Extradição ou não de Cesare Battisti

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Túlio
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#331 Mensagem por Túlio » Dom Jan 02, 2011 11:55 am

FREMM por FREMM sou muito mais as Francesas mesmo. Mandem espichar um pouco aquele estaleiro que a DCNS e a Odebrecht estão fazendo e já sai fragata e sub, tudo junto, oras...

E olhem só o texto insidioso:

Trata-se de um acordo de colaboração econômica, por meio do qual a Itália se comprometia a conceder ao Brasil 5 bilhões de euros (6,7 bilhões de dólares) para a compra de naves, mísseis e radares.

Entende-se que estão NOS DANDO bilhões em armas... :roll: :roll: :roll: :roll:


Patético... 8-]




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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#332 Mensagem por Penguin » Dom Jan 02, 2011 12:09 pm

Tudo isso é muito ilustrativo.
Estávamos bem com a Itália. Quase em lua-de-mel em termos de negócios militares: escoltas, OPVs, veículo blindados, ajuda no desenvolvimento de mísseis, radares, carona ao Haiti no porta-aviões Cavour, etc. De repente, do nada, surge um problema que pode afetar os negócios estratégicos.
Esse episódio apenas reforça o risco da dependência de um e até de poucos fornecedores. O risco de por muitos ovos em um mesmo cesto.




Editado pela última vez por Penguin em Dom Jan 02, 2011 12:37 pm, em um total de 2 vezes.
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#333 Mensagem por Francoorp » Dom Jan 02, 2011 12:33 pm

PRick escreveu:Li o tópico inteiro, e é engraçado como o pessoal não consegue perceber a realidade acima de suas convicções políticas.

É PRERROGATIVA do Presidente conceder Asilo Político, não cabe ao STF julgar isso, porque é um ato político, assim, não pode ser alvo do Poder Judiciário.

Como o de manter e estabelecer relações diplomáticas, a Presdente Dilma pode denunciar o Tratado com a Itália e cortar relações diplomáticas, e o STF não apita nada nessa área. Assim, o recursos ao STF são inócuos para tirar Battisti do Brasil.
Bem Prick, eles estão falando que não foi concedido asilo, mas que o Lula o fez virar um "Imigrado" no país, sendo libertado depois de ter entrado no país sem passaporte, por isso que o cara ficará preso por 4 anos, acabando a pena em 2011, pois foi preso em 2007... dizem até que poderia pegar passaporte brasileiro depois de alguns anos vivendo no Brasil...

Esta é a posição da Televisão estatal RAI, mesmo que tenham 14 canais diferentes, as matérias jornalisticas seguem sempre o mesmo Filo, este é do TG2, o Tele-Giornale do canal 2:

http://www.rai.tv/dl/RaiTV/programmi/me ... 7.html#p=0

http://www.rai.tv/dl/RaiTV/programmi/me ... c-tg3.html

Neste a RAI diz que ele passou por julgamentos por 70 Juízes, e todos acertaram as culpas do cara:

http://www.tg1.rai.it/dl/tg1/2010/artic ... 5a.html#p1


Neste a RAI diz que ele conheceu os guerrilheiros na prisão de Udine, sendo preso por crime comum, e assim decidiu que faria parte da guerrilha também, mas utilizando métodos da criminalidade comum para ajudar a financiar o movimento:

http://www.rai.tv/dl/RaiTV/programmi/me ... 3.html#p=1


Estes são alguns dos canais do Berlusconi, ele tem varios contando os canais pagos também, mas a linha é sempre a mesma em todos os canais, em um deles diz que o acordo militar com o Brasil forneceria Misseis, radares, Navios e tecnologias:

http://www.video.mediaset.it/video/tg5/ ... 1-c1-o1-p1

http://www.video.mediaset.it/video/tg5/ ... 1-c1-o1-p4

http://www.video.mediaset.it/video/tg5/ ... 1-c1-o1-p6

http://www.video.mediaset.it/video/tg5/ ... gogna.html

http://www.video.mediaset.it/video/stud ... 1-c1-o1-p6

Este é o Canal da empresa de telefone Telecom, La7, é sempre um dos grandes canais do País:

http://tg.la7.it/Cronaca/video-i371339

Tem também a busca por comoção, onde vem mostrado um familiar de uma das vitimas do Battisti em cadeira de rodas, é o filho de um joalheiro que foi assassinado por um dos atentados planejados pelo Battisti, ele(o filho) que estava junto do pai na hora do assalto para financiar o movimento levou um tiro e ficou pra sempre na cadeira de rodas... ele esta organizando um protesto na frente na embaixada do Brasil em Roma no dia 04/01... vamos ver se a TV daqui da alguma noticia...

http://www.video.mediaset.it/video/stud ... 1-c1-o1-p6

As Vitimas continuam até na RAI... sempre usando o velho e conhecido sensacionalismo:

http://www.rai.tv/dl/RaiTV/programmi/me ... c-tg1.html


Vemos que o caso está pegando uma bruta estrada... Berlusconi precisa mostrar os músculos, e assim consegue colocar todos os meios de informação de acordo com o que ele quer, coisa que sempre fez com as TV's e Rádios... O seus canais privados mais o comando dos canais públicos da RAI mais as ações que possuí da Telecom fazem com que toda a informação seja blindada ao que define de seus interesses nacionais, e assim qualquer coisa que possa ser utilizado para mostra-lo forte, decidido e resoluto será feito, pois vemos que seu governo está cambaleando e ele precisa de consensos.

Valeu!!




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Imagem http://francoorp.blogspot.com/
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#334 Mensagem por PRick » Dom Jan 02, 2011 12:34 pm

Marino escreveu:Nas entrelinhas
Alon Feuerwerker
Também na Anistia o que vale em último caso é a lei brasileira. Ou a conveniência brasileira. Curioso é
quando o mesmo interlocutor defende a "soberania absoluta" no Caso Battisti e a "soberania relativa"
na Anistia

Soberania
Como bem frisou o ministro de Relações Exteriores Celso Amorim em suas últimas horas no cargo, o
Brasil adotou uma decisão soberana ao não enviar para a Itália o ali condenado Cesare Battisti. Era uma
prerrogativa que o Supremo Tribunal Federal conferira ao presidente da República. Que a exerceu.
Talvez aqui o verbo “reafirmar” caiba melhor que o “conferir”. Em sua sentença sobre o assunto o STF
reconheceu que, em casos assim, há um espaço de autonomia do Executivo. Faz sentido. A atribuição de
conduzir a política externa é do presidente da República. Não é do Legislativo nem do Judiciário.
Se a extradição de alguém embutir potenciais consequências às relações exteriores do Brasil, o
presidente da República não pode ser submetido a constrangimentos absolutos e irrecorríveis. E quem deve
fazer o juízo político é o próprio chefe de governo. E viva a Constituição.
Cesare Battisti beneficiou-se de suas relações políticas no governo brasileiro e em âmbitos próximos.
Beneficiou-se também de mistificações. Como foi hábito ao longo dos oito anos encerrados anteontem, a
história foi contada pelas autoridades com maquiagem. Carregada.
As principais pressões na Itália pela extradição de Battisti não provinham da direita de Silvio Berlusconi,
mas da esquerda herdeira do antigo Partido Comunista Italiano, ainda hoje hegemônica no campo progressista.
Os agrupamentos da ultraesquerda italiana na época dos crimes de Battisti tinham como objetivo
principal não o enfraquecimento da direita, mas impedir que a esquerda democrática chegasse ao poder pelo
caminho das reformas e para realizá-las.
Era natural que o até anteontem presidente da República, líder do PT, um partido construído também
sobre a herança ideológica da luta armada no Brasil nos anos 60 e 70, não desejasse agregar à biografia a
extradição do companheiro Battisti. Preferiu um desgaste momentâneo, com evidente e boa relação custobenefício,
para ele e entre os dele.
Produziu-se uma argumentação jurídica e virou-se a página. Mas tudo na vida tem consequências, e elas
costumam vir depois. O Conselheiro Acácio está vivinho da silva. A atitude soberana do Brasil nesse assunto,
para atender a conveniências políticas do governo do Brasil, ou do partido que está no governo do Brasil, ou do
chefe do partido, ajuda a remover um pouco da neblina sobre outro tema.
Os críticos da decisão do STF que eliminou a possibilidade de revisão da nossa última Lei de Anistia
costumam defender que o Brasil se subordine nesse assunto a decisões de fora, que nossa legislação interna
não tenha a última palavra.
Curiosa é a situação em que o mesmo interlocutor defende a “soberania absoluta” no Caso Battisti e a
“soberania relativa” na anistia.
A política é assim mesmo, mas não deixa de ser divertido quando o rei aparece
nu em publico.
Também na anistia o que vale em último caso é a lei brasileira. E vale a conveniência brasileira. E valem
as decisões dos tribunais brasileiros (pois, nesse ponto a palavra final não é do Executivo).
A não ser, lógico, que algum vetor externo reúna força para nos impor algo diferente da nossa vontade
soberana, para citar novamente as sábias palavras do então ainda ministro Celso Amorim.
Será?
Tem gente curiosa para saber como Dilma vai fazer para trazer os juros a patamares civilizados. Outros
perguntam o lugar que os direitos humanos terão na política externa. E será que a presidente vai mergulhar
pessoalmente na articulação política do governo dela?
Então, vou aproveitar esta primeira coluna no ano (e no novo governo) para dizer qual é minha maior
curiosidade. Claro que estes dias serão quase férias para a nova mandatária. Mas, passado o período das
obrigatórias palavras doces, vamos ver como ela vai reagir às primeiras críticas.
O antecessor desenvolveu uma tecnologia simples e eficaz. Quem o criticava era porque 1) não gostava
de pobre, 2) era bajulador dos americanos ou 3) tinha inveja do “torneiro mecânico que fez mais do que os
doutores”. Ou todas as coisas juntas.
Na teoria, bastaria mudar o trecho entre aspas para “mulher que fez mais do que os homens”. Será?
Vamos esperar para ver como a banda toca.

Nossos jornalistas e sua lógica de botequim, são coisas completamente diferentes. Dar asilo político é prerrogativa de qualquer estado soberano. Trata-se de uma medida pontual, de caráter humanitário e político.

A outra é sobre a anistiar crimes considerados lesa humanidade, como os de Tortura e Genocídio, e que sejam anistiados por governos que os realizaram. Quer dizer como se um criminoso se auto anistia-se. É uma debate jurídico que envolve muito mais que apenas um caso específico.

O STF por sinal dentro dessa lógica teria sido contraditório. 8-] 8-]

O Governo Brasileiro concedeu asilo político a uma pessoa, porque achou de seu interesse dado as circunstâncias envolvidas nesse caso, como já coloquei acima, trata-se de uma processo político, ao arrepio de nossa legislação criminal, baseado em leis excepcionais. Como foram os processos contra a Máfia, só que no caso estamos falando de crimes comuns, de todo justificado, outra coisa é julgar atos políticos usando os mesmos métodos, porém, a Itália é um péssimo exemplo para a política mundial, sempre foi.

É o caso semelhante ao de Pinochet, que foi preso na Inglaterra e seria julgado na Espanha, ou seja, trata-se de um caso específico. Dentro do poder soberano de uma nação. E Pinochet seria alguém muito mais difícil de defender dentro da mesma lógica, porque sob seu governo milhares de pessoas foram torturadas e mortas.

[]´s




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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#335 Mensagem por PRick » Dom Jan 02, 2011 12:39 pm

Francoorp escreveu:
PRick escreveu:Li o tópico inteiro, e é engraçado como o pessoal não consegue perceber a realidade acima de suas convicções políticas.

É PRERROGATIVA do Presidente conceder Asilo Político, não cabe ao STF julgar isso, porque é um ato político, assim, não pode ser alvo do Poder Judiciário.

Como o de manter e estabelecer relações diplomáticas, a Presdente Dilma pode denunciar o Tratado com a Itália e cortar relações diplomáticas, e o STF não apita nada nessa área. Assim, o recursos ao STF são inócuos para tirar Battisti do Brasil.
Bem Prick, eles estão falando que não foi concedido asilo, mas que o Lula o fez virar um "Imigrado" no país, sendo libertado depois de ter entrado no país sem passaporte, por isso que o cara ficará preso por 4 anos, acabando a pena em 2011, pois foi preso em 2007... dizem até que poderia pegar passaporte brasileiro depois de alguns anos vivendo no Brasil...

.........

Vemos que o caso está pegando uma bruta estrada... Berlusconi precisa mostrar os músculos, e assim consegue colocar todos os meios de informação de acordo com o que ele quer, coisa que sempre fez com as TV's e Rádios... O seus canais privados mais o comando dos canais públicos da RAI mais as ações que possuí da Telecom fazem com que toda a informação seja blindada ao que define de seus interesses nacionais, e assim qualquer coisa que possa ser utilizado para mostra-lo forte, decidido e resoluto será feito, pois vemos que seu governo está cambaleando e ele precisa de consensos.

Valeu!!
O asilo foi concedido após a entrada ilegal no país, ele pode ser concedido a qualquer tempo, é uma medida de PRERROGATIVA da Presidência, como também, temos a anistia e o perdão de crimes. O STF não cabe falar nada sobre isso, e ponto final. É como as relações diplomáticas, quem rompe ou estabelece é o Poder Executivo.

A choradeira da mídia italiana não nos interessa, quem tem Berlusconi como primeiro ministro, já perdeu uma moral que nunca teve, a Itália é motivo de vergonha para a política acidental, sempre foi. Não é exemplo para ninguém desde Mussolini até Berlusconi.

