A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
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- Viktor Reznov
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
O Itamaraty metendo as caras em assuntos que não são de sua competência está me enchendo o saco.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
- Marino
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
QUEM MANDA NO ITAMARATY?
QUEM É O CHANCELER?
==================================
Despolitização da diplomacia é 'balela', diz assessor de Dilma
Sergio Leo | De Brasília
É uma "balela" a ideia de que a presidente Dilma Rousseff abrirá mão da ideologia na política externa em favor de uma gestão "técnica", garante o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Principal encarregado do tema no Planalto, ele deve ganhar até quatro novos assistentes
para se ocupar "não só do urgente, mas também do importante". Se convidado, o Brasil tende até a aceitar participar da missão de fiscalização às instalações nucleares do Irã, para assegurar seu uso pacífico, adianta.
Garcia confirma, porém, mudanças de ênfase na diplomacia, sob Dilma. Se confirmada a censura iraniana a livros do escritor brasileiros Paulo Coelho, o Brasil protestará, assim como pretende pronunciar-se mais intensamente sobre questões de direitos humanos. Mas essa "vigilância" será aplicada a todos, diz ele, até países como Estados Unidos e Suíça, que, apesar de terem casos de abuso, não costumam ser alvo de resoluções de censura.
Na entrevista, cujos trechos principais estão publicados a seguir, ele fala da divisão de tarefas na diplomacia e dos planos para a China, comenta a situação da Venezuela e fala das relações "muito boas" com os Estados Unidos, não afetadas pelo recente ataque ao Brasil, feito pelo embaixador americano em Genebra, Michael Punke. O diplomata acusou o Brasil de escalada protecionista, mas Garcia minimiza: "Não vamos responder ao sub do sub."
Valor: Como será a divisão de tarefas entre a assessoria e o Itamaraty?
Marco Aurélio Garcia: A resposta a esse problema será dada praticamente. O Ministério de Relações Exteriores, em função de sua grande estrutura, da qualidade de seus responsáveis, entre eles o atual ministro, tem um trabalho que se caracteriza não só pela formulação mas pela execução da política externa, graças à gigantesca capilaridade que tem.
Valor: O que muda no papel de sua assessoria com o novo governo?
Garcia: Essencialmente não houve grandes mudanças. Vamos precisar ampliar a assessoria, mas uma ampliação discreta, para que possamos nos ocupar não só do urgente mas também do importante. Essa assessoria existe, na forma atual, desde a eleição de Tancredo Neves. Variou um pouco de função.
Valor: Que questões "importantes", como disse, a assessoria passará a tratar?
Garcia: Hoje fazemos discurso, pontos de discussão, notas de informação para o presidente, tratamos da correspondência internacional, da agenda política não-diplomática [chefes de partido, intelectuais importantes]. Vamos ter uma conexão muito forte com a Secretaria-Geral da Presidência, que terá um assessor internacional, e o ministro Gilberto Carvalho me pediu que trabalhássemos muito articuladamente. Aqui em alguns momentos atuamos como porta-vozes, a pedido da Secretaria de Comunicação. Temos muito tarefa de presença em eventos internacionais.
Valor: Um evento desses é o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Por que a presidente resolveu não ir a esse?
Garcia: Ela tem prioridades na agenda internacional e hoje o Fórum de Davos não tem para nós a importância que teve no começo do governo [Luiz Inácio] Lula [da Silva], que o transformou em acontecimento político de alta significação: foi a Porto Alegre [no Fórum Social Mundial] e no dia seguinte foi a Davos, onde disse que estava falando a mesma coisa que havia dito na véspera em Porto Alegre. O Brasil hoje não precisa se apresentar nessa reunião em Davos, já tem visibilidade extraordinária, há clareza muito grande sobre nossos objetivos e pelo exercício extraordinário que Lula fez na esfera internacional, que Dilma vai continuar.
Valor: Diz-se que Dilma não tem tanta vocação, tanto interesse pelos assuntos internacionais como o ex-presidente Lula.
Garcia: Circula uma série de clichês sobre o diferencial Dilma e Lula. "Dilma será menos ideológica e mais gerencial e mais técnica, menos política", dizem. Balela. É uma pessoa altamente politizada, senão não teria chegado à Presidência da República. Tem visões políticas muito precisas, um pensamento político muito desenvolvido, amadurecido no curso de décadas. Ela vai dar seguimento a isso e vai se ocupar dos temas da política internacional na medida em que forem considerados relevantes. se vai se ocupar mais ou menos só a prática vai dizer.
Valor: Por exemplo
Garcia: Em muitos casos, Lula fez a abertura de terreno, novas fronteiras diplomáticas do Brasil. Hoje, minha concepção é que vai estar muito mais na ordem do dia a necessidade de consolidar essas fronteiras, eventualmente ampliar uma coisa aqui ou ali, dar mais organicidade à nossa política externa e é por isso que vamos precisar nos ocupar das questões importantes; vamos ter de adensar nossa capacidade reflexiva aqui, preparar dossiês mais consistentes, além dos que já existem tradicionalmente, do Itamaraty, que são muito bons.
Valor: Mas para que haver estudos do Planalto e do Itamaraty?
Garcia: Vamos fazer nossa contribuição porque a angulação não é contraditória, mas tem uma percepção política diferenciada. Não fosse assim a assessoria não se justificaria. Temos também uma
agenda política não diplomática que é relevante: vem um chefe da oposição, ele deve ser recebido, não deve ser recebido?
"O Brasil hoje não precisa se apresentar no Fórum de Davos, pois já tem visibilidade extraordinária"
Valor: Vocês vão preparar documentos para orientar a posição do governo?
Garcia: A assessoria já fez isso, em muitas ocasiões preparei trabalhos. Realizamos missões também e o fato de eu ter relações com governantes na região ajuda. E aí se dá um tratamento mais específico às questões. Mas sempre articulei com o ministério. Invariavelmente, vou aos encontros com chefes de Estado ou a mesas do movimento social com o embaixador local, ou, quando não é possível, informo imediatamente ao embaixador. Muitas vezes a presidente fala ao telefone com alguém, imediatamente produzimos aqui um informe e mandamos ao Itamaraty. A sintonia aqui é muito, muito grande, até porque se fosse para brigar com o Itamaraty eu não faria. Tem de haver uma orientação muito clara em todas as políticas do governo, não só a política externa.
Valor: O site WikiLeaks mostrou tentativas da diplomacia dos Estados Unidos de trabalhar com o que via como diferença de posições no governo Lula
Garcia: Essa divisão aparece como suposição: fulano está mais à esquerda, outro é mais nacionalista. Não há caso em que haja elemento probatório de dualidade entre nós na política externa. Mesmo nos depoimentos do ex-embaixador Clifford Sobel não aparece nada que mostre conflito de orientação. Evidentemente não sou igual ao Celso [Amorim], ao [Antônio] Patriota. Tenho as minhas ideias, que são amplamente conhecidas.
Valor: Logo no começo do governo, em entrevista, a presidente disse que não se absteria em uma votação sobre o Irã, como se absteve o governo, seguindo a posição tradicional da diplomacia. O que de fato há de diferente nisso?
Garcia: Ela se manifestou sobre um episódio concreto. Outra coisa é a forma pela qual vamos abordar os temas gerais dos direitos humanos. Não há divergência entre os procedimentos anteriores e os futuros. A presidenta quer que o governo se manifeste sobre esse assunto. Agora, será urbi et orbi [para a cidade e o mundo]. Nossas manifestações serão sobre todas as formas de violação dos direitos humanos. Ela pediu que não houvesse ambiguidade, mas também preservando os critérios de não seletividade. Esse tema aparece com força, porque se trata do Irã. Naqueles dias anteriores, mencionou-se a execução de uma mulher nos Estados Unidos com perturbações mentais sob acusação de que tinha matado o marido. Não nos pronunciamos, mas não é só isso: não houve resolução apresentada no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Valor: O Brasil será mais ativo na apresentação de propostas?
Garcia: Vamos ter de ter uma vigilância maior nessa questão, um trabalho mais intenso - o atual é muito bom, a embaixadora Maria Nazaré Farani Azevedo mostrou que votamos mais de 98% de condenações. O Brasil não é uma ONG, não pode ser uma agência de certificação de direitos humanos, o tempo todo sobre todos os assuntos, senão a política externa se limitará a isso, com todas suas implicações. Existem questões emblemáticas, e sobre elas, por sugestão do Itamaraty e nossa, a Presidência vai se manifestar, acatando ou não.
Valor: Por exemplo?
Garcia: Se se confirmar efetivamente a censura aos livros do Paulo Coelho, vamos nos manifestar, não há a menor dúvida. Recentemente, na posse da Dilma, falamos com o ministro do Irã sobre aspectos que causam problemas ao Irã e a nós também. Sobre a questão da Sakineh Ashtani [condenada à morte sob suspeita de morte do marido]. Li no "Estadão" que os iranianos parecem não terem gostado muito disso. Paciência. Não queremos com isso comprometer o esforço que fizemos em relação ao acordo de Teerã [sobre uso de energia nuclear pelos iranianos]. Se possível, queremos fazer com que o acordo contribua para a adesão plena do Irã à energia nuclear para fins exclusivamente pacíficos.
Valor: O Brasil continua tratando do assunto nuclear?
Garcia: Há conversas sobre o possível envio de uma missão fiscalizadora da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) para verificar as instalações nucleares do Irã. Se nos convidarem, a tendência, possivelmente, é de aceitarmos. O grande problema é que se tentou muitas vezes tratar duas coisas: "Foram se meter em assunto que nada tem a ver, a política nuclear, e são complacentes com os direitos humanos no Irã." Se há crítica de complacência em relação a direitos humanos na China, nos Estados Unidos, na Suíça, que proíbe minaretes muçulmanos, estou disposto a discutir. Vamos ter de engajar no governo um debate profundo, para ver como compatibilizar questões conflitivas: os valores universais e o respeito à autodeterminação.
Valor: Debate entre quem?
Garcia: No governo, a presidente dará suas opiniões, o Itamaraty dará, nós daremos, a ministra [de Direitos Humanos] Maria do Rosário dará. O Patriota, eu e a ministra discutimos outro dia questões gerais. E vamos ter de provavelmente afinar mais a discussão de como enfrentar resoluções submetidas ou à Terceira Comissão das Nações Unidas ou ao Conselho de Direitos Humanos, sobre como compatibilizar os pontos de vista envolvidos, sem ser discriminatório.
Valor: Qual a orientação da presidente para questões econômicas, como as do G-20, que reúne as economias mais influentes do mundo?
Garcia: Ainda não fizemos discussão sobre temas do G-20, porque ultrapassa em muito o âmbito da política externa e seus mecanismos formais de execução. O carro-chefe do governo nas questões do G-20 é o Ministério da Fazenda, da mesma forma como nas questões ambientais é o Ministério do Meio Ambiente. O que a presidente insistiu muito é que ela quer uma afinação muito grande entre os ministérios envolvidos nos temas internacionais, que não se resumem no Ministério das Relações Exteriores. Por exemplo, há questões em que o Ministério da Defesa tem de ser invariavelmente escutado.
Valor: Em que temas?
Garcia: Vários. Temas do desarmamento, próprios temas do comércio exterior, que equipamentos vamos usar nas forças armadas, transferência de tecnologia. Não é tema limitado ao Ministério do Desenvolvimento, do Itamaraty.
Valor: E a China, é um competidor contra o qual devemos nos armar ou um parceiro nas mesas internacionais?
Garcia: É as duas coisas, e nossa habilidade vai ser combinar medidas de proteção dos nossos interesses e medidas de associação. Como vantagens, com a China, não temos conflitos de natureza geopolítica, temos até programas de cooperação internacional. Os interesses de natureza econômica que há teremos de resolver com as armas econômicas. Pretendemos não só aprofundar uma reflexão sobre a China, mas multiplicar iniciativas. O ministro Patriota vai à China, foi sugerido que eu fosse também.
"Se for confirmada a censura do Irã aos livros do Paulo Coelho, vamos nos manifestar, não há dúvida"
Valor: O senhor irá?
Garcia: Sim. Há uma proposta que o embaixador chinês me fez há algum tempo, quero ver se posso materializá-la antes da reunião. Pensamos também na ida do ministro [do Desenvolvimento, Fernando] Pimentel. Vamos ver. Há ideia de aproveitarmos a reunião dos Bric [Brasil, Rússia, Índia e China] na China para uma visita de Estado. E se for assim queremos uma visita caprichada, vamos levar não só agentes econômicos, empresários, mas vamos ter uma agenda bem mais elaborada.
Valor: Os Estados Unidos acusaram duramente o Brasil de protecionismo. Não é um sinal negativo?
Garcia: Não me surpreende, já havia sido prevenido de que havia uma tendência nessa direção. Só há dois tipos de relação sem conflito: as de subordinação e as que não existem. A Argentina é nosso principal parceiro e todo dia você noticia um conflito aqui e ali. Aí entra o papel do Itamaraty, que tem um trabalho cotidiano. Estivemos conversando com o [negociador brasileiro em Genebra] Roberto Azevedo, semanas antes, examinamos dificuldades que havia e estamos trabalhando isso. Mas é reflexão que não faremos sozinhos aqui [no Planalto].
Valor: Como estão as relações Brasil-EUA?
Garcia: Estão num bom caminho. Houve um período de certo azedume, por causa do Irã. Acho que tínhamos razão. Mas não acho que os EUA queiram fazer daquilo um ponto de agravamento das relações, pelo contrário, só temos tido manifestações positivas. Fomos beneficiados em ter Thomas Shannon como embaixador dos EUA aqui, não só pelas impecáveis qualidades profissionais dele, mas porque ele tem buscado dar consistência a essa proximidade.
Valor: E essas acusações feitas em Genebra não afetam essa consistência?
Garcia: Está lembrado da resposta do presidente Lula a umas declarações do [ex-representante comercial dos EUA, Robert] Zoellick, que íamos acabar vendendo geladeira no Polo Sul se não entrássemos na Alca? Disse que era coisa do sub do sub. Não vou responder a um sub do sub.
Valor: Não preocupam os acontecimentos políticos na Venezuela?
Garcia: Temos convicção de que a Venezuela, participando do sistema de países sul-americanos, regido inclusive por algumas cláusulas, a Venezuela vai se ater a isso [o respeito à democracia]. Muitas das observações são tentativa de empurrar a Venezuela numa determinada direção, dizer "olha, é um regime totalitário", e como já vi dizerem aqui que o presidente Lula ia para o caminho do totalitarismo... A oposição teve bom desempenho nas eleições, tem participação relevante no Congresso, há jornais extremamente críticos ao governo...
Valor: Mas houve propostas de endurecer o controle sobre a sociedade...
Garcia: Ele mesmo recuou dessas propostas, e até com bons argumentos. Evidentemente eu, como professor universitário não poderia ver com nenhuma simpatia qualquer tentativa de imiscuir-se na autonomia da universidade, inclusive no que diz respeito à produção de conhecimento e ele voltou atrás. Tenho de felicitar as coisas que vão na boa direção, não ficar simplesmente na suspicácia.
QUEM É O CHANCELER?
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Despolitização da diplomacia é 'balela', diz assessor de Dilma
Sergio Leo | De Brasília
É uma "balela" a ideia de que a presidente Dilma Rousseff abrirá mão da ideologia na política externa em favor de uma gestão "técnica", garante o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Principal encarregado do tema no Planalto, ele deve ganhar até quatro novos assistentes
para se ocupar "não só do urgente, mas também do importante". Se convidado, o Brasil tende até a aceitar participar da missão de fiscalização às instalações nucleares do Irã, para assegurar seu uso pacífico, adianta.
Garcia confirma, porém, mudanças de ênfase na diplomacia, sob Dilma. Se confirmada a censura iraniana a livros do escritor brasileiros Paulo Coelho, o Brasil protestará, assim como pretende pronunciar-se mais intensamente sobre questões de direitos humanos. Mas essa "vigilância" será aplicada a todos, diz ele, até países como Estados Unidos e Suíça, que, apesar de terem casos de abuso, não costumam ser alvo de resoluções de censura.
Na entrevista, cujos trechos principais estão publicados a seguir, ele fala da divisão de tarefas na diplomacia e dos planos para a China, comenta a situação da Venezuela e fala das relações "muito boas" com os Estados Unidos, não afetadas pelo recente ataque ao Brasil, feito pelo embaixador americano em Genebra, Michael Punke. O diplomata acusou o Brasil de escalada protecionista, mas Garcia minimiza: "Não vamos responder ao sub do sub."
Valor: Como será a divisão de tarefas entre a assessoria e o Itamaraty?
Marco Aurélio Garcia: A resposta a esse problema será dada praticamente. O Ministério de Relações Exteriores, em função de sua grande estrutura, da qualidade de seus responsáveis, entre eles o atual ministro, tem um trabalho que se caracteriza não só pela formulação mas pela execução da política externa, graças à gigantesca capilaridade que tem.
Valor: O que muda no papel de sua assessoria com o novo governo?
Garcia: Essencialmente não houve grandes mudanças. Vamos precisar ampliar a assessoria, mas uma ampliação discreta, para que possamos nos ocupar não só do urgente mas também do importante. Essa assessoria existe, na forma atual, desde a eleição de Tancredo Neves. Variou um pouco de função.
Valor: Que questões "importantes", como disse, a assessoria passará a tratar?
Garcia: Hoje fazemos discurso, pontos de discussão, notas de informação para o presidente, tratamos da correspondência internacional, da agenda política não-diplomática [chefes de partido, intelectuais importantes]. Vamos ter uma conexão muito forte com a Secretaria-Geral da Presidência, que terá um assessor internacional, e o ministro Gilberto Carvalho me pediu que trabalhássemos muito articuladamente. Aqui em alguns momentos atuamos como porta-vozes, a pedido da Secretaria de Comunicação. Temos muito tarefa de presença em eventos internacionais.
Valor: Um evento desses é o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Por que a presidente resolveu não ir a esse?
Garcia: Ela tem prioridades na agenda internacional e hoje o Fórum de Davos não tem para nós a importância que teve no começo do governo [Luiz Inácio] Lula [da Silva], que o transformou em acontecimento político de alta significação: foi a Porto Alegre [no Fórum Social Mundial] e no dia seguinte foi a Davos, onde disse que estava falando a mesma coisa que havia dito na véspera em Porto Alegre. O Brasil hoje não precisa se apresentar nessa reunião em Davos, já tem visibilidade extraordinária, há clareza muito grande sobre nossos objetivos e pelo exercício extraordinário que Lula fez na esfera internacional, que Dilma vai continuar.
Valor: Diz-se que Dilma não tem tanta vocação, tanto interesse pelos assuntos internacionais como o ex-presidente Lula.
Garcia: Circula uma série de clichês sobre o diferencial Dilma e Lula. "Dilma será menos ideológica e mais gerencial e mais técnica, menos política", dizem. Balela. É uma pessoa altamente politizada, senão não teria chegado à Presidência da República. Tem visões políticas muito precisas, um pensamento político muito desenvolvido, amadurecido no curso de décadas. Ela vai dar seguimento a isso e vai se ocupar dos temas da política internacional na medida em que forem considerados relevantes. se vai se ocupar mais ou menos só a prática vai dizer.
Valor: Por exemplo
Garcia: Em muitos casos, Lula fez a abertura de terreno, novas fronteiras diplomáticas do Brasil. Hoje, minha concepção é que vai estar muito mais na ordem do dia a necessidade de consolidar essas fronteiras, eventualmente ampliar uma coisa aqui ou ali, dar mais organicidade à nossa política externa e é por isso que vamos precisar nos ocupar das questões importantes; vamos ter de adensar nossa capacidade reflexiva aqui, preparar dossiês mais consistentes, além dos que já existem tradicionalmente, do Itamaraty, que são muito bons.
Valor: Mas para que haver estudos do Planalto e do Itamaraty?
Garcia: Vamos fazer nossa contribuição porque a angulação não é contraditória, mas tem uma percepção política diferenciada. Não fosse assim a assessoria não se justificaria. Temos também uma
agenda política não diplomática que é relevante: vem um chefe da oposição, ele deve ser recebido, não deve ser recebido?
"O Brasil hoje não precisa se apresentar no Fórum de Davos, pois já tem visibilidade extraordinária"
Valor: Vocês vão preparar documentos para orientar a posição do governo?
Garcia: A assessoria já fez isso, em muitas ocasiões preparei trabalhos. Realizamos missões também e o fato de eu ter relações com governantes na região ajuda. E aí se dá um tratamento mais específico às questões. Mas sempre articulei com o ministério. Invariavelmente, vou aos encontros com chefes de Estado ou a mesas do movimento social com o embaixador local, ou, quando não é possível, informo imediatamente ao embaixador. Muitas vezes a presidente fala ao telefone com alguém, imediatamente produzimos aqui um informe e mandamos ao Itamaraty. A sintonia aqui é muito, muito grande, até porque se fosse para brigar com o Itamaraty eu não faria. Tem de haver uma orientação muito clara em todas as políticas do governo, não só a política externa.
Valor: O site WikiLeaks mostrou tentativas da diplomacia dos Estados Unidos de trabalhar com o que via como diferença de posições no governo Lula
Garcia: Essa divisão aparece como suposição: fulano está mais à esquerda, outro é mais nacionalista. Não há caso em que haja elemento probatório de dualidade entre nós na política externa. Mesmo nos depoimentos do ex-embaixador Clifford Sobel não aparece nada que mostre conflito de orientação. Evidentemente não sou igual ao Celso [Amorim], ao [Antônio] Patriota. Tenho as minhas ideias, que são amplamente conhecidas.
Valor: Logo no começo do governo, em entrevista, a presidente disse que não se absteria em uma votação sobre o Irã, como se absteve o governo, seguindo a posição tradicional da diplomacia. O que de fato há de diferente nisso?
Garcia: Ela se manifestou sobre um episódio concreto. Outra coisa é a forma pela qual vamos abordar os temas gerais dos direitos humanos. Não há divergência entre os procedimentos anteriores e os futuros. A presidenta quer que o governo se manifeste sobre esse assunto. Agora, será urbi et orbi [para a cidade e o mundo]. Nossas manifestações serão sobre todas as formas de violação dos direitos humanos. Ela pediu que não houvesse ambiguidade, mas também preservando os critérios de não seletividade. Esse tema aparece com força, porque se trata do Irã. Naqueles dias anteriores, mencionou-se a execução de uma mulher nos Estados Unidos com perturbações mentais sob acusação de que tinha matado o marido. Não nos pronunciamos, mas não é só isso: não houve resolução apresentada no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Valor: O Brasil será mais ativo na apresentação de propostas?
Garcia: Vamos ter de ter uma vigilância maior nessa questão, um trabalho mais intenso - o atual é muito bom, a embaixadora Maria Nazaré Farani Azevedo mostrou que votamos mais de 98% de condenações. O Brasil não é uma ONG, não pode ser uma agência de certificação de direitos humanos, o tempo todo sobre todos os assuntos, senão a política externa se limitará a isso, com todas suas implicações. Existem questões emblemáticas, e sobre elas, por sugestão do Itamaraty e nossa, a Presidência vai se manifestar, acatando ou não.
Valor: Por exemplo?
Garcia: Se se confirmar efetivamente a censura aos livros do Paulo Coelho, vamos nos manifestar, não há a menor dúvida. Recentemente, na posse da Dilma, falamos com o ministro do Irã sobre aspectos que causam problemas ao Irã e a nós também. Sobre a questão da Sakineh Ashtani [condenada à morte sob suspeita de morte do marido]. Li no "Estadão" que os iranianos parecem não terem gostado muito disso. Paciência. Não queremos com isso comprometer o esforço que fizemos em relação ao acordo de Teerã [sobre uso de energia nuclear pelos iranianos]. Se possível, queremos fazer com que o acordo contribua para a adesão plena do Irã à energia nuclear para fins exclusivamente pacíficos.
Valor: O Brasil continua tratando do assunto nuclear?
Garcia: Há conversas sobre o possível envio de uma missão fiscalizadora da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) para verificar as instalações nucleares do Irã. Se nos convidarem, a tendência, possivelmente, é de aceitarmos. O grande problema é que se tentou muitas vezes tratar duas coisas: "Foram se meter em assunto que nada tem a ver, a política nuclear, e são complacentes com os direitos humanos no Irã." Se há crítica de complacência em relação a direitos humanos na China, nos Estados Unidos, na Suíça, que proíbe minaretes muçulmanos, estou disposto a discutir. Vamos ter de engajar no governo um debate profundo, para ver como compatibilizar questões conflitivas: os valores universais e o respeito à autodeterminação.
Valor: Debate entre quem?
Garcia: No governo, a presidente dará suas opiniões, o Itamaraty dará, nós daremos, a ministra [de Direitos Humanos] Maria do Rosário dará. O Patriota, eu e a ministra discutimos outro dia questões gerais. E vamos ter de provavelmente afinar mais a discussão de como enfrentar resoluções submetidas ou à Terceira Comissão das Nações Unidas ou ao Conselho de Direitos Humanos, sobre como compatibilizar os pontos de vista envolvidos, sem ser discriminatório.
Valor: Qual a orientação da presidente para questões econômicas, como as do G-20, que reúne as economias mais influentes do mundo?
Garcia: Ainda não fizemos discussão sobre temas do G-20, porque ultrapassa em muito o âmbito da política externa e seus mecanismos formais de execução. O carro-chefe do governo nas questões do G-20 é o Ministério da Fazenda, da mesma forma como nas questões ambientais é o Ministério do Meio Ambiente. O que a presidente insistiu muito é que ela quer uma afinação muito grande entre os ministérios envolvidos nos temas internacionais, que não se resumem no Ministério das Relações Exteriores. Por exemplo, há questões em que o Ministério da Defesa tem de ser invariavelmente escutado.
Valor: Em que temas?
Garcia: Vários. Temas do desarmamento, próprios temas do comércio exterior, que equipamentos vamos usar nas forças armadas, transferência de tecnologia. Não é tema limitado ao Ministério do Desenvolvimento, do Itamaraty.
Valor: E a China, é um competidor contra o qual devemos nos armar ou um parceiro nas mesas internacionais?
Garcia: É as duas coisas, e nossa habilidade vai ser combinar medidas de proteção dos nossos interesses e medidas de associação. Como vantagens, com a China, não temos conflitos de natureza geopolítica, temos até programas de cooperação internacional. Os interesses de natureza econômica que há teremos de resolver com as armas econômicas. Pretendemos não só aprofundar uma reflexão sobre a China, mas multiplicar iniciativas. O ministro Patriota vai à China, foi sugerido que eu fosse também.
"Se for confirmada a censura do Irã aos livros do Paulo Coelho, vamos nos manifestar, não há dúvida"
Valor: O senhor irá?
Garcia: Sim. Há uma proposta que o embaixador chinês me fez há algum tempo, quero ver se posso materializá-la antes da reunião. Pensamos também na ida do ministro [do Desenvolvimento, Fernando] Pimentel. Vamos ver. Há ideia de aproveitarmos a reunião dos Bric [Brasil, Rússia, Índia e China] na China para uma visita de Estado. E se for assim queremos uma visita caprichada, vamos levar não só agentes econômicos, empresários, mas vamos ter uma agenda bem mais elaborada.
Valor: Os Estados Unidos acusaram duramente o Brasil de protecionismo. Não é um sinal negativo?
Garcia: Não me surpreende, já havia sido prevenido de que havia uma tendência nessa direção. Só há dois tipos de relação sem conflito: as de subordinação e as que não existem. A Argentina é nosso principal parceiro e todo dia você noticia um conflito aqui e ali. Aí entra o papel do Itamaraty, que tem um trabalho cotidiano. Estivemos conversando com o [negociador brasileiro em Genebra] Roberto Azevedo, semanas antes, examinamos dificuldades que havia e estamos trabalhando isso. Mas é reflexão que não faremos sozinhos aqui [no Planalto].
Valor: Como estão as relações Brasil-EUA?
Garcia: Estão num bom caminho. Houve um período de certo azedume, por causa do Irã. Acho que tínhamos razão. Mas não acho que os EUA queiram fazer daquilo um ponto de agravamento das relações, pelo contrário, só temos tido manifestações positivas. Fomos beneficiados em ter Thomas Shannon como embaixador dos EUA aqui, não só pelas impecáveis qualidades profissionais dele, mas porque ele tem buscado dar consistência a essa proximidade.
Valor: E essas acusações feitas em Genebra não afetam essa consistência?
Garcia: Está lembrado da resposta do presidente Lula a umas declarações do [ex-representante comercial dos EUA, Robert] Zoellick, que íamos acabar vendendo geladeira no Polo Sul se não entrássemos na Alca? Disse que era coisa do sub do sub. Não vou responder a um sub do sub.
Valor: Não preocupam os acontecimentos políticos na Venezuela?
Garcia: Temos convicção de que a Venezuela, participando do sistema de países sul-americanos, regido inclusive por algumas cláusulas, a Venezuela vai se ater a isso [o respeito à democracia]. Muitas das observações são tentativa de empurrar a Venezuela numa determinada direção, dizer "olha, é um regime totalitário", e como já vi dizerem aqui que o presidente Lula ia para o caminho do totalitarismo... A oposição teve bom desempenho nas eleições, tem participação relevante no Congresso, há jornais extremamente críticos ao governo...
Valor: Mas houve propostas de endurecer o controle sobre a sociedade...
Garcia: Ele mesmo recuou dessas propostas, e até com bons argumentos. Evidentemente eu, como professor universitário não poderia ver com nenhuma simpatia qualquer tentativa de imiscuir-se na autonomia da universidade, inclusive no que diz respeito à produção de conhecimento e ele voltou atrás. Tenho de felicitar as coisas que vão na boa direção, não ficar simplesmente na suspicácia.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
O Itamaraty quem manda é o Patriota, e a política é que está sendo traçada a um bom tempo, o MAG é o policial mau que é necessário para falar e dar a ambiguidade que o governo precisa...agora vai acalmar o Irã e garantir mais um 1 bi no comércio internacional.
Quem faz a política externa é quem tem o controle da máquina que são as embaixadas, ele é um anteparo para alguns problemas que existem até fazer o papel de policial mau para os americanos, afinal se engrossarem o MAG vem aí , enquanto isso eles reforçam os canais com o NJ e Patriota...é o "jogo jogado".
E a entrevista é boa em termos de recados, coisa que o Patriota por seu cargo dificilmente poderia dar ou até a Dilma.
Quem faz a política externa é quem tem o controle da máquina que são as embaixadas, ele é um anteparo para alguns problemas que existem até fazer o papel de policial mau para os americanos, afinal se engrossarem o MAG vem aí , enquanto isso eles reforçam os canais com o NJ e Patriota...é o "jogo jogado".
E a entrevista é boa em termos de recados, coisa que o Patriota por seu cargo dificilmente poderia dar ou até a Dilma.
Marino escreveu:QUEM MANDA NO ITAMARATY?
QUEM É O CHANCELER?
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Despolitização da diplomacia é 'balela', diz assessor de Dilma
Sergio Leo | De Brasília
É uma "balela" a ideia de que a presidente Dilma Rousseff abrirá mão da ideologia na política externa em favor de uma gestão "técnica", garante o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Principal encarregado do tema no Planalto, ele deve ganhar até quatro novos assistentes
para se ocupar "não só do urgente, mas também do importante". Se convidado, o Brasil tende até a aceitar participar da missão de fiscalização às instalações nucleares do Irã, para assegurar seu uso pacífico, adianta.
Garcia confirma, porém, mudanças de ênfase na diplomacia, sob Dilma. Se confirmada a censura iraniana a livros do escritor brasileiros Paulo Coelho, o Brasil protestará, assim como pretende pronunciar-se mais intensamente sobre questões de direitos humanos. Mas essa "vigilância" será aplicada a todos, diz ele, até países como Estados Unidos e Suíça, que, apesar de terem casos de abuso, não costumam ser alvo de resoluções de censura.
Na entrevista, cujos trechos principais estão publicados a seguir, ele fala da divisão de tarefas na diplomacia e dos planos para a China, comenta a situação da Venezuela e fala das relações "muito boas" com os Estados Unidos, não afetadas pelo recente ataque ao Brasil, feito pelo embaixador americano em Genebra, Michael Punke. O diplomata acusou o Brasil de escalada protecionista, mas Garcia minimiza: "Não vamos responder ao sub do sub."
Valor: Como será a divisão de tarefas entre a assessoria e o Itamaraty?
Marco Aurélio Garcia: A resposta a esse problema será dada praticamente. O Ministério de Relações Exteriores, em função de sua grande estrutura, da qualidade de seus responsáveis, entre eles o atual ministro, tem um trabalho que se caracteriza não só pela formulação mas pela execução da política externa, graças à gigantesca capilaridade que tem.
Valor: O que muda no papel de sua assessoria com o novo governo?
Garcia: Essencialmente não houve grandes mudanças. Vamos precisar ampliar a assessoria, mas uma ampliação discreta, para que possamos nos ocupar não só do urgente mas também do importante. Essa assessoria existe, na forma atual, desde a eleição de Tancredo Neves. Variou um pouco de função.
Valor: Que questões "importantes", como disse, a assessoria passará a tratar?
Garcia: Hoje fazemos discurso, pontos de discussão, notas de informação para o presidente, tratamos da correspondência internacional, da agenda política não-diplomática [chefes de partido, intelectuais importantes]. Vamos ter uma conexão muito forte com a Secretaria-Geral da Presidência, que terá um assessor internacional, e o ministro Gilberto Carvalho me pediu que trabalhássemos muito articuladamente. Aqui em alguns momentos atuamos como porta-vozes, a pedido da Secretaria de Comunicação. Temos muito tarefa de presença em eventos internacionais.
Valor: Um evento desses é o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Por que a presidente resolveu não ir a esse?
Garcia: Ela tem prioridades na agenda internacional e hoje o Fórum de Davos não tem para nós a importância que teve no começo do governo [Luiz Inácio] Lula [da Silva], que o transformou em acontecimento político de alta significação: foi a Porto Alegre [no Fórum Social Mundial] e no dia seguinte foi a Davos, onde disse que estava falando a mesma coisa que havia dito na véspera em Porto Alegre. O Brasil hoje não precisa se apresentar nessa reunião em Davos, já tem visibilidade extraordinária, há clareza muito grande sobre nossos objetivos e pelo exercício extraordinário que Lula fez na esfera internacional, que Dilma vai continuar.
Valor: Diz-se que Dilma não tem tanta vocação, tanto interesse pelos assuntos internacionais como o ex-presidente Lula.
Garcia: Circula uma série de clichês sobre o diferencial Dilma e Lula. "Dilma será menos ideológica e mais gerencial e mais técnica, menos política", dizem. Balela. É uma pessoa altamente politizada, senão não teria chegado à Presidência da República. Tem visões políticas muito precisas, um pensamento político muito desenvolvido, amadurecido no curso de décadas. Ela vai dar seguimento a isso e vai se ocupar dos temas da política internacional na medida em que forem considerados relevantes. se vai se ocupar mais ou menos só a prática vai dizer.
Valor: Por exemplo
Garcia: Em muitos casos, Lula fez a abertura de terreno, novas fronteiras diplomáticas do Brasil. Hoje, minha concepção é que vai estar muito mais na ordem do dia a necessidade de consolidar essas fronteiras, eventualmente ampliar uma coisa aqui ou ali, dar mais organicidade à nossa política externa e é por isso que vamos precisar nos ocupar das questões importantes; vamos ter de adensar nossa capacidade reflexiva aqui, preparar dossiês mais consistentes, além dos que já existem tradicionalmente, do Itamaraty, que são muito bons.
Valor: Mas para que haver estudos do Planalto e do Itamaraty?
Garcia: Vamos fazer nossa contribuição porque a angulação não é contraditória, mas tem uma percepção política diferenciada. Não fosse assim a assessoria não se justificaria. Temos também uma
agenda política não diplomática que é relevante: vem um chefe da oposição, ele deve ser recebido, não deve ser recebido?
"O Brasil hoje não precisa se apresentar no Fórum de Davos, pois já tem visibilidade extraordinária"
Valor: Vocês vão preparar documentos para orientar a posição do governo?
Garcia: A assessoria já fez isso, em muitas ocasiões preparei trabalhos. Realizamos missões também e o fato de eu ter relações com governantes na região ajuda. E aí se dá um tratamento mais específico às questões. Mas sempre articulei com o ministério. Invariavelmente, vou aos encontros com chefes de Estado ou a mesas do movimento social com o embaixador local, ou, quando não é possível, informo imediatamente ao embaixador. Muitas vezes a presidente fala ao telefone com alguém, imediatamente produzimos aqui um informe e mandamos ao Itamaraty. A sintonia aqui é muito, muito grande, até porque se fosse para brigar com o Itamaraty eu não faria. Tem de haver uma orientação muito clara em todas as políticas do governo, não só a política externa.
Valor: O site WikiLeaks mostrou tentativas da diplomacia dos Estados Unidos de trabalhar com o que via como diferença de posições no governo Lula
Garcia: Essa divisão aparece como suposição: fulano está mais à esquerda, outro é mais nacionalista. Não há caso em que haja elemento probatório de dualidade entre nós na política externa. Mesmo nos depoimentos do ex-embaixador Clifford Sobel não aparece nada que mostre conflito de orientação. Evidentemente não sou igual ao Celso [Amorim], ao [Antônio] Patriota. Tenho as minhas ideias, que são amplamente conhecidas.
Valor: Logo no começo do governo, em entrevista, a presidente disse que não se absteria em uma votação sobre o Irã, como se absteve o governo, seguindo a posição tradicional da diplomacia. O que de fato há de diferente nisso?
Garcia: Ela se manifestou sobre um episódio concreto. Outra coisa é a forma pela qual vamos abordar os temas gerais dos direitos humanos. Não há divergência entre os procedimentos anteriores e os futuros. A presidenta quer que o governo se manifeste sobre esse assunto. Agora, será urbi et orbi [para a cidade e o mundo]. Nossas manifestações serão sobre todas as formas de violação dos direitos humanos. Ela pediu que não houvesse ambiguidade, mas também preservando os critérios de não seletividade. Esse tema aparece com força, porque se trata do Irã. Naqueles dias anteriores, mencionou-se a execução de uma mulher nos Estados Unidos com perturbações mentais sob acusação de que tinha matado o marido. Não nos pronunciamos, mas não é só isso: não houve resolução apresentada no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Valor: O Brasil será mais ativo na apresentação de propostas?
Garcia: Vamos ter de ter uma vigilância maior nessa questão, um trabalho mais intenso - o atual é muito bom, a embaixadora Maria Nazaré Farani Azevedo mostrou que votamos mais de 98% de condenações. O Brasil não é uma ONG, não pode ser uma agência de certificação de direitos humanos, o tempo todo sobre todos os assuntos, senão a política externa se limitará a isso, com todas suas implicações. Existem questões emblemáticas, e sobre elas, por sugestão do Itamaraty e nossa, a Presidência vai se manifestar, acatando ou não.
Valor: Por exemplo?
Garcia: Se se confirmar efetivamente a censura aos livros do Paulo Coelho, vamos nos manifestar, não há a menor dúvida. Recentemente, na posse da Dilma, falamos com o ministro do Irã sobre aspectos que causam problemas ao Irã e a nós também. Sobre a questão da Sakineh Ashtani [condenada à morte sob suspeita de morte do marido]. Li no "Estadão" que os iranianos parecem não terem gostado muito disso. Paciência. Não queremos com isso comprometer o esforço que fizemos em relação ao acordo de Teerã [sobre uso de energia nuclear pelos iranianos]. Se possível, queremos fazer com que o acordo contribua para a adesão plena do Irã à energia nuclear para fins exclusivamente pacíficos.
Valor: O Brasil continua tratando do assunto nuclear?
Garcia: Há conversas sobre o possível envio de uma missão fiscalizadora da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) para verificar as instalações nucleares do Irã. Se nos convidarem, a tendência, possivelmente, é de aceitarmos. O grande problema é que se tentou muitas vezes tratar duas coisas: "Foram se meter em assunto que nada tem a ver, a política nuclear, e são complacentes com os direitos humanos no Irã." Se há crítica de complacência em relação a direitos humanos na China, nos Estados Unidos, na Suíça, que proíbe minaretes muçulmanos, estou disposto a discutir. Vamos ter de engajar no governo um debate profundo, para ver como compatibilizar questões conflitivas: os valores universais e o respeito à autodeterminação.
Valor: Debate entre quem?
Garcia: No governo, a presidente dará suas opiniões, o Itamaraty dará, nós daremos, a ministra [de Direitos Humanos] Maria do Rosário dará. O Patriota, eu e a ministra discutimos outro dia questões gerais. E vamos ter de provavelmente afinar mais a discussão de como enfrentar resoluções submetidas ou à Terceira Comissão das Nações Unidas ou ao Conselho de Direitos Humanos, sobre como compatibilizar os pontos de vista envolvidos, sem ser discriminatório.
Valor: Qual a orientação da presidente para questões econômicas, como as do G-20, que reúne as economias mais influentes do mundo?
Garcia: Ainda não fizemos discussão sobre temas do G-20, porque ultrapassa em muito o âmbito da política externa e seus mecanismos formais de execução. O carro-chefe do governo nas questões do G-20 é o Ministério da Fazenda, da mesma forma como nas questões ambientais é o Ministério do Meio Ambiente. O que a presidente insistiu muito é que ela quer uma afinação muito grande entre os ministérios envolvidos nos temas internacionais, que não se resumem no Ministério das Relações Exteriores. Por exemplo, há questões em que o Ministério da Defesa tem de ser invariavelmente escutado.
Valor: Em que temas?
Garcia: Vários. Temas do desarmamento, próprios temas do comércio exterior, que equipamentos vamos usar nas forças armadas, transferência de tecnologia. Não é tema limitado ao Ministério do Desenvolvimento, do Itamaraty.
Valor: E a China, é um competidor contra o qual devemos nos armar ou um parceiro nas mesas internacionais?
Garcia: É as duas coisas, e nossa habilidade vai ser combinar medidas de proteção dos nossos interesses e medidas de associação. Como vantagens, com a China, não temos conflitos de natureza geopolítica, temos até programas de cooperação internacional. Os interesses de natureza econômica que há teremos de resolver com as armas econômicas. Pretendemos não só aprofundar uma reflexão sobre a China, mas multiplicar iniciativas. O ministro Patriota vai à China, foi sugerido que eu fosse também.
"Se for confirmada a censura do Irã aos livros do Paulo Coelho, vamos nos manifestar, não há dúvida"
Valor: O senhor irá?
Garcia: Sim. Há uma proposta que o embaixador chinês me fez há algum tempo, quero ver se posso materializá-la antes da reunião. Pensamos também na ida do ministro [do Desenvolvimento, Fernando] Pimentel. Vamos ver. Há ideia de aproveitarmos a reunião dos Bric [Brasil, Rússia, Índia e China] na China para uma visita de Estado. E se for assim queremos uma visita caprichada, vamos levar não só agentes econômicos, empresários, mas vamos ter uma agenda bem mais elaborada.
Valor: Os Estados Unidos acusaram duramente o Brasil de protecionismo. Não é um sinal negativo?
Garcia: Não me surpreende, já havia sido prevenido de que havia uma tendência nessa direção. Só há dois tipos de relação sem conflito: as de subordinação e as que não existem. A Argentina é nosso principal parceiro e todo dia você noticia um conflito aqui e ali. Aí entra o papel do Itamaraty, que tem um trabalho cotidiano. Estivemos conversando com o [negociador brasileiro em Genebra] Roberto Azevedo, semanas antes, examinamos dificuldades que havia e estamos trabalhando isso. Mas é reflexão que não faremos sozinhos aqui [no Planalto].
Valor: Como estão as relações Brasil-EUA?
Garcia: Estão num bom caminho. Houve um período de certo azedume, por causa do Irã. Acho que tínhamos razão. Mas não acho que os EUA queiram fazer daquilo um ponto de agravamento das relações, pelo contrário, só temos tido manifestações positivas. Fomos beneficiados em ter Thomas Shannon como embaixador dos EUA aqui, não só pelas impecáveis qualidades profissionais dele, mas porque ele tem buscado dar consistência a essa proximidade.
Valor: E essas acusações feitas em Genebra não afetam essa consistência?
Garcia: Está lembrado da resposta do presidente Lula a umas declarações do [ex-representante comercial dos EUA, Robert] Zoellick, que íamos acabar vendendo geladeira no Polo Sul se não entrássemos na Alca? Disse que era coisa do sub do sub. Não vou responder a um sub do sub.
Valor: Não preocupam os acontecimentos políticos na Venezuela?
Garcia: Temos convicção de que a Venezuela, participando do sistema de países sul-americanos, regido inclusive por algumas cláusulas, a Venezuela vai se ater a isso [o respeito à democracia]. Muitas das observações são tentativa de empurrar a Venezuela numa determinada direção, dizer "olha, é um regime totalitário", e como já vi dizerem aqui que o presidente Lula ia para o caminho do totalitarismo... A oposição teve bom desempenho nas eleições, tem participação relevante no Congresso, há jornais extremamente críticos ao governo...
Valor: Mas houve propostas de endurecer o controle sobre a sociedade...
Garcia: Ele mesmo recuou dessas propostas, e até com bons argumentos. Evidentemente eu, como professor universitário não poderia ver com nenhuma simpatia qualquer tentativa de imiscuir-se na autonomia da universidade, inclusive no que diz respeito à produção de conhecimento e ele voltou atrás. Tenho de felicitar as coisas que vão na boa direção, não ficar simplesmente na suspicácia.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Para quem quiser ler o documento abaixo da p.43 em diante é sobre operações de paz...
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php ... t&Itemid=4
Cooperação internacional é tema de estudo
O documento mostra que a cooperação brasileira para o desenvolvimento chegou a pouco mais de 1,6 bilhões de dólares entre 2005 e 2009
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), lançaram nesta quarta-feira, 12, o estudo Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional: 2005-2009, com a presença do Diretor da ABC, Ministro Marco Farani, do Diretor de Estudos Relações Econômicas e Políticas internacionais, Mario Theodoro, e do coordenador-geral de Estudos em Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Instituto, Marcos Antonio Macedo Cintra.
O levantamento feito pelo Ipea, em parceria com a ABC e o apoio da Casa Civil, levantou que a cooperação brasileira para o desenvolvimento, durante o período 2005-2009, alcançou um valor próximo a R$ 3,2 bilhões, em valores atualizados pelo deflator do PIB. Dessa soma, mais de 76% corresponde apenas a contribuições para organizações internacionais e bancos regionais.
Os 24% restantes do total das contribuições são direcionados à assistência humanitária, bolsas de estudo e cooperação técnica. As bolsas de estudo para estrangeiros, modalidade na qual o Brasil é cooperante, somaram mais de 320 milhões durante o período. Isso faz com que seja a segunda modalidade a que o país mais destina recursos.
As contribuições para países que se encontrem em situações de emergência ou de calamidade e para cooperação técnica registram aumento expressivo, passando de cerca de R$ 36, 5 milhões em 2005, para 184,8 milhões no ano de 2009. O estudo mostra que 76,27% da assistência humanitária são distribuídas nos países da América Latina e Caribe.
Esta é a primeira vez que o governo faz uma análise do quadro consolidado sobre cooperação internacional. O objetivo foi identificar os recursos financeiros investidos pelo governo federal brasileiro em outros países e organizações internacionais. Para isso, foram apurados dados de mais de 60 órgãos da administração direta e entidades vinculadas ao governo.
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php ... t&Itemid=4
Cooperação internacional é tema de estudo
O documento mostra que a cooperação brasileira para o desenvolvimento chegou a pouco mais de 1,6 bilhões de dólares entre 2005 e 2009
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), lançaram nesta quarta-feira, 12, o estudo Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional: 2005-2009, com a presença do Diretor da ABC, Ministro Marco Farani, do Diretor de Estudos Relações Econômicas e Políticas internacionais, Mario Theodoro, e do coordenador-geral de Estudos em Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Instituto, Marcos Antonio Macedo Cintra.
O levantamento feito pelo Ipea, em parceria com a ABC e o apoio da Casa Civil, levantou que a cooperação brasileira para o desenvolvimento, durante o período 2005-2009, alcançou um valor próximo a R$ 3,2 bilhões, em valores atualizados pelo deflator do PIB. Dessa soma, mais de 76% corresponde apenas a contribuições para organizações internacionais e bancos regionais.
Os 24% restantes do total das contribuições são direcionados à assistência humanitária, bolsas de estudo e cooperação técnica. As bolsas de estudo para estrangeiros, modalidade na qual o Brasil é cooperante, somaram mais de 320 milhões durante o período. Isso faz com que seja a segunda modalidade a que o país mais destina recursos.
As contribuições para países que se encontrem em situações de emergência ou de calamidade e para cooperação técnica registram aumento expressivo, passando de cerca de R$ 36, 5 milhões em 2005, para 184,8 milhões no ano de 2009. O estudo mostra que 76,27% da assistência humanitária são distribuídas nos países da América Latina e Caribe.
Esta é a primeira vez que o governo faz uma análise do quadro consolidado sobre cooperação internacional. O objetivo foi identificar os recursos financeiros investidos pelo governo federal brasileiro em outros países e organizações internacionais. Para isso, foram apurados dados de mais de 60 órgãos da administração direta e entidades vinculadas ao governo.
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Patriota assegura a Lugo alta da energia de Itaipu
Renato Andrade - O Estado de S.Paulo
Em sua primeira visita ao Paraguai, o ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota,
assegurou ontem às autoridades do país vizinho o compromisso do governo Dilma Rousseff em aprovar o
acordo que aumenta para US$ 360 milhões a compensação anual que o Brasil deve pagar pela energia da
Hidrelétrica de Itaipu.
O acordo sobre a revisão tarifária foi assinado em julho de 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e seu colega Fernando Lugo, mas ainda não entrou em vigor porque a proposta precisa passar pelo crivo
dos parlamentares dos dois países. Os paraguaios aprovaram as mudanças ainda em 2009, mas no Brasil o
processo acabou encostado no Congresso.
Patriota esteve reunido ontem com seu colega Héctor Lacognata e o presidente Lugo. Segundo relato de
um dos participantes dos encontros, as autoridades paraguaias se mostraram "confiantes" no empenho do
governo brasileiro em desatar o nó e pôr em prática o acordo firmado há quase dois anos.
Patriota fez questão de frisar que o Palácio do Planalto vai respeitar o calendário do Congresso, ou seja,
o governo Dilma não pretende pressionar os parlamentares para que a revisão tarifária seja aprovada
rapidamente.
Revisão. Atualmente, o governo brasileiro paga US$ 120 milhões por ano ao Paraguai pela energia de
Itaipu que não é utilizada pelo país vizinho. Essa energia ajuda a abastecer a Região Sudeste do País.
Durante a visita, Patriota deu início aos preparativos para a primeira visita de Dilma ao Paraguai. A ideia
é que a presidente vá ao país vizinho em 26 de março, quando será comemorado os 20 anos de assinatura do
Tratado de Assunção.
Renato Andrade - O Estado de S.Paulo
Em sua primeira visita ao Paraguai, o ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota,
assegurou ontem às autoridades do país vizinho o compromisso do governo Dilma Rousseff em aprovar o
acordo que aumenta para US$ 360 milhões a compensação anual que o Brasil deve pagar pela energia da
Hidrelétrica de Itaipu.
O acordo sobre a revisão tarifária foi assinado em julho de 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e seu colega Fernando Lugo, mas ainda não entrou em vigor porque a proposta precisa passar pelo crivo
dos parlamentares dos dois países. Os paraguaios aprovaram as mudanças ainda em 2009, mas no Brasil o
processo acabou encostado no Congresso.
Patriota esteve reunido ontem com seu colega Héctor Lacognata e o presidente Lugo. Segundo relato de
um dos participantes dos encontros, as autoridades paraguaias se mostraram "confiantes" no empenho do
governo brasileiro em desatar o nó e pôr em prática o acordo firmado há quase dois anos.
Patriota fez questão de frisar que o Palácio do Planalto vai respeitar o calendário do Congresso, ou seja,
o governo Dilma não pretende pressionar os parlamentares para que a revisão tarifária seja aprovada
rapidamente.
Revisão. Atualmente, o governo brasileiro paga US$ 120 milhões por ano ao Paraguai pela energia de
Itaipu que não é utilizada pelo país vizinho. Essa energia ajuda a abastecer a Região Sudeste do País.
Durante a visita, Patriota deu início aos preparativos para a primeira visita de Dilma ao Paraguai. A ideia
é que a presidente vá ao país vizinho em 26 de março, quando será comemorado os 20 anos de assinatura do
Tratado de Assunção.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
19/01/2011 21h54 - Atualizado em 19/01/2011 21h54
Samuel Pinheiro Guimarães assume cargo de representante do Mercosul
Embaixador foi nomeado nesta quarta pelo Conselho do Mercado Comum.
Mandato vale por três anos, sendo renovável por igual período.
Do G1, em Brasília
O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães foi nomeado nesta quarta-feira (19) como Alto Representante-Geral do Mercosul, cargo que ocupará no Conselho do Mercado Comum (CMC). O mandato vale por três anos, sendo renovável por igual período uma única vez.
O cargo que o embaixador vai ocupar foi criado na Cúpula de Foz do Iguaçu, em 16 de dezembro de 2010. Entre as missões que terá, Guimarães atuará na auará em áreas como saúde, educação, cultura e divulgação do Mercosul. Também coordenará a implementação das metas previstas no Plano de Ação para um Estatuto da Cidadania do Mercosul, aprovado em Foz do Iguaçu em 16 de dezembro de 2010.
O embaixador Pinheiro Guimarães foi Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República e Secretário-Geral do Itamaraty, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Samuel Pinheiro Guimarães assume cargo de representante do Mercosul
Embaixador foi nomeado nesta quarta pelo Conselho do Mercado Comum.
Mandato vale por três anos, sendo renovável por igual período.
Do G1, em Brasília
O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães foi nomeado nesta quarta-feira (19) como Alto Representante-Geral do Mercosul, cargo que ocupará no Conselho do Mercado Comum (CMC). O mandato vale por três anos, sendo renovável por igual período uma única vez.
O cargo que o embaixador vai ocupar foi criado na Cúpula de Foz do Iguaçu, em 16 de dezembro de 2010. Entre as missões que terá, Guimarães atuará na auará em áreas como saúde, educação, cultura e divulgação do Mercosul. Também coordenará a implementação das metas previstas no Plano de Ação para um Estatuto da Cidadania do Mercosul, aprovado em Foz do Iguaçu em 16 de dezembro de 2010.
O embaixador Pinheiro Guimarães foi Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República e Secretário-Geral do Itamaraty, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
CRÍTICA RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Livro com depoimento do chanceler de Geisel aborda temas ainda
relevantes
JOÃO DANIEL LIMA DE ALMEIDA
ESPECIAL PARA A FOLHA
É intrigante descobrir que, em 1974, os argentinos envenenaram o chanceler brasileiro antes do encontro
com o secretário de Estado americano Henry Kissinger . É assustador saber dos muitos diplomatas integralistas
que trabalhavam no Itamaraty de uniforme verde nos anos 30.
É dramático ouvir a confissão de que aprender a lidar com a morte dos filhos era a principal diferença
entre a personalidade do general Geisel e a de seu ministro do Exterior, Azeredo da Silveira.
Afora esses aperitivos, o leitor ficará mais envolvido ao perceber em "Azeredo da Silveira: Um
Depoimento" surpreendente atualidade.
O organizador, Matias Spektor, é o mais prolífico internacionalista da atualidade, e essa obra é a
contrapartida que faltava para o livro-irmão "Kissinger e o Brasil" que ele publicou em 2009.
A questão energética, o início das relações com a China e o declínio norte-americano, a possível
participação do Brasil no processo de paz no Oriente Médio e a aproximação com a África, a prevalência da
América do Sul sobre a ideia abstrata de América Latina são todos temas atuais que Azeredo trata de discutir e
aprofundar.
Autor dos aforismos mais citados do ministério ("Ao diplomata cabe construir o Brasil do futuro" e "A
maior tradição do Itamaraty é saber renovar-se"), é bem compreensível que esta entrevista não pudesse vir à
público até sua morte, em 1990. Afinal, Azeredo fala mal de todo mundo. Raul Fernandes nunca estudou: "Era
um homem de bem, não era um simples entreguista". Delfim Netto "não é mais o mago que foi no passado. É
fácil ser mago de porrete na mão".
Fala mal mesmo dos colegas diplomatas: "No Brasil, a carreira é ornamental e as pessoas ficam
pernósticas. O símbolo passa a ser segurar um copo e dar um toquezinho para ver se ele tem som de cristal,
conhecer vinhos".
Similar ao que ocorre hoje, Azeredo, em sua época (1974-79), renovou dois terços dos quadros do
ministério, limitou severamente embaixadores de fora da carreira, criticou o racismo e a subserviência dos
diplomatas da "velha geração" ("dependência é uma atitude mental", afirma) promovendo os mais jovens e os
mais competentes.
Critica, ainda, a lentidão, a falta de criatividade e de eficiência da burocracia ("O ministério tocava piano
de ouvido, não sabia harmonia nem contraponto").
A atual democratização do acesso ao MRE, incluída aí a luta contra o racismo, apesar das lamúrias dos
antigos embaixadores contra a "perda de nível", alegrariam Azeredo, que certamente aplaudiria a renovação.
JOÃO DANIEL LIMA DE ALMEIDA é mestre em Relações Internacionais pela PUC-RJ
Livro com depoimento do chanceler de Geisel aborda temas ainda
relevantes
JOÃO DANIEL LIMA DE ALMEIDA
ESPECIAL PARA A FOLHA
É intrigante descobrir que, em 1974, os argentinos envenenaram o chanceler brasileiro antes do encontro
com o secretário de Estado americano Henry Kissinger . É assustador saber dos muitos diplomatas integralistas
que trabalhavam no Itamaraty de uniforme verde nos anos 30.
É dramático ouvir a confissão de que aprender a lidar com a morte dos filhos era a principal diferença
entre a personalidade do general Geisel e a de seu ministro do Exterior, Azeredo da Silveira.
Afora esses aperitivos, o leitor ficará mais envolvido ao perceber em "Azeredo da Silveira: Um
Depoimento" surpreendente atualidade.
O organizador, Matias Spektor, é o mais prolífico internacionalista da atualidade, e essa obra é a
contrapartida que faltava para o livro-irmão "Kissinger e o Brasil" que ele publicou em 2009.
A questão energética, o início das relações com a China e o declínio norte-americano, a possível
participação do Brasil no processo de paz no Oriente Médio e a aproximação com a África, a prevalência da
América do Sul sobre a ideia abstrata de América Latina são todos temas atuais que Azeredo trata de discutir e
aprofundar.
Autor dos aforismos mais citados do ministério ("Ao diplomata cabe construir o Brasil do futuro" e "A
maior tradição do Itamaraty é saber renovar-se"), é bem compreensível que esta entrevista não pudesse vir à
público até sua morte, em 1990. Afinal, Azeredo fala mal de todo mundo. Raul Fernandes nunca estudou: "Era
um homem de bem, não era um simples entreguista". Delfim Netto "não é mais o mago que foi no passado. É
fácil ser mago de porrete na mão".
Fala mal mesmo dos colegas diplomatas: "No Brasil, a carreira é ornamental e as pessoas ficam
pernósticas. O símbolo passa a ser segurar um copo e dar um toquezinho para ver se ele tem som de cristal,
conhecer vinhos".
Similar ao que ocorre hoje, Azeredo, em sua época (1974-79), renovou dois terços dos quadros do
ministério, limitou severamente embaixadores de fora da carreira, criticou o racismo e a subserviência dos
diplomatas da "velha geração" ("dependência é uma atitude mental", afirma) promovendo os mais jovens e os
mais competentes.
Critica, ainda, a lentidão, a falta de criatividade e de eficiência da burocracia ("O ministério tocava piano
de ouvido, não sabia harmonia nem contraponto").
A atual democratização do acesso ao MRE, incluída aí a luta contra o racismo, apesar das lamúrias dos
antigos embaixadores contra a "perda de nível", alegrariam Azeredo, que certamente aplaudiria a renovação.
JOÃO DANIEL LIMA DE ALMEIDA é mestre em Relações Internacionais pela PUC-RJ
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Obama's trip may lead to U.S.-Brazil honeymoon
President Barack Obama's announcement that he will visit Brazil, Chile and El Salvador in March -- in what will be his first trip to South America -- could result in an improvement in Brazil-U.S. ties following a significant downturn over the past two years.
Obama announced in his State of the Union address to Congress Tuesday that he will visit the three countries as part of his efforts to strengthen ties with Latin America. The five-day visit is likely to take place in the second half of March.
AN EMERGING POWER
There is little question that Brazil, the world's eighth largest economy and an emerging global power, will be the most important leg of Obama's trip. Tensions between Brazil and Washington rose during the last two years of former Brazilian President Luiz Inácio Lula da Silva's administration over, among other things, Brazil's diplomatic support of Iran.
But now, after the Jan. 1 inauguration of Lula da Silva's hand-picked successor, Dilma Rousseff, a former leftist guerrilla who served as his chief of staff, U.S. officials are hopeful that they will be able to rebuild bilateral ties.
In a telephone interview, Dan Restrepo, senior White House advisor on Western Hemisphere affairs, told me that Rousseff ``has made quite clear in her public statements that she is looking forward to continuing and strengthening our ties. One of the reasons we are going to Brazil this early in her presidency is that we see an opportunity to continue and deepen the relationship at the highest level.''
Restrepo did not elaborate, but other Brazil watchers see several signs that Rousseff's foreign policy may be less hostile to Washington than her predecessor's was in his last years in power. Among the signs:
• Rousseff has taken distance from Lula da Silva's diplomatic love affair with Iran. Among other things, she did not endorse his failed mediation effort over Iran's nuclear program, and suggested that she doesn't agree with her predecessor's decision not to condemn Iran's human rights abuses.
• Brazilian and U.S. officials have cooperated more closely in recent weeks in trying to resolve Haiti's political crisis stemming from disputed November elections, according to U.S. diplomats familiar with the negotiations.
• The new Brazilian president picked Antonio Patriota, a respected former Brazilian ambassador to Washington, as her foreign minister. Patriota indicated in a recent speech that Brazil will continue strengthening ties with other developing countries, but ``not at the expense'' of worsening ties with the United States and Europe.
• Rousseff is said to have been moved by U.S. Secretary of State Hillary Clinton's decision to attend her inauguration ceremony on Jan. 1, despite the fact that Clinton had to board her plane at dawn with little time to rest after New Year's Eve celebrations.
`SIGNS OF CHANGE'
``There are clear signs of change in Brazil regarding an effort to reconnect with the United States,'' said Paulo Sotero, head of the Brazil program at the Washington, D.C.-based Woodrow Wilson International Center for Scholars. ``This is a new moment in the relationship, following the episodes that had caused so much damage over the past two years.''
U.S. officials say that in Brazil, Obama will discuss cooperation plans on clean energy, reconstruction aid for Haiti, and citizens' security, including U.S. offers to share know-how on security issues in anticipation of the 2014 World Cup and the 2016 Summer Olympics in the South American country.
My opinion: I was surprised to hear that during his trip, Obama will not stop in Colombia, the closest U.S. ally in the region in recent years. U.S. officials tell me that is because Obama will attend the Summit of the Americas in Cartagena, Colombia, in April 2012, and will most likely stay on for an official visit to that country. Maybe so.
For the time being, all eyes of the region's diplomatic community will be on Obama's visit to Brazil.
There won't be any dramatic change and Brazil will continue its policy of developing ties with the Third World as a way to consolidate itself as a new global power. But considering Brazil's weight in the region, even a small move toward closer ties with Washington will have a significant impact on U.S.-Latin American relations.
Read more: http://www.miamiherald.com/2011/01/27/2 ... z1Cv1CbR6G
President Barack Obama's announcement that he will visit Brazil, Chile and El Salvador in March -- in what will be his first trip to South America -- could result in an improvement in Brazil-U.S. ties following a significant downturn over the past two years.
Obama announced in his State of the Union address to Congress Tuesday that he will visit the three countries as part of his efforts to strengthen ties with Latin America. The five-day visit is likely to take place in the second half of March.
AN EMERGING POWER
There is little question that Brazil, the world's eighth largest economy and an emerging global power, will be the most important leg of Obama's trip. Tensions between Brazil and Washington rose during the last two years of former Brazilian President Luiz Inácio Lula da Silva's administration over, among other things, Brazil's diplomatic support of Iran.
But now, after the Jan. 1 inauguration of Lula da Silva's hand-picked successor, Dilma Rousseff, a former leftist guerrilla who served as his chief of staff, U.S. officials are hopeful that they will be able to rebuild bilateral ties.
In a telephone interview, Dan Restrepo, senior White House advisor on Western Hemisphere affairs, told me that Rousseff ``has made quite clear in her public statements that she is looking forward to continuing and strengthening our ties. One of the reasons we are going to Brazil this early in her presidency is that we see an opportunity to continue and deepen the relationship at the highest level.''
Restrepo did not elaborate, but other Brazil watchers see several signs that Rousseff's foreign policy may be less hostile to Washington than her predecessor's was in his last years in power. Among the signs:
• Rousseff has taken distance from Lula da Silva's diplomatic love affair with Iran. Among other things, she did not endorse his failed mediation effort over Iran's nuclear program, and suggested that she doesn't agree with her predecessor's decision not to condemn Iran's human rights abuses.
• Brazilian and U.S. officials have cooperated more closely in recent weeks in trying to resolve Haiti's political crisis stemming from disputed November elections, according to U.S. diplomats familiar with the negotiations.
• The new Brazilian president picked Antonio Patriota, a respected former Brazilian ambassador to Washington, as her foreign minister. Patriota indicated in a recent speech that Brazil will continue strengthening ties with other developing countries, but ``not at the expense'' of worsening ties with the United States and Europe.
• Rousseff is said to have been moved by U.S. Secretary of State Hillary Clinton's decision to attend her inauguration ceremony on Jan. 1, despite the fact that Clinton had to board her plane at dawn with little time to rest after New Year's Eve celebrations.
`SIGNS OF CHANGE'
``There are clear signs of change in Brazil regarding an effort to reconnect with the United States,'' said Paulo Sotero, head of the Brazil program at the Washington, D.C.-based Woodrow Wilson International Center for Scholars. ``This is a new moment in the relationship, following the episodes that had caused so much damage over the past two years.''
U.S. officials say that in Brazil, Obama will discuss cooperation plans on clean energy, reconstruction aid for Haiti, and citizens' security, including U.S. offers to share know-how on security issues in anticipation of the 2014 World Cup and the 2016 Summer Olympics in the South American country.
My opinion: I was surprised to hear that during his trip, Obama will not stop in Colombia, the closest U.S. ally in the region in recent years. U.S. officials tell me that is because Obama will attend the Summit of the Americas in Cartagena, Colombia, in April 2012, and will most likely stay on for an official visit to that country. Maybe so.
For the time being, all eyes of the region's diplomatic community will be on Obama's visit to Brazil.
There won't be any dramatic change and Brazil will continue its policy of developing ties with the Third World as a way to consolidate itself as a new global power. But considering Brazil's weight in the region, even a small move toward closer ties with Washington will have a significant impact on U.S.-Latin American relations.
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"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
""SIGNS""... Pois é... Deixa quieto!
[]'s a todos.
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"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
- Marino
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Informe JB
Leandro Mazzini
O abandono da brasileira
O Itamaraty deixou nas mãos da Justiça Militar dos Estados Unidos o caso da brasileira naturalizada
americana Graciela Saraiva, denunciado aqui. Mariner, foi expulsa da Navy por suposto uso de drogas, após
exames de urina, mas a família tem provas médicas de que ela usou apenas um Tylenol pós-extração de
dentes. Uma advogada do Consulado Geral brasileiro em Washington ligou para o pai de Graciela e disse que
não pode ajudar. A família reclama que uma carta de pedido de ajuda escrita à presidente Dilma Rousseff não
chegou ao Planalto. Graciela, condecorada por combate no Oriente Médio, perdeu medalhas e soldo. A família
protesta: o Itamaraty dispensou atenção especial ao caso da iraniana Sakineh, acusada de matar o marido. Mas
esqueceu-se da honra da brasileira.
Leandro Mazzini
O abandono da brasileira
O Itamaraty deixou nas mãos da Justiça Militar dos Estados Unidos o caso da brasileira naturalizada
americana Graciela Saraiva, denunciado aqui. Mariner, foi expulsa da Navy por suposto uso de drogas, após
exames de urina, mas a família tem provas médicas de que ela usou apenas um Tylenol pós-extração de
dentes. Uma advogada do Consulado Geral brasileiro em Washington ligou para o pai de Graciela e disse que
não pode ajudar. A família reclama que uma carta de pedido de ajuda escrita à presidente Dilma Rousseff não
chegou ao Planalto. Graciela, condecorada por combate no Oriente Médio, perdeu medalhas e soldo. A família
protesta: o Itamaraty dispensou atenção especial ao caso da iraniana Sakineh, acusada de matar o marido. Mas
esqueceu-se da honra da brasileira.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Deixa ver se eu entendi:Marino escreveu:Informe JB
Leandro Mazzini
O abandono da brasileira
O Itamaraty deixou nas mãos da Justiça Militar dos Estados Unidos o caso da brasileira naturalizada
americana Graciela Saraiva, denunciado aqui. Mariner, foi expulsa da Navy por suposto uso de drogas, após
exames de urina, mas a família tem provas médicas de que ela usou apenas um Tylenol pós-extração de
dentes. Uma advogada do Consulado Geral brasileiro em Washington ligou para o pai de Graciela e disse que
não pode ajudar. A família reclama que uma carta de pedido de ajuda escrita à presidente Dilma Rousseff não
chegou ao Planalto. Graciela, condecorada por combate no Oriente Médio, perdeu medalhas e soldo. A família
protesta: o Itamaraty dispensou atenção especial ao caso da iraniana Sakineh, acusada de matar o marido. Mas
esqueceu-se da honra da brasileira.
Ela abandonou a cidadania brasileira e adotou a americana, e agora que a coisa ficou feia para ela lá, queria ajuda do governo brasileiro? É isso mesmo?
Leandro G. Card
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Leandro matou a pau agora!
Sem mais.
Sem mais.
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
A famiglia desta americana são uns sem noção. Fui
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
1 -Concordo com o Leandro sobre a brasileira.LeandroGCard escreveu:Deixa ver se eu entendi:Marino escreveu:Informe JB
Leandro Mazzini
O abandono da brasileira
O Itamaraty deixou nas mãos da Justiça Militar dos Estados Unidos o caso da brasileira naturalizada
americana Graciela Saraiva, denunciado aqui. Mariner, foi expulsa da Navy por suposto uso de drogas, após
exames de urina, mas a família tem provas médicas de que ela usou apenas um Tylenol pós-extração de
dentes. Uma advogada do Consulado Geral brasileiro em Washington ligou para o pai de Graciela e disse que
não pode ajudar. A família reclama que uma carta de pedido de ajuda escrita à presidente Dilma Rousseff não
chegou ao Planalto. Graciela, condecorada por combate no Oriente Médio, perdeu medalhas e soldo. A família
protesta: o Itamaraty dispensou atenção especial ao caso da iraniana Sakineh, acusada de matar o marido. Mas
esqueceu-se da honra da brasileira.
Ela abandonou a cidadania brasileira e adotou a americana, e agora que a coisa ficou feia para ela lá, queria ajuda do governo brasileiro? É isso mesmo?
Leandro G. Card
2- É o fim da picada essa nota, o Brasil entrou no caso Sakineh por que ela era acusada de adultério e iria ser morta, é diferente de matar o marido ou utilizar drogas...Nos mesmos EUA a pouco, uma mulher foi condenada a pena de morte por participar da morte do marido apesar de estar provado que ele a espancava, ela tinha pouco discernimento mental e provavelmente foi induzida a participar do crime, e o Brasil não emitiu qualquer comunicado a favor ou contra (da ONU só o Estado do Vaticano condenou).
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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- ca_metal
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Também não entendí a nota, ela é americana, além de ser um caso totalmente diferente do caso da iraniana.LeandroGCard escreveu:Deixa ver se eu entendi:
Ela abandonou a cidadania brasileira e adotou a americana, e agora que a coisa ficou feia para ela lá, queria ajuda do governo brasileiro? É isso mesmo?
Leandro G. Card
É cada uma que a gente tem que ler...