NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
O SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO
SÉRGIO LIMA YPIRANGA DOS GUARANYS*
Capitão de Mar e Guerra (Refo)
SUMÁRIO
Introdução
O navio
Submarino
Submarinista
Energia
Emprego
Configuração do submarino nuclear
Equação condicionante – reator e variáveis
Tamanho
Potência
Carga
Equação condicionada – Casco e externos
Equação intermédia – Elementos internos
Armas
Mecanismos
Vida
Controle
Equação conclusiva – Operação
Operações defensivas
Operações ofensivas
Integração
Conclusão
Configuração desejável do submarino nuclear brasileiro
Configuração viável do submarino nuclear brasileiro
INTRODUÇÃO
Este trabalho trata o submarino como arma formidável. Descreve o
submarinista pelas conexões dele com cada peculiaridade do submarino.
Explica processos mentais do submarinista, enfatizando a reserva de
energia que preserva a essência de o submarino estar escondido.
Esclarecidos esses tópicos em submarinos convencionais, destaca o que
distingue deles o nuclear: ter e usar velocidade inesgotável.
Apresenta o problema do tema escolhido, submarino nuclear brasileiro
(SNB), como um sistema de equações, em que a condicionante é o reator,
com as variáveis tamanho, potência e carga. A equação condicionada é o
casco, com seus equipamentos externos. A equação intermediária trata
dos equipamentos internos. A equação conclusiva é a operação do SNB
com as variáveis de assédio mundial, tiros reais e uso internacional
do mar. Conclui descrevendo o arranjo acessível hoje, a data mais
próxima de execução e as mudanças na formação do pessoal da Marinha do
Brasil (MB) em todos os níveis e fases da carreira que dariam acesso
ao arranjo ideal. Não há no texto dados sigilosos.
O NAVIO
Submarino
Contemplando uma extensão de mar e céu, ninguém pode dizer se há
naquele mar algum submarino, se há mais de um e, caso haja, o que
transportam, aonde vão, que pretendem e onde estão. Se algum submarino
presente ali estava sendo seguido desde instante anterior em que
alguma dessas indagações estava respondida, estão cegas as demais, a
presença dele é sabida, mas, sem estar localizado, está escondido.
A essência do submarino é possuir a faculdade de esconder-se de
qualquer detecção, seja mecânica, ótica, acústica, térmica, magnética
ou outras ações físicas. Não basta que ninguém esteja varrendo a
extensão, é preciso que ele mesmo não esteja emitindo ações
detectáveis ou que as perceba e use obstáculos eficazes contra a
percepção hostil dessas ações. Há um volume de água em torno dele que
define a essência de estar escondido, de não ser percebido por ninguém
de fora do volume, o volume indiscreto. Se o volume indiscreto de um
submarino for menor que o de outro, perceberá o de volume maior antes
de ser percebido. Poderá destruí-lo sem despertá-lo.
Quanto mais discreto for um submarino em cada manifestação física
(calor, som, luz, campo elétrico etc.), maior será esse volume. Ao
perceber a aproximação de outro combatente que esteja fora desse
volume, mover-se-á para impedir a penetração dele, que desfaz o
esconderijo. Se não perceber, viola a essência de ser submarino –
parece, mas deixou de ser submarino.
Então, o tamanho do volume determina o espaço externo em que aquele
navio conserva a qualidade de ser submarino e, por oposição, o espaço
dentro do qual perde essa qualidade. As manifestações físicas do
submarino têm sinal simétrico das percepções delas – quanto mais
discreto numa, melhor a sente no entorno, quanto mais silencioso,
melhor escuta: o mais apto detector de um submarino é outro submarino.
Nossos submarinos têm de ser aptos a detectar outros, impedir que os
detectem, além de saber aproveitar e perceber variações no volume. A
única forma de ataque submarino é ofensiva, mas a presença dele em
águas nacionais é defensiva.
A relação entre a geração da manifestação e a percepção dela
condiciona o uso do sensor e define a sensibilidade que deve possuir.
O sensor situado no submarino percebe apenas a diferença entre um
sinal que o atinge e o sinal de mesma espécie reinante nele, emitido
pelo submarino.
O sinal recebido em sensor afastado do submarino, como o captado por
sonar rebocado, desfruta vantagem de acuidade sobre outros sonares do
rebocador porque não tem nenhum sinal interno. Possui também a
vantagem de ser situável em região favorável ao sinal que se deseja
interceptar, diversa da ocupada pelo submarino rebocador. A água afeta
o percurso e a atenuação das manifestações físicas, a ponto de escondê-
las. Há deformações menos efetivas que, sem ocultar os sinais, alteram
a medição deles em benefício da fonte, iludindo a localização dela.
Medindo dados instantâneos da água, o submarino sabe como os sinais
mudam e quais regiões vizinhas não podem percebê-lo numa ou em várias
das manifestações dele.
Pode encontrar regiões oceânicas onde a variação de temperatura com
profundidade cria dutos acústicos, permitindo propagação anormalmente
livre de perdas. Um sensor situado no duto percebe passiva ou
ativamente fontes situadas a centenas de milhas. Sonares rebocados
podem ser posicionados num duto, enquanto o submarino que o reboca
permanece escondido fora do duto, explorando vantagens dele sem se
oferecer nele. Detecta uma fonte móvel com prazo longo de aproximação,
suficiente para classificar precisamente a fonte, atacá-la ou esquivar-
se. É útil em todos os trânsitos sob grande velocidade, pois
possibilita esclarecimento amplo nas paradas de pesquisa. A modalidade
de sonar rebocado que forma antena emissora entre o extremo afastado
(“peixe”) e um trecho do cabo de reboque permite emissões de muito
baixa freqüência (o mesmo que de grande comprimento de onda)
perpendiculares à direção do cabo, esclarecendo enorme distância.
Emissão oriunda no rebocado pode iluminar uma região do mar sem situar
no rebocador a indiscrição da emissão (embora seja o melhor dado para
busca). Mostra a bordo o maior alcance ativo disponível, mede o poder
esclarecedor. Submarinos têm, na extensão total de cada bordo, antena
para muito baixa freqüência. São as de maior alcance passivo a bordo;
se fossem ativas constituiriam as indiscrições de maior volume do
submarino.
Sinais enviados sobre o submarino não serão refletidos na fonte ou não
o atingirão, caso o estado da água os desvie no percurso da incidência
ou da reflexão. Um mesmo estado pode esconder o submarino de um sensor
situado em nível acima do dele sem esconder do submarino a fonte do
sensor, pois o desvio de emissão descendente difere do desvio numa
ascendente. Quando o submarino recebe uma emissão, deve alterar seu
estado emissor naquele instante e mudar rápido para água de qualidade
diversa. Quanto mais profundo estiver, mais discreto está o submarino.
Sente mais, emite menos. A profundidade é particularmente útil para
longos trânsitos, permitindo maiores velocidades e menos numerosas
paradas para varredura, independentemente de usar o sonar rebocado.
Há submarinistas avessos ao sonar rebocado, cuja instalação eles
consideram nociva à manobra. Os melhores apuram a manobra com o sonar
disparado, para empregá-lo mais, exceto onde haja pouca profundidade.
Este sonar é uma unanimidade dos nucleares, os de ataque e os lança -
mísseis, também nos convencionais, onde tem a mesma utilidade de
esclarecer a grande distância.
Tanto a construção quanto a manutenção do submarino visam diminuir
sinais emitidos. Durante a construção, há na fixação de componentes
internos milhares de verificações de freqüência e amplitude
amortecidas mecanicamente. Caso reprovadas, acarretam remoção e nova
fixação, submetida a teste igual ao reprovador. Já construímos quatro
submarinos no Brasil sem que houvesse registro de reprovação em alguma
das fixações. Além de constituir registro para avaliações futuras,
evita dúvida no caso de o submarino inteiro ser reprovado na raia
acústica. Essa reprovação deriva mais da propulsão que de outras
partes. Eixo, mancais, telescópico, redutora e hélice são as mais
suspeitas fontes de ruído acima de limite contratual. Caso a
reprovação permaneça após correções indicadas, a área emissora do
ruído terá de ser refeita. Reconstruções são muito caras, desde apenas
um compartimento, que é a mais barata, passando por mancais, eixo,
lemes e hélice, mais caros, até o casco inteiro, o dobro do orçado. O
submarino possui equipamentos que medem a intensidade atual de cada
emissão, indicando o valor da discrição atual e a eventual necessidade
de correções. As intensidades dos sinais definem assinaturas
identificadoras do submarino.
Do mesmo modo como percebe sinais, ele é percebido quando os emite.
Perante um silêncio resultante de varredura sem emissão (passiva),
supõe que não há outro emitindo nas direções varridas. Para afirmar
que a ausência de emissão é devida à ausência de ofensores ou de
percursos ofensivos, terá de emitir seletivamente, sabendo quando a
falta de eco é devida à falta de refletor ou de percurso. Então, a
falta de reflexões permite emitir mais até garantir permissão de
gerar, livres de detecção, sinais em varreduras (ativas) ou devidos a
evoluções.
Sinais devidos a evoluções são cavitação no propulsor e variação no
aspecto emissor voltado para cada região, que o submarino tem
consciência de estar gerando. Seletivas ou não, emissões são
indiscrições; enquanto varreduras ativas não negarem outra presença. O
emissor delas corre risco de ser detectado, mas as usa. Peixes possuem
conjunto de sonares passivos e ativos. Usam seletivamente o conjunto
inteiro para obter alimento e para escapar de seus predadores até
chegar a hora em que a emissão do predador o localiza com alcance
inevitável, sem que emissões anteriores da vítima a houvessem
alertado. Os carnívoros detectam radiação do campo elétrico da presa,
submarinos ainda não fazem isso.
Evoluções dependem das assinaturas em presença de sensores situados
fora dos volumes indiscretos. A capacidade de evoluir fica ilimitada
se houver certeza da ausência de sensores. O submarino interrompe a
evolução e faz nova varredura quando a mudança de posição ou a
permanência no movimento torna viável o ingresso de sensor hostil no
volume indiscreto, ou para negar a presença de alto fundo ou de outro
submarino mais discreto, somente perceptível mediante reflexão. O
submarino pode mudar de posição mediante propulsão, corrente marinha
ou alteração propositada de flutuação. Pode mudar o avanço efetivo
mediante rumo ou velocidade variável ou fixar a posição mediante pouso
no fundo. Pode amiudar sua presença em certa região e deslocar-se
discretamente para outra região, tendo feito uma breve indiscrição em
cada, para produzir presença de dois submarinos. Breve indiscrição é a
que marca presença sem prover localização. Recebe e emite transmissões
acústicas em imersão, recebe e transmite emissões hertzianas por
antena exposta e recebe emissões por antena imersa. A exposição de
antena (o mesmo que uma emissão de sinal ótico) sucede à exposição
curta de antena que detecte emissões magnéticas, seguida por
vigilância ótica. Essa exposição pode ser percebida por satélites.
Qualquer emissão viola a essência discreta, permanece sem indiscrição
na ausência de sensores hostis. Único modo de confirmar essa ausência
é emitir discretamente tão logo concluída a seqüência iniciada por
varredura passiva. Caso não haja detecção com emissões instantâneas
unidirecionais, a área é cada vez mais segura. Ou seja, fazendo
esclarecimento arriscado. Se não o fizer, não obterá segurança. Caso
surja contato, o submarino efetua evasão e se restringe a esconder-se.
Não surgindo contatos, esse esclarecimento permite proclamar a
segurança da área naquele instante. Outros sinais óticos são
periscópios e sensores infravermelhos. Percebidos por radares, são
retirados assim que a antena do detector de radiações, situada logo
acima deles no mesmo mastro, recebe a emissão radar. Têm a vantagem de
nada emitir além da própria imagem, que é ao mesmo tempo uma agulha
perdida no oceano e um alvo radar gigantesco, caso o tamanho deles
seja maior que a discriminação daquela recepção radar. O uso deles
conta com a discrição do radar composta pela duração, pela direção e
pela intensidade do pulso. A presença de emissão radar descuidadamente
indiscreta, anunciada por características da varredura, proíbe de modo
quase terminante os sinais óticos. Se a duração deles for tão curta
que não gere coerência na tela de radar mais discreto, eles escapam da
proibição.
Durante muitas décadas, submarinos possuíam dois periscópios muito
diferentes em imagem, formato do mastro e conteira. Projetistas atuais
comentam a evolução sem denegrir a acuidade mental dos antecessores. O
arranjo antigo ficou descabido, mas o atual também seria perante
inovação. O hoje é a véspera do amanhã. Não há motivo para exibir mais
de um periscópio se a imagem de um é distribuída pelos postos do
quarto de serviço. Não há motivo para instalar um segundo periscópio
se a integridade do primeiro tiver permanência garantida contra danos
suportáveis pelo submarino. Caso cesse essa permanência, o submarino
passa a igualar outro que acaba de perceber radar isento de discrição.
O emprego de periscópio não penetrante no casco dotou de periscópio
eterno o submarinista, porque caso cesse a permanência do periscópio
em uso é acionada a troca dele pelo reserva, até então rebatido para
não partilhar nenhum dano ao efetivo. A configuração do periscópio tem
sensores na objetiva destinados a imagem visual carente de luz em grau
quase total, a imagem eletrônica, a imagem térmica e a imagem
introduzida no interior da manobra para exercício em imersão. Tem
retículo e estadímetro comutáveis. Digitalizadas, as imagens são
tratadas para restituição e distribuição. O Brasil não fabrica
periscópios porque nunca apoiou os ex-mestres enviados pela Marinha ao
exterior (EUA e Grã-Bretanha), não os apoiou quando a vendedora do
simulador criado por um deles interrompeu contrato com a MB. Até hoje
trata o assunto com a Kollmorgen via Comissão Naval Brasileira em
Washington (CNBW), acarretando acionamento pela Kollmorgen da
representante dela na América do Sul, a empresa do criador do
simulador. Neste ano será feita a primeira revisão geral em dois
periscópios por uma Organização Militar (OM), cujos funcionários
concluíram curso específico nos EUA. Caso a MB nada converse com os
franceses, os periscópios do nuclear e dos próximos serão franceses.
Submarinos imersos equipados com ejetor especial lançam e recolhem
bóias receptoras e retransmissoras (BR) cuja emissão se inicia após
intervalo seletivo para evitar a localização do lançador, permanecendo
com emissão durante período ajustável, para divulgar esclarecimento,
estas não recolhidas. A transmissão denuncia ocorrência anterior de
submarino na área sem dizer a localização atual dele, o instante do
lançamento nem o instante da gravação. Essas comunicações são
precárias e indiscretas, porém imprescindíveis; isto é, não são
opcionais no projeto devido a terem discrição à prova de satélite e
comunicarem dados úteis, algumas vezes únicos. O ejetor tanto lança BR
como outro objeto de igual tamanho. Até hoje a Força ignorou o ejetor
e as BR porque seguiu opinião do vendedor de submarinos (USN, UK
m.o.d. e HDW) e fingiu que não pensava. Era apenas a consultora por
excelência, de vez que decisões não pertenceram ao secretário-geral da
Marinha, ao diretor-geral do Material da Marinha, ao diretor-geral do
Pessoal da Marinha, ao comandante de Operações Navais, ao chefe do
Estado-Maior da Armada nem ao comandante da MB, mas ao Almirantado,
nenhum informado ou técnico.
A duração da imersão cresceu de um valor limitado pelo oxigênio
armazenado até valores de conveniência, aqueles suportáveis pelo
homem, sujeitos a repercussões psicológicas no desempenho. O ambiente
interno do submarino tem atmosfera programada em composição gasosa,
temperatura e umidade, e com nível cíclico de claridade (este com
propósito de regular sono, digestão, pressão arterial e atenção).
Concorrem para essa facilidade: o esnorquel que refresca a atmosfera
interior; produtos químicos que liberam oxigênio após aquecimento;
dessalinização osmótica, que faz água doce; e revitalização por
oxigênio puro acondicionado em ampolas. Nucleares produzem oxigênio a
partir de eletrólise especial que separa oxigênio e um composto de
hidrogênio, assim evitando manejo a bordo de hidrogênio elementar.
Nas imersões de curta duração (uns poucos dias), o tempo se destinava
a trabalho e descanso, regidos pelos quartos gerais de serviço, em
que, por falta de opções, nem todos descansavam ou trabalhavam
igualmente. Hoje, em imersões de 60 dias, há tripulantes sujeitos a
heterogênea distribuição de esforço nos diversos dias. O dia comporta
intervalos de trabalho em equipe ou isolado, para estudo, descanso e
lazer, este tornado mandatório pela longa privação da biosfera. O
lazer inclui exercício físico porque mantém desempenho e não causa
esforço mental.
Projetos concluídos em algum dos últimos 20 anos, já sob bem maiores
durações das imersões, reduziram o emprego de força física,
substituída por atuadores mecânicos acionados por programas de
computador. Seguem a modalidade “falha sob garantia”, além da
reiterada com “retroalimentação” e da segregada com “preferência”.
Tripulante vigia computadores executantes, controlados por
computadores supervisores, enquanto é vigiado por eles. Tripulações
são cada vez menos numerosas, passando a ênfase dos especialistas para
os operadores, muito mais intercambiáveis que aqueles.
Grupo em serviço no instante de alarme de ataque reage imediatamente
sem acionar postos especiais, cuja assunção ficou descabida por
exigüidade de tempo. Nenhum tripulante vai até um mostrador:
mostradores são mímicos para informarem à distância, estão na intranet
reiterada nos postos de serviço.
Há treino de fadiga e consciência sob excesso de CO2 e pressão
ambiente maior.
O submarino inicia a imersão o mais próximo possível do cais porque
imerso fica discreto, permanece escondido na patrulha e, nos trânsitos
de ida e retorno, emergindo somente próximo ao cais: há uma única
imersão, a que interrompe acompanhamento visual por outras nações. O
cais passou a ser eleito segundo conjunto de aptidões para discrição.
Qualquer exposição durante a imersão destrói a discrição, fornece
indicações do exposto e, por subtração, dos demais submarinos do mesmo
país.
Mergulhadores de combate e outras tropas embarcam e desembarcam em
imersão, por escotilha na vela. No convés junto à escotilha dispõem o
equipamento e a ocupação do veículo imerso e motorizado usado por
eles. Ainda imersos, percorrem a maior distância do submarino que
consigam, tanto para embarque como para desembarque. Preservam a
discrição por meio desse percurso. Inflam o bote motorizado e
prosseguem na superfície. O retorno é o inverso, podendo visar
encontro na superfície com mergulhador isolado, em vez do submarino.
Este mergulhador guia o grupo até o submarino na cota em que se
esconde.
Outras marinhas empregam minissubmarino transportado no convés a ré,
que conduz os oito mergulhadores de combate do pelotão. As duas
versões de desembarque e embarque chamadas “convés seco” e “convés
molhado” são improvisações militarmente condenáveis, de vez que feitas
em emersão. Submarino é para imersão, sucedeu aos submersíveis, hoje é
“emergível” próximo ao cais.
O submarino abriga, transporta, esconde e informa o submarinista. É
manejado, escondido e informado pelo submarinista.
Submarinista
Cada tripulante de um submarino está habituado a três raciocínios
opcionais: o estado do submarino naquele instante, as ações dele sobre
cada alvo e a fração da vida do tripulante que ocorre fora do
submarino. Ao pensar no estado, não pensa em ataque; ao pensar no
ataque, não pensa no estado. Somente pensa no que ocorre fora quando
não pensa no estado nem no ataque. É hábito consciente que realiza os
três inibindo quase inconscientemente os dois menos prementes a cada
instante.
Há pontos comuns na formação de cada tripulante, os referentes a
manobras e a emergências, desligados da qualificação anterior ao Curso
de Submarinos possuído por todos, porém ligados à qualificação
periódica do tripulante naquele submarino. A qualificação periódica é
obrigatória no submarino. Não indaga assuntos anteriores, apenas a
pergunta do qualificador ao qualificando sobre dado material à mão ou
à vista naquele instante. Garante aos outros tripulantes que o
qualificado possui reação reflexa correta e homogênea a fatos que
ocorram ali, normais ou anormais. O currículo do curso tem propósito
de aumentar a capacidade de intercambiar os tripulantes. Além desse
conhecimento repetido em todos, há aquele referente à fração material
do navio designada para cada tripulante. Isto tem evoluído de modo a
reduzir essa designação exclusiva.
Em vez de ferramental e técnico ociosos enquanto não há defeito (como
lecionado, previsto e praticado até recentemente), o material é
projetado para ostentar “tempo médio entre falhas” superior à duração
da patrulha e para permanecer útil após surgir falha, seja por
segregação, em que a função interrompida num componente passa a ser
feita por outro, seja “falha prevista” com degradação suportável, em
que o componente perde algum atributo sem comprometer a operação do
conjunto. Hoje, o projeto atende a redução de tripulação por extinção
de especialistas destinados a reparos a bordo, causa inclusões na
aptidão original do tripulante para assumir tarefas de operação dos
especialistas extintos. Projeto e quarto de serviço, controles e
indicadores são conjugados e sucessivos. Todos são operadores, movem
atuadores, nada consertam.
O estado do submarino em dado instante é composto pela tarefa que
estiver executando, pelo nível de segurança da área e pela
disponibilidade de energia. O nível de segurança comporta uma ou mais
manobras evasivas. Disponibilidade de energia tem amplitude sujeita à
soma de ampére/hora ainda nas baterias, massa de ar comprimido nos
grupos de ar, tanto para renovar atmosfera como para mover pistões
hidráulicos, e saldo de reagentes nos reservatórios para propulsão
independente da atmosfera. O submarinista não deixa a disponibilidade
cair a ponto de privá-lo.
Nenhum tripulante tem situação de passageiro nem trabalho fora de
equipe. Os raciocínios de cada um incluem saber qual parte preocupa
cada companheiro da equipe. Passageiros são tropas, agentes especiais
ou peritos transitórios de equipamentos. Recebem instrução e treino
mínimos, condizentes com os riscos que terão a bordo, podendo
permanecer acompanhados por tutor. São a versão mais aproximada do que
seria tripulante passageiro.
Todos os tripulantes têm alguma ocupação a cada instante, seja
guarnecendo algo, seja treinando, seja estudando, seja finalmente
descansando, pois foram treinados para saber que o descanso não é
opcional, mas ingrediente do trabalho em submarino. São treinados em
jornadas aumentadas de trabalho e em atmosfera inferior à ideal. Em
cada local, quem estiver aí, vigia, fiscaliza e sincroniza seu ato com
os dos presentes, pois os conhece. Compara a olhadela daquele instante
num mostrador com a imagem retida na memória desde a olhadela
anterior, tendo de reagir sem perda de tempo à variação identificada.
Outros presentes ali estão fazendo o mesmo; e, pelo treinamento
compartilhado, dirão, se for o caso, que demorou a reagir. O
treinamento dele visou a fazê-lo tripular em cruzeiro ou em ação,
significando participar da equipe. O treinamento da equipe visou levar
o submarino a executar tarefas do navio. Ambos os treinamentos visam
obter raciocínio sem emoção.
O processo mental, feito em três dimensões cartesianas, reflete
comandos em vigor, faz leitura, ampliação e análise de dados do espaço
obtidos por vigilância em cruzeiro. O processo mental em ataque a alvo
também reflete os comandos, agora por vigilância em ataque a alvo. O
processo mental sob ataque de outro também reflete comandos, agora por
vigilância sob ataque de outro. Em qualquer caso o tripulante vê
outros membros da equipe e os mostradores ao alcance dele, únicas
necessidades dele no exercício de sua tarefa. É visto igualmente, sabe
aptidões e preocupações dos demais.
Assim, quando o comandante está pensando no cruzeiro ou no ataque por
seu submarino, cada tripulante pensa com ele na medida em que divulgou
sua intenção. Todos percebem que o movimento atual visa ver sem ser
visto, esconder-se sem perder o alvo e atingir o alvo sem ser
alvejado.
Por essa razão, o chefe da equipe conserva e refresca a imagem das
propagações na água imediatamente em volta de seu volume indiscreto. É
o princípio tático da discrição, ligado à essência do submarino. Não
arrisca oferecer ao alvo um contato, para ter certeza da inadvertência
dele.
Busca ponto de disparo que consiga atingir o alvo de modo que nada o
advirta antes do impacto. Isto é o cerceamento tático, conveniente
para disparos posteriores.
Atingir o alvo revela presença na área, não impede evasão doutrinária
nem outras aproximações. Trocar por outra a área onde houve o último
ataque conserva a discrição, mas não dá a esclarecedores situados lá
sensação de abandono dela pelo submarino. É o princípio da decepção, o
mesmo que enganar, iludir. Enseja ao comandante buscar mais alvos,
atacar de novo ou, sempre evitando restringir opções de seu comandante
imediatamente superior, sair dessa área. Reforça a decepção ali ou a
realiza em nível acima, afetando análises adversárias sobre outros
submarinos do mesmo grupo. Comandante de submarino decide mais que os
de outras unidades.
O submarinista explora, conhece, protege, usa, esconde o submarino.
Aciona armas, máquinas, mecanismos e sensores dele.
Energia
Submarinos usam para tudo energia existente a bordo. Quando a
disponibilidade de energia diminui, o submarinista trata de repô-la, o
que implica indiscrição acústica, térmica e visual, caso esteja ligado
à atmosfera. A fonte da energia dos convencionais é o combustível do
motor a explosão, que aciona gerador elétrico para alimentar motor
elétrico de propulsão (MEP) ou para carregar baterias. Enquanto as
baterias puderem debitar corrente elétrica, motores de propulsão podem
movimentar o submarino em imersão discreta. Mantendo aberta uma tomada
de atmosfera, pouco aparente, mas perceptível, o submarino usa motores
a explosão e geradores para carregar baterias e acionar MEP. É
indiscrição, é emersão, mas é mais discreto que mostrar o casco e
repõe a energia das baterias que havia sido consumida. Esses motores a
explosão têm potência cada vez maior a fim de reduzir o tempo da
recarga. É preocupação principal do estado do submarino, um dos três
raciocínios opcionais do submarinista, porque o submarino durante
carga deixa de ser escondido, deixa de ser submarino. O convencional
realiza trânsito com taxa positiva de indiscrição, percentual do tempo
total de trânsito ocupado com carga. Maior velocidade em imersão
significa mais avanço e maior descarga das baterias, logo maior
freqüência de cargas, maior taxa de indiscrição. A descarga é mais
lenta com corrente menor, permite menor taxa de indiscrição, mas
atrasa o avanço.
Propulsão independente da atmosfera, seja por hidrogênio ou peróxido,
é menos potente, mas permite um arranjo de operação em que a carga das
baterias permanece intacta até o instante de maior consumo, resultando
em maior autonomia da imersão. É aumento condicional de autonomia,
somente aumenta na ausência de necessidade de imersão com potência
normal, pois sendo necessário debitar potência não há como aumentar a
reserva das baterias. O sistema de associar turbina a álcool e o de
reciclar os gases de descarga do motor a explosão são sistemas
melhores que os de hidrogênio e de peróxido porque têm maior autonomia
e são mais potentes que aqueles, mas igualmente menos potentes que as
baterias.
Então o submarino convencional cria preocupação perene na mente do
submarinista sobre quanto terá de arriscar-se durante recarga ou
quanto terá de renunciar da patrulha prevista.
Entre dois submarinos com mesma velocidade, o de forma mais
hidrodinâmica pode intitular “propulsão independente da
atmosfera” (AIP) o resto de carga nas baterias dele no instante em que
o menos hidrodinâmico esgota a carga. Ao comparar as tabelas de cada
um, que relacionam velocidade, número de rotações por minuto e
potência do MEP, fica destacado o mais hidrodinâmico.
Aliás, a melhor AIP não nuclear possível, pois não exige ingrediente
esgotável durante a patrulha nem obriga redução de potência. O
convencional sempre opera condicionado pela velocidade e pelo tempo
disponível. O consumo elétrico na propulsão cresce exponencialmente
com a velocidade. O tempo disponível aumenta em proporção à
velocidade. Convencionais são excelentes desde que tenham carga nas
baterias. São silenciosos a ponto de possuírem suficientes volumes
indiscretos. Ficam vulneráveis em longos trânsitos oceânicos, devido a
terem de recarregá-las. São totalmente satisfatórios para países
possuidores de longos litorais, portadores de muitos locais seguros,
onde não há longos trânsitos. Obrigados a cruzar oceanos, quando
recargas ruidosas são inevitáveis, um par deles resolve o problema, se
carregarem em horários diversos. O carregado cria santuário para o sob
carga.
Os projetos de casco, lemes e hélice poupam energia e causam
assinaturas tão discretas quanto possível.
Emprego
O Comando de Operações Navais não se satisfaz com as quantidades
correntes de tarefas desempenhadas por submarinos. Os existentes,
obtidos com prioridades duras, ficam escassos porque sujeitos a
interrupções do ciclo operativo, a avarias e à instrução de novos
submarinistas, restando para adestramento próprio e de outras unidades
pouquíssimos ou nenhum. A escassez é a norma também nas duas maiores
frotas de submarinos, a americana e a russa. Aqui, um a três seriam
empregados para o fim precípuo de patrulhar águas nacionais,
constituindo decepção logística: compramos a unidade, mas não dispomos
dela para uso imediato. Manutenção e treinamento cooperam para
subtrair do elenco unidades do ativo.
Apenas um a três submarinos em condição operativa é uma contradição em
termos, pois a manutenção de discrição imposta a esse conjunto é
recíproca e acentua a indisponibilidade nacional de submarinos. Além
de tudo, sabe do trânsito de ida e volta nas raras oportunidades em
que emprega o submarino.
Na mesma frustração, a Esquadra olha o submarino como consumidor
desbragado que não dá troco, consome combustível, água, berço,
fundeio, pessoal, verba e quotas de material. Cumpre encargos, mas a
Força de Submarinos nunca oferece submarino-dia, ela que é a mais
assídua empregadora. Mais assídua por mandar nele mais tempo que
outras. Ela própria se sente operando ou impedida conforme esteja ou
não movimentando submarinos. Treinamento de patrulha e de ação entre
submarinos requer presença do mínimo de dois submarinos ou produz dado
mundial do destreino dos daqui. Quando, por iniciativa da Força, ou da
jurisdição de algum material do submarino ou do submarinista, ocorre
aumento de disponibilidade, acontece um bônus logístico a que ninguém
abaixo do Comando de Operações dá atenção. A Força desempenha
jurisdição de material exclusivo de submarino, tem iniciativa de
pensar encargos de projeto, é consultora porque tem amplo acervo do
ramo e é peculiar ao submarinista a ansiedade de ver o material
multiplicar-se. Ela subordina a Escola, a Base e os navios.
Perante falta generalizada de tecnologia, a Força tem acanhamento de
aumentar o próprio tirocínio em submarinos mediante pesquisa interna.
É melhor fazer a pesquisa e repartir com convidados que deixá-la
parecer abuso sob escassez. Imagine se não surge um ar de que há
ladrão por perto quando recebe sondagem superior sobre que recursos
ela deseja para termos um submarino em exercício com unidades da MB,
outra força nacional ou marinhas estrangeiras.
CONFIGURAÇÃO DO SUBMARINO NUCLEAR
Os mesmos componentes adquiridos hoje sem restrições devido a se
destinarem a convencionais estão sujeitos a ser restritos pelo Comitê
de Controle do Comércio de Materiais Sensíveis. Conseguimos contornar
objeções em estabilização espacial, em levitação e noutros materiais
de ponta. Essa atuação norte-americana incomoda, mas não impede nosso
acesso global, embora permaneçam em vigor licenciamentos e
impedimentos de produtos americanos. Conseguem dificultar acesso a
produtos de outros países quando estes estejam desfrutando licença
americana. As regras de guerra limitada são as mesmas no econômico e
em qualquer dos campos. Lados opostos não usam as últimas armas porque
já estaria ridículo o valor da vitória. Neste momento, temos ajuda da
crise financeira à premência dos fabricantes venderem seus produtos e
da redução da veemência americana no comércio dos demais países. O
Comitê está mais tolerante e sabe que o mesmo estabelecimento bélico
industrial que força de modo ostensivo o orçamento de casa a sustentar
duas guerras e liderança bélica mundial pode silenciá-lo
discretamente. Quando muito conseguirá recusar alguma venda americana,
mas sem poder para impedir aquisições noutros países. Cada vez que
descobre avanço técnico de um país antes prejudicado por ele, sofre
convicção de não haver antecipado a iminência de tal progresso, caso
em que não “ajudaria” o avanço nem a independência e, sobretudo, não
frustraria esforço vendedor feito por uma empresa americana.
O primeiro SNB não será lançador de mísseis intercontinentais porque
não convém possuí-los antes de dispormos de rede orbital de
vigilância, embora a Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM)
possua estabilização de seis minutos de arco e um míssil balístico
intercontinental se contente com oito. Será submarino de ataque tão
pequeno quanto nossa tecnologia conseguir. Terá o diâmetro do casco
definido somente quando o reator estiver definido. O reator dele não
existe ainda. Aceitamos pesquisá-lo e produzi-lo.
Equação condicionante – reator e variáveis
O reator é a primeira dificuldade do SNB porque tem de caber dentro do
casco; o tamanho do reator define o tamanho do casco. O tamanho do
casco e a velocidade do SNB definem a potência do reator. A velocidade
útil é função do alcance dos sensores, cuja metade é igual ao trecho
percorrível em segurança. A carga de combustível do reator é
determinada pelo Comando de Operações Navais (CON) ao decidir o
trabalho realizável por ela, ao fim do qual estará exaurida. Esta
decisão é expressa pelo menor intervalo de tempo em que o CON não
deseja retirar de serviço o SNB para faina de recarga. O CON estipula
a autonomia da carga. A carga é um estoque de fissões que é declarado
inútil quando a distribuição dos núcleos ainda físseis ou a escassez
deles ficar insuficiente para sustentar a reação em cadeia. A
determinação do CON é vista como orientação para o Centro Tecnológico
da Marinha em São Paulo (Cetemsp) dimensionar a carga em peso que
garante ciclo operativo conveniente à defesa do País.
Tamanho
O menor diâmetro do casco tem de abranger: o vaso do reator; a
diferença de alturas entre a base do vaso e o topo da canalização de
água pressurizada suficiente para estabelecer convecção; o espaço
acima do vaso ocupado por barras de controle; geradores de vapor; o
topo da canalização de água reaquecida do pressurizador e a distância
aos lados internos do casco. Para fazer o menor casco para certo
reator é necessário arranjar e construir esses componentes para
caberem no menor diâmetro máximo do casco resistente.
Dependem de criação e experimentação a circulação de convecção e o
sistema de controle. Tenham ou não a melhor solução do mundo, essas e
outras tentativas acontecerão visando obter a arma da espécie
“submarino nuclear”. Pouco adianta interpretar exemplos de outros
países, pois em cada um deles foi desenvolvido um submarino com o
reator realizado antes. É possível confiar nos esforços indígenas mais
pela seriedade dos envolvidos que pelas descobertas técnicas. Caso
elas aconteçam, serão adotadas; caso não apareçam, é possível enxergar
cada posição de adotar o ponto obtido ou recusá-lo, prosseguindo em
tentativas. Seria péssimo adotar, com apoio na pressa ou no desânimo,
ponto sabidamente prematuro.
Lendo a variedade de grandes diâmetros dos nucleares atuais, é
possível afirmar vantagens de um diâmetro menor e também que ninguém
morrerá se não for obtido. Não contamos com modelo virtual porque não
tínhamos durante muito tempo o poder de computação exigido nem dotação
orçamentária para desenvolvê-lo. Caso avançássemos no caminho crítico,
havia perigo de jogar no lixo trabalho caro cada vez que o percurso
adotado desse errado. Hoje dispomos de um cluster hábil de
computadores e de dotação orçamentária, recém-estabelecidos. Estando
seguros de não infringir nossos limites de controle, podemos segmentar
os avanços no caminho crítico e adotar novo ramo paralelo para cada
impedimento surgido. Fazendo assim, não há controle sobre prazo mais
curto de conclusão nem sobre custo diminuído de cada segmento, mas é
antecipado o valor do prazo viável hoje e o do custo sem redução
visível agora. Ocorre a espera de conclusão das obras civis do
Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (Labgene), ao mesmo tempo que a
obtenção de mão de obra qualificada e o início de operação dele.
Potência
Se neste momento ignoramos o modo de prever exaustão de combustível e
também a queima dele regulada para potência significativa, não há
segmento de avanço. Felizmente não é o caso, mas insegurança para
adquirirmos essa ciência. A demora de avançar é didática, serve para
superar falta de mão de obra nova mediante alocação nova da mão de
obra curta. Aí vale reunião para escolher melhor o que será rejeitado,
as novas designações e escolha de despesas capazes de produzir
avanços. É inútil, embora tentador, manter valores de diâmetro,
estipular potência e velocidade de projeto, sem fazer tentativas
físicas. Consultas sobre tentativas, desde que precedidas da
advertência de verificação dos termos da resposta, são tão acessíveis
e baratas que não há justificativa para preteri-las. A estipulação da
potência depende do tamanho do reator e do tamanho do casco, também
dependente do reator, mas há alguma flexibilidade, embora seja regra
universal de projeto explorar máximos disponíveis. O reator teria
tamanho mínimo, condizente com velocidade de contrato e com intervalo
de recarga.
SÉRGIO LIMA YPIRANGA DOS GUARANYS*
Capitão de Mar e Guerra (Refo)
SUMÁRIO
Introdução
O navio
Submarino
Submarinista
Energia
Emprego
Configuração do submarino nuclear
Equação condicionante – reator e variáveis
Tamanho
Potência
Carga
Equação condicionada – Casco e externos
Equação intermédia – Elementos internos
Armas
Mecanismos
Vida
Controle
Equação conclusiva – Operação
Operações defensivas
Operações ofensivas
Integração
Conclusão
Configuração desejável do submarino nuclear brasileiro
Configuração viável do submarino nuclear brasileiro
INTRODUÇÃO
Este trabalho trata o submarino como arma formidável. Descreve o
submarinista pelas conexões dele com cada peculiaridade do submarino.
Explica processos mentais do submarinista, enfatizando a reserva de
energia que preserva a essência de o submarino estar escondido.
Esclarecidos esses tópicos em submarinos convencionais, destaca o que
distingue deles o nuclear: ter e usar velocidade inesgotável.
Apresenta o problema do tema escolhido, submarino nuclear brasileiro
(SNB), como um sistema de equações, em que a condicionante é o reator,
com as variáveis tamanho, potência e carga. A equação condicionada é o
casco, com seus equipamentos externos. A equação intermediária trata
dos equipamentos internos. A equação conclusiva é a operação do SNB
com as variáveis de assédio mundial, tiros reais e uso internacional
do mar. Conclui descrevendo o arranjo acessível hoje, a data mais
próxima de execução e as mudanças na formação do pessoal da Marinha do
Brasil (MB) em todos os níveis e fases da carreira que dariam acesso
ao arranjo ideal. Não há no texto dados sigilosos.
O NAVIO
Submarino
Contemplando uma extensão de mar e céu, ninguém pode dizer se há
naquele mar algum submarino, se há mais de um e, caso haja, o que
transportam, aonde vão, que pretendem e onde estão. Se algum submarino
presente ali estava sendo seguido desde instante anterior em que
alguma dessas indagações estava respondida, estão cegas as demais, a
presença dele é sabida, mas, sem estar localizado, está escondido.
A essência do submarino é possuir a faculdade de esconder-se de
qualquer detecção, seja mecânica, ótica, acústica, térmica, magnética
ou outras ações físicas. Não basta que ninguém esteja varrendo a
extensão, é preciso que ele mesmo não esteja emitindo ações
detectáveis ou que as perceba e use obstáculos eficazes contra a
percepção hostil dessas ações. Há um volume de água em torno dele que
define a essência de estar escondido, de não ser percebido por ninguém
de fora do volume, o volume indiscreto. Se o volume indiscreto de um
submarino for menor que o de outro, perceberá o de volume maior antes
de ser percebido. Poderá destruí-lo sem despertá-lo.
Quanto mais discreto for um submarino em cada manifestação física
(calor, som, luz, campo elétrico etc.), maior será esse volume. Ao
perceber a aproximação de outro combatente que esteja fora desse
volume, mover-se-á para impedir a penetração dele, que desfaz o
esconderijo. Se não perceber, viola a essência de ser submarino –
parece, mas deixou de ser submarino.
Então, o tamanho do volume determina o espaço externo em que aquele
navio conserva a qualidade de ser submarino e, por oposição, o espaço
dentro do qual perde essa qualidade. As manifestações físicas do
submarino têm sinal simétrico das percepções delas – quanto mais
discreto numa, melhor a sente no entorno, quanto mais silencioso,
melhor escuta: o mais apto detector de um submarino é outro submarino.
Nossos submarinos têm de ser aptos a detectar outros, impedir que os
detectem, além de saber aproveitar e perceber variações no volume. A
única forma de ataque submarino é ofensiva, mas a presença dele em
águas nacionais é defensiva.
A relação entre a geração da manifestação e a percepção dela
condiciona o uso do sensor e define a sensibilidade que deve possuir.
O sensor situado no submarino percebe apenas a diferença entre um
sinal que o atinge e o sinal de mesma espécie reinante nele, emitido
pelo submarino.
O sinal recebido em sensor afastado do submarino, como o captado por
sonar rebocado, desfruta vantagem de acuidade sobre outros sonares do
rebocador porque não tem nenhum sinal interno. Possui também a
vantagem de ser situável em região favorável ao sinal que se deseja
interceptar, diversa da ocupada pelo submarino rebocador. A água afeta
o percurso e a atenuação das manifestações físicas, a ponto de escondê-
las. Há deformações menos efetivas que, sem ocultar os sinais, alteram
a medição deles em benefício da fonte, iludindo a localização dela.
Medindo dados instantâneos da água, o submarino sabe como os sinais
mudam e quais regiões vizinhas não podem percebê-lo numa ou em várias
das manifestações dele.
Pode encontrar regiões oceânicas onde a variação de temperatura com
profundidade cria dutos acústicos, permitindo propagação anormalmente
livre de perdas. Um sensor situado no duto percebe passiva ou
ativamente fontes situadas a centenas de milhas. Sonares rebocados
podem ser posicionados num duto, enquanto o submarino que o reboca
permanece escondido fora do duto, explorando vantagens dele sem se
oferecer nele. Detecta uma fonte móvel com prazo longo de aproximação,
suficiente para classificar precisamente a fonte, atacá-la ou esquivar-
se. É útil em todos os trânsitos sob grande velocidade, pois
possibilita esclarecimento amplo nas paradas de pesquisa. A modalidade
de sonar rebocado que forma antena emissora entre o extremo afastado
(“peixe”) e um trecho do cabo de reboque permite emissões de muito
baixa freqüência (o mesmo que de grande comprimento de onda)
perpendiculares à direção do cabo, esclarecendo enorme distância.
Emissão oriunda no rebocado pode iluminar uma região do mar sem situar
no rebocador a indiscrição da emissão (embora seja o melhor dado para
busca). Mostra a bordo o maior alcance ativo disponível, mede o poder
esclarecedor. Submarinos têm, na extensão total de cada bordo, antena
para muito baixa freqüência. São as de maior alcance passivo a bordo;
se fossem ativas constituiriam as indiscrições de maior volume do
submarino.
Sinais enviados sobre o submarino não serão refletidos na fonte ou não
o atingirão, caso o estado da água os desvie no percurso da incidência
ou da reflexão. Um mesmo estado pode esconder o submarino de um sensor
situado em nível acima do dele sem esconder do submarino a fonte do
sensor, pois o desvio de emissão descendente difere do desvio numa
ascendente. Quando o submarino recebe uma emissão, deve alterar seu
estado emissor naquele instante e mudar rápido para água de qualidade
diversa. Quanto mais profundo estiver, mais discreto está o submarino.
Sente mais, emite menos. A profundidade é particularmente útil para
longos trânsitos, permitindo maiores velocidades e menos numerosas
paradas para varredura, independentemente de usar o sonar rebocado.
Há submarinistas avessos ao sonar rebocado, cuja instalação eles
consideram nociva à manobra. Os melhores apuram a manobra com o sonar
disparado, para empregá-lo mais, exceto onde haja pouca profundidade.
Este sonar é uma unanimidade dos nucleares, os de ataque e os lança -
mísseis, também nos convencionais, onde tem a mesma utilidade de
esclarecer a grande distância.
Tanto a construção quanto a manutenção do submarino visam diminuir
sinais emitidos. Durante a construção, há na fixação de componentes
internos milhares de verificações de freqüência e amplitude
amortecidas mecanicamente. Caso reprovadas, acarretam remoção e nova
fixação, submetida a teste igual ao reprovador. Já construímos quatro
submarinos no Brasil sem que houvesse registro de reprovação em alguma
das fixações. Além de constituir registro para avaliações futuras,
evita dúvida no caso de o submarino inteiro ser reprovado na raia
acústica. Essa reprovação deriva mais da propulsão que de outras
partes. Eixo, mancais, telescópico, redutora e hélice são as mais
suspeitas fontes de ruído acima de limite contratual. Caso a
reprovação permaneça após correções indicadas, a área emissora do
ruído terá de ser refeita. Reconstruções são muito caras, desde apenas
um compartimento, que é a mais barata, passando por mancais, eixo,
lemes e hélice, mais caros, até o casco inteiro, o dobro do orçado. O
submarino possui equipamentos que medem a intensidade atual de cada
emissão, indicando o valor da discrição atual e a eventual necessidade
de correções. As intensidades dos sinais definem assinaturas
identificadoras do submarino.
Do mesmo modo como percebe sinais, ele é percebido quando os emite.
Perante um silêncio resultante de varredura sem emissão (passiva),
supõe que não há outro emitindo nas direções varridas. Para afirmar
que a ausência de emissão é devida à ausência de ofensores ou de
percursos ofensivos, terá de emitir seletivamente, sabendo quando a
falta de eco é devida à falta de refletor ou de percurso. Então, a
falta de reflexões permite emitir mais até garantir permissão de
gerar, livres de detecção, sinais em varreduras (ativas) ou devidos a
evoluções.
Sinais devidos a evoluções são cavitação no propulsor e variação no
aspecto emissor voltado para cada região, que o submarino tem
consciência de estar gerando. Seletivas ou não, emissões são
indiscrições; enquanto varreduras ativas não negarem outra presença. O
emissor delas corre risco de ser detectado, mas as usa. Peixes possuem
conjunto de sonares passivos e ativos. Usam seletivamente o conjunto
inteiro para obter alimento e para escapar de seus predadores até
chegar a hora em que a emissão do predador o localiza com alcance
inevitável, sem que emissões anteriores da vítima a houvessem
alertado. Os carnívoros detectam radiação do campo elétrico da presa,
submarinos ainda não fazem isso.
Evoluções dependem das assinaturas em presença de sensores situados
fora dos volumes indiscretos. A capacidade de evoluir fica ilimitada
se houver certeza da ausência de sensores. O submarino interrompe a
evolução e faz nova varredura quando a mudança de posição ou a
permanência no movimento torna viável o ingresso de sensor hostil no
volume indiscreto, ou para negar a presença de alto fundo ou de outro
submarino mais discreto, somente perceptível mediante reflexão. O
submarino pode mudar de posição mediante propulsão, corrente marinha
ou alteração propositada de flutuação. Pode mudar o avanço efetivo
mediante rumo ou velocidade variável ou fixar a posição mediante pouso
no fundo. Pode amiudar sua presença em certa região e deslocar-se
discretamente para outra região, tendo feito uma breve indiscrição em
cada, para produzir presença de dois submarinos. Breve indiscrição é a
que marca presença sem prover localização. Recebe e emite transmissões
acústicas em imersão, recebe e transmite emissões hertzianas por
antena exposta e recebe emissões por antena imersa. A exposição de
antena (o mesmo que uma emissão de sinal ótico) sucede à exposição
curta de antena que detecte emissões magnéticas, seguida por
vigilância ótica. Essa exposição pode ser percebida por satélites.
Qualquer emissão viola a essência discreta, permanece sem indiscrição
na ausência de sensores hostis. Único modo de confirmar essa ausência
é emitir discretamente tão logo concluída a seqüência iniciada por
varredura passiva. Caso não haja detecção com emissões instantâneas
unidirecionais, a área é cada vez mais segura. Ou seja, fazendo
esclarecimento arriscado. Se não o fizer, não obterá segurança. Caso
surja contato, o submarino efetua evasão e se restringe a esconder-se.
Não surgindo contatos, esse esclarecimento permite proclamar a
segurança da área naquele instante. Outros sinais óticos são
periscópios e sensores infravermelhos. Percebidos por radares, são
retirados assim que a antena do detector de radiações, situada logo
acima deles no mesmo mastro, recebe a emissão radar. Têm a vantagem de
nada emitir além da própria imagem, que é ao mesmo tempo uma agulha
perdida no oceano e um alvo radar gigantesco, caso o tamanho deles
seja maior que a discriminação daquela recepção radar. O uso deles
conta com a discrição do radar composta pela duração, pela direção e
pela intensidade do pulso. A presença de emissão radar descuidadamente
indiscreta, anunciada por características da varredura, proíbe de modo
quase terminante os sinais óticos. Se a duração deles for tão curta
que não gere coerência na tela de radar mais discreto, eles escapam da
proibição.
Durante muitas décadas, submarinos possuíam dois periscópios muito
diferentes em imagem, formato do mastro e conteira. Projetistas atuais
comentam a evolução sem denegrir a acuidade mental dos antecessores. O
arranjo antigo ficou descabido, mas o atual também seria perante
inovação. O hoje é a véspera do amanhã. Não há motivo para exibir mais
de um periscópio se a imagem de um é distribuída pelos postos do
quarto de serviço. Não há motivo para instalar um segundo periscópio
se a integridade do primeiro tiver permanência garantida contra danos
suportáveis pelo submarino. Caso cesse essa permanência, o submarino
passa a igualar outro que acaba de perceber radar isento de discrição.
O emprego de periscópio não penetrante no casco dotou de periscópio
eterno o submarinista, porque caso cesse a permanência do periscópio
em uso é acionada a troca dele pelo reserva, até então rebatido para
não partilhar nenhum dano ao efetivo. A configuração do periscópio tem
sensores na objetiva destinados a imagem visual carente de luz em grau
quase total, a imagem eletrônica, a imagem térmica e a imagem
introduzida no interior da manobra para exercício em imersão. Tem
retículo e estadímetro comutáveis. Digitalizadas, as imagens são
tratadas para restituição e distribuição. O Brasil não fabrica
periscópios porque nunca apoiou os ex-mestres enviados pela Marinha ao
exterior (EUA e Grã-Bretanha), não os apoiou quando a vendedora do
simulador criado por um deles interrompeu contrato com a MB. Até hoje
trata o assunto com a Kollmorgen via Comissão Naval Brasileira em
Washington (CNBW), acarretando acionamento pela Kollmorgen da
representante dela na América do Sul, a empresa do criador do
simulador. Neste ano será feita a primeira revisão geral em dois
periscópios por uma Organização Militar (OM), cujos funcionários
concluíram curso específico nos EUA. Caso a MB nada converse com os
franceses, os periscópios do nuclear e dos próximos serão franceses.
Submarinos imersos equipados com ejetor especial lançam e recolhem
bóias receptoras e retransmissoras (BR) cuja emissão se inicia após
intervalo seletivo para evitar a localização do lançador, permanecendo
com emissão durante período ajustável, para divulgar esclarecimento,
estas não recolhidas. A transmissão denuncia ocorrência anterior de
submarino na área sem dizer a localização atual dele, o instante do
lançamento nem o instante da gravação. Essas comunicações são
precárias e indiscretas, porém imprescindíveis; isto é, não são
opcionais no projeto devido a terem discrição à prova de satélite e
comunicarem dados úteis, algumas vezes únicos. O ejetor tanto lança BR
como outro objeto de igual tamanho. Até hoje a Força ignorou o ejetor
e as BR porque seguiu opinião do vendedor de submarinos (USN, UK
m.o.d. e HDW) e fingiu que não pensava. Era apenas a consultora por
excelência, de vez que decisões não pertenceram ao secretário-geral da
Marinha, ao diretor-geral do Material da Marinha, ao diretor-geral do
Pessoal da Marinha, ao comandante de Operações Navais, ao chefe do
Estado-Maior da Armada nem ao comandante da MB, mas ao Almirantado,
nenhum informado ou técnico.
A duração da imersão cresceu de um valor limitado pelo oxigênio
armazenado até valores de conveniência, aqueles suportáveis pelo
homem, sujeitos a repercussões psicológicas no desempenho. O ambiente
interno do submarino tem atmosfera programada em composição gasosa,
temperatura e umidade, e com nível cíclico de claridade (este com
propósito de regular sono, digestão, pressão arterial e atenção).
Concorrem para essa facilidade: o esnorquel que refresca a atmosfera
interior; produtos químicos que liberam oxigênio após aquecimento;
dessalinização osmótica, que faz água doce; e revitalização por
oxigênio puro acondicionado em ampolas. Nucleares produzem oxigênio a
partir de eletrólise especial que separa oxigênio e um composto de
hidrogênio, assim evitando manejo a bordo de hidrogênio elementar.
Nas imersões de curta duração (uns poucos dias), o tempo se destinava
a trabalho e descanso, regidos pelos quartos gerais de serviço, em
que, por falta de opções, nem todos descansavam ou trabalhavam
igualmente. Hoje, em imersões de 60 dias, há tripulantes sujeitos a
heterogênea distribuição de esforço nos diversos dias. O dia comporta
intervalos de trabalho em equipe ou isolado, para estudo, descanso e
lazer, este tornado mandatório pela longa privação da biosfera. O
lazer inclui exercício físico porque mantém desempenho e não causa
esforço mental.
Projetos concluídos em algum dos últimos 20 anos, já sob bem maiores
durações das imersões, reduziram o emprego de força física,
substituída por atuadores mecânicos acionados por programas de
computador. Seguem a modalidade “falha sob garantia”, além da
reiterada com “retroalimentação” e da segregada com “preferência”.
Tripulante vigia computadores executantes, controlados por
computadores supervisores, enquanto é vigiado por eles. Tripulações
são cada vez menos numerosas, passando a ênfase dos especialistas para
os operadores, muito mais intercambiáveis que aqueles.
Grupo em serviço no instante de alarme de ataque reage imediatamente
sem acionar postos especiais, cuja assunção ficou descabida por
exigüidade de tempo. Nenhum tripulante vai até um mostrador:
mostradores são mímicos para informarem à distância, estão na intranet
reiterada nos postos de serviço.
Há treino de fadiga e consciência sob excesso de CO2 e pressão
ambiente maior.
O submarino inicia a imersão o mais próximo possível do cais porque
imerso fica discreto, permanece escondido na patrulha e, nos trânsitos
de ida e retorno, emergindo somente próximo ao cais: há uma única
imersão, a que interrompe acompanhamento visual por outras nações. O
cais passou a ser eleito segundo conjunto de aptidões para discrição.
Qualquer exposição durante a imersão destrói a discrição, fornece
indicações do exposto e, por subtração, dos demais submarinos do mesmo
país.
Mergulhadores de combate e outras tropas embarcam e desembarcam em
imersão, por escotilha na vela. No convés junto à escotilha dispõem o
equipamento e a ocupação do veículo imerso e motorizado usado por
eles. Ainda imersos, percorrem a maior distância do submarino que
consigam, tanto para embarque como para desembarque. Preservam a
discrição por meio desse percurso. Inflam o bote motorizado e
prosseguem na superfície. O retorno é o inverso, podendo visar
encontro na superfície com mergulhador isolado, em vez do submarino.
Este mergulhador guia o grupo até o submarino na cota em que se
esconde.
Outras marinhas empregam minissubmarino transportado no convés a ré,
que conduz os oito mergulhadores de combate do pelotão. As duas
versões de desembarque e embarque chamadas “convés seco” e “convés
molhado” são improvisações militarmente condenáveis, de vez que feitas
em emersão. Submarino é para imersão, sucedeu aos submersíveis, hoje é
“emergível” próximo ao cais.
O submarino abriga, transporta, esconde e informa o submarinista. É
manejado, escondido e informado pelo submarinista.
Submarinista
Cada tripulante de um submarino está habituado a três raciocínios
opcionais: o estado do submarino naquele instante, as ações dele sobre
cada alvo e a fração da vida do tripulante que ocorre fora do
submarino. Ao pensar no estado, não pensa em ataque; ao pensar no
ataque, não pensa no estado. Somente pensa no que ocorre fora quando
não pensa no estado nem no ataque. É hábito consciente que realiza os
três inibindo quase inconscientemente os dois menos prementes a cada
instante.
Há pontos comuns na formação de cada tripulante, os referentes a
manobras e a emergências, desligados da qualificação anterior ao Curso
de Submarinos possuído por todos, porém ligados à qualificação
periódica do tripulante naquele submarino. A qualificação periódica é
obrigatória no submarino. Não indaga assuntos anteriores, apenas a
pergunta do qualificador ao qualificando sobre dado material à mão ou
à vista naquele instante. Garante aos outros tripulantes que o
qualificado possui reação reflexa correta e homogênea a fatos que
ocorram ali, normais ou anormais. O currículo do curso tem propósito
de aumentar a capacidade de intercambiar os tripulantes. Além desse
conhecimento repetido em todos, há aquele referente à fração material
do navio designada para cada tripulante. Isto tem evoluído de modo a
reduzir essa designação exclusiva.
Em vez de ferramental e técnico ociosos enquanto não há defeito (como
lecionado, previsto e praticado até recentemente), o material é
projetado para ostentar “tempo médio entre falhas” superior à duração
da patrulha e para permanecer útil após surgir falha, seja por
segregação, em que a função interrompida num componente passa a ser
feita por outro, seja “falha prevista” com degradação suportável, em
que o componente perde algum atributo sem comprometer a operação do
conjunto. Hoje, o projeto atende a redução de tripulação por extinção
de especialistas destinados a reparos a bordo, causa inclusões na
aptidão original do tripulante para assumir tarefas de operação dos
especialistas extintos. Projeto e quarto de serviço, controles e
indicadores são conjugados e sucessivos. Todos são operadores, movem
atuadores, nada consertam.
O estado do submarino em dado instante é composto pela tarefa que
estiver executando, pelo nível de segurança da área e pela
disponibilidade de energia. O nível de segurança comporta uma ou mais
manobras evasivas. Disponibilidade de energia tem amplitude sujeita à
soma de ampére/hora ainda nas baterias, massa de ar comprimido nos
grupos de ar, tanto para renovar atmosfera como para mover pistões
hidráulicos, e saldo de reagentes nos reservatórios para propulsão
independente da atmosfera. O submarinista não deixa a disponibilidade
cair a ponto de privá-lo.
Nenhum tripulante tem situação de passageiro nem trabalho fora de
equipe. Os raciocínios de cada um incluem saber qual parte preocupa
cada companheiro da equipe. Passageiros são tropas, agentes especiais
ou peritos transitórios de equipamentos. Recebem instrução e treino
mínimos, condizentes com os riscos que terão a bordo, podendo
permanecer acompanhados por tutor. São a versão mais aproximada do que
seria tripulante passageiro.
Todos os tripulantes têm alguma ocupação a cada instante, seja
guarnecendo algo, seja treinando, seja estudando, seja finalmente
descansando, pois foram treinados para saber que o descanso não é
opcional, mas ingrediente do trabalho em submarino. São treinados em
jornadas aumentadas de trabalho e em atmosfera inferior à ideal. Em
cada local, quem estiver aí, vigia, fiscaliza e sincroniza seu ato com
os dos presentes, pois os conhece. Compara a olhadela daquele instante
num mostrador com a imagem retida na memória desde a olhadela
anterior, tendo de reagir sem perda de tempo à variação identificada.
Outros presentes ali estão fazendo o mesmo; e, pelo treinamento
compartilhado, dirão, se for o caso, que demorou a reagir. O
treinamento dele visou a fazê-lo tripular em cruzeiro ou em ação,
significando participar da equipe. O treinamento da equipe visou levar
o submarino a executar tarefas do navio. Ambos os treinamentos visam
obter raciocínio sem emoção.
O processo mental, feito em três dimensões cartesianas, reflete
comandos em vigor, faz leitura, ampliação e análise de dados do espaço
obtidos por vigilância em cruzeiro. O processo mental em ataque a alvo
também reflete os comandos, agora por vigilância em ataque a alvo. O
processo mental sob ataque de outro também reflete comandos, agora por
vigilância sob ataque de outro. Em qualquer caso o tripulante vê
outros membros da equipe e os mostradores ao alcance dele, únicas
necessidades dele no exercício de sua tarefa. É visto igualmente, sabe
aptidões e preocupações dos demais.
Assim, quando o comandante está pensando no cruzeiro ou no ataque por
seu submarino, cada tripulante pensa com ele na medida em que divulgou
sua intenção. Todos percebem que o movimento atual visa ver sem ser
visto, esconder-se sem perder o alvo e atingir o alvo sem ser
alvejado.
Por essa razão, o chefe da equipe conserva e refresca a imagem das
propagações na água imediatamente em volta de seu volume indiscreto. É
o princípio tático da discrição, ligado à essência do submarino. Não
arrisca oferecer ao alvo um contato, para ter certeza da inadvertência
dele.
Busca ponto de disparo que consiga atingir o alvo de modo que nada o
advirta antes do impacto. Isto é o cerceamento tático, conveniente
para disparos posteriores.
Atingir o alvo revela presença na área, não impede evasão doutrinária
nem outras aproximações. Trocar por outra a área onde houve o último
ataque conserva a discrição, mas não dá a esclarecedores situados lá
sensação de abandono dela pelo submarino. É o princípio da decepção, o
mesmo que enganar, iludir. Enseja ao comandante buscar mais alvos,
atacar de novo ou, sempre evitando restringir opções de seu comandante
imediatamente superior, sair dessa área. Reforça a decepção ali ou a
realiza em nível acima, afetando análises adversárias sobre outros
submarinos do mesmo grupo. Comandante de submarino decide mais que os
de outras unidades.
O submarinista explora, conhece, protege, usa, esconde o submarino.
Aciona armas, máquinas, mecanismos e sensores dele.
Energia
Submarinos usam para tudo energia existente a bordo. Quando a
disponibilidade de energia diminui, o submarinista trata de repô-la, o
que implica indiscrição acústica, térmica e visual, caso esteja ligado
à atmosfera. A fonte da energia dos convencionais é o combustível do
motor a explosão, que aciona gerador elétrico para alimentar motor
elétrico de propulsão (MEP) ou para carregar baterias. Enquanto as
baterias puderem debitar corrente elétrica, motores de propulsão podem
movimentar o submarino em imersão discreta. Mantendo aberta uma tomada
de atmosfera, pouco aparente, mas perceptível, o submarino usa motores
a explosão e geradores para carregar baterias e acionar MEP. É
indiscrição, é emersão, mas é mais discreto que mostrar o casco e
repõe a energia das baterias que havia sido consumida. Esses motores a
explosão têm potência cada vez maior a fim de reduzir o tempo da
recarga. É preocupação principal do estado do submarino, um dos três
raciocínios opcionais do submarinista, porque o submarino durante
carga deixa de ser escondido, deixa de ser submarino. O convencional
realiza trânsito com taxa positiva de indiscrição, percentual do tempo
total de trânsito ocupado com carga. Maior velocidade em imersão
significa mais avanço e maior descarga das baterias, logo maior
freqüência de cargas, maior taxa de indiscrição. A descarga é mais
lenta com corrente menor, permite menor taxa de indiscrição, mas
atrasa o avanço.
Propulsão independente da atmosfera, seja por hidrogênio ou peróxido,
é menos potente, mas permite um arranjo de operação em que a carga das
baterias permanece intacta até o instante de maior consumo, resultando
em maior autonomia da imersão. É aumento condicional de autonomia,
somente aumenta na ausência de necessidade de imersão com potência
normal, pois sendo necessário debitar potência não há como aumentar a
reserva das baterias. O sistema de associar turbina a álcool e o de
reciclar os gases de descarga do motor a explosão são sistemas
melhores que os de hidrogênio e de peróxido porque têm maior autonomia
e são mais potentes que aqueles, mas igualmente menos potentes que as
baterias.
Então o submarino convencional cria preocupação perene na mente do
submarinista sobre quanto terá de arriscar-se durante recarga ou
quanto terá de renunciar da patrulha prevista.
Entre dois submarinos com mesma velocidade, o de forma mais
hidrodinâmica pode intitular “propulsão independente da
atmosfera” (AIP) o resto de carga nas baterias dele no instante em que
o menos hidrodinâmico esgota a carga. Ao comparar as tabelas de cada
um, que relacionam velocidade, número de rotações por minuto e
potência do MEP, fica destacado o mais hidrodinâmico.
Aliás, a melhor AIP não nuclear possível, pois não exige ingrediente
esgotável durante a patrulha nem obriga redução de potência. O
convencional sempre opera condicionado pela velocidade e pelo tempo
disponível. O consumo elétrico na propulsão cresce exponencialmente
com a velocidade. O tempo disponível aumenta em proporção à
velocidade. Convencionais são excelentes desde que tenham carga nas
baterias. São silenciosos a ponto de possuírem suficientes volumes
indiscretos. Ficam vulneráveis em longos trânsitos oceânicos, devido a
terem de recarregá-las. São totalmente satisfatórios para países
possuidores de longos litorais, portadores de muitos locais seguros,
onde não há longos trânsitos. Obrigados a cruzar oceanos, quando
recargas ruidosas são inevitáveis, um par deles resolve o problema, se
carregarem em horários diversos. O carregado cria santuário para o sob
carga.
Os projetos de casco, lemes e hélice poupam energia e causam
assinaturas tão discretas quanto possível.
Emprego
O Comando de Operações Navais não se satisfaz com as quantidades
correntes de tarefas desempenhadas por submarinos. Os existentes,
obtidos com prioridades duras, ficam escassos porque sujeitos a
interrupções do ciclo operativo, a avarias e à instrução de novos
submarinistas, restando para adestramento próprio e de outras unidades
pouquíssimos ou nenhum. A escassez é a norma também nas duas maiores
frotas de submarinos, a americana e a russa. Aqui, um a três seriam
empregados para o fim precípuo de patrulhar águas nacionais,
constituindo decepção logística: compramos a unidade, mas não dispomos
dela para uso imediato. Manutenção e treinamento cooperam para
subtrair do elenco unidades do ativo.
Apenas um a três submarinos em condição operativa é uma contradição em
termos, pois a manutenção de discrição imposta a esse conjunto é
recíproca e acentua a indisponibilidade nacional de submarinos. Além
de tudo, sabe do trânsito de ida e volta nas raras oportunidades em
que emprega o submarino.
Na mesma frustração, a Esquadra olha o submarino como consumidor
desbragado que não dá troco, consome combustível, água, berço,
fundeio, pessoal, verba e quotas de material. Cumpre encargos, mas a
Força de Submarinos nunca oferece submarino-dia, ela que é a mais
assídua empregadora. Mais assídua por mandar nele mais tempo que
outras. Ela própria se sente operando ou impedida conforme esteja ou
não movimentando submarinos. Treinamento de patrulha e de ação entre
submarinos requer presença do mínimo de dois submarinos ou produz dado
mundial do destreino dos daqui. Quando, por iniciativa da Força, ou da
jurisdição de algum material do submarino ou do submarinista, ocorre
aumento de disponibilidade, acontece um bônus logístico a que ninguém
abaixo do Comando de Operações dá atenção. A Força desempenha
jurisdição de material exclusivo de submarino, tem iniciativa de
pensar encargos de projeto, é consultora porque tem amplo acervo do
ramo e é peculiar ao submarinista a ansiedade de ver o material
multiplicar-se. Ela subordina a Escola, a Base e os navios.
Perante falta generalizada de tecnologia, a Força tem acanhamento de
aumentar o próprio tirocínio em submarinos mediante pesquisa interna.
É melhor fazer a pesquisa e repartir com convidados que deixá-la
parecer abuso sob escassez. Imagine se não surge um ar de que há
ladrão por perto quando recebe sondagem superior sobre que recursos
ela deseja para termos um submarino em exercício com unidades da MB,
outra força nacional ou marinhas estrangeiras.
CONFIGURAÇÃO DO SUBMARINO NUCLEAR
Os mesmos componentes adquiridos hoje sem restrições devido a se
destinarem a convencionais estão sujeitos a ser restritos pelo Comitê
de Controle do Comércio de Materiais Sensíveis. Conseguimos contornar
objeções em estabilização espacial, em levitação e noutros materiais
de ponta. Essa atuação norte-americana incomoda, mas não impede nosso
acesso global, embora permaneçam em vigor licenciamentos e
impedimentos de produtos americanos. Conseguem dificultar acesso a
produtos de outros países quando estes estejam desfrutando licença
americana. As regras de guerra limitada são as mesmas no econômico e
em qualquer dos campos. Lados opostos não usam as últimas armas porque
já estaria ridículo o valor da vitória. Neste momento, temos ajuda da
crise financeira à premência dos fabricantes venderem seus produtos e
da redução da veemência americana no comércio dos demais países. O
Comitê está mais tolerante e sabe que o mesmo estabelecimento bélico
industrial que força de modo ostensivo o orçamento de casa a sustentar
duas guerras e liderança bélica mundial pode silenciá-lo
discretamente. Quando muito conseguirá recusar alguma venda americana,
mas sem poder para impedir aquisições noutros países. Cada vez que
descobre avanço técnico de um país antes prejudicado por ele, sofre
convicção de não haver antecipado a iminência de tal progresso, caso
em que não “ajudaria” o avanço nem a independência e, sobretudo, não
frustraria esforço vendedor feito por uma empresa americana.
O primeiro SNB não será lançador de mísseis intercontinentais porque
não convém possuí-los antes de dispormos de rede orbital de
vigilância, embora a Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM)
possua estabilização de seis minutos de arco e um míssil balístico
intercontinental se contente com oito. Será submarino de ataque tão
pequeno quanto nossa tecnologia conseguir. Terá o diâmetro do casco
definido somente quando o reator estiver definido. O reator dele não
existe ainda. Aceitamos pesquisá-lo e produzi-lo.
Equação condicionante – reator e variáveis
O reator é a primeira dificuldade do SNB porque tem de caber dentro do
casco; o tamanho do reator define o tamanho do casco. O tamanho do
casco e a velocidade do SNB definem a potência do reator. A velocidade
útil é função do alcance dos sensores, cuja metade é igual ao trecho
percorrível em segurança. A carga de combustível do reator é
determinada pelo Comando de Operações Navais (CON) ao decidir o
trabalho realizável por ela, ao fim do qual estará exaurida. Esta
decisão é expressa pelo menor intervalo de tempo em que o CON não
deseja retirar de serviço o SNB para faina de recarga. O CON estipula
a autonomia da carga. A carga é um estoque de fissões que é declarado
inútil quando a distribuição dos núcleos ainda físseis ou a escassez
deles ficar insuficiente para sustentar a reação em cadeia. A
determinação do CON é vista como orientação para o Centro Tecnológico
da Marinha em São Paulo (Cetemsp) dimensionar a carga em peso que
garante ciclo operativo conveniente à defesa do País.
Tamanho
O menor diâmetro do casco tem de abranger: o vaso do reator; a
diferença de alturas entre a base do vaso e o topo da canalização de
água pressurizada suficiente para estabelecer convecção; o espaço
acima do vaso ocupado por barras de controle; geradores de vapor; o
topo da canalização de água reaquecida do pressurizador e a distância
aos lados internos do casco. Para fazer o menor casco para certo
reator é necessário arranjar e construir esses componentes para
caberem no menor diâmetro máximo do casco resistente.
Dependem de criação e experimentação a circulação de convecção e o
sistema de controle. Tenham ou não a melhor solução do mundo, essas e
outras tentativas acontecerão visando obter a arma da espécie
“submarino nuclear”. Pouco adianta interpretar exemplos de outros
países, pois em cada um deles foi desenvolvido um submarino com o
reator realizado antes. É possível confiar nos esforços indígenas mais
pela seriedade dos envolvidos que pelas descobertas técnicas. Caso
elas aconteçam, serão adotadas; caso não apareçam, é possível enxergar
cada posição de adotar o ponto obtido ou recusá-lo, prosseguindo em
tentativas. Seria péssimo adotar, com apoio na pressa ou no desânimo,
ponto sabidamente prematuro.
Lendo a variedade de grandes diâmetros dos nucleares atuais, é
possível afirmar vantagens de um diâmetro menor e também que ninguém
morrerá se não for obtido. Não contamos com modelo virtual porque não
tínhamos durante muito tempo o poder de computação exigido nem dotação
orçamentária para desenvolvê-lo. Caso avançássemos no caminho crítico,
havia perigo de jogar no lixo trabalho caro cada vez que o percurso
adotado desse errado. Hoje dispomos de um cluster hábil de
computadores e de dotação orçamentária, recém-estabelecidos. Estando
seguros de não infringir nossos limites de controle, podemos segmentar
os avanços no caminho crítico e adotar novo ramo paralelo para cada
impedimento surgido. Fazendo assim, não há controle sobre prazo mais
curto de conclusão nem sobre custo diminuído de cada segmento, mas é
antecipado o valor do prazo viável hoje e o do custo sem redução
visível agora. Ocorre a espera de conclusão das obras civis do
Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (Labgene), ao mesmo tempo que a
obtenção de mão de obra qualificada e o início de operação dele.
Potência
Se neste momento ignoramos o modo de prever exaustão de combustível e
também a queima dele regulada para potência significativa, não há
segmento de avanço. Felizmente não é o caso, mas insegurança para
adquirirmos essa ciência. A demora de avançar é didática, serve para
superar falta de mão de obra nova mediante alocação nova da mão de
obra curta. Aí vale reunião para escolher melhor o que será rejeitado,
as novas designações e escolha de despesas capazes de produzir
avanços. É inútil, embora tentador, manter valores de diâmetro,
estipular potência e velocidade de projeto, sem fazer tentativas
físicas. Consultas sobre tentativas, desde que precedidas da
advertência de verificação dos termos da resposta, são tão acessíveis
e baratas que não há justificativa para preteri-las. A estipulação da
potência depende do tamanho do reator e do tamanho do casco, também
dependente do reator, mas há alguma flexibilidade, embora seja regra
universal de projeto explorar máximos disponíveis. O reator teria
tamanho mínimo, condizente com velocidade de contrato e com intervalo
de recarga.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Carga
Um bom teor de enriquecimento será acima do valor que debitar com a
menor exaustão da carga, o número de fissões da potência requerida.
Hoje, o enriquecimento acessível ao Brasil está limitado a 20% por
decisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Esta taxa
foi aceita enquanto não tínhamos necessidade de maior, mas o Tratado
de Não Proliferação (TNP) não nos impõe tal limite. O TNP demorou
muitos anos para alcançar 40 signatários, número definidor da
aceitação dele. Foi redigido com o propósito de salvar a cara dos
americanos, enlameada em Hiroshima e Nagasaki, daí ser um texto
angariador de tolerância, inerme e ineficaz. Quando obteve 20 adesões,
ensejou o Acordo de Salvaguardas, com poder de imposição e a delegação
para a AIEA, também pendente de adesões. Os americanos contavam com
seu poder militar para assombrar os signatários pedidos pelo Acordo,
tendo uma série de surpresas com a cessação tácita de adesões. Por
diversos motivos nunca era situação favorável a indagarem de qualquer
país porque não aderira. Criaram o título de estados mendigos
imputável aos que manifestaram recusa e rejeição.
O Brasil foi coerente durante muitos anos com os Almirantes Otacílio
Cunha e Álvaro Alberto, que desde o fim da Segunda Guerra Mundial
mostraram a inutilidade do Plano Baruch e nossa total independência em
matéria nuclear. Fomos o único país não nuclearizado a rejeitar o TNP,
posição conveniente para França, China, Rússia, Índia, Paquistão,
Japão e Alemanha perante os EUA. De repente um diplomata, sem qualquer
formação adequada, portanto sem fazer idéia do manejo da condição de
intervir em “segundo golpe” e do dano de ser forçado a ignorar
qualquer coisa, mormente arranjos nucleares, dispensou assessoramento
e convenceu um presidente a assinar a adesão ao TNP, materializando um
sonho americano. A partir daí a AIEA nos “proibiu” de ultrapassar 20%
no enriquecimento de urânio. A AIEA ganhou audácia, não despiu nossa
centrífuga, mas tentou, pressionou sem sucesso a assinatura de
Protocolo Adicional, que estabeleceria obrigações invioláveis e era o
maior sonho americano.
Pouca gente sabe que o TNP não pode impedir-nos de ultrapassar os 20%.
Caso desejemos empregar nossa sólida argumentação, enfrentaremos toda
sorte de pressões, mas podemos estatutariamente denunciar o TNP com
antecipação de 90 dias para efetividade, e devemos fazê-lo assim que
precisemos teor mais elevado. Ainda que não precisássemos de maior
teor, somos possuidores de uma das maiores quantidades de minério
barato, e logo estaremos vendendo combustível, obtendo receita
classificadora da economia total e de poder no mercado nuclear, fato
estimulador da remoção dos ridículos 20%. Dependendo de tirocínio
diplomático, a AIEA pode preferir considerar procedente nossa
argumentação e recusar nossa denúncia, dando-nos a condição de país
nuclear desarmado, sonho brasileiro.
Temos o conforto de ter conhecimento para construir reator com
bastante potência, embora falte algum tempo para repetirmos produção
de carga com aumento de vida, desta vez capaz de durar 13 ou mais
anos. O reator definitivo será projetado somente quando a série de
experiências com o Labgene determinar forma e tamanho da nuvem de
nêutrons ao longo da faixa de potência debitada por ele. As
experiências gerarão séries de dados de quantidade e locais de fissões
e de queima de combustível em diferentes arranjos do núcleo segundo
teor, aglomeração, regime de produção, posição relativa ao fundo e ao
eixo do vaso; séries que permitam projetar reatores e medir desempenho
de cada projetado, independente de construí-lo.
Foi vedado nosso acesso a algum supercomputador, mas montamos um
cluster para nossas necessidades. Precisamos de velocidade de cálculo
provida pelo cluster porque a quantidade e a localização das fissões
são probabilísticas. A quantidade de operações para cobrir o intervalo
pesquisado é tão grande que não é possível descartar probabilidades de
obter ao acaso soluções de aspectos componentes antes de esgotar todos
os possíveis. É como procurar numa seqüência de fichas a que retrata
certo sítio. Tanto pode ser a primeira como a m-ésima ou a última. O
computador cessa a busca ao encontrar a solução compatível. Não
podemos decidir experimentar nível mais elevado de fissões a 4% nem
teor acima de 4% sem concluir grande quantidade de cálculos. O mundo
saberá imediatamente, após qualquer aumento em teor da carga de reator
brasileiro, que passamos a dispor de velocidade suficiente de cálculo.
Gastaremos vários anos para operar um reator de 50MW, embora já
tenhamos montado um vaso e um miolo. Falta carregá-lo com UO2
enriquecido, enchê-lo d’água e iniciar a reação em cadeia, cujos dados
de operação serão processados no cluster, produzindo orientação sobre
arranjo, quantidade e teor do combustível nuclear. Talvez consigamos
operar em 2011 o Labgene para fazer em três anos metade das corridas
pedidas, total que gasta um segundo Labgene, que leva 3,8 anos para
ficar pronto, portanto desnecessário para os seis anos do total de
corridas.
Caso os primeiros dados obtidos permitam definir se a seqüência de
arranjos produzirá certezas antes de fabricado outro reator, não será
feito outro reator para experiência. A mera elevação de um ponto
percentual no teor da carga enfrenta autorização da Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CNEN) para acender a reação em cadeia, dependente
de provar que não surgirá aumento indevido, portanto descontrolado, de
potência. Ora, um reator de baixo teor também debita potência, move o
SNB, mas é mau negócio. A China teve um assim. Nossa capacidade atual
de calcular demanda vários anos de obtenção e processamento de dados
no Labgene. Haverá maior conforto de conhecimento quando projetarmos
reator conveniente para o casco que desejamos. Isso será possível
quando pudermos prever a carga de combustível necessária ao reator.
Se ocorrer exaustão do combustível durante o tempo de operação do
submarino, a MB terá espetacular decepção logística no caso de
imobilizá-lo para a faina de recarga. Contra decepção apenas cargas
americanas já superam mais de 30 anos de uso, outros países têm mais
um nuclear de ataque e mais um lança-mísseis além do mínimo das forças
previstas, destinados a comportar trocas de combustível nos reatores
dos demais.
Enquanto nossa força possuir apenas um nuclear, a carga dele deve
durar pelo menos oito anos, porque esse prazo permite operá-lo
bastante e, aumentando a probabilidade de uso hostil, trocar tão
rápido quanto viável a carga em uso por outra integral. A fim de poder
trocar carga rapidamente, o reator deve possuir sistema de abertura
conjugado com escotilha do compartimento dele no convés do SNB. Caso a
duração seja de quatro a seis anos, cada troca aumenta o risco de o
SNB não conseguir servir ao País porque cresce a freqüência de
inoperância.
A decisão de prosseguir desenvolvendo o nuclear deve encorajar a MB a
ter dois comportamentos: um para custear a etapa do desenvolvimento
capaz de dotar o País de submarino nuclear, outro de convencer o
Governo a destinar para submarinos nucleares a diferença entre o total
solicitado para o primeiro e o desembolso real. Segundo a execução
orçamentária atual, esse raciocínio é descabido, mas o modo de pedir
continuidade da dotação é declarar exatamente a diferença, citando
mérito das empresas envolvidas e mostrando dano devido ao desmonte dos
canteiros em cada local de produção de um componente. Não temos elenco
significativo de empresas envolvidas, mas devemos criá-lo, pois
associação com universidades tem efeito nacional favorável à MB muito
mediato. Empresas geram salários e consumo, universidades não geram.
Graças à qualificação das três propostas seguintes à vencedora da
licitação para o míssil Tomahawk e aos lotes comprados a elas, uma
delas construiu e repôs o estoque desse míssil após o Conflito de
Kosovo, cobrando menos para canteiros do que fora declarado na inicial
porque conservou a linha de produção. A vencedora já havia encerrado a
linha de produção e anunciado um preço gigantesco para restabelecê-la.
O motivo do segundo comportamento é explorar a conformidade, ocorrida
nos países que já possuem nucleares, com o tamanho grande deles. Sem
tal motivo não interessa procurar submarino mais barato, pois o mesmo
acréscimo de poder militar vai demorar mais tempo que o caro. Vale
encarar a demora porque é alta a probabilidade atual de sucesso,
baseado em controle por absorção de nêutrons da reação nuclear, mais
curto geometricamente e em circulação por convecção obtida com menor
altura.
A definição do reator sofrerá um processo iterativo conjugando casco
como alojamento e veículo do reator, elegendo a potência indicada e o
casco que cumpram a velocidade de contrato. Acarreta a do casco, mas
começa definindo reator ótimo segundo rendimento e exaustão, depois
por tamanho. O eventual saldo entre o total estimado e autorizado para
o primeiro submarino nuclear igual e outro mais barato serviria melhor
a uma fração de um segundo submarino. O sucesso altamente provável
contribuirá num submarino que periga só mergulhar após 2020.
Graças a essas dificuldades, convém pesquisar oportunidades módicas de
melhoras naqueles processos, em vez de recusar as pesquisas mediante
declaração de não serem comprovadas. Fixada a altura da convecção,
ficam definíveis o pressurizador e os geradores de vapor. Não é este
texto o lugar para descrever melhorias, mas serve para encarecer o
dever de tentá-las. Imagine a distância entre o protótipo do Labgene e
outro, cuja água deixe o vaso para um gerador de vapor em cima dele,
cuja saída de água, após perder calor, desça pela face externa do vaso
até regressar ao lado interno dele, exclusivamente acionada pela
convecção. Fazendo penetrarem as barras absorventes no gerador de
vapor, consegue ao mesmo tempo retirada total das barras, convecção
forte e, maravilha, diâmetro de casco como no Barracuda francês,
deslocamento imerso de 4.700 t. A movimentação das barras controla o
calor gerado, a circulação por convecção da água do vaso e a
circulação por condensação do vapor gerado. Barras mais fora geram
maior número de fissões, mais calor e convecção, mais vapor e mais
alimentação do gerador de vapor.
Um convencional não usa em operação sua velocidade máxima, aquela das
provas de mar, mas o nuclear abusa da dele porque leva a locais
seguros o seu volume indiscreto, porque permite trânsitos até então
inviáveis e porque não precisa repor tão cedo a energia consumida.
Quanto ao reator, que é encargo nosso, sem terminarem as pesquisas de
controle, de convecção e de locais das fissões, outros avanços do SNB
podem virar perda. Excetuado o reator nuclear com seus controles, que
expressamente não receberá apoio técnico francês, a totalidade do SNB
terá gerência, fornecimento e orientação de construção da França. Este
aspecto é confortador na medida em que dispensa a MB de fazer procura.
Ao mesmo tempo, é gerador de rigidez na medida em que, não havendo
outra diferença de configuração entre o SNB e o Scorpene além da
energia e da geração de oxigênio, a participação da MB na construção
do primeiro Scorpene forma gestão na construção dos demais e do SNB.
Nucleares providos de mísseis verticais têm diâmetro maior de casco
porque o conveniente aos mísseis é semelhante ao farto para o reator.
Nucleares antissubmarinos sem mísseis de lançamento vertical também
têm grande diâmetro, mostrando que, se tanto a convecção quanto o
controle pediam tal diâmetro, não valia a pena gastar em pesquisa para
reduzi-lo, a despeito daqueles prêmios. Apenas perante solução
simultânea dos dois problemas o diâmetro seria reduzido.
Não cessam pesquisas visando operação sob menor diâmetro decorrente de
arranjo dos trocadores de calor, pois prêmios envolvendo redução de
aspecto, de perdas hidrodinâmicas, de mínima lâmina d’água operativa e
mesmo de custo justificam a busca. Não existem ou são sigilosas as
relativas a controle e convecção.
É muito grande o prêmio para diálogo bem conduzido. O deslocamento do
submarino é função cúbica do diâmetro do casco; a superfície molhada
do submarino é função quadrática do diâmetro e lecionada aos
arquitetos navais como perda de velocidade. Dobrar o diâmetro
significa multiplicar por oito o deslocamento e por quatro a
superfície molhada. A falta de diálogo encobre outros prêmios,
inexistentes nos primeiros arranjos de combustível, arranjos que, uma
vez estabelecidos, petrificaram.
Os diversos vasos de reator tinham em comum a forma gorda de diâmetro
grande em relação à altura. Reduzia o risco de interrupção da reação,
melhorava a distribuição de locais das fissões, o que evitava ao mesmo
tempo pontos de alta temperatura e água menos quente do que possível
na admissão do trocador e, sobretudo, facilitava posição dos
trocadores de calor (geradores de vapor) mais alta que a pilha de
combustível. O calor produzido é maior quando a temperatura média da
água do vaso é maior. Houvesse prática de diálogo, a redução do risco
de falha nuclear (hoje medido pela base 10 elevada a menos 18), o
crescimento do teor de enriquecimento do combustível (já atinge mais
de 96%, embora baste muito menos), a redução da variação do teor nas
pastilhas (obtida mediante gasto de energia maior na agitação na
mistura) e a aproximação entre elementos vizinhos (instalados com
separação dita evitar colisões de nêutrons insuficientemente
moderados) talvez resultassem em vasos mais esbeltos. Muito
recentemente essa separação perdeu reputação com a mudança de forma
dos elementos de vareta para placa, aumentando a probabilidade de
encontro físsil. O espaço intermolecular descartava perda de colisões
devida a espaço entre varetas, mas arranjos de placas aumentam a
probabilidade de encontros justamente por oferecer mais núcleos que os
oferecidos pelas varetas distintas, ou seja, a ocorrência de trajetos
sem colisão é menor no arranjo de placas que no de varetas.
Mais que por encontro físsil, que é o gerador de calor, a razão entre
o volume das placas e o da água envolvente é maior que a razão entre o
volume das varetas e da água, isto é, será maior o aquecimento da
água, mantido o resto, que somente ocorreria mediante maior número de
fissões decorrentes de maior teor. Vasos esbeltos, que pareceram
vantajosos caso coubessem com seus periféricos em menor diâmetro de
casco, são mais úteis pela relação entre volume interno d’água e
número de fissões.
Pois é, há nucleares de ataque com dois reatores devido à potência
pedida e a discussões sobre infalibilidade ou regularidade do débito
do reator, motivo também proclamado para justificar energias e
propulsões alternativas. Instrutor que reprova semelhantes decisões em
verificações de instruídos determina adotá-las quando mais tarde, como
administrador, sente o peso de impor o risco, conforme retratado pela
variedade nos nucleares de configurações fartamente compostas. Dois
reatores extinguem a necessidade de acumulador de energia e o risco de
cloro no ambiente, onde a bateria é a excelência. Extinguem tanque,
rede de óleo diesel e risco associado de incêndio. Um só reator
extingue igualmente. No caso mais geral de haver um único reator,
basta haver pequeno turbogerador de CC que carregue sem pressa em
imersão bateria para emergência. A bateria alimentaria o MEP mediante
alternador apenas para mover o submarino até sair da área de operação
(20 horas a 2 nós). Há baterias muito mais compactas que as do Tikuna,
como a do torpedo Blackshark. Se o gerador de CC e a bateria são
mantidos no projeto a título de emergência, podem ser tão menores que
os de operação quanto for pedido pela distância do ponto afastado ao
ponto da avaria. Fim de bateria e gerador de CC grandes devolveriam ao
projetista o volume tomado hoje.
Aliás, num nuclear pode haver bateria sem que haja gerador de CC. O
Quadro de Força pode ter retificador suficiente para carregar em
imersão, portanto sem pressa e sem corrente elevada, a bateria citada
no parágrafo anterior. Tampouco se justifica MEP auxiliar, pois o
único MEP seria acionado pelo alternador acima citado com energia
convertida da bateria. Não precisa muita potência porque potência é o
cubo da velocidade. Corrente alternada, em vez da compulsória
contínua, trocaria alternador da instalação dominada por CC, por
dínamos ou retificadores para prover corrente contínua na instalação
dominada por CA, conforme conveniência local, sem sobra nem falta.
Aplicações de corrente alternada provêem tensões e freqüências
múltiplas e variáveis. A permanência de múltiplas fontes de energia
nos projetos decorre de desarmonia administrativa. Não serão as
pesquisas que possibilitarão dois reatores, pois a classe Victor russa
e a classe 093 chinesa os têm. A instalação não é CA porque os
projetistas ainda não se livraram da atuação de Hickover, que exagerou
em explorar o fato de estar na direção quando surgiu o Nautilus e cuja
morte marca o ingresso mais amplo de CA nos nucleares americanos. O
mundo quer tais nucleares, mas se conforma com os de reator singelo,
diâmetro grande, gerador de CC e até segundo MEP.
O reator produz vapor para turbo – geradores ou para turbinas de
propulsão. Essas turbinas serão superadas brevemente por motores
elétricos devido a vários fatores, como: menor preço, menos pessoal,
menos peso, menor risco ambiental dos condutores de eletricidade que
das canalizações de vapor, mais flexibilidade e menos ruído emitido. A
turbina de turbo gerador é mais eficiente que a de propulsão porque
dispensa redutor de velocidade para o propulsor rotativo. O redutor é
fonte de ruído. O vapor que iria para turbinas de propulsão rende mais
em turbinas de gerador. Necessidades de ar comprimido ou de pressão em
fluido hidráulico são atendidas também por compressores ou bombas
acionados por corrente alternada. Tipos especiais de corrente elétrica
são supridos por conversores locais ou por controle eletrônico atuante
em tomada comum da instalação geral.
O submarinista do nuclear explora velocidade mudando logo o volume
indiscreto, de onde cometeu indiscrição para outro local. Não convém
nuclear cuja velocidade seja da ordem de 25 a 28 nós, a mesma de um
convencional rápido, pois gastará uma hora ou mais para percorrer
metade da distância esclarecida, duração fértil para ingresso de
intruso nela. Desfrutasse 29 a 38 nós tal duração cairia para quarenta
e cinco minutos, muito mais segura. Navegar acima de 38 nós depende de
concluir esclarecimento tão amplo que cresce a probabilidade de
alertar algum estranho e continuaria a alertar mediante a fração
acústica da energia debitada. Obriga parada no trânsito e trecho
adicional de esclarecimento. A parada reduz a menos de 34 nós a
velocidade média.
O vapor gerado por trocador cujo primário é a água saída do reator tem
temperatura muito inferior à do vapor produzido pelas caldeiras
tradicionais. Isso criou nas instalações nucleares aversão enraizada a
perdas, banindo perda de altura na admissão do trocador de calor. Têm
surgido arranjos de combustível voltados a obter maior temperatura.
Um bom teor de enriquecimento será acima do valor que debitar com a
menor exaustão da carga, o número de fissões da potência requerida.
Hoje, o enriquecimento acessível ao Brasil está limitado a 20% por
decisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Esta taxa
foi aceita enquanto não tínhamos necessidade de maior, mas o Tratado
de Não Proliferação (TNP) não nos impõe tal limite. O TNP demorou
muitos anos para alcançar 40 signatários, número definidor da
aceitação dele. Foi redigido com o propósito de salvar a cara dos
americanos, enlameada em Hiroshima e Nagasaki, daí ser um texto
angariador de tolerância, inerme e ineficaz. Quando obteve 20 adesões,
ensejou o Acordo de Salvaguardas, com poder de imposição e a delegação
para a AIEA, também pendente de adesões. Os americanos contavam com
seu poder militar para assombrar os signatários pedidos pelo Acordo,
tendo uma série de surpresas com a cessação tácita de adesões. Por
diversos motivos nunca era situação favorável a indagarem de qualquer
país porque não aderira. Criaram o título de estados mendigos
imputável aos que manifestaram recusa e rejeição.
O Brasil foi coerente durante muitos anos com os Almirantes Otacílio
Cunha e Álvaro Alberto, que desde o fim da Segunda Guerra Mundial
mostraram a inutilidade do Plano Baruch e nossa total independência em
matéria nuclear. Fomos o único país não nuclearizado a rejeitar o TNP,
posição conveniente para França, China, Rússia, Índia, Paquistão,
Japão e Alemanha perante os EUA. De repente um diplomata, sem qualquer
formação adequada, portanto sem fazer idéia do manejo da condição de
intervir em “segundo golpe” e do dano de ser forçado a ignorar
qualquer coisa, mormente arranjos nucleares, dispensou assessoramento
e convenceu um presidente a assinar a adesão ao TNP, materializando um
sonho americano. A partir daí a AIEA nos “proibiu” de ultrapassar 20%
no enriquecimento de urânio. A AIEA ganhou audácia, não despiu nossa
centrífuga, mas tentou, pressionou sem sucesso a assinatura de
Protocolo Adicional, que estabeleceria obrigações invioláveis e era o
maior sonho americano.
Pouca gente sabe que o TNP não pode impedir-nos de ultrapassar os 20%.
Caso desejemos empregar nossa sólida argumentação, enfrentaremos toda
sorte de pressões, mas podemos estatutariamente denunciar o TNP com
antecipação de 90 dias para efetividade, e devemos fazê-lo assim que
precisemos teor mais elevado. Ainda que não precisássemos de maior
teor, somos possuidores de uma das maiores quantidades de minério
barato, e logo estaremos vendendo combustível, obtendo receita
classificadora da economia total e de poder no mercado nuclear, fato
estimulador da remoção dos ridículos 20%. Dependendo de tirocínio
diplomático, a AIEA pode preferir considerar procedente nossa
argumentação e recusar nossa denúncia, dando-nos a condição de país
nuclear desarmado, sonho brasileiro.
Temos o conforto de ter conhecimento para construir reator com
bastante potência, embora falte algum tempo para repetirmos produção
de carga com aumento de vida, desta vez capaz de durar 13 ou mais
anos. O reator definitivo será projetado somente quando a série de
experiências com o Labgene determinar forma e tamanho da nuvem de
nêutrons ao longo da faixa de potência debitada por ele. As
experiências gerarão séries de dados de quantidade e locais de fissões
e de queima de combustível em diferentes arranjos do núcleo segundo
teor, aglomeração, regime de produção, posição relativa ao fundo e ao
eixo do vaso; séries que permitam projetar reatores e medir desempenho
de cada projetado, independente de construí-lo.
Foi vedado nosso acesso a algum supercomputador, mas montamos um
cluster para nossas necessidades. Precisamos de velocidade de cálculo
provida pelo cluster porque a quantidade e a localização das fissões
são probabilísticas. A quantidade de operações para cobrir o intervalo
pesquisado é tão grande que não é possível descartar probabilidades de
obter ao acaso soluções de aspectos componentes antes de esgotar todos
os possíveis. É como procurar numa seqüência de fichas a que retrata
certo sítio. Tanto pode ser a primeira como a m-ésima ou a última. O
computador cessa a busca ao encontrar a solução compatível. Não
podemos decidir experimentar nível mais elevado de fissões a 4% nem
teor acima de 4% sem concluir grande quantidade de cálculos. O mundo
saberá imediatamente, após qualquer aumento em teor da carga de reator
brasileiro, que passamos a dispor de velocidade suficiente de cálculo.
Gastaremos vários anos para operar um reator de 50MW, embora já
tenhamos montado um vaso e um miolo. Falta carregá-lo com UO2
enriquecido, enchê-lo d’água e iniciar a reação em cadeia, cujos dados
de operação serão processados no cluster, produzindo orientação sobre
arranjo, quantidade e teor do combustível nuclear. Talvez consigamos
operar em 2011 o Labgene para fazer em três anos metade das corridas
pedidas, total que gasta um segundo Labgene, que leva 3,8 anos para
ficar pronto, portanto desnecessário para os seis anos do total de
corridas.
Caso os primeiros dados obtidos permitam definir se a seqüência de
arranjos produzirá certezas antes de fabricado outro reator, não será
feito outro reator para experiência. A mera elevação de um ponto
percentual no teor da carga enfrenta autorização da Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CNEN) para acender a reação em cadeia, dependente
de provar que não surgirá aumento indevido, portanto descontrolado, de
potência. Ora, um reator de baixo teor também debita potência, move o
SNB, mas é mau negócio. A China teve um assim. Nossa capacidade atual
de calcular demanda vários anos de obtenção e processamento de dados
no Labgene. Haverá maior conforto de conhecimento quando projetarmos
reator conveniente para o casco que desejamos. Isso será possível
quando pudermos prever a carga de combustível necessária ao reator.
Se ocorrer exaustão do combustível durante o tempo de operação do
submarino, a MB terá espetacular decepção logística no caso de
imobilizá-lo para a faina de recarga. Contra decepção apenas cargas
americanas já superam mais de 30 anos de uso, outros países têm mais
um nuclear de ataque e mais um lança-mísseis além do mínimo das forças
previstas, destinados a comportar trocas de combustível nos reatores
dos demais.
Enquanto nossa força possuir apenas um nuclear, a carga dele deve
durar pelo menos oito anos, porque esse prazo permite operá-lo
bastante e, aumentando a probabilidade de uso hostil, trocar tão
rápido quanto viável a carga em uso por outra integral. A fim de poder
trocar carga rapidamente, o reator deve possuir sistema de abertura
conjugado com escotilha do compartimento dele no convés do SNB. Caso a
duração seja de quatro a seis anos, cada troca aumenta o risco de o
SNB não conseguir servir ao País porque cresce a freqüência de
inoperância.
A decisão de prosseguir desenvolvendo o nuclear deve encorajar a MB a
ter dois comportamentos: um para custear a etapa do desenvolvimento
capaz de dotar o País de submarino nuclear, outro de convencer o
Governo a destinar para submarinos nucleares a diferença entre o total
solicitado para o primeiro e o desembolso real. Segundo a execução
orçamentária atual, esse raciocínio é descabido, mas o modo de pedir
continuidade da dotação é declarar exatamente a diferença, citando
mérito das empresas envolvidas e mostrando dano devido ao desmonte dos
canteiros em cada local de produção de um componente. Não temos elenco
significativo de empresas envolvidas, mas devemos criá-lo, pois
associação com universidades tem efeito nacional favorável à MB muito
mediato. Empresas geram salários e consumo, universidades não geram.
Graças à qualificação das três propostas seguintes à vencedora da
licitação para o míssil Tomahawk e aos lotes comprados a elas, uma
delas construiu e repôs o estoque desse míssil após o Conflito de
Kosovo, cobrando menos para canteiros do que fora declarado na inicial
porque conservou a linha de produção. A vencedora já havia encerrado a
linha de produção e anunciado um preço gigantesco para restabelecê-la.
O motivo do segundo comportamento é explorar a conformidade, ocorrida
nos países que já possuem nucleares, com o tamanho grande deles. Sem
tal motivo não interessa procurar submarino mais barato, pois o mesmo
acréscimo de poder militar vai demorar mais tempo que o caro. Vale
encarar a demora porque é alta a probabilidade atual de sucesso,
baseado em controle por absorção de nêutrons da reação nuclear, mais
curto geometricamente e em circulação por convecção obtida com menor
altura.
A definição do reator sofrerá um processo iterativo conjugando casco
como alojamento e veículo do reator, elegendo a potência indicada e o
casco que cumpram a velocidade de contrato. Acarreta a do casco, mas
começa definindo reator ótimo segundo rendimento e exaustão, depois
por tamanho. O eventual saldo entre o total estimado e autorizado para
o primeiro submarino nuclear igual e outro mais barato serviria melhor
a uma fração de um segundo submarino. O sucesso altamente provável
contribuirá num submarino que periga só mergulhar após 2020.
Graças a essas dificuldades, convém pesquisar oportunidades módicas de
melhoras naqueles processos, em vez de recusar as pesquisas mediante
declaração de não serem comprovadas. Fixada a altura da convecção,
ficam definíveis o pressurizador e os geradores de vapor. Não é este
texto o lugar para descrever melhorias, mas serve para encarecer o
dever de tentá-las. Imagine a distância entre o protótipo do Labgene e
outro, cuja água deixe o vaso para um gerador de vapor em cima dele,
cuja saída de água, após perder calor, desça pela face externa do vaso
até regressar ao lado interno dele, exclusivamente acionada pela
convecção. Fazendo penetrarem as barras absorventes no gerador de
vapor, consegue ao mesmo tempo retirada total das barras, convecção
forte e, maravilha, diâmetro de casco como no Barracuda francês,
deslocamento imerso de 4.700 t. A movimentação das barras controla o
calor gerado, a circulação por convecção da água do vaso e a
circulação por condensação do vapor gerado. Barras mais fora geram
maior número de fissões, mais calor e convecção, mais vapor e mais
alimentação do gerador de vapor.
Um convencional não usa em operação sua velocidade máxima, aquela das
provas de mar, mas o nuclear abusa da dele porque leva a locais
seguros o seu volume indiscreto, porque permite trânsitos até então
inviáveis e porque não precisa repor tão cedo a energia consumida.
Quanto ao reator, que é encargo nosso, sem terminarem as pesquisas de
controle, de convecção e de locais das fissões, outros avanços do SNB
podem virar perda. Excetuado o reator nuclear com seus controles, que
expressamente não receberá apoio técnico francês, a totalidade do SNB
terá gerência, fornecimento e orientação de construção da França. Este
aspecto é confortador na medida em que dispensa a MB de fazer procura.
Ao mesmo tempo, é gerador de rigidez na medida em que, não havendo
outra diferença de configuração entre o SNB e o Scorpene além da
energia e da geração de oxigênio, a participação da MB na construção
do primeiro Scorpene forma gestão na construção dos demais e do SNB.
Nucleares providos de mísseis verticais têm diâmetro maior de casco
porque o conveniente aos mísseis é semelhante ao farto para o reator.
Nucleares antissubmarinos sem mísseis de lançamento vertical também
têm grande diâmetro, mostrando que, se tanto a convecção quanto o
controle pediam tal diâmetro, não valia a pena gastar em pesquisa para
reduzi-lo, a despeito daqueles prêmios. Apenas perante solução
simultânea dos dois problemas o diâmetro seria reduzido.
Não cessam pesquisas visando operação sob menor diâmetro decorrente de
arranjo dos trocadores de calor, pois prêmios envolvendo redução de
aspecto, de perdas hidrodinâmicas, de mínima lâmina d’água operativa e
mesmo de custo justificam a busca. Não existem ou são sigilosas as
relativas a controle e convecção.
É muito grande o prêmio para diálogo bem conduzido. O deslocamento do
submarino é função cúbica do diâmetro do casco; a superfície molhada
do submarino é função quadrática do diâmetro e lecionada aos
arquitetos navais como perda de velocidade. Dobrar o diâmetro
significa multiplicar por oito o deslocamento e por quatro a
superfície molhada. A falta de diálogo encobre outros prêmios,
inexistentes nos primeiros arranjos de combustível, arranjos que, uma
vez estabelecidos, petrificaram.
Os diversos vasos de reator tinham em comum a forma gorda de diâmetro
grande em relação à altura. Reduzia o risco de interrupção da reação,
melhorava a distribuição de locais das fissões, o que evitava ao mesmo
tempo pontos de alta temperatura e água menos quente do que possível
na admissão do trocador e, sobretudo, facilitava posição dos
trocadores de calor (geradores de vapor) mais alta que a pilha de
combustível. O calor produzido é maior quando a temperatura média da
água do vaso é maior. Houvesse prática de diálogo, a redução do risco
de falha nuclear (hoje medido pela base 10 elevada a menos 18), o
crescimento do teor de enriquecimento do combustível (já atinge mais
de 96%, embora baste muito menos), a redução da variação do teor nas
pastilhas (obtida mediante gasto de energia maior na agitação na
mistura) e a aproximação entre elementos vizinhos (instalados com
separação dita evitar colisões de nêutrons insuficientemente
moderados) talvez resultassem em vasos mais esbeltos. Muito
recentemente essa separação perdeu reputação com a mudança de forma
dos elementos de vareta para placa, aumentando a probabilidade de
encontro físsil. O espaço intermolecular descartava perda de colisões
devida a espaço entre varetas, mas arranjos de placas aumentam a
probabilidade de encontros justamente por oferecer mais núcleos que os
oferecidos pelas varetas distintas, ou seja, a ocorrência de trajetos
sem colisão é menor no arranjo de placas que no de varetas.
Mais que por encontro físsil, que é o gerador de calor, a razão entre
o volume das placas e o da água envolvente é maior que a razão entre o
volume das varetas e da água, isto é, será maior o aquecimento da
água, mantido o resto, que somente ocorreria mediante maior número de
fissões decorrentes de maior teor. Vasos esbeltos, que pareceram
vantajosos caso coubessem com seus periféricos em menor diâmetro de
casco, são mais úteis pela relação entre volume interno d’água e
número de fissões.
Pois é, há nucleares de ataque com dois reatores devido à potência
pedida e a discussões sobre infalibilidade ou regularidade do débito
do reator, motivo também proclamado para justificar energias e
propulsões alternativas. Instrutor que reprova semelhantes decisões em
verificações de instruídos determina adotá-las quando mais tarde, como
administrador, sente o peso de impor o risco, conforme retratado pela
variedade nos nucleares de configurações fartamente compostas. Dois
reatores extinguem a necessidade de acumulador de energia e o risco de
cloro no ambiente, onde a bateria é a excelência. Extinguem tanque,
rede de óleo diesel e risco associado de incêndio. Um só reator
extingue igualmente. No caso mais geral de haver um único reator,
basta haver pequeno turbogerador de CC que carregue sem pressa em
imersão bateria para emergência. A bateria alimentaria o MEP mediante
alternador apenas para mover o submarino até sair da área de operação
(20 horas a 2 nós). Há baterias muito mais compactas que as do Tikuna,
como a do torpedo Blackshark. Se o gerador de CC e a bateria são
mantidos no projeto a título de emergência, podem ser tão menores que
os de operação quanto for pedido pela distância do ponto afastado ao
ponto da avaria. Fim de bateria e gerador de CC grandes devolveriam ao
projetista o volume tomado hoje.
Aliás, num nuclear pode haver bateria sem que haja gerador de CC. O
Quadro de Força pode ter retificador suficiente para carregar em
imersão, portanto sem pressa e sem corrente elevada, a bateria citada
no parágrafo anterior. Tampouco se justifica MEP auxiliar, pois o
único MEP seria acionado pelo alternador acima citado com energia
convertida da bateria. Não precisa muita potência porque potência é o
cubo da velocidade. Corrente alternada, em vez da compulsória
contínua, trocaria alternador da instalação dominada por CC, por
dínamos ou retificadores para prover corrente contínua na instalação
dominada por CA, conforme conveniência local, sem sobra nem falta.
Aplicações de corrente alternada provêem tensões e freqüências
múltiplas e variáveis. A permanência de múltiplas fontes de energia
nos projetos decorre de desarmonia administrativa. Não serão as
pesquisas que possibilitarão dois reatores, pois a classe Victor russa
e a classe 093 chinesa os têm. A instalação não é CA porque os
projetistas ainda não se livraram da atuação de Hickover, que exagerou
em explorar o fato de estar na direção quando surgiu o Nautilus e cuja
morte marca o ingresso mais amplo de CA nos nucleares americanos. O
mundo quer tais nucleares, mas se conforma com os de reator singelo,
diâmetro grande, gerador de CC e até segundo MEP.
O reator produz vapor para turbo – geradores ou para turbinas de
propulsão. Essas turbinas serão superadas brevemente por motores
elétricos devido a vários fatores, como: menor preço, menos pessoal,
menos peso, menor risco ambiental dos condutores de eletricidade que
das canalizações de vapor, mais flexibilidade e menos ruído emitido. A
turbina de turbo gerador é mais eficiente que a de propulsão porque
dispensa redutor de velocidade para o propulsor rotativo. O redutor é
fonte de ruído. O vapor que iria para turbinas de propulsão rende mais
em turbinas de gerador. Necessidades de ar comprimido ou de pressão em
fluido hidráulico são atendidas também por compressores ou bombas
acionados por corrente alternada. Tipos especiais de corrente elétrica
são supridos por conversores locais ou por controle eletrônico atuante
em tomada comum da instalação geral.
O submarinista do nuclear explora velocidade mudando logo o volume
indiscreto, de onde cometeu indiscrição para outro local. Não convém
nuclear cuja velocidade seja da ordem de 25 a 28 nós, a mesma de um
convencional rápido, pois gastará uma hora ou mais para percorrer
metade da distância esclarecida, duração fértil para ingresso de
intruso nela. Desfrutasse 29 a 38 nós tal duração cairia para quarenta
e cinco minutos, muito mais segura. Navegar acima de 38 nós depende de
concluir esclarecimento tão amplo que cresce a probabilidade de
alertar algum estranho e continuaria a alertar mediante a fração
acústica da energia debitada. Obriga parada no trânsito e trecho
adicional de esclarecimento. A parada reduz a menos de 34 nós a
velocidade média.
O vapor gerado por trocador cujo primário é a água saída do reator tem
temperatura muito inferior à do vapor produzido pelas caldeiras
tradicionais. Isso criou nas instalações nucleares aversão enraizada a
perdas, banindo perda de altura na admissão do trocador de calor. Têm
surgido arranjos de combustível voltados a obter maior temperatura.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
EQUAÇÃO CONDICIONADA – CASCO E EXTERNOS
A metalurgia nacional não ofereceu até hoje o aço especial dos
submarinos feitos aqui nem a liga das canalizações deles, mas outros
materiais sofisticados como aços tenazes e fibra de carbono das
centrífugas e do reator são nacionais. Não tem sido por falta de
tecnologia, mas de dinheiro, que compramos no exterior esses e outros
materiais. É visível a luta da Transpetro (de porte aquisitivo muito
maior que a MB) com a Usiminas relativa a volume de aço maior e mais
rudimentar que o previsto para o submarino nuclear. Convém produzir
aqui, mas importar não é insuportável. Materiais brutos do nuclear
serão preferencialmente importados na forma de perfis, chapas e
canalizações, mas por serem nobres comportam exigência de compensações
importantes. O Centro Experimental de Aramar, Nuclep e a Nuclebrás
Equipamentos Pesados SA (Nuclep) Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
(AMRJ) sabem moldar, soldar e controlar esses materiais. A pesquisa do
nuclear deve envolver pessoal da construção dos submarinos anteriores
a fim de aumentar a utilidade dele para a MB. Dentre os elementos
estruturais avulta o casco, tendo a MB como criadora do curso de
Arquitetura Naval, do Tanque de Provas da Universidade de São Paulo
(USP) e da técnica de modelo reduzido (Lei da Similitude de Newton).
Falta contato regular com os atuais titulares do Tanque, embora ainda
recorra a eles para investigar aspectos pontuais de carenas. Jamais
submeteu a carena do Navio-Aeródromo (NAe) São Paulo à pesquisa de
forma e a arquivamento. Compra séries de componentes no Winslow
Taylor, nos EUA; no Bassin des Carènes, na França; e no Marinne
Technik G., da Alemanha, mas não há séries brasileiras para uso de
projetistas. A negociação com a França promete ser próspera porque ela
decidiu impor-se no mercado mundial de convencionais, inclusive
propondo adquirir a alemã Howaltswerke-Dentsche (HDW). O Laboratoire
Dauphinois de Hidrolique, na cidade francesa de Grenoble, é centro de
excelência reconhecido mundialmente, com histórico secular de
liderança. Dá respaldo à França, que propôs conduzir nossa fabricação
do casco.
O importante dessa incumbência é a garantia de corrigir popa, lemes e
hélice caso ocorra reprovação na raia acústica (após tempo de
construção e dispêndio totais). Recentes reprovações estão sem solução
tanto nas aquisições da Grécia quanto da Marinha alemã. A solução dada
pela HDW no ruído do primeiro submarino entregue ao Equador custou
quatro propulsões, sendo três reprovadas mais a aprovada. No nuclear,
o casco é mais importante que o reator porque este pode sofrer
correções módicas em qualquer instante ou ser aceito em grau inferior
a ótimo, mas corrigir casco reprovado na raia acústica importa os
totais de tempo e de material de construção ou aceitar indiscrição.
Dobra o custo do casco. Devido à falta de tradição, a MB não tem
desenvoltura para criticar formas propostas nem para projetar produtos
exigentes de superioridade contra adversários. Em submarinos, a forma
regula a combinação de escoamento laminar com vorticoso, tem relação
com desempenho de lemes e hélices, sujeito a tamanho grande arcos de
evolução e cavitação em acelerações.
As administrações somente sentirão a vantagem de custo perante frase
do tipo: “com diâmetro de 7,4m custa metade de um de 9,3m, pede reator
de 100MW, o maior pede 190MW”. Excetuando os da classe Rubis, que
tinham diâmetro de 7,6m, os demais de ataque têm diâmetro superior a
9,3m. Somente perante ensaios reprovadores de controles menores e de
decepções em operação de arranjos eficientes sujeitos a circulação por
convecção de menor altura total seria inteligente não tocar no
assunto. Qualquer desses arranjos basta para acarretar diâmetro maior
no casco, liquidando esforços duvidosos para alterar os outros. Se
pesquisas venturosas superarem todos esses arranjos haverá nucleares
de menor diâmetro com dois reatores, a instalação elétrica será em CA,
não possuirão bateria nem diesel. Ainda não é pacífica a vantagem
bélica de diâmetro menor, pode ser desvantajosa em discrição e
hidrodinâmica.
Este trabalho comenta as variáveis dos submarinos sem fixar algum
deles, mas para referir algum dos tamanhos, suponhamos um submarino
nuclear deslocando imerso 4.700t com casco de 90,00m X 8,94m X 7,94m,
reator de 97MW e velocidade de 32’. Para fins de comentário, não
importa a coerência entre essas dimensões, mas a extensão absoluta
delas.
A face externa do casco resistente é usada como transporte em partes
diversas: a proa com os tubos lançadores e alguns domos de sonar; o
costado com os transdutores dos sonares laterais e os equipamentos de
autodefesa; a vela com os lemes horizontais, mastros de antenas e
periscópios, envolvendo a câmara de saída; os equipamentos de fundeio
e atracação, as antenas e o sonar rebocados; os projetores de sinais e
bóias, os lemes AR e o hélice. Tais componentes resultarão de
fabricação proposta apenas pela DCN ou também pela MB, caso esta se
disponha a participar da indicação. Em virtude da indiscrição, há dois
aspectos no casco mais importantes que todo o material externo
transportado: os sons involuntários transmitidos pelo costado ao
volume indiscreto e os transmitidos pelo hélice ao mesmo volume. E um
aspecto de importância reduzida graças à energia do reator, porém
importante pela resistência ao avanço e pela geração de ruídos de
translação, função da forma e dos apêndices, aspectos fixados pela
construção. Monitoração perene de ruídos emitidos lembra cuidados
históricos dos marinheiros com a carena, é fator de condução dos
submarinos.
EQUAÇÃO INTERMÉDIA – ELEMENTOS INTERNOS
Armas
O tópico Direção de Tiro merece uma digressão porque sem criação
estrangeira não conseguimos até hoje alterar programas e controles em
nenhum submarino das classes Oberon ou IKL comprados anteriormente.
Sendo o Brasil exportador de programação informática, há interrogação
sobre o acerto de comprarmos em vez de produzirmos sistemas. Não
dominamos a inclusão de novos torpedos nas Direções de Tiro (DT)
instaladas neles. A IKL adaptou a DT Tios dos Oberon à DT Cafs dos
IKL. A MB não aproveitou em treinamento de pessoal naval a tarefa de
adaptação. Não pudemos alterar programa do simulador de periscópio a
fim de modernizar dados da cinemática dele, embora o Brasil tenha
muita gente capaz nessa tarefa. Graças à compra de torpedos
americanos, teremos nos IKL uma Direção de Tiro capaz de operar
diversos dados, mas a introdução dela está sendo feita inicialmente
pela fábrica do torpedo, a Lockheed. Além dessa, o contrato de
dezembro de 2008 com a França nos habilitar na DT Subtics dos
Scorpene. A MB treinará pessoal próprio.
Se fosse obrigação da MB produzir as DT, estaria visível um vazio de
domínio nesse assunto abrangendo chefes e chefiados, declarando
nebulosos a formação atual e o método atual de avaliação de
aprendizagem. A formação (EN e Aperfeiçoamento) não teria compleição
necessária, sendo apenas correlata e incompleta. Avaliações dos alunos
só verificaram memória, deixando de lado criação, anomalias e
evoluções. Permitiram que o aluno de melhor memória fosse o melhor
porque não teve de enfrentar situação inédita. Este comentário se
aplica a outros componentes ligados a tecnologias de ponta. Se não for
obrigatório criarmos DT, incluir novos torpedos e novos procedimentos
nela, compremos programas nos bons vendedores da vida. Comprar não
exime de criar independência para poder militar. Diversos países
optaram por aceitar que não haja tecnologia indígena, excluindo essa
despesa em favor de outras.
Não há componente interno cuja compra deva ser feita sem negociação
com os subcontratantes estrangeiros e sem negociação entre o
fornecedor líder e empresa brasileira introduzida pela MB. A DCN e a
Thales são projetistas e executantes nos canteiros das empresas que
escolheram, mas não só nelas, caso a MB proponha empresas brasileiras.
A aquisição de tecnologia se reparte entre compras de equipamentos e
exercício de engenharia reversa no inventário da MB. Enquanto não
entrar em regime a prática de engenharia reversa no material constante
do inventário da MB e, portanto, chefes e chefiados lotados nos
centros e diretorias não puderem ser empregados em quantidades
administrativas como consultores dos comandos, permanece inútil e
incerta a decisão do que comprar como caixa-preta ou com
transferência. É que o preço de aquisição tem parcela cada vez maior
se correspondente à tecnologia, em que a possuída funciona como
redutora por atrair cupidez do vendedor devida à desqualificação do
comprador.
Caso destinássemos dinheiro para essas pesquisas visando produzir para
consumo, não seria bom emprego dele porque o custo final dos produtos
excederia a aquisição mais cara. Fabricação atualizada tem parcelas de
preço situadas fora da curva relativas a ferramental e linha de
montagem. Servem para ganhar tecnologia, um bom uso. De ser obedecido
o destino dessas pesquisas, a MB estaria ganhando tecnologia, sem que
este manejo tenha de ser realizado totalmente dentro dos seus muros. A
aquisição prospera caso ocorra simultaneamente nos níveis arquivo,
ensino, projeto, execução e verificação. Coordenar OM técnica, OM de
ensino, OM e empresa de projeto e OM de operações não é simples, mas é
fácil: basta concordar que tal tecnologia tem valor.
Para engenharia reversa entrar em regime, é imprescindível que a MB
esteja associada aos setores de pesquisa das empresas passíveis de
receber tecnologia transferida. Não é correto nem necessário mobilizá-
las, mas conhecê-las e manter assiduidade de trato com elas. Qualquer
empresa deseja receber trato técnico elevado e ver em seu setor de
pesquisa ajuda financeira e mão de obra capaz, que não pode custar
caro nem desfalcar a MB, pois o setor de produção da empresa ainda não
teria feito esforço. O lucro dessa prática para a MB é insuperável. É
mais fértil contrariar a atual legislação de licitações, autorizando
dispêndio para remunerar resultado concreto de cooperação sem
licitação, que operar obsoletas e viciosas mobilizações. Cooperação
sem licitação funciona assim: a empresa estuda em suas dependências
assuntos de interesse da MB. Recebe desenhos, manuais e consultores da
MB, sem encomenda ou compromisso de nenhuma das partes. Assim que
possa produzir ativo útil à MB, negocia fornecimento e pagamento, que
podem ser rejeitados pelas partes. Há transação em caso de vantagem
mútua e do valor resultante ser aprovado pelo distribuidor da verba.
Não é exagero dizer que falta mobilizar a MB para explorar a
tecnologia do empresário. Tecnologia é tópico sui generis por ter mão
dupla na execução de contrato: a parte que tem a tecnologia mais
sofisticada cede à mais desvalida essa tecnologia, por persuasão,
venda ou apropriação.
Por estarmos há mais de cem anos endossando consultorias dos
fornecedores estrangeiros e nacionais, não há desdouro em aceitarmos
hoje consultoria francesa sobre submarinos nem consultoria americana
sobre torpedos. Tampouco cabe acreditar em comentários sobre pretensas
absorções de linhas de tecnologia. Temos treinado militares e
funcionários em executar integralmente, com muita supervisão
importada, projetos também importados de outros assuntos. O País ganha
se pesquisador nacional estiver sob orientação do usuário nacional,
como é o caso da engenharia reversa.
Então hoje a Direção de Tiro do Nuclear teria que ser importada por
falta de tempo e desenvoltura da MB se o armamento dele não fosse o
mesmo do Scorpene. Chega a ser lamentável o enorme tempo de estudo do
SNB não haver sido usado em pesquisa de DT nacional.
O trato desse tópico deve sofrer alteração: enquanto a MB submete seu
pessoal a receber orientação francesa resultante do contrato de
dezembro de 2008. Inclui nos currículos de formação de oficiais e
pessoal subalterno conjunção de cinemática com informática e
estabelece no Centro de Análises de Sistemas Navais (Casnav) domínio
de DT. No mínimo, se as Direções de Tiro do inventário estivessem sob
análise da Força e da Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha
(DSAM), com acesso a empresas sem ter contrato, não caberia citar
tanto desconhecimento. Adaptação da Lockheed nos IKL pode ser avanço
nas OM envolvidas, e facilitar a DT do nuclear.
Submarinos são excelentes lançadores de mísseis devido à essência de
discrição capaz de anular sistemas de alarme, todos dependentes em
maior ou menor grau do início e do meio do vôo do míssil, mais curto e
menos previsível se de submarino. Preservada a discrição, não convém
ao submarino guiar míssil após lançado, basta programar a trajetória
balística ou guiada pelos sensores do míssil.
Pode lançá-los por tubos de torpedo ou por silos, estes adotados há
algum tempo como aproveitamento do grande diâmetro do casco com
reator. Basta dizer apenas, sobre mísseis de silo, que silos e seus
comandos são fabricáveis no Brasil mediante pesquisa ínfima. Mísseis
de silo não convêm ao Brasil, pois obrigam a posse de rede de
satélites ou franquia de algum dos possuidores de rede a fim de
prevenir “segundo golpe”. Inscrevem o possuidor deles nas receitas de
alvos de muitos mísseis intercontinentais.
Fabricar aqui os de tubo (mísseis de cruzeiro) é tarefa já feita pela
Força Aérea Brasileira (FAB). Quando houver projeto avaliado de míssil
nacional, caberá fabricá-lo. Hoje devem ser adquiridos fora, pois já
passou a hora de começarmos a operá-los.
O inventário da MB de propostas e de exemplares de tubos de torpedo é
suficiente para projeto nacional. Projeto da MB para mísseis sairá
mais caro que um comprado na Mectron ou na Avibras porque nossa
necessidade máxima de mísseis navais não cobre custos de ferramental e
pesquisa, ainda que acertássemos de saída os desenhos de produção. Sai
mais barato que um importado porque aqui os subcontratantes são mais
próximos. É obrigatório estimar o total desse custo porque servirá
para escolher o fornecedor. A desenvoltura do fornecedor a ser
escolhido deve ser tal que o preço da compra seja inferior àquele
custo total estimado. Tal fornecedor terá de nos pôr em contato
comercial com os fornecedores a ele (os subcontratantes) de
componentes da versão proposta a nós e de vender-nos a ajustagem de
trajetória. Hoje ninguém faz estoque para emprego em guerra, mas para
manter a malha de fabricação apta a suportar períodos de demanda
acrescida. Não nos acostumamos a tratar com subcontratantes dos
fabricantes dos equipamentos que temos adquirido, porque nossos
agentes compradores têm sido singulares, sem tempo para ver e
experimentar. Teremos de estabelecer um tipo de relação sem transação,
pois hoje os produtos dependem mais do “sub” que do contratante, aqui
chamado fabricante. O preço do fabricante tem a margem dele sobre o
preço do “sub”, que tem a própria margem. O fabricante cobra o dobro
do “sub”, oferece e ganha contrato de garantia de reposição abrangendo
a totalidade dos “sub” envolvidos. Houvesse negociação incluindo os
“sub”, haveria algum deles interessado em aumentar lucro por vender
também contrato de reposição ou desenho com lista de material, em
patamar de valor inferior ao do fabricante. Aumentaríamos nossa
independência porque são mais abertos e reduziríamos gasto com
manutenção porque a “metade” correspondente aos “sub” é muito menor
que a “metade” dos contratantes. Ou pagamos garantia de reposição,
esgotamos verbas de operação, não tentamos produção e a Administração
fica viciada.
O mesmo raciocínio sobre produção de mísseis de tubo se aplica a
torpedos, embora tenhamos fabricado alguns há tempos. Mais vale
negociar a compra com transferência seletiva de tecnologia, pois temos
empresas fabricantes de baterias (Saturnia) e motores elétricos (WEG),
que aproveitariam nos torpedos a tecnologia transferida, pagando
royalties sobre a produção delas. Dominada, essa tecnologia será
aproveitada na indústria nacional, retornando mediante royalties pagos
à MB, parte da transferência paga pela MB (caso a MB aprenda a
negociar royalties) e cedida à empresa. Motores a combustão interna e
hélices de torpedos são demasiado específicos, sem consumo civil
previsível. Convém comprá-los sem restrição e reduzir o preço de
aquisição. O sistema de navegação e os sensores serão comprados também
sem transferência de tecnologia, pois já possuímos suficiente
conhecimento para obter vantagem em futura negociação com empresas
nacionais congêneres. Hoje não cabe produção governamental nem comprar
de empresa que terá no material bélico visado parcela importante da
receita dela, porque estaríamos comprando ócio e diretoria. Convém
encomendar material bélico de projeto compartido com a MB, a ser
executado em empresa habilitada a executá-lo, mas que possua outras
produções e os consumos correspondentes. Ficará caracterizado que a MB
não sustenta tal empresa. Por melhor que seja a remuneração, ainda
será menor que a de uma dedicada ou de material bélico. É o caso dos
sistemas de autodefesa, à venda com ajustagem discricionária pelo
comprador. Os veículos componentes dos sistemas ora são exclusivamente
despistadores, interceptadores ou perturbadores ou exercem mais de uma
dessas funções. Não há nenhum deles no inventário da MB. A
configuração deverá ser estabelecida pela MB e a seguir negociada no
exterior, em arranjo semelhante ao proposto para torpedos.
Antes de ver algum proposto não há como defini-los neste trabalho, mas
comentar requisitos de compra. Alguns desviam e destroem de modo
sucessivo os torpedos adversários, outros de modo simultâneo; alguns
são instalados dentro do casco resistente, outros na livre circulação.
Nenhum ocupa os tubos para torpedos ou mísseis. Preços propostos devem
ser comparados com pesquisa e execução nacionais. Estão sujeitos a
parceria com produção brasileira e ao trato com subcontratantes.
Mostram atração adicional por servirem para marcação desarmada de
intrusos, ainda inédita. Convém lembrar que itens do inventário da MB
quase sempre foram negociados sem suficientes opções, dada a escassez
de recursos reinante nas diversas aquisições, inclusive designando
negociador singelo.
Minas completam a análise de armamento. A MB sabe projetar, ajustar,
manter e encomendar minas lançadas de submarino. O submarino deve
lançar minas com e sem propulsão, atuantes no local de plantio ou
encapsuladas, que explodem após segundo trajeto iniciado pelo
acionamento. São programadas fora dos tubos, podem ser colocadas neles
ou retiradas deles em viagem. Em operação, todos os tubos devem estar
ocupados, segundo distribuição estabelecida na Ordem de Movimento para
evitar desperdício de capacidade bélica. Em proveito da discrição, os
tubos e as DT devem permitir lançamentos simulados de mísseis de
cruzeiro e de torpedos, estes com a fase de guidagem. Esta faculdade
permite treinamento farto, e verificação de prontidão do material, sem
revelar o submarino.
Mecanismos
Há enorme oportunidade de transferir tecnologia para empresas
brasileiras possuidoras de frações de mercado, se aceita parceria de
execução e aceito acesso aos subcontratantes. São bombas,
compressores, motores e geradores elétricos, válvulas e motores
hidráulicos. Não convém tratar com empresas fora do mercado, como nas
concorrências da Transpetro, usadas por ganhadores para criar
estaleiros no encarecedor trecho da metade das rotas do tráfego.
Ninguém espera que sobrevivam após concluírem o contrato ganho. O
Cetemsp contratou, especificou e construiu motores elétricos e
turbinas a vapor no Brasil, além de aumentar o parque brasileiro de
balanceamento de máquinas rotativas. A tecnologia dos motores veio da
Suíça, mas a das turbinas foi executada aqui, gerou expropriação
européia e nova execução brasileira.
Cada componente deve ser adquirido do executante dele, que avaliará a
empresa nacional recebedora de tecnologia. A crise financeira
convenceu algumas matrizes a ver as virtudes decorrentes de filiais no
Brasil. Há boas empresas brasileiras, como WEG e Dedini, entre outras.
Vivemos herança maldita do pretenso ensino de Logística porque as
Administrações perderam o hábito de relacionar estado da arte em
indústria nacional. Esse ensino nunca lecionou no Brasil Logística de
Produção. Aparentemente ganhamos presentes dessa herança: iniciativas
economicamente condenáveis de estabelecimentos industriais militares
salvaram a Pátria em componentes das centrífugas porque recebemos
protótipo e projeto de alguns, estimulando técnicos nossos a
melhorarem peças importadas. Na realidade houve prejuízo na medida do
adiamento da prática de realizar fora da MB etapas de fabricação.
Ainda não foi assimilado que a Diretoria Geral do Pessoal da Marinha
(DGPM) deva relacionar pessoal privado, não remunerado pela MB, porém
empregado pelos patrões deles em obras da Força. São de interesse da
MB, é pessoal que serve à MB. Difícil perceber que a empresa seja
contato da Diretoria Geral do Material da Marinha (DGMM), enquanto o
pessoal seja contato da DGPM, portanto enumerável até fora da empresa
em que prestou serviço à MB. É confirmação de prosperidade em
negociação de importação com parceria, onde a prestação de manejo do
artífice leva o Departamento Industrial a preponderar sobre o
Departamento Técnico. Sai melhor, mais barato e mais pontual que
indústria oficial.
A indústria nacional é apta em sensores, mostradores e indicadores de
instrumentos de medida de toda ordem para ar, água e painéis de
instalações, mas pouco apta em sensores de ambiente como radares,
sonares, emissores e receptores de infravermelho, magnetômetros e
detectores de freqüências. Deverão ser importados com transferência de
tecnologia sem objeção. Aqui há técnicos aptos, hoje fora de empresas,
de aptidão investigável mediante antigos membros das equipes onde
trabalharam. Ninguém pretende basear neles execução de sensores
constantes do projeto importado, mas aproveitá-los em execuções
partilhadas. Devido à crise, respondem à convocação mesmo não
cadastrados. Já deveriam pertencer ao citado cadastro do DGPM.
O Brasil tem tecnologia de cerâmicas e revestimentos, úteis nos
transdutores, portanto ensejando compor a aquisição de equipamentos,
mas sistemas do radar e do sonar do inventário não estão sob análise.
Os sensores mais importantes do submarino são os sonares, e a estação
mais importante na “manobra” do submarino é a deles, com a tela de
memória das últimas varreduras, a máquina de desfazer esconderijos,
que mostra obstáculos e permite controle de indiscrições acústicas.
Não há data limite para decidir configuração, marca e modelo dos
sonares, pois a definição do casco e dos transdutores nele é posterior
à do reator.
A Força Aérea Brasileira (FAB) compôs com sucesso arranjo de empresas
(Mectron) para fazer radares de chão e de aeronave. A MB pode fazer o
mesmo com os analisadores de varredura sonar do inventário,
acompanhados pela produção de BR, BRS, seus analisadores e
retransmissores.
O acordo celebrado com a França em dezembro de 2008 tem os seguintes
destaques: foi redigido e proposto por eles; promete fornecimento,
assistência de construção, transferência provadamente útil de
tecnologia, proclamação de não estar transferindo tecnologia nuclear,
mas estar transferindo tecnologia de casco e arranjo dele com lemes e
hélice. A “mera” tecnologia de casco é mais complexa que a nuclear. Ao
envolver aquisição dos Scorpene transfere composição dos conjuntos de
sensores, mecanismos, elementos estruturais e direção de tiro e
armamento.
A França nos dá mais importância do que fazemos por merecer. Junto com
China, Alemanha, Índia, Rússia, Paquistão e Japão, é dos sete países
esbofeteados por nossa assinatura do TNP. Forma aliança eficaz sem
tratado, aliança de fato, com China e Rússia contra qualquer agressão
nuclear no mundo. Aliança é atitude estratégica de desenvolver sem
combater. Requer dispêndio, dispensa tratado. O motivo pelo qual a
França está apoiando o Brasil é conveniência estratégica dela, a
despeito de nada estarmos fazendo em proveito dela.
Cada emissão sonar informa apenas alvos a seu alcance, mas proporciona
indiscrição um tanto acima do dobro desse alcance, na medida em que
tais sinais têm intensidade suficiente para marcar ecos na tela de
outros submarinos. Pelo menos um dos sonares pertencentes à suíte de
bordo reduz potência e aumenta freqüência a fim de reduzir
indiscrição. Os de navegação em canais têm freqüência discreta, rica
em perdas.
Vida
Em contrapartida, o raciocínio do submarinista mudou da preocupação
com exaustão de energia nos convencionais para degradação de vida nos
nucleares. Era fácil com esnorquel renovar atmosfera, nucleares
renovam por grandes intervalos, de modo complexo. A máquina cedeu ao
homem a importância dela. Exibe facilidades e rotinas dedicadas a
vivacidade sadia durante 60 dias de ausência da biosfera.
Há facilidades desportivas e recreativas de porte jamais sonhado em
submarinos. O submarinista pode encarar como diversões ou musculação
essas facilidades, mas se não as usar a estrutura de comando deve
estar atenta e prestes a completar com atividade física prescrita a
carência de movimentação sujeita à decisão dele. Idêntico raciocínio
se aplica à vigilância mútua citada nas páginas 10 e 11. Ao perceberem
tristeza, depressão, cansaço e desatenção noutro submarinista, os
próximos a ele devem acionar a mesma estrutura para levá-lo a divertir-
se, excitar-se, descansar e ficar atento, mediante o uso compulsório e
individual de som, vídeo, conversa e jogos.
Controle
O SNB terá os mesmos operadores que o Scorpene, cada um com idêntico
controle, mais um operador destinado ao reator. Os mostradores da
Manobra exibem as mesmas páginas quando pedidas, mas um do chefe de
Quarto e um do condutor de Máquinas têm na tela uma página constante
de estado, que mostra: ambiente interno; armas prontas e em reserva;
lista de alvos; condições de som, rumo, velocidade, profundidade e
distância ao fundo; estoques de O2, ar comprimido e água potável;
dados do reator, da bateria, dos projetores e de escotilhas e
comportas. Não só os mostradores são intercambiáveis para obter
divulgação dos sinais, mas os seus sensores e as suas transmissões
também são reiterados com o propósito de impedir falta de informação.
Há reprodução eletrônica noutros mostradores, sem os sensores.
EQUAÇÃO CONCLUSIVA – OPERAÇÃO
Operações defensivas
Dizer que instalações costeiras são vulneráveis a ataques submarinos é
reduzir à exploração de petróleo nossa vulnerabilidade. Submarinos do
mundo inteiro podem transitar livremente em águas brasileiras, fazer
perifotos, leitura batitermográfica, esclarecimento rádio e de
lançamentos de foguetes, lançar e recolher tropas etc. Após uma
detecção e a sua repercussão, cinco patrulhamentos perenes dispersos
entre os litorais do Amapá e do Rio Grande do Sul impedirão
eficazmente a passagem inocente em águas brasileiras, bem como quatro,
três, dois e mesmo apenas um deles, devido à essência do submarino
escondido. Outras Marinhas sentirão insegurança restritiva ao saberem
que já estamos patrulhando. Haverá investidas de outros submarinos
destinadas a testar nossas patrulhas. Talvez convenha esconder a
detecção com a consistência do primeiro contato, deformando-a para
distância menor que a real, a fim de iludir a leitura feita pelo
intruso ou deixar o intruso indene e inadvertido, ou ainda marcá-lo
com marisco lançado por autodefesa. Se o contato ocorreu junto a
alguma plataforma, a mensagem da BR deve descrever a proximidade para
dar ao divulgador opção de mostrar como autora a plataforma, a fim de
manter a discrição do submarino patrulheiro. Os intrusos evitarão
rápido as plataformas. A omissão e a disseminação de detecção devem
ser decisão de alto nível, em benefício da discrição e da incerteza.
Dá bem para avaliar o efeito de preservar a discrição não de um, mas
de cada submarino do País, participante ou não dessa patrulha.
Outras nações duvidarão de quais zonas estão sob nosso único nuclear
ou sob os convencionais. Além disso, não saberiam se já estamos
patrulhando nem onde ficam as zonas. Se os convencionais fizerem
varredura ativa antes de recarregarem bateria ou se o patrulhamento
impediu o ingresso de estrangeiro em nossas águas, a discrição estaria
preservada e confiável, exceto pelos satélites. Devido à prolongada
penúria de recursos da MB nos últimos 20 anos, a discrição brasileira
atual é nula ou quase isso.
A criação de incerteza é um produto da indiscrição fora de nosso
alcance enquanto nossos submarinos não possuírem lançador de boias
retransmissoras. Antes de nosso primeiro nuclear estar operando, os
convencionais poderiam criar incerteza, caso possuíssem lançadores,
que deverão ser neles instalados se a MB desejar preservar a
discrição. As retransmissoras têm a virtude de, sem tornar indiscreto
o submarino que efetuou o esclarecimento, manter a MB a par do
resultado. Realizam ilusão de observadores em tal variedade que
obrigam outros países a arriscarem esclarecimento ativo a todo
instante. Criam a sensação de presença de outros submarinos onde
começarem a transmitir, confirmando aquele parágrafo inicial deste
trabalho no Capítulo I, ao dizer que ninguém sabe o que há em baixo
apenas olhando a superfície do mar. É a incerteza funcional, cujo
desfrute retarda nosso aprendizado de empregá-la em combate.
A MB possui dois analisadores de quadro de boias radiossônicas (BRS).
Ambos estão inoperantes sem apresentar defeito. A MB nunca operou BRS
diretamente.
O Grupo de Aviação Embarcada da FAB lançava e operava boias do
inventário do grupo no tempo do Navio-Aeródromo Ligeiro (NAeL) Minas
Gerais. Por isso a MB nunca se preocupou, aprendeu, adquiriu, treinou,
escolheu tipos no assunto BRS. Pior foi descuidar institucionalmente
dos dois tipos diversos possuídos de analisadores de campos de BRS,
mormente porque a MB deixou de conhecer o processo de receber sinais
submarinos, irradiá-los para um receptor automático, identificar
mediante freqüências individuais quais das boias interceptaram sinais,
selecionar os classificados coerentes e processá-los para mostrar
rumo, velocidade e distância do submarino invasor do campo. Não admira
que na MB o consumo total, médio e periódico de BRS seja zero ao longo
de 55 anos. Não tenho notícia de encontros entre a MB e a Petrobras
sobre instalação e operação de escuta nas plataformas, embora
constituísse redução de encargos navais e pudesse servir para
interferir no “passeio” dos intrusos. Seria escuta remota,
desguarnecida, com alarme, gravador e retransmissor SR (Sem Recibo).
Hoje, oficiais da MB que fazem estágio na Armada do Chile operam
quadros lançados por ela e tentam transpor em submarinos chilenos
esses quadros. A MB não visou aprender emprego de BRS, e provavelmente
continua ignorando, pois não foram incluídas em currículos de outros
cursos as experiências dos pouquíssimos submarinistas brasileiros que
cursaram o CCOS chileno. O NAe São Paulo deveria navegar apenas em
raias de BRS declaradas isentas de submarinos, mais fáceis de
estabelecer e mais baratas que escoltas antissubmarinos de superfície.
Não vê, não lança as raias nem simula o assunto porque não é visado
por nenhum dos países que se exercitam conosco. O mesmo lançador de BR
dos submarinos serve para lançar BRS cujas detecções sejam
transmitidas por emissão sonar onidirecional ao submarino lançador e
por emissão rádio a aeronaves e navios amigos. Nossos submarinos
convencionais ou nucleares serão sempre empregados em patrulha,
devendo lançar BRS em acréscimo a sua zona e a sua estadia no local,
sem deixar submarino intruso perceber o lançamento.
Operações ofensivas
Ao ter capacidade de patrulhar o litoral nacional, o SNB tem a de
patrulhar qualquer outro, pois nada muda na configuração dele. Não há
distinção entre ataques a forças capazes de denunciar a propulsão do
atacante, útil para facilitar a localização do único nuclear, mas pode
haver análise de movimento entre suspeita anterior de contato com
algum submarino e o ponto do ataque, a menos que tal ataque seja
execução de soberania. Mesmo assim o alcance das armas é maior que o
volume indiscreto, mantendo a discrição do submarino convencional ou
nuclear. Enquanto o Brasil possuir apenas um nuclear, este será
perseguido, “plotado” e mantido indiscreto pelas Marinhas eficazes,
mormente se souberem posse brasileira de mísseis costeiros.
Além de a Autoridade de Controle de Operações de Submarinos (Acos)
conjugar normalmente as movimentações de todos os submarinos, a
brasileira deverá usar as dos convencionais em benefício da discrição
do nuclear. Uma vez identificado num dado ponto, é possível proclamar
que não está no resto da área acessível por submarino nosso. Em prol
da discrição, é doutrinária a evasão posterior ao ataque, ainda que
não estejam na mesma área outras unidades submarinas ou de superfície.
Tampouco é possível distinguir a propulsão de quem se está evadindo.
Contato por submarino estranho escondido na mesma área pode
identificar propulsão do atacante caso esteja em distância menor que o
envoltório indiscreto. Essa identificação é indiscrição para países
com apenas um nuclear, que devem estabelecer ações de outras unidades,
voltadas para iludir esclarecedores estranhos. Sem tais ações, o
nuclear fica “desperdiçado”, como ficavam nucleares americanos e
russos ao receberem a escolta de um “carrapato” apto a interferir numa
execução de lançamento.
Discrição obriga que o procedimento de ataque a forças inclua evasão
local após o último disparo e mudança de área a fim de alimentar
dúvida sobre número de atacantes. Reduzido a um torpedo e um míssil
nos tubos ainda ocupados após um ataque, o submarino deve programar o
reabastecimento dos outros tubos e a troca de área de operação. Esse
procedimento é mais eficaz conforme seja maior a velocidade de
trânsito para a nova área, velocidade talvez acessível apenas pelo
nuclear, mas também viável pelos convencionais, que deverão repor sem
demora tal consumo. Com o intuito de instilar a compreensão do
submarino, basta dizer que são simultâneos o esclarecimento de longo
alcance, o trânsito em alta velocidade, o recarregamento dos demais
tubos de torpedo e a interpretação dos dados referentes à área
seguinte de operação. Aí cresce a importância do projetor de BR para
levar até a área de combate a visão do Acos, única pessoa na face da
Terra capaz de autorizar indiscrições, se os submarinos dela possuírem
projetores de BR.
Ataques a litorais têm uma gama de propósitos, a saber:
esclarecimento, danos ao tráfego marítimo, destruição de sistemas de
defesa, ataque a forças e ataques tanto a facilidades litorâneas
quanto instalações no interior. Um dano é prejuízo permanente a um
ativo adversário, mas a confirmação de vulnerabilidade litorânea
também é nociva porque altera a distribuição das forças do país que
tem o litoral. O submarino forma essa vulnerabilidade mediante
esclarecimento e ação consecutivos, desde que seja projetado para não
romper a própria discrição, mantendo a imersão. Deve ter escotilha
vertical na vela, que permita em imersão total o embarque e o
desembarque de tropas; grupo de oito mergulhadores de combate com
material portátil; bote vazio e motor. Temos empregado mergulhadores
de combate em fainas improvisadas, de baixa qualificação. Não havia
opção, mas deve existir saída em imersão nos próximos por projeto ou
nos anteriores por modificação. Não precisa ter apêndice resistente à
pressão, basta o convés junto à vela para manter o grupo reunido ao
sair e recebê-lo no retorno.
Todo submarino deve estar equipado para lançar minas. Faz apenas
minagem ofensiva porque a defensiva é exagero para submarino. Além da
mesa de plotagem, a habilitação mineira é o mecanismo que empurra a
mina mais próxima da culatra do tubo, fazendo sair a mina mais próxima
da comporta.
Integração
Todas as operações que associaram submarinos entre si ou com unidades
de superfície ou aéreas despiram a essência discreta de pelo menos um
submarino, o que emitiu comunicação em tempo real. Chegaram a ser
freqüentes com os submersíveis, desapareceram com os “emergíveis”,
porque discrição não é dispensável e a contribuição deles não exige
mais que relógio e sistema de posição para ser somada a efeitos de
esforços por outras unidades. Em qualquer caso, a conjunção ou
combinação se realiza na Acos, não no submarino. A Esquadra e o
Comando de Operações devem avaliar sempre conveniências obtidas
revelando possibilidades e limitações de submarinos mais preciosos por
escassez que por tecnologia.
A Suécia, que tem dois convencionais alugados à Marinha dos EUA, não
franqueia alterações ao contrato de aluguel, cujas cláusulas protegem
várias características deles. Nossos convencionais ainda não têm
alguma tecnologia a esconder. Poderão vir a ter alguma, que não conste
de publicações de mídia. Então a Administração emitirá normas
protetoras do sigilo. Durante bastante tempo após a incorporação do
primeiro nuclear brasileiro, não se pode enxergar vantagem de a MB
deixá-lo participar de operações integradas com outras Forças ou
Marinhas. A locução “bastante tempo” se deve a que será impossível
esconder todas as capacidades do nuclear. Alguém competente em coleta
de dados estará atuando, e uma fração pode ser bem-sucedida. O
violador talvez tenha interesse em manter sigilo do próprio ganho,
atitude que compensa de algum modo o violado. Começa a segunda ordem
de sigilo: mantido a todo custo o tempo que for possível, pois a sua
ruptura entra em uso alheio no exato instante em que é rompido.
CONCLUSÃO
A configuração desejável do primeiro Submarino Nuclear Brasileiro
(SNB), proclamada a seguir, serve como matriz para sua configuração
viável.
Configuração desejável do submarino nuclear brasileiro
Em vez de copiar reatores de outros submarinos, projetá-los para casco
sujeito a diâmetro capaz de comportar controle saliente do vaso, e
circuito primário provido de pressurizador e movido por convecção, o
que sem dúvida acarretaria casco de seis a nove mil toneladas, as
despesas com projeto devem começar pela tentativa de obter controle
embutido no vaso para a reação e convecção de altura reduzida.
Esgotados prazo e verba razoáveis para essa tentativa, o projeto deve
prosseguir sem esse sonho. O prazo e a verba devem ser propostos ao
Almirantado após debates instruídos com os mais evoluídos cientistas
nucleares do País. Um grupo de cientistas terá encargo paralelo de
pesquisar circulação por convecção sob altura menor que a conhecida.
Imprescindível construir modelos sem qualquer semelhança com o do SNB,
mas que apresentem gradientes de temperatura entre ponto mais baixo e
ponto mais alto criadores de convecção em altura menor que a prevista
para o Labgen, pois o assunto não é submarino, mas convecção. Outro
grupo de cientistas terá o encargo de pesquisar controle da reação em
cadeia exercido por máscara rotativa ou alternante que cubra e
descubra barra fixa absorvente de nêutrons dentro do vaso ou barra
absorvente retrátil. Ainda outro grupo deve pesquisar conjunto
vertical reator/gerador de vapor.
Modelos experimentais não exigem emissão de partículas. Basta a forma
experimental que tente girar entre a posição que cubra toda a
circunferência da barra similar a absorvente e outra posição que
descubra toda a circunferência da barra, distante 360° da primeira
posição ou que reduza altura acima do vaso. O mesmo para barra
retrátil e trocador solidário de calor. Sem emissão de partículas, mas
com as mesmas dimensões do reator visado e iguais perdas de calor,
efetuando as leituras de convecção.
Qualquer dessas duas pesquisas que dê certo acarreta redefinição do
projeto. Remete às considerações do Capítulo I, Seção III – Energia.
A redefinição resulta em submarino bi reator, com instalação elétrica
de CA, sem baterias de acumuladores nem motores diesel, com sonar
rebocado, com espaço resistente dotado de escotilha vertical para MEC
na vela, tendo deslocamento imerso entre 2.500 e 3.500 toneladas. É
absurdo instalar reator nuclear com combustível de teor limitado a
20%. Sem bravata, mas com clareza, o Brasil deve comunicar à AIEA que
enriquecerá combustível nuclear com discrição e teor convenientes a
cada instância.
A MB deve concertar com os pesquisadores de informática um calendário
profícuo de velocidade e quantidade de operações, sobre o qual baseará
a data em que decidirá repelir exageros da CNEN.
Tudo que não for nuclear replicará sensores, armas e mecanismos do
Scorpene.
Configuração viável do submarino nuclear brasileiro
Na falta dessas pesquisas, o SNB será monorreator, com instalação
elétrica em CA, terá baterias de acumuladores com 5% da potência do
reator, um retificador de Quadro Elétrico com 1% da potência do
reator, escotilha vertical para MEC na vela e deslocamento imerso
entre 5.550 e 9.000 toneladas.
Terá ciclo operativo centrado em faina de recarga a cada oito anos.
Terá espaço ocioso, pois o grande diâmetro comporta tropas de MEC e
facilidades recreativas. Pelo menos aumenta a endurance de patrulha.
O SNB terá sonar rebocado, ejetor de BR e BRS, farta dotação de
torpedos de autodefesa, torpedos pesados, mísseis subsuperfície-
superfície, minas diversas e antenas rebocadas. Permanece a réplica de
componentes do Scorpene citada na configuração desejável.
Continuaremos dependendo de algum país ter interesse em parceria para
projetar submarinos de qualquer tipo enquanto não adotarmos
providências para superar carências atuais. Tais carências são citadas
a seguir por ordem de aproveitamento da correção de cada uma.
A totalidade do ensino na MB substituirá verificação de aproveitamento
da modalidade memorização (Lecture) pela modalidade domínio
(Examination Test). A MB oferecerá pesquisa no inventário dela às pós-
graduações do País visando aumentar o nível nacional em várias
tecnologias. A MB entrevistará cidadãos do Brasil detentores de
tecnologia de ponta, atuantes em ensino superior ou empresas. O
resultado é pessoal conhecido pela MB para Logística de Produção. O
Setor de Material designará pesquisa de engenharia reversa em itens do
inventário da MB, associando empresas, pós-graduandos e pessoal da MB.
As OM do Setor de Material manterão relacionamento com o setor de
pesquisa de muitas empresas industriais, exceto aquelas cuja atividade
nada tenha a ver com a MB. O resultado é atividade empresarial privada
da Logística de Produção da MB.
A MB tentará obter desenvoltura em projetos navais mediante prática
exercida em OM dos setores de Material e de Operações de projetar
frações diversas de projeto. Logística de Produção é acessar
capacidade brasileira em vez de possuí-la.
As providências acima visam catalogar no Brasil consultoria de
interesse da MB.
A metalurgia nacional não ofereceu até hoje o aço especial dos
submarinos feitos aqui nem a liga das canalizações deles, mas outros
materiais sofisticados como aços tenazes e fibra de carbono das
centrífugas e do reator são nacionais. Não tem sido por falta de
tecnologia, mas de dinheiro, que compramos no exterior esses e outros
materiais. É visível a luta da Transpetro (de porte aquisitivo muito
maior que a MB) com a Usiminas relativa a volume de aço maior e mais
rudimentar que o previsto para o submarino nuclear. Convém produzir
aqui, mas importar não é insuportável. Materiais brutos do nuclear
serão preferencialmente importados na forma de perfis, chapas e
canalizações, mas por serem nobres comportam exigência de compensações
importantes. O Centro Experimental de Aramar, Nuclep e a Nuclebrás
Equipamentos Pesados SA (Nuclep) Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
(AMRJ) sabem moldar, soldar e controlar esses materiais. A pesquisa do
nuclear deve envolver pessoal da construção dos submarinos anteriores
a fim de aumentar a utilidade dele para a MB. Dentre os elementos
estruturais avulta o casco, tendo a MB como criadora do curso de
Arquitetura Naval, do Tanque de Provas da Universidade de São Paulo
(USP) e da técnica de modelo reduzido (Lei da Similitude de Newton).
Falta contato regular com os atuais titulares do Tanque, embora ainda
recorra a eles para investigar aspectos pontuais de carenas. Jamais
submeteu a carena do Navio-Aeródromo (NAe) São Paulo à pesquisa de
forma e a arquivamento. Compra séries de componentes no Winslow
Taylor, nos EUA; no Bassin des Carènes, na França; e no Marinne
Technik G., da Alemanha, mas não há séries brasileiras para uso de
projetistas. A negociação com a França promete ser próspera porque ela
decidiu impor-se no mercado mundial de convencionais, inclusive
propondo adquirir a alemã Howaltswerke-Dentsche (HDW). O Laboratoire
Dauphinois de Hidrolique, na cidade francesa de Grenoble, é centro de
excelência reconhecido mundialmente, com histórico secular de
liderança. Dá respaldo à França, que propôs conduzir nossa fabricação
do casco.
O importante dessa incumbência é a garantia de corrigir popa, lemes e
hélice caso ocorra reprovação na raia acústica (após tempo de
construção e dispêndio totais). Recentes reprovações estão sem solução
tanto nas aquisições da Grécia quanto da Marinha alemã. A solução dada
pela HDW no ruído do primeiro submarino entregue ao Equador custou
quatro propulsões, sendo três reprovadas mais a aprovada. No nuclear,
o casco é mais importante que o reator porque este pode sofrer
correções módicas em qualquer instante ou ser aceito em grau inferior
a ótimo, mas corrigir casco reprovado na raia acústica importa os
totais de tempo e de material de construção ou aceitar indiscrição.
Dobra o custo do casco. Devido à falta de tradição, a MB não tem
desenvoltura para criticar formas propostas nem para projetar produtos
exigentes de superioridade contra adversários. Em submarinos, a forma
regula a combinação de escoamento laminar com vorticoso, tem relação
com desempenho de lemes e hélices, sujeito a tamanho grande arcos de
evolução e cavitação em acelerações.
As administrações somente sentirão a vantagem de custo perante frase
do tipo: “com diâmetro de 7,4m custa metade de um de 9,3m, pede reator
de 100MW, o maior pede 190MW”. Excetuando os da classe Rubis, que
tinham diâmetro de 7,6m, os demais de ataque têm diâmetro superior a
9,3m. Somente perante ensaios reprovadores de controles menores e de
decepções em operação de arranjos eficientes sujeitos a circulação por
convecção de menor altura total seria inteligente não tocar no
assunto. Qualquer desses arranjos basta para acarretar diâmetro maior
no casco, liquidando esforços duvidosos para alterar os outros. Se
pesquisas venturosas superarem todos esses arranjos haverá nucleares
de menor diâmetro com dois reatores, a instalação elétrica será em CA,
não possuirão bateria nem diesel. Ainda não é pacífica a vantagem
bélica de diâmetro menor, pode ser desvantajosa em discrição e
hidrodinâmica.
Este trabalho comenta as variáveis dos submarinos sem fixar algum
deles, mas para referir algum dos tamanhos, suponhamos um submarino
nuclear deslocando imerso 4.700t com casco de 90,00m X 8,94m X 7,94m,
reator de 97MW e velocidade de 32’. Para fins de comentário, não
importa a coerência entre essas dimensões, mas a extensão absoluta
delas.
A face externa do casco resistente é usada como transporte em partes
diversas: a proa com os tubos lançadores e alguns domos de sonar; o
costado com os transdutores dos sonares laterais e os equipamentos de
autodefesa; a vela com os lemes horizontais, mastros de antenas e
periscópios, envolvendo a câmara de saída; os equipamentos de fundeio
e atracação, as antenas e o sonar rebocados; os projetores de sinais e
bóias, os lemes AR e o hélice. Tais componentes resultarão de
fabricação proposta apenas pela DCN ou também pela MB, caso esta se
disponha a participar da indicação. Em virtude da indiscrição, há dois
aspectos no casco mais importantes que todo o material externo
transportado: os sons involuntários transmitidos pelo costado ao
volume indiscreto e os transmitidos pelo hélice ao mesmo volume. E um
aspecto de importância reduzida graças à energia do reator, porém
importante pela resistência ao avanço e pela geração de ruídos de
translação, função da forma e dos apêndices, aspectos fixados pela
construção. Monitoração perene de ruídos emitidos lembra cuidados
históricos dos marinheiros com a carena, é fator de condução dos
submarinos.
EQUAÇÃO INTERMÉDIA – ELEMENTOS INTERNOS
Armas
O tópico Direção de Tiro merece uma digressão porque sem criação
estrangeira não conseguimos até hoje alterar programas e controles em
nenhum submarino das classes Oberon ou IKL comprados anteriormente.
Sendo o Brasil exportador de programação informática, há interrogação
sobre o acerto de comprarmos em vez de produzirmos sistemas. Não
dominamos a inclusão de novos torpedos nas Direções de Tiro (DT)
instaladas neles. A IKL adaptou a DT Tios dos Oberon à DT Cafs dos
IKL. A MB não aproveitou em treinamento de pessoal naval a tarefa de
adaptação. Não pudemos alterar programa do simulador de periscópio a
fim de modernizar dados da cinemática dele, embora o Brasil tenha
muita gente capaz nessa tarefa. Graças à compra de torpedos
americanos, teremos nos IKL uma Direção de Tiro capaz de operar
diversos dados, mas a introdução dela está sendo feita inicialmente
pela fábrica do torpedo, a Lockheed. Além dessa, o contrato de
dezembro de 2008 com a França nos habilitar na DT Subtics dos
Scorpene. A MB treinará pessoal próprio.
Se fosse obrigação da MB produzir as DT, estaria visível um vazio de
domínio nesse assunto abrangendo chefes e chefiados, declarando
nebulosos a formação atual e o método atual de avaliação de
aprendizagem. A formação (EN e Aperfeiçoamento) não teria compleição
necessária, sendo apenas correlata e incompleta. Avaliações dos alunos
só verificaram memória, deixando de lado criação, anomalias e
evoluções. Permitiram que o aluno de melhor memória fosse o melhor
porque não teve de enfrentar situação inédita. Este comentário se
aplica a outros componentes ligados a tecnologias de ponta. Se não for
obrigatório criarmos DT, incluir novos torpedos e novos procedimentos
nela, compremos programas nos bons vendedores da vida. Comprar não
exime de criar independência para poder militar. Diversos países
optaram por aceitar que não haja tecnologia indígena, excluindo essa
despesa em favor de outras.
Não há componente interno cuja compra deva ser feita sem negociação
com os subcontratantes estrangeiros e sem negociação entre o
fornecedor líder e empresa brasileira introduzida pela MB. A DCN e a
Thales são projetistas e executantes nos canteiros das empresas que
escolheram, mas não só nelas, caso a MB proponha empresas brasileiras.
A aquisição de tecnologia se reparte entre compras de equipamentos e
exercício de engenharia reversa no inventário da MB. Enquanto não
entrar em regime a prática de engenharia reversa no material constante
do inventário da MB e, portanto, chefes e chefiados lotados nos
centros e diretorias não puderem ser empregados em quantidades
administrativas como consultores dos comandos, permanece inútil e
incerta a decisão do que comprar como caixa-preta ou com
transferência. É que o preço de aquisição tem parcela cada vez maior
se correspondente à tecnologia, em que a possuída funciona como
redutora por atrair cupidez do vendedor devida à desqualificação do
comprador.
Caso destinássemos dinheiro para essas pesquisas visando produzir para
consumo, não seria bom emprego dele porque o custo final dos produtos
excederia a aquisição mais cara. Fabricação atualizada tem parcelas de
preço situadas fora da curva relativas a ferramental e linha de
montagem. Servem para ganhar tecnologia, um bom uso. De ser obedecido
o destino dessas pesquisas, a MB estaria ganhando tecnologia, sem que
este manejo tenha de ser realizado totalmente dentro dos seus muros. A
aquisição prospera caso ocorra simultaneamente nos níveis arquivo,
ensino, projeto, execução e verificação. Coordenar OM técnica, OM de
ensino, OM e empresa de projeto e OM de operações não é simples, mas é
fácil: basta concordar que tal tecnologia tem valor.
Para engenharia reversa entrar em regime, é imprescindível que a MB
esteja associada aos setores de pesquisa das empresas passíveis de
receber tecnologia transferida. Não é correto nem necessário mobilizá-
las, mas conhecê-las e manter assiduidade de trato com elas. Qualquer
empresa deseja receber trato técnico elevado e ver em seu setor de
pesquisa ajuda financeira e mão de obra capaz, que não pode custar
caro nem desfalcar a MB, pois o setor de produção da empresa ainda não
teria feito esforço. O lucro dessa prática para a MB é insuperável. É
mais fértil contrariar a atual legislação de licitações, autorizando
dispêndio para remunerar resultado concreto de cooperação sem
licitação, que operar obsoletas e viciosas mobilizações. Cooperação
sem licitação funciona assim: a empresa estuda em suas dependências
assuntos de interesse da MB. Recebe desenhos, manuais e consultores da
MB, sem encomenda ou compromisso de nenhuma das partes. Assim que
possa produzir ativo útil à MB, negocia fornecimento e pagamento, que
podem ser rejeitados pelas partes. Há transação em caso de vantagem
mútua e do valor resultante ser aprovado pelo distribuidor da verba.
Não é exagero dizer que falta mobilizar a MB para explorar a
tecnologia do empresário. Tecnologia é tópico sui generis por ter mão
dupla na execução de contrato: a parte que tem a tecnologia mais
sofisticada cede à mais desvalida essa tecnologia, por persuasão,
venda ou apropriação.
Por estarmos há mais de cem anos endossando consultorias dos
fornecedores estrangeiros e nacionais, não há desdouro em aceitarmos
hoje consultoria francesa sobre submarinos nem consultoria americana
sobre torpedos. Tampouco cabe acreditar em comentários sobre pretensas
absorções de linhas de tecnologia. Temos treinado militares e
funcionários em executar integralmente, com muita supervisão
importada, projetos também importados de outros assuntos. O País ganha
se pesquisador nacional estiver sob orientação do usuário nacional,
como é o caso da engenharia reversa.
Então hoje a Direção de Tiro do Nuclear teria que ser importada por
falta de tempo e desenvoltura da MB se o armamento dele não fosse o
mesmo do Scorpene. Chega a ser lamentável o enorme tempo de estudo do
SNB não haver sido usado em pesquisa de DT nacional.
O trato desse tópico deve sofrer alteração: enquanto a MB submete seu
pessoal a receber orientação francesa resultante do contrato de
dezembro de 2008. Inclui nos currículos de formação de oficiais e
pessoal subalterno conjunção de cinemática com informática e
estabelece no Centro de Análises de Sistemas Navais (Casnav) domínio
de DT. No mínimo, se as Direções de Tiro do inventário estivessem sob
análise da Força e da Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha
(DSAM), com acesso a empresas sem ter contrato, não caberia citar
tanto desconhecimento. Adaptação da Lockheed nos IKL pode ser avanço
nas OM envolvidas, e facilitar a DT do nuclear.
Submarinos são excelentes lançadores de mísseis devido à essência de
discrição capaz de anular sistemas de alarme, todos dependentes em
maior ou menor grau do início e do meio do vôo do míssil, mais curto e
menos previsível se de submarino. Preservada a discrição, não convém
ao submarino guiar míssil após lançado, basta programar a trajetória
balística ou guiada pelos sensores do míssil.
Pode lançá-los por tubos de torpedo ou por silos, estes adotados há
algum tempo como aproveitamento do grande diâmetro do casco com
reator. Basta dizer apenas, sobre mísseis de silo, que silos e seus
comandos são fabricáveis no Brasil mediante pesquisa ínfima. Mísseis
de silo não convêm ao Brasil, pois obrigam a posse de rede de
satélites ou franquia de algum dos possuidores de rede a fim de
prevenir “segundo golpe”. Inscrevem o possuidor deles nas receitas de
alvos de muitos mísseis intercontinentais.
Fabricar aqui os de tubo (mísseis de cruzeiro) é tarefa já feita pela
Força Aérea Brasileira (FAB). Quando houver projeto avaliado de míssil
nacional, caberá fabricá-lo. Hoje devem ser adquiridos fora, pois já
passou a hora de começarmos a operá-los.
O inventário da MB de propostas e de exemplares de tubos de torpedo é
suficiente para projeto nacional. Projeto da MB para mísseis sairá
mais caro que um comprado na Mectron ou na Avibras porque nossa
necessidade máxima de mísseis navais não cobre custos de ferramental e
pesquisa, ainda que acertássemos de saída os desenhos de produção. Sai
mais barato que um importado porque aqui os subcontratantes são mais
próximos. É obrigatório estimar o total desse custo porque servirá
para escolher o fornecedor. A desenvoltura do fornecedor a ser
escolhido deve ser tal que o preço da compra seja inferior àquele
custo total estimado. Tal fornecedor terá de nos pôr em contato
comercial com os fornecedores a ele (os subcontratantes) de
componentes da versão proposta a nós e de vender-nos a ajustagem de
trajetória. Hoje ninguém faz estoque para emprego em guerra, mas para
manter a malha de fabricação apta a suportar períodos de demanda
acrescida. Não nos acostumamos a tratar com subcontratantes dos
fabricantes dos equipamentos que temos adquirido, porque nossos
agentes compradores têm sido singulares, sem tempo para ver e
experimentar. Teremos de estabelecer um tipo de relação sem transação,
pois hoje os produtos dependem mais do “sub” que do contratante, aqui
chamado fabricante. O preço do fabricante tem a margem dele sobre o
preço do “sub”, que tem a própria margem. O fabricante cobra o dobro
do “sub”, oferece e ganha contrato de garantia de reposição abrangendo
a totalidade dos “sub” envolvidos. Houvesse negociação incluindo os
“sub”, haveria algum deles interessado em aumentar lucro por vender
também contrato de reposição ou desenho com lista de material, em
patamar de valor inferior ao do fabricante. Aumentaríamos nossa
independência porque são mais abertos e reduziríamos gasto com
manutenção porque a “metade” correspondente aos “sub” é muito menor
que a “metade” dos contratantes. Ou pagamos garantia de reposição,
esgotamos verbas de operação, não tentamos produção e a Administração
fica viciada.
O mesmo raciocínio sobre produção de mísseis de tubo se aplica a
torpedos, embora tenhamos fabricado alguns há tempos. Mais vale
negociar a compra com transferência seletiva de tecnologia, pois temos
empresas fabricantes de baterias (Saturnia) e motores elétricos (WEG),
que aproveitariam nos torpedos a tecnologia transferida, pagando
royalties sobre a produção delas. Dominada, essa tecnologia será
aproveitada na indústria nacional, retornando mediante royalties pagos
à MB, parte da transferência paga pela MB (caso a MB aprenda a
negociar royalties) e cedida à empresa. Motores a combustão interna e
hélices de torpedos são demasiado específicos, sem consumo civil
previsível. Convém comprá-los sem restrição e reduzir o preço de
aquisição. O sistema de navegação e os sensores serão comprados também
sem transferência de tecnologia, pois já possuímos suficiente
conhecimento para obter vantagem em futura negociação com empresas
nacionais congêneres. Hoje não cabe produção governamental nem comprar
de empresa que terá no material bélico visado parcela importante da
receita dela, porque estaríamos comprando ócio e diretoria. Convém
encomendar material bélico de projeto compartido com a MB, a ser
executado em empresa habilitada a executá-lo, mas que possua outras
produções e os consumos correspondentes. Ficará caracterizado que a MB
não sustenta tal empresa. Por melhor que seja a remuneração, ainda
será menor que a de uma dedicada ou de material bélico. É o caso dos
sistemas de autodefesa, à venda com ajustagem discricionária pelo
comprador. Os veículos componentes dos sistemas ora são exclusivamente
despistadores, interceptadores ou perturbadores ou exercem mais de uma
dessas funções. Não há nenhum deles no inventário da MB. A
configuração deverá ser estabelecida pela MB e a seguir negociada no
exterior, em arranjo semelhante ao proposto para torpedos.
Antes de ver algum proposto não há como defini-los neste trabalho, mas
comentar requisitos de compra. Alguns desviam e destroem de modo
sucessivo os torpedos adversários, outros de modo simultâneo; alguns
são instalados dentro do casco resistente, outros na livre circulação.
Nenhum ocupa os tubos para torpedos ou mísseis. Preços propostos devem
ser comparados com pesquisa e execução nacionais. Estão sujeitos a
parceria com produção brasileira e ao trato com subcontratantes.
Mostram atração adicional por servirem para marcação desarmada de
intrusos, ainda inédita. Convém lembrar que itens do inventário da MB
quase sempre foram negociados sem suficientes opções, dada a escassez
de recursos reinante nas diversas aquisições, inclusive designando
negociador singelo.
Minas completam a análise de armamento. A MB sabe projetar, ajustar,
manter e encomendar minas lançadas de submarino. O submarino deve
lançar minas com e sem propulsão, atuantes no local de plantio ou
encapsuladas, que explodem após segundo trajeto iniciado pelo
acionamento. São programadas fora dos tubos, podem ser colocadas neles
ou retiradas deles em viagem. Em operação, todos os tubos devem estar
ocupados, segundo distribuição estabelecida na Ordem de Movimento para
evitar desperdício de capacidade bélica. Em proveito da discrição, os
tubos e as DT devem permitir lançamentos simulados de mísseis de
cruzeiro e de torpedos, estes com a fase de guidagem. Esta faculdade
permite treinamento farto, e verificação de prontidão do material, sem
revelar o submarino.
Mecanismos
Há enorme oportunidade de transferir tecnologