GEOPOLÍTICA
Moderador: Conselho de Moderação
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
A nova ordem mundial ganha outra cara
O mundo tornou-se multipolar, mas é muito diferente daquilo que imaginava Bush pai e muitos americanos
Parag Khanna, Foreign Policy
Por acaso você está procurando um sinal de quando o mundo multipolar repentinamente tornou-se realidade? Não
seria uma má ideia escolher o dia em que Brasil e Turquia - duas potências emergentes que buscam avidamente uma
projeção internacional - se uniram, em maio, anunciando a intenção de intermediar um acordo de troca de combustível
nuclear com o Irã - que teria potencial, mas que não se concretizou, infelizmente - para uma solução pacífica do impasse.
Turquia e Brasil não são superpotências e tampouco são membros do Conselho de Segurança da ONU. No entanto,
como o presidente Barack Obama, ao assumir o governo dos EUA, preconizou um novo foco no multilateralismo, as
potências emergentes nos lembram que o respeito pela hierarquia não consta mais da agenda de ninguém.
Como tudo ficou diferente em questão de algumas décadas. Há pouco mais de 20 anos, o presidente George H. Bush
- que acabara de presenciar a queda do Muro de Berlim e de ver a União Soviética se desintegrar diante de seus olhos -
subiu ao pódio de granito da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, e proclamou uma "nova ordem mundial", em que o
sistema internacional era dominado pelos EUA e "o estado de direito suplantava a lei da selva".
Poder brando.
Duas décadas mais tarde, essa "nova ordem mundial" que estamos vivendo não se parece em nada com o que Bush
e muitos americanos imaginavam ou esperavam. Naturalmente, os EUA ainda possuem o Exército mais poderoso do
mundo, mas sua utilidade vem diminuindo à medida que a capacidade para dissuadir e resistir fica mais difusa.
Senão, vejamos o caso do Iraque e do Afeganistão. A força militar e a influência política já não seguem mais juntas.
Quando a primeira é excessiva, pode prejudicar a última. De modo mais fundamental, o mundo ficou rapidamente multipolar,
com a União Europeia se tornando um ator econômico maior do que os EUA, enquanto a China aumenta, em todos os
aspectos, seu poder brando e duro.
Hoje, Obama não poderia fazer um discurso sobre uma "nova ordem mundial". Antes, ele teria de negociar com seus
pares em Bruxelas e Pequim. No que se refere à democracia, um novo termo entrou no nosso vocabulário, o capitalismo de
Estado autoritário, destacando as opções não ocidentais que todo o Estado tem hoje a sua escolha. Ninguém fala mais do
Consenso de Washington, mas sim em Consenso de Pequim, Consenso de Mumbai e até em alguma coisa meio jocosa
chamada Consenso de Canuck, que estão disputando os corações e as mentes das elites globais.
Novo modelo.
Em vez de um mundo de alianças, o que observamos é um mundo de múltiplos alinhamentos. A globalização significa
jamais precisar escolher um lado. Basta olhar para os Estados do Golfo Pérsico. Eles fazem acordos de armamentos
milionários com Washington, compram armas para reciclar seus petrodólares e dissuadir o Irã, assinam grandes acordos
comerciais com a China, para onde flui cada vez mais o seu petróleo, e negociam, ao mesmo tempo, acordos monetários
com a União Europeia.
Se há alguma dúvida quanto a ausência de uma perspectiva de longo prazo governando as relações internacionais,
basta examinar como os EUA interromperam a produção conjunta de certas armas com Israel, punindo os israelenses por
venderem tecnologia considerada secreta para a China, que, por sua vez, vende tecnologia para fabricação de mísseis para
o Irã, cujos líderes querem apagar Israel do mapa. Todos jogam com todos um tipo de jogo que é uma espécie de "dilema
do prisioneiro" que não tem fim.
George Bush pai decidiu discursar nas Nações Unidas por uma razão: os EUA eram a potência predominante, mas
ele defendia o multilateralismo. Paralisada durante a Guerra Fria, a ONU naquele momento tinha a chance de assumir o
papel central de árbitro da governança global para o qual foi projetada. Mas, em vez de ser a personificação do
multilateralismo, a organização tem provado que é apenas uma simples manifestação dele.
Independência.
Atualmente, agências independentes, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário
Internacional (FMI), que ficaram mais importantes em consequência da crise financeira dos últimos anos, são nossos órgãos
globais efetivos e unicamente econômicos por natureza.
O G-20, entretanto, mal conseguiu cumprir sua proposta de ser o "novo comitê diretor do mundo". No recente
encontro de cúpula, na Coreia do Sul, os líderes mundiais qualificaram as propostas dos EUA para harmonizar os atuais
déficits e superávits das contas correntes de "desinformadas". Há muito tempo, o Conselho de Segurança da ONU deixou de
ser um órgão legítimo ou eficaz e são poucas as perspectivas de reforma.
Como vimos de modo tão doloroso este ano, as Nações Unidas não conseguiram forjar um acordo global sobre o
clima e nem fazer com que o mundo cumprisse as Metas de Desenvolvimento para o Milênio. Para cada uma dessas
questões, existem diversas agências especializadas, como o Programa Alimentar Mundial, o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados, que essencialmente garantem as próprias contribuições para seu financiamento e se
desenvolvem segundo seu próprio ritmo.
As instituições que temos que mais se aproximam de uma governança global estão no plano regional, e são algo
muito mais promissores. Trata-se da profundamente arraigada e supranacional União Europeia, da rejuvenescida
Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), e da nascente União Africana. Cada uma dessas organizações está
criando uma ordem regional ajustada ao nível de desenvolvimento e às prioridades de seus membros.
No Sudão e na Somália, é Uganda que lidera os esforços diplomáticos e de manutenção da paz. No caso dos
palestinos, a Liga Árabe pensa em criar uma força de paz. Quanto ao Irã, a Turquia agora lidera os esforços para conter
Teerã.
A expectativa era a de que o mundo de 1990 continuasse fundamentalmente internacional. No entanto, em vez disso,
sua estrutura mudou à medida que a globalização capacitou legiões de atores não estatais transnacionais, como
corporações, organizações não governamentais e grupos religiosos.
"Nova nova ordem mundial". Como resultado, o que vemos no mundo hoje são reivindicações que coincidem e
competem entre si, de autoridade e legitimidade. A Fundação Gates distribui mais dinheiro anualmente do que qualquer país
europeu.
Os habitantes dos povoados na Nigéria ficam à espera de mantimentos fornecidos pela Shell, e não pelo governo. A
instituição Oxfam é o modelo de agência de desenvolvimento da Grã-Bretanha, muito mais do que o inverso.
Nem os EUA, tampouco as Nações Unidas, podem colocar o gênio de volta na garrafa. A cada ano que passa,
realizar acordos em Davos e as ações da Clinton Global Initiative tornam-se mais importantes do que as declarações vazias
em reuniões de cúpula internacionais.
Davos e outros centros de reunião são lugares em que a "nova nova ordem mundial" está sendo criada. E isso vem
ocorrendo de baixo para cima, e não no caminho contrário.
É BOLSISTA SÊNIOR DA NEW AMERICA FOUNDATION E AUTOR DO LIVRO ""THE SECOND WORLD: HOW
EMERGING POWERS ARE REDEFINING GLOBAL COMPETITION AT THE 21ST CENTURY""
O mundo tornou-se multipolar, mas é muito diferente daquilo que imaginava Bush pai e muitos americanos
Parag Khanna, Foreign Policy
Por acaso você está procurando um sinal de quando o mundo multipolar repentinamente tornou-se realidade? Não
seria uma má ideia escolher o dia em que Brasil e Turquia - duas potências emergentes que buscam avidamente uma
projeção internacional - se uniram, em maio, anunciando a intenção de intermediar um acordo de troca de combustível
nuclear com o Irã - que teria potencial, mas que não se concretizou, infelizmente - para uma solução pacífica do impasse.
Turquia e Brasil não são superpotências e tampouco são membros do Conselho de Segurança da ONU. No entanto,
como o presidente Barack Obama, ao assumir o governo dos EUA, preconizou um novo foco no multilateralismo, as
potências emergentes nos lembram que o respeito pela hierarquia não consta mais da agenda de ninguém.
Como tudo ficou diferente em questão de algumas décadas. Há pouco mais de 20 anos, o presidente George H. Bush
- que acabara de presenciar a queda do Muro de Berlim e de ver a União Soviética se desintegrar diante de seus olhos -
subiu ao pódio de granito da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, e proclamou uma "nova ordem mundial", em que o
sistema internacional era dominado pelos EUA e "o estado de direito suplantava a lei da selva".
Poder brando.
Duas décadas mais tarde, essa "nova ordem mundial" que estamos vivendo não se parece em nada com o que Bush
e muitos americanos imaginavam ou esperavam. Naturalmente, os EUA ainda possuem o Exército mais poderoso do
mundo, mas sua utilidade vem diminuindo à medida que a capacidade para dissuadir e resistir fica mais difusa.
Senão, vejamos o caso do Iraque e do Afeganistão. A força militar e a influência política já não seguem mais juntas.
Quando a primeira é excessiva, pode prejudicar a última. De modo mais fundamental, o mundo ficou rapidamente multipolar,
com a União Europeia se tornando um ator econômico maior do que os EUA, enquanto a China aumenta, em todos os
aspectos, seu poder brando e duro.
Hoje, Obama não poderia fazer um discurso sobre uma "nova ordem mundial". Antes, ele teria de negociar com seus
pares em Bruxelas e Pequim. No que se refere à democracia, um novo termo entrou no nosso vocabulário, o capitalismo de
Estado autoritário, destacando as opções não ocidentais que todo o Estado tem hoje a sua escolha. Ninguém fala mais do
Consenso de Washington, mas sim em Consenso de Pequim, Consenso de Mumbai e até em alguma coisa meio jocosa
chamada Consenso de Canuck, que estão disputando os corações e as mentes das elites globais.
Novo modelo.
Em vez de um mundo de alianças, o que observamos é um mundo de múltiplos alinhamentos. A globalização significa
jamais precisar escolher um lado. Basta olhar para os Estados do Golfo Pérsico. Eles fazem acordos de armamentos
milionários com Washington, compram armas para reciclar seus petrodólares e dissuadir o Irã, assinam grandes acordos
comerciais com a China, para onde flui cada vez mais o seu petróleo, e negociam, ao mesmo tempo, acordos monetários
com a União Europeia.
Se há alguma dúvida quanto a ausência de uma perspectiva de longo prazo governando as relações internacionais,
basta examinar como os EUA interromperam a produção conjunta de certas armas com Israel, punindo os israelenses por
venderem tecnologia considerada secreta para a China, que, por sua vez, vende tecnologia para fabricação de mísseis para
o Irã, cujos líderes querem apagar Israel do mapa. Todos jogam com todos um tipo de jogo que é uma espécie de "dilema
do prisioneiro" que não tem fim.
George Bush pai decidiu discursar nas Nações Unidas por uma razão: os EUA eram a potência predominante, mas
ele defendia o multilateralismo. Paralisada durante a Guerra Fria, a ONU naquele momento tinha a chance de assumir o
papel central de árbitro da governança global para o qual foi projetada. Mas, em vez de ser a personificação do
multilateralismo, a organização tem provado que é apenas uma simples manifestação dele.
Independência.
Atualmente, agências independentes, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário
Internacional (FMI), que ficaram mais importantes em consequência da crise financeira dos últimos anos, são nossos órgãos
globais efetivos e unicamente econômicos por natureza.
O G-20, entretanto, mal conseguiu cumprir sua proposta de ser o "novo comitê diretor do mundo". No recente
encontro de cúpula, na Coreia do Sul, os líderes mundiais qualificaram as propostas dos EUA para harmonizar os atuais
déficits e superávits das contas correntes de "desinformadas". Há muito tempo, o Conselho de Segurança da ONU deixou de
ser um órgão legítimo ou eficaz e são poucas as perspectivas de reforma.
Como vimos de modo tão doloroso este ano, as Nações Unidas não conseguiram forjar um acordo global sobre o
clima e nem fazer com que o mundo cumprisse as Metas de Desenvolvimento para o Milênio. Para cada uma dessas
questões, existem diversas agências especializadas, como o Programa Alimentar Mundial, o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados, que essencialmente garantem as próprias contribuições para seu financiamento e se
desenvolvem segundo seu próprio ritmo.
As instituições que temos que mais se aproximam de uma governança global estão no plano regional, e são algo
muito mais promissores. Trata-se da profundamente arraigada e supranacional União Europeia, da rejuvenescida
Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), e da nascente União Africana. Cada uma dessas organizações está
criando uma ordem regional ajustada ao nível de desenvolvimento e às prioridades de seus membros.
No Sudão e na Somália, é Uganda que lidera os esforços diplomáticos e de manutenção da paz. No caso dos
palestinos, a Liga Árabe pensa em criar uma força de paz. Quanto ao Irã, a Turquia agora lidera os esforços para conter
Teerã.
A expectativa era a de que o mundo de 1990 continuasse fundamentalmente internacional. No entanto, em vez disso,
sua estrutura mudou à medida que a globalização capacitou legiões de atores não estatais transnacionais, como
corporações, organizações não governamentais e grupos religiosos.
"Nova nova ordem mundial". Como resultado, o que vemos no mundo hoje são reivindicações que coincidem e
competem entre si, de autoridade e legitimidade. A Fundação Gates distribui mais dinheiro anualmente do que qualquer país
europeu.
Os habitantes dos povoados na Nigéria ficam à espera de mantimentos fornecidos pela Shell, e não pelo governo. A
instituição Oxfam é o modelo de agência de desenvolvimento da Grã-Bretanha, muito mais do que o inverso.
Nem os EUA, tampouco as Nações Unidas, podem colocar o gênio de volta na garrafa. A cada ano que passa,
realizar acordos em Davos e as ações da Clinton Global Initiative tornam-se mais importantes do que as declarações vazias
em reuniões de cúpula internacionais.
Davos e outros centros de reunião são lugares em que a "nova nova ordem mundial" está sendo criada. E isso vem
ocorrendo de baixo para cima, e não no caminho contrário.
É BOLSISTA SÊNIOR DA NEW AMERICA FOUNDATION E AUTOR DO LIVRO ""THE SECOND WORLD: HOW
EMERGING POWERS ARE REDEFINING GLOBAL COMPETITION AT THE 21ST CENTURY""
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Marino
- Sênior
- Mensagens: 15667
- Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
- Agradeceu: 134 vezes
- Agradeceram: 630 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Contra China, EUA e Vietnã forjam aliança
Países antes antagônicos buscam parceria econômica, militar e nuclear em oposição ao expansionismo chinês
Hanói quer aumentar o poder de barganha em disputa territorial com vizinho; Washington mira estratégia asiática
FABIANO MAISONNAVE
Unidos pela oposição à política chinesa para o Sudeste Asiático, EUA e Vietnã atravessam o melhor momento das
relações bilaterais desde o fim da guerra, há 35 anos.
A aproximação inclui aumento das relações comerciais, colaboração militar e até negociações para um acordo
nuclear.
Quinze anos depois que o então presidente Bill Clinton restabeleceu as relações diplomáticas, a visita de altos
funcionários americanos ao Vietnã já virou quase uma rotina: a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o da Defesa, Robert
Gates, estiveram lá nos últimos meses.
O comércio bilateral também tem se beneficiado. No ano passado, chegou a US$ 15,4 bilhões, contra apenas US$ 1
bilhão em 2001, quando os dois países firmaram um tratado comercial.
A balança tem sido bastante favorável para o Vietnã, que tem nos EUA seu principal comprador. Um dos frutos mais
surpreendentes dessa aproximação é a negociação de um acordo nuclear para fins civis, pelo qual os EUA transfeririam
tecnologia nuclear e urânio enriquecido ao Vietnã, algo impensável poucos anos atrás.
O realinhamento tem como pano de fundo as cada vez mais difíceis relações entre Pequim e Hanói por causa de
disputas territoriais e a estratégia do governo Barack Obama de conter a influência chinesa na Ásia.
FRICÇÃO
Dezenas de pescadores vietnamitas foram presos nos últimos meses por patrulhas chinesas na região das ilhas
Paracel, reclamadas por ambos os países e tomadas por Pequim em 1974.
"Nos últimos três anos, a assertividade chinesa tem provocado fricção nas relações com o Vietnã e se tornou a fonte
mais séria de insegurança no Sudeste Asiático", diz o analista Carlyle Thayer.
Os EUA dão sinais cada vez mais claros de apoio ao Vietnã na disputa. Em sua primeira visita, Hillary provocou a ira
dos chineses ao afirmar que o Mar do Sul da China é "interesse nacional" americano e se oferecer para mediar disputas.
Pequim classificou o discurso como "praticamente um ataque contra a China". "O Vietnã tem uma difícil disputa
territorial com a China e tem buscado usar o poder americano para aumentar seu poder de barganha, mas no final será um
peão sacrificado no jogo de poder dos EUA", disse, em agosto, o almirante chinês Yang Yi.
Pequim prefere negociações bilaterais para lidar com a disputa de cerca de 200 territórios nessa região, de ilhas a
pequenos rochedos, com Vietnã, Brunei, Malásia, Taiwan, Indonésia e Filipinas, todos diplomaticamente mais próximos dos
EUA.
O apoio diplomático tem ganhado contornos militares. Um mês após o discurso de Hillary, em agosto, o destróier USS
John McCain foi ao Vietnã para comemorar os 15 anos de restabelecimento das relações diplomáticas. As duas Marinhas
realizaram as primeiras atividades em conjunto desde a guerra.
Países antes antagônicos buscam parceria econômica, militar e nuclear em oposição ao expansionismo chinês
Hanói quer aumentar o poder de barganha em disputa territorial com vizinho; Washington mira estratégia asiática
FABIANO MAISONNAVE
Unidos pela oposição à política chinesa para o Sudeste Asiático, EUA e Vietnã atravessam o melhor momento das
relações bilaterais desde o fim da guerra, há 35 anos.
A aproximação inclui aumento das relações comerciais, colaboração militar e até negociações para um acordo
nuclear.
Quinze anos depois que o então presidente Bill Clinton restabeleceu as relações diplomáticas, a visita de altos
funcionários americanos ao Vietnã já virou quase uma rotina: a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o da Defesa, Robert
Gates, estiveram lá nos últimos meses.
O comércio bilateral também tem se beneficiado. No ano passado, chegou a US$ 15,4 bilhões, contra apenas US$ 1
bilhão em 2001, quando os dois países firmaram um tratado comercial.
A balança tem sido bastante favorável para o Vietnã, que tem nos EUA seu principal comprador. Um dos frutos mais
surpreendentes dessa aproximação é a negociação de um acordo nuclear para fins civis, pelo qual os EUA transfeririam
tecnologia nuclear e urânio enriquecido ao Vietnã, algo impensável poucos anos atrás.
O realinhamento tem como pano de fundo as cada vez mais difíceis relações entre Pequim e Hanói por causa de
disputas territoriais e a estratégia do governo Barack Obama de conter a influência chinesa na Ásia.
FRICÇÃO
Dezenas de pescadores vietnamitas foram presos nos últimos meses por patrulhas chinesas na região das ilhas
Paracel, reclamadas por ambos os países e tomadas por Pequim em 1974.
"Nos últimos três anos, a assertividade chinesa tem provocado fricção nas relações com o Vietnã e se tornou a fonte
mais séria de insegurança no Sudeste Asiático", diz o analista Carlyle Thayer.
Os EUA dão sinais cada vez mais claros de apoio ao Vietnã na disputa. Em sua primeira visita, Hillary provocou a ira
dos chineses ao afirmar que o Mar do Sul da China é "interesse nacional" americano e se oferecer para mediar disputas.
Pequim classificou o discurso como "praticamente um ataque contra a China". "O Vietnã tem uma difícil disputa
territorial com a China e tem buscado usar o poder americano para aumentar seu poder de barganha, mas no final será um
peão sacrificado no jogo de poder dos EUA", disse, em agosto, o almirante chinês Yang Yi.
Pequim prefere negociações bilaterais para lidar com a disputa de cerca de 200 territórios nessa região, de ilhas a
pequenos rochedos, com Vietnã, Brunei, Malásia, Taiwan, Indonésia e Filipinas, todos diplomaticamente mais próximos dos
EUA.
O apoio diplomático tem ganhado contornos militares. Um mês após o discurso de Hillary, em agosto, o destróier USS
John McCain foi ao Vietnã para comemorar os 15 anos de restabelecimento das relações diplomáticas. As duas Marinhas
realizaram as primeiras atividades em conjunto desde a guerra.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- EDSON
- Sênior
- Mensagens: 7303
- Registrado em: Sex Fev 16, 2007 4:12 pm
- Localização: CURITIBA/PR
- Agradeceu: 65 vezes
- Agradeceram: 335 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
O maior inimigo dos vietmainas sempre foram os chineses.
"Os vietnamita assim como os russos são uns cães" Mao Tse Tung
"Os vietnamita assim como os russos são uns cães" Mao Tse Tung
- suntsé
- Sênior
- Mensagens: 3167
- Registrado em: Sáb Mar 27, 2004 9:58 pm
- Agradeceu: 232 vezes
- Agradeceram: 154 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
como é bom ser um pais musculoso, a China tem questões territoriais pendentes com varios países vizinhos, todos odeiam eles...mais ninguém tem coragem de bancar o valente....
- Bolovo
- Sênior
- Mensagens: 28560
- Registrado em: Ter Jul 12, 2005 11:31 pm
- Agradeceu: 547 vezes
- Agradeceram: 442 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Pior que tem sim. O Vietnã entrou em guerra com a China em 79 e os dois lados declaram vitória. Alias, o Vietnã é fogo, entrou em guerra com Japão, França, EUA, Camboja, China, enfim, todo mundo hahahasuntsé escreveu:como é bom ser um pais musculoso, a China tem questões territoriais pendentes com varios países vizinhos, todos odeiam eles...mais ninguém tem coragem de bancar o valente....
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
- suntsé
- Sênior
- Mensagens: 3167
- Registrado em: Sáb Mar 27, 2004 9:58 pm
- Agradeceu: 232 vezes
- Agradeceram: 154 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
È mas a China de 79 não é a mesma China de Hoje. Hoje as forças armadas chinesas são muito mais sofisticadas e modernas. O estrago que eles podem fazer no Vietnã em caso de guerra é incalculavel. No campo da guerra eletrônica eles estão muito desenvolvidos, se o Vietnã não tiver forças armadas modernas modernas e com capacidade de fazer bom uso da tecnologia eletrônica, ele podem se dar muito mal.Bolovo escreveu:Pior que tem sim. O Vietnã entrou em guerra com a China em 79 e os dois lados declaram vitória. Alias, o Vietnã é fogo, entrou em guerra com Japão, França, EUA, Camboja, China, enfim, todo mundo hahahasuntsé escreveu:como é bom ser um pais musculoso, a China tem questões territoriais pendentes com varios países vizinhos, todos odeiam eles...mais ninguém tem coragem de bancar o valente....
- Bolovo
- Sênior
- Mensagens: 28560
- Registrado em: Ter Jul 12, 2005 11:31 pm
- Agradeceu: 547 vezes
- Agradeceram: 442 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Sim, obviamente. A China é um gigante. Mas o Vietna é outro país bem safado.
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
- Sterrius
- Sênior
- Mensagens: 5140
- Registrado em: Sex Ago 01, 2008 1:28 pm
- Agradeceu: 115 vezes
- Agradeceram: 323 vezes
Re: GEOPOLÍTICA
Vietna sempre tiveram que ser bem belicosos para manter sua independencia. ISso vem desde 938 quando conseguiram a independencia da china. Não é facil manter certa independencia perto de um gigante como a china.
-
- Sênior
- Mensagens: 7163
- Registrado em: Sex Out 07, 2005 8:20 pm
- Localização: Rio de Janeiro - RJ
Re: GEOPOLÍTICA
De olho no Pré-Sal:
Petroleiras eram contra novas regras para pré-sal
As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.
É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA de dezembro de 2009 obtido pelo site WikiLeaks (http://www.wikileaks.ch). A organização teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado à divulgação no site do WikiLeaks.
"Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava... E nós mudaremos de volta", disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.
O despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro.
O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem "senso de urgência". Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: "Vocês vão e voltam".
A executiva da Chevron relatou a conversa com Serra ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio. O cônsul Dennis Hearne repassou as informações no despacho "A indústria do petróleo conseguirá derrubar a lei do pré-sal?".
O governo alterou o modelo de exploração _que desde 1997 era baseado em concessões--, obrigando a partilha da produção das novas reservas. A Petrobras tem de ser parceira em todos os consórcios de exploração e é operadora exclusiva dos campos. A regra foi aprovada na Câmara este mês.
A *Folha*teve acesso a seis telegramas do consulado dos EUA no Rio sobre a descoberta da reserva de petróleo, obtidos pelo WikiLeaks.
Datados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, mostram a preocupação da diplomacia dos EUA com as novas regras. O crescente papel da Petrobras como "operadora chefe" também é relatado com preocupação.
O consultado também avaliava, em 15 de abril de 2008, que as descobertas de petróleo e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderiam "turbinar" a candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.
O consulado cita que o Brasil se tornará um "player" importante no mercado de energia internacional.
Em outro telegrama, de 27 de agosto de 2009, a executiva da Chevron comenta que uma nova estatal deve ser criada para gerir a nova reserva porque "o PMDB precisa de uma companhia".
Texto de 30 de junho de 2008 diz que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA, na época da descoberta do pré-sal, causou reação nacionalista. A frota é destinada a agir no Atlântico Sul, área de influência brasileira.
http://m.folha.uol.com.br/poder/844642- ... e-sal.html
Petroleiras eram contra novas regras para pré-sal
As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.
É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA de dezembro de 2009 obtido pelo site WikiLeaks (http://www.wikileaks.ch). A organização teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado à divulgação no site do WikiLeaks.
"Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava... E nós mudaremos de volta", disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.
O despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro.
O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem "senso de urgência". Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: "Vocês vão e voltam".
A executiva da Chevron relatou a conversa com Serra ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio. O cônsul Dennis Hearne repassou as informações no despacho "A indústria do petróleo conseguirá derrubar a lei do pré-sal?".
O governo alterou o modelo de exploração _que desde 1997 era baseado em concessões--, obrigando a partilha da produção das novas reservas. A Petrobras tem de ser parceira em todos os consórcios de exploração e é operadora exclusiva dos campos. A regra foi aprovada na Câmara este mês.
A *Folha*teve acesso a seis telegramas do consulado dos EUA no Rio sobre a descoberta da reserva de petróleo, obtidos pelo WikiLeaks.
Datados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, mostram a preocupação da diplomacia dos EUA com as novas regras. O crescente papel da Petrobras como "operadora chefe" também é relatado com preocupação.
O consultado também avaliava, em 15 de abril de 2008, que as descobertas de petróleo e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderiam "turbinar" a candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.
O consulado cita que o Brasil se tornará um "player" importante no mercado de energia internacional.
Em outro telegrama, de 27 de agosto de 2009, a executiva da Chevron comenta que uma nova estatal deve ser criada para gerir a nova reserva porque "o PMDB precisa de uma companhia".
Texto de 30 de junho de 2008 diz que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA, na época da descoberta do pré-sal, causou reação nacionalista. A frota é destinada a agir no Atlântico Sul, área de influência brasileira.
http://m.folha.uol.com.br/poder/844642- ... e-sal.html
Alberto -
Re: GEOPOLÍTICA
Sorry, Serra, não foi dessa vez (again)!!! MUAHAHAHAAHAHA (risada sinistra)...
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
- Túlio
- Site Admin
- Mensagens: 61680
- Registrado em: Sáb Jul 02, 2005 9:23 pm
- Localização: Tramandaí, RS, Brasil
- Agradeceu: 6378 vezes
- Agradeceram: 6730 vezes
- Contato:
Re: GEOPOLÍTICA
suntsé escreveu: È mas a China de 79 não é a mesma China de Hoje. Hoje as forças armadas chinesas são muito mais sofisticadas e modernas. O estrago que eles podem fazer no Vietnã em caso de guerra é incalculavel. No campo da guerra eletrônica eles estão muito desenvolvidos, se o Vietnã não tiver forças armadas modernas modernas e com capacidade de fazer bom uso da tecnologia eletrônica, ele podem se dar muito mal.
Mas sua grande força ainda é a MASSA! E já tinham isso quando se pegaram com o pequeno Vietnã. Não era uma guerra hi-tech, era na bala e fim. Sua superioridade em meios já era avassaladora mas...
Lembra apenas um pouco a guerra Russo-Finlandesa, aliás...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
Re: GEOPOLÍTICA
Para o que serve mesmo a Otan?
O objetivo do novo projeto estratégico da Otan é garantir a atual distribuição do poder no mundo, que favorece principalmente os EUA e manter o controle de recursos minerais e energéticos para suas empresas
Por Rómulo Pardo Silva
Não é possível compreender as mudanças na Otan olhando apenas para os acordos de Lisboa. É preciso denunciar seu projeto estratégico. Da mesma forma como os impérios de Espanha, Portugal, Holanda, Inglaterra, França, Alemanha, o objetivo é dominar ou eliminar os povos e apoderar-se de cada recurso do planeta. O que mudou foram o canhão e a espada pelo míssil nuclear e a propaganda. E também a capacidade de extermínio e de terror.
A Otan é a força militar mais poderosa que já existiu. Seu pilar são os Estados Unidos e seu condutor é o poder de fato dos norte-americanos. Os gastos militares dos EUA ultrapassam a soma de todos os demais países e sua contribuição para a Aliança Atlântica subiu, de dcez anos para cá, de 49% para 73%. Sua capacidade de guerra consta de milhares de armas nucleares, mísseis ofensivos e defensivos, poderosas bombas convencionais, mais de 800 bases no estrangeiro, frotas em todos os oceanos, instrumentos cibernéticos, armas radioelétricas, bombardeiros em voo permanente. Por trás disso, as burguesias europeias dão o apoio militar e político ao projeto.
EUA-Otan constituem uma cara máquina de destruição que obviamente não foi pensada para combater a Al Qaeda, os piratas do Iêmen, ou grupos terroristas. Sua tarefa é o futuro da humanidade, ainda que seja usada no presente.
Os grandes empresários ocidentais sabem que as crises em desenvolvimento darão fim, em algum momento, ao sistema capitalista e, previdentes, adiantam o controle absoluto do planta para impor em seu benefício a civilização seguinte.
Com o aquecimento global e sua destruição de paisagens e migração caótica de povos; o esgotamento do petróleo e do gás, e o colapso da indústria e do transporte, a fragilidade do sistema financeiro, a falta de água, a escassez de minerais, terras para uso agrícola, florestas, alimentos do mar, o aumento da população aos bilhões, será impossível man ter a ordem capitalista de livre exploração da natureza.
Ante a impossibilidade de crescimento econômico constante com recursos finitos e ao consequente colapso das forças políticas, sociais, ideológicas, os donos das multinacionais preparam a Otan como instrumento de seu modelo de ditadura mundial fascista, “um governo, um exército, um pensamento”.
Que podem fazer os magnatas transnacionais ocidentais sem água, minerais, energia, climas convenientes? Apropriar-se, com o poder das armas, de todas as riquezas do planeta. Repetir de um modo agora absoluto suas próprias histórias coloniais.
Não é um plano secreto. Os figurões da Otan dizem isso abertamente. O secretário geral Anders Fogh Rasmussen declarou que suas forças atuarão em qualquer lugar do mundo para defender “nossa paz” e “prosperidade”! Em um documento oficial anterior falavam de defender seu “estilo de vida”. Chomsky explica: “…A doutrina de Bill Clinton [ex-chefe nominal da Otan] era que os EUA estavam autorizados a usar a força militar para assegurar ‘o acesso desinibido a mercados chave, fornecimentos energéticos e recursos estratégicos´ sem sequer a necessidade de inventar pretextos...”
O objetivo chave são os recursos. Faz pouco tempo a situação ficou tensa quando se acreditou que a China bloquearia a exportação de metais raros, indispensáveis para a indústria eletrônica. O Brasil terá seis submarinos nucleares para proteger seu petróleo e, para 2047, vai incorporar 20 submarinos convencionais, pois é conhecido o interesse de Washington pela Amazônia.
A fria vontade de usar a força dos EUA-Otan se mostrou na destruição da Iugoslávia, Afeganistão, Iraque, nos bombardeiros no Paquistão. No cerco à Rússia e à China. Nos planos de ataque ao Irã e à República Popular da Coréia. A construção de um escudo anti-mísseis que permita ataques impunes. Sua ameaça é tão grave que o presidente Medvedev e a burguesia russa estão optando por se tornarem clientes do império, oque deixaria a China sozinha.
O alvo da Otan está mais no presente do que no futuro. Se o Brasil, país em desenvolvimento, planeja para cinquenta anos à frente, a Otan dona do poder e da tecnologia tem que pensar em séculos.
Os pobres de cada país são vítimas do desígnio da Aliança Atlântica, que usará a força para assegurar sua prosperidade. O socialismo do futuro deve sabe-lo, dizê-lo e levantar a alternativa solidária e sustentável por todos.
Fonte: www.malpublicados.blogspot.com
O objetivo do novo projeto estratégico da Otan é garantir a atual distribuição do poder no mundo, que favorece principalmente os EUA e manter o controle de recursos minerais e energéticos para suas empresas
Por Rómulo Pardo Silva
Não é possível compreender as mudanças na Otan olhando apenas para os acordos de Lisboa. É preciso denunciar seu projeto estratégico. Da mesma forma como os impérios de Espanha, Portugal, Holanda, Inglaterra, França, Alemanha, o objetivo é dominar ou eliminar os povos e apoderar-se de cada recurso do planeta. O que mudou foram o canhão e a espada pelo míssil nuclear e a propaganda. E também a capacidade de extermínio e de terror.
A Otan é a força militar mais poderosa que já existiu. Seu pilar são os Estados Unidos e seu condutor é o poder de fato dos norte-americanos. Os gastos militares dos EUA ultrapassam a soma de todos os demais países e sua contribuição para a Aliança Atlântica subiu, de dcez anos para cá, de 49% para 73%. Sua capacidade de guerra consta de milhares de armas nucleares, mísseis ofensivos e defensivos, poderosas bombas convencionais, mais de 800 bases no estrangeiro, frotas em todos os oceanos, instrumentos cibernéticos, armas radioelétricas, bombardeiros em voo permanente. Por trás disso, as burguesias europeias dão o apoio militar e político ao projeto.
EUA-Otan constituem uma cara máquina de destruição que obviamente não foi pensada para combater a Al Qaeda, os piratas do Iêmen, ou grupos terroristas. Sua tarefa é o futuro da humanidade, ainda que seja usada no presente.
Os grandes empresários ocidentais sabem que as crises em desenvolvimento darão fim, em algum momento, ao sistema capitalista e, previdentes, adiantam o controle absoluto do planta para impor em seu benefício a civilização seguinte.
Com o aquecimento global e sua destruição de paisagens e migração caótica de povos; o esgotamento do petróleo e do gás, e o colapso da indústria e do transporte, a fragilidade do sistema financeiro, a falta de água, a escassez de minerais, terras para uso agrícola, florestas, alimentos do mar, o aumento da população aos bilhões, será impossível man ter a ordem capitalista de livre exploração da natureza.
Ante a impossibilidade de crescimento econômico constante com recursos finitos e ao consequente colapso das forças políticas, sociais, ideológicas, os donos das multinacionais preparam a Otan como instrumento de seu modelo de ditadura mundial fascista, “um governo, um exército, um pensamento”.
Que podem fazer os magnatas transnacionais ocidentais sem água, minerais, energia, climas convenientes? Apropriar-se, com o poder das armas, de todas as riquezas do planeta. Repetir de um modo agora absoluto suas próprias histórias coloniais.
Não é um plano secreto. Os figurões da Otan dizem isso abertamente. O secretário geral Anders Fogh Rasmussen declarou que suas forças atuarão em qualquer lugar do mundo para defender “nossa paz” e “prosperidade”! Em um documento oficial anterior falavam de defender seu “estilo de vida”. Chomsky explica: “…A doutrina de Bill Clinton [ex-chefe nominal da Otan] era que os EUA estavam autorizados a usar a força militar para assegurar ‘o acesso desinibido a mercados chave, fornecimentos energéticos e recursos estratégicos´ sem sequer a necessidade de inventar pretextos...”
O objetivo chave são os recursos. Faz pouco tempo a situação ficou tensa quando se acreditou que a China bloquearia a exportação de metais raros, indispensáveis para a indústria eletrônica. O Brasil terá seis submarinos nucleares para proteger seu petróleo e, para 2047, vai incorporar 20 submarinos convencionais, pois é conhecido o interesse de Washington pela Amazônia.
A fria vontade de usar a força dos EUA-Otan se mostrou na destruição da Iugoslávia, Afeganistão, Iraque, nos bombardeiros no Paquistão. No cerco à Rússia e à China. Nos planos de ataque ao Irã e à República Popular da Coréia. A construção de um escudo anti-mísseis que permita ataques impunes. Sua ameaça é tão grave que o presidente Medvedev e a burguesia russa estão optando por se tornarem clientes do império, oque deixaria a China sozinha.
O alvo da Otan está mais no presente do que no futuro. Se o Brasil, país em desenvolvimento, planeja para cinquenta anos à frente, a Otan dona do poder e da tecnologia tem que pensar em séculos.
Os pobres de cada país são vítimas do desígnio da Aliança Atlântica, que usará a força para assegurar sua prosperidade. O socialismo do futuro deve sabe-lo, dizê-lo e levantar a alternativa solidária e sustentável por todos.
Fonte: www.malpublicados.blogspot.com