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Mensagem
por Marino » Qua Nov 24, 2010 9:45 am
Embraer investe em novos materiais
Virgínia Silveira
A Embraer deu mais um passo ontem no processo de tornar-se autossuficiente no desenvolvimento e produção de estruturas e componentes em materiais compósitos. Ela vai iniciar as obras de sua fábrica em Évora, Portugal, destinada para este fim. O investimento previsto é de € 48 milhões, mas deve atingir um total de € 150 milhões nos próximos três anos, com a segunda unidade, que ficará dedicada à produção de estruturas metálicas usinadas.
Parte dessa tecnologia também já começou a ser desenvolvida pela Embraer no Brasil, em seu Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Aeronáutica, instalado no Parque Tecnológico de São José dos Campos. Os novos desenvolvimentos estão acontecendo também no Laboratório de Pesquisa de Estruturas Leves (LabPEL), que conta com investimento de R$ 90 milhões, financiado pelo governo do Estado de São Paulo e pelo BNDES. O laboratório, voltado para pesquisas nas áreas de sistemas, materiais compósitos de fibra de carbono e de estruturas metálicas, é operado por pesquisadores do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e da Embraer.
Segundo o presidente da Embraer Aviation Europe (EAE), Luiz Fuchs, a unidade de compósitos terá 30.660 metros quadrados e estará concluída até o fim de 2011. O início da produção está previsto para agosto de 2013. A empresa de construção portuguesa Ramos Catarino S.A foi contratada para realizar os trabalhos de terraplenagem, fundação e infraestrutura. As novas unidades industriais, classificadas pela Embraer como "centros de excelência", terão cerca de 570 funcionários e irão abastecer as fábricas no Brasil.
Atualmente, segundo Fuchs, uma pequena quantidade desses materiais é produzida pela própria Embraer em sua fábrica de São José dos Campos e outra parte é comprada de diversos fornecedores no mundo. "As fábricas de Portugal estão sendo construídas para atender aos novos projetos. São jatos que entrarão produção seriada entre os anos de 2014 e 2015", disse.
Num primeiro momento, de acordo com o executivo, o foco da produção em Portugal estará voltado para o segmento de aviação executiva e os primeiros modelos atendidos serão os jatos Legacy 450 e o Legacy 500, que têm lançamento previsto para 2011. "A produção das novas unidades estará dirigida à nova linha de jatos da aviação executiva, mas também existe a possibilidade de que partes e peças do novo jato de transporte militar, o cargueiro KC-390, sejam feitas em Évora."
O governo de Portugal assinou, recentemente, uma declaração de intenções de parceria no programa do KC-390 e também da compra de seis aeronaves do modelo. A escolha de Portugal para sediar as novas unidades da Embraer, segundo Fuchs, foi feita com base em um amplo estudo feito pela empresa, que levou em conta, entre outros fatores, incentivos concedidos pela União Europeia.
Parte do investimento que será aplicado em Évora, por exemplo, será aportado pela UE. A cidade de Évora é a capital da região do Alentejo, onde o governo português pretende consolidar a implantação de um polo aeronáutico.
O presidente da EAE informou ainda que a nova fábrica de Portugal atuará em conjunto com as universidades, centros de pesquisa e potenciais fornecedores locais para aprimorar as competências do seu centro de excelência em materiais compósitos.
A Embraer já está presente em Portugal desde 2004, quando adquiriu o controle do capital da Ogma, empresa de manutenção, reparo e produção, localizada em Alverca. A aquisição da Ogma foi feita em parceria com o consórcio europeu EADS. Juntas, a Embraer e a EADS detém 65% do capital da Ogma e o restante pertence ao governo português. A Embraer é majoritária na joint-venture com 70% de participação. O objetivo da Embraer na Ogma foi expandir sua presença na Europa por meio de uma empresa reconhecida como líder em manutenção e produção de componentes aeronáuticos.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco