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Mensagem
por Marino » Ter Nov 23, 2010 2:52 pm
Do Estado de São Paulo.
Vamos ver se os que não se conformaram com o contrato da MB vão voltar a carga.
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Sarkozy é acusado de suborno em caso de 1995
Ex-ministro confirma ter havido propina em venda de submarinos ao Paquistão
Andrei Netto CORRESPONDENTE / PARIS - O Estado de S.Paulo
Mais um escândalo político bate às portas do Palácio do Eliseu. Após as suspeitas de
financiamento ilegal de campanha no caso Woerth-Bettencourt e das denúncias de espionagem de
jornalistas, a presidência francesa está agora no centro do caso Karachi - um processo de corrupção dos
anos 90.
Em depoimento à Justiça, ex-ministro da Defesa da França, Charles Millon, confirmou que houve
pagamento de propina às autoridades paquistanesas e formação de caixa 2 na França durante a venda
de submarinos para o Paquistão em 1995. Nessa época, o ministro do Orçamento era Nicolas Sarkozy.
Trata-se de um dos mais nebulosos escândalos de vendas de armas já revelados na Europa. Em
1992, um esquema de distribuição de propina foi montado pelo governo francês para seduzir autoridades
do Paquistão, que pretendia adquirir submarinos. À época, os franceses Agosta, fabricados pela Direção
de Construções Navais (DCN), disputavam o contrato com embarcações alemãs, mas foram as
escolhidas.
Em 1995, com a vitória de Jacques Chirac sobre Edouard Balladur nas eleições presidenciais, o
novo presidente ordenou uma investigação sobre os contratos de duas empresas: Sofma e Mercor, cujos
papéis no negócio eram distribuir as propinas no Paquistão, em troca de fatias de 6,25% e 4% do
contrato, respectivamente. Em 1996, Chirac suspendeu as atribuições da Mercor e, em 2001, da Sofma.
Coincidência ou não - a Justiças do Paquistão e da França ainda investigam o caso -, em 2002
um atentado ocorrido em Karachi, no Paquistão, resultou na morte de 14 pessoas, entre as quais 11
funcionários do estaleiro DCN. A suspeita é que o atentado tenha sido vingança pelo fim do pagamento
das propinas.
Depois de 15 anos de mistérios e segredos de Estado, o caso voltou à tona na última semana
quando o ex-ministro da Defesa de Chirac, Charles Millon, confirmou, em depoimento à Justiça, que
houve pagamento de "comissão" a autoridades paquistanesas, assim como de "retrocomissões" -
pagamentos que retornariam à França de forma ilegal para alimentar as contas de campanha de Balladur
de 1995, da qual Sarkozy era porta-voz.
À época, o pagamento de propinas no exterior não era ilegal na França, mas o caixa 2 era. A
dúvida hoje é se Sarkozy participou do esquema de pagamento de propina e de recebimento de
"retrocomissões". Uma investigação realizada em Luxemburgo e revelada pelo site francês Mediapart
indicou que o atual presidente teria autorizado a criação de uma outra empresa, a Heine, que
intermediou as comissões entre o Paquistão e a França.
Para Olivier Morice, advogado das famílias de vítimas, Sarkozy está diretamente implicado. "Há
vários meses indicamos que estamos diante de um verdadeiro escândalo. Está claro que houve
corrupção no financiamento da campanha de Balladur", afirmou à Rádio Europe 1. "Acreditamos que
Sarkozy está no centro da corrupção." Com o depoimento de Millon e as acusações das famílias, a
pressão pela abertura do segredo de Defesa que envolve o caso aumentou. E, com ela, a possibilidade
de que Sarkozy, Chirac e De Villepin sejam ouvidos pela Justiça nas próximas semanas.
PONTOS-CHAVE
Dúvidas
Por que a suposta retaliação ocorreu sete anos após o fim das propinas? Um jornal diz que
Chirac (foto) interrompeu os pagamentos em 2001
Envolvimento
Então ministro, Sarkozy assinou o contrato dos submarinos. Parentes das vítimas exigem o
depoimento do atual presidente nas investigações
Atentado
Bomba que matou 11 franceses em Karachi teria sido retaliação dos militares paquistaneses à
suspensão do pagamento das propinas por submarinos
Outros tempos, outra empresa; e um plano de longa duração
Cenário: Roberto Godoy - O Estado de S.Paulo
O escândalo de Karachi, ocorrido há 15 anos, não preocupa nem incomoda o governo brasileiro,
que comprou dos estaleiros DCNS, em 2008, quatro submarinos de propulsão diesel-elétrica e o casco
de um navio do mesmo tipo movido a energia nuclear. Um negócio de 6,79 bilhões.
Ontem, em Brasília, funcionários do Ministério da Defesa destacaram que a empresa é, hoje,
completamente diferente do que era em 1995. Segundo eles, os compromissos de corporação foram
firmados pelo Estado brasileiro com o francês. A DCNS faz os submarinos pesados franceses do tipo Le
Terrible, um gigante de 139 metros e 15 mil toneladas de deslocamento, armado com 16 mísseis
nucleares intercontinentais. O alcance de cada um deles é de cerca de 10 mil km.
O Ministério da Defesa da França enfatiza que a empresa começou há cerca de 240 anos,
quando o marquês Montalembert criou um "arsenal de Marinha", em 1771, no mesmo local onde ainda
funciona parte do estaleiro.
Em 2003, a organização estatal mudou de regime e passou a ser "uma sociedade privada de
capital público", na qual o governo tem dinheiro e poder de veto, mas a gestão é privada. Em 2007, o
grupo integrou-se ao associado Thales, criando um núcleo industrial naval.
No Brasil, a DCNS é a parceira da construtora Norberto Odebrecht, majoritária no Consórcio da
Baia de Sepetiba, o CBS. A união foi formada com a participação da Marinha do Brasil, que mantém a
golden share, direito de veto, para o desenvolvimento do ProSub, o empreendimento da construção dos
submarinos, um estaleiro e uma sofisticada base para abrigar os navios.
O prazo para o fim das obras civís na Ilha da Madeira, em Itaguai, no Rio, é 2015. Só o pacote de
infraestrutura sairá por 1,86 bilhão. As áreas envolvidas somam 980 mil metros quadrados, dos quais
750 mil na lâmina de água do mar.
A parceria entre França e Brasil no setor pode ser ainda maior. O Plano de Articulação e
Equipamento da Marinha prevê um cronograma de para a aquisição em etapas até 2047, de seis
submarinos atômicos e mais 15 convencionais, além da modernização de outros cinco.
PARIS
Estaleiro é o mesmo que vende submarinos ao Brasil
Acordo do governo brasileiro com a França envolve embarcações mais modernas do que as
vendidas ao Paquistão
Andrei Netto CORRESPONDENTE / PARIS - O Estado de S.Paulo
A DCNS, novo nome da Direção de Construções Navais (DCN), estaleiro envolvido na venda de
armas ao Paquistão, é o mesmo que constrói submarinos no Rio de Janeiro e fornecerá a tecnologia
para futuras embarcações nucleares da Marinha brasileira ao custo de ? 6,7 bilhões. A empresa mudou
ao longo do te,mpo, masa alguns dos personagens são os mesmos da venda ao Brasil.
Como no caso paquistanês, o governo brasileiro também enfrentou a dúvida entre os submarinos
alemães e franceses. Graças a promessas de transferência de tecnologia, Paris e a DCNS venceram a
disputa, apesar do preço mais elevado do contrato. Pesou na decisáo o fato de a Alemanha não deter o
conhecimento de navios nucleares.
Quando fecharam o acordo, causou surpresa a seleção da construtora Odebrecht como parceira
da DCNS . O Ministério da Defesa do Brasil disse que a escolha era uma prerrogativa da DCNS, não dos
governos. Pelo menos duas personalidades francesas envolvidas no caso Karachi estão no primeiro
plano político agora: o presidente Nicolas Sarkozy e Alain Juppé, ex-premiê de Jacques Chirac e atual
ministro da Defesa. Apesar das coincidências, a legislação francesa já não é a mesma dos anos 90.
Conceder "comissões" - ou propinas - a autoridades estrangeiras durante a disputa de contratos, antes
um procedimento legal, tornou-se proibido.
Questionada pelo Estado, a DCNS informou que não comentará o caso Karachi. Sobre o contrato
com o Brasil, afirmou que "as negociações para o fornecimento de sistemas navais foram assinadas sob
princípios morais estritos".
Especialista em Defesa, Jean-Jacques Kourliandisky, cientista político do Instituto de Relações
Internacionais e Estratégicas, diz que os mecanismos de controle foram aprimorados na última década.
"Antes, era possível o pagamento de comissões. Agora, só os políticos responsáveis podem dizer."
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco