GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
'Necessidade neurótica de ser igual aos EUA'
Para diplomatas, Brasil não confia nos americanos e ainda vê a Casa Branca como ameaça à sua
liderança regional
José Meirelles Passos
Documentos agora revelados pelo WikiLeaks mostram, claramente, que apesar das declarações formais
de ambas as partes - reafirmando um relacionamento bilateral cada dia mais amistoso - ainda existe uma carga
enorme de suspeição nas relações entre os Estados Unidos e o Brasil.
"O Brasil tem uma necessidade quase neurótica de ser igual aos Estados Unidos, e de ser visto assim, e
leva muito a sério mensagens dos EUA considerando o Brasil como o líder regional que procuramos para
resolver problemas na América do Sul", diz um telegrama enviado pela embaixada americana em Brasília ao
Departamento de Estado, em 30 de outubro de 2009, caracterizando o sentimento brasileiro.
"Chancelaria brasileira ciumenta e anti-ianque"
A análise diz, ainda, que o Brasil "não confia nas intenções dos EUA, em particular com relação à
Amazônia, aos esforços do Brasil pela integração regional e, mais recentemente, às descobertas de petróleo
em seu litoral". E arremata: "Por um lado, o governo do Brasil vê a presença dos EUA como usurpação de sua
área, uma ameaça à sua liderança e à sua segurança, tanto diretamente, por causa das tensões criadas com a
Venezuela, como indiretamente. Por outro lado, o Brasil se sente traído pela falha do governo dos EUA em
reconhecer a primazia brasileira na região, deixando de consultar com antecipação sobre nossas atividades na
América do Sul, e especialmente aquelas com implicações de segurança nacional".
Os comentários surgem ao final de uma série de oito telegramas, entre julho de 2006 e outubro de 2009,
referentes especificamente às reações contrárias do Brasil ao, então recentemente firmado, Acordo de
Cooperação de Defesa EUA-Colômbia - com a implantação de bases americanas naquele país. O então
embaixador colombiano em Brasília, Tony Jozame, em conversa com diplomatas americanos, atribuiu o repúdio
brasileiro a três fatores: "Jozame compartilhou sua visão pessoal sobre por que os brasileiros tiveram uma
reação inicial tão negativa, dizendo que a maior parte do problema é causada pelo Ministério de Relações
Exteriores que é esquerdista, anti-ianque, e ciumento da liderança de qualquer outro país na região".
Mais adiante, a encarregada de negócios da Embaixada dos EUA, Lisa Kubiske, registrou: "Jozame disse
que a liderança no Ministério de Relações Exteriores (do Brasil) é muito esquerdista e, por isso, eles não
apoiam uma cooperação maior entre a Colômbia e os Estados Unidos. Além disso, ele acredita que o Brasil tem
ciúmes porque não gosta que assuntos sejam negociados ou discutidos sem que o Brasil apareça num papel de
liderança". Jozame chegou a dizer que Marco Aurélio Garcia, o assessor especial de política externa do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva - e que continua no cargo no governo de Dilma Rousseff - "é conhecido
como simpatizante das Farc" (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O embaixador Marcel Biato, outro conselheiro de política externa de Lula, explicou aos americanos que,
embora reconhecendo o direito soberano da Colômbia de negociar um acordo militar com os EUA, o Brasil não
poderia ignorar "as sérias implicações" disso para a estabilidade na região. E completou: "Enquanto os EUA
mantiverem uma presença na região, essa será uma difícil e nevrálgica questão que ressurgirá periodicamente
e exigirá uma administração constante. Ao mesmo tempo em que o Brasil entende as razões para uma
presença dos EUA na Colômbia, a meta do governo brasileiro é trabalhar para remover as condições que fazem
necessária tal presença".
Temor de abalo nas relações bilaterais com o Brasil
Segundo a embaixada americana, ao informar sobre o acordo militar entre EUA e Colômbia, a mídia
brasileira foi "sensacionalista e se baseou pouco nos fatos", caracterizando a iniciativa como a criação de bases
americanas no país vizinho. "Ao mesmo tempo, o incidente pesou profunda e amplamente nas suspeições das
intenções dos EUA na América do Sul, com base na leitura do Brasil de anteriores intervenções americanas na
região", diz um dos telegramas sugerindo, a seguir, que em certa medida isso poderia vir a travar as relações
bilaterais.
"Juntando isso com as preocupações do Brasil sobre a Quarta Frota (dos EUA, atuando na região) e as
velhas preocupações sobre perder a Amazônia, esse último incidente traz à tona o baixo nível de confiança que
muitos brasileiros têm nos EUA, o que é algo a considerar essencialmente à medida em que buscamos
expandir nossa parceria bilateral".
Para diplomatas, Brasil não confia nos americanos e ainda vê a Casa Branca como ameaça à sua
liderança regional
José Meirelles Passos
Documentos agora revelados pelo WikiLeaks mostram, claramente, que apesar das declarações formais
de ambas as partes - reafirmando um relacionamento bilateral cada dia mais amistoso - ainda existe uma carga
enorme de suspeição nas relações entre os Estados Unidos e o Brasil.
"O Brasil tem uma necessidade quase neurótica de ser igual aos Estados Unidos, e de ser visto assim, e
leva muito a sério mensagens dos EUA considerando o Brasil como o líder regional que procuramos para
resolver problemas na América do Sul", diz um telegrama enviado pela embaixada americana em Brasília ao
Departamento de Estado, em 30 de outubro de 2009, caracterizando o sentimento brasileiro.
"Chancelaria brasileira ciumenta e anti-ianque"
A análise diz, ainda, que o Brasil "não confia nas intenções dos EUA, em particular com relação à
Amazônia, aos esforços do Brasil pela integração regional e, mais recentemente, às descobertas de petróleo
em seu litoral". E arremata: "Por um lado, o governo do Brasil vê a presença dos EUA como usurpação de sua
área, uma ameaça à sua liderança e à sua segurança, tanto diretamente, por causa das tensões criadas com a
Venezuela, como indiretamente. Por outro lado, o Brasil se sente traído pela falha do governo dos EUA em
reconhecer a primazia brasileira na região, deixando de consultar com antecipação sobre nossas atividades na
América do Sul, e especialmente aquelas com implicações de segurança nacional".
Os comentários surgem ao final de uma série de oito telegramas, entre julho de 2006 e outubro de 2009,
referentes especificamente às reações contrárias do Brasil ao, então recentemente firmado, Acordo de
Cooperação de Defesa EUA-Colômbia - com a implantação de bases americanas naquele país. O então
embaixador colombiano em Brasília, Tony Jozame, em conversa com diplomatas americanos, atribuiu o repúdio
brasileiro a três fatores: "Jozame compartilhou sua visão pessoal sobre por que os brasileiros tiveram uma
reação inicial tão negativa, dizendo que a maior parte do problema é causada pelo Ministério de Relações
Exteriores que é esquerdista, anti-ianque, e ciumento da liderança de qualquer outro país na região".
Mais adiante, a encarregada de negócios da Embaixada dos EUA, Lisa Kubiske, registrou: "Jozame disse
que a liderança no Ministério de Relações Exteriores (do Brasil) é muito esquerdista e, por isso, eles não
apoiam uma cooperação maior entre a Colômbia e os Estados Unidos. Além disso, ele acredita que o Brasil tem
ciúmes porque não gosta que assuntos sejam negociados ou discutidos sem que o Brasil apareça num papel de
liderança". Jozame chegou a dizer que Marco Aurélio Garcia, o assessor especial de política externa do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva - e que continua no cargo no governo de Dilma Rousseff - "é conhecido
como simpatizante das Farc" (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O embaixador Marcel Biato, outro conselheiro de política externa de Lula, explicou aos americanos que,
embora reconhecendo o direito soberano da Colômbia de negociar um acordo militar com os EUA, o Brasil não
poderia ignorar "as sérias implicações" disso para a estabilidade na região. E completou: "Enquanto os EUA
mantiverem uma presença na região, essa será uma difícil e nevrálgica questão que ressurgirá periodicamente
e exigirá uma administração constante. Ao mesmo tempo em que o Brasil entende as razões para uma
presença dos EUA na Colômbia, a meta do governo brasileiro é trabalhar para remover as condições que fazem
necessária tal presença".
Temor de abalo nas relações bilaterais com o Brasil
Segundo a embaixada americana, ao informar sobre o acordo militar entre EUA e Colômbia, a mídia
brasileira foi "sensacionalista e se baseou pouco nos fatos", caracterizando a iniciativa como a criação de bases
americanas no país vizinho. "Ao mesmo tempo, o incidente pesou profunda e amplamente nas suspeições das
intenções dos EUA na América do Sul, com base na leitura do Brasil de anteriores intervenções americanas na
região", diz um dos telegramas sugerindo, a seguir, que em certa medida isso poderia vir a travar as relações
bilaterais.
"Juntando isso com as preocupações do Brasil sobre a Quarta Frota (dos EUA, atuando na região) e as
velhas preocupações sobre perder a Amazônia, esse último incidente traz à tona o baixo nível de confiança que
muitos brasileiros têm nos EUA, o que é algo a considerar essencialmente à medida em que buscamos
expandir nossa parceria bilateral".
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
[Confira 16 países onde conflitos podem eclodir em 2011
04 de janeiro de 2011
Mapa mostra a localização dos 16 países ondem podem acontecer conflitos, para o International Crisis Group
Foto: Arte Terra/Reprodução
Reduzir Normal Aumentar Imprimir Dezenas de zonas de tensão política e social se espalham pelos continentes no início da segunda década do século XXI. A partir desse quadro e com base em dados do International Crisis Group, a revista Foreign Policy elaborou uma lista de 16 países que passam por uma situação delicada e que, no decurso de 2011, podem se ver em meio à eclosão de conflitos de proporções mais graves.
Costa do Marfim
As eleições de outubro são a chave para o 2011 da Costa do Marfim, que segue dividida entre os candidatos que se proclamam vencedores do pleito: Laurent Gbago, que assumiu a Presidência, respaldado por setores do Exército e pelo Conselho Constitucional; e Alassane Outtara, antigo premiê, defendido pela comunidade internacional. A disputa perdura, e o país fica à beira do conflito: a ONU reportou desaparecimentos e estupro, e ao menos 20 pessoas já morreram.
Colômbia
O presidente Juan Manuel Santos empreendeu reformas e buscou a reaproximação com Equador e Venezuela, mas o problema das guerrilhas permanece um desafio. Apesar de avanços, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) ainda possuem 8 mil soldados, enquanto outros grupos ocupam o mercado do tráfico e fazem aumentar a violência: a taxa de homicídios em Medellín, segunda maior cidade, cresceu mais de 100% no último ano. O pedido de paz pode não concretizado.
Zimbábue
Governado pela frágil aliança entre antigos rivais, o Zimbábue também começa 2011 em meio a disputas eleitorais. De um lado está Robert Mugabe, que há tempos mantém a presidência; de outro, Morgan Tsvangirai, o premiê e lider oposicionista. A coalizão, que é de 2009, poderia acabar com um novo pleito, mas divergências emperram o avanço: Mugabe quer eleições para renovar toda a estrutura política, e Tsvangirai espera passar a votação de uma nova constituição.
Iraque
Invadido pelos EUA em 2003, o Iraque passou anos da última década mergulhado na violência. Agora, à medida que as ruas parecem mais seguras, a arena política mostra seus riscos. Após nove meses, o novo governo foi finalizado em dezembro, mas é fraco. Enquanto políticos demoram a tomar as rédeas, teme-se que as mesmas voltem à insurgência - seja por fraqueza das forças de segurança, seja pela influência de vizinhos, como o Irã, que há tempo presta apoio a xiitas.
Venezuela
Em 2010, o presidente Hugo Chávez e seu partido perderam o controle da Câmara, mas essa derrota, que poderia frear os projetos do governo, pode perder significância depois que a Assembleia Nacional concedeu temporariamente a Chávez o direito de governar por meio de decretos. Enquanto isso, a violência urbana cresce, o país se torna um corredor para o tráfico internacional de drogas, e forças de segurança pública se veem acusadas de corrupção.
Sudão
Após duas décadas de guerra, o Sudão assinou em 2005 o Tratado de Naivasha, que punha fim ao conflito. Desde então, a paz vem sendo testada, e em 9 de janeiro um capítulo decisivo será escrito com a realização do referendo sobre a autonomia da região sul. O "sim" deve vencer, e se espera que o resultado seja aceito. No entanto, caso o resultado não venha a ser bem aceito, teme-se a volta do antigo conflito entre Norte e Sul.
México
O presidente Felipe Calderón declarou guerra aos carteis de drogas, mas o conflito já matou mais de 30 mil pessoas. A tensão é maior na fronteira com os Estados Unidos, onde grupos lutam pelo controle do tráfico que dá acesso comercial às grandes áreas metropolitanas americanas. Em 2010, temendo mais retaliações, um jornal publicou uma carta perguntando o que era permitido publicar. A situação parece longe de qualquer solução.
Guatemala
A luta pelo controle do lucrativo tráfico na fronteira mexicana com os EUA levou a violência à vizinha Guatemala. Dotada de um Estado fraco e de instituições frágeis, a sociedade guatemalteca pode ter de enfrentar em 2011 as repercussões da guerra das drogas no próprio solo. No final de 2010, ações policiais foram empreendidas para tentar retomar o controle de regiões próxima ao México.
Haiti
Para os haitianos, janeiro não será somente o mês do aniversário de um ano do terremoto de 2010, que devastou o mais pobre país do mundo ocidental. Neste mesmo mês, o país volta às urnas para finalizar um conturbado processo eleitoral que define o governo que terá a missão de começar a resgatar o Haiti de 2010, ano em que o país também teve de enfrentar uma drástica epidemia de cólera. Cerca de um milhão de haitianos permanecem sem lar na capital Porto Príncipe.
Tadjiquistão
Extremamente pobre, carente de serviços públicos e controlado há anos pelo grupo político do ex-líder soviético Emomali Rahmon, o Tadjiquistão pode ter de lidar em 2011 com a presença massiva de guerrilhas que vêm lutando ao lado do Talibã na tumultuada região central da Ásia. O governo vem tentando lidar com ataques oriundos da fronteira sul afegã, mas pouco resultado foi obtido até agora.
Paquistão
O Paquistão ainda enfrenta a crise gerada pelas enchentes de 2010, que desalojaram 10 milhões de pessoas. Por outro lado, o crescimento de grupos insurgentes ligados ao Afeganistão vem espalhando violência por diversas cidades paquistanesas. E o governo, por sua vez, mostra dificuldades de lidar com estes desafios, à medida que se encontra dividido entre governantes fracos, impopulares, e um exército poderoso.
Somália
Em 2011, a Somália deve seguir enfrentando o perigo da perda de controle de território para a insurgência islâmica. Atualmente governado por um grupo de transição apoiado pela União Europeia, o país permanece frágil e somente vem resistindo a ataques devido à ajuda provida pelas forças da União Africana. Um dos grupos insurgentes é o Al Shabab, que almeja a construção de um Estado muçulmano conservador e, no momento, trabalha para obter o controle da capital Mogadishu.
Líbano
O Líbano pode ter um 2011 delicado. Um Tribunal Internacional deve julgar membros do Hezbollah acusados de tentar assassinar o ex-premiê libanês, Rafik Hariri, numa decisão que poderia causar uma onda de violência. A situação com Israel também é incerta: após a guerra de 2006, a relação entre ambos não é das mais fecundas e se teme um novo conflito. Na foto, bandeiras libanesas e iranianas são expostas na visita do presidente Mahmoud Ahmanidejad.
Nigéria
A Nigéria teve um 2010 tumultuado: o presidente morreu devido a problemas cardíacos; centenas de pessoas foram assassinadas, vítimas de violência entre muçulmanos e cristãos; e o petróleo foi palco de ataques e sequestros de rebeldes ao longo do delta do Níger. Esses serão os desafios com os quais o novo presidente, a ser eleito na primavera de 2011, terá de lidar.
Guiné
A Guiné teve seu presidente assassinado em 2008. O episódio forçou a formação de uma junta militar, que, embora bem recebida, se mostrou inapto a governar depois de assassinar 150 manifestantes que realizavam um protesto pacífico. A junta convocou eleições, e, em dezembro de 2010, o país comemorou a posse do primeiro presidente eleito democraticamente, Alpha Condé. Em 2011, ele terá pela frente o desafio de manter a paz na Guiné e reorganizar as riquezas do país.
República Democrática do Congo
Anos após a Segunda Guerra do Congo (1998-2003), durante a qual 4,5 milhões morreram, a República Democrática do Congo segue um foco de tensão, por trás da qual reside a chamada "maldição dos recursos": a busca pelo controle do ouro, do cobalto e diversos outros minerais que abundam no país. Nenhum dos atores em jogo parece ter poder suficiente para controlar o país, mas todos parecem ter recursos para seguir tentando.]
04 de janeiro de 2011
Mapa mostra a localização dos 16 países ondem podem acontecer conflitos, para o International Crisis Group
Foto: Arte Terra/Reprodução
Reduzir Normal Aumentar Imprimir Dezenas de zonas de tensão política e social se espalham pelos continentes no início da segunda década do século XXI. A partir desse quadro e com base em dados do International Crisis Group, a revista Foreign Policy elaborou uma lista de 16 países que passam por uma situação delicada e que, no decurso de 2011, podem se ver em meio à eclosão de conflitos de proporções mais graves.
Costa do Marfim
As eleições de outubro são a chave para o 2011 da Costa do Marfim, que segue dividida entre os candidatos que se proclamam vencedores do pleito: Laurent Gbago, que assumiu a Presidência, respaldado por setores do Exército e pelo Conselho Constitucional; e Alassane Outtara, antigo premiê, defendido pela comunidade internacional. A disputa perdura, e o país fica à beira do conflito: a ONU reportou desaparecimentos e estupro, e ao menos 20 pessoas já morreram.
Colômbia
O presidente Juan Manuel Santos empreendeu reformas e buscou a reaproximação com Equador e Venezuela, mas o problema das guerrilhas permanece um desafio. Apesar de avanços, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) ainda possuem 8 mil soldados, enquanto outros grupos ocupam o mercado do tráfico e fazem aumentar a violência: a taxa de homicídios em Medellín, segunda maior cidade, cresceu mais de 100% no último ano. O pedido de paz pode não concretizado.
Zimbábue
Governado pela frágil aliança entre antigos rivais, o Zimbábue também começa 2011 em meio a disputas eleitorais. De um lado está Robert Mugabe, que há tempos mantém a presidência; de outro, Morgan Tsvangirai, o premiê e lider oposicionista. A coalizão, que é de 2009, poderia acabar com um novo pleito, mas divergências emperram o avanço: Mugabe quer eleições para renovar toda a estrutura política, e Tsvangirai espera passar a votação de uma nova constituição.
Iraque
Invadido pelos EUA em 2003, o Iraque passou anos da última década mergulhado na violência. Agora, à medida que as ruas parecem mais seguras, a arena política mostra seus riscos. Após nove meses, o novo governo foi finalizado em dezembro, mas é fraco. Enquanto políticos demoram a tomar as rédeas, teme-se que as mesmas voltem à insurgência - seja por fraqueza das forças de segurança, seja pela influência de vizinhos, como o Irã, que há tempo presta apoio a xiitas.
Venezuela
Em 2010, o presidente Hugo Chávez e seu partido perderam o controle da Câmara, mas essa derrota, que poderia frear os projetos do governo, pode perder significância depois que a Assembleia Nacional concedeu temporariamente a Chávez o direito de governar por meio de decretos. Enquanto isso, a violência urbana cresce, o país se torna um corredor para o tráfico internacional de drogas, e forças de segurança pública se veem acusadas de corrupção.
Sudão
Após duas décadas de guerra, o Sudão assinou em 2005 o Tratado de Naivasha, que punha fim ao conflito. Desde então, a paz vem sendo testada, e em 9 de janeiro um capítulo decisivo será escrito com a realização do referendo sobre a autonomia da região sul. O "sim" deve vencer, e se espera que o resultado seja aceito. No entanto, caso o resultado não venha a ser bem aceito, teme-se a volta do antigo conflito entre Norte e Sul.
México
O presidente Felipe Calderón declarou guerra aos carteis de drogas, mas o conflito já matou mais de 30 mil pessoas. A tensão é maior na fronteira com os Estados Unidos, onde grupos lutam pelo controle do tráfico que dá acesso comercial às grandes áreas metropolitanas americanas. Em 2010, temendo mais retaliações, um jornal publicou uma carta perguntando o que era permitido publicar. A situação parece longe de qualquer solução.
Guatemala
A luta pelo controle do lucrativo tráfico na fronteira mexicana com os EUA levou a violência à vizinha Guatemala. Dotada de um Estado fraco e de instituições frágeis, a sociedade guatemalteca pode ter de enfrentar em 2011 as repercussões da guerra das drogas no próprio solo. No final de 2010, ações policiais foram empreendidas para tentar retomar o controle de regiões próxima ao México.
Haiti
Para os haitianos, janeiro não será somente o mês do aniversário de um ano do terremoto de 2010, que devastou o mais pobre país do mundo ocidental. Neste mesmo mês, o país volta às urnas para finalizar um conturbado processo eleitoral que define o governo que terá a missão de começar a resgatar o Haiti de 2010, ano em que o país também teve de enfrentar uma drástica epidemia de cólera. Cerca de um milhão de haitianos permanecem sem lar na capital Porto Príncipe.
Tadjiquistão
Extremamente pobre, carente de serviços públicos e controlado há anos pelo grupo político do ex-líder soviético Emomali Rahmon, o Tadjiquistão pode ter de lidar em 2011 com a presença massiva de guerrilhas que vêm lutando ao lado do Talibã na tumultuada região central da Ásia. O governo vem tentando lidar com ataques oriundos da fronteira sul afegã, mas pouco resultado foi obtido até agora.
Paquistão
O Paquistão ainda enfrenta a crise gerada pelas enchentes de 2010, que desalojaram 10 milhões de pessoas. Por outro lado, o crescimento de grupos insurgentes ligados ao Afeganistão vem espalhando violência por diversas cidades paquistanesas. E o governo, por sua vez, mostra dificuldades de lidar com estes desafios, à medida que se encontra dividido entre governantes fracos, impopulares, e um exército poderoso.
Somália
Em 2011, a Somália deve seguir enfrentando o perigo da perda de controle de território para a insurgência islâmica. Atualmente governado por um grupo de transição apoiado pela União Europeia, o país permanece frágil e somente vem resistindo a ataques devido à ajuda provida pelas forças da União Africana. Um dos grupos insurgentes é o Al Shabab, que almeja a construção de um Estado muçulmano conservador e, no momento, trabalha para obter o controle da capital Mogadishu.
Líbano
O Líbano pode ter um 2011 delicado. Um Tribunal Internacional deve julgar membros do Hezbollah acusados de tentar assassinar o ex-premiê libanês, Rafik Hariri, numa decisão que poderia causar uma onda de violência. A situação com Israel também é incerta: após a guerra de 2006, a relação entre ambos não é das mais fecundas e se teme um novo conflito. Na foto, bandeiras libanesas e iranianas são expostas na visita do presidente Mahmoud Ahmanidejad.
Nigéria
A Nigéria teve um 2010 tumultuado: o presidente morreu devido a problemas cardíacos; centenas de pessoas foram assassinadas, vítimas de violência entre muçulmanos e cristãos; e o petróleo foi palco de ataques e sequestros de rebeldes ao longo do delta do Níger. Esses serão os desafios com os quais o novo presidente, a ser eleito na primavera de 2011, terá de lidar.
Guiné
A Guiné teve seu presidente assassinado em 2008. O episódio forçou a formação de uma junta militar, que, embora bem recebida, se mostrou inapto a governar depois de assassinar 150 manifestantes que realizavam um protesto pacífico. A junta convocou eleições, e, em dezembro de 2010, o país comemorou a posse do primeiro presidente eleito democraticamente, Alpha Condé. Em 2011, ele terá pela frente o desafio de manter a paz na Guiné e reorganizar as riquezas do país.
República Democrática do Congo
Anos após a Segunda Guerra do Congo (1998-2003), durante a qual 4,5 milhões morreram, a República Democrática do Congo segue um foco de tensão, por trás da qual reside a chamada "maldição dos recursos": a busca pelo controle do ouro, do cobalto e diversos outros minerais que abundam no país. Nenhum dos atores em jogo parece ter poder suficiente para controlar o país, mas todos parecem ter recursos para seguir tentando.]
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: GEOPOLÍTICA
Mapa da notícia anterior:
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
04/01/2011 14h36 - Atualizado em 04/01/2011 15h59
Governo da Itália pede que STF mantenha Battisti preso
Defesa da República Italiana vai questionar no STF decisão de Lula.
Advogados de Battisti querem que STF emita alvará de soltura.
Débora Santos
Do G1, em Brasília
O governo da Itália protocolou nesta terça-feira (4) um pedido para que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, não conceda a liberdade ao ex-ativista de esquerda Cesare Battisti. A defesa da República Italiana afirma que a expedição do alvará de soltura de Battisti deve ser feita pelo plenário do Supremo, uma vez que a decisão de prendê-lo para aguardar a extradição foi uma decisão do colegiado.
saiba mais
O advogado que representa o governo italiano no Brasil, Nabor Bulhões, afirmou que ainda nesta semana vai entrar no STF com um pedido de impugnação da decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar Battisti. O italiano está preso no Brasil desde março de 2007.
Na última sexta-feira (31), o então presidente Lula acatou parecer da Advocacia-Geral da União e decidiu não extraditar Battisti, contrariando os apelos do governo italiano. A decisão foi publicada em edição extra do "Diário Oficial da União" no mesmo dia. O DO contendo a publicação só circulou nesta segunda (3).
Segundo Bulhões, a decisão de Lula pode ser considerada uma “afronta à soberania italiana”. “Trata-se de ato consubstanciador de grave ilícito interno e internacional, que afronta a soberania italiana, insulta as suas instituições, além de usurpar a competência da Suprema Corte brasileira”.
Em novembro de 2009, o STF autorizou, por 5 votos a 4, a extradição do italiano, mas deixou a palavra final a Lula. O ex-ativista foi condenado à prisão perpétua pela justiça italiana por ter supostamente participado de quatro assassinatos. Ele está preso no Brasil desde 18 de março de 2007.
O advogado do governo italiano argumenta que o Poder Executivo não poderia libertar o ex-ativista. “Só quem pode revogar a prisão é o Poder Judiciário”, afirmou Bulhões. Segundo ele, o governo da Itália ainda não foi notificado formalmente sobre a decisão do ex-presidente Lula.
Berlusconi
O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, afirmou nesta terça-feira que as relações com o Brasil não mudarão, apesar das tensões causadas pela recusa da extradição de Cesare Battisti, condenado na Itália à prisão perpétua por suposta participação em quatro assassinatos.
"Este caso não afeta as boas relações que temos com o Brasil, trata-se de um caso de Justiça, por isso nossas relações com esse país não mudarão por causa dessa situação", declarou Berlusconi ao término de uma reunião em Milão com Alberto Torregiani, filho do joalheiro assassinado em 1979 por um comando do grupo de ultraesquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), do qual Battisti foi membro.
Manifestações em várias cidades da Itália, entre elas Roma e Milão, foram convocadas nesta terça-feira para protestar contra a decisão do Brasil de não extraditar Battisti. As manifestações, organizadas por partidos de centro, de direita e de esquerda, ocorrerão diante da sede da embaixada do Brasil em Roma, na praça Navona, e do consulado brasileiro, em Milão.
Governo da Itália pede que STF mantenha Battisti preso
Defesa da República Italiana vai questionar no STF decisão de Lula.
Advogados de Battisti querem que STF emita alvará de soltura.
Débora Santos
Do G1, em Brasília
O governo da Itália protocolou nesta terça-feira (4) um pedido para que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, não conceda a liberdade ao ex-ativista de esquerda Cesare Battisti. A defesa da República Italiana afirma que a expedição do alvará de soltura de Battisti deve ser feita pelo plenário do Supremo, uma vez que a decisão de prendê-lo para aguardar a extradição foi uma decisão do colegiado.
saiba mais
O advogado que representa o governo italiano no Brasil, Nabor Bulhões, afirmou que ainda nesta semana vai entrar no STF com um pedido de impugnação da decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar Battisti. O italiano está preso no Brasil desde março de 2007.
Na última sexta-feira (31), o então presidente Lula acatou parecer da Advocacia-Geral da União e decidiu não extraditar Battisti, contrariando os apelos do governo italiano. A decisão foi publicada em edição extra do "Diário Oficial da União" no mesmo dia. O DO contendo a publicação só circulou nesta segunda (3).
Segundo Bulhões, a decisão de Lula pode ser considerada uma “afronta à soberania italiana”. “Trata-se de ato consubstanciador de grave ilícito interno e internacional, que afronta a soberania italiana, insulta as suas instituições, além de usurpar a competência da Suprema Corte brasileira”.
Em novembro de 2009, o STF autorizou, por 5 votos a 4, a extradição do italiano, mas deixou a palavra final a Lula. O ex-ativista foi condenado à prisão perpétua pela justiça italiana por ter supostamente participado de quatro assassinatos. Ele está preso no Brasil desde 18 de março de 2007.
O advogado do governo italiano argumenta que o Poder Executivo não poderia libertar o ex-ativista. “Só quem pode revogar a prisão é o Poder Judiciário”, afirmou Bulhões. Segundo ele, o governo da Itália ainda não foi notificado formalmente sobre a decisão do ex-presidente Lula.
Berlusconi
O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, afirmou nesta terça-feira que as relações com o Brasil não mudarão, apesar das tensões causadas pela recusa da extradição de Cesare Battisti, condenado na Itália à prisão perpétua por suposta participação em quatro assassinatos.
"Este caso não afeta as boas relações que temos com o Brasil, trata-se de um caso de Justiça, por isso nossas relações com esse país não mudarão por causa dessa situação", declarou Berlusconi ao término de uma reunião em Milão com Alberto Torregiani, filho do joalheiro assassinado em 1979 por um comando do grupo de ultraesquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), do qual Battisti foi membro.
Manifestações em várias cidades da Itália, entre elas Roma e Milão, foram convocadas nesta terça-feira para protestar contra a decisão do Brasil de não extraditar Battisti. As manifestações, organizadas por partidos de centro, de direita e de esquerda, ocorrerão diante da sede da embaixada do Brasil em Roma, na praça Navona, e do consulado brasileiro, em Milão.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla
Re: GEOPOLÍTICA
Por mares revoltos
Antonio Luiz M. C. Costa *
O planeta no qual Dilma e o chanceler Antonio Patriota conduzirão o País não é o mesmo com o qual Lula e Celso Amorim conviveram durante a maior parte do seu mandato. É um lugar mais perigoso sob muitos aspectos, mas no qual o Brasil não só poderá, como será praticamente obrigado a desempenhar um papel cada vez mais importante.
Estados Unidos e União Europeia encolheram em termos relativos. Devem continuar a lutar com problemas financeiros pelos próximos quatro anos – talvez muito mais. O Japão não conseguiu se recuperar inteiramente desde o estouro de sua bolha no início dos anos 90, mesmo tendo a relativa vantagem de contar com um povo historicamente menos propenso à rebeldia.
O historiador estadunidense Andrew McCoy publicou um artigo no qual propõe quatro roteiros plausíveis, não necessariamente excludentes, pelos quais os EUA poderiam perder a hegemonia global de maneira súbita, antes de 2025: 1. Declínio econômico em razão da perda do status especial do dólar como moeda global de reserva, seguido da necessidade de corte de gastos militares. 2. Novo choque do petróleo, com árabes e iranianos exigindo pagamento em moedas que não o dólar e fazendo acordos militares com a China. 3. Catástrofe militar no Afeganistão e Golfo Pérsico, com retirada humilhante ante o Taleban ou fracasso em garantir o embarque de petróleo após embargo árabe. 4. Terceira guerra mundial, com a estrutura militar e informática dos EUA paralisada por ciberataque chinês.
Mesmo na ausência de eventos tão — espetaculares, McCoy acredita que a decadência relativa dos EUA será mais rápida que a “aterragem suave” até 2040 ou 2050 que muitos tendem a presumir. Entre 2020 e 2040, pode surgir um “oligopólio global” no qual potências ascendentes como China, Rússia, Índia e Brasil colaborariam com as decadentes, Reino Unido, Alemanha, Japão e EUA, numa dominação mundial ad hoc como a das potências imperialistas europeias do fim do século XIX. Outra possibilidade seria o aparecimento de hegemonias regionais, cada potência controlando sua região imediata.
A China ganha peso econômico e político de maneira cada vez mais espetacular, com um crescimento acelerado que deve fazer seu PIB ultrapassar o dos EUA, entre 2017 e 2027, dependendo da valorização ou não de sua moeda em relação ao dólar. Pelo critério de paridade de poder aquisitivo, pode alcançar os EUA já em 2012 e nos anos 2020 sua produção será comparável às dos EUA e da Europa Ocidental somadas, o que significa um consumo similar de energia e matérias-primas. Está também desenvolvendo conhecimento e poderio militar suficientes para fazer valer suas prioridades. Hoje produz por conta própria e exporta caças de última geração que até recentemente importava da Rússia e sua ciência rivaliza com a dos ocidentais em vários campos, inclusive astronáutica, física nuclear, software e engenharia de sistemas: o computador mais poderoso do mundo, hoje, é chinês.
A Rússia, apesar de ter uma economia volátil por causa de sua dependência excessiva da exportação de energia e matérias-primas e continuar a ser basicamente uma potência em crise, com dificuldades para manter adequadamente suas forças militares, também voltou a ser geopoliticamente respeitável. Está reconstituindo sua influência sobre a maior parte da antiga União Soviética e acaba de formar uma nova “União Eurasiana” com Belarus e o Cazaquistão. A prioridade estratégica da Otan hoje é evitar a convergência entre Moscou e Pequim e a consolidação da Organização para Cooperação de Xangai em uma verdadeira aliança militar, que poderia se tornar muito mais ameaçadora que o finado Pacto de Varsóvia.
A Índia cresce de maneira mais lenta, menos ruidosa e com menos pretensões aparentes a um papel geopolítico global, mas também detém armas nucleares, tem uma base considerável em pesquisa científica. A disputa de territórios e recursos hídricos a opõe à China, mas se mantiver o ritmo de desenvolvimento econômico, seu PIB ultrapassará o dos EUA por volta de 2050.
Ao mesmo tempo, o petróleo esgota-se, energia e matérias-primas se tornam mais escassas e o ambiente planetário é cada vez mais comprometido para além de sua capacidade de regeneração natural. As perspectivas globalistas de universalização do consumo estadunidense dos anos 90 se revelam insustentáveis: não há como o mundo inteiro continuar a crescer emulando o modelo ocidental, saqueando recursos finitos como se não houvesse amanhã.
A sobrevivência da civilização a longo prazo está em jogo e nesse jogo de soma zero — ao menos enquanto não surjam novas tecnologias ainda inimagináveis –, velhas e novas potências têm interesses opostos. As primeiras querem manter sua fatia tradicional dos recursos do mundo e do direito a poluir, enquanto as segundas pretendem, de maneira igualmente natural, igualar os padrões de consumo de suas populações aos dos paí-ses mais desenvolvidos. É inevitável que se choquem e o mais que se pode esperar é que isso aconteça da maneira mais negociada e menos violenta possível.
O cenário econômico-financeiro também não comporta mais a desregulamentação neoliberal dos anos 90. Todos os países, principalmente os do Norte, estão pagando caro demais pela farra financeira que endividou governos além de sua capacidade de pagamento para permitir que executivos de um punhado de grandes bancos continuassem em seus cargos, a receber bônus bilionários. A pressão por um mundo mais gerenciado e pelo encurtamento das rédeas- dos centros de poder do Norte também será cada vez mais irresistível.
Que papel o Brasil desempenhará nesse cenário de transição de um mundo unipolar de falsa abundância para um multipolar de escassez administrada? Se quiser ser, ele próprio, um desses polos, não deve se descuidar do crescimento econômico, da sustentabilidade ecológica e da estabilidade financeira, mas é pelo menos igualmente importante firmar-se como centro independente de inovação científica e tecnológica e ter recursos para defender sua soberania, inclusive sobre seus recursos marítimos.
Mais importante ainda é reforçar seus laços de solidariedade e confiança mútua com os países da América Latina, do Caribe e da África, para os quais o Brasil é uma referência e uma alternativa natural à qual devem recorrer para se contrapor tanto às pressões dos países ricos tradicionais – pelas quais todos eles tiveram de abrir mão da soberania e de recursos naturais no passado recente – quanto às pretensões da China e de outras potências asiáticas ascendentes a assumirem o controle de seus recursos, com investimentos que hoje são bem-vindos, mas que amanhã poderão se mostrar tão sufocantes quanto foram os dos poderes imperialistas do passado.
Sejam quais forem as pretensões do Brasil, porém, precisa fazer o possível para evitar que as tensões resultantes dessa recomposição do poder global sem precedentes resultem em guerras inúteis e violência desnecessária. Por suas dimensões, pelo grau de desenvolvimento de sua economia e por sua história e cultura, o Brasil está em posição de atuar como fiel da balança entre Ocidente e Oriente, entre Norte e Sul. Desperdiçar essa oportunidade seria uma falta com seu povo e a humanidade.
Por mais que tenha sido criticado e mesmo ridicularizado pela imprensa conservadora, o rumo da política externa nos últimos oito anos foi, em geral, acertado, como reconheceram os especialistas internacionais. Celso Amorim foi considerado o “melhor chanceler do mundo” pelo editor da Foreign Policy, David Rothkopf,– e este ano ficou em sexto lugar na lista dos cem pensadores globais mais importantes da mesma publicação, seguido por Ahmet Davutoglu, chanceler turco que tem conduzido política semelhante e foi seu parceiro na negociação com o Irã e ambos muito à frente de nomes como Angela Merkel e o casal Clinton. A mesma linha fez de Lula um dos líderes mais -populares do mundo – e o primeiro lugar na lista da revista Time das cem pessoas mais influentes do mundo, também de 2010.
Em time que está ganhando não se mexe, dizem. Naturalmente, novos nomes são indispensáveis, por necessidade da democracia e da renovação de quadros e lideranças, mas não se deve mudar o rumo, terá de ter cuidados e muita clareza do que se pretende. Até porque pelo menos os dois próximos anos, os primeiros do novo governo, devem ser particularmente críticos para o cenário internacional.
Dada a situação financeira europeia, há um sério risco de um segundo tempo da crise internacional ser pior que o primeiro. O capital político de todas as principais lideranças ocidentais, bem como sua munição financeira, foram praticamente esgotados pelas medidas tomadas desde 2008. O quadro político dos EUA, até a próxima eleição presidencial é de completo impasse, com risco de ser quebrado em favor do Tea Party e de uma figura como Sarah Palin. Muitos países europeus importantes caminham para situações semelhantes, inclusive a Itália, a Bélgica, a França e, talvez, a Alemanha.
É preciso redobrar o cuidado com posturas ingênuas, ainda mais agora que os vazamentos do WikiLeaks não mais nos deixam ignorar os reais interesses dos EUA por trás dos discursos moralistas. A única crítica aparente de Dilma à política externa dos anos Lula-Amorim, citada em entrevista ao Washington Post, referiu-se à abstenção do Brasil em uma resolução para expressar “grande preocupação” com o uso de apedrejamento, flagelação e amputação como punição no Irã. Disse que “não faria concessões” nessa questão.
Claro que é desejável abolir essas práticas, mas seria esse o verdadeiro propósito da moção? Se fosse, por que não foi estendida a países alinhados ao Ocidente que fazem o mesmo, como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Paquistão? Por que não condenar o recurso à pena de morte em geral, inclusive aplicada no Ocidente? O método de execução – injeção letal – foi um tanto mais limpo e moderno, mas pouco antes da votação dessa resolução, os EUA executaram uma mulher com aparente deficiência mental, Teresa Lewis, por acusa-ção de cumplicidade no assassinato do marido análoga à que pesa sobre Sakineh Ashtiani, apesar dos protestos da Anistia Internacional e de outros defensores de direitos humanos.
Deve-se observar que na mesma entrevista, Dilma mostrou estar consciente de que os desastres do Iraque e do Afeganistão são a prova viva da falência da política de guerra e que o melhor caminho é construir a paz no Oriente Médio. A alternativa pode provocar muito mais sofrimento que qualquer crime do qual Saddam Hussein ou Mahmoud Ahmadinejad possam ser acusados.
Mensagens vazadas pelo WikiLeaks vindas da Itália, Austrália e Arábia Saudita deram eco às advertências nas quais Fidel Castro insiste há meses, de que são muito sérios tanto as pressões de Israel e das monarquias árabes por uma guerra contra o Irã quanto o risco de que esta degenere numa guerra nuclear. Somam-se a favor disso os interesses dos EUA em controlar fontes de gás e petróleo cada vez mais escassas, os da Europa em reduzir sua dependência energética da Rússia, os de Israel em eliminar um rival que dificilmente os atacará, mas encoraja a resistência de libaneses e palestinos e assusta israelenses a ponto de levar seu governo a temer a emigração de judeus.
Caso não se queira fazer concessões em uma política internacional de defesa ao respeito aos direitos humanos, isso também deve significar ser imparcial e criticar com a mesma veemência as práticas violentas e autoritárias de grandes potências como a China e os próprios Estados Unidos, bem como de seus aliados. Ou não passará de hipocrisia a serviço deste ou daquele interesse do momento, desmoralizando o próprio conceito de direitos humanos. Este início de século mostrou os perigos do idealismo de conveniência, para os quais as mesmas práticas que são aceitas em nome da soberania e do respeito às diferenças culturais, quando partem de governos aliados ou que não convém desafiar, passam a justificar condenações, embargos e invasões quando se trata do alvo da vez da estratégia das potências dominantes.
*Jornalista, editor internacional de Carta Capital, onde o texto foi, originalmente, publicado
Antonio Luiz M. C. Costa *
O planeta no qual Dilma e o chanceler Antonio Patriota conduzirão o País não é o mesmo com o qual Lula e Celso Amorim conviveram durante a maior parte do seu mandato. É um lugar mais perigoso sob muitos aspectos, mas no qual o Brasil não só poderá, como será praticamente obrigado a desempenhar um papel cada vez mais importante.
Estados Unidos e União Europeia encolheram em termos relativos. Devem continuar a lutar com problemas financeiros pelos próximos quatro anos – talvez muito mais. O Japão não conseguiu se recuperar inteiramente desde o estouro de sua bolha no início dos anos 90, mesmo tendo a relativa vantagem de contar com um povo historicamente menos propenso à rebeldia.
O historiador estadunidense Andrew McCoy publicou um artigo no qual propõe quatro roteiros plausíveis, não necessariamente excludentes, pelos quais os EUA poderiam perder a hegemonia global de maneira súbita, antes de 2025: 1. Declínio econômico em razão da perda do status especial do dólar como moeda global de reserva, seguido da necessidade de corte de gastos militares. 2. Novo choque do petróleo, com árabes e iranianos exigindo pagamento em moedas que não o dólar e fazendo acordos militares com a China. 3. Catástrofe militar no Afeganistão e Golfo Pérsico, com retirada humilhante ante o Taleban ou fracasso em garantir o embarque de petróleo após embargo árabe. 4. Terceira guerra mundial, com a estrutura militar e informática dos EUA paralisada por ciberataque chinês.
Mesmo na ausência de eventos tão — espetaculares, McCoy acredita que a decadência relativa dos EUA será mais rápida que a “aterragem suave” até 2040 ou 2050 que muitos tendem a presumir. Entre 2020 e 2040, pode surgir um “oligopólio global” no qual potências ascendentes como China, Rússia, Índia e Brasil colaborariam com as decadentes, Reino Unido, Alemanha, Japão e EUA, numa dominação mundial ad hoc como a das potências imperialistas europeias do fim do século XIX. Outra possibilidade seria o aparecimento de hegemonias regionais, cada potência controlando sua região imediata.
A China ganha peso econômico e político de maneira cada vez mais espetacular, com um crescimento acelerado que deve fazer seu PIB ultrapassar o dos EUA, entre 2017 e 2027, dependendo da valorização ou não de sua moeda em relação ao dólar. Pelo critério de paridade de poder aquisitivo, pode alcançar os EUA já em 2012 e nos anos 2020 sua produção será comparável às dos EUA e da Europa Ocidental somadas, o que significa um consumo similar de energia e matérias-primas. Está também desenvolvendo conhecimento e poderio militar suficientes para fazer valer suas prioridades. Hoje produz por conta própria e exporta caças de última geração que até recentemente importava da Rússia e sua ciência rivaliza com a dos ocidentais em vários campos, inclusive astronáutica, física nuclear, software e engenharia de sistemas: o computador mais poderoso do mundo, hoje, é chinês.
A Rússia, apesar de ter uma economia volátil por causa de sua dependência excessiva da exportação de energia e matérias-primas e continuar a ser basicamente uma potência em crise, com dificuldades para manter adequadamente suas forças militares, também voltou a ser geopoliticamente respeitável. Está reconstituindo sua influência sobre a maior parte da antiga União Soviética e acaba de formar uma nova “União Eurasiana” com Belarus e o Cazaquistão. A prioridade estratégica da Otan hoje é evitar a convergência entre Moscou e Pequim e a consolidação da Organização para Cooperação de Xangai em uma verdadeira aliança militar, que poderia se tornar muito mais ameaçadora que o finado Pacto de Varsóvia.
A Índia cresce de maneira mais lenta, menos ruidosa e com menos pretensões aparentes a um papel geopolítico global, mas também detém armas nucleares, tem uma base considerável em pesquisa científica. A disputa de territórios e recursos hídricos a opõe à China, mas se mantiver o ritmo de desenvolvimento econômico, seu PIB ultrapassará o dos EUA por volta de 2050.
Ao mesmo tempo, o petróleo esgota-se, energia e matérias-primas se tornam mais escassas e o ambiente planetário é cada vez mais comprometido para além de sua capacidade de regeneração natural. As perspectivas globalistas de universalização do consumo estadunidense dos anos 90 se revelam insustentáveis: não há como o mundo inteiro continuar a crescer emulando o modelo ocidental, saqueando recursos finitos como se não houvesse amanhã.
A sobrevivência da civilização a longo prazo está em jogo e nesse jogo de soma zero — ao menos enquanto não surjam novas tecnologias ainda inimagináveis –, velhas e novas potências têm interesses opostos. As primeiras querem manter sua fatia tradicional dos recursos do mundo e do direito a poluir, enquanto as segundas pretendem, de maneira igualmente natural, igualar os padrões de consumo de suas populações aos dos paí-ses mais desenvolvidos. É inevitável que se choquem e o mais que se pode esperar é que isso aconteça da maneira mais negociada e menos violenta possível.
O cenário econômico-financeiro também não comporta mais a desregulamentação neoliberal dos anos 90. Todos os países, principalmente os do Norte, estão pagando caro demais pela farra financeira que endividou governos além de sua capacidade de pagamento para permitir que executivos de um punhado de grandes bancos continuassem em seus cargos, a receber bônus bilionários. A pressão por um mundo mais gerenciado e pelo encurtamento das rédeas- dos centros de poder do Norte também será cada vez mais irresistível.
Que papel o Brasil desempenhará nesse cenário de transição de um mundo unipolar de falsa abundância para um multipolar de escassez administrada? Se quiser ser, ele próprio, um desses polos, não deve se descuidar do crescimento econômico, da sustentabilidade ecológica e da estabilidade financeira, mas é pelo menos igualmente importante firmar-se como centro independente de inovação científica e tecnológica e ter recursos para defender sua soberania, inclusive sobre seus recursos marítimos.
Mais importante ainda é reforçar seus laços de solidariedade e confiança mútua com os países da América Latina, do Caribe e da África, para os quais o Brasil é uma referência e uma alternativa natural à qual devem recorrer para se contrapor tanto às pressões dos países ricos tradicionais – pelas quais todos eles tiveram de abrir mão da soberania e de recursos naturais no passado recente – quanto às pretensões da China e de outras potências asiáticas ascendentes a assumirem o controle de seus recursos, com investimentos que hoje são bem-vindos, mas que amanhã poderão se mostrar tão sufocantes quanto foram os dos poderes imperialistas do passado.
Sejam quais forem as pretensões do Brasil, porém, precisa fazer o possível para evitar que as tensões resultantes dessa recomposição do poder global sem precedentes resultem em guerras inúteis e violência desnecessária. Por suas dimensões, pelo grau de desenvolvimento de sua economia e por sua história e cultura, o Brasil está em posição de atuar como fiel da balança entre Ocidente e Oriente, entre Norte e Sul. Desperdiçar essa oportunidade seria uma falta com seu povo e a humanidade.
Por mais que tenha sido criticado e mesmo ridicularizado pela imprensa conservadora, o rumo da política externa nos últimos oito anos foi, em geral, acertado, como reconheceram os especialistas internacionais. Celso Amorim foi considerado o “melhor chanceler do mundo” pelo editor da Foreign Policy, David Rothkopf,– e este ano ficou em sexto lugar na lista dos cem pensadores globais mais importantes da mesma publicação, seguido por Ahmet Davutoglu, chanceler turco que tem conduzido política semelhante e foi seu parceiro na negociação com o Irã e ambos muito à frente de nomes como Angela Merkel e o casal Clinton. A mesma linha fez de Lula um dos líderes mais -populares do mundo – e o primeiro lugar na lista da revista Time das cem pessoas mais influentes do mundo, também de 2010.
Em time que está ganhando não se mexe, dizem. Naturalmente, novos nomes são indispensáveis, por necessidade da democracia e da renovação de quadros e lideranças, mas não se deve mudar o rumo, terá de ter cuidados e muita clareza do que se pretende. Até porque pelo menos os dois próximos anos, os primeiros do novo governo, devem ser particularmente críticos para o cenário internacional.
Dada a situação financeira europeia, há um sério risco de um segundo tempo da crise internacional ser pior que o primeiro. O capital político de todas as principais lideranças ocidentais, bem como sua munição financeira, foram praticamente esgotados pelas medidas tomadas desde 2008. O quadro político dos EUA, até a próxima eleição presidencial é de completo impasse, com risco de ser quebrado em favor do Tea Party e de uma figura como Sarah Palin. Muitos países europeus importantes caminham para situações semelhantes, inclusive a Itália, a Bélgica, a França e, talvez, a Alemanha.
É preciso redobrar o cuidado com posturas ingênuas, ainda mais agora que os vazamentos do WikiLeaks não mais nos deixam ignorar os reais interesses dos EUA por trás dos discursos moralistas. A única crítica aparente de Dilma à política externa dos anos Lula-Amorim, citada em entrevista ao Washington Post, referiu-se à abstenção do Brasil em uma resolução para expressar “grande preocupação” com o uso de apedrejamento, flagelação e amputação como punição no Irã. Disse que “não faria concessões” nessa questão.
Claro que é desejável abolir essas práticas, mas seria esse o verdadeiro propósito da moção? Se fosse, por que não foi estendida a países alinhados ao Ocidente que fazem o mesmo, como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Paquistão? Por que não condenar o recurso à pena de morte em geral, inclusive aplicada no Ocidente? O método de execução – injeção letal – foi um tanto mais limpo e moderno, mas pouco antes da votação dessa resolução, os EUA executaram uma mulher com aparente deficiência mental, Teresa Lewis, por acusa-ção de cumplicidade no assassinato do marido análoga à que pesa sobre Sakineh Ashtiani, apesar dos protestos da Anistia Internacional e de outros defensores de direitos humanos.
Deve-se observar que na mesma entrevista, Dilma mostrou estar consciente de que os desastres do Iraque e do Afeganistão são a prova viva da falência da política de guerra e que o melhor caminho é construir a paz no Oriente Médio. A alternativa pode provocar muito mais sofrimento que qualquer crime do qual Saddam Hussein ou Mahmoud Ahmadinejad possam ser acusados.
Mensagens vazadas pelo WikiLeaks vindas da Itália, Austrália e Arábia Saudita deram eco às advertências nas quais Fidel Castro insiste há meses, de que são muito sérios tanto as pressões de Israel e das monarquias árabes por uma guerra contra o Irã quanto o risco de que esta degenere numa guerra nuclear. Somam-se a favor disso os interesses dos EUA em controlar fontes de gás e petróleo cada vez mais escassas, os da Europa em reduzir sua dependência energética da Rússia, os de Israel em eliminar um rival que dificilmente os atacará, mas encoraja a resistência de libaneses e palestinos e assusta israelenses a ponto de levar seu governo a temer a emigração de judeus.
Caso não se queira fazer concessões em uma política internacional de defesa ao respeito aos direitos humanos, isso também deve significar ser imparcial e criticar com a mesma veemência as práticas violentas e autoritárias de grandes potências como a China e os próprios Estados Unidos, bem como de seus aliados. Ou não passará de hipocrisia a serviço deste ou daquele interesse do momento, desmoralizando o próprio conceito de direitos humanos. Este início de século mostrou os perigos do idealismo de conveniência, para os quais as mesmas práticas que são aceitas em nome da soberania e do respeito às diferenças culturais, quando partem de governos aliados ou que não convém desafiar, passam a justificar condenações, embargos e invasões quando se trata do alvo da vez da estratégia das potências dominantes.
*Jornalista, editor internacional de Carta Capital, onde o texto foi, originalmente, publicado
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Re: GEOPOLÍTICA
Enquanto Obama reina...seus aliados são obrigados a cada dia se revelar no OM o que são, autocratas...
http://lynch.foreignpolicy.com/posts/20 ... te_regimes
Para os poucos nas últimas semanas, uma enorme onda de protestos foi de balanço sobre a Tunísia Ali regime de suposta corrupção do Ben, o autoritarismo, e fracassos econômicos. Um ataque suicida em um terrível Igreja cristã copta em Alexandria, no New Years Day provocou preocupações crescentes sobre o estado das relações entre cristãos e muçulmanos no Egito. Durante os poucos últimos dias, forças de segurança jordanianos têm lutado para derrubar revoltas no sul da cidade de Maan , o mais recente em uma tendência cada vez mais preocupante em relação à violência local e confrontos. política do Kuwait continuar a ser tumultuado pela precipitação do ataque de 08 de dezembro pelas forças de segurança contra o professor de Direito Obaid al-Wasimi e um grupo de acadêmicos e parlamentares. O que estes têm em comum?
Estes quatro incidentes aparentemente não relacionados ao longo do mês passado, todas chamam a atenção para a degradação acelerada das bases institucionais e esgarçamento do tecido social em muitos dos chamados "moderados", pró-ocidental dos regimes árabes. O que parece ligar estes quatro episódios em curso, apesar das óbvias diferenças, é uma combinação de contenção autoritária, não cumpridas promessas econômicas, o aumento do sectarismo, a nível popular, e de profunda frustração entre uma geração cada vez mais interessados em tecnologia nascente. As forças de segurança interna nesses estados continuam poderosos, é claro, e é improvável que qualquer dos regimes vai cair a qualquer momento em breve (embora alguns analistas parecem estar mais entusiasmados com as perspectivas de mudança na Tunísia). Mas mesmo se estas autoritários atualizado pode manter a preensão de poder, há uma sensação palpável de que esses incidentes representam a vanguarda do crescente desafios económicos, sociais e políticas que as suas instituições degradadas são manifestamente incapazes de lidar.
Política congelada e contenção autoritária certamente desempenham um papel neste decadência institucional, como as elites governantes têm provado hábil em manipular as eleições para manter seu domínio sobre os movimentos de oposição e poder ter falhado para descobrir maneiras eficazes de organizar e manter sérios desafios. Jordânia e Egito têm ambos recentemente completou decepcionante eleições Parlamentares, o que chamou a boicotes de sectores cruciais da política, em cada caso e atraiu pouco entusiasmo até mesmo aqueles que participaram. A onda de protesto impressionante na Tunísia vem, apesar da ausência quase completa das instituições democráticas e feroz repressão governamental das liberdades públicas. Kuwait tem evoluído, provavelmente, o interessante contencioso das instituições democráticas a maioria no Golfo - de fato, os esforços de seu Parlamento para responsabilizar o governo pelo ataque contra os deputados fanfarrões sua a tendência regional, através do reforço ao invés de enfraquecer o papel do Parlamento eleito e formal instituições políticas.
Esses quatro eventos batendo na mesma época, por todas as suas diferenças, parecem cristalizar um sentimento de longo desenvolvimento que estes regimes têm falhado de captar essa onda implacável de construção de problemas. Durante anos, ambos ativistas árabes e ocidentais e muitos analistas políticos têm alertado para a necessidade urgente de reformas, tais como problemas de construção e disseminação. A maioria dos governos árabes aprenderam a falar um bom jogo sobre a necessidade de tal reforma, enquanto impiedosamente stripping formas democráticas de qualquer capacidade real de desafiar a sua permanência no poder. As reformas económicas, não importa quão impressionante no papel, tem aumentado a desigualdade, minou a proteção social, possibilitou a corrupção, e não conseguiu criar nada perto do número necessário de postos de trabalho. Os governos ocidentais têm tentado, através de uma grande variedade de meios para ajudar a promover a reforma, mas não realmente a democracia desde que correria o risco de ter seus regimes aliados votaram fora do poder - a hipocrisia fundamental no cerne dos esforços de promoção da democracia americana de que todo árabe é sutilmente ciente. Obama falar mais sobre democracia em público, que parece ser a principal preocupação de muitos de seus críticos, não é realmente vai ajudar.
Seria bom se esses incidentes serviram como uma chamada wake-up para os regimes árabes, mas eles provavelmente não irá. As exigências táticas para se manter no poder provavelmente continuarão a ficar no caminho do seu envolvimento nos tipos de reformas estratégicas necessárias para a estabilidade a longo prazo. Enquanto isso, a energia e desespero entre as populações jovens oprimidos, mas com fio provavelmente vai se tornar cada vez mais potentes. É provável que não se manifestar na política organizada e as eleições, mas no tipo de explosão de protesto social que estamos vendo agora na Tunísia .... e, assustadoramente, nos tipos de explosão de violência social que podemos ver na Jordânia e no Egito. Quer que a energia é canalizada para o engajamento político produtivo ou em violência anômica parece ser uma das variáveis fundamentais moldando o próximo período na política árabe. Agora, as tendências não estão na direção certa.
http://lynch.foreignpolicy.com/posts/20 ... te_regimes
Para os poucos nas últimas semanas, uma enorme onda de protestos foi de balanço sobre a Tunísia Ali regime de suposta corrupção do Ben, o autoritarismo, e fracassos econômicos. Um ataque suicida em um terrível Igreja cristã copta em Alexandria, no New Years Day provocou preocupações crescentes sobre o estado das relações entre cristãos e muçulmanos no Egito. Durante os poucos últimos dias, forças de segurança jordanianos têm lutado para derrubar revoltas no sul da cidade de Maan , o mais recente em uma tendência cada vez mais preocupante em relação à violência local e confrontos. política do Kuwait continuar a ser tumultuado pela precipitação do ataque de 08 de dezembro pelas forças de segurança contra o professor de Direito Obaid al-Wasimi e um grupo de acadêmicos e parlamentares. O que estes têm em comum?
Estes quatro incidentes aparentemente não relacionados ao longo do mês passado, todas chamam a atenção para a degradação acelerada das bases institucionais e esgarçamento do tecido social em muitos dos chamados "moderados", pró-ocidental dos regimes árabes. O que parece ligar estes quatro episódios em curso, apesar das óbvias diferenças, é uma combinação de contenção autoritária, não cumpridas promessas econômicas, o aumento do sectarismo, a nível popular, e de profunda frustração entre uma geração cada vez mais interessados em tecnologia nascente. As forças de segurança interna nesses estados continuam poderosos, é claro, e é improvável que qualquer dos regimes vai cair a qualquer momento em breve (embora alguns analistas parecem estar mais entusiasmados com as perspectivas de mudança na Tunísia). Mas mesmo se estas autoritários atualizado pode manter a preensão de poder, há uma sensação palpável de que esses incidentes representam a vanguarda do crescente desafios económicos, sociais e políticas que as suas instituições degradadas são manifestamente incapazes de lidar.
Política congelada e contenção autoritária certamente desempenham um papel neste decadência institucional, como as elites governantes têm provado hábil em manipular as eleições para manter seu domínio sobre os movimentos de oposição e poder ter falhado para descobrir maneiras eficazes de organizar e manter sérios desafios. Jordânia e Egito têm ambos recentemente completou decepcionante eleições Parlamentares, o que chamou a boicotes de sectores cruciais da política, em cada caso e atraiu pouco entusiasmo até mesmo aqueles que participaram. A onda de protesto impressionante na Tunísia vem, apesar da ausência quase completa das instituições democráticas e feroz repressão governamental das liberdades públicas. Kuwait tem evoluído, provavelmente, o interessante contencioso das instituições democráticas a maioria no Golfo - de fato, os esforços de seu Parlamento para responsabilizar o governo pelo ataque contra os deputados fanfarrões sua a tendência regional, através do reforço ao invés de enfraquecer o papel do Parlamento eleito e formal instituições políticas.
Esses quatro eventos batendo na mesma época, por todas as suas diferenças, parecem cristalizar um sentimento de longo desenvolvimento que estes regimes têm falhado de captar essa onda implacável de construção de problemas. Durante anos, ambos ativistas árabes e ocidentais e muitos analistas políticos têm alertado para a necessidade urgente de reformas, tais como problemas de construção e disseminação. A maioria dos governos árabes aprenderam a falar um bom jogo sobre a necessidade de tal reforma, enquanto impiedosamente stripping formas democráticas de qualquer capacidade real de desafiar a sua permanência no poder. As reformas económicas, não importa quão impressionante no papel, tem aumentado a desigualdade, minou a proteção social, possibilitou a corrupção, e não conseguiu criar nada perto do número necessário de postos de trabalho. Os governos ocidentais têm tentado, através de uma grande variedade de meios para ajudar a promover a reforma, mas não realmente a democracia desde que correria o risco de ter seus regimes aliados votaram fora do poder - a hipocrisia fundamental no cerne dos esforços de promoção da democracia americana de que todo árabe é sutilmente ciente. Obama falar mais sobre democracia em público, que parece ser a principal preocupação de muitos de seus críticos, não é realmente vai ajudar.
Seria bom se esses incidentes serviram como uma chamada wake-up para os regimes árabes, mas eles provavelmente não irá. As exigências táticas para se manter no poder provavelmente continuarão a ficar no caminho do seu envolvimento nos tipos de reformas estratégicas necessárias para a estabilidade a longo prazo. Enquanto isso, a energia e desespero entre as populações jovens oprimidos, mas com fio provavelmente vai se tornar cada vez mais potentes. É provável que não se manifestar na política organizada e as eleições, mas no tipo de explosão de protesto social que estamos vendo agora na Tunísia .... e, assustadoramente, nos tipos de explosão de violência social que podemos ver na Jordânia e no Egito. Quer que a energia é canalizada para o engajamento político produtivo ou em violência anômica parece ser uma das variáveis fundamentais moldando o próximo período na política árabe. Agora, as tendências não estão na direção certa.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: GEOPOLÍTICA
Auto-imolou...vixe...tunisia em chamas...
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/co ... 01020.html
TUNIS, Tunisia -- More than 5,000 people have reportedly taken part in the funeral of a young man whose self-immolation touched off nearly three weeks of unrest in Tunisia.
Mohamed Bouazizi set himself on fire Dec. 17 in despair after police confiscated the fruits and vegetables he sold without a permit.
Bouazizi's act sparked violent protests over unemployment that have led to three deaths.
Attia Athmouni, spokesman for the support committee for the young man and other demonstrators, said Bouazizi died Tuesday at a hospital outside Tunis. He was buried Wednesday.
Bouazizi, who was 26, had a university degree but no steady work.
His hardship resonated with many in this North African nation. Unemployment stands at around 14 percent but is much higher outside the capital and beachside tourist zones, in regions like Sidi Bouzid in the center-west, where Bouazizi lived.
The many educated youths who cannot find jobs are particularly frustrated.
Unrest is rare in Tunisia, a popular tourist destination on the Mediterranean where the government brooks little dissent and is routinely criticized for its human rights record.
The protests caught President Zine El Abidine Ben Ali's government off-guard. In response, he announced a massive plan to create jobs in Tunisia, particularly in regions off tourists' radar like Sidi Bouzid.
Ben Ali also visited Bouazizi in the hospital before his death. Photos released from the visit showed Bouazizi wrapped in bandages from head to toe.
The protests started in Sidi Bouzid soon after Bouazizi's suicide attempt. Police confiscated his goods, and an officer slapped him in front of passers-by, his supporters said. He tried to lodge a complaint, but authorities refused to accept it. Desperate, he doused himself with gasoline and set himself on fire in public in front of a local government office.
More than 5,000 people took part in the funeral procession through Sidi Bouzid to his nearby native village, union official Kamel Laabidi said.
He said police prevented the procession from passing near the spot where Bouazizi set himself on fire three weeks ago.
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/co ... 01020.html
TUNIS, Tunisia -- More than 5,000 people have reportedly taken part in the funeral of a young man whose self-immolation touched off nearly three weeks of unrest in Tunisia.
Mohamed Bouazizi set himself on fire Dec. 17 in despair after police confiscated the fruits and vegetables he sold without a permit.
Bouazizi's act sparked violent protests over unemployment that have led to three deaths.
Attia Athmouni, spokesman for the support committee for the young man and other demonstrators, said Bouazizi died Tuesday at a hospital outside Tunis. He was buried Wednesday.
Bouazizi, who was 26, had a university degree but no steady work.
His hardship resonated with many in this North African nation. Unemployment stands at around 14 percent but is much higher outside the capital and beachside tourist zones, in regions like Sidi Bouzid in the center-west, where Bouazizi lived.
The many educated youths who cannot find jobs are particularly frustrated.
Unrest is rare in Tunisia, a popular tourist destination on the Mediterranean where the government brooks little dissent and is routinely criticized for its human rights record.
The protests caught President Zine El Abidine Ben Ali's government off-guard. In response, he announced a massive plan to create jobs in Tunisia, particularly in regions off tourists' radar like Sidi Bouzid.
Ben Ali also visited Bouazizi in the hospital before his death. Photos released from the visit showed Bouazizi wrapped in bandages from head to toe.
The protests started in Sidi Bouzid soon after Bouazizi's suicide attempt. Police confiscated his goods, and an officer slapped him in front of passers-by, his supporters said. He tried to lodge a complaint, but authorities refused to accept it. Desperate, he doused himself with gasoline and set himself on fire in public in front of a local government office.
More than 5,000 people took part in the funeral procession through Sidi Bouzid to his nearby native village, union official Kamel Laabidi said.
He said police prevented the procession from passing near the spot where Bouazizi set himself on fire three weeks ago.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
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Re: GEOPOLÍTICA
Silenciosamente, China amplia influência em países asiáticos
Antes zona de influência da União Soviética, países da Ásia Central assistem à ampliação da diplomacia econômica
de Pequim
Nos arredores de Murghab, uma cidade fustigada pelo vento, fundada em 1893 como um posto militar russo, a
construção de uma nova alfândega anuncia o retorno de outra grande potência. Quando for inaugurado este ano, o grande
prédio irá acomodar caravanas muito maiores de caminhões chineses do que o depósito comercial existente, acelerando o
fluxo de roupas, eletrônicos e eletrodomésticos que ultimamente têm inundado a Ásia Central, de yurts nômades nas
estepes do Quirguistão a antigos becos em Samarkand e Bukhara, no Uzbequistão.
"O comércio está crescendo entre a China e todos estes países ao redor dela", disse Tu'er Kong, cujo caminhão era
um dos cerca de 50 que transportavam mercadorias chinesas por aqui em um dia recente.
Enquanto a China está aproveitando os holofotes na Ásia Oriental e Sudeste com o ampliamento da sua diplomacia
econômica, o país também tem calmamente feito sentir a sua presença no seu flanco oeste, antes de domínio da Rússia.
As autoridades chinesas veem a Ásia Central como uma fronteira crucial para a segurança energética, a expansão do
comércio, a estabilidade étnica e a defesa militar de seu país. As empresas estatais foram fundo na região, com dutos de
energia, ferrovias e rodovias, enquanto o governo abriu recentemente inúmeros Institutos Confúcio para ensinar mandarim
nas capitais da Ásia Central.
A Ásia Central, diz o general Liu Yazhou do Exército Popular de Libertação, é "o mais grosso pedaço de bolo dado ao
chinês moderno pelos céus".
Os cinco países predominantemente muçulmanos que conquistaram a independência após o colapso da União
Soviética em 1991 – Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão – voltam a ser espaços
disputados entre as superpotências, como aconteceu durante o século 19, no Grande Jogo entre a Rússia e a Grã-Bretanha.
Desta vez, os jogadores são China, Rússia e Estados Unidos, que usa a Ásia Central como um canal para as tropas que
seguem para o Afeganistão.
EUA
As autoridades chinesas se preocupam com o que veem como esforços dos Estados Unidos para cercar a China, ao
ver tropas americanas e alianças militares na Ásia Central, Índia e Afeganistão, como o arco ocidental de uma estratégia de
contenção que também depende da cooperação com as nações do Leste e Sudeste da Ásia.
A China está flexionando seus próprios músculos militares na área e chegou a realizar jogos de guerra sofisticados no
Cazaquistão, em setembro, como parte dos exercícios anuais que tradicionalmente incluem várias nações da Ásia Central.
De acordo com um dossiê do Departamento de Estado divulgado pelo website WikiLeaks, autoridades dos Estados Unidos
suspeitam que a China ofereceu US$ 3 bilhões ao Quirguistão para fechar a base aérea americana no país.
O dossiê, datado de 13 de fevereiro de 2009, descreveu um encontro desagradável entre Tatiana C. Gfoeller,
embaixadora dos Estados Unidos no Quirguistão, e Yannian Zhang, o embaixador chinês no país, em que Gfoeller
confrontou Zhang com as suas suspeitas de suborno de US$ 3 bilhões. "Visivelmente perturbado, Zhang perdeu
temporariamente a capacidade de falar russo e começou a falar em chinês com o assessor que silenciosamente tomava
notas bem atrás dele", afirma o dossiê. Zhang, em seguida, rebateu a acusação.
Nova Rota da Seda
A nova presença da China na Ásia Central é, em muitos aspectos, mais parecida com uma recriação da Rota da Seda
do que do Grande Jogo. Os analistas chineses dizem que um dos objetivos de Pequim é a integração econômica da Ásia
Central com a instável região oeste de Xinjiang, derrubando barreiras comerciais, mesmo que os governos da Ásia Central
estejam cautelosos.
"O seu crescimento econômico na Ásia Central é bastante significativo", disse um oficial dos Estados Unidos que falou
sob condição de anonimato por não estar autorizado a falar publicamente sobre a política chinesa na região. "De muitas
maneiras, os investimentos são bem-vindos, não apenas por esses países, mas também pelos Estados Unidos. Mas há uma
falta de transparência em termos de investimentos da China e suas relações com esses países".
A população local está muito cautelosa, especialmente no Quirguistão e no Cazaquistão, onde têm muito medo de
que a imigração chinesa possa inclinar a balança do poder econômico em países de baixa densidade populacional. Em
Almaty, no Cazaquistão, os moradores realizaram um protesto em janeiro passado contra um acordo proposto pela China
sobre um terreno local.
"Muitos de nós cazaques estamos desconfiados do afluxo chinês em geral, mas o que podemos fazer?", disse
Aidelhan Onbedbayev, 35 anoss, um motorista de ônibus que transporta mercadores e viajantes entre Almaty e Zharkent,
uma cidade de fronteira. "O governo toma essas decisões e os convida a investir em zonas de comércio livre e oferece a
terra".
Autoridades
Algumas autoridades chinesas têm sido claras sobre os seus interesses. "A cooperação energética da China com os
países da Ásia Central começou na década de 90, mas nos últimos anos, com o rápido crescimento da força nacional da
China, a China aproveitou a falta de iniciativa na região por parte dos Estados Unidos e da Rússia", escreveu Liu em um
ensaio publicado no ano passado na revista Phoenix Weekly. "A China começou a incentivar o consumismo febril na área".
As nações da Ásia Central que fazem fronteira com a China, especialmente o Quirguistão, tornaram-se um importante
ponto de trânsito de produtos chineses que seguem para a região do Mar Cáspio, Rússia e Europa. O comércio entre a
China e os cinco países da Ásia Central totalizaram US$ 25,9 bilhões em 2009, um aumento considerável em relação aos
US$ 527 milhões em 1992, segundo estatísticas do Ministério do Comércio.
Enquanto isso, novos gasodutos transportam petróleo e gás natural de campos da Ásia Central, onde empresas
chinesas compraram os direitos de desenvolvimento de Xinjiang. As autoridades chinesas veem a Ásia Central e o Mar
Cáspio como uma fonte crucial de energia alternativa – o Oriente Médio é politicamente instável e os petroleiros de lá
passam pelo Estreito de Malaca, que a China teme que poderia ser fechado por forças militares americanas ou outras.
A China também vê a Ásia Central como um ponto de apoio para manter a estabilidade em Xinjiang, onde as tensões
de longa data entre muçulmanos uigures e chineses da etnia han costumam explodir em violência. Desde os confrontos
étnicos em Xinjiang em 2009, as autoridades chinesas têm sido particularmente cautelosas com o islamismo radical das
nações da Ásia Central ou do Paquistão e Afeganistão, dizem analistas. Cerca de meio milhão de uigures vivem na região,
muitos deles imigrantes de Xinjiang para o Cazaquistão e o Quirguistão.
Em 1966, a China ajudou a estabelecer um precursor da Organização de Cooperação de Xangai, um grupo de
estratégia regional destinado, principalmente, a combater a mobilização separatista. Os membros do grupo, incluindo a
Rússia e a maioria dos países da Ásia Central, compartilham informações e realizam exercícios militares conjuntos, mesmo
que muitas vezes não consigam coordenar sua política por causa de interesses concorrentes, segundo autoridades dos
Estados Unidos.
A China também espera usar o grupo para ampliar a sua influência econômica na região. No ano passado, o governo
chinês concedeu US$ 10 bilhões em empréstimos para os países da Organização de Cooperação de Xangai "para apoiar as
economias em dificuldades".
Auxílio
Alguns oficiais chineses e analistas acreditam que o auxílio, juntamente com o fortalecimento das relações comerciais,
levará ao crescimento econômico da região de Xinjiang e a menos "agitação" entre os uigures. Oficiais do governo central
apresentaram uma proposta no ano passado para o Conselho de Estado, o gabinete chinês, para transformar Urumqi,
capital de Xinjiang e local dos tumultos de 2009, em um polo regional de produção de energia. "A China sempre prestou
atenção a estes países vizinhos, promovendo o desenvolvimento da paz nesses locais a fim de proporcionar um bom
ambiente para o crescimento econômico da China", disse Wu Hongwei, um estudioso da Ásia Central na Academia Chinesa
de Ciências Sociais.
Dois novos gasodutos, o primeiro entre a China e países estrangeiros, fornecem gás ao Turcomenistão e petróleo ao
Cazaquistão. Os dutos foram considerados importantes o suficiente para que o presidente chinês, Hu Jintao, fosse ao
deserto de Karakum, no Turcomenistão, em 2009 para girar uma roda simbólica de abertura do gasoduto de 1,76 mil
quilômetros no local.
O gasoduto deverá atingir sua capacidade total de 40 bilhões de metros cúbicos em 2012 ou 2013, e o Turcomenistão
foi contratado para transportar gás para a China por 30 anos. A China conquistou a única licença para desenvolver as
jazidas de gás localizadas em Yolotan Sul, que estão entre as maiores do mundo.
Por Edward Wong, com contribuição de Xiyun Yang, Benjamin Haas e Teo Kaye
Antes zona de influência da União Soviética, países da Ásia Central assistem à ampliação da diplomacia econômica
de Pequim
Nos arredores de Murghab, uma cidade fustigada pelo vento, fundada em 1893 como um posto militar russo, a
construção de uma nova alfândega anuncia o retorno de outra grande potência. Quando for inaugurado este ano, o grande
prédio irá acomodar caravanas muito maiores de caminhões chineses do que o depósito comercial existente, acelerando o
fluxo de roupas, eletrônicos e eletrodomésticos que ultimamente têm inundado a Ásia Central, de yurts nômades nas
estepes do Quirguistão a antigos becos em Samarkand e Bukhara, no Uzbequistão.
"O comércio está crescendo entre a China e todos estes países ao redor dela", disse Tu'er Kong, cujo caminhão era
um dos cerca de 50 que transportavam mercadorias chinesas por aqui em um dia recente.
Enquanto a China está aproveitando os holofotes na Ásia Oriental e Sudeste com o ampliamento da sua diplomacia
econômica, o país também tem calmamente feito sentir a sua presença no seu flanco oeste, antes de domínio da Rússia.
As autoridades chinesas veem a Ásia Central como uma fronteira crucial para a segurança energética, a expansão do
comércio, a estabilidade étnica e a defesa militar de seu país. As empresas estatais foram fundo na região, com dutos de
energia, ferrovias e rodovias, enquanto o governo abriu recentemente inúmeros Institutos Confúcio para ensinar mandarim
nas capitais da Ásia Central.
A Ásia Central, diz o general Liu Yazhou do Exército Popular de Libertação, é "o mais grosso pedaço de bolo dado ao
chinês moderno pelos céus".
Os cinco países predominantemente muçulmanos que conquistaram a independência após o colapso da União
Soviética em 1991 – Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão – voltam a ser espaços
disputados entre as superpotências, como aconteceu durante o século 19, no Grande Jogo entre a Rússia e a Grã-Bretanha.
Desta vez, os jogadores são China, Rússia e Estados Unidos, que usa a Ásia Central como um canal para as tropas que
seguem para o Afeganistão.
EUA
As autoridades chinesas se preocupam com o que veem como esforços dos Estados Unidos para cercar a China, ao
ver tropas americanas e alianças militares na Ásia Central, Índia e Afeganistão, como o arco ocidental de uma estratégia de
contenção que também depende da cooperação com as nações do Leste e Sudeste da Ásia.
A China está flexionando seus próprios músculos militares na área e chegou a realizar jogos de guerra sofisticados no
Cazaquistão, em setembro, como parte dos exercícios anuais que tradicionalmente incluem várias nações da Ásia Central.
De acordo com um dossiê do Departamento de Estado divulgado pelo website WikiLeaks, autoridades dos Estados Unidos
suspeitam que a China ofereceu US$ 3 bilhões ao Quirguistão para fechar a base aérea americana no país.
O dossiê, datado de 13 de fevereiro de 2009, descreveu um encontro desagradável entre Tatiana C. Gfoeller,
embaixadora dos Estados Unidos no Quirguistão, e Yannian Zhang, o embaixador chinês no país, em que Gfoeller
confrontou Zhang com as suas suspeitas de suborno de US$ 3 bilhões. "Visivelmente perturbado, Zhang perdeu
temporariamente a capacidade de falar russo e começou a falar em chinês com o assessor que silenciosamente tomava
notas bem atrás dele", afirma o dossiê. Zhang, em seguida, rebateu a acusação.
Nova Rota da Seda
A nova presença da China na Ásia Central é, em muitos aspectos, mais parecida com uma recriação da Rota da Seda
do que do Grande Jogo. Os analistas chineses dizem que um dos objetivos de Pequim é a integração econômica da Ásia
Central com a instável região oeste de Xinjiang, derrubando barreiras comerciais, mesmo que os governos da Ásia Central
estejam cautelosos.
"O seu crescimento econômico na Ásia Central é bastante significativo", disse um oficial dos Estados Unidos que falou
sob condição de anonimato por não estar autorizado a falar publicamente sobre a política chinesa na região. "De muitas
maneiras, os investimentos são bem-vindos, não apenas por esses países, mas também pelos Estados Unidos. Mas há uma
falta de transparência em termos de investimentos da China e suas relações com esses países".
A população local está muito cautelosa, especialmente no Quirguistão e no Cazaquistão, onde têm muito medo de
que a imigração chinesa possa inclinar a balança do poder econômico em países de baixa densidade populacional. Em
Almaty, no Cazaquistão, os moradores realizaram um protesto em janeiro passado contra um acordo proposto pela China
sobre um terreno local.
"Muitos de nós cazaques estamos desconfiados do afluxo chinês em geral, mas o que podemos fazer?", disse
Aidelhan Onbedbayev, 35 anoss, um motorista de ônibus que transporta mercadores e viajantes entre Almaty e Zharkent,
uma cidade de fronteira. "O governo toma essas decisões e os convida a investir em zonas de comércio livre e oferece a
terra".
Autoridades
Algumas autoridades chinesas têm sido claras sobre os seus interesses. "A cooperação energética da China com os
países da Ásia Central começou na década de 90, mas nos últimos anos, com o rápido crescimento da força nacional da
China, a China aproveitou a falta de iniciativa na região por parte dos Estados Unidos e da Rússia", escreveu Liu em um
ensaio publicado no ano passado na revista Phoenix Weekly. "A China começou a incentivar o consumismo febril na área".
As nações da Ásia Central que fazem fronteira com a China, especialmente o Quirguistão, tornaram-se um importante
ponto de trânsito de produtos chineses que seguem para a região do Mar Cáspio, Rússia e Europa. O comércio entre a
China e os cinco países da Ásia Central totalizaram US$ 25,9 bilhões em 2009, um aumento considerável em relação aos
US$ 527 milhões em 1992, segundo estatísticas do Ministério do Comércio.
Enquanto isso, novos gasodutos transportam petróleo e gás natural de campos da Ásia Central, onde empresas
chinesas compraram os direitos de desenvolvimento de Xinjiang. As autoridades chinesas veem a Ásia Central e o Mar
Cáspio como uma fonte crucial de energia alternativa – o Oriente Médio é politicamente instável e os petroleiros de lá
passam pelo Estreito de Malaca, que a China teme que poderia ser fechado por forças militares americanas ou outras.
A China também vê a Ásia Central como um ponto de apoio para manter a estabilidade em Xinjiang, onde as tensões
de longa data entre muçulmanos uigures e chineses da etnia han costumam explodir em violência. Desde os confrontos
étnicos em Xinjiang em 2009, as autoridades chinesas têm sido particularmente cautelosas com o islamismo radical das
nações da Ásia Central ou do Paquistão e Afeganistão, dizem analistas. Cerca de meio milhão de uigures vivem na região,
muitos deles imigrantes de Xinjiang para o Cazaquistão e o Quirguistão.
Em 1966, a China ajudou a estabelecer um precursor da Organização de Cooperação de Xangai, um grupo de
estratégia regional destinado, principalmente, a combater a mobilização separatista. Os membros do grupo, incluindo a
Rússia e a maioria dos países da Ásia Central, compartilham informações e realizam exercícios militares conjuntos, mesmo
que muitas vezes não consigam coordenar sua política por causa de interesses concorrentes, segundo autoridades dos
Estados Unidos.
A China também espera usar o grupo para ampliar a sua influência econômica na região. No ano passado, o governo
chinês concedeu US$ 10 bilhões em empréstimos para os países da Organização de Cooperação de Xangai "para apoiar as
economias em dificuldades".
Auxílio
Alguns oficiais chineses e analistas acreditam que o auxílio, juntamente com o fortalecimento das relações comerciais,
levará ao crescimento econômico da região de Xinjiang e a menos "agitação" entre os uigures. Oficiais do governo central
apresentaram uma proposta no ano passado para o Conselho de Estado, o gabinete chinês, para transformar Urumqi,
capital de Xinjiang e local dos tumultos de 2009, em um polo regional de produção de energia. "A China sempre prestou
atenção a estes países vizinhos, promovendo o desenvolvimento da paz nesses locais a fim de proporcionar um bom
ambiente para o crescimento econômico da China", disse Wu Hongwei, um estudioso da Ásia Central na Academia Chinesa
de Ciências Sociais.
Dois novos gasodutos, o primeiro entre a China e países estrangeiros, fornecem gás ao Turcomenistão e petróleo ao
Cazaquistão. Os dutos foram considerados importantes o suficiente para que o presidente chinês, Hu Jintao, fosse ao
deserto de Karakum, no Turcomenistão, em 2009 para girar uma roda simbólica de abertura do gasoduto de 1,76 mil
quilômetros no local.
O gasoduto deverá atingir sua capacidade total de 40 bilhões de metros cúbicos em 2012 ou 2013, e o Turcomenistão
foi contratado para transportar gás para a China por 30 anos. A China conquistou a única licença para desenvolver as
jazidas de gás localizadas em Yolotan Sul, que estão entre as maiores do mundo.
Por Edward Wong, com contribuição de Xiyun Yang, Benjamin Haas e Teo Kaye
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Aqui, na MINHA avaliação, o Itamaraty agiu em prol do interesse nacional.
==============================
SEGREDOS DE ESTADOS
‘Itamaraty mente ao presidente Lula sobre Alca’
WikiLeaks revela que EUA culparam Chancelaria pelo fracasso do acordo comercial, defendido
por outros ministérios
José Meirelles Passos
O fracasso na criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e os entraves que
engasgaram as negociações (até hoje não concluídas) da Rodada de Doha, na Organização Mundial do
Comércio (OMC), foram atribuídos pelos EUA ao Brasil — responsabilizando mais especificamente o
Itamaraty, sob o argumento genérico de que o Ministério das Relações Exteriores brasileiro suspeitava
de que os EUA planejavam dominar o hemisfério através da Alca.
Essa constatação está num novo pacote de documentos do governo americano divulgados pelo
WikiLeaks. Os papéis estão recheados de intrigas palacianas, revelando discórdias entre ministérios
brasileiros sobre a questão. Além disso, eles identificam dois altos funcionários do Brasil que, ao longo
do processo, trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a Casa Branca a
vencer resistências do governo brasileiro.
BNDES seria usado para impedir avanço da Alca
Um deles, Paulo Venturelli, coordenador geral de política agrícola no Ministério de Agricultura,
teria dito — em conversas com diplomatas americanos — que “os negociadores do Itamaraty estão
paranóicos”. O documento, classificado como confidencial, registra que ele foi tão franco a ponto de
afirmar que “o Itamaraty tem mentido ao presidente Lula sobre a Alca”. Mais: “Venturelli disse que altos
funcionários do Itamaraty estão formulando política baseados totalmente na ideologia Norte-Sul dos anos
60, e sem nenhuma real consideração econômica”.
Além de tais considerações, Venturelli teria — segundo os americanos — feito sugestões aos
EUA de como lidar com o Itamaraty. “Ele sugeriu ao governo dos EUA que adotasse uma linha dura com
o governo do Brasil, como dizer a ele para aceitar a Alca como está ou será deixado para trás com os
EUA e outros países avançando para formar a Alca. Sua visão é a de que esse choque pode ser
necessário antes que o governo admita que a política do Itamaraty é falha”.
Um segundo funcionário, Arno Meyer, então vice-secretário para Assuntos Internacionais, do
Ministério da Fazenda, envolvido — como Venturelli — nas negociações da Alca, procurou as
autoridades americanas com ideias de como minar a resistência brasileira. “Meyer nos forneceu uma
franca e refletida análise sobre a situação atual no governo com relação à Alca, e sugeriu como o
governo dos EUA poderia fortalecer as forças pró- Alca dentro do governo (brasileiro)”.
Segundo os americanos, os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento e da Fazenda teriam
uma posição diferente da do Itamaraty. Segundo eles, Meyer disse que se os EUA conseguissem lidar
com os efeitos do apoio doméstico (à Alca) na região, “isso derrubaria um dos principais argumentos do
Itamaraty contra a posição dos EUA”.
Os registros oficiais mostram que os EUA começaram a se preocupar com a questão logo após o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter assumido o governo, no início de 2003. “Novos elementos de
firme oposição à Alca fixaram residência dentro do governo do Brasil, em vez de permanecer nos
partidos de oposição e ONGs. Isso é particularmente evidente no Itamaraty”.
Os telegramas destacam o então secretário geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães,
como o principal inimigo: “O papel ascendente de Pinheiro Guimarães na política sobre a Alca, dentro do
Itamaraty, não é um bom agouro para que haja esforços conjuntos e colaborativos sobra a Alca”.
Para o governo americano, o Brasil não se empenhava pela Alca devido às suas próprias metas
políticas “que incluem um papel de liderança na América do Sul com um enfoque vigoroso no
desenvolvimento e na agenda social, que às vezes colidem em sua busca de certos interesses
econômicos nacionais”. Um dos fatores principais, segundo os EUA, seria o de que além de querer ser
lider regional o Brasil deseja “ser a força motor por trás da revigoração do Mercosul”.
Segundo a análise, o Brasil lançava mão do BNDES para impedir o avanço a Alca. Através de
linhas de crédito a Argentina, Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru, o país procurava “reforçar os laços
regionais e a fidelidade ao Brasil”. Os papéis deixam claro que, depois de muito esforço, o próprio
governo americano desistiu de insuflar uma reviravolta na posição brasileira: “O Itamaraty foi colocado a
cargo da política da Alca, e nós não acreditamos que esforços para explorar as diferenças entre ministros
tenham êxito. Tentativas de agitar a situação (...) só serviriam para endurecer os linha-duras e minar os
ministros que compartem de nossa opinião”.
Bloco foi ideia americana
Promovida pelos EUA do presidente Bill Clinton, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca)
surgiu em 1994, durante a realização da Cúpula das Américas em Miami, com o objetivo de eliminar as
barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba. Inicialmente, a Alca deveria entrar
em vigor até o final de 2005, no que se transformaria possivelmente no maior bloco comercial do mundo,
com um PIB calculado em US$ 12 trilhões.
Mas a chegada de governos contrários ao bloco em alguns países pôs freio à ideia. No Brasil, o
governo de Luiz Inácio Lula da Silva não se dizia contrário ao projeto, mas exigia condições diferentes
das propostas pelos americanos.
O Brasil acusava Washington de continuar a impor barreiras não alfandegárias — justamente
sobre os produtos nos quais o país era mais competitivo — além de temer que a cláusula sobre
propriedade intelectual afetasse a indústria brasileira.
O bloco foi “enterrado” ao final da 4ª Cúpula das Américas, em Mar del Plata, em 2005. Na
ocasião, os países do Mercosul e a Venezuela se negaram a continuar o diálogo enquanto não houvesse
um acordo na Rodada de Doha
==============================
SEGREDOS DE ESTADOS
‘Itamaraty mente ao presidente Lula sobre Alca’
WikiLeaks revela que EUA culparam Chancelaria pelo fracasso do acordo comercial, defendido
por outros ministérios
José Meirelles Passos
O fracasso na criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e os entraves que
engasgaram as negociações (até hoje não concluídas) da Rodada de Doha, na Organização Mundial do
Comércio (OMC), foram atribuídos pelos EUA ao Brasil — responsabilizando mais especificamente o
Itamaraty, sob o argumento genérico de que o Ministério das Relações Exteriores brasileiro suspeitava
de que os EUA planejavam dominar o hemisfério através da Alca.
Essa constatação está num novo pacote de documentos do governo americano divulgados pelo
WikiLeaks. Os papéis estão recheados de intrigas palacianas, revelando discórdias entre ministérios
brasileiros sobre a questão. Além disso, eles identificam dois altos funcionários do Brasil que, ao longo
do processo, trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a Casa Branca a
vencer resistências do governo brasileiro.
BNDES seria usado para impedir avanço da Alca
Um deles, Paulo Venturelli, coordenador geral de política agrícola no Ministério de Agricultura,
teria dito — em conversas com diplomatas americanos — que “os negociadores do Itamaraty estão
paranóicos”. O documento, classificado como confidencial, registra que ele foi tão franco a ponto de
afirmar que “o Itamaraty tem mentido ao presidente Lula sobre a Alca”. Mais: “Venturelli disse que altos
funcionários do Itamaraty estão formulando política baseados totalmente na ideologia Norte-Sul dos anos
60, e sem nenhuma real consideração econômica”.
Além de tais considerações, Venturelli teria — segundo os americanos — feito sugestões aos
EUA de como lidar com o Itamaraty. “Ele sugeriu ao governo dos EUA que adotasse uma linha dura com
o governo do Brasil, como dizer a ele para aceitar a Alca como está ou será deixado para trás com os
EUA e outros países avançando para formar a Alca. Sua visão é a de que esse choque pode ser
necessário antes que o governo admita que a política do Itamaraty é falha”.
Um segundo funcionário, Arno Meyer, então vice-secretário para Assuntos Internacionais, do
Ministério da Fazenda, envolvido — como Venturelli — nas negociações da Alca, procurou as
autoridades americanas com ideias de como minar a resistência brasileira. “Meyer nos forneceu uma
franca e refletida análise sobre a situação atual no governo com relação à Alca, e sugeriu como o
governo dos EUA poderia fortalecer as forças pró- Alca dentro do governo (brasileiro)”.
Segundo os americanos, os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento e da Fazenda teriam
uma posição diferente da do Itamaraty. Segundo eles, Meyer disse que se os EUA conseguissem lidar
com os efeitos do apoio doméstico (à Alca) na região, “isso derrubaria um dos principais argumentos do
Itamaraty contra a posição dos EUA”.
Os registros oficiais mostram que os EUA começaram a se preocupar com a questão logo após o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter assumido o governo, no início de 2003. “Novos elementos de
firme oposição à Alca fixaram residência dentro do governo do Brasil, em vez de permanecer nos
partidos de oposição e ONGs. Isso é particularmente evidente no Itamaraty”.
Os telegramas destacam o então secretário geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães,
como o principal inimigo: “O papel ascendente de Pinheiro Guimarães na política sobre a Alca, dentro do
Itamaraty, não é um bom agouro para que haja esforços conjuntos e colaborativos sobra a Alca”.
Para o governo americano, o Brasil não se empenhava pela Alca devido às suas próprias metas
políticas “que incluem um papel de liderança na América do Sul com um enfoque vigoroso no
desenvolvimento e na agenda social, que às vezes colidem em sua busca de certos interesses
econômicos nacionais”. Um dos fatores principais, segundo os EUA, seria o de que além de querer ser
lider regional o Brasil deseja “ser a força motor por trás da revigoração do Mercosul”.
Segundo a análise, o Brasil lançava mão do BNDES para impedir o avanço a Alca. Através de
linhas de crédito a Argentina, Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru, o país procurava “reforçar os laços
regionais e a fidelidade ao Brasil”. Os papéis deixam claro que, depois de muito esforço, o próprio
governo americano desistiu de insuflar uma reviravolta na posição brasileira: “O Itamaraty foi colocado a
cargo da política da Alca, e nós não acreditamos que esforços para explorar as diferenças entre ministros
tenham êxito. Tentativas de agitar a situação (...) só serviriam para endurecer os linha-duras e minar os
ministros que compartem de nossa opinião”.
Bloco foi ideia americana
Promovida pelos EUA do presidente Bill Clinton, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca)
surgiu em 1994, durante a realização da Cúpula das Américas em Miami, com o objetivo de eliminar as
barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba. Inicialmente, a Alca deveria entrar
em vigor até o final de 2005, no que se transformaria possivelmente no maior bloco comercial do mundo,
com um PIB calculado em US$ 12 trilhões.
Mas a chegada de governos contrários ao bloco em alguns países pôs freio à ideia. No Brasil, o
governo de Luiz Inácio Lula da Silva não se dizia contrário ao projeto, mas exigia condições diferentes
das propostas pelos americanos.
O Brasil acusava Washington de continuar a impor barreiras não alfandegárias — justamente
sobre os produtos nos quais o país era mais competitivo — além de temer que a cláusula sobre
propriedade intelectual afetasse a indústria brasileira.
O bloco foi “enterrado” ao final da 4ª Cúpula das Américas, em Mar del Plata, em 2005. Na
ocasião, os países do Mercosul e a Venezuela se negaram a continuar o diálogo enquanto não houvesse
um acordo na Rodada de Doha
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
VISÃO GLOBAL
Arsenal chinês é uma ameaça para os EUA
China tem modernizado seus mísseis e rejeitado assinar importantes tratados de desarmamento
Mark Stokes & Dan Blumenthal, The Washington Post - O Estado de S.Paulo
Com a ratificação no Novo Start, o governo de Barack Obama pode voltar sua atenção à
verdadeira fonte de instabilidade nuclear entre as grandes potências: o crescimento do arsenal da China.
O mais recente sistema capaz de desestabilizar o mundo é o míssil balístico contra navios apelidado de
"Matador de Porta-Aviões", cujo status operacional foi anunciado na semana passada pelo almirante
Robert Willard, chefe do Comando do Pacífico dos EUA.
Durante as futuras reuniões de cúpula sino-americanas, que devem incluir uma visita de Estado
do presidente Hu Jintao, Obama deve começar a pressionar a China a firmar o Tratado de Forças
Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês) e interromper a ampliação do seu arsenal.
Por que os mísseis chineses devem ser considerados a principal fonte de inquietação? Porque
não há respostas defensivas a eles que não incorram no risco de uma imediata elevação das tensões.
Além disso, logo Pequim será capaz de deter a Força Aérea americana instalada no Pacífico e de
afundar embarcações militares na Ásia.
A China tem o mais ambicioso programa de modernização de armamentos do mundo, que inclui
mísseis balísticos intercontinentais, veículos hipersônicos e uma nova geração de mísseis de cruzeiro
com alcance ampliado. Nenhum programa de defesa antimísseis atualmente planejado seria capaz de
interceptar tais sistemas.
Na última década, a China afirmou que precisava expandir sua força de mísseis por causa das
tensões com Taiwan. As relações com Taiwan melhoraram, mas a ampliação continua e parece que a
questão serviu como pretexto para a modernização dos mísseis. Para Pequim, a estratégia faz sentido:
defender-se de sofisticados mísseis balísticos e de cruzeiro lançados de bases terrestres é difícil e,
diferentemente de EUA e Rússia, Pequim não assinou o INF, que impede Washington e Moscou de
mobilizar mísseis balísticos de alcance intermediário.
Ao construir uma força de mísseis sem igual, a China aumenta o custo de uma resposta dos EUA
e amplia sua capacidade de coagir seus vizinhos, o que prejudica a segurança regional e exacerba uma
clássica corrida armamentista na Ásia. A única defesa realmente eficaz contra tais armamentos é a
ofensiva. Índia e Taiwan estão investindo em sistemas de ataque de alta precisão. Com o tempo, o
Japão pode fazer o mesmo.
Uma ameaça ainda pior é a do fim do INF. Moscou já ameaçou deixar o tratado se a China não
se tornar signatária. Com suas bases de caças táticos e embarcações de superfície cada vez mais
vulneráveis, é possível que os EUA se vejam obrigados a extinguir o tratado e mobilizar mísseis em
bases terrestres - que a China teria muito mais dificuldade em atacar - instalando-os em lugares como o
Japão.
Esta poderia ser a única forma de dissuasão contra a China. O fim do INF representaria uma
corrida armamentista de mísseis entre as quatro principais potências nucleares: Índia, China, Rússia e
EUA. Se os mísseis chineses não forem alvo de atenção constante, esse panorama assustador se
tornará mais plausível.
Mesmo na ausência de uma corrida armamentista, a estabilidade da Ásia é cada vez mais
incerta. Se os EUA ficarem limitados pelo INF, suas opções de resposta à China dependerão muito de
uma intensificação das hostilidades. Se suas bases de caças táticos e as embarcações de superfície
fossem atacadas, Washington teria de cogitar um ataque com mísseis balísticos intercontinentais contra
alvos militares dentro da China.
Tradução de Augusto Calil
Arsenal chinês é uma ameaça para os EUA
China tem modernizado seus mísseis e rejeitado assinar importantes tratados de desarmamento
Mark Stokes & Dan Blumenthal, The Washington Post - O Estado de S.Paulo
Com a ratificação no Novo Start, o governo de Barack Obama pode voltar sua atenção à
verdadeira fonte de instabilidade nuclear entre as grandes potências: o crescimento do arsenal da China.
O mais recente sistema capaz de desestabilizar o mundo é o míssil balístico contra navios apelidado de
"Matador de Porta-Aviões", cujo status operacional foi anunciado na semana passada pelo almirante
Robert Willard, chefe do Comando do Pacífico dos EUA.
Durante as futuras reuniões de cúpula sino-americanas, que devem incluir uma visita de Estado
do presidente Hu Jintao, Obama deve começar a pressionar a China a firmar o Tratado de Forças
Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês) e interromper a ampliação do seu arsenal.
Por que os mísseis chineses devem ser considerados a principal fonte de inquietação? Porque
não há respostas defensivas a eles que não incorram no risco de uma imediata elevação das tensões.
Além disso, logo Pequim será capaz de deter a Força Aérea americana instalada no Pacífico e de
afundar embarcações militares na Ásia.
A China tem o mais ambicioso programa de modernização de armamentos do mundo, que inclui
mísseis balísticos intercontinentais, veículos hipersônicos e uma nova geração de mísseis de cruzeiro
com alcance ampliado. Nenhum programa de defesa antimísseis atualmente planejado seria capaz de
interceptar tais sistemas.
Na última década, a China afirmou que precisava expandir sua força de mísseis por causa das
tensões com Taiwan. As relações com Taiwan melhoraram, mas a ampliação continua e parece que a
questão serviu como pretexto para a modernização dos mísseis. Para Pequim, a estratégia faz sentido:
defender-se de sofisticados mísseis balísticos e de cruzeiro lançados de bases terrestres é difícil e,
diferentemente de EUA e Rússia, Pequim não assinou o INF, que impede Washington e Moscou de
mobilizar mísseis balísticos de alcance intermediário.
Ao construir uma força de mísseis sem igual, a China aumenta o custo de uma resposta dos EUA
e amplia sua capacidade de coagir seus vizinhos, o que prejudica a segurança regional e exacerba uma
clássica corrida armamentista na Ásia. A única defesa realmente eficaz contra tais armamentos é a
ofensiva. Índia e Taiwan estão investindo em sistemas de ataque de alta precisão. Com o tempo, o
Japão pode fazer o mesmo.
Uma ameaça ainda pior é a do fim do INF. Moscou já ameaçou deixar o tratado se a China não
se tornar signatária. Com suas bases de caças táticos e embarcações de superfície cada vez mais
vulneráveis, é possível que os EUA se vejam obrigados a extinguir o tratado e mobilizar mísseis em
bases terrestres - que a China teria muito mais dificuldade em atacar - instalando-os em lugares como o
Japão.
Esta poderia ser a única forma de dissuasão contra a China. O fim do INF representaria uma
corrida armamentista de mísseis entre as quatro principais potências nucleares: Índia, China, Rússia e
EUA. Se os mísseis chineses não forem alvo de atenção constante, esse panorama assustador se
tornará mais plausível.
Mesmo na ausência de uma corrida armamentista, a estabilidade da Ásia é cada vez mais
incerta. Se os EUA ficarem limitados pelo INF, suas opções de resposta à China dependerão muito de
uma intensificação das hostilidades. Se suas bases de caças táticos e as embarcações de superfície
fossem atacadas, Washington teria de cogitar um ataque com mísseis balísticos intercontinentais contra
alvos militares dentro da China.
Tradução de Augusto Calil
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Re: GEOPOLÍTICA
Além disso, eles identificam dois altos funcionários do Brasil que, ao longo
do processo, trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a Casa Branca a
vencer resistências do governo brasileiro.
Isso ai é traiçao se for verdadeiro, estes alto funcionarios tem que defender o interesse nacional e nao o interesse da casa Branca...
Paulo Venturelli, coordenador geral de política agrícola no Ministério de Agricultura,
teria dito — em conversas com diplomatas americanos — que “os negociadores do Itamaraty estão
paranóicos”. O documento, classificado como confidencial, registra que ele foi tão franco a ponto de
afirmar que “o Itamaraty tem mentido ao presidente Lula sobre a Alca”. Mais: “Venturelli disse que altos
funcionários do Itamaraty estão formulando política baseados totalmente na ideologia Norte-Sul dos anos
60, e sem nenhuma real consideração econômica”.
Traiçao... isso ai é trabalhar para um pais estrangeiro fazer o que quiser com o seu pais !!
Arno Meyer, então vice-secretário para Assuntos Internacionais, do
Ministério da Fazenda, envolvido — como Venturelli — nas negociações da Alca, procurou as
autoridades americanas com ideias de como minar a resistência brasileira. “Meyer nos forneceu uma
franca e refletida análise sobre a situação atual no governo com relação à Alca, e sugeriu como o
governo dos EUA poderia fortalecer as forças pró- Alca dentro do governo (brasileiro)”.
Este ainda sugere como derrubar as vontades nacionais... e o Brasil nao faz nada com essa gente, nem prisao nem processo...
Os colaboradores estrangeiros estao por toda parte... e prontos a vender o Brasil ao melhor pagador.
Algo tem que ser feito!!
- Francoorp
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Re: GEOPOLÍTICA
Se os EUA ficarem limitados pelo INF, suas opções de resposta à China dependerão muito de
uma intensificação das hostilidades. Se suas bases de caças táticos e as embarcações de superfície
fossem atacadas, Washington teria de cogitar um ataque com mísseis balísticos intercontinentais contra
alvos militares dentro da China.
E se for os USA a atacar as bases Chinesas??? Essa possibilidade também tem fundamento...
Os dois vao sempre correr e correr atras de armas... mas a China vai parar de financiar o Débito Yankee, assim estes terao que encontrar outros meios de manter o Status Quo.
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Re: GEOPOLÍTICA
A China já tem um poderoso Exército e uma Força Aérea em plena ascenção.
Mas falta-lhes uma marinha de verdade, seus meios de projeção de força e navios de escola são poucos e menos ainda os modernos. Ainda leverá alguns anos para terem uma força bem equilibrada. Por equanto estão apenas ensaiando o que será lá na frente.
abraços]
Mas falta-lhes uma marinha de verdade, seus meios de projeção de força e navios de escola são poucos e menos ainda os modernos. Ainda leverá alguns anos para terem uma força bem equilibrada. Por equanto estão apenas ensaiando o que será lá na frente.
abraços]
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amor fati
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Re: GEOPOLÍTICA
A ALCA sempre foi do interesse brasileiro. Mereciam receber Medalhas e Honrarias!Francoorp escreveu:Além disso, eles identificam dois altos funcionários do Brasil que, ao longo
do processo, trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a Casa Branca a
vencer resistências do governo brasileiro.
Isso ai é traiçao se for verdadeiro, estes alto funcionarios tem que defender o interesse nacional e nao o interesse da casa Branca...
Paulo Venturelli, coordenador geral de política agrícola no Ministério de Agricultura,
teria dito — em conversas com diplomatas americanos — que “os negociadores do Itamaraty estão
paranóicos”. O documento, classificado como confidencial, registra que ele foi tão franco a ponto de
afirmar que “o Itamaraty tem mentido ao presidente Lula sobre a Alca”. Mais: “Venturelli disse que altos
funcionários do Itamaraty estão formulando política baseados totalmente na ideologia Norte-Sul dos anos
60, e sem nenhuma real consideração econômica”.
Traiçao... isso ai é trabalhar para um pais estrangeiro fazer o que quiser com o seu pais !!
Arno Meyer, então vice-secretário para Assuntos Internacionais, do
Ministério da Fazenda, envolvido — como Venturelli — nas negociações da Alca, procurou as
autoridades americanas com ideias de como minar a resistência brasileira. “Meyer nos forneceu uma
franca e refletida análise sobre a situação atual no governo com relação à Alca, e sugeriu como o
governo dos EUA poderia fortalecer as forças pró- Alca dentro do governo (brasileiro)”.
Este ainda sugere como derrubar as vontades nacionais... e o Brasil nao faz nada com essa gente, nem prisao nem processo...
Os colaboradores estrangeiros estao por toda parte... e prontos a vender o Brasil ao melhor pagador.
Algo tem que ser feito!!
Se não houver campo aberto
lá em cima, quando me for
um galpão acolhedor
de santa fé bem coberto
um pingo pastando perto
só de pensar me comovo
eu juro pelo meu povo,
nem todo o céu me segura
retorno à velha planura
pra ser gaúcho de novo
lá em cima, quando me for
um galpão acolhedor
de santa fé bem coberto
um pingo pastando perto
só de pensar me comovo
eu juro pelo meu povo,
nem todo o céu me segura
retorno à velha planura
pra ser gaúcho de novo
- Francoorp
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Re: GEOPOLÍTICA
Traiçao ir contra o interesse brasileiro, ir atras de naçao estrangeira pra entregar detalhes de nossa cupula... pois se ALCA fosse do interesse brasileiro teriamos entrado!!!
E Nem o FHC assinou, e teve tempo pra isso hein!!
Se fosse o contrario, alguns funcionarios Yankees arriscavam a cadeira eletrica da democracia!!
E Nem o FHC assinou, e teve tempo pra isso hein!!
Se fosse o contrario, alguns funcionarios Yankees arriscavam a cadeira eletrica da democracia!!