Moccelin escreveu:Mas voltando ao Uruveco... Alguém saberia me dizer o desempenho do AMX-10RC (aquele com rodas, 6x6 e com canhão 105mm). Não sei como não lembrei dele quando falaram que é impossível colocar um canhão 105mm num 6x6!
Moccelin,
Muitissimo obrigado por sua nimia gentileza por mencionar o canhão 105 mm do AMX-10RC.
Durante todas estas discussões sobre canhão para o VBTP/VBR eu estranhei que não se entrasse em detalhes sobre os vários canhões destinados aos veículos menores, em comparação com os canhões utilizados em carros de combate principais (MBTs).
Fiz uma pesquisa a respeito, e comecei inclusive a escrever um artigo sobre este assunto para publicar na T&D.
Vou tentar resumir.
Durante o período da Guerra Fria apareceram os seguintes canhões de 105 mm:
O mais famoso de todos: 105 mm/L modelos L7/M68 (e outros deste mesmo projeto produzidos sob licença na Itália, Israel, Alemanha, Suiça, Japão, India, Africa do Sul e eventualmente outros), e que mobiliou inicialmente o Centurion Mk. 5, e progressivamente o M48, M60, Leopard 1 etc.
Os franceses paralelamente a este projetaram o 105 mm CN105F1, destinado ao AMX-30, e que inicialmente só disparava munição HEAT e AE.
Estes canhões trabalhavam com pressão de tiro em torno de 5.600 bar, afim de atingir a mais alta velocidade para as munições anticarro e AE, bem como o máximo de alcance possível.
Esta pressão de utilização acarretava uma força de recuo de cerca de 51 toneladas, compatíveis com carros de peso de 40 a 60 toneladas.
É fácil de entender que para carros de menor peso (20 a 30 toneladas) esta força de recuo não era aceitável, e para utilizar este calibre de canhão houve a necessidade de trabalhar com força de recuo menor (decorrente de uma pressão de tiro menor), aceitando uma munição de menor desempenho.
Entre estes vários canhões de menor pressão temos o 105 mm/L57 modelo F2 (MECA), com pressão de tiro de 2.100 bar, que foi utilizado no AMX-10RC.
Para se ter uma idéia da diferença de potencia do canhão L7 e do F2 vamos dar as características da munição:
APDSFS
L7/M68 peso da flecha + sabot = 6,1 kg
F2 peso da flecha + sabot = 3,8 kg
As velocidades de boca são muito parecidas (em torno de 1.400 m/seg)
AE
L7/M68 peso da granada = 14,2 kg
F2 peso da granada = 7,1 kg
As velocidades de boca são iguais = 800 m/seg.
O canhão F2 não está mais sendo produzido pela GIAT. Seu mais próximo substituto é o 105 mm/L57 G1, de 2.900 bar e que é montado nos Sk 105 do CFN.
Um dos motivos que fez desistir do artigo é a falta de homogeinidade nas informações sobre as características dos canhões e das munições. Você encontra força de recuo para alguns canhões, e não para outros; você encontra pressão de tiro para alguns canhões, e não para outros; você encontra peso da flecha +sabot para alguns canhões e só para a flecha em outros canhões; e assim por diante. Você acaba ficando em muitos casos sem comparação direta em todas as características.
Por favor note que muito do que escrevi é baseado na tecnologia do tempo da guerra fria.
Hoje se consegue diminuir mais ainda a força de recuo dos canhões de alta pressão, trabalhando em muitos casos com maior curso de recuo e uso de freios de boca de alta eficiência.
Um outro fatos que você deve levar em conta no caso do AMX-10RC é que o veículo foi projetado desde o inicio para uso de canhão, é baixo (até o topo da torre: 2.29 m), e sua suspensão hidro pneumática ativa, permite levanta-lo ou baixa-lo para qualquer situação de tiro.
O VBR é um chassi de VBTP adaptado para uso com canhão. Não é a mesma coisa relativamente à altura, que é um parâmetro importante para a definição do tiro.
Bacchi