava quase comprando o RAFALE, hoje está sendo bombardeada por eles!

Mas com certeza isso está acontecendo porque lá é uma ditadura, as intenções da ONU são as mais ilibadas e sem interesses do mundo e NUNCA na historia desse país vai acontecer coisa semelhante.

Posso me atrever e perguntar se você tem seguro de vida, de casa, do carro?
Você é bastante inteligente para saber aonde vou com essa linha de pensamento, e é mais ou menos por ai que acho que devemos pensar.

Para formar um piloto da FAB eu levo em media 9 anos, de uma aeronave de primeira linha um pouco mais.
Quando o piloto de caça que começou este ano o treinamento no F-5 entrou na FAB, a guerra ao terror não tinha nem começado e o Lula era um candidato a presidente; como será o mundo que o cadete de hoje verá como piloto?
Não sei, mas posso afirmar para você que teremos mais ameaças na medida que nos posicionarmos mais no cenario internacinal e tivermos que opinar sobre temas mais complexos do que desmatamento da amazonia ou preço da soja.

Com certeza não existe como saber o que vamos precisar em um futuro presivel (até porque se ele fosse previsivel nossos analistas morreriam de fome), mas posso dizer que HOJE não temos capacidade quase nenhuma de dizer "NÃO" se nos compararmos a qualquer pais do G-8 ou BRIC.

É nossa escolha continuar assim no futuro?

Pelo que entendi do END não, vamos então colocar em pratica!
Caro amigo Sapão, entendo e concordo com sua posição, mas isto na prática é irrelevante. A sociedade brasileira e os nossos sucessivos governos não percebem nenhuma verdadeira possibilidade do Brasil entrar em nenhum conflito armado mais sério no futuro previsível, e assim o fazem por ser esta possibilidade realmente muito, muito remota.

Apesar da situação geopolítica mundial estar cada vez mais confusa, da fome do planeta por recursos naturais e dos riscos que isto implica, o Brasil não é uma Líbia, um Afeganistão ou um Iraque, que possa ser atacado com boas chances de se obter sucesso (e assim acesso aos recursos naturais). Nosso país é simplesmente grande demais, populoso demais, isolado demais e está demasiado inserido na cultura ocidental democrática para que se crie alguma justificativa como as usadas contra ditaduras árabes ou grupos radicais islâmicos. Teríamos que fazer algo realmente muito estúpido para justificar qualquer ataque contra nós, como por exemplo invadir sem provocação algum vizinho menor. Então, para nos proteger, é só evitar qualquer movimento neste sentido, e aí a não posse de armas modernas serve até melhor a nossa defesa que sua posse.

E se apesar disso tudo ainda assim algum país ou grupo de países estrangeiros decidir nos atacar, só quem poderia fazê-lo seriam justamente as mesmas potências ocidentais das quais estaríamos agora comprando a maior parte dos equipamentos que pretensamente serviriam para nos defender delas. Isto não seria um óbvio absurdo?

Da mesma forma as chances de nosso país se envolver em conflitos de terceiros por conta própria ou por mandato da ONU também só existem nas condições que o próprio governo decidir, e por isso equipamentos modernos não fazem falta. Se não podemos ajudar a impor uma zona de exclusão aérea na Líbia, na Faixa de Gaza ou em qualquer outro local é só não apoiá-la no CS na ONU. Já estamos até comandando uma missão naval no Líbano sem nenhum navio no teatro, e fizemos boa figura no Haiti com veículos de 30 anos de idade modernizados. Para quê queremos mais do que isso?

Este discurso de riscos geopolíticos e poder militar pode ser muito bonito e interessante para nós entusiastas, mas para a sociedade brasileira é simplesmente vazio, pois não enche panelas nem garante a pinga de cada dia. Muito mais fácil gastarem-se dezenas de bilhões com eventos esportivos como copas do mundo e olimpíadas, que pelo menos divertem o povão, do que alguns poucos bilhões em material militar importado de primeira. Talvez um dia, quando o pré-sal estiver rendendo tanto dinheiro que o país nem saiba o que fazer com ele, depois de implantar trens-bala, museus Guggenheim e Disneylândias (além de muitas outras obras faraônicas que criem condição para nossos políticos tirarem a casquinha deles) se resolva comprar uns aviões mais bonitinhos para o 7 de Setembro, ou um grande navio cheio de canhões e mísseis para enfeitar fotos turísticas da baía de Guanabara. Até lá, se os interessados no assunto defesa, incluíndo aí os próprios militares, quiserem ter alguma chance de ver o setor melhor atendido em nosso país precisam procurar outras formas de motivar a sociedade e os políticos, estes argumentos exclusivamente “defensísticos” simplesmente não impressionam ninguém.


É pena, mas assim é.


Um grande abraço,


Leandro G. Card
Editado pela última vez por LeandroGCard em Seg Mar 21, 2011 11:02 pm, em um total de 2 vezes.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#199 Mensagem por joao fernando » Seg Mar 21, 2011 1:20 pm

Parabéns Leandro, como sempre...

Matou a pau o assunto

Agora só resta ao Sapão, levantar a bola pro bem do fórum como um todo
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Alternativas para fim do FX2

#200 Mensagem por Justin Case » Seg Mar 21, 2011 1:49 pm

Amigos,

O problema é que a visão de futuro da sociedade brasileira varia de um dia a um ano. Alguns poucos, mais organizados, imaginam um futuro de cinco anos.
A maioria só pensa no calo que está doendo: se o irmão foi assaltado, preocupa-se com a segurança; se o pai está doente, preocupa-se com a saúde; se vai viajar, com a infraestrutura, se perdeu o emprego...
Já os governantes têm uma visão mais longa: o seu mandato.
Os políticos, visão ainda mais ampla: a próxima eleição.
O Sapão apresentou uma visão mais consistente, de dez anos, com reflexos nos próximos 30 ou 40.
Para desmobilizar uma força armada, basta um ano. Para modernizar uma, talvez uns quinze; para criar uma que foi destruída (inclusive seus recursos humanos), 15 ou 20 anos.
Essa visão de longo prazo é típica de "ESTADISTAS". Poucos estão ainda opinando por aí, e poucos lhes dão atenção.
A moda hoje é "viver cada momento". O futuro? Deixa pra lá. Não sei nem se estarei vivo, ou no cargo...
Abraços,

Justin

Edit: desculpem algumas generalizações no meu comentário, pois minha referência é a média do comportamento, não a totalidade.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#201 Mensagem por helio » Seg Mar 21, 2011 2:38 pm

Justin e Leandro

muito bons posts.
Abraços
Hélio
Bender

Re: Alternativas para fim do FX2

#202 Mensagem por Bender » Seg Mar 21, 2011 2:56 pm

helio escreveu:Justin e Leandro

muito bons posts.
Abraços
Hélio
Apoio e acrescento Wesley na lista.

PS:Hélio véio,tu é véio merrrrmo! :shock: :D

Abraços!
helio
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Re: Alternativas para fim do FX2

#203 Mensagem por helio » Seg Mar 21, 2011 3:31 pm

Bender escreveu:
helio escreveu:Justin e Leandro

muito bons posts.
Abraços
Hélio
Apoio e acrescento Wesley na lista.

PS:Hélio véio,tu é véio merrrrmo! :shock: :D

Abraços!
Pois é Bender, já tou com 57 anos. O tempo passa mais rápido que se imagina. Aproveitem bem a vida meus amigos!!!!
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Re: Alternativas para fim do FX2

#204 Mensagem por FCarvalho » Seg Mar 21, 2011 8:12 pm

Alcantara escreveu:
FCarvalho escreveu:Já tentaram parar primeiro, e sem aviso prévio, o GTE, o 8o GAV e a aviação de transporte? Afinal, estes são os únicos esquadrões em que o GF tem interesse que funcione, para poder manter a mamata dos favelados deste país. O resto é desídia.
As decisões SÃO POLÍTICAS, lembra? Vem de cima pra baixo. O cão abanando o rabo, e não o contrário, certo?
Então essa é a decisão do GF: deixem a defesa de lado, a prioridade é o GTE.
Alcantara, as decisões politicas são tomadas em pró de um orçamento, de modo genérico, que é elaborado pelas fa's com vistas a sua manutenção/operação no todo, durante o ano fiscal. Legalmente nada impede a FAB de realocar suas verbas para essa ou aquela função, desde que a mesma não tenha cunho de gasto obrigatório.
No mais, se a FAB quiser parar tudo que voe, ela pode tranquilamente fazê-lo.
O máximo que o GF poderá fazer, além de espenear, é alocar as verbas necessárias as operações que deseja ter.
Além disso, as argumentações apresentadas nos últimos post pelos colegas foristas traduzem muito bem o tipo e o nível relacionamento entre sociedade/GF/FA's no Brasil.
Não dá realmente para esperar grandes coisas sobre defesa neste país, desde há muito tempo.

abs
Carpe Diem
Bender

Re: Alternativas para fim do FX2

#205 Mensagem por Bender » Ter Mar 22, 2011 11:29 am

Ops!Hélio: Retiro o que eu disse,57 ainda é um menino :D fora que foi um grande ano da Chevrolet Belair! :)

Abraços!
helio
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Re: Alternativas para fim do FX2

#206 Mensagem por helio » Ter Mar 22, 2011 12:54 pm

Bender escreveu:Ops!Hélio: Retiro o que eu disse,57 ainda é um menino :D fora que foi um grande ano da Chevrolet Belair! :)

Abraços!
Pois é Bender, mas para mim o carro mais bonito pra mim do ano de 1957 foi o Ford Thunderbird. Pra quem tem mais de 40 vai se lembrar de um seriado que passava na Globo chamado "Vegas" cujo personagem principal tinha um T-Bird 57 da cor "candyapple red".

Um abraço

Hélio
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Re: Alternativas para fim do FX2

#207 Mensagem por alex » Ter Mar 22, 2011 2:59 pm

O problema de P&D é que os frutos vem depois de 4 anos que é mais que um mandato politico.
Só um estadista pode pensar em criar centros de P&D sem querer receber nada em troca durante seu mandato. E no Brasil não me lembro qual foi nosso ultimo estadista.
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Zavva
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Re: Alternativas para fim do FX2

#208 Mensagem por Zavva » Ter Mar 22, 2011 3:30 pm

LeandroGCard escreveu:
sapao escreveu:
Entendo perfeitamente seu argumento Leandro, e por causa dele um piloto do GTE ou do transporte voa em media de 4 a 5 vezes mais que a media da FAB.
Mas obviamente o dia em que tivermos uma ameaça vamos ter bastante tempo para preparar a aviação de combate (leia-se COMGAR) porque guerra nenhuma ocorre do dia para noite...

So para lembrar até o ano passado a Libia estava quase comprando o RAFALE, hoje está sendo bombardeada por eles!

Mas com certeza isso está acontecendo porque lá é uma ditadura, as intenções da ONU são as mais ilibadas e sem interesses do mundo e NUNCA na historia desse país vai acontecer coisa semelhante.

Posso me atrever e perguntar se você tem seguro de vida, de casa, do carro?
Você é bastante inteligente para saber aonde vou com essa linha de pensamento, e é mais ou menos por ai que acho que devemos pensar.

Para formar um piloto da FAB eu levo em media 9 anos, de uma aeronave de primeira linha um pouco mais.
Quando o piloto de caça que começou este ano o treinamento no F-5 entrou na FAB, a guerra ao terror não tinha nem começado e o Lula era um candidato a presidente; como será o mundo que o cadete de hoje verá como piloto?
Não sei, mas posso afirmar para você que teremos mais ameaças na medida que nos posicionarmos mais no cenario internacinal e tivermos que opinar sobre temas mais complexos do que desmatamento da amazonia ou preço da soja.

Com certeza não existe como saber o que vamos precisar em um futuro presivel (até porque se ele fosse previsivel nossos analistas morreriam de fome), mas posso dizer que HOJE não temos capacidade quase nenhuma de dizer "NÃO" se nos compararmos a qualquer pais do G-8 ou BRIC.

É nossa escolha continuar assim no futuro?

Pelo que entendi do END não, vamos então colocar em pratica!
Caro amigo Sapão, entendo e concordo com sua posição, mas isto na prática é irrelevante. A sociedade brasileira e os nossos sucessivos governos não percebem nenhuma verdadeira possibilidade do Brasil entrar em nenhum conflito armado mais sério no futuro previsível, e assim o fazem por ser esta possibilidade realmente muito, muito remota.

Apesar da situação geopolítica mundial estar cada vez mais confusa, da fome do planeta por recursos naturais e dos riscos que isto implica, o Brasil não é uma Líbia, um Afeganistão ou um Iraque, que possa ser atacado com boas chances de se obter sucesso (e assim acesso aos recursos naturais). Nosso país é simplesmente grande demais, populoso demais, isolado demais e está demasiado inserido na cultura ocidental democrática para que se crie alguma justificativa como as usadas contra ditaduras árabes ou grupos radicais islâmicos. Teríamos que fazer algo realmente muito estúpido para justificar qualquer ataque contra nós, como por exemplo invadir sem provocação algum vizinho menor. Então, para nos proteger, é só evitar qualquer movimento neste sentido, e aí a não posse de armas modernas serve até melhor a nossa defesa que sua posse.

E se apesar disso tudo ainda assim algum país ou grupo de países estrangeiros decidir nos atacar, só quem poderia fazê-lo seriam justamente as mesmas potências ocidentais das quais estaríamos agora comprando a maior parte dos equipamentos que pretensamente serviriam para nos defender delas. Isto não seria um óbvio absurdo?

Da mesma forma as chances de nosso país se envolver em conflitos de terceiros por conta própria ou por mandato da ONU também só existem nas condições que o próprio governo decidir, e por isso equipamentos modernos não fazem falta. Se não podemos ajudar a impor uma zona de exclusão aérea na Líbia, na Faixa de Gaza ou em qualquer outro local é só não apoiá-la no CS na ONU. Já estamos até comandando uma missão naval no Líbano sem nenhum navio no teatro, e fizemos boa figura no Haiti com veículos de 30 anos de idade modernizados. Para quê queremos mais do que isso?

Este discurso de riscos geopolíticos e poder militar pode ser muito bonito e interessante para nós entusiastas, mas para a sociedade brasileira é simplesmente vazio, pois não enche panelas nem garante a pinga de cada dia. Muito mais fácil gastarem-se dezenas de bilhões com eventos esportivos como copas do mundo e olimpíadas, que pelo menos divertem o povão, do que alguns poucos bilhões em material militar importado de primeira. Talvez um dia, quando o pré-sal estiver rendendo tanto dinheiro que o país nem saiba o que fazer com ele, depois de implantar trens-bala, museus Guggenheim e Disneylândias (além de muitas outras obras faraônicas que criem condição para nossos políticos tirarem a casquinha deles) se resolva comprar uns aviões mais bonitinhos para o 7 de Setembro, ou um grande navio cheio de canhões e mísseis para enfeitar fotos turísticas da baía de Guanabara. Até lá, se os interessados no assunto defesa, incluíndo aí os próprios militares, quiserem ter alguma chance de ver o setor melhor atendido em nosso país precisam procurar outras formas de motivar a sociedade e os políticos, estes argumentos exclusivamente “defensísticos” simplesmente não impressionam ninguém.


É pena, mas assim é.


Um grande abraço,


Leandro G. Card
Na minha opinião, o melhor caminho para engajar a sociedade e os políticos em uma política armamentista no Brasil, seria associar a compra de equipamentos bélicos ao desenvolvimento destes equipamentos internamente, inserindo definitivamente esta industria como uma significativa atividade economica, geradora de empregos, desenvolvimento tecnológico (inclusive dual-use) e exportação (fonte de divisas).

Abs
F-X2: Alguns se preocupam com a presença de componentes americanos, eu me preocupo com a ausência de componentes brasileiros.
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Re: Alternativas para fim do FX2

#209 Mensagem por LeandroGCard » Ter Mar 22, 2011 4:35 pm

alex escreveu:O problema de P&D é que os frutos vem depois de 4 anos que é mais que um mandato politico.
Só um estadista pode pensar em criar centros de P&D sem querer receber nada em troca durante seu mandato. E no Brasil não me lembro qual foi nosso ultimo estadista.
Este é um excelente exemplo do tipo de raciocínio incorreto que condena o desenvolvimento tecnológico nacional, e não apenas na área de defesa.

O governo não cria centros de pesquisa porque quer resultados, ele os cria porque A INDÚSTRIA OS QUER, e cobra sua criação (e para isso paga campanhas eleitorais, faz lobby, etc...). Mas para que a indústria se interesse por centros de pesquisa ela precisa perceber que a inovação é um aspecto importante do seu negócio, e isto só acontece se as empresas estiverem interessadas em VENCER CONCORRÊNCIAS.

Mas as empresas vão atrás de vencer concorrências quando buscam MERCADOS NÃO CATIVOS ou seja, EXTERNOS. Para isso elas primeiro precisam é claro existir, mas também tem que produzir produtos que possam ser ofertados no mercado internacional. E elas só podem fazer isso com produtos próprios, por isso produzir algo aqui sob licença POUCO AJUDA O DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NACIONAL, em qualquer área.

É claro que se a empresa já estiver desenvolvendo seus produtos e puder contar com ToT's para aperfeiçoá-los isto é ótimo, mas ANTES ELA TEM que possuir programas de desenvolvimento de produtos em andamento. Falar em (e principalmente pagar por) ToT sem programas claros e bem definidos de desenvolvimento de novos produtos e sistemas associados a ela é perda de tempo e de dinheiro.

Como para realmente necessitar de pesquisa e desenvolvimento as empresas nacionais de defesa teriam que produzir produtos que pudessem ser oferecidos ao mercado internacional, estes teriam que incorporar nas suas especificações características que os tornassem diferenciados e competitivos à nível mundial. Caberia às FA’s nacionais adequar suas doutrinas e requerimentos a isto, portanto elas DEVERIAM EVITAR AO MÁXIMO emitir requisições para equipamentos exatamente similares ao que já existe disponível no mercado. Isto implica em que nossas FA’s teriam que ser muito mais ousadas e inovadoras do que historicamente tem sido, e sempre que possível acompanhar as próprias iniciativas da indústria.


Resumindo:

- As FA’s (ou o MD) teriam que estar à frente do seu tempo, e não ficar sempre correndo atrás do que as demais já fazem. E suas demandas seriam repassadas à indústria nacional.

-As indústrias nacionais deveriam ser solicitadas a atender a esta demanda por novos armamentos e sistemas, e a apresentar suas próprias ofertas inovadoras quando as tivessem.

-O governo deveria dar o suporte garantindo a compra dos lotes mínimos que tornassem os novos produtos viáveis, apoiando as tentativas de vendas externas e fornecendo o suporte em termos de infra-estrutura (e aí se incluiriam os centros de pesquisa).

-Apenas onde este ciclo não se mostrasse técnica e/ou economicamente viável seriam efetuadas compras de prateleira, e as FA’s deveriam garantir que sua doutrina exigiria o uso mínimo destes itens e adquirir os produtos visando o mínimo custo, a menos que ToT’s interessantes fossem também oferecidas (lembrando que Tot’s interessantes são apenas as que se encaixem em projetos já em andamento ou que permitam o início de outros de interesse real ).

- P&D é apenas um item do esquema, não o único e nem mesmo o primeiro. O ideal é que a iniciativa parta das próprias FA’s, que deveriam assumir a postura proposta e buscar antes de mais nada a indústria, e só depois, JUNTAS, o governo. A FAB já faz isso até certo ponto, mas poderia ser mais ousada e explícita. EB e MB ainda tem muito caminho a percorrer.


abraços à todos,


Leandro G. Card
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Re: Alternativas para fim do FX2

#210 Mensagem por NovaTO » Ter Mar 22, 2011 5:15 pm

LeandroGCard escreveu:
alex escreveu:O problema de P&D é que os frutos vem depois de 4 anos que é mais que um mandato politico.
Só um estadista pode pensar em criar centros de P&D sem querer receber nada em troca durante seu mandato. E no Brasil não me lembro qual foi nosso ultimo estadista.
Este é um excelente exemplo do tipo de raciocínio incorreto que condena o desenvolvimento tecnológico nacional, e não apenas na área de defesa.

O governo não cria centros de pesquisa porque quer resultados, ele os cria porque A INDÚSTRIA OS QUER, e cobra sua criação (e para isso paga campanhas eleitorais, faz lobby, etc...). Mas para que a indústria se interesse por centros de pesquisa ela precisa perceber que a inovação é um aspecto importante do seu negócio, e isto só acontece se as empresas estiverem interessadas em VENCER CONCORRÊNCIAS.

Mas as empresas vão atrás de vencer concorrências quando buscam MERCADOS NÃO CATIVOS ou seja, EXTERNOS. Para isso elas primeiro precisam é claro existir, mas também tem que produzir produtos que possam ser ofertados no mercado internacional. E elas só podem fazer isso com produtos próprios, por isso produzir algo aqui sob licença POUCO AJUDA O DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NACIONAL, em qualquer área.

É claro que se a empresa já estiver desenvolvendo seus produtos e puder contar com ToT's para aperfeiçoá-los isto é ótimo, mas ANTES ELA TEM que possuir programas de desenvolvimento de produtos em andamento. Falar em (e principalmente pagar por) ToT sem programas claros e bem definidos de desenvolvimento de novos produtos e sistemas associados a ela é perda de tempo e de dinheiro.

Como para realmente necessitar de pesquisa e desenvolvimento as empresas nacionais de defesa teriam que produzir produtos que pudessem ser oferecidos ao mercado internacional, estes teriam que incorporar nas suas especificações características que os tornassem diferenciados e competitivos à nível mundial. Caberia às FA’s nacionais adequar suas doutrinas e requerimentos a isto, portanto elas DEVERIAM EVITAR AO MÁXIMO emitir requisições para equipamentos exatamente similares ao que já existe disponível no mercado. Isto implica em que nossas FA’s teriam que ser muito mais ousadas e inovadoras do que historicamente tem sido, e sempre que possível acompanhar as próprias iniciativas da indústria.


Resumindo:

- As FA’s (ou o MD) teriam que estar à frente do seu tempo, e não ficar sempre correndo atrás do que as demais já fazem. E suas demandas seriam repassadas à indústria nacional.

-As indústrias nacionais deveriam ser solicitadas a atender a esta demanda por novos armamentos e sistemas, e a apresentar suas próprias ofertas inovadoras quando as tivessem.

-O governo deveria dar o suporte garantindo a compra dos lotes mínimos que tornassem os novos produtos viáveis, apoiando as tentativas de vendas externas e fornecendo o suporte em termos de infra-estrutura (e aí se incluiriam os centros de pesquisa).

-Apenas onde este ciclo não se mostrasse técnica e/ou economicamente viável seriam efetuadas compras de prateleira, e as FA’s deveriam garantir que sua doutrina exigiria o uso mínimo destes itens e adquirir os produtos visando o mínimo custo, a menos que ToT’s interessantes fossem também oferecidas (lembrando que Tot’s interessantes são apenas as que se encaixem em projetos já em andamento ou que permitam o início de outros de interesse real ).

- P&D é apenas um item do esquema, não o único e nem mesmo o primeiro. O ideal é que a iniciativa parta das próprias FA’s, que deveriam assumir a postura proposta e buscar antes de mais nada a indústria, e só depois, JUNTAS, o governo. A FAB já faz isso até certo ponto, mas poderia ser mais ousada e explícita. EB e MB ainda tem muito caminho a percorrer.


abraços à todos,


Leandro G. Card

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