JL escreveu:Helio, você é um expert no assunto, quem sou para contradizer. Mas com modéstia posso tentar argumentar.
Eu disse que o Osório era uma colcha de retalhos importados, isto é uma verdade pois realmente foi um produto destinado a uma concorrência no exterior, ou melhor, exportação para o mercado árabe, dominado pelos carros soviéticos de baixa sofisticação. Que o Osório era bom nos quesitos eletrônica, armamento, mobilidade, ergonomia etc. Sem dúvida nenhuma. Mas e a blindagem o quesito proteção?
Quanto o Tamoyo I, continuo argumentando que era um carro de combate bem tosco, a Bernardini, foi muito limitada no seu projeto. Já o Tamoyo III era o que deveria ter sido o inicio do projeto, com canhão L7 de 105 mm, blindagem composta. Desconhecia o fato do EB não ter testado o veículo. Um grande erro. O que demonstra que a Bernardini agiu por conta própria o que é um absurdo, fazer um carro para o EB, sem ouvir o Exército.
Olha a história destes dois carros daria um bom livro, com bons furos de reportagem. Apesar de ser recente, estes fatos pertencem a história, não existem mais Engesa e Bernardini. Não há motivo para tanto segredo. Estes carros não serão mais fabricados.
Olhando nos dias de hoje, o passado, sem motivos passionais, sem ter participado da história, apenas um adolescente leitor da T&D, tinha 18 anos em 1985. Penso que foi um erro estratégico colossal, que enterrou duas empresas e acabou com a perspectiva de um MTB nacional.
Bem Hélio, como disse é uma opinião, veja nunca cheguei perto destes carros, minha experiência é de leitor, o máximo que consegui foi entrar foi em um Leopard 1, que participou de um desfile aqui em Santos, no Cascavel e em blindados como CLANF, M113 e vi de perto o Sk 105 ou seja experiência prática é zero. Agora já pesquisei bastante sobre o tema.
Pergunta e o Sucuri, por que não deu certo?
JL
Antes de mais nada, sem falsa modéstia estou muito longe para ser considerado um expert no assunto, sou tão curioso quanto voce.
Considero que o Osório, se hipotéticamente fosse destinado para o mercado nacional, pelo menos o(os) protótipo com certeza seriam produzidos com muitos componentes importados. A partir da aprovação do cc, a ENGESA com certeza iria procurar os fornecedores para negociar a produção sob licença. Foi isto que aconteceu com os canhões Cockerill que equiparam os Cascaveis.
O Guarani mesmo durante a fase de protótipo é quase tudo importado, inclusive a blindagem, somente depois de realizados os testes é que iniciará a produção de componentes no Brasil.
Quanto a blindagem do Osório, é um dado que sempre quis saber, mas nunca consegui pista alguma.
Quanto ao Tamoyo, se não me engano o protótipo I com canhão de 90mm, foi financiado pelo GF, mas o III com 105mm não. Tanto que quando a fábrica faliu, um dos credores se apossou dele como forma de indenização e há 3 anos foi a leilão( foi cancelado o leilão)
Quanto a história destes cc, apesar de ter acontecido em época relativamente recente, muito pouca coisa restou.
Para se ter uma idéia, todas as plantas do Osório ficaram guardados e lacrados na fábrica após a falencia, o mesmo acontecendo com o Tamoyo da Bernardini.
Até o CTEx, foi por nós( eu,o Paulo e o Bacchi) consultado sobre a possibilidade de ter nos arquivos os projetos deles ,mas infelizmente nada encontramos.
A unica alternativa que nos restou foi a de procurar os engenheiros militares e civis que participaram destes projetos e através de depoimentos e escassos documentos e fotos tentar resgatar a memoria do país. Temos que recordar que grande parte destes pioneiros já faleceram ou estão tão idosos que não se lembram mais de fatos relevantes.
Por mais entusiastas que somos, as vezes somos até recebidos de forma completamente desinteressada pelos eventuais contatos. A Motopeças por exemplo, fabricante do Charrua, não tem nenhum interesse em acessar as plantas, pois retrata um momento infeliz desta industria que causou grandes prejuizos.
Entretanto ,como somos perseverantes e entusiastas acima de tudo, procuramos tentando.
Abraços
Hélio