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Mensagem
por Marino » Qua Dez 15, 2010 1:41 pm
Israelenses vendem VANT para FAB
Aeroeletrônica, controlada pela Elbit, ganha licitação para entrega de duas unidades
Virgínia Silveira | Para o Valor, de São José dos Campos
A AEL-Aeroeletrônica, de Porto Alegre, venceu o processo de seleção da Força Aérea Brasileira
(FAB), para a aquisição de dois veículos aéreos não tripulados, também conhecidos pela sigla VANT. A
Aeroeletrônica é controlada pelo grupo israelense Elbit. O valor do contrato, segundo o diretor do
Subdepartamento de Desenvolvimento e Programas da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Augusto Amaral
Oliveira, ainda não foi definido, pois a FAB está finalizando a negociação.
Além da Aeroeletrônica, também participaram do processo a BAE Systems, da Inglaterra;
Sagem, do grupo francês Safran; e a IAI, de Israel, que entrou no processo junto com a brasileira Flight
Solutions. Segundo a FAB, a IAI ficou em segundo lugar.
A Flight Solutions desenvolveu uma família de VANTs para o Exército Brasileiro denominada VT-
15. O mercado no Brasil, segundo o diretor da Flight, Nei Salis Brasil Neto, ainda está nascendo, mas o
setor no mundo deve movimentar negócios da ordem de US$ 8 bilhões até 2016. A América do Sul
responde por apenas 2% desse montante, mas Neto acredita que essa realidade tende a mudar com o
fortalecimento da indústria de defesa local.
A aquisição dos novos veículos, de acordo com o brigadeiro Amaral, tem como objetivo a
consolidação de uma doutrina de utilização de VANTs na FAB, mais adequada às necessidades do
sistema de defesa nacional e que também sirva de base para a compra futura de novos veículos.
O Brasil ainda não possui um produto desenvolvido e fabricado no país. O Departamento de
Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, desenvolveu a parte eletrônica
de um VANT nacional, envolvendo o seu sistema de navegação e controle. O projeto, que também
envolve o Centro Tecnológico do Exército (CTEX), o Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM) e a
Avibrás, entrou agora numa segunda fase, relacionada ao desenvolvimento do sistema de decolagem e
pouso automático.
Para a primeira fase do projeto nacional, a Finep destinou R$ 9 milhões. "Estamos agora
aguardando a liberação de uma verba de R$ 4,5 milhões para dar continuidade ao desenvolvimento",
disse o coordenador do projeto no DCTA, Flávio Araripe.
A Avibrás também partiu para o desenvolvimento de um VANT próprio, batizado de Falcão. O
veículo foi financiado com recursos da Finep, que destinou R$ 19 milhões para o projeto. O primeiro
protótipo, segundo o gerente do projeto na Avibrás, Renato Bastos Tovar, ficará pronto em abril e o
primeiro voo está previsto para junho. "A fase de certificação e industrialização exigirá mais R$ 30
milhões em investimentos e temos a expectativa de que a FAB nos considere em um próximo processo
de aquisição", disse.
O modelo escolhido pela FAB, um Hermes 450, é fabricado pela Elbit. Duas unidades do Hermes
450 já estão sendo testadas, há um ano, pelas Forças Armadas brasileiras na Base Aérea de Santa
Maria (RS), onde fica sediado o Esquadrão de VANT da Aeronáutica. Os VANTs foram cedidos pela Elbit
sem custo e estão sendo avaliados em missões de reconhecimento tático e vigilância de fronteira.
Segundo o diretor-executivo da Aeroeletrônica, Vitor Jaime Neves, a empresa está criando um
centro de excelência no Brasil e enviou técnicos brasileiros para participar de um programa de
desenvolvimento de tecnologias associadas a VANTs nas instalações em Israel.
No contrato que negocia com a FAB, a Aeroeletrônica também terá de cumprir obrigações de
offset (compensação) relacionadas à transferência de tecnologia. "Está prevista a transferência de
tecnologias de partes das aeronaves para a indústria nacional, além de suporte e apoio técnico por parte
da Aeroeletrônica/Elbit", explica o diretor de programas e desenvolvimento da Aeronáutica.
A brasileira Inbra Aerospace, de acordo com Vitor Neves, já pode ser citada como um exemplo
concreto de offset relacionado ao Hermes 450. A empresa, segundo ele, já está fabricando partes da asa
do veículo em material composto.
O executivo da Aeroeletrônica também não descarta a possibilidade de futuras parcerias com a
Embraer na área de VANTs. As duas empresas já trabalham juntas nos programas de modernização dos
caças AMX e F-5 da FAB.
"A área de VANTs é um dos focos que estamos olhando dentro da nova estrutura de segurança
e defesa criada pela Embraer, mas ainda não sabemos se faremos um produto em parceria com outra
empresa ou se partiremos para um desenvolvimento próprio", comenta o diretor-presidente da Embraer,
Frederico Fleury Curado.
Segundo Curado, a Embraer vem fazendo prospecções nessa área há algum tempo, mas
qualquer decisão de parceria estratégica para atendimento das necessidades nacionais será feita em
conjunto com o governo brasileiro.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco