Os grandes empresários ocidentais poderão ter, e por certo terão, um fim. Quem os sucederá? Tudo indica que serão os grande empresários dos países emergentes, China, India e até Brasil. Mas, com toda certeza, não serão os comissários do povo dos países ditos socialistas. Acreditar que um eventual agravamento da crise atual poderá conduzir o mundo para o socialismo é, no meu entender, pura ingenuidade.Os grandes empresários ocidentais sabem que as crises em desenvolvimento darão fim, em algum momento, ao sistema capitalista e, previdentes, adiantam o controle absoluto do planeta para impor em seu benefício a civilização seguinte.
GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
Re: GEOPOLÍTICA
Não creio que o autor queira fazer entender assim, nem acho que seja essa uma hipótese razoável.
O autor revela seu viés ideológico no final, quando diz:
"Os pobres de cada país são vítimas do desígnio da Aliança Atlântica, que usará a força para assegurar sua prosperidade. O socialismo do futuro deve sabe-lo, dizê-lo e levantar a alternativa solidária e sustentável por todos".
Não diz que a decadência do capitalismo leva ao temível e perverso socialismo. Infelizmente supor isso desvia o foco da argumentação principal, esta sim, merecedora de atenção, já que faz pensar.
O autor revela seu viés ideológico no final, quando diz:
"Os pobres de cada país são vítimas do desígnio da Aliança Atlântica, que usará a força para assegurar sua prosperidade. O socialismo do futuro deve sabe-lo, dizê-lo e levantar a alternativa solidária e sustentável por todos".
Não diz que a decadência do capitalismo leva ao temível e perverso socialismo. Infelizmente supor isso desvia o foco da argumentação principal, esta sim, merecedora de atenção, já que faz pensar.
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Re: GEOPOLÍTICA
O autor em questão é conduzido pela ideologia e não pelos fatos. Ele está claramente sofismando quando coloca a seguinte afirmação:
Assim posto dá ao leitor a impressão que a OTAN está num crescendo, com aportes gigantescos de recursos. A realidade é que a participação americana está crescendo não por investimentos milionários, mas pela diminuição do aporte dos demais sócios. Algumas páginas atras, neste tópico, discutia-se exatamente isto: A drástica redução dos orçamentos militares dos países europeus.Os gastos militares dos EUA ultrapassam a soma de todos os demais países e sua contribuição para a Aliança Atlântica subiu, de dcez anos para cá, de 49% para 73%.
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: GEOPOLÍTICA
Diplomatas foram enganados por modos cordiais de Saddam na Guerra do Golfo
Uma declaração inábil da embaixadora americana no Iraque provocou a primeira Guerra no Golfo? Os cabogramas americanos vazados mostram que os diplomatas fracassaram em perceber os sinais de que Saddam Hussein estava se preparando para invadir o Kuait e que pintavam seu regime sob luz consistentemente favorável nos anos que antecederam o conflito.
Na manhã de 25 de julho de 1990, o ditador iraquiano Saddam Hussein telefonou para a embaixadora americana no Iraque, April Glaspie. Foi o primeiro encontro dela com Saddam e durou duas horas. E provavelmente entrará para a história como um dos incidentes mais controversos na diplomacia americana.
Naquela noite, Glaspie enviou por cabograma seu relatório sobre a conversa para Washington. Ela o resumiu sob o título: “Mensagem de amizade de Saddam ao presidente Bush”.
Apenas oito dias depois, estourou a guerra quando as tropas de Saddam invadiram o Kuait. A invasão provocou um conflito que duraria mais de 15 anos e terminaria nem mesmo com a morte de Saddam Hussein.
É o pesadelo de todo diplomata. O que transcorreu exatamente no encontro de Glaspie com o presidente iraquiano?
Saddam estava sob pressão em meados dos anos 90. Ele se queixou à embaixadora americana de que os oito anos de guerra com o Irã tinham deixado seu país esgotado e altamente endividado. Ainda pior, o vizinho Kuait estava deliberadamente mantendo baixos os preços do petróleo –tão baixos, de fato, que seu país tinha sido obrigado a cortar as pensões que pagava às viúvas e órfãos.
“A esta altura”, declarou o relatório de Glaspie, “o intérprete e um dos tomadores de notas começaram a chorar”.
Saddam então passou para a questão da disputa de fronteira do Iraque com o Kuait. A conversa se tornou técnica, e ele até mesmo começou a recitar uma lista de distâncias em quilômetros. “A embaixadora”, Glaspie escreveu falando de si mesma, “disse que tinha servido por 20 anos no Kuait; naquela época, como agora, nós não tomamos nenhuma posição a respeito dessas questões árabes”.
Poucas semanas depois, os iraquianos romperam todo protocolo diplomático divulgando uma transcrição resumida da conversa. Nunca antes os Estados Unidos pesaram tão cuidadosamente as palavras de um de seus diplomatas. Nunca antes uma única sentença foi tão discutida quanto à da embaixadora Glaspie.
Os críticos dizem que a resposta dela “confundiu” Saddam Hussein, que ela foi ambígua e vaga demais. Saddam pode ter pensado que os Estados Unidos não interviriam caso atacasse o Kuait. Assim, eles afirmam, Glaspie teve um papel decisivo no início da guerra. Seus defensores dizem que esta crítica é imprópria. Eles apontam que Glaspie disse a Saddam o que qualquer diplomata em sua posição teria dito.
A controvérsia persiste até hoje. Mas novos despachos diplomáticos, recém divulgados pelo WikiLeaks, agora revelam o que os embaixadores americanos em Bagdá informaram a Washington entre 1985 e 1990. Eles mostram o ambiente político no qual Glaspie atuava, a posição americana a respeito de Saddam Hussein na época e o que levou à sentença fatídica dela.
Os Estados Unidos romperam as relações diplomáticas com o Iraque após o conflito entre árabes e israelenses de 1967. A embaixada americana foi reaberta em 1984 e, desde o início, um assunto dominava os relatos dos diplomatas americanos estacionados em Bagdá: o Irã.
Na época, as tropas de Saddam lutavam contra as dos revolucionários do Irã desde as montanhas do Curdistão até o Rio Shatt al Arab, e era bem óbvio de que lado estava a simpatia americana: Washington queria a vitória de Saddam.
Glaspie chegou ao Iraque no final de 1987. Na época ela tinha 46 anos e tinha vasta experiência nos países árabes. Washington certamente não enviou uma novata para Bagdá.
Visão estreita
Uma das primeiras viagens dela foi para se encontrar com os cristãos no norte, cuja situação ela considerou satisfatória. Qualquer “reassentamento” que tenha ocorrido acabou semanas antes. Ela descreveu o governador de Saddam na província de Mosul como “impecavelmente agradável” e seu chefe de segurança como “prestativo e compassivo”. De fato, para onde quer que olhasse, ela estava surpresa em quanto dinheiro o governo iraquiano tinha gasto com sua minoria cristã. Um mosteiro foi reformado e “vários novos vilarejos” –marcados como “vilarejos modelo Saddam”– foram construídos.
Tudo aquilo poderia ser verdade, mas representava uma visão deliberadamente estreita do Iraque no início de 1988. Pois enquanto a embaixadora Glaspie estava visitando Mosul, o primo de Saddam, Ali Hassan al Majid (que viria a ser conhecido como “Ali Químico”), bombardeava os curdos no norte do Iraque, a apenas 250 quilômetros de distância, com gás venenoso. Em 16 e 17 de março de 1988, 10 semanas após a visita, um destino semelhante ocorreu à cidade de Halabja. Cerca de 5 mil pessoas foram mortas ali nesses dois dias, com mais centenas morrendo posteriormente de modo doloroso, devido aos efeitos das armas químicas usadas contra elas.
Não é que a embaixada americana em Bagdá não sabia nada desses ataques. Em meados de fevereiro, Abd al Rahman Qassemlu, um líder curdo iraniano que ficou ao lado de Saddam contra Teerã, foi a Bagdá. Após uma reunião com o ditador, ele também passou na embaixada americana. Ele avisou que não queria nem dinheiro e nem armas. “É claro que sempre é possível ter mais, mas temos o suficiente”, ele disse, segundo um despacho da embaixada.
Ele então narrou o que estava se passando no norte. O relatório disse que o chefe de seu departamento político “perguntou a Qassemlu qual era sua reação diante da campanha iraquiana de destruição das aldeias curdas. Qassemlu reconheceu que a ‘maioria’ das aldeias foi destruída, mas parecia sem nenhuma emoção sobre o assunto”, notou o relatório.
Qassemlu disse aos americanos precisamente quem culpava pelos ataques assassinos ocorridos no norte: “Saddam. Ele está encarregado de tudo”.
Desde cedo, os relatórios americanos começaram a mencionar os temores iraquianos de que os Estados Unidos poderiam abandonar o Iraque por laços mais estreitos com Teerã. Em um cabograma para Washington, escreveu Glaspie: “Nós tranquilizamos os iraquianos no alto escalão e por diferentes canais de que não contemplamos uma ‘inclinação’ em qualquer direção”.
Colaboração excelente
Perto do fim da guerra Irã-Iraque, no segundo trimestre de 1988, os cabogramas da embaixada americana falavam de um crescente otimismo dentro do Iraque. Os diplomatas informaram uma colaboração excelente nos bastidores.
Quando a guerra Irã-Iraque finalmente acabou após oito anos e quase meio milhão de mortos, Glaspie colocou a palavra “vitória” entre aspas; mas assim que a celebração passou, os relatos novamente passaram a se concentrar na ameaça iraniana que criou o elo primário entre o regime de Saddam e os Estados Unidos –passando por cima de todas as queixas sobre assassinatos, armas químicas e violações de direitos humanos. “Nós duvidamos que os iraquianos sejam ingênuos a ponto de acreditarem que qualquer regime clerical no Irã, mesmo após a morte de Khomeini, renunciará à revolução ou a seus elementos integrais, o expansionismo e a interferência nos assuntos internos de outros países, principalmente do Iraque.”
Mas então, no início dos anos 90, “nuvens escuras” se formaram sobre o relacionamento do Iraque com os Estados Unidos, nas palavras do próprio Saddam, falando em uma coletiva de imprensa após uma visita do presidente do Egito, Hosni Mubarak. Saddam atribuiu a deterioração a uma suposta interferência de um “lobby sionista” na política americana. Isso preocupou a embaixadora americana? Ela se preocupou com a escolha de palavras do ditador iraquiano?
Não. Ela apenas enviou para casa um relatório intitulado “Saddam explica e defende”. No despacho, Glaspie falou sobre a posição de Saddam como “talvez derivando de seu antigo esforço para promover um senso de identidade para os ‘iraquianos’ –um senso que ele frequentemente se lembra de carecer quando era menino”. Sua avaliação do presidente iraquiano em abril de 1990 foi a seguinte: “Saddam não está fazendo pose. Ele está genuinamente preocupado com Israel e com o Irã”.
Em maio daquele ano, os chefes de Estado da Liga Árabe se reuniram em Bagdá, tendo como fundo as ameaças de Saddam contra o Kuait e os Emirados Árabes Unidos. De novo, Glaspie elogiou os esforços de Saddam. Ela disse que ele “deu um passo à frente” e reuniu os árabes, apesar de que no “menor denominador comum”.
‘Liderança intelectual’
Ela realmente não viu as nuvens de tempestade se formando no horizonte? No início de junho, Glaspie enviou um cabograma a Washington com o título –aparentemente sem ironia– “Liderança Intelectual”. Ela disse que Saddam tinha passado recentemente muitas horas com um grupo de seis homens finalizando uma nova Constituição. A embaixadora pediu ao Departamento de Estado para anotar os nomes dos homens, porque esse projeto era “importante”, como se Saddam estivesse seriamente pensando na Constituição iraquiano apenas dois meses antes de suas tropas invadirem o Kuait, se de fato esse notório conspirador e mestre da espionagem alguma vez tenha levado uma Constituição a sério em sua vida.
A julgar por seus memorandos, a embaixadora sabia muito pouco sobre as dúvidas perturbadoras que alguns membros do círculo interno de Saddam tinham a respeito de seus planos de invasão cada vez mais concretos. Os rumores de que ele estava sob pressão internamente foram desprezados por Glaspie como meras invenções por parte do Irã e dos exilados iraquianos. E ela rejeitou explicitamente um relatório da embaixada americana no Kuait, que dizia que o comportamento errático de Saddam sugeria “pressões internas e instabilidade de seu regime” –o que, olhando para trás, parece altamente provável. O embaixador em Bagdá insistiu que Saddam era motivado por muitas coisas, mas rumores de golpe não eram um deles.
Isso foi seguido por dois parágrafos que levantam sérias dúvidas a respeito da objetividade de Glaspie em relação ao regime de Saddam: “Nós não estamos sugerindo”, ela escreve, “que não existam algumas ‘ações disciplinares’ ocasionais aqui. Por exemplo, o adc (nota do editor: o ajudante de ordens) curdo de longa data do presidente, Sabah Mizra, sem dúvida rasurou seu livro de notas neste ano. Ele foi preso e pode estar morto”.
E de qualquer forma, ela acrescentou, Saddam está apenas tentando “melhorar o bem-estar dos cidadãos. O partido não tem dificuldade em mobilizar milhares de árabes (não curdos) iraquianos para saudar seu presidente”.
Em junho de 1990, a emissora de televisão americana “ABC” transmitiu uma entrevista que a jornalista Diane Sawyer fez com Saddam Hussein, após mediação da embaixada americana. Os iraquianos ficaram furiosos, porque a conversa de três horas foi editada para 20 minutos. De novo, Glaspie pediu pela compreensão tanto do secretário pessoal de Saddam quanto de Washington. Ela disse que Saddam não estava “jogando a toalha”. Ele estava defendendo sua “nova política de disponibilidade à imprensa ocidental (‘Le Figaro’ é o próximo) e sua disposição de permitir que o público iraquiano o visse e ouvisse sem cortes e sem retoques”.
A entrevista de Sawyer também apareceu na conversa contenciosa de Glaspie com Saddam, em 25 de julho. Glaspie escreveu, se referindo a si mesma, “a embaixadora disse que assistiu ao programa de Diane Sawyer e o considerou barato e injusto. Mas a imprensa americana trata todos os políticos sem gentileza –este é o nosso modo”.
Saddam “cordial, razoável e até mesmo caloroso”
Se o seu comentário sobre a neutralidade americana nas disputas de fronteira árabes fizeram Saddam decidir invadir o Kuait é uma pergunta que talvez apenas o próprio Saddam poderia responder com certeza. Mas os despachos diplomáticos que vazaram mostram que Glaspie e seu antecessor viam o regime de forma extremamente favorável desde o início, fizeram vista grossa para os crimes amplamente conhecidos de Saddam e foram tão influenciados pela inimizade mútua com o Irã a ponto de serem negligentemente não críticos. Essa atitude certamente influenciou a reunião fatídica de Glaspie com Saddam.
A postura do presidente foi “cordial, razoável e até mesmo calorosa”, começa seu relato da reunião. Ele termina concluindo que ele sem dúvida era sincero ao “buscar um acordo pacífico” para o conflito com o vizinho Kuait. Entre eles se encontra parágrafo após parágrafo listando o suposto egoísmo do Kuait e os sacrifícios e intenções pacíficas dos iraquianos.
Saddam Hussein sem dúvida enganou a embaixadora americana, apesar de que também em seu próprio detrimento. Mas ela particularmente não dificultou para ele.
A embaixada enviou mais quatro despachos para Washington antes do início da guerra. Um começa com a crença equivocada de que Saddam estava realmente respondendo às tentativas de mediação mais recentes tentadas pelo presidente do Egito, Hosni Mubarak, mas termina com a análise etnológica que diz mais a respeito dos motivos para a guerra do que muitas avaliações posteriores:
“É difícil exagerar a profundidade do sentimento antikuaitiano no Iraque. Este é um fundo extremamente importante para as tensões atuais. E a antipatia é velha e profunda –não algo estimulado pela mídia para a ocasião.”
“Os kuaitianos que chegam ao Iraque com bolsos cheios de dinares iraquianos (comprados com cotação do mercado negro que é menos que um décimo da taxa de câmbio oficial) e que gastam ostentosamente, não são de classe média educada –estes vão para a Europa. O Iraque recebe o equivalente ao ‘lixo branco pobre’, a classe média baixa, que pode ser vista em grande número em Basra na sexta-feira e nos resorts de verão do norte, frequentemente bêbada, às vezes desordeira, e geralmente apostando em cassinos fora isso vazios. Ela também vai para Bagdá em grande número, fornecendo clientela para as boates baratas e para as garotas de programa.”
“Os iraquianos sentem profundamente que os kuaitianos são grandes sovinas vivendo ostentosamente enquanto o Iraque, que fez sacrifícios terríveis durante a guerra, ainda está sofrendo.”
Quatro dias depois, a embaixadora Glaspie voou para Washington. Sete dias depois, em 2 de agosto de 1990, as tropas iraquianas invadiram o Kuait.
Naquele dia, o vice de Glaspie, Joseph Wilson, que ficou famoso 13 anos depois como o marido da espiã desmascarada da CIA, Valerie Plame, enviou ao Departamento de Estado a mensagem mais breve que a embaixada em Bagdá já tinha enviado: “Nós tentamos repetidamente, desde 0630 local, contatar os altos funcionários diplomáticos, incluindo o ministro Aziz. O subsecretário Hamdun aparentemente não está em casa, já que ninguém atende seu telefone de casa (…) A embaixada enviou uma equipe de gestão de crise”.
Saddam tinha atacado. E da noite para o dia, ele passou de aliado americano por quase 10 anos a inimigo mortal. Tudo o que antes parecia certo, repentinamente estava errado.
Fonte: UOL
http://planobrasil.com/2010/12/08/diplo ... -do-golfo/
Uma declaração inábil da embaixadora americana no Iraque provocou a primeira Guerra no Golfo? Os cabogramas americanos vazados mostram que os diplomatas fracassaram em perceber os sinais de que Saddam Hussein estava se preparando para invadir o Kuait e que pintavam seu regime sob luz consistentemente favorável nos anos que antecederam o conflito.
Na manhã de 25 de julho de 1990, o ditador iraquiano Saddam Hussein telefonou para a embaixadora americana no Iraque, April Glaspie. Foi o primeiro encontro dela com Saddam e durou duas horas. E provavelmente entrará para a história como um dos incidentes mais controversos na diplomacia americana.
Naquela noite, Glaspie enviou por cabograma seu relatório sobre a conversa para Washington. Ela o resumiu sob o título: “Mensagem de amizade de Saddam ao presidente Bush”.
Apenas oito dias depois, estourou a guerra quando as tropas de Saddam invadiram o Kuait. A invasão provocou um conflito que duraria mais de 15 anos e terminaria nem mesmo com a morte de Saddam Hussein.
É o pesadelo de todo diplomata. O que transcorreu exatamente no encontro de Glaspie com o presidente iraquiano?
Saddam estava sob pressão em meados dos anos 90. Ele se queixou à embaixadora americana de que os oito anos de guerra com o Irã tinham deixado seu país esgotado e altamente endividado. Ainda pior, o vizinho Kuait estava deliberadamente mantendo baixos os preços do petróleo –tão baixos, de fato, que seu país tinha sido obrigado a cortar as pensões que pagava às viúvas e órfãos.
“A esta altura”, declarou o relatório de Glaspie, “o intérprete e um dos tomadores de notas começaram a chorar”.
Saddam então passou para a questão da disputa de fronteira do Iraque com o Kuait. A conversa se tornou técnica, e ele até mesmo começou a recitar uma lista de distâncias em quilômetros. “A embaixadora”, Glaspie escreveu falando de si mesma, “disse que tinha servido por 20 anos no Kuait; naquela época, como agora, nós não tomamos nenhuma posição a respeito dessas questões árabes”.
Poucas semanas depois, os iraquianos romperam todo protocolo diplomático divulgando uma transcrição resumida da conversa. Nunca antes os Estados Unidos pesaram tão cuidadosamente as palavras de um de seus diplomatas. Nunca antes uma única sentença foi tão discutida quanto à da embaixadora Glaspie.
Os críticos dizem que a resposta dela “confundiu” Saddam Hussein, que ela foi ambígua e vaga demais. Saddam pode ter pensado que os Estados Unidos não interviriam caso atacasse o Kuait. Assim, eles afirmam, Glaspie teve um papel decisivo no início da guerra. Seus defensores dizem que esta crítica é imprópria. Eles apontam que Glaspie disse a Saddam o que qualquer diplomata em sua posição teria dito.
A controvérsia persiste até hoje. Mas novos despachos diplomáticos, recém divulgados pelo WikiLeaks, agora revelam o que os embaixadores americanos em Bagdá informaram a Washington entre 1985 e 1990. Eles mostram o ambiente político no qual Glaspie atuava, a posição americana a respeito de Saddam Hussein na época e o que levou à sentença fatídica dela.
Os Estados Unidos romperam as relações diplomáticas com o Iraque após o conflito entre árabes e israelenses de 1967. A embaixada americana foi reaberta em 1984 e, desde o início, um assunto dominava os relatos dos diplomatas americanos estacionados em Bagdá: o Irã.
Na época, as tropas de Saddam lutavam contra as dos revolucionários do Irã desde as montanhas do Curdistão até o Rio Shatt al Arab, e era bem óbvio de que lado estava a simpatia americana: Washington queria a vitória de Saddam.
Glaspie chegou ao Iraque no final de 1987. Na época ela tinha 46 anos e tinha vasta experiência nos países árabes. Washington certamente não enviou uma novata para Bagdá.
Visão estreita
Uma das primeiras viagens dela foi para se encontrar com os cristãos no norte, cuja situação ela considerou satisfatória. Qualquer “reassentamento” que tenha ocorrido acabou semanas antes. Ela descreveu o governador de Saddam na província de Mosul como “impecavelmente agradável” e seu chefe de segurança como “prestativo e compassivo”. De fato, para onde quer que olhasse, ela estava surpresa em quanto dinheiro o governo iraquiano tinha gasto com sua minoria cristã. Um mosteiro foi reformado e “vários novos vilarejos” –marcados como “vilarejos modelo Saddam”– foram construídos.
Tudo aquilo poderia ser verdade, mas representava uma visão deliberadamente estreita do Iraque no início de 1988. Pois enquanto a embaixadora Glaspie estava visitando Mosul, o primo de Saddam, Ali Hassan al Majid (que viria a ser conhecido como “Ali Químico”), bombardeava os curdos no norte do Iraque, a apenas 250 quilômetros de distância, com gás venenoso. Em 16 e 17 de março de 1988, 10 semanas após a visita, um destino semelhante ocorreu à cidade de Halabja. Cerca de 5 mil pessoas foram mortas ali nesses dois dias, com mais centenas morrendo posteriormente de modo doloroso, devido aos efeitos das armas químicas usadas contra elas.
Não é que a embaixada americana em Bagdá não sabia nada desses ataques. Em meados de fevereiro, Abd al Rahman Qassemlu, um líder curdo iraniano que ficou ao lado de Saddam contra Teerã, foi a Bagdá. Após uma reunião com o ditador, ele também passou na embaixada americana. Ele avisou que não queria nem dinheiro e nem armas. “É claro que sempre é possível ter mais, mas temos o suficiente”, ele disse, segundo um despacho da embaixada.
Ele então narrou o que estava se passando no norte. O relatório disse que o chefe de seu departamento político “perguntou a Qassemlu qual era sua reação diante da campanha iraquiana de destruição das aldeias curdas. Qassemlu reconheceu que a ‘maioria’ das aldeias foi destruída, mas parecia sem nenhuma emoção sobre o assunto”, notou o relatório.
Qassemlu disse aos americanos precisamente quem culpava pelos ataques assassinos ocorridos no norte: “Saddam. Ele está encarregado de tudo”.
Desde cedo, os relatórios americanos começaram a mencionar os temores iraquianos de que os Estados Unidos poderiam abandonar o Iraque por laços mais estreitos com Teerã. Em um cabograma para Washington, escreveu Glaspie: “Nós tranquilizamos os iraquianos no alto escalão e por diferentes canais de que não contemplamos uma ‘inclinação’ em qualquer direção”.
Colaboração excelente
Perto do fim da guerra Irã-Iraque, no segundo trimestre de 1988, os cabogramas da embaixada americana falavam de um crescente otimismo dentro do Iraque. Os diplomatas informaram uma colaboração excelente nos bastidores.
Quando a guerra Irã-Iraque finalmente acabou após oito anos e quase meio milhão de mortos, Glaspie colocou a palavra “vitória” entre aspas; mas assim que a celebração passou, os relatos novamente passaram a se concentrar na ameaça iraniana que criou o elo primário entre o regime de Saddam e os Estados Unidos –passando por cima de todas as queixas sobre assassinatos, armas químicas e violações de direitos humanos. “Nós duvidamos que os iraquianos sejam ingênuos a ponto de acreditarem que qualquer regime clerical no Irã, mesmo após a morte de Khomeini, renunciará à revolução ou a seus elementos integrais, o expansionismo e a interferência nos assuntos internos de outros países, principalmente do Iraque.”
Mas então, no início dos anos 90, “nuvens escuras” se formaram sobre o relacionamento do Iraque com os Estados Unidos, nas palavras do próprio Saddam, falando em uma coletiva de imprensa após uma visita do presidente do Egito, Hosni Mubarak. Saddam atribuiu a deterioração a uma suposta interferência de um “lobby sionista” na política americana. Isso preocupou a embaixadora americana? Ela se preocupou com a escolha de palavras do ditador iraquiano?
Não. Ela apenas enviou para casa um relatório intitulado “Saddam explica e defende”. No despacho, Glaspie falou sobre a posição de Saddam como “talvez derivando de seu antigo esforço para promover um senso de identidade para os ‘iraquianos’ –um senso que ele frequentemente se lembra de carecer quando era menino”. Sua avaliação do presidente iraquiano em abril de 1990 foi a seguinte: “Saddam não está fazendo pose. Ele está genuinamente preocupado com Israel e com o Irã”.
Em maio daquele ano, os chefes de Estado da Liga Árabe se reuniram em Bagdá, tendo como fundo as ameaças de Saddam contra o Kuait e os Emirados Árabes Unidos. De novo, Glaspie elogiou os esforços de Saddam. Ela disse que ele “deu um passo à frente” e reuniu os árabes, apesar de que no “menor denominador comum”.
‘Liderança intelectual’
Ela realmente não viu as nuvens de tempestade se formando no horizonte? No início de junho, Glaspie enviou um cabograma a Washington com o título –aparentemente sem ironia– “Liderança Intelectual”. Ela disse que Saddam tinha passado recentemente muitas horas com um grupo de seis homens finalizando uma nova Constituição. A embaixadora pediu ao Departamento de Estado para anotar os nomes dos homens, porque esse projeto era “importante”, como se Saddam estivesse seriamente pensando na Constituição iraquiano apenas dois meses antes de suas tropas invadirem o Kuait, se de fato esse notório conspirador e mestre da espionagem alguma vez tenha levado uma Constituição a sério em sua vida.
A julgar por seus memorandos, a embaixadora sabia muito pouco sobre as dúvidas perturbadoras que alguns membros do círculo interno de Saddam tinham a respeito de seus planos de invasão cada vez mais concretos. Os rumores de que ele estava sob pressão internamente foram desprezados por Glaspie como meras invenções por parte do Irã e dos exilados iraquianos. E ela rejeitou explicitamente um relatório da embaixada americana no Kuait, que dizia que o comportamento errático de Saddam sugeria “pressões internas e instabilidade de seu regime” –o que, olhando para trás, parece altamente provável. O embaixador em Bagdá insistiu que Saddam era motivado por muitas coisas, mas rumores de golpe não eram um deles.
Isso foi seguido por dois parágrafos que levantam sérias dúvidas a respeito da objetividade de Glaspie em relação ao regime de Saddam: “Nós não estamos sugerindo”, ela escreve, “que não existam algumas ‘ações disciplinares’ ocasionais aqui. Por exemplo, o adc (nota do editor: o ajudante de ordens) curdo de longa data do presidente, Sabah Mizra, sem dúvida rasurou seu livro de notas neste ano. Ele foi preso e pode estar morto”.
E de qualquer forma, ela acrescentou, Saddam está apenas tentando “melhorar o bem-estar dos cidadãos. O partido não tem dificuldade em mobilizar milhares de árabes (não curdos) iraquianos para saudar seu presidente”.
Em junho de 1990, a emissora de televisão americana “ABC” transmitiu uma entrevista que a jornalista Diane Sawyer fez com Saddam Hussein, após mediação da embaixada americana. Os iraquianos ficaram furiosos, porque a conversa de três horas foi editada para 20 minutos. De novo, Glaspie pediu pela compreensão tanto do secretário pessoal de Saddam quanto de Washington. Ela disse que Saddam não estava “jogando a toalha”. Ele estava defendendo sua “nova política de disponibilidade à imprensa ocidental (‘Le Figaro’ é o próximo) e sua disposição de permitir que o público iraquiano o visse e ouvisse sem cortes e sem retoques”.
A entrevista de Sawyer também apareceu na conversa contenciosa de Glaspie com Saddam, em 25 de julho. Glaspie escreveu, se referindo a si mesma, “a embaixadora disse que assistiu ao programa de Diane Sawyer e o considerou barato e injusto. Mas a imprensa americana trata todos os políticos sem gentileza –este é o nosso modo”.
Saddam “cordial, razoável e até mesmo caloroso”
Se o seu comentário sobre a neutralidade americana nas disputas de fronteira árabes fizeram Saddam decidir invadir o Kuait é uma pergunta que talvez apenas o próprio Saddam poderia responder com certeza. Mas os despachos diplomáticos que vazaram mostram que Glaspie e seu antecessor viam o regime de forma extremamente favorável desde o início, fizeram vista grossa para os crimes amplamente conhecidos de Saddam e foram tão influenciados pela inimizade mútua com o Irã a ponto de serem negligentemente não críticos. Essa atitude certamente influenciou a reunião fatídica de Glaspie com Saddam.
A postura do presidente foi “cordial, razoável e até mesmo calorosa”, começa seu relato da reunião. Ele termina concluindo que ele sem dúvida era sincero ao “buscar um acordo pacífico” para o conflito com o vizinho Kuait. Entre eles se encontra parágrafo após parágrafo listando o suposto egoísmo do Kuait e os sacrifícios e intenções pacíficas dos iraquianos.
Saddam Hussein sem dúvida enganou a embaixadora americana, apesar de que também em seu próprio detrimento. Mas ela particularmente não dificultou para ele.
A embaixada enviou mais quatro despachos para Washington antes do início da guerra. Um começa com a crença equivocada de que Saddam estava realmente respondendo às tentativas de mediação mais recentes tentadas pelo presidente do Egito, Hosni Mubarak, mas termina com a análise etnológica que diz mais a respeito dos motivos para a guerra do que muitas avaliações posteriores:
“É difícil exagerar a profundidade do sentimento antikuaitiano no Iraque. Este é um fundo extremamente importante para as tensões atuais. E a antipatia é velha e profunda –não algo estimulado pela mídia para a ocasião.”
“Os kuaitianos que chegam ao Iraque com bolsos cheios de dinares iraquianos (comprados com cotação do mercado negro que é menos que um décimo da taxa de câmbio oficial) e que gastam ostentosamente, não são de classe média educada –estes vão para a Europa. O Iraque recebe o equivalente ao ‘lixo branco pobre’, a classe média baixa, que pode ser vista em grande número em Basra na sexta-feira e nos resorts de verão do norte, frequentemente bêbada, às vezes desordeira, e geralmente apostando em cassinos fora isso vazios. Ela também vai para Bagdá em grande número, fornecendo clientela para as boates baratas e para as garotas de programa.”
“Os iraquianos sentem profundamente que os kuaitianos são grandes sovinas vivendo ostentosamente enquanto o Iraque, que fez sacrifícios terríveis durante a guerra, ainda está sofrendo.”
Quatro dias depois, a embaixadora Glaspie voou para Washington. Sete dias depois, em 2 de agosto de 1990, as tropas iraquianas invadiram o Kuait.
Naquele dia, o vice de Glaspie, Joseph Wilson, que ficou famoso 13 anos depois como o marido da espiã desmascarada da CIA, Valerie Plame, enviou ao Departamento de Estado a mensagem mais breve que a embaixada em Bagdá já tinha enviado: “Nós tentamos repetidamente, desde 0630 local, contatar os altos funcionários diplomáticos, incluindo o ministro Aziz. O subsecretário Hamdun aparentemente não está em casa, já que ninguém atende seu telefone de casa (…) A embaixada enviou uma equipe de gestão de crise”.
Saddam tinha atacado. E da noite para o dia, ele passou de aliado americano por quase 10 anos a inimigo mortal. Tudo o que antes parecia certo, repentinamente estava errado.
Fonte: UOL
http://planobrasil.com/2010/12/08/diplo ... -do-golfo/
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Re: GEOPOLÍTICA
Máquina do Tempo e Cassandras de plantão TREMEI...
Previsões !!!!!!!!
Vale a pena guardarmos este e-mail e conferirmos com o passar do tempo!
Por: Hugo Studart
Conheci Dilma o suficiente para arriscar algumas previsões sobre seu governo. Se o câncer não a pegar, vai trair Lula em menos de dois anos. Logo-logo os ministros com espinha-dorsal vão cair fora por não aguentarem humilhações e maus-tratos; e seu governo será integrado exclusivamente por invertebrados com interesses pessoais não-republicanos. Seu lado bom é que na economia vai tentar crescer mais do que Lula ousou. Contudo, Dilma vai aprofundar uma economia baseada nos oligopólios setoriais, no qual cerca de 30 mega-corporações vão receber todo apoio do Estado para criar o sub-imperialismo sul-americano. Vejam por quê:
Getúlio Vargas gostava de se apresentar como “Pai dos Pobres”. A velha UDN , sempre corrosiva, acusava-o de ser também “Mãe dos Ricos”. Nada mais pertinente para aquele que foi, simultaneamente, o pai do populismo e a mãe do desenvolvimentismo brasileiro. Como Getúlio, Lula fez dois governos populistas, distribuindo, à moda de César, pão e circo aos plebeus. E ajudou tanto os banqueiros, os grandes empresários e os muito ricos, que Getúlio, se vivo estivesse, ficaria constrangido de rubor. Mas o crescimento econômico na Era Lula foi absolutamente medíocre. Se as previsões de que Dilma Roussef vai dar continuidade ao lulismo, como promete, tudo leva a crer que venha a ser, como Getúlio e Lula tentaram, a primeira e verdadeira “mãe dos pobres e pai dos ricos”.
Quem conhece bem Dilma Roussef garante que seria uma doida de pedra, caso de camisa de força, um misto de Nero com Stalin, grosseira como o primeiro e totalitária como o segundo. Talvez seja exagero da oposição, talvez… Como um acadêmico, devo evitar usar certos adjetivos fortes. De qualquer forma, relato aos senhores, prezados leitores, que eu a conheci pessoalmente, eu jornalista, ela autoridade do governo Lula. Primeiro como ministra das Minas e Energia, depois como chefe da Casa Civil.
Tivemos algumas entrevistas, nas quais só ela respondia e eu pouco perguntava. Fiz parte da regra, não sou exceção. Nossa primeira entrevista começou 1h30 da madrugada e se estendeu até as 3h. Não me lembro de ter conseguido fazer mais do que duas ou três perguntas. Venho acompanhando há oito anos sua trajetória pública, os bastidores das suas aventuras. Tenho o orgulho de ter sido o primeiro jornalista a registrar a decisão de Lula de fazê-la candidata à sua sucessão. O acordo era Dilma governar apenas um mandato, quatro anos, mantendo a cadeira para Lula se candidatar em 2014. Somente uns três meses depois começaram as especulações sobre Dilma candidata. Enfim, conheço Dilma o suficiente para registrar aqui algumas previsões sobre seu futuro governo, caso se confirme nas urnas o que avisam as pesquisas.
ROMPIMENTO COM LULA
Como suas alianças com os aiatolás e com Hugo Chávez foram passos absolutamente idiotas e irreversíveis, Lula perdeu a chance de realizar o sonho de presidir a ONU ou ganhar o Nobel da Paz. Mas não vai se conformar em vestir o pijama, não quer virar um Fernando Henrique. Lula vai querer ficar dando pitaco em tudo. Quanto a Dilma, totalitária em seu DNA, stalinista e prepotente, vai começar a achar que ganhou a eleição pelos seus belos olhos, por sua suposta competência como “mãe do PAC”. Vai querer fazer seu próprio governo. Os dois vão acabar rompendo. No máximo em dois anos, anotem aí.
FORMAÇÃO DA PRIMEIRA EQUIPE
Ela deve aceitar que seu governo, numa primeira fase, seja nomeado por Lula e pelos dois “rasputins”, José Dirceu e Antônio Palocci. O PT vai ficar com o núcleo duro, ou seja, as áreas de coordenação política e econômica. Dilma tem poucos quadros pessoais, como Erenice Guerra (finada, foi-se) e Valter Cardeal (agora queimado). Sobrou Maria Luiza Foster, hoje diretora da Petrobrás e alguns raros novos amigos, como o petista José Eduardo Cardoso e José Eduardo Dutra. Quanto aos demais ministérios, a serem loteados com os aliados, o PT vem tentando avançar sobre as áreas onde dá para fazer mais caixa dois. Contudo, a tendência é manter os atuais feudos. Até ai, nenhuma grande novidade. Vamos então às previsões.
SEGUNDA EQUIPE DE GOVERNO
Em menos de um ano, anotem aí a previsão, os ministros com alguma personalidade, algum caráter ou vergonha na cara, começarão a pipocar do governo em razão de grosserias, humilhações, futricas e maus tratos da mandatária. Nelson Jobim, que tende a ficar na Defesa (assim Dilma não precisa entregar ao PMDB mais um ministério onde dá para fazer caixa), deverá ser dos primeiros. Mas sai ainda em 2011, anotem aí. Esses ministros serão em quase totalidade substituídos por gente de terceira categoria, capachos dispostos a aguentar as explosões emocionais da mandatária em troca de algum interesse inconfessável.
NOVOS AMIGOS
Vai ter um momento que a Dilma vai estar cercada essencialmente de invertebrados e de batedores de carteira. Gente da pior qualidade, capachos despreparados mas com interesses privados claros, como a finada Erenice Guerra. É muito curioso que seu principal consigliere, atual melhor-amigo-de-infancia, seja o suplente de senador Gim Argello, do PTB do DF. Vale à pena acompanhar o governo Dilma pelos passos (e enriquecimento) de Gim.
DIRCEU OU PALOCCI?
De gente que pensa, a tendência é ficar apenas com Franklin Martins, antigo companheiro de armas, e José Eduardo Cardozo. Entre Dirceu e Palocci, aposto no segundo a longo prazo. Dirceu controla o PT; a tendência é Dilma querer se livrar dos grilhões, querer ficar livre, leve e solta para buscar um vôo-solo. Palocci controla o “mercado”, ou seja, as contribuições do caixa dois. Pode ser bem mais útil para Dilma.
PARALISIA ADMINISTRATIVA
O governo não vai andar, vai ficar todo travado por conta do excesso de centralismo democrático da presidenta. Ela acredita que informação seja poder. Não vai dividir informação com ninguém. Alias, enquanto foi ministra da Casa Civil, o governo só andou porque Lula colocou duas assessoras pessoais e suas equipes para controlar os ministérios pelos bastidores, Miriam Belchior e Clara Ant. Com sua mania de centralizar, controlar e querer saber de tudo, Dilma sempre atrapalhou mais do que ajudou.
RELAÇÃO COM O CONGRESSO
Tende a ser desastrosa. Dilma jamais gostou de negociar. O negócio dela é impor. Os parlamentares eleitos, por sua vez, têm em quase totalidade o DNA clientelista, franciscano, “é dando que se recebe”. Dilma tende a perder a paciência e a tentar passar o trator no Congresso, como registra todos os episódios de sua biografia. Paralisia política, impasses institucionais, talvez até crise de poderes. Ela não deve conseguir aprovar no Congresso nenhuma reforma relevante. O que não aprovar em seis meses, no máximo no primeiro ano de governo, não deve aprovar mais. A não ser que caia na tentação de tentar o “chavismo”.
IDEOLOGIA? ORA, O NEGÓCIO É…
Engana-se quem acredita que a ex-guerrilheira Dilma seja movida pela ideologia. Nos tempos de militância esquerdista e clandestinidade, ela notabilizava-se entre os guerrilheiros por duas características singulares. Primeiro, o amor pela futrica e por provocar divisões. O ex-companheiro Carlos Lamarca morreu chamando-a de “cobra”, “maquiavélica”. Outra característica era sua atração pelo dinheiro. Ela convenceu Lamarca que tinha uma grande organização, a Colina, com milhares de militantes prontos a pegar em armas pela revolução. Tinha só ela, o marido de então, um companheiro bonito chamado Breno e mais dois ou três gatos-pingados. Convenceu Lamarca a fundir o grande Colina e com a VPR em igualdade de condições, criando a VAR-Palmares. Convenceu Lamarca a assaltar o cofre do Adhemar de Barros, no mais ousado episódio da guerrilha. Por fim, convenceu a todos a rejeitar o “militarismo” de Lamarca e seus sargentos. Ela e o marido ficaram com o controle de quase todo o dinheiro do assalto, deixando Lamarca em dificuldades.
CAIXA DE CAMPANHA
Faço aqui uma previsão tão ousada quanto polêmica. Nossa presidenta tende a tentar fazer seu próprio caixa de campanha, fora do caixa dois do PT, a fim de ganhar a independência em relação Lula. Ela sonha ter o próprio grupo. Precisa de dinheiro para financiar a política.
BRASIL GRANDE
Do lado bom, Dilma vai tentar acelerar um pouco o crescimento econômico. Isso é tão certo quanto o futuro rompimento com Lula. Como Adhemar, Médici e Maluf, ela gosta de obra grande, de usinas hidroelétricas gigantescas, de portos e auto-estradas rasgando a imensidão desse Brasil. Deveria ter sido ministra do governo Médici. Quer ressuscitar o Brasil Grande, mas com um viés de esquerda – ou daquilo que ela chama de esquerda. Confesso que não consigo ver muita diferença no PAC de Dilma com os projetos de Médici e Geisel.
SUB-IMPERIALISMO BRASILEIRO
No plano internacional, não vai trombar em hipótese alguma com os EUA. Acho até que vai dar uma guinada à direita. O jogo internacional dela é o sub-imperialismo. Vai usar dinheiro público para financiar grandes corporações brasileiras, criar oligopólios nacionais e sul-americanos. Os maiores beneficiários de seu governo serão Gerdau, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Votorantim, Bradesco, etc. E a Vale? Ora, a Vale é do Bradesco.
OLIGOPÓLIOS
Noam Chomsky, o mais instigante pensador da atualidade, tenta explicar a economia globalizada de uma forma singular. Segundo ele, não vivemos o capitalismo, nem nos Estados Unidos, nem na Europa. O sistema que haveria seria o do estatismo oligopolizante. A economia é toda organizada por oligopólios, com cinco ou seis mega-corporações dominando cada um dos principais setores da economia – bancos, siderúrgica, petro-química, mídia, fármacos, tecnologia, etc. Ao sistema não interessa monopólios, como o que a Microsoft tentou firmar, mas sim oligopólios. E essas mega-corporações oligopolistas, por sua vez, precisam da ajuda dos Estados e dos políticos para firmarem-se como corporações globais. Financiam os políticos que, no poder, lhes dão concessões de todo o tipo. Chomsky referia-se aos EUA, Europa e Japão.
Poderia estar falando do Brasil que Lula entrega à Dilma. Pensem num setor. Bancos, por exemplo: Há dois grandes estatais, BB e Caixa, dois privados nacionais, Bradesco e Itaú, e dois estrangeiros, Santander e HSBC – o resto não conta. Construção: Odebrecht, Andrade e Camargo. Se listarmos os cinco principais setores econômicos – Bancos, Construção, Siderurgico-Metalúrgico, Petroquímico e Farmacêutico, vamos descobrir que, no Brasil, menos de 30 empresas controlam dois terços dos empréstimos subsidiados do BNDES e 90% dos investimentos dos fundos de pensão das Estatais. Outra curiosidade: essas 30 empresas desses cinco setores financiaram a maior parte da campanha de Dilma e do PT, deixando Serra e os tucanos na mão. Mas essa é outra história a ser contada em detalhes em outra ocasião.
Por enquanto fica aqui o registro: essas 30 empresas desses cinco oligopólios, vão receber no governo Dilma todo subsídio que precisarem do BNDES para consolidarem ainda mais o oligopólio interno e o sub-imperialismo na América do Sul. Também vão receber dinheiro direto dos fundos de pensão das Estatais para fazer o mesmo. O governo Dilm, enfim será essencialmente oligopolista e sub-imperialista. Anotem as previsões.
Hugo Studart
Jornalista e historiador, professor e pesquisador
Previsões !!!!!!!!
Vale a pena guardarmos este e-mail e conferirmos com o passar do tempo!
Por: Hugo Studart
Conheci Dilma o suficiente para arriscar algumas previsões sobre seu governo. Se o câncer não a pegar, vai trair Lula em menos de dois anos. Logo-logo os ministros com espinha-dorsal vão cair fora por não aguentarem humilhações e maus-tratos; e seu governo será integrado exclusivamente por invertebrados com interesses pessoais não-republicanos. Seu lado bom é que na economia vai tentar crescer mais do que Lula ousou. Contudo, Dilma vai aprofundar uma economia baseada nos oligopólios setoriais, no qual cerca de 30 mega-corporações vão receber todo apoio do Estado para criar o sub-imperialismo sul-americano. Vejam por quê:
Getúlio Vargas gostava de se apresentar como “Pai dos Pobres”. A velha UDN , sempre corrosiva, acusava-o de ser também “Mãe dos Ricos”. Nada mais pertinente para aquele que foi, simultaneamente, o pai do populismo e a mãe do desenvolvimentismo brasileiro. Como Getúlio, Lula fez dois governos populistas, distribuindo, à moda de César, pão e circo aos plebeus. E ajudou tanto os banqueiros, os grandes empresários e os muito ricos, que Getúlio, se vivo estivesse, ficaria constrangido de rubor. Mas o crescimento econômico na Era Lula foi absolutamente medíocre. Se as previsões de que Dilma Roussef vai dar continuidade ao lulismo, como promete, tudo leva a crer que venha a ser, como Getúlio e Lula tentaram, a primeira e verdadeira “mãe dos pobres e pai dos ricos”.
Quem conhece bem Dilma Roussef garante que seria uma doida de pedra, caso de camisa de força, um misto de Nero com Stalin, grosseira como o primeiro e totalitária como o segundo. Talvez seja exagero da oposição, talvez… Como um acadêmico, devo evitar usar certos adjetivos fortes. De qualquer forma, relato aos senhores, prezados leitores, que eu a conheci pessoalmente, eu jornalista, ela autoridade do governo Lula. Primeiro como ministra das Minas e Energia, depois como chefe da Casa Civil.
Tivemos algumas entrevistas, nas quais só ela respondia e eu pouco perguntava. Fiz parte da regra, não sou exceção. Nossa primeira entrevista começou 1h30 da madrugada e se estendeu até as 3h. Não me lembro de ter conseguido fazer mais do que duas ou três perguntas. Venho acompanhando há oito anos sua trajetória pública, os bastidores das suas aventuras. Tenho o orgulho de ter sido o primeiro jornalista a registrar a decisão de Lula de fazê-la candidata à sua sucessão. O acordo era Dilma governar apenas um mandato, quatro anos, mantendo a cadeira para Lula se candidatar em 2014. Somente uns três meses depois começaram as especulações sobre Dilma candidata. Enfim, conheço Dilma o suficiente para registrar aqui algumas previsões sobre seu futuro governo, caso se confirme nas urnas o que avisam as pesquisas.
ROMPIMENTO COM LULA
Como suas alianças com os aiatolás e com Hugo Chávez foram passos absolutamente idiotas e irreversíveis, Lula perdeu a chance de realizar o sonho de presidir a ONU ou ganhar o Nobel da Paz. Mas não vai se conformar em vestir o pijama, não quer virar um Fernando Henrique. Lula vai querer ficar dando pitaco em tudo. Quanto a Dilma, totalitária em seu DNA, stalinista e prepotente, vai começar a achar que ganhou a eleição pelos seus belos olhos, por sua suposta competência como “mãe do PAC”. Vai querer fazer seu próprio governo. Os dois vão acabar rompendo. No máximo em dois anos, anotem aí.
FORMAÇÃO DA PRIMEIRA EQUIPE
Ela deve aceitar que seu governo, numa primeira fase, seja nomeado por Lula e pelos dois “rasputins”, José Dirceu e Antônio Palocci. O PT vai ficar com o núcleo duro, ou seja, as áreas de coordenação política e econômica. Dilma tem poucos quadros pessoais, como Erenice Guerra (finada, foi-se) e Valter Cardeal (agora queimado). Sobrou Maria Luiza Foster, hoje diretora da Petrobrás e alguns raros novos amigos, como o petista José Eduardo Cardoso e José Eduardo Dutra. Quanto aos demais ministérios, a serem loteados com os aliados, o PT vem tentando avançar sobre as áreas onde dá para fazer mais caixa dois. Contudo, a tendência é manter os atuais feudos. Até ai, nenhuma grande novidade. Vamos então às previsões.
SEGUNDA EQUIPE DE GOVERNO
Em menos de um ano, anotem aí a previsão, os ministros com alguma personalidade, algum caráter ou vergonha na cara, começarão a pipocar do governo em razão de grosserias, humilhações, futricas e maus tratos da mandatária. Nelson Jobim, que tende a ficar na Defesa (assim Dilma não precisa entregar ao PMDB mais um ministério onde dá para fazer caixa), deverá ser dos primeiros. Mas sai ainda em 2011, anotem aí. Esses ministros serão em quase totalidade substituídos por gente de terceira categoria, capachos dispostos a aguentar as explosões emocionais da mandatária em troca de algum interesse inconfessável.
NOVOS AMIGOS
Vai ter um momento que a Dilma vai estar cercada essencialmente de invertebrados e de batedores de carteira. Gente da pior qualidade, capachos despreparados mas com interesses privados claros, como a finada Erenice Guerra. É muito curioso que seu principal consigliere, atual melhor-amigo-de-infancia, seja o suplente de senador Gim Argello, do PTB do DF. Vale à pena acompanhar o governo Dilma pelos passos (e enriquecimento) de Gim.
DIRCEU OU PALOCCI?
De gente que pensa, a tendência é ficar apenas com Franklin Martins, antigo companheiro de armas, e José Eduardo Cardozo. Entre Dirceu e Palocci, aposto no segundo a longo prazo. Dirceu controla o PT; a tendência é Dilma querer se livrar dos grilhões, querer ficar livre, leve e solta para buscar um vôo-solo. Palocci controla o “mercado”, ou seja, as contribuições do caixa dois. Pode ser bem mais útil para Dilma.
PARALISIA ADMINISTRATIVA
O governo não vai andar, vai ficar todo travado por conta do excesso de centralismo democrático da presidenta. Ela acredita que informação seja poder. Não vai dividir informação com ninguém. Alias, enquanto foi ministra da Casa Civil, o governo só andou porque Lula colocou duas assessoras pessoais e suas equipes para controlar os ministérios pelos bastidores, Miriam Belchior e Clara Ant. Com sua mania de centralizar, controlar e querer saber de tudo, Dilma sempre atrapalhou mais do que ajudou.
RELAÇÃO COM O CONGRESSO
Tende a ser desastrosa. Dilma jamais gostou de negociar. O negócio dela é impor. Os parlamentares eleitos, por sua vez, têm em quase totalidade o DNA clientelista, franciscano, “é dando que se recebe”. Dilma tende a perder a paciência e a tentar passar o trator no Congresso, como registra todos os episódios de sua biografia. Paralisia política, impasses institucionais, talvez até crise de poderes. Ela não deve conseguir aprovar no Congresso nenhuma reforma relevante. O que não aprovar em seis meses, no máximo no primeiro ano de governo, não deve aprovar mais. A não ser que caia na tentação de tentar o “chavismo”.
IDEOLOGIA? ORA, O NEGÓCIO É…
Engana-se quem acredita que a ex-guerrilheira Dilma seja movida pela ideologia. Nos tempos de militância esquerdista e clandestinidade, ela notabilizava-se entre os guerrilheiros por duas características singulares. Primeiro, o amor pela futrica e por provocar divisões. O ex-companheiro Carlos Lamarca morreu chamando-a de “cobra”, “maquiavélica”. Outra característica era sua atração pelo dinheiro. Ela convenceu Lamarca que tinha uma grande organização, a Colina, com milhares de militantes prontos a pegar em armas pela revolução. Tinha só ela, o marido de então, um companheiro bonito chamado Breno e mais dois ou três gatos-pingados. Convenceu Lamarca a fundir o grande Colina e com a VPR em igualdade de condições, criando a VAR-Palmares. Convenceu Lamarca a assaltar o cofre do Adhemar de Barros, no mais ousado episódio da guerrilha. Por fim, convenceu a todos a rejeitar o “militarismo” de Lamarca e seus sargentos. Ela e o marido ficaram com o controle de quase todo o dinheiro do assalto, deixando Lamarca em dificuldades.
CAIXA DE CAMPANHA
Faço aqui uma previsão tão ousada quanto polêmica. Nossa presidenta tende a tentar fazer seu próprio caixa de campanha, fora do caixa dois do PT, a fim de ganhar a independência em relação Lula. Ela sonha ter o próprio grupo. Precisa de dinheiro para financiar a política.
BRASIL GRANDE
Do lado bom, Dilma vai tentar acelerar um pouco o crescimento econômico. Isso é tão certo quanto o futuro rompimento com Lula. Como Adhemar, Médici e Maluf, ela gosta de obra grande, de usinas hidroelétricas gigantescas, de portos e auto-estradas rasgando a imensidão desse Brasil. Deveria ter sido ministra do governo Médici. Quer ressuscitar o Brasil Grande, mas com um viés de esquerda – ou daquilo que ela chama de esquerda. Confesso que não consigo ver muita diferença no PAC de Dilma com os projetos de Médici e Geisel.
SUB-IMPERIALISMO BRASILEIRO
No plano internacional, não vai trombar em hipótese alguma com os EUA. Acho até que vai dar uma guinada à direita. O jogo internacional dela é o sub-imperialismo. Vai usar dinheiro público para financiar grandes corporações brasileiras, criar oligopólios nacionais e sul-americanos. Os maiores beneficiários de seu governo serão Gerdau, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Votorantim, Bradesco, etc. E a Vale? Ora, a Vale é do Bradesco.
OLIGOPÓLIOS
Noam Chomsky, o mais instigante pensador da atualidade, tenta explicar a economia globalizada de uma forma singular. Segundo ele, não vivemos o capitalismo, nem nos Estados Unidos, nem na Europa. O sistema que haveria seria o do estatismo oligopolizante. A economia é toda organizada por oligopólios, com cinco ou seis mega-corporações dominando cada um dos principais setores da economia – bancos, siderúrgica, petro-química, mídia, fármacos, tecnologia, etc. Ao sistema não interessa monopólios, como o que a Microsoft tentou firmar, mas sim oligopólios. E essas mega-corporações oligopolistas, por sua vez, precisam da ajuda dos Estados e dos políticos para firmarem-se como corporações globais. Financiam os políticos que, no poder, lhes dão concessões de todo o tipo. Chomsky referia-se aos EUA, Europa e Japão.
Poderia estar falando do Brasil que Lula entrega à Dilma. Pensem num setor. Bancos, por exemplo: Há dois grandes estatais, BB e Caixa, dois privados nacionais, Bradesco e Itaú, e dois estrangeiros, Santander e HSBC – o resto não conta. Construção: Odebrecht, Andrade e Camargo. Se listarmos os cinco principais setores econômicos – Bancos, Construção, Siderurgico-Metalúrgico, Petroquímico e Farmacêutico, vamos descobrir que, no Brasil, menos de 30 empresas controlam dois terços dos empréstimos subsidiados do BNDES e 90% dos investimentos dos fundos de pensão das Estatais. Outra curiosidade: essas 30 empresas desses cinco setores financiaram a maior parte da campanha de Dilma e do PT, deixando Serra e os tucanos na mão. Mas essa é outra história a ser contada em detalhes em outra ocasião.
Por enquanto fica aqui o registro: essas 30 empresas desses cinco oligopólios, vão receber no governo Dilma todo subsídio que precisarem do BNDES para consolidarem ainda mais o oligopólio interno e o sub-imperialismo na América do Sul. Também vão receber dinheiro direto dos fundos de pensão das Estatais para fazer o mesmo. O governo Dilm, enfim será essencialmente oligopolista e sub-imperialista. Anotem as previsões.
Hugo Studart
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Re: GEOPOLÍTICA
Eu NUNCA li tanta josta em um mesmo artigo.
Um compêndio fecal sem precedentes na história da pseudo-intelectualidade neoliberal Brasileira.
Um exercício de futurologia bem ao estilo VEJA.
Um compêndio fecal sem precedentes na história da pseudo-intelectualidade neoliberal Brasileira.
Um exercício de futurologia bem ao estilo VEJA.
- Marino
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Re: GEOPOLÍTICA
Os BRICs e o poder militar
Josué Souto Maior Mussalém
O Brasil é o primeiro país da sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e também o mais jovem.
Conta 510 anos de idade, enquanto os outros são muito mais antigos, sendo que a China e a Índia têm
história milenar. A Rússia, a China e a Índia são potências nucleares e possuem Exércitos gigantescos
tanto em efetivos como em armas pesadas. A Rússia se enfraqueceu depois do desmoronamento do
Estado soviético, mas ainda se conserva como potência militar e investe bastante em tecnologia bélica,
sendo um grande exportador de armamentos. A China está investindo pesadamente em tecnologia
militar visando manter uma hegemonia geopolítica na Ásia Pacífico, vis a vis o industrializado e antigo
inimigo o Japão.
A Rússia se afastou de vez da Guerra Fria ao aceitar a proposta da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan) de estabelecer em conjunto com os EUA um sistema de defesa anti-mísseis, fato
esse recente por ocasião da gigantesca conferência de cúpula da Otan em Lisboa no fim de novembro
deste ano. Tive a oportunidade de estar em Lisboa e acompanhar de perto várias etapas daquela
conferência considerada histórica pelo significado do fim da Guerra Fria e por essa parceria militar entre
Rússia e a aliança atlântica contra mísseis vindos provavelmente de fora do território europeu...
A Índia quer manter sua influência na área do Oceano Índico e garantir sua hegemonia naval em
rotas de petróleo vindas do Oriente Médio. Aliás, dois programas de construção naval são considerados
os mais ambiciosos do mundo. O primeiro é da Índia e o segundo do Brasil, ambos por conta de reservas
petrolíferas, sendo que a Índia é um grande importador de óleo bruto, enquanto o Brasil deverá se
transformar em grande produtor se as reservas do pré-sal forem efetivamente confirmadas. A Índia
precisa garantir fluxo externo de petróleo. O Brasil precisa garantir sua soberania marítima de produção
petrolífera...
Nosso País tem extensa fronteira marítima, como também extensa fronteira terrestre. Além disso,
o Brasil tem um gigantesco patrimônio ambiental representado por florestas e reservas de água doce
consideradas as maiores do mundo, sendo também uma potência mineral de primeira grandeza o que o
torna um dos líderes mundiais no futuro de duas décadas em termos de economia.
Mas como anda hoje o nosso poderio militar? Do ponto de vista qualitativo nossas Forças
Armadas são as melhores da América Latina superando de longe as potências mais próximas deste
continente como a Argentina e o México. Também do ponto de vista quantitativo nossas Forças Armadas
são superiores a todos os países latino-americanos, incluindo Cuba, que no passado foi grande
“exportadora” de terroristas de esquerda e hoje está à míngua, numa situação constrangedora para
alguns intelectuais que defendem a dinastia castrista. Setenta por cento das Forças blindadas cubanas
estão sucateadas e enferrujadas e o salário dos oficiais cubanos são ao nível da pobreza absoluta o que
atinge o moral daqueles militares...
O Brasil sofreu uma redução no investimento militar no governo FHC. O governo Lula recuperou
parte desse investimento, mas em nível insuficiente. De qualquer forma estão se modernizando as
Forças blindadas do Exército, renovando os meios flutuantes da Marinha, inclusive com a construção de
novos submarinos de tecnologia francesa, e se espera que a FAB consiga resolver a questão dos caças
supersônicos no curto prazo...
Um fato interessante: dos BRICs, dois são membros permanentes do Conselho de Segurança da
ONU (Rússia e China), enquanto a Índia já obteve apoio formal dos Estados Unidos para fazer parte
daquele colegiado mundial.
Um sinal para o Brasil: se quiser ser membro permanente daquele conselho, deve fortalecer suas
Forças Armadas, mantendo-as ao nível do “estado da arte” em tecnologia militar e na ampliação e
qualificação do pessoal, garantindo qualidade e profissionalismo desse sensível segmento da vida
nacional.
*Josué Souto Maior Mussalém é economista
Josué Souto Maior Mussalém
O Brasil é o primeiro país da sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e também o mais jovem.
