Operações Policiais e Militares

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Anderson Subtil
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Re: Operações Policiais e Militares

#7276 Mensagem por Anderson Subtil » Ter Nov 30, 2010 8:56 am

Léo Brito escreveu:Imagem

Pqp! Não levaram esse carinha pra cobrir a fugas dos mulambos...
Essa Minimi é sagaz :twisted:
Este cara ai com a Minimi parece ser um Civil, alguem sabe se o BOPE tambem recebeu algumas? Sera que nao se trata de uma arma emprestada pelos Navais? Vi uma foto de um policial do batalhao durante a operacao com uma daquelas HK21 tradicionais.




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Re: Operações Policiais e Militares

#7277 Mensagem por ZeRo4 » Ter Nov 30, 2010 9:33 am

Anderson Subtil escreveu:
Léo Brito escreveu:Imagem

Pqp! Não levaram esse carinha pra cobrir a fugas dos mulambos...
Essa Minimi é sagaz :twisted:
Este cara ai com a Minimi parece ser um Civil, alguem sabe se o BOPE tambem recebeu algumas? Sera que nao se trata de uma arma emprestada pelos Navais? Vi uma foto de um policial do batalhao durante a operacao com uma daquelas HK21 tradicionais.
É do SOT da CORE/PCERJ, popularmente conhecido como "Equipe Falcão". Esse Minimi deve ser emprestada mesmo, não tenho notícias da PCERJ com Minimi... e tbm nunca tive notícias de Minimi nas mãos de traficantes, já a HK21 pertence ao BOPE já há algum tempo.




Editado pela última vez por ZeRo4 em Ter Nov 30, 2010 9:49 am, em um total de 1 vez.
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Re: Operações Policiais e Militares

#7278 Mensagem por kekosam » Ter Nov 30, 2010 9:36 am

Anderson, acho que os Navais não emprestariam as guns assim não.




Assinatura? Estou vendo com meu advogado...
Anderson Subtil
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Re: Operações Policiais e Militares

#7279 Mensagem por Anderson Subtil » Ter Nov 30, 2010 9:39 am

Pois sim, sei que por ordem do MD foram repassados equipamentos de visao noturna, mas armas tambem acho dificil.




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FOXTROT
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Re: Operações Policiais e Militares

#7280 Mensagem por FOXTROT » Ter Nov 30, 2010 9:47 am

iblek escreveu:Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: http://www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos

O narcotráfico no Rio de Janeiro não vai acabar. Nem sofrer um baque estrutural, apesar da “guerra” a ele declarada pela administração Serginho Cabral. É sério o risco de desmoralização da parceria do governo fluminense com as Forças Armadas e a Polícia Federal. A presente batalha campal no Complexo do Alemão é apenas mais uma encenação midiático-policial-militar, no pretenso combate do Poder do Estado ao Poder Paralelo das facções criminosas. Na verdade, nada acontecerá contra o Crime Organizado, porque ele só existe na interação entre a máquina estatal e os criminosos – incluindo os políticos que se beneficiam dos esquemas criminosos.

Não importa o resultado da “Batalha do Alemão”. Seus efeitos serão idênticos ao da famosa Batalha de Itararé – aquela que não ocorreu, na década de 30 do século passado. O gerenciamento do narcotráfico apenas vai mudar de mãos. Pouco munda, em essência, na previsível rotatividade da ilegal atividade comercial de venda de drogas e aluguel de armas pesadas. Os traficantes A, da facção X, serão trocados pelos traficantes B, da facção Y. Todos, claro, parceiros do crime estatalmente organizado. Enfim, o que as “Forças de Segurança” fazem agora, no Rio de Janeiro, tem o efeito prático de um profundo enxugamento de gelo.

O narcotráfico não vai ser extinto no Rio e alhures. Por vários motivos simples. Indagar não ofende. Por acaso, a cadeia de consumo das drogas sofreu ou vai sofrer alguma alteração significativa? A demanda pelas drogas diminuiu, para que o tráfico seja extinto pela simplória via do combate armado? A prisão de dezenas de operários do narcotráfico é realmente significativa para acabar com a atividade criminosa? Os verdadeiros sustentáculos da máquina do tráfico realmente foram (ou serão) presos ou tirados definitivamente de circulação? As parcerias internacionais dos vendedores de drogas no Brasil (com grupos guerrilheiros ideologicamente identificados com o Foro de São Paulo) serão combatidas pelo poder vigente?

O narcotráfico é uma atividade econômica altamente lucrativa. Os economistas Sergio Guimarães Ferreira e Luciana Velloso, da subsecretaria estadual de Fazenda, elaboraram, em abril de 2009, o estudo: “A Economia do Tráfico na Cidade do Rio de Janeiro: uma tentativa de calcular o valor do negócio”. Os números da estimativa de consumo anual apavoram: Maconha (90 toneladas). Cocaína (8,8 toneladas). Crack (4,3 toneladas). A Quantidade de delinquentes envolvidos no tráfico é de 16.387 pessoas (estimativa da Polícia Civil).


Faturamento anual do Tráfico (ajustando a subestimativa das pesquisas diretas): Maconha (108,1 milhões de reais). Cocaína (423,2 milhões de reais). Crack (102,1 milhões de reais). Total: 633,4 milhões de reais. Custo Anual Estimado: Pessoal (158,7 milhões de reais). Custo de compra das drogas (193,9 milhões de reais). Armas (24,8 milhões de reais). Perdas por apreensões (19,4 milhões de reais). Total: 396,8 milhões de reais. Lucro operacional: (236,6 milhões de reais). Estudo completo pode ser visto e baixado em: http://www.fazenda.r.../NT_2008_35.pdf

Tudo nessa guerra exibida midiaticamente é um jogo de ilusão. Ontem, o chefão Luiz Inácio Lula da Silva deixou isto claro - em Georgetown, onde participou de uma cúpula de emergência da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Avisou que as Forças Armadas mobilizadas nas operações contra a violência no Rio de Janeiro não fariam prisões. Com isto, Lula quis apenas ressaltar que as tropas de elite das Forças Armadas se tornaram meras coadjuvantes, sob comando do Governo e da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ou seja, na bagunda institucional promovida por Lula e seu ministro da Defesa, Nelson Jobim, o Exército e a Marinha viraram “forças auxiliares”.


As Forças Armadas caíram em uma cilada institucional. A atuação deles nesta operação de Garantia da Lei da Ordem não tem amparo legal. Os políticos não regulamentaram a ação constitucional do Exército, Marinha e da FAB nestas situações de emergência. Se a “batalha” do Alemão demorar demais, a chance de desgaste de imagem para as Forças Armadas é imensa. Se os militares forem obrigados a entram em combate, a vero, gerando “vítimas” no “meio civil” (aliado ou não do narcotráfico), acabarão atacados virulentamente pelos pretensos defensores dos “direitos humanos”, sempre háveis em relacionar as Forças Armadas com ações autoritárias.

Enquanto o pau canta na Cidade Maravilhosa – sendo visto no mundo inteiro -, a Presidenta eleita Dilma Rousseff toma uma decisão previsível. Decide dar continuidade à política internacional do governo Lula – alinhada ideologicamente com o radicalismo socialista na América Latina. Dilma manterá no cargo de Aspone Internacional o ilustre top-top Marco Aurélio Garcia – um dos principais dirigentes do Foro de São Paulo. Garcia fará o meio campo de Dilma com o PT e seus aliados externos. Por isto, tudo vai continuar como dantes, nas bocas de fumo do Abrantes.


Repetir conceitos corretos é preciso. Crime Organizado é a associação entre criminosos e servidores públicos. Sem a proteção do Estado o crime não se organiza. Cada vez mais organizado, o crime joga contra a Ordem Pública, que é o patrimônio jurídico mais importante para a sociedade, pois garante a vida e a liberdade dos cidadãos. Ou seja, agora, no Rio de Janeiro, o crime organizado não é combatido.


O crime organizado corrompe e destrói as instituições – que são a concretização da vontade da Nação (cristalizadora da vontade de um povo). A ação criminosa inviabiliza a Democracia, que é a segurança do direito natural. No Brasil, o sistema delitivo obedece, ideológica e politicamente, a esquemas externos que nos mantêm permanentemente colonizados, sem soberania efetiva. O crime não é um fim. É um meio.

O crime organizado emprega duas sofisticadas modalidades de violência radical. Tudo para minar as instituições e constranger o senso comum a não identificar o verdadeiro inimigo. A intenção é usar o medo como fator de contenção social. Isto dificulta ou impede uma reação efetiva da sociedade. E quem não reage rasteja. Perde qualquer guerra antecipadamente.

A organização criminosa promove a Guerra de 5ª geração. Também chamada de guerra assimétrica, é toda tentativa de origem externa, por quaisquer meios, que objetive minar o cenário político – econômico – tecnológico – psicossocial – ambiental – militar de um País, através de agentes internos ou externos. No teatro de operações carioca, o que se combate agora é o “operariado” do narcovarejo, cujos gerentes custam caro ao contribuinte nos Hotéis de Segurança Máxima. E os verdadeiros chefões dos gerentes, alguém vai combater? Jura que vai?


Ou seja, por todos estes conceitos objetivos, a “batalha” do Alemão vai dar em nada. No Brasil, como bem afirma o provérbio francês, tudo parece que muda para ficar sempre a mesma coisa. O próximo governo apenas dará continuidade a tudo que está aí. Certamente, com pequenas alterações na escalação do time do Crime Organizado. Tomara que os segmentos esclarecidos não caiam em mais uma armadilha do ilusionismo ideológico que comanda a verdadeira Organização Criminosa.

Por enquanto, a sociedade do espetáculo se aliena com uma pretensa guerra que se torna "real" com a colaboração da mídia amestrada tupiniquim. Aonde vamos parar? Nem o herói-fictício Coronel Nascimento saberá responder...
Aqui no interior dizem que quando o sujeito tem muitas “especialidades” acaba por não saber porr@@@ nenhuma.

O que ele quer? No pior momento vivido pelos mulambos cariocas surge um “especialista” para lhes dar moral, assim é complicado.

Todos nós sabemos que o trafico de drogas não vai acabar, esse não era o objetivo da operação (acredito eu), mas sim, mostrar a esses otários maloqueiros que o Estado, quando quer, pode acabar com a boa vida que eles levavam.

Saudações




"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: Operações Policiais e Militares

#7281 Mensagem por ZeRo4 » Ter Nov 30, 2010 9:48 am

Naval escreveu:
ZeRo4 escreveu: E nem vai ver... na verdade de tudo que está sendo apreendido, pode multiplicar por 3 ou 4... fica óbvio que os Policiais não estão apresentando tudo! Para bom entendedor meia palavra basta... aquilo lá ta uma verdadeira corrida ao ouro!

Forte Abç!
Famoso espólio de guerra. :?

Abraços.
Nem fala... como eu havia falado, podem multiplicar o número, tanto de Armas quanto de Drogas, por no mínimo três, talvez quatro. Atualmente todos os BPMs da PMERJ estão apoiando a guerra por lá, sendo que é enviado, normalmente, o Comandante e o GAT de cada BPM de todas as unidades da PMERJ.

Um dos meus colegas lotado num GAT de um BPM da Zona Norte, deu a sorte grande e encontrou 8kg de Ouro Branco por lá... só para se ter uma idéia, isso da por volta de meio milhão de reais nas ruas.

Essa é a tristeza que bate, infelizmente teremos muitas armas e drogas abastacendo outras favelas da cidade e a ciranda continua, infelizmente.




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Re: Operações Policiais e Militares

#7282 Mensagem por U-27 » Ter Nov 30, 2010 9:57 am

o fuzil Gewerh 88 ja usava o mauser 7,92 de polvora sem fumaça




"A religião católica contém a Verdade total revelada por Deus e não dizemos isso com arrogância nem para desafiar ninguém. Não podemos diminuir esta afirmação" Dom Hector Aguer

http://ridingaraid.blogspot.com.br/ meu blog
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Re: Operações Policiais e Militares

#7283 Mensagem por rodrigo » Ter Nov 30, 2010 11:11 am

A Guerra do Alemão ou a Guerra do Brasil?

Marco Antonio dos Santos

Coronel da Reserva do Exército, analista de Inteligência Estratégica, doutor em planejamento e aplicações, professor universitário, empresário, e alguém quase perdendo as esperanças neste País.

marcoprospect@prospectintelligence.com.br

Com a vivência de mais de três décadas em trabalhos de Inteligência e experiência em operações de repressão ao narcotráfico, inclusive na mega operação levada a cabo por forças militares – policiais no Rio de Janeiro, no período compreendido entre novembro de 1994 e março de 1995, e em muitas outras forças - tarefas federais contra o crime organizado, avalio que possa dar minha contribuição a respeito do que está se passando naquele estado da federação e por extensão no Brasil.

A idéia simples de que as forças de segurança empregadas na tomada do Complexo do Alemão, após uma semana de práticas terroristas pelos criminosos ligados ao narcovarejo, na manhã de 28 de novembro, possam ter infligido danos de monta ao crime organizado carioca ou nacional passa distante da realidade.

Os traficantes são guerrilheiros urbanos, terroristas, no melhor estilo imaginado por Carlos Marighela, em seu manual do guerrilheiro urbano, ou mesmo seu xará Carlos Ilych “o Chacal”. A essência da atuação é a mesma. Diferem na finalidade. Uma é ideológica, a outra obter o lucro financeiro em operações igualmente criminosas.

Atacar de surpresa, onde têm preponderância de forças e meios, com violência extrema e valendo – se do pânico dela resultante é um dos fundamentos básicos. Buscar resultados com a violência difusa, causando medo, outro fundamento. Propaganda armada para aumentar a segurança própria, outro. Defender posições em locais fixos, no máximo naqueles pontos que assegurem tempo suficiente para evacuar armas, munições, drogas e homens. Claro, deixando um pouco como troféus para os incursores. O objetivo maior do guerrilheiro do narcovarejo é “preservar o poder de combate”. O negócio não acaba com a perda de um morro ou favela.

Os delinqüentes dos morros cariocas e, de resto, os do país todo não fizeram, nem pretendiam fazer, com certeza, a defesa de posições consolidadas, fortes, nos morros que dão culminância ao Alemão ou qualquer outro que ocupam ou venham ocupar. Fixar – se em posições defensivas rígidas significa sua destruição por força superiores em poder de combate, como assistido pela televisão. Seus dirigentes sabem que são vulneráveis a forças organizadas e com poder local superior.

Poderiam ter destruído, com relativa facilidade, os blindados empregados pela Marinha e pelo Exército, se assim tivessem intenção. Áreas urbanas de espaços reduzidos são verdadeiras ratoeiras para veículos pesados, mesmo blindados. Quanto mais pesados e maiores, mas fáceis de serem neutralizados. É muito possível que em enfrentamentos futuros empreguem os tradicionais coquetéis molotov, cortinas de fogo ou mesmo foguetes contra blindados, os quais já deram mostras de possuir.

A principal arma dos modernos guerrilheiros – traficantes, ou vice versa, não é o fuzil de assalto, as granadas, até armas mais poderosas, mas a fluidez, assegurada pela elevada capacidade de mimetismo com a comunidade que os abriga com silêncio obsequioso e subserviência e pela flexibilidade que dispõem.

Armas, fuzis Kalashinikov AK 47, AR 15 e Colt M4, FAL e HK, não se destinam precipuamente a enfrentar organizações policiais ou militares. Prestam – se para impor poder nas comunidades nas quais se homiziam, atacar e defender – se de facções rivais, assegurar posições favoráveis de negociação contra policiais corruptos e, eventualmente, manter à distâncias por certo tempo ataques coordenados como os realizados nesta semana. Fácil observar as cenas de policiais e militares cobertos por muros e árvores sem poder avançar pelo fogo de afugentamento disparados das elevações e de cima de lajes.

A operação de domingo, dentro do conceito policial militar (ou mesmo militar) em que foi elaborada, foi bem concebida e executada, com um número de baixas, deplorável, mas aceitável, com mérito incontestável a ser creditado aos elementos operacionais da Marinha, Exército, Aeronáutica e Polícia Militar do Rio de Janeiro, especialmente de seu Batalhão de Operações Especiais, o BOPE, que puseram suas vidas em risco. Ações muito bem desencadeadas e coordenadas, dignas de compor estudos de caso de operações militares – policiais urbanas contra segmentos pesadamente armados de organizações de criminosos organizados de terceiro nível.

Mas não se deve considerar que a resistência encontrada e os resultados alcançados tenha sido definitiva, capaz de derrotar o tráfico. Os efetivos imaginados para os narco – guerrilheiros e o armamento que se avaliava possuírem, caso houvessem se entrincheirado adequadamente e permanecido em posições fixas, teria resultado em um massacre de civis, militares, policiais e criminosos, claro. As 50 mortes creditadas seriam número ínfimo perto das pssibilidades.
Apesar do brilhantismo de sua execução, não se deve, sequer, imaginar que as mais de 15 mil pessoas, em números estimados, envolvidas com o mercado das drogas – seguranças, “aviões”, gerentes, armeiros, donos de bocas e outras que usufruem, nas comunidades, das benesses da economia bandida das drogas –, no Rio de Janeiro, vão desaparecer em um passe de mágica. Muito menos as centenas de milhares de usuários de maconha, cocaína, crack e etc, deixarão de se drogar porque não haverá mais oferta. Essa “guerra” jamais será vencida por meios militares – policiais, em enfretamentos bélicos, porque a lei da oferta e da procura não vai ser revogada. Enquanto houver consumidor de drogas, haverá alguém que a ofereça, com mais ou menos dano social. É a economia bandida promovida pelo crime organizado transnacional.

Alguns órgãos de mídia têm feitos comparações de meios, armas e efetivos como se o conflito tivesse feições convencionais, de guerra regular. Ora, esqueçamos isso. Não é assim que funciona. Isso nem é mais válido no Afganistão.
Porque o Bope, os pára-quedistas e outras forças especiais obtém maior êxito?

Porque combatem com a mesma flexibilidade que seus oponentes, dentro das restrições legais, óbvio. Têm a mesma dinâmica.
Com relação aos enfrentamentos futuros com sucesso, o emprego de frações de tropas especiais é uma das estratégias, certamente.
Na Operação Rio, em fins de 1994 e início de 1995, a situação anterior à atuação da Forças Armadas e policiais do Rio era semelhante, eu diria até mais grave que a atual.

Esforços tripartites foram empreendidos, envolvendo estado, municípios do grande Rio e federação, e o Estado do Rio de Janeiro, tal qual se imagina que possa vir a ter, na situação presente, tinha, ao final da Operação, condições de se fazer representar em todas as comunidades socialmente degradadas. Projetos de cidadania foram elaborados – os Centros de Cidadania – e deveriam ter sido implementados, reduzindo as vulnerabilidades que pudessem permitir o retorno das estruturas criminosas. No entanto, menos de uma década depois, já se podia observar não só a volta do narcovarejo terrorista às favelas, mas sua versão modernizada, globalizada, mais violenta, melhor armada e mais articulada ao crime transnacional. O Estado não fez sua parte.

As causas não foram debeladas.
Não se agiu, politicamente, com firmeza na implantação de programas que tivessem uma dinâmica capaz de se contrapor à dinâmica do crime organizado, não se enfrentou a corrupção de forma eficaz e ordenada (inclusive o financiamento de campanhas políticas), não se tratou de esclarecer a sociedade quanto à algumas manifestações culturais que educavam para o tráfico, não se trabalhou a cabeça do brasileiro, como se fez para as eleições, quanto ao grau de tolerância em relação às práticas criminosas globalizadas, aparentemente inocentes, mas danosas, como pirataria, jogos de azar, prostituição, uso de “drogas leves”, e a lista do “não se fez” se estende por mais quilômetros que a Estrada de Itararé, hoje mundialmente conhecida, após a tomada do Alemão.

Os governos têm sido incompetentes em informar à sociedade brasileira quanto aos malefícios do crime organizado transnacional, mesmo aquelas práticas aparentemente de menor poder ofensivo e que, desde meados dos anos 1990, passaram a ser objeto do contexto internacional de trabalho das máfias globalizadas.
Muitos especialistas estão deitando falação quanto às conseqüências, reflexos e desdobramentos da Guerra do Rio. Alguns até arriscam a afirmar o fim do tráfico no Estado. Manchetes nesse sentido não faltam.
Mas, crime organizado não se enfrenta com slogans.
Invariavelmente quase todos os especialstas estão certos, mas apenas em certa medida e em alguns pontos. Inclusive eu.
Mas todos erraram nos fundamentos da análise.
Porque digo isso?

Porque a sociedade não tem informações com credibilidade e amplitude suficientes para julgar. Temos o que a mídia tem veiculado. Temos o que se pode obter de contatos com populares, com cidadãos de áreas conflagradas, e com outras fontes fragmentariamente informadas, mas não se pode acessar informações de qualidade originárias da Inteligência, aquelas que autoridades, e assim mesmo em círculos restritos delas, devem ter conhecimento. Isso só permite análise e conclusões parciais e sem a profundidade exigida.

Evidentemente que não se cogita transparência total. Isso poria em risco os bravos militares e policiais incursores e as próximas operações. Mas a sociedade tem direito de saber as causas verdadeiras, por exemplo, que originaram o conflito da semana passada. É preciso que conheça a extensão do mal e os números dos maus. Transparência é um princípio basilar de ação de governo no Século XXI. Ou será que os marcinhos e fernandinhos têm esse poder todo? Claro que não. As estruturas criminosas organizadas são muito maiores do que se pode ver.

São muitos os fatores a serem considerados, talvez mais de uma centena deles, em uma análise séria e profunda. Alguns fatores são mais críticos, como a questão do aumento do consumo de drogas e da corrupção conexa, outros menos, como o desarmamento do cidadão de bem como medida de redução da violência urbana. É simplista demais, porém, imaginar que delinqüentes sumariamente letrados negociem contratos internacionais de toneladas de drogas e centenas de armas pesadas, em fluxos constantes.
Importante considerar que, entre as análises que amenizam o impacto negativo dos acontecimentos e que influem no relaxamento dos espíritos quanto à gravidade do problema, está a ação da grande mídia que tenta salvar seus investimentos em patrocínios para os mega eventos Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas de 2016.
O Rio de Janeiro e o Brasil deram um passo importante com o enfrentamento dos últimos dias. Não sei se este capítulo do drama foi escrito reativamente, diante os ataques da semana, ou planejado como a implantação das UPP, mas não deve se cogitar que este passo seja decisivo, mas inicial.
O crime globalizado, em todas as suas manifestações e dimensões, o narcotráfico principalmente, precisa ser encarado pela sociedade como ameaça aos valores e princípios da nacionalidade, como ameaça à segurança do Estado e da sociedade, como se configura. Assim, tem que ser enfrentado com os meios maiores que o país dispõe: suas Forças Armadas e policiais, aparato jurídico e formação de consciência, de juízo de valor coletivo.
Não devem ser impeditivos as prováveis baixas, mortes e ferimentos, ou novos casos de corrupção em segmentos aparentemente mais resistentes, como os militares. Essas serão questões a serem resolvidas concomitantemente e com a mesma disposição vistas nos militares e policiais na Guerra do Rio. Valores maiores se avolumam.

Essa é uma questão para o Estado brasileiro.
O Rio de Janeiro e a maioria dos estados brasileiros não tem condições de manter, por longos períodos, ocupações nas áreas “ tomadas” ao tráfico. Pode – se imaginar que as autoridades do Rio empregaram, no período de conflagração, pelo menos 2/ 3 de seus efetivos policiais. Em breve estas forças darão sinais de exaustão. Além disso, a logística é cara e complexa para mantê – los em ação. Também não é boa estratégia manter os militares como força de ocupação dos territórios conquistados.

É de se prever, diante do quadro visto e da experiência reunida, que os traficantes poderão, por certo período, manter as áreas que controlam, migrando, com o passar do tempo, para ocupações menos agressivas, com menor exposição de armas pesadas, como já fazem nas áreas ocupadas por UPP, mantendo, contudo, seus negócios ilícitos. Não falta droga nas áreas pacificadas.

As atuais organizações do espectro visível do narcotráfico no Rio de Janeiro, – CV, TC, ADA etc – visualiza –se, poderão adotar perfis mais próximos do PCC, mediante as lições aprendidas e o assessoramento de profissionais do terror, disponíveis no mercado da delinqüência transnacional. Não se descarta a cooperação de facções rivais em defesa do patrimônio e dos lucros do tráfico.
Não imagine o Estado que repetirão as atuais condutas integralmente.

Os novos Governo Federal e estaduais que se que se instalam em janeiro próximo têm uma tarefa hercúlea pela frente.
As drogas mais lesivas à saúde social nacional, razão maior da criminalidade e da violência que assolam o País e que tem feito fracassar sucessivas políticas de segurança pública ao longo das últimas décadas , não são produzidas em nosso território. As autoridades conhecem a sua origem. Políticas de relacionamento internacional pragmáticas, isentas de ideologias arcaicas, nascidas no Século XVIII, que fazem “vista grossa” aos centros produtores de drogas e seus empreendedores criminosos globais, vizinhos do Brasil, precisam ser implementadas com o intuito de criar dificuldades cada vez maiores ao ingresso de substâncias e capitais que definem o quadro vivido pelo Rio e outros estados brasileiros.

O Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Delegado Federal José Mariano Beltrame, foi muito feliz e preciso em uma entrevista concedida a um canal de televisão aberta na noite de domingo: “chega de hipocrisia!”.

Só não posso afirmar com que amplitude e profundidade o Secretário assim se manifestou.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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Re: Operações Policiais e Militares

#7284 Mensagem por Carlos Mathias » Ter Nov 30, 2010 11:16 am

Tem gente que não tá gostando da invasão não.

Acho que queriam deixar como estar e esperar Alice vir de wonderlands prá resolver socialmente. :roll:




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Re: Operações Policiais e Militares

#7285 Mensagem por ZeRo4 » Ter Nov 30, 2010 11:20 am

Carlos Mathias escreveu:Tem gente que não tá gostando da invasão não.

Acho que queriam deixar como estar e esperar Alice vir de wonderlands prá resolver socialmente. :roll:
Acho que não... acho que se tratam de pessoas mais pés no chão, até porque já viram essa situação acontecer mais de uma vez! vamos dar tempo ao tempo ;)




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Re: Operações Policiais e Militares

#7286 Mensagem por EDSON » Ter Nov 30, 2010 11:31 am

Sabemos que o PIB de países como Peru, Colômbia, Bolivia, Equador e Paraguai são dependentes do tráfico de drogas.

Muitas instituiçôes fianceiras quebrariam sem o dinheiro do tráfico.

O único páis com uma indústria química na América do Sul é o Brasil, ou seja, os ensumos para refinar a droga vem daqui.

Temos também os usuários que não irão deixar de usar só porque o morro do alemão foi invadido.

Senhores temos um abacaxi nas mãos.

Isto eu fiquei sabendo assistindo o último globo news painel. E que droga eu subi o Ibope da globo. :roll:




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Re: Operações Policiais e Militares

#7287 Mensagem por Vinicius Pimenta » Ter Nov 30, 2010 11:32 am

ZeRo4 escreveu:Nem fala... como eu havia falado, podem multiplicar o número, tanto de Armas quanto de Drogas, por no mínimo três, talvez quatro. Atualmente todos os BPMs da PMERJ estão apoiando a guerra por lá, sendo que é enviado, normalmente, o Comandante e o GAT de cada BPM de todas as unidades da PMERJ.

Um dos meus colegas lotado num GAT de um BPM da Zona Norte, deu a sorte grande e encontrou 8kg de Ouro Branco por lá... só para se ter uma idéia, isso da por volta de meio milhão de reais nas ruas.

Essa é a tristeza que bate, infelizmente teremos muitas armas e drogas abastacendo outras favelas da cidade e a ciranda continua, infelizmente.
ZeRo4, o que você fala é grave. Assumindo que seja real, você tem conhecimento de algo ilícito ocorrendo, então é seu dever, especialmente por você ser agora um servidor público da área de segurança (AP), denunciá-lo. Do contrário você estará sendo conivente com a situação.

Isto deve ser seguido por todos os profissionais de bem envolvidos nas operações.

Depois reclamam do apoio menor do que deveriam receber para a aprovação da PEC 300. O exemplo precisa vir de vocês, profissionais de bem.

Ficarei extramamente triste e decepcionado com você e com todos aqueles que souberem de irregularidades e não fizerem nada a respeito.




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Re: Operações Policiais e Militares

#7288 Mensagem por henriquejr » Ter Nov 30, 2010 11:32 am

Engraçado que essas pessoas que não concordam com essas ações, que literalmente colocaram traficantes para correr, não apontam nenhuma solução que considerem mais efetiva para resolver a situação!!!!

Na minha opinião o que esta sendo feito agora era para ter sido feito a muito tempo atrás, mas o que aconteceu durante todo esse tempo foi o que muitos querem que continue, a omissão do Estado ante a verdadeiros territórios dominados por facções criminosas! O famoso "eles lá e nos cá"!

Mesmo que essas ocupações não resolvam tudo, o que de fato nao deve resolver, já que a ação policial por si só não é solução mas sim um meio, mas já serviu para tirar os traficantes da posição confortável que eles estavam, sem falar no prejuízo financeiro que tiveram!




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Re: Operações Policiais e Militares

#7289 Mensagem por Skyway » Ter Nov 30, 2010 11:38 am

Perderam território dominado a quase 30 anos, perderam centenas de armas, e grande quantidade de produto entre maconha, crack e cocaína. Perderam a central de distribuição de drogas e ponto de saída de bondes pra crimes na linha vermelha, amarela e entorno, e ponto de organização e saída de comboios para invasão de outras comunidades inimigas. Perderam mais de 300 motos(roubadas durante anos), casas de luxo e principalmente, o respeito dos moradores.

É uma baita paulada, só não vê quem não quer.

Um abraço!




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Re: Operações Policiais e Militares

#7290 Mensagem por Vitor » Ter Nov 30, 2010 11:39 am

A única solução efetiva a longo prazo é legalizar as substâncias proibidias. Como surgiu os mafiosos de bebida alcoólica nos EUA? Com a proibição destas. Como eles desapareceram? Com o fim da proibição.

Se existe demanda por algo, é muita pretensão do estado achar que vai fazer uma engenharia social para que se acabe essa demanada. Estou para ver algum especialista da área de segurança que não considere a "War on Drugs" um fracasso retumbante pelo mundo todo.




NÃO À DROGA! NÃO AO CRIME LEGALIZADO! HOJE ÁLCOOL, AMANHÃ COGUMELO, DEPOIS NECROFILIA! QUANDO E ONDE IREMOS PARAR?
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