[]´s




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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#336 Mensagem por Penguin » Dom Jan 02, 2011 12:48 pm

Vai acabar sendo santificado por aqui...[024]
Situação de Battisti só deve ser resolvida em fevereiro pelo STF
31 de dezembro de 2010 • 16h49 • atualizado às 17h52
http://noticias.terra.com.br/brasil/not ... o+STF.html

Imagem
Senadores e deputados visitaram o ex-ativista italiano Cesare Battisti, no presídio da Papuda, em Brasília


Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha decidido nesta sexta-feira não extraditar Cesare Battisti, a situação do ativista italiano só deve ser definida em fevereiro, porque a libertação depende ainda de um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Até lá, ele deve continuar no Presídio da Papuda, em Brasília, onde está detido desde 2007.
O STF informou que a decisão de manter Battisti no Brasil ainda não chegou oficialmente à Corte - cujo expediente se encerrou nesta sexta-feira às 12h e será retomado apenas na segunda pela manhã. Quando chegar ao STF, o despacho com a decisão de Lula será encaminhado ao presidente Cezar Peluso, uma vez que a Corte está em regime de plantão devido ao recesso do Judiciário.

Peluso já havia informado que não vai decidir sobre a liberdade de Battisti caso a defesa entre com um habeas-corpus, pois encaminhará todos os pedidos ao relator do julgamento sobre a extradição, Gilmar Mendes. Um dos que votaram pela extradição do italiano, Mendes está fora do País e disse que não decidirá nada enquanto durar o recesso, que termina no dia 31 de janeiro.

O ministro Marco Aurélio, um dos votos favoráveis à manutenção de Battisti no Brasil, acredita que a decisão sobre a não extradição é ato de soberania do Executivo, responsável por conduzir a política internacional. "A decisão do STF é só declaratória, da legitimidade ou ilegitimidade do pedido, não é constitutiva, não é um título judicial passível de execução", afirmou.

Aurélio disse que está "com a alma lavada" após a decisão de Lula em manter Battisti no Brasil por ser um dos que votaram pela prevalência da decisão do então ministro da Justiça, Tarso Genro, de não extraditar o ativista italiano por crer que a medida não era passível de análise do Judiciário. "O pano de fundo da condenação dele foi a delação de quem era chefe do grupo, que o deixou como bode expiatório", disse Aurélio, que não acredita que a decisão de Lula possa ser revertida no STF. "A não ser que o Judiciário queira se sobrepor ao Executivo", afirmou.

Ex-integrante da organização de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), Battisti foi condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua por quatro assassinatos, ocorridos no final da década de 1970. Depois de preso, Battisti, considerado um terrorista pelo governo italiano, fugiu e se refugiou na América Latina e na França, onde viveu exilado por mais de 10 anos, sob proteção de uma decisão do governo de François Miterrand. Quando o benefício foi cassado pelo então presidente Jacques Chirac, que determinou a extradição de Battisti à Itália, o ex-ativista fugiu para o Brasil em 2004, onde está preso desde 2007.




Editado pela última vez por Penguin em Dom Jan 02, 2011 1:28 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#337 Mensagem por joao fernando » Dom Jan 02, 2011 1:01 pm

Ora, o Brasil potencia pode anistiar quem quiser, dar abrigo a quem quiser. Limites estão sendo testados, só não ve quem não quer. Uma atitude dessas na Italia, seria respeitada. Porque não o mesmo aqui?

Chega de ser colonia onde as regras são ditadas pelos outros.




Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#338 Mensagem por helio » Dom Jan 02, 2011 1:35 pm

Já postei várias vezes aqui e repito:
Se o Battisti fosse francês teria sido extraditado há tempos....

Hélio




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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#339 Mensagem por suntsé » Dom Jan 02, 2011 1:43 pm

helio escreveu:Já postei várias vezes aqui e repito:
Se o Battisti fosse francês teria sido extraditado há tempos....

Hélio
Battisti poderia ser Francês, Angolano, Russo,ou seja la o que for. O o Dito governo interessado tivesse feito ameaças e comentários agressivos antes da decisão...ELE NÂO SERIA EXTRADITADO.




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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#340 Mensagem por Penguin » Dom Jan 02, 2011 1:46 pm

helio escreveu:Já postei várias vezes aqui e repito:
Se o Battisti fosse francês teria sido extraditado há tempos....

Hélio
Se fosse cubano então, a entrega seria a domicilio e para ontem.




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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#341 Mensagem por Italo Lobo » Dom Jan 02, 2011 1:57 pm

O engraçado é que os pugilistas cubanos, não tiveram nenhuma das "regalias" que o Battisti teve.Foram colocados em um avião do Chaves e enviado pra Cuba me menos de 24h.




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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#342 Mensagem por Penguin » Dom Jan 02, 2011 2:03 pm

Italo Lobo escreveu:O engraçado é que os pugilistas cubanos, não tiveram nenhuma das "regalias" que o Battisti teve.Foram colocados em um avião do Chaves e enviado pra Cuba me menos de 24h.
Mas Cuba é um império das leis! A justiça lá é sabidamente imparcial e justa. Não haveria como contestar isso.
Lá não existe paredon, perseguição política e nem presos políticos.




Editado pela última vez por Penguin em Dom Jan 02, 2011 2:31 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#343 Mensagem por Penguin » Dom Jan 02, 2011 2:17 pm

suntsé escreveu:
helio escreveu:Já postei várias vezes aqui e repito:
Se o Battisti fosse francês teria sido extraditado há tempos....

Hélio
Battisti poderia ser Francês, Angolano, Russo,ou seja la o que for. O o Dito governo interessado tivesse feito ameaças e comentários agressivos antes da decisão...ELE NÂO SERIA EXTRADITADO.
Concordo. O Governo é soberano para tomar essas medidadas. E deve assumir suas preferências e escolhas.
Mas criar filigranas do tipo abaixo, não me parece o caminho correto:
“Há fundadas razões para suposição de que o extraditando possa ter agravada sua situação pessoal. E tal suposição não sugere, e nem suscita, e nem cogita, de qualquer ato de hostilidade para com as autoridades do Estado- requerente”, diz o documento. E continua: “A questão exige que se proteja, de modo superlativo possível, a integridade de pessoa eventualmente exposta a perigo, em ambiente supostamente hostil”.
A AGU sugeriu que Batisti corre risco de vida na Itália como justificativa para a negar a estradição.... :lol:
Esse argumento me parece bastante frágil.

Melhor teria sido imitar Miterrand:
Doutrina Mitterrand

Doutrina Mitterrand é o nome pela qual ficou conhecida a prática política do governo do presidente francês, François Mitterrand, na qual os ex-guerrilheiros que renunciassem ao terrorismo, poderiam viver na França. Em troca não seriam extraditados.

Foi uma prática nunca escrita, mas que na prática fez com que muitos italianos ligados a grupos terroristas se refugiassem no país.

A "doutrina Mitterrand" foi definida durante um discurso no Palácio dos Desportos em Rennes, em 1 de fevereiro de 1985. Em 21 de abril de 1985, no 65º Congresso da Liga dos Direitos do Homem, ele declarou que o italiano, antigo militante, que tivesse quebrado com o seu passado violento e fugido para a França, seria protegido de extradição para a Itália [1] :

"(...) Refugiados italianos que participaram em atividades terroristas (...) antes de 1981 têm quebrado laços com a máquina infernal em que participaram, deram início a uma segunda fase de suas vidas, estando inseridos na sociedade francesa (...) Eu disse ao governo italiano que estavam seguros de qualquer punição por meio de extradição." [2]

Mitterrand excluiu desta proteção “o terrorismo sanguinário".

Esta declaração foi seguida pela justiça francesa quando solicitada a extradição de italianos de extrema-esquerda terrorista ou ativista. O Corriere della Sera publicou em 2007 que Mitterrand fora convencido por Abbé Pierre a proteger tais ativistas. [3] Segundo os advogados de Cesare Battisti, Mitterrand tinha dado sua palavra, em consulta com o premiê italiano Bettino Craxi.

Já em 2002, a França extraditara Paolo Persichetti, um ex-membro das Brigadas Vermelhas, que então lecionava Sociologia na universidade, contrariando a doutrina Mitterrand. No entanto, antes, em 1998, o Tribunal de Apelações de Bordéus julgou que Tornaghi Sergio não poderia ser extraditado para a Itália, fundamentado no procedimento italiano de não haver um novo julgamento pós extradição, visto já ter havido um julgamento à revelia.

Estas extradições em 2000 envolveram não somente as Brigadas Vermelhas, mas também outros militantes esquerdistas que tinham fugido para a França e estavam sendo procurados pela justiça italiana, incluído Antonio Negri, que finalmente optou por regressar a Itália e se entregar à justiça. Em 2004, a extradição de Cesare Battisti foi autorizada pelas autoridades judiciárias francesas.

Em 2005, o Conselho de Estado da França confirmou a extradição e marcou o fim da Doutrina Mitterrand:

Considerando que, se o denunciante invoca as declarações proferidas pelo Presidente da República em 20 de Abril de 1985, a um movimento de defesa dos direitos humanos, sobre o tratamento pelas autoridades francesas de pedidos de extradição de cidadãos envolvidos em ações terroristas em Itália e instalada por muitos anos em França, esta ligação, que deve, além disso, estar mais próxima dos detidos em várias ocasiões por esta mesma autoridade sobre o mesmo assunto, que reservava o caso das pessoas condenadas no país, como ao requerente autor, de crimes de sangue, são, em si, desprovida de efeito jurídico; bem como a carta do Primeiro-Ministro enviada em 4 março de 1998, aos advogados desses cidadãos." [4]

http://pt.wikipedia.org/wiki/Doutrina_Mitterrand
Mas para isso seria necessário tener cojones. De qq forma os tempos atuais são outros.




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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#344 Mensagem por Penguin » Dom Jan 02, 2011 2:26 pm

Lula decide: Cesare Battisti fica no Brasil
Redação Carta Capital
31 de dezembro de 2010 às 10:50h

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta-feira 31 a decisão de conceder refúgio ao italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália pelo assassinato de quatro pessoas na década de 1970. Battisti está preso no complexo da Papuda, em Brasília, e era membro da organização Proletários Armados para o Comunismo, grupo considerado terrorista pelo governo italiano.

O caso se arrasta desde novembro de 2009, quando o Supremo Tribunal Federal autorizou a extradição de Battisti, mas frisou que a decisão final cabia ao presidente. A votação terminou com cinco votos favoráveis a mandar o italiano de volta para casa, contra quatro. Com a escolha de Lula, o assunto volta para avaliação do STF em fevereiro.

O presidente declarou à Agência Brasil que não teme a reação do governo da Itália à decisão de oferecer abrigo a Battisti: “O Brasil é soberano. não temo represália da Itália. Quem vai fazer represália ao Brasil?. Não existe represália. Cada um [país] faz o que quiser, e sempre respeitaremos uma decisão soberana de outro país”, afirmou Lula.

CartaCapital sempre deixou clara sua posição favorável à extradição de Cesare Battisti. Em numerosas matérias e editoriais, a revista mostrou por que apoiava a decisão de enviar Battisti para casa, onde cumpriria sua pena de prisão perpétua pelos crimes que cometeu.

Sobre as mortes pelas quais foi condenado, a ideia de que foram crimes essencialmente políticos não bate com os termos dos processos, conforme avalia o jurista e colunista de CartaCapital Wálter Maierovitch: “Revelam os autos ter sido Battisti o executor material de dois homicídios qualificados pela surpresa, isto é, a impedir a reação das vítimas Antonio Santoro (chefe dos carcereiros de Udine) e Andrea Campagna (motorista policial). Battisti foi, ainda, condenado como coautor do assassinato do açougueiro Lino Sabbadin e como partícipe da execução do joalheiro Pierluigi Torregiani”.




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Re: Extradição ou não de Cesare Battisti

#345 Mensagem por Penguin » Dom Jan 02, 2011 2:29 pm

Battisti e seu bando
Wálter Maierovitch
3 de agosto de 2010 às 10:53h
http://www.cartacapital.com.br/politica ... -no-brasil

Um livro desmonta a versão de que o assassino foi vítima da delação de um único companheiro premiado com a liberdade

O partido democrático (PD), de oposição ao premier Silvio Berlusconi, está realizando em Roma a festa pelos 150 anos da Unificação da Itália. Pelo enorme recinto, defronte às ruínas das Termas de Caracalla, circulam ex-líderes comunistas, por exemplo, o presidente Giorgio Napolitano e Massimo D’Alema, primeiro comunista a tornar-se chefe de governo e, depois, ministro das Relações Exteriores. Os velhos integrantes e simpatizantes do eurocomunismo italiano são favoráveis à extradição de Cesare Battisti. Na festa, coube ao escritor Angelo Conti lembrar que, no Parlamento italiano, o PD votou, pela primeira e única vez, com o berlusconiano partido Popolo della Libertá (PDL). Isso para referendar a moção de desagrado com a concessão, pelo então ministro brasileiro da Justiça, Tarso Genro, do status de refugiado ao pluriassassino Cesare Battisti.

Giuseppe Cruciani, que esta semana lançou, pela editora Sperling-Kupfer, um livro sobre os amigos de Battisti e para identificar quem o protege, avisa que Roberto Saviano, autor do best seller Gomorra, acabou de retirar a sua assinatura, aposta anos atrás e quando não era conhecido, um manifesto, em sítio de organização não governamental francesa, a favor da não extradição de Battisti da França. Retirou, pois assinou “a pedido de amigos e sem conhecer nada do personagem em questão”. Saviano agora se solidariza com as vítimas de Battisti, frisa o jornalista Cruciani. Aliás, como fez também Carla Bruni, a primeira-dama da França, italiana de nascimento.

Em entrevista a CartaCapital, D’Alema lembrou-se do líder metalúrgico italiano Guido Rossa, comparado ao Lula da época de São Bernardo do Campo. Membro do então Partido Comunista Italiano (PCI), Rossa foi fuzilado pela organização marxista Prima Linea, que, num Estado democrático, dedicava-se à luta armada. A Prima Linea abrigou egressos do Proletários Armados para o Comunismo (PAC), do qual Battisti era expoente e, com Claudio Lavazza e Giuseppe Memeo, comandava as operações de sangue: matar ou aleijar os “inimigos do proletariado”, os quais chamavam, em volantes encaminhados à imprensa depois dos assassinatos, de “porcos”.

Sobre Battisti, comentava-se na festa do PD, aproxima-se o momento reservado à decisão presidencial a respeito da extradição. E que no Brasil no momento, sustenta-se mais uma mentira, ou seja, que Battisti foi condenado na Itália apenas com base no relato de Pietro Mutti, delator premiado com a liberdade. Recente artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, da lavra do advogado de Battisti, repete essa tese já esposada e proclamada por Tarso Genro.

Ninguém ousou afirmar, nem por enquanto o ex-ministro, que o assassinato de Martin Luther King foi um crime político, a ser considerado como tal pela Justiça. No entanto, no caso de Battisti, um sanguinário covarde que pretendeu, com cerca de 30 pessoas associadas, a começar pela Lombardia e Veneto, derrubar a democracia italiana e impedir que os eurocomunistas chegassem ao poder, do qual estavam a um passo, matar é ato tido como legítimo por certos praticantes do compadrio à francesa.

Uma visita aos milhares de folhas dos autos dos processos criminais sobre Cesare Battisti e membros do PAC revela o grau de caradurismo da campanha de desinformação promovida a favor de Battisti. Mais de 60 juízes, entre togados e jurados, analisaram e decidiram ao longo dos processos. Com relação a Battisti, todas as instâncias foram acionadas, incluída a Corte de Cassação e a Corte de Direitos Humanos da União Europeia sediada em Estrasburgo: a Corte de Estrasburgo entendeu que Battisti, embora foragido, estava muito bem representado por seus advogados, em todas as audiências e atos processuais.

Sobre as mortes, revelam os autos ter sido Battisti o executor material de dois homicídios qualificados pela surpresa, isto é, a impedir a reação das vítimas Antonio Santoro (chefe dos carcereiros de Udine) e Andrea Campagna (motorista policial). Battisti foi, ainda, condenado como coautor do assassinato do açougueiro Lino Sabbadin e como partícipe da execução do joalheiro Pierluigi Torregiani.

Battisti disparou e matou Santoro em 6 de junho de 1978. Depois desse crime, ganhou férias do PAC. Foi aproveitar as praias da Sardenha na companhia da namorada, Maria Cecilia Barbetta, e de outros companheiros. Maria Cecilia, formada em filosofia e associada ao PAC, prestou impressionante depoimento em juízo, em maio de 1982: “Battisti revelou-me como era o sentimento quando se matava uma pessoa. Ele se referia ao homicídio de Santoro”. Condenada por participar do PAC e se declarando desassociada, ela cumpriu três anos de cárcere e hoje ensina história na Universidade de Verona.

Battisti também matou, em 19 de abril de 1979, o jovem motorista policial Andrea Campana, quando este saía da casa da noiva. Pouco antes, em 16 de fevereiro do mesmo ano, Battisti, na companhia de Diego Giacomini, e com Paola Filippi ao volante do automóvel para garantir a fuga, foi coautor no assassinato do açougueiro Sabbadin. Para despistar e atrair Sabbadin, os assassinos fingiram ser do serviço público de higiene. Coube a Giacomini realizar os disparos, com Battisti a dar cobertura.
Giacomini, no processo criminal, confessou aos integrantes leigos do Tribunal do Júri de Milão: “No que toca ao assassinato de Sabbadin, depois de um atento exame de consciência, devo dizer que fui o autor dos disparos e estava com um companheiro de organização”. Era Battisti, como revelado pelas demais provas. Nesse mesmo 19 de abril, os membros do PAC tinham deliberado consumar duas execuções simultâneas, para impressionar. Assim, um segundo grupo, com Giuseppe Memeo e Gabrielle Grimaldi no papel de executores materiais, eliminou o joalheiro Pierluigi Torregiani, com estabelecimento na periferia noroeste de Milão.

Interessante a revelação de Giacomini, sempre nos autos e em audiência pública, sobre o que se pensava no PAC e que levou à constituição de um grupo de extermínio de comerciantes com Battisti como integrante. Eram selecionados, por leitura de jornais, os comerciantes que tinham reagido a assaltos. Casos do açougueiro Sabbadin e do joalheiro Torregiani: “Nós considerávamos o ladrão um proletário que, como nós, não conseguia emprego e não tinha outro meio para obter um rendimento”. Daí a eliminação dos comerciantes, que eram chamados de “porcos” e “agentes do capitalismo”.

O principal ideólogo do PAC era Arrigo Cavallina, fundador da organização juntamente com Luigi Bergamin e Pietro Mutti. Ambos se desassociaram do PAC e das várias organizações eversivas que integraram depois. Como explicou Giancarlo Caselli, em entrevista a CartaCapital, bastava enviar a juízo a comunicação, sem necessidade de advogado e em qualquer papel. E o desassociado, sem precisar delatar ninguém, recebia um desconto da pena.

Com efeito, Cavallina, condenado à pena de 22 anos pelo homicídio do carcereiro Santoro e por outros delitos, foi o primeiro dos chamados terroristas a se desassociar: à época, não havia esse tipo legal e as condenações foram pelos crimes estabelecidos no Código Penal. Ele se declarou, no processo, responsável por ter feito de Battisti um assassino: “Antes disso tudo, ele era um ladrão comum. Nos conhecemos no cárcere de Udine, em 1977”. Cavallina cumpriu 12 anos de cadeia em razão do abatimento pela desassociação. Deixou o cárcere em 1993. Atualmente trabalha numa associação chamada A Fraternidade.

Luigi Bergamin, outro dos ideólogos, recebeu a pena de 27 anos de reclusão, em face dos homicídios do açougueiro Sabbadin e do motorista policial Campagna. Admitiu os crimes imputados e também desassociou-se da luta armada. Na sentença, ficou consignado que ele “não tinha a mesma fúria sanguinária de Battisti”. Bergamin, formado em economia e direito, é hoje professor em uma escola profissionalizante de Milão. Diego Giacomini é outro desassociado. Recebeu a pena de 15 anos. Preso em 1979, deixou a prisão em 1989. Trabalha, atualmente, numa cooperativa em Padova. Quando integrante do PAC, Giacomini era noivo de Paola Filippi, a motorista da fuga do açougue, que, condenada à pena de 23 anos, fugiu para Paris, onde tem cidadania francesa. Casada com cidadão francês e com um filho lá nascido, ela teve a extradição negada.

Quando da prisão, a 26 de junho de 1979, Battisti estava escondido no apartamento de Silvana Marelli, onde foram apreendidos uma bomba, cinco pistolas automáticas e um fuzil. Como Battisti ainda era considerado um membro da linha militar da luta armada, Mutti promoveu o seu resgate da penitenciária de Frosinone, em 1981. Mutti era operário da Alfa Romeu. Foi preso em 24 de janeiro de 1982. Cumpriu, depois de se desassociar, oito anos de prisão. Ao contrário do sustentado pelos admiradores de Battisti, Mutti não recebe remuneração por ter se arrependido. Também não mudou de identidade. Trabalha como operário e recebe pouco mais de mil euros mensais de salário. Frise-se, não delatou em troca de liberdade, como irresponsavelmente se propalou no Brasil. Ele cumpriu pena de oito anos.

Sante Fantone, que usou o próprio automóvel (a placa foi anotada por uma testemunha), teve crise de consciência, pois não se conformava com os assassinatos. Tornou-se, como Mutti, um desassociado e, depois, colaborador de Justiça. Preso em 1984 e condenado à pena de 12 anos e meio de reclusão, deixou o cárcere em junho de 1990. Fantone vive na Sicília e está inválido em razão de um acidente. Confirmou, em relatos, toda a estrutura e como foram as ações do PAC e os envolvidos. Sobre a atuação de Battisti em assassinatos, contou tudo, com detalhes que lhe foram revelados pelo próprio Battisti.

Giuseppe Memeo, que acompanhou Battisti na execução do motorista policial Campagna, também se desassociou. Condenado à pena de 30 anos de reclusão e preso em julho de 1979, deixou o cárcere depois de cumprir dez anos da pena. Trabalha num grupo de assistência a portadores de HIV. Memeo admitiu ter participado do assassinato de Campagna, mas frisou que os disparos foram feitos pelo seu acompanhante. Quem seria senão Battisti, conforme revelado pelas provas? Um ponto a mais: Sante contou ter estado na casa de Roberto Veronese e, no armário, apanhou uma jaqueta de frio. Então, Veronese o aconselhou a não usá-la: “Era a jaqueta usada por Battisti no dia do assassinato de Campagna”, disse Veronese.

A incriminar Battisti existem, ainda, as confissões de Valerio Caval-loni e Massimo Tirelli, todas a confirmar os outros relatos e as acusações feitas pelos juízes de instrução Pietro Forno, Giuliano Turone, Armando Spataro (definiu Battisti como assassino da pior espécie), Guido Salvini e Luigi Liguori.

Como se nota, a nova mistificação colocada na praça e voltada a influenciar o presidente Lula não resiste ao simples exame dos autos processuais. É dispensável falar, pois não foi objeto do pedido de extradição feito pela Itália ao Brasil, do processo em que Battisti e Roberto Silvi tentaram matar o médico Diego Fava. A pistola de Battisti falhou e Silvi teve de fazer os disparos. O médico, embora ferido, sobreviveu.

Wálter Maierovitch
Walter Maierovitch é jurista e professor, foi desembargador no TJ-SP




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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