Conta 510 anos de idade, enquanto os outros são muito mais antigos, sendo que a China e a Índia têm
história milenar. A Rússia, a China e a Índia são potências nucleares e possuem Exércitos gigantescos
tanto em efetivos como em armas pesadas. A Rússia se enfraqueceu depois do desmoronamento do
Estado soviético, mas ainda se conserva como potência militar e investe bastante em tecnologia bélica,
sendo um grande exportador de armamentos. A China está investindo pesadamente em tecnologia
militar visando manter uma hegemonia geopolítica na Ásia Pacífico, vis a vis o industrializado e antigo
inimigo o Japão.
A Rússia se afastou de vez da Guerra Fria ao aceitar a proposta da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan) de estabelecer em conjunto com os EUA um sistema de defesa anti-mísseis, fato
esse recente por ocasião da gigantesca conferência de cúpula da Otan em Lisboa no fim de novembro
deste ano. Tive a oportunidade de estar em Lisboa e acompanhar de perto várias etapas daquela
conferência considerada histórica pelo significado do fim da Guerra Fria e por essa parceria militar entre
Rússia e a aliança atlântica contra mísseis vindos provavelmente de fora do território europeu...
A Índia quer manter sua influência na área do Oceano Índico e garantir sua hegemonia naval em
rotas de petróleo vindas do Oriente Médio. Aliás, dois programas de construção naval são considerados
os mais ambiciosos do mundo. O primeiro é da Índia e o segundo do Brasil, ambos por conta de reservas
petrolíferas, sendo que a Índia é um grande importador de óleo bruto, enquanto o Brasil deverá se
transformar em grande produtor se as reservas do pré-sal forem efetivamente confirmadas. A Índia
precisa garantir fluxo externo de petróleo. O Brasil precisa garantir sua soberania marítima de produção
petrolífera...
Nosso País tem extensa fronteira marítima, como também extensa fronteira terrestre. Além disso,
o Brasil tem um gigantesco patrimônio ambiental representado por florestas e reservas de água doce
consideradas as maiores do mundo, sendo também uma potência mineral de primeira grandeza o que o
torna um dos líderes mundiais no futuro de duas décadas em termos de economia.
Mas como anda hoje o nosso poderio militar? Do ponto de vista qualitativo nossas Forças
Armadas são as melhores da América Latina superando de longe as potências mais próximas deste
continente como a Argentina e o México. Também do ponto de vista quantitativo nossas Forças Armadas
são superiores a todos os países latino-americanos, incluindo Cuba, que no passado foi grande
“exportadora” de terroristas de esquerda e hoje está à míngua, numa situação constrangedora para
alguns intelectuais que defendem a dinastia castrista. Setenta por cento das Forças blindadas cubanas
estão sucateadas e enferrujadas e o salário dos oficiais cubanos são ao nível da pobreza absoluta o que
atinge o moral daqueles militares...
O Brasil sofreu uma redução no investimento militar no governo FHC. O governo Lula recuperou
parte desse investimento, mas em nível insuficiente. De qualquer forma estão se modernizando as
Forças blindadas do Exército, renovando os meios flutuantes da Marinha, inclusive com a construção de
novos submarinos de tecnologia francesa, e se espera que a FAB consiga resolver a questão dos caças
supersônicos no curto prazo...
Um fato interessante: dos BRICs, dois são membros permanentes do Conselho de Segurança da
ONU (Rússia e China), enquanto a Índia já obteve apoio formal dos Estados Unidos para fazer parte
daquele colegiado mundial.
Um sinal para o Brasil: se quiser ser membro permanente daquele conselho, deve fortalecer suas
Forças Armadas, mantendo-as ao nível do “estado da arte” em tecnologia militar e na ampliação e
qualificação do pessoal, garantindo qualidade e profissionalismo desse sensível segmento da vida
nacional.
*Josué Souto Maior Mussalém é economista
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Blog do Pepê:
O Governo Dilma
(não consegui transcrever o texto, aparece uma mensagem de erro)
http://panoramaglobal-estrategia.blogspot.com/
O Governo Dilma
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http://panoramaglobal-estrategia.blogspot.com/
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
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Austrália se junta ao Mercosul
15 de dezembro de 2010
O ministro de Relações Exteriores Celso Amorim se reuniu nesta quarta-feira com seu colega australiano, Kevin Rudd, para analisar assuntos bilaterais e de interesse regional e multilateral, às vésperas da 40ª Cúpula do Mercosul, informaram fontes oficiais.
A reunião aconteceu na cidade de Foz do Iguaçu, onde nesta quinta e sexta-feira ocorrerá a 40ª Cúpula do Mercosul, da qual o ministro australiano participará como convidado.
Do encontro também participou o secretário-geral do Itamaraty, Antonio Patriota, designado nesta quarta-feira pela presidente eleita, Dilma Rousseff, como seu ministro das Relações Exteriores a partir de 1º de janeiro.
A reunião foi a primeira no contexto do Diálogo Brasil-Austrália criado mediante um memorando assinado em setembro pelos dois países.
Com este mecanismo os dois ministros "poderão examinar iniciativas concretas de cooperação, inclusive trilateral, em favor de países em desenvolvimento, e explorar meios de expandir os fluxos do comércio e investimentos", assinalou a Chancelaria.
No que diz respeito ao Mercosul, o chanceler australiano participará nesta quinta-feira da reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC) e no dia seguinte estará presente como convidado na cúpula presidencial do Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Além do anfitrião Luiz Inácio Lula da Silva, confirmaram participação na cúpula os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner; Paraguai, Fernando Lugo, e Uruguai, José Mujica, assim como o boliviano Evo Morales e o chileno Sebastián Piñera, por serem países associados.
Além do ministro australiano também participarão como convidados os presidentes da Guiana, Bharrat Jagdeo, e do Suriname, Desiré Bouterse, e ministros da Turquia, Palestina, Síria e Emirados Árabes Unidos.
A reunião em Foz do Iguaçu marca a despedida de Lula dos fóruns internacionais, já que entregará o cargo no dia 1º de janeiro a Dilma Rousseff
Austrália se junta ao Mercosul
15 de dezembro de 2010
O ministro de Relações Exteriores Celso Amorim se reuniu nesta quarta-feira com seu colega australiano, Kevin Rudd, para analisar assuntos bilaterais e de interesse regional e multilateral, às vésperas da 40ª Cúpula do Mercosul, informaram fontes oficiais.
A reunião aconteceu na cidade de Foz do Iguaçu, onde nesta quinta e sexta-feira ocorrerá a 40ª Cúpula do Mercosul, da qual o ministro australiano participará como convidado.
Do encontro também participou o secretário-geral do Itamaraty, Antonio Patriota, designado nesta quarta-feira pela presidente eleita, Dilma Rousseff, como seu ministro das Relações Exteriores a partir de 1º de janeiro.
A reunião foi a primeira no contexto do Diálogo Brasil-Austrália criado mediante um memorando assinado em setembro pelos dois países.
Com este mecanismo os dois ministros "poderão examinar iniciativas concretas de cooperação, inclusive trilateral, em favor de países em desenvolvimento, e explorar meios de expandir os fluxos do comércio e investimentos", assinalou a Chancelaria.
No que diz respeito ao Mercosul, o chanceler australiano participará nesta quinta-feira da reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC) e no dia seguinte estará presente como convidado na cúpula presidencial do Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Além do anfitrião Luiz Inácio Lula da Silva, confirmaram participação na cúpula os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner; Paraguai, Fernando Lugo, e Uruguai, José Mujica, assim como o boliviano Evo Morales e o chileno Sebastián Piñera, por serem países associados.
Além do ministro australiano também participarão como convidados os presidentes da Guiana, Bharrat Jagdeo, e do Suriname, Desiré Bouterse, e ministros da Turquia, Palestina, Síria e Emirados Árabes Unidos.
A reunião em Foz do Iguaçu marca a despedida de Lula dos fóruns internacionais, já que entregará o cargo no dia 1º de janeiro a Dilma Rousseff
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: GEOPOLÍTICA
O Globo, 16/12
SEGREDOS DE ESTADOS
Brasil defendeu participação em guerras
Governo teria mostrado interesse em cooperar mais com a Otan, arriscando baixas para ganhar
projeção internacional
Cristina Azevedo
O Brasil estava disposto a ter uma participação mais ativa em operações militares internacionais
e uma cooperação mais estreita com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mesmo que
para isso tivesse que ver soldados voltando em "sacos pretos", avalia um dos telegramas enviados pela
embaixada americana em Brasília a Washington. O documento, de 15 de fevereiro de 2007, relata um
jantar entre o general Jorge Armando Félix e o então embaixador Clifford Sobel, no qual o ministro da
Segurança Institucional demonstrou uma franqueza que visivelmente surpreendeu seu vice, criticou
ações unilaterais americanas na Tríplice Fronteira e cobrou que o Brasil fosse tratado como igual.
No jantar, em 30 de janeiro daquele ano, Sobel recebeu o general Félix e seu vice, o major
general Ruben Peixoto Alexandre, para discutir a vinda do procurador-geral dos EUA e pedir sua ajuda
para marcar um encontro entre o funcionário americano e Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil. No
evento, Sobel pediu sua opinião "como assessor de segurança do governo Lula e como militar" sobre
uma cooperação do Brasil com a Otan, destacando que o assunto havia sido discutido entre o chanceler
Celso Amorim e o então ministro de Relações Exteriores da Holanda, Bernard Rudolf Bot.
"Félix disse que os brasileiros devem encarar o fato de que "um preço deve ser pago" para obter
um papel de liderança internacional", escreveu Sobel. Segundo o telegrama, "o Brasil deve estar
querendo modernizar e mobilizar suas forças para operações internacionais e confrontar a perspectiva
"de sacos pretos" retornando" ao país. O general disse acreditar que chegara a hora de "o Brasil pagar o
preço" e assumir uma liderança em questões mundiais. Segundo ele, afirma o despacho, muitos militares
compartilhavam de sua opinião.
Os primeiros "sacos pretos" chegaram no início deste ano, quando 18 militares morreram no
terremoto do Haiti de 12 de janeiro. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu uma
indenização de R$500 mil a cada família e um auxílio-educação de R$510 mensais para os filhos dos
militares mortos. Mas em agosto deste ano, as viúvas disseram ter recebido apenas um seguro
correspondente à morte natural, quando os maridos perderam a vida em serviço.
Durante o jantar, Félix reclamou das medidas adotadas pelo governo americano para a Tríplice
Fronteira - compartilhada por Brasil, Argentina e Paraguai - sem que o governo brasileiro fosse
consultado. Um mês antes, o Departamento do Tesouro colocara nove homens, entre eles um brasileiro,
numa lista negra, acusando-os de financiar o Hezbollah, grupo guerrilheiro xiita libanês, classificado
como terrorista pelos EUA. Os nove fariam parte de uma rede de apoio financeiro e logístico, liderada por
Assad Ahmad Barakat, descrito pelo governo americano como integrantes do Hezbollah. O governo
brasileiro, no entanto, afirmou não haver indícios de atividades ligadas ao terrorismo na região.
"Félix deixou claro seu descontentamento com designações unilaterais do Tesouro dos EUA de
alvos do Hezbollah", diz um trecho. "Para contínuas operações conjuntas, sua expectativa é que o
governo dos EUA trate os brasileiros como iguais e não adote este tipo de ação unilateral no futuro sem
antes se coordenar com o governo brasileiro."
O general é descrito como uma pessoa "extremamente sincera, causando visível surpresa em
seu vice". "Será interessante ver se Félix mantém sua posição, e se essa comunicação franca entre nós
poderá continuar", conclui Sobel.
SEGREDOS DE ESTADOS
Brasil defendeu participação em guerras
Governo teria mostrado interesse em cooperar mais com a Otan, arriscando baixas para ganhar
projeção internacional
Cristina Azevedo
O Brasil estava disposto a ter uma participação mais ativa em operações militares internacionais
e uma cooperação mais estreita com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mesmo que
para isso tivesse que ver soldados voltando em "sacos pretos", avalia um dos telegramas enviados pela
embaixada americana em Brasília a Washington. O documento, de 15 de fevereiro de 2007, relata um
jantar entre o general Jorge Armando Félix e o então embaixador Clifford Sobel, no qual o ministro da
Segurança Institucional demonstrou uma franqueza que visivelmente surpreendeu seu vice, criticou
ações unilaterais americanas na Tríplice Fronteira e cobrou que o Brasil fosse tratado como igual.
No jantar, em 30 de janeiro daquele ano, Sobel recebeu o general Félix e seu vice, o major
general Ruben Peixoto Alexandre, para discutir a vinda do procurador-geral dos EUA e pedir sua ajuda
para marcar um encontro entre o funcionário americano e Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil. No
evento, Sobel pediu sua opinião "como assessor de segurança do governo Lula e como militar" sobre
uma cooperação do Brasil com a Otan, destacando que o assunto havia sido discutido entre o chanceler
Celso Amorim e o então ministro de Relações Exteriores da Holanda, Bernard Rudolf Bot.
"Félix disse que os brasileiros devem encarar o fato de que "um preço deve ser pago" para obter
um papel de liderança internacional", escreveu Sobel. Segundo o telegrama, "o Brasil deve estar
querendo modernizar e mobilizar suas forças para operações internacionais e confrontar a perspectiva
"de sacos pretos" retornando" ao país. O general disse acreditar que chegara a hora de "o Brasil pagar o
preço" e assumir uma liderança em questões mundiais. Segundo ele, afirma o despacho, muitos militares
compartilhavam de sua opinião.
Os primeiros "sacos pretos" chegaram no início deste ano, quando 18 militares morreram no
terremoto do Haiti de 12 de janeiro. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu uma
indenização de R$500 mil a cada família e um auxílio-educação de R$510 mensais para os filhos dos
militares mortos. Mas em agosto deste ano, as viúvas disseram ter recebido apenas um seguro
correspondente à morte natural, quando os maridos perderam a vida em serviço.
Durante o jantar, Félix reclamou das medidas adotadas pelo governo americano para a Tríplice
Fronteira - compartilhada por Brasil, Argentina e Paraguai - sem que o governo brasileiro fosse
consultado. Um mês antes, o Departamento do Tesouro colocara nove homens, entre eles um brasileiro,
numa lista negra, acusando-os de financiar o Hezbollah, grupo guerrilheiro xiita libanês, classificado
como terrorista pelos EUA. Os nove fariam parte de uma rede de apoio financeiro e logístico, liderada por
Assad Ahmad Barakat, descrito pelo governo americano como integrantes do Hezbollah. O governo
brasileiro, no entanto, afirmou não haver indícios de atividades ligadas ao terrorismo na região.
"Félix deixou claro seu descontentamento com designações unilaterais do Tesouro dos EUA de
alvos do Hezbollah", diz um trecho. "Para contínuas operações conjuntas, sua expectativa é que o
governo dos EUA trate os brasileiros como iguais e não adote este tipo de ação unilateral no futuro sem
antes se coordenar com o governo brasileiro."
O general é descrito como uma pessoa "extremamente sincera, causando visível surpresa em
seu vice". "Será interessante ver se Félix mantém sua posição, e se essa comunicação franca entre nós
poderá continuar", conclui Sobel.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla
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Re: GEOPOLÍTICA
Parece que um certo país invasor do Médio Oriente ficou de fora do Mercosul.
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Mercosul negocia livre comércio com Síria e palestinos
16 de dezembro de 2010
O Mercosul iniciou nesta quinta-feira negociações com a Síria e com a Autoridade Palestina tendo como objetivo a conclusão de acordos de livre-comércio, indicou uma fonte oficial.
O bloco regional assinou "acordos-quadro" abrindo formalmente as negociações com Damasco e com a Autoridade Palestina durante uma cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, indicou Luis Kreckler, negociador argentino do Mercosul durante uma entrevista coletiva à imprensa.
Esses acordos ocorrem após o controverso reconhecimento por parte de Brasil e Argentina da Palestina como "um Estado livre e independente dentro das fronteiras de 1967", apesar das críticas de Israel e dos Estados Unidos.
O Uruguai, parceiro dos dois pesos pesados da América do Sul, anunciou que fará o mesmo no próximo ano.
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Mercosul negocia livre comércio com Síria e palestinos
16 de dezembro de 2010
O Mercosul iniciou nesta quinta-feira negociações com a Síria e com a Autoridade Palestina tendo como objetivo a conclusão de acordos de livre-comércio, indicou uma fonte oficial.
O bloco regional assinou "acordos-quadro" abrindo formalmente as negociações com Damasco e com a Autoridade Palestina durante uma cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, indicou Luis Kreckler, negociador argentino do Mercosul durante uma entrevista coletiva à imprensa.
Esses acordos ocorrem após o controverso reconhecimento por parte de Brasil e Argentina da Palestina como "um Estado livre e independente dentro das fronteiras de 1967", apesar das críticas de Israel e dos Estados Unidos.
O Uruguai, parceiro dos dois pesos pesados da América do Sul, anunciou que fará o mesmo no próximo ano.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
- Ilya Ehrenburg
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Re: GEOPOLÍTICA
Posso estar enganado, mas creio que já há um acordo comercial do Mercosul com Israel.FOXTROT escreveu:Parece que um certo país invasor do Médio Oriente ficou de fora do Mercosul.
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Mercosul negocia livre comércio com Síria e palestinos
16 de dezembro de 2010
O Mercosul iniciou nesta quinta-feira negociações com a Síria e com a Autoridade Palestina tendo como objetivo a conclusão de acordos de livre-comércio, indicou uma fonte oficial.
O bloco regional assinou "acordos-quadro" abrindo formalmente as negociações com Damasco e com a Autoridade Palestina durante uma cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, indicou Luis Kreckler, negociador argentino do Mercosul durante uma entrevista coletiva à imprensa.
Esses acordos ocorrem após o controverso reconhecimento por parte de Brasil e Argentina da Palestina como "um Estado livre e independente dentro das fronteiras de 1967", apesar das críticas de Israel e dos Estados Unidos.
O Uruguai, parceiro dos dois pesos pesados da América do Sul, anunciou que fará o mesmo no próximo ano.
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
Ilya Ehrenburg
Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
Ilya Ehrenburg
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- marcelo l.
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Re: GEOPOLÍTICA
Sim, foi o primeiro assinado entre mercosul e um país.Ilya Ehrenburg escreveu:Posso estar enganado, mas creio que já há um acordo comercial do Mercosul com Israel.FOXTROT escreveu:Parece que um certo país invasor do Médio Oriente ficou de fora do Mercosul.
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Mercosul negocia livre comércio com Síria e palestinos
16 de dezembro de 2010
O Mercosul iniciou nesta quinta-feira negociações com a Síria e com a Autoridade Palestina tendo como objetivo a conclusão de acordos de livre-comércio, indicou uma fonte oficial.
O bloco regional assinou "acordos-quadro" abrindo formalmente as negociações com Damasco e com a Autoridade Palestina durante uma cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, indicou Luis Kreckler, negociador argentino do Mercosul durante uma entrevista coletiva à imprensa.
Esses acordos ocorrem após o controverso reconhecimento por parte de Brasil e Argentina da Palestina como "um Estado livre e independente dentro das fronteiras de 1967", apesar das críticas de Israel e dos Estados Unidos.
O Uruguai, parceiro dos dois pesos pesados da América do Sul, anunciou que fará o mesmo no próximo ano.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Re: GEOPOLÍTICA
Esse pessoal chuta TANTO o fim do Capitalismo que uma hora acabam acertando. E chamarão de Previsão, hehe...delmar escreveu:Os grandes empresários ocidentais poderão ter, e por certo terão, um fim. Quem os sucederá? Tudo indica que serão os grande empresários dos países emergentes, China, India e até Brasil. Mas, com toda certeza, não serão os comissários do povo dos países ditos socialistas. Acreditar que um eventual agravamento da crise atual poderá conduzir o mundo para o socialismo é, no meu entender, pura ingenuidade.Os grandes empresários ocidentais sabem que as crises em desenvolvimento darão fim, em algum momento, ao sistema capitalista e, previdentes, adiantam o controle absoluto do planeta para impor em seu benefício a civilização seguinte.
Se não houver campo aberto
lá em cima, quando me for
um galpão acolhedor
de santa fé bem coberto
um pingo pastando perto
só de pensar me comovo
eu juro pelo meu povo,
nem todo o céu me segura
retorno à velha planura
pra ser gaúcho de novo
lá em cima, quando me for
um galpão acolhedor
de santa fé bem coberto
um pingo pastando perto
só de pensar me comovo
eu juro pelo meu povo,
nem todo o céu me segura
retorno à velha planura
pra ser gaúcho de novo