Governo Dilma Rousseff

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Gerson Victorio
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Re: Governo Dilma Rousseff

#376 Mensagem por Gerson Victorio » Qua Mar 02, 2011 9:11 pm

rodrigo escreveu:
Então vamos detonar todo mundo...juiz, promotor, vereador, prefeito, governador e segue a lista...ou só o presidente não pode?.....a proposito...também sou contribuinte.
Não sabia que havia um airbus e um helicóptero para cada um, pra poderem fritar ovos no Rio.

kkkk...se o problema fosse só um Airbus e helicoptero eu ficaria até feliz....nunca percebeu nada de errado nos politicos de sua cidade ou estado? nenhuma mordomia? tipo, festinha/viajem particular com dinheiro publico? ...olha se eu fosse você olharia mais ao redor!!!
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marcelo l.
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Re: Governo Dilma Rousseff

#377 Mensagem por marcelo l. » Qui Mar 03, 2011 9:55 am

http://www.tvcanal13.com/blog/2011/02/2 ... s-diz-cgu/

O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou nesta segunda-feira que a má qualidade de projetos de engenharia é o principal fator para que obras públicas esbarrarem na fiscalização do órgão. “Aí está o embrião dos futuros problemas de sobrepreço, de jogo de planilha, de a empresa pleitear aditivos além dos limites legais. Tudo vem da falta de ter um bom projeto”, disse Hage.

Ele participou do 6º Encontro de Lideranças do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), que ocorre em Brasília. O ministro criticou o fato de muitos órgãos fazerem licitações sem sequer ter o projeto base e creditou a deficiência à falta de servidores capacitados. “Não tem bons projetos porque muitos órgãos públicos estão desaparelhados de engenheiros capacitados para fazer projetos ou mesmo para elaborar um bom edital para contratar projeto com uma empresa”, afirmou.
Segundo o presidente da Confea, Marco Túlio de Melo, mais de 90% dos municípios brasileiros não têm no quadro permanente profissional de área técnica capaz de fazer edital para contratar empreendimentos. “Vemos que no Brasil a estrutura de controle se desenvolveu mais rápido que a área de execução”, disse ele, lembrando que até 2006 o Ministério do Planejamento tinha apenas um engenheiro em seu quadro permanente.

Além da elaboração de projetos de qualidade, Hage sugeriu que a corrupção e as irregularidades na execução de obras sejam combatidas com reforço nas comissões de licitação e no reforço na capacidade de acompanhamento e fiscalização. Também pediu o aperfeiçoamento do regramento jurídico, especialmente da Lei de Licitações.
“Defendemos a ampliação do uso do pregão e do uso do pregão eletrônico até determinado valor para obras públicas e não somente para bens e serviços de uso comum, como é feito hoje”, afirmou Hage.
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Clermont
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Re: Governo Dilma Rousseff

#378 Mensagem por Clermont » Dom Mar 06, 2011 7:19 pm

A autoridade de Dilma.

O ESTADO DE SÃO PAULO - 6.03.11.

Ao enfrentar a crise deflagrada por uma sucessão de desastrosas declarações feitas pelo sociólogo Emir Sader às vésperas de sua nomeação como diretor da Fundação Casa de Rui Barbosa, a presidente Dilma Rousseff agiu com precisão cirúrgica. Ela avalizou a decisão da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que cancelou a indicação de Sader, depois que este a chamou de "meio autista", em entrevista à Folha de S.Paulo, para deixar claro que não admite quebra de hierarquia e que em seu governo não haverá espaço para que membros do segundo escalão critiquem ou desautorizem publicamente seus superiores.

A crise no Ministério da Cultura (MinC) começou há duas semanas, quando Sader - que pretendeu ser ministro da Cultura e, com a nomeação de Ana de Hollanda, recebeu a direção da Fundação Casa de Rui Barbosa como prêmio de consolação - anunciou seus planos. Por lei, a entidade, criada em 1928,é um misto de arquivo, museu e biblioteca, com a obrigação de preservar e difundir a obra de seu patrono. Entre outras iniciativas, Sader prometeu converter a instituição em centro de debates, anunciou a vinda de "intelectuais cuja voz não tem sido contemplada na esfera pública" - como Marilena Chauí, Leonardo Boff, Eduardo Galeano e Slavoj Zizek - e anunciou seminários para discutir "temas contemporâneos", com foco no "Brasil de Lula".

Esses planos foram vistos como uma agenda paralela à do Ministério da Cultura, à qual a Fundação Casa de Rui Barbosa está vinculada. Além de preservar arquivos e documentos históricos do final do Império e do início da República, nas últimas três décadas a entidade tornou-se referência em duas linhas de pesquisas - uma envolvendo temas de direito público e outra voltada à literatura. As pesquisas jurídicas da entidade, por exemplo, fundamentaram a Emenda Constitucional n.º 45, que introduziu a reforma do Judiciário. E grande parte das recentes biografias e edições críticas de autores como Clarice Lispector, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade teve origem em estudos ali realizados.

Por isso, vários escritores e artistas acusaram Sader de pretender aparelhar ideologicamente a Fundação Casa de Rui Barbosa e de desvirtuar suas funções, substituindo as linhas de pesquisa por uma "cultura de eventos" e pelo proselitismo político-ideológico. "Discutir assuntos de esquerda não tem nada a ver com a história da Casa. Quando qualquer instituição fica muito politizada, a pesquisa sai perdendo", disse o historiador Ronaldo Vainfas, que trabalhou na entidade nos anos 80. "Transformar uma casa que pertenceu a um ícone do liberalismo num espaço para seus inimigos ideológicos seria uma grande traição", afirmou José Murilo de Carvalho, da Academia Brasileira de Letras.

Acirrada a polêmica, intelectuais próximos a Sader passaram a criticar, pela imprensa e pela internet, o nome indicado por Ana de Hollanda para a Diretoria de Direitos Intelectuais do MinC e a proposta por ela apresentada de rever o projeto da nova Lei do Direito Autoral, herança do governo Lula. E, no último domingo, também pela imprensa, depois de chamar a ministra de "meio autista", Sader a acusou de não ter reagido aos cortes orçamentários.

Como era de esperar, Ana de Hollanda reagiu com irritação às críticas, cobrando explicações de Sader e exigindo retratação pública. O sociólogo ainda tentou "limpar a barra" afirmando que o repórter que o entrevistou colocou na sua boca palavras que não dissera, mas se desmoralizou quando a gravação da entrevista foi divulgada. Apesar de Sader ter fortes ligações políticas com o PT e de ter recebido apoio do coordenador da campanha de Dilma pela internet, Marcelo Branco, que chamou Ana de Hollanda de "ministra da Cultura do atraso", Dilma agiu de forma exemplar, consciente de que a confirmação de Sader à frente da Fundação Casa de Rui Barbosa abriria um perigoso precedente em seu governo.

Dilma mostrou capacidade de comando, preservando a autoridade de Ana de Hollanda, enquanto Emir Sader, revelando-se por inteiro, apresentava-se como "vítima privilegiada" da mídia conservadora e da "truculência da direita".
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Re: Governo Dilma Rousseff

#379 Mensagem por marcelo l. » Dom Mar 06, 2011 8:17 pm

http://revistapiaui.estadao.com.br/edic ... sil-e-aqui

Na escola Acre, modelo de aprovação por conceito global na rede municipal carioca, professores e alunos espelham os limites das políticas públicas nacionais

por Raquel Freire ZangrandiTamanho da letra: A -A +A +/-
O sino toca às 7h10 na escola Acre no dia 11 de agosto de 2010. Quem está no pátio nem se mexe. Passados cinco minutos, os primeiros alunos entram na escola. Mais um pouco e sobem a escada para o 2º andar, onde fica a sala. A maioria das meninas veste calça justa, colada ao corpo. Muitas usam acessórios em tons de rosa e lilás nas mochilas, nos cadarços de tênis e no esmalte das unhas. Umas têm os cabelos presos com enfeites coloridos e brincos enormes. Outras estão maquiadas com batom rosa-claro, gloss, blush e sombra. Os meninos calçam tênis espalhafatosos, capricham no gel para sustentar na cabeça os tufos arrepiados do corte moicano e, eventualmente, espetam vários brincos de strass na mesma orelha.

Eles se vestem como manda o figurino da Secretaria Municipal de Educação. Na escola Acre, como em toda a rede pública da cidade do Rio de Janeiro, o uniforme, de uso obrigatório, é calça jeans, camiseta oficial e tênis. Se fosse seguir as normas ao pé da letra, o aluno que aparecesse fora da linha teria que se apresentar com “justificativa fundamentada” e vestuário adequado, “dentro do esperado em estabelecimento escolar”. Mas ali, por cima das peças básicas, cada um usa o que quer. É mais ou menos como diz o aviso na sala da diretora: “Aki até a tristeza pula de alegria.” A escola Acre esbanja informalidade até na fachada do prédio: é rosa-choque. O pátio, verde. As paredes internas das salas, amarelas.

Reina na escola ampla liberdade de escolha sob o manto oficial da padronização. E não é por falta de ordens superiores. Desde que assumiu a Secretaria de Educação dois anos atrás, a economista Claudia Costin, doutora em administração pública, faz o que pode para entrar de cabeça no corpo docente. Mantém no ar, desde 2009, um blog regularmente atualizado com notícias de sua gestão. Tornou-se assídua no Twitter,onde tem mais de 11 mil seguidores. Em nome desses diálogos virtuais, acorda às seis e meia da manhã. Dá e recebe incontáveis “Bom-dia!!!”.Em média, dispara do gabinete dez e-mails diários, esmiuçando a política educacional vigente na Prefeitura. Sugere livros. Tira dúvidas. Corrige erros essenciais, como: “Explique, por favor, para o seu pai que ele escreveu para a secretária municipal e não estadual de Educação.” No início de 2010, o prefeito Eduardo Paes assinou com Claudia Costin uma carta, cumprimentando as famílias pela escolha da Acre. “É com muito orgulho e satisfação que nos dirigimos a você. Seu filho estuda em uma das 25 melhores escolas da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro”, anunciava o texto. Apesar da carta, dos e-mails, das mensagens e das diretrizes formais, a secretária reconhece que a rotina das escolas tem vida própria.

Nisso, a Acre é exemplar. Na sala da turma 1801, que corresponde ao 8º ano, dois cartazes mostram que, lá dentro, as normas viram sugestões. “Não custa nada trazer seu material de estudante”, diz um. “Não custa nada vestir a camisa da escola”, diz outro. Com luz fria e três ventiladores no teto, a sala é comprida, estreita e quente durante boa parte do ano. A turma tem 41 alunos, número que contempla a norma de lotação máxima: um aluno por metro quadrado. Compõe uma amostra da sociedade brasileira, pequena mas capaz de comportar quatro Matheus com “th”, além de Rayane, Dayane, Thayanne e Thayná.

As paredes da 1801 estão encardidas e rabiscadas a lápis: “Vai tomar no cu”, “Fodace”, “cv” (a sigla do Comando Vermelho), “Boiolão”, “Viado” ou “Valeu, Mano!” Há mancha de ovo no teto e marcas de bola na parede. Desde cedo, vindo da cozinha, um cheiro forte de comida frequenta a sala. Sente-se no ar que, naquela manhã de agosto, a merenda servida na hora marcada, às 9h40, será arroz, feijão e picadinho de carne. Em contrapartida, o material escolar foi servido com seis meses de atraso.

Se há uma coisa que não falta na rede pública é kit. Existe kit para quase tudo. Kit de saúde, kit esportivo, kit de apostilas com exercícios de português, matemática e ciências. No ano letivo de 2010, o kit escolar básico do município continha três cadernos pautados, um de desenho, três lápis, duas canetas, uma dúzia de lápis de cor, borracha, régua, tesoura, cola e apontador. Em agosto, quando chegou à escola Acre, o primeiro semestre já tinha terminado. Cada livro distribuído pela prefeitura pertence à escola, e não ao aluno. Na contracapa, o estudante registra seu nome e a data. No ano seguinte o livro será usado por outro aluno da mesma série. E assim por três anos consecutivos, desde que o exemplar sobreviva a essa corrida de bastões. Em geral, funciona.

Às sete e meia da manhã, vinte minutos depois do horário marcado, começa a aula de português. No quadro-negro que hoje em dia é branco, uma aluna passa exercícios sobre classificação de predicados. O quadro tem um buraco de 30 centímetros de diâmetro bem no meio de sua superfície de fórmica. Está assim há algumas semanas, desde que um aluno o alvejou com um tubo de corretivo líquido. Durante a aula, uma professora de apoio entra na sala e chama treze alunos que precisam de reforço em matemática. Eles saem da classe atrás dela, e a aula prossegue com a professora titular, Maria da Conceição Vaz. Antes de tocar o sino, a coordenadora da sala de leitura, Elisa da Costa, aparece para anunciar que os alunos Thaís Souza, Lincoln Pedro e Renata Gomes foram selecionados para a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. A prova seria dali a um mês.

A escola Acre fica em Todos os Santos, bairro da Zona Norte carioca. É um colégio de médio porte, com 580 alunos e dezoito turmas do 1º ao 9º ano, divididas entre o turno da manhã e o da tarde. Seu prédio de dois andares foi inaugurado nos anos 40, durante a ditadura de Getulio Vargas. Herdada do Estado Novo e considerada até hoje uma escola pública de elite na cidade, a instituição tem boa pontuação nas provas do município. Ela figura entre as 25 melhores escolas das 1 063 unidades municipais do Rio de Janeiro. Lá dentro, as professoras atribuem esses predicados às virtudes da “clientela”. A maioria dos alunos vem dos bairros vizinhos, e não das favelas Santos Titara, Joaquim Méier e Curupaiti, que se espalham na vizinhança. Muitos alunos têm carro e “boa situação” em casa. Os funcionários incluem entre os trunfos da Acre sua diretora, que consideram aberta às novidades e com disposição fora do comum para o trabalho.

Não conheço nenhuma forma infalível de administrar, mas conheço a forma infalível de fracassar: tentar agradar a todos.” A frase do presidente norte-americano John Kennedy figura como lema no mural que a diretora Elisabete Lima – ou simplesmente Bete, como é tratada por todos – exibe no gabinete. Na parede da sala há ainda um pequeno quadro da Santa Ceia, com um terço em volta. O espaço, pequeno e despojado, acomoda também a diretora-adjunta, Ana Lucia Rocca. À primeira vista, não se distingue a hierarquia entre elas porque ocupam mesas do mesmo tamanho.

Bete chega à escola a pé, mas se veste para o trabalho como se fosse a uma festa: vestido longo e colorido, sandália de salto, batom, colar, brinco de pingente e pulseiras. Tem 43 anos de idade e 24 de magistério. Não aparenta nem uma coisa nem outra, tal é o entusiasmo com que encara o dia a dia. Já chega dando abraço nos alunos e chamando todos pelo nome. Cumprimenta o faxineiro com dois beijinhos. Emociona-se com o Hino Nacional que, uma vez por semana, os alunos se enfileiram para entoar, e tem bom trânsito com professores e funcionários. “Eu nasci pra isso”, Bete afirma. “Se me oferecessem 10 mil reais pra trabalhar em outro lugar, eu não iria, e se eu tivesse 18 anos, faria tudo de novo.” É formada em pedagogia com especialização em administração escolar e deu aulas na rede pública por treze anos antes de se tornar coordenadora pedagógica da Acre. Candidatou-se a diretora em 2001 e está há dez anos no cargo, com salário de 5 mil reais. E lhe sobra entusiasmo para, casada, com dois filhos, não perder um show do cantor Ney Matogrosso. Nessas ocasiões, leva com ela a diretora-adjunta Ana Lucia. “Eu passo mal quando o Ney desce do palco e vem em direção à plateia. Uma vez eu botei a mão no suor dele”, diz Bete.

A primeira quinzena de agosto avança. Maria Lúcia Martins, professora de matemática da 1801, entra na sala como se tomasse uma trincheira: “Amanhã tem teste!” Em seguida despacha três alunas para a sala da diretora porque chegaram atrasadas. E avisa que só poderão entrar com autorização da secretaria. A turma é barulhenta e desatenta, e a professora tem que gritar para se fazer ouvir. Mas ninguém fica indiferente a uma aula sua. Ela provoca os alunos, comenta o futebol de domingo, procura falar a língua deles e usar a roupa que, sem o uniforme, eles provavelmente usariam. Combina a camisa vermelha com o relógio de plástico e capricha nos acessórios – xale de crochê com franjas, pulseiras prateadas, longo pingente na orelha e calça de cintura baixa. No segundo semestre de 2010 ela nunca repetiu roupa.

Cada aula dura cinquenta minutos e o turno da manhã tem cinco aulas. Mas convém descontar desse tempo as distrações lideradas pelos meninos, que são maioria na classe. Quem se senta à frente é silencioso e atento, embora raramente se manifeste quando a professora faz alguma pergunta. No meio de campo fica a massa de manobra, que ora segue o professor, ora adere à bagunça da turma do fundo – onde estão as maquiagens mais carregadas, os fones de ouvido ligados e os celulares sintonizados com o resto do mundo. E é lá que os polinômios, produtos notáveis e equações algébricas não chegam. Um dos quatro Matheus, o de piercing na sobrancelha, joga uma cobra de madeira nas meninas e gritos agudos respondem instantaneamente. Bolinhas de papel e tampas de caneta cortam o ar. Para não prejudicar sua concentração, os livros de matemática ficam fechados durante a meia hora de aula.

Mais adiante, ao ensinar figuras geométricas, a professora tenta trazer o assunto para um plano mais concreto: “Existe um aparelhinho, não sei se alguém tem, chamado transferidor, que é pra calcular o ângulo.” Lá do fundo, uma aluna pergunta: “Maria Lúcia, como é que faz esse aqui?” A professa responde: “Faz com lápis” – e sai da sala por alguns minutos. Alunos e professores se tratam por “você” e se chamam pelo nome.

Matheus aproveita para desfilar entre as carteiras com uma embalagem de preservativo na mão. Quando a professora volta, traz um copinho de café e a bronca na ponta da língua: “O que é isso? Quem rabiscou a parede?” Vira-se para o Baía: “Tua batata tá assando, hein?” Luiz Eduardo Baía é o primeiro nome que se aprende na 1801. Integra a ala dos alunos com brinco de strass e tem mechas douradas no cabelo. Tira notas razoáveis a ponto de não correr o risco de cair em recuperação. Nos últimos minutos de aula, Maria Lúcia passa exercícios para a próxima aula: “Podem começar agora.” Tarde demais. O sino toca, é hora do recreio.



Na volta do intervalo, a aluna Thaís Souza Clemente anota no caderno: “Comprar refrigerante com os meninos depois da aula.” Ela se senta numa das carteiras do meio da sala, ao lado de Emilly, sua melhor amiga desde o 4º ano. Sua voz é raramente ouvida nas aulas. As duas colegas praticamente só falam entre si e bem baixinho. No Orkut, onde conquistou 485 “amigos”, Thaís publica um pequeno autorretrato: Eu não sou modinha, não sou emo, não sou restart, não sou gótica, não sou cocota. Sou aquela menina sensível que se faz de durona. Só sorrio quando me fazem sorrir. Meu cabelo é ruim, não tenho calça prateada, não uso só roupas de grife, desculpa se o sapato tá furado, não sou produto e não vou ser rotulada.

Thaís tem 14 anos e estuda na Acre desde os 9. É fã de Harry Potter, Marcelo Adnet, Jonas Brothers e MTV. Não vai à praia, usa roupas discretas e sua única concessão ao estilo vigente é um bracelete de couro preto com taxas prateadas. O primeiro lugar que gostaria de conhecer é o Japão, de onde vêm os desenhos em estilo mangá de que gosta. Boa aluna em matemática, Thaís tem queda para ciências e pensa em ser veterinária. A escola não lhe apresenta desafios, ao contrário – sua mãe diz que em casa não vê a filha pegar no livro. No segundo semestre, faltou a várias aulas por causa de uma enxaqueca crônica, mas isso não aparece nas notas de seu boletim. Ela começa a se preparar para a olimpíada de matemática.

A adolescente mora com a mãe, a professora da rede pública Edna, e o irmão mais velho, com quem divide o quarto num apartamento de 80 metros quadrados no Cachambi, um bairro da Zona Norte. Em casa, ela e o irmão acessam a internet pelo notebook que a mãe ganhou no emprego. Edna dá aulas em duas escolas para ganhar 3 500 reais por mês. Thaís vai para a escola de ônibus, não ganha mesada e sua única despesa fixa é com o Curso Martins, que oferece aulas de preparação para o ensino médio. Tentará uma vaga no Pedro II, Cefet ou Cefeteq, escolas públicas de alto nível. Edna calcula que gaste com a filha mais ou menos 500 reais por mês, o que representa quase 15% do seu salário. Thaís traz vários Muito Bom e Bom no boletim. Mas numa turma em que os professores se queixam da indisciplina e os alunos se vestem de forma tão variada, os boletins surpreendem pela uniformidade. Quase todos primam pelo R, que corresponde ao conceito Regular. O I, de Insuficiente, é uma raridade na 1801.
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Re: Governo Dilma Rousseff

#380 Mensagem por Paisano » Dom Mar 06, 2011 9:17 pm

Recordar é viver. Em pleno carnaval, antes da Quaresma, é bom analisar a surpreendente ressurreição de Palocci, para comprovar que a memória da opinião pública só dura 15 dias.*

Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=16382
Em novembro de 1992, Lula colhia os frutos de sua Caravana da Cidadania, despontando nas pesquisas para a Presidência em 1994, e isso causava enorme preocupação nas elites do país. Em um jantar na residência de Olacyr de Moraes, em São Paulo, reunida boa parte da elite da Paulicéia, discutiu-se o assunto eleição e concluíram que só um nome com grande popularidade poderia fazer frente à Lula.

Decidiram então lançar Pelé a presidente, e a candidatura pegou fogo. Naquele tempo não havia internet nem TV por assinatura, e Pelé estava no exterior. Quando ele voltou ao país, descartou completamente a candidatura e já no dia seguinte não se falou mais no assunto.

Esse fato é muito importante porque uma outra pré-candidatura aconteceu para as eleições de 2002. Ao contrário de Pelé e embora nunca tenha se filiado a partido político, o protagonista não descartou a candidatura e ela constou de pesquisas do Ibope até setembro de 2001. O pré-candidato era o então Ministro da Fazenda Pedro Malan.

Sou economista e desenvolvo incessante trabalho de pesquisa. Em decorrência, preciso acompanhar acontecimentos de outras áreas além da economia, e a política é a que mais se destaca. Dentro dessa ótica, não consegui entender a razão da presença em pesquisa de alguém que não demonstrava a menor vocação para o ramo, no caso de Pedro Malan candidato a presidente. Jamais poderia entender que se estava montando uma armadilha, na qual o PT, como um todo, foi apanhado.

Na cronologia da sucessão de 2002 registramos: Lula foi eleito no segundo turno, em 27 de outubro. Quatro dias depois, houve uma visita informal a FHC no Planalto. No dia 8 de novembro aconteceu um jantar, em que estavam, além de Fernando Henrique e Lula e respectivas esposas, José Dirceu e Antonio Palocci por parte do novo governo, e Pedro Malan e Pedro Parente por parte do governo em final de mandato.

No dia 12 de novembro houve enfim um encontro a sós entre Pedro Malan e Antonio Palocci. Nenhuma pessoa esteve presente, nada se noticiou, não ouvi nem li algo a respeito, mas tenho certeza que naquele encontro MUDOU-SE O RUMO DO BRASIL. Não tenho prova alguma, como não tenho dúvida também. Ali foi celebrado um pacto funesto: a continuidade da monstruosa política econômica de Pedro Malan, baseada no tripé de câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário, em troca do prestígio a Palocci.

O prestígio a Antonio Palocci foi através de matérias superelogiosas nas revistas Época e Veja, que tiveram seu fechamento editorial em 22 de novembro, dez dias depois do pacto funesto. A revista Veja inclusive prognosticou que Palocci deveria ser o ministro da Fazenda, algo que Lula não dera o menor indício, mas que se tornou irreversível. Um gesto banal de Palocci, coordenador da transição, mereceu rasgados elogios nas duas publicações. O Brasil recebia naqueles dias missão do FMI chefiada pelo argentino Jorge Marquez-Ruarte. Um dos integrantes da missão informou que Palocci se recusou a discutir a elevação do superávit primário, alegando: “Por enquanto, só o atual governo pode acertar metas com o Fundo”.

Em 27 de outubro, data do segundo turno da eleição, a taxa de juros estava em 20,9%. Em 21 de novembro, nove dias após o fatídico encontro, a taxa foi aumentada em 1%. E em 19 de dezembro, com Meirelles já escolhido presidente do BC e sabatinado (17/12) , Armínio Fraga e equipe tiveram liberdade para aplicar um reajuste de 3% na Taxa Selic, sem que ninguém do novo governo reclamasse.

Lula começou seu discurso no Congresso, no dia da posse, afirmando: “MUDANÇA É A PALAVRA-CHAVE“. Mas Palocci assumira o compromisso de não mudar, e nas primeiras reuniões do Copom no governo Lula, em janeiro e fevereiro de 2003, os juros sofreram altas de 0,5 e 1%, batendo em 26,5%, cinquenta por cento acima dos 17,9% vigentes na data do primeiro turno, em 3 de outubro. A mudança de Lula ficara só no discurso.

***

A PRESSÃO DOS BANQUEIROS SOBRE O BC

Em julho de 2003, primeiro ano de Lula, houve uma gigantesca pressão dos banqueiros sobre o Banco Central para que fosse reduzido o recolhimento compulsório sobre depósitos à vista. A autoridade monetária não deu ouvidos, alegando que era impossível. Em agosto, durante uma semana a imprensa divulgou que Palocci estava para cair. O presidente Lula desmentiu, dizendo que quem apostasse contra Palocci iria perder, conforme entrevista publicada na revista Veja. Mas a notícia da queda foi suficiente para que o recolhimento compulsório caísse de 60 para 45%, e na reunião do Copom daquele mês a taxa de juros caiu de 24,5 para 22%, o maior corte do governo Lula.

No segundo semestre de 2004 Palocci enfrentou seu mais sério dilema. Comprometido com Malan a seguir a mesma política recessiva, sentia pressões pelo crescimento partindo de todos os lados. Particularmente, creio que orientado pelo próprio Malan, chegou-se a fórmula mágica: “Basta o IBGE divulgar que o país cresceu”. E foi o que aconteceu. O índice (divulgado sempre no último dia útil do segundo mês após o trimestre, agosto portanto) revelou que o Brasil teve crescimento de 5% no segundo trimestre de 2004.

Recorrendo-se a qualquer critério para verificação da veracidade de tal crescimento, constatei que foi inacreditável ou incrível, na legítima acepção das palavras. Nada aconteceu que justificasse o crescimento. A política econômica foi exatamente a mesma dos cinco trimestres anteriores de estagnação.

***

PALOCCI NEM SABE O TRIMESTRE DO CRESCIMENTO

Três outros fatores comprometem qualquer crença no acontecimento. No livro “Sobre formigas e cigarras”, página 105, sem elencar qualquer ato que o justificasse, o próprio Palocci afirma que o crescimento foi no terceiro trimestre de 2004. Portanto, nem ele sabe em que trimestre foi. Em segundo lugar, o Presidente Lula, bem no meio do trimestre de excepcional aumento do PIB, declarou a imprensa que estudava criar metas de crescimento. Por que criar metas de crescimento se o país já estava crescendo satisfatoriamente? Finalmente, o PT do Rio de Janeiro, capital, deu uma outra explicação para o fraco desempenho de Jorge Bittar nas pesquisas recém-divulgadas, no início de setembro. Entre outros motivos, o PT informou que o crescimento econômico não passou pela Cidade Maravilhosa.

No espaço de uma semana (duas sextas feiras, 16 e 23 de julho), o então ministro da Fazenda mostrou seu espírito antidesenvolvimentista. Em 16.07 o Governo anunciou um aumento na carga tributária, elevando a contribuição previdenciária em 0,6%. A gritaria foi ampla, geral e irrestrita. Na segunda-feira seguinte o Palocci compareceu ao programa “Bom Dia Brasil” onde afirmou que a medida era indispensável e irreversível. Dois dias depois ela deixou de ser indispensável, pois foi revertida. Na sexta, 23, o mesmo governo anunciou uma redução na carga tributária. Difícil de entender, principalmente se considerarmos que no dia 20.07, bem no meio dos anúncios, o Tesouro revelou que a arrecadação federal foi recorde no primeiro semestre, com aumento real de 8,83%, sobre igual período de 2003.

Em março de 2005, com Severino Cavalcanti na presidência da Câmara, o PP começou a brigar pelo Ministério das Comunicações, mirando na Diretoria dos Correios. O jornalista Klécio Santos, então no Diário Catarinense (Grupo RBS), escreveu um artigo interessante, em 16 de março, intitulado “O mel dos Correio$”. No texto uma frase isolada resume o comportamento do Ministro Palocci: “São R$ 6 bilhões, um dos mais gordos (orçamentos) do Planalto e um dos únicos imune aos humores da tesoura de Palocci”.

Neste mesmo sentido houve denúncia do também ex-ministro Roberto Rodrigues, publicada na coluna de Ancelmo Gois, em O Globo: “O Brasil está com uma espada apontada para a cabeça, por causa da dificuldade de convencer Palocci a liberar recursos para a prevenção à febre aftosa”.

A economia é uma ciência que atua em um campo muito amplo. É comum economistas especializarem-se em determinado assunto, como Rudiger Dornbusch, que se aprofundou em estudos das diversas políticas cambiais e muitas dores de cabeça deu em Pedro Malan, por ocasião da sobrevalorização do real, no primeiro mandato de FHC. Já Steve Hanke, economista do MIT, especializou-se na atuação dos diversos bancos centrais do mundo. Palocci, sem ser economista, tornou-se uma exclusividade, quando, ainda ministro, afirmou que o Brasil precisava de dez anos de arrocho para depois crescer.

A Folha de S. Paulo tem em seus quadros a figura do ombudsman, que escreve aos domingos. Marcelo Beraba exercia a função estouraram as denúncias contra Palocci e a “República de Ribeirão Preto”. Na sua coluna, o ombudsman declarou-se impressionado com a blindagem que a mídia impôs a Palocci.

Após as denúncias do ex-assessor Rogério Buratti e do caseiro Fracenildo, Palocci compareceu três vezes ao Congresso para depor. Em 17 de março, o blog de Fernando Rodrigues registrou: “O risco de Palocci receber voz de prisão em sua cidade é real”. No dia seguinte, a Folha de S. Paulo circulou com manchete “PALOCCI NÃO SAI NEM SE PEDIR, DIZ LULA“. Dez dias depois, o então presidente fez Palocci pedir o boné.

Os anos se passaram, Palocci voltou ao poder, os juros voltam a subir e ficou comprovado o ditado de que a memória da opinião pública brasileira só dura 15 dias.

*Tadeu Cordova Borges
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Re: Governo Dilma Rousseff

#381 Mensagem por joao fernando » Seg Mar 07, 2011 10:24 am

Duvido que Palloci tenha feito metade do que dizem que fez. Depois do vazamento de dados patrocinado pelo PSDB mineiro, pra cair na conta do PT, não creio meia em nada

Alias creio sim, a midia anda pro lado da $$$. E a oposição, faz qualquer coisa pra voltar ao poder

Juntando 1 mais 1, esse aue todo sobre os "Ptralhas" pra mim, é invenção da oposição, que não sabe perder

Ps - Não que seja todos honestos. Mas os honestos, não fizeram 1% dos corruptos. Logo, que fique os corruptos mesmo, se o forem...
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Governo Dilma Rousseff

#382 Mensagem por Super Flanker » Seg Mar 07, 2011 3:20 pm

Vamos ver até quando vai essa lua de mel que o DB(a maioria dos integrantes do fórum) estava com o governo petista.
"A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e quem é cruel com os animais, não pode ser um bom homem." Schopenhauer
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Re: Governo Dilma Rousseff

#383 Mensagem por Túlio » Seg Mar 07, 2011 3:53 pm

Não sei se é maioria (muito menos lua de mel) mas o que mais vejo é...DECEPÇÃO. Mas já via isso antes, quando a tigrada queria que o Lula nos tornasse a Nova URSS. Tanto os COMUNAZZZ quanto os FACHOZZZ se decepcionaram, por encontrarem apenas mais um neolib de cariz populista onde esperavam achar um Fidel lusófono. Os primeiros se agradavam das invectivas dos segundos (pois lhes davam a impressão de que ao menos ALGO de comuna havia em Lula) e ripostavam, algo fracamente, eis que não havia verdadeira consistência na argumentação de uns e outros. Parecia mais ser um jogo onde se cumpria tabela, sem fazer diferença alguma no campeonato e que só tinha alguma graça quando alguém dava canelada...

E hoje vemos Dilma. Os que sonharam com um 'agora vai' comuna (tanto COMUNAZZZ quanto FACHOZZZ, repito) da ex-guerrilheira pelo jeito engolem nova decepção, o pouco que ela mostrou já a coloca à direita de Lula (este apenas ligeiramente à esquerda de FFHH), o que nos revela a sabedoria do velho adágio:

"MUDEMOS AS COISAS APENAS O SUFICIENTE PARA QUE PERMANEÇAM IGUAIS."
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Governo Dilma Rousseff

#384 Mensagem por Super Flanker » Seg Mar 07, 2011 3:56 pm

Os militares que dever ter sofrido a maior decepção até agora.
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Re: Governo Dilma Rousseff

#385 Mensagem por Túlio » Seg Mar 07, 2011 3:57 pm

Falaste do que vias (vês?) no DB; respondi com isso em mente... :wink: 8-]
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Re: Governo Dilma Rousseff

#386 Mensagem por Super Flanker » Seg Mar 07, 2011 4:03 pm

Exatamente, pois o que converso com a maioria dos amigos e pessoas perto de mim, falam que ainda é cedo pra julgar o governo da nossa presidenta.
Mas pelo que eu vejo aqui no fórum, toda aquela empolgação, foi por água a baixo.

Eu não entendi o por que de todos aqui acharem que a Dilma fosse seguir a mesma linha do Lula. Afinal, o partido é o mesmo, mas o presidente é diferente, são pessoas diferentes.
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Re: Governo Dilma Rousseff

#387 Mensagem por Sterrius » Seg Mar 07, 2011 5:37 pm

Eu não entendi o por que de todos aqui acharem que a Dilma fosse seguir a mesma linha do Lula.
Quem achava ou chutava que seria um caminho quase identico ao de lula devia ta bebendo ou fumando algo forte. Desde as eleições e antes mesmo delas a diferença em como tratar os problemas era evidente.

O que nao mudou é o "norte". Ou seja, o destino que eles almeijam. Agora como chegar la e em que velocidade isso é outra historia.

Eu ainda acho cedo pra avaliar tb. A maioria da 6 meses pra presidentes mas eu mesmo acho que é preciso 1 ano pra começar a ver resultados. Ainda mais no Brasil onde 2011 é definido em boa parte pelo governo passado devido a orçamento etc. Liberdade total so em 2012.
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Re: Governo Dilma Rousseff

#388 Mensagem por Clermont » Ter Mar 08, 2011 9:25 am

Mercadante derrapa no pedágio federal.

Blog de Augusto Nunes.[/b]

Candidato ao governo de São Paulo, Aloízio Mercadante atravessou a campanha pendurado em duas bandeiras: a imediata extinção do sistema de progressão continuada e uma dramática redução das tarifas do pedágio.

Segundo a discurseira no horário eleitoral, a metodologia adotada nas escolas públicas do Estado - o aluno é aprovado ou não quando termina o ciclo, não o ano escolar - "é um estímulo ao analfabetismo". E o preço cobrado pelas concessionárias das rodovias paulistas não passa de "um assalto legalizado".

As duas bandeiras foram reduzidas a farrapos pelo governo Dilma Rousseff. Em fevereiro, o MEC encampou o sistema de progressão continuada, com o nome de "suspensão da repetência", ao determinar que nenhum aluno dos três primeiros anos do ciclo básico seja reprovado.

"Reprovação não é um método de aprendizagem", ensinou o ministro Fernando Haddad. "Abala a auto-estima da criança e atrapalha o seu sucesso escolar". Deveria ter dito isso durante a campanha eleitoral, antes da derrota que valeu a Mercadante a nomeação para o Ministério de Ciência e Tecnologia.

O governo que consola órfãos das urnas com empregos no primeiro escalão deveria ter ordenado ao Herói da Rendição que passasse ao largo da questão do pedágio.

[Ontem], a manchete da Folha de S. Paulo constatou que o aumento das tarifas nas estradas federais privatizadas em 2007 superou amplamente a inflação oficial. Na rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte, por exemplo, o pedágio já subiu 30%. Na Régis Bittencourt (SP-Curitiba), o salto foi de 25%. Se fosse corrigido pela inflação, o índice ficaria em 19%.

Em fevereiro, quando soube da adoção do sistema instituído por Mário Covas, Mercadante deveria ter criticado publicamente a decisão e abandonado o gabinete. Nem miou. É o que fará agora.

Importante é manter o emprego. E decerto anda muito ocupado com a coleta de provas para a teoria que enunciou num recente ensaio carnavalesco no Rio: o incêndio que destruiu os barracões de três escolas de samba foi provocado pelo aquecimento global.

"Geraldo Alckmin é o pedágio, eu sou o caminho", recitou Mercadante ao longo da campanha. Se resolvesse percorrê-lo, o eleitorado paulista conheceria o caminho mais curto para o desastre irreparável.
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Re: Governo Dilma Rousseff

#389 Mensagem por rodrigo » Qua Mar 16, 2011 3:47 pm

Vargas Llosa, Sader e dois desconvites distintos

Por Lúcio Flávio Pinto em 15/3/2011

Reproduzido do Jornal Pessoal nº 484, 1ª quinzena, março/2011

O peruano Mário Vargas Llosa é um dos maiores escritores de todos os tempos na América do Sul e um dos mais importantes em atividade no mundo. Seu prêmio Nobel de Literatura foi justo e merecido. Escreveu muito, sempre em alto nível de qualidade e com muita diversidade. Desde Conversa na Catedral a Pantaleão e as Visitadoras, Batismo de Fogo (na tradução da 1ª edição em português) até A Guerra no Fim-do-Mundo, que muito crítico desdenhou, está à altura do seu principal personagem, Euclides da Cunha. Isto em ficção. Em ensaios não desce um patamar sequer, ainda quando emite opiniões controversas ou duvidosas. Sabe escrever como poucos e dar grandeza aos temas que aborda. Como a maravilhosa crônica sobre um aristocrata peruano decadente que freqüenta livrarias em Paris. Uma elegia ao livro e àqueles que o cultivam.

Nada mais natural do que Llosa ter sido convidado para a abertura da Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, que será realizada no próximo mês. Sua presença dignificaria a promoção. Feito o anúncio, porém, começaram a agir os censores ex-officio de esquerda. Llosa deveria ser "desconvidado" porque não é adepto da "corrente que abriga a sociedade argentina", por ser messiânico, antiperonista e crítico da dinastia Kirchner no poder. Além disso, é um fracassado: foi derrotado na eleição para presidente do Peru, em 1990.

Santa derrota. Talvez Vargas Llosa não viesse a ser um bom presidente. Mas um excelente escritor ele continuou a ser depois do "fracasso". Seu mais recente livro de ensaios, Sabres e Utopias, é um primor. Aprende-se até discordando frontalmente dele, por sua inteligência, seu conhecimento e seu estilo.

Longe do poder, próximo dos cidadãos

O "desconvite" foi feito por ninguém menos do que o presidente da Biblioteca Nacional da Argentina, que devia ter discernimento sobre o significado do livro. Felizmente para a tradição intelectual argentina, a presidente Cristina Kirchner teve um gesto de grandeza: cancelou a mesquinha e burra iniciativa do presidente da Biblioteca, fazendo-o desfazer o ato iníquo. Kirchner ia se juntar aos militares da ditadura, que em 1970 censuraram os livros de Llosa.

A principal função do intelectual – hoje e sempre – é estar longe do poder e o mais próximo dos seres humanos, dos cidadãos comuns, seus clientes e patrões. Da humanidade, em sentido genérico, para não condicionar sua criação às expectativas de consumo e aceitação. O grande desafio para o intelectual é justamente a postura em relação ao poder, quando o lugar é ocupado por companheiros de viagem. Há a tendência a se satisfazer com a realização dos sonhos de chegar ao topo do processo decisório, ensarilhar as armas (sempre configuradas em idéias) e se entregar ao usufruto.

Foi o que aconteceu com os intelectuais de esquerda a partir da chegada de Lula ao poder. Vários deles, alertas para o olho clínico do tempo, quiseram manter estandartes e fantasias de independentes e críticos, mas com um bastão de comando nas mãos ou uma sinecura no bolso. Para manter os críticos verdadeiros e os cobradores de posições à distância, usam os antigos conceitos morais da esquerda, monopolista do direito de uso das bandeiras éticas, como metralhadora giratória. Procuram atingir quem estiver do outro lado, mas no raio de ação dos seus conceitos.

Ícone da verdade

É o que faz o sociólogo Emir Sader. Ídolo de certa faixa da esquerda e de uma ala do PT, ele se considera um ícone da verdade. Antes de assumir a presidência da Casa de Rui Barbosa, depois de não ter conseguido ser ministro da Cultura, criticou sua chefa, colocada no cargo pela turma de Dilma Rousseff (e não pelos remanescentes de Lula), Ana Buarque de Holanda, cujo maior atributo é ser irmã de Chico, aquele um. Crítica ferina, deselegante e aética. De tão imóvel, a ministra seria "quase autista", sentenciou Emir.

Não havia outro caminho que não o do "desconvite". Ao contrário da grosseria praticada contra Llosa por arbítrio de um Torquemada portenho, no caso brasileiro era a única providência a adotar. Se aceitasse a afronta, a ministra encolheria e o seu agressor cresceria a tal ponto que podia até cometer a inconseqüência de mudar a razão de ser da Casa de Rui Barbosa, há mais de 80 anos centro de acumulação e processamento de documentação, de acervos e coleções, orientados para uma pesquisa especializada de profundidade e amplitude, para o direito público e a literatura.

Sader queria transformar a Casa de Rui numa versão refinada do Teatro Casa Grande. Garante ele que foi num debate que coordenou no ano passado no Casa Grande, no Rio de Janeiro, que a campanha em favor de Dilma Rousseff deslanchou de vez, graças ao apoio de artistas e intelectuais que ali compareceram. Além de um atestado de egocentrismo sem fundamento, é uma afronta aos fatos. Quem elegeu Dilma foi Lula. A conta da vitória já foi jogada sobre os peitos da presidente – e ela está podendo avaliar agora como essa conta pesa. Não tem nada a ver com intelectuais e artistas.

Se estivesse com bons propósitos e de boa fé, Emir Sader teria procedido de outra forma. Talvez ele tenha pretendido mesmo é abrilhantar seu luzidio currículo, não enfrentar o trabalho que ia lhe ser entregue se fosse empossado, se credenciar à reparação da agressão e continuar na posição iconoclasta bem arrimada (e arrumada). No poder, é claro. Quanto mais próximo está do poder, menos intelectual o intelectual é. Os dois casos comprovam.

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =633JDB007
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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Re: Governo Dilma Rousseff

#390 Mensagem por joao fernando » Qua Mar 16, 2011 4:04 pm

Clermont escreveu:Mercadante derrapa no pedágio federal.

Blog de Augusto Nunes.[/b]

Candidato ao governo de São Paulo, Aloízio Mercadante atravessou a campanha pendurado em duas bandeiras: a imediata extinção do sistema de progressão continuada e uma dramática redução das tarifas do pedágio.

Segundo a discurseira no horário eleitoral, a metodologia adotada nas escolas públicas do Estado - o aluno é aprovado ou não quando termina o ciclo, não o ano escolar - "é um estímulo ao analfabetismo". E o preço cobrado pelas concessionárias das rodovias paulistas não passa de "um assalto legalizado".

As duas bandeiras foram reduzidas a farrapos pelo governo Dilma Rousseff. Em fevereiro, o MEC encampou o sistema de progressão continuada, com o nome de "suspensão da repetência", ao determinar que nenhum aluno dos três primeiros anos do ciclo básico seja reprovado.

"Reprovação não é um método de aprendizagem", ensinou o ministro Fernando Haddad. "Abala a auto-estima da criança e atrapalha o seu sucesso escolar". Deveria ter dito isso durante a campanha eleitoral, antes da derrota que valeu a Mercadante a nomeação para o Ministério de Ciência e Tecnologia.

O governo que consola órfãos das urnas com empregos no primeiro escalão deveria ter ordenado ao Herói da Rendição que passasse ao largo da questão do pedágio.

[Ontem], a manchete da Folha de S. Paulo constatou que o aumento das tarifas nas estradas federais privatizadas em 2007 superou amplamente a inflação oficial. Na rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte, por exemplo, o pedágio já subiu 30%. Na Régis Bittencourt (SP-Curitiba), o salto foi de 25%. Se fosse corrigido pela inflação, o índice ficaria em 19%.

Em fevereiro, quando soube da adoção do sistema instituído por Mário Covas, Mercadante deveria ter criticado publicamente a decisão e abandonado o gabinete. Nem miou. É o que fará agora.

Importante é manter o emprego. E decerto anda muito ocupado com a coleta de provas para a teoria que enunciou num recente ensaio carnavalesco no Rio: o incêndio que destruiu os barracões de três escolas de samba foi provocado pelo aquecimento global.

"Geraldo Alckmin é o pedágio, eu sou o caminho", recitou Mercadante ao longo da campanha. Se resolvesse percorrê-lo, o eleitorado paulista conheceria o caminho mais curto para o desastre irreparável.
Nada mais mentiroso. Valor por valor, as estradas paulistas cobram 4, 5 vezes mais para que possamos viajar
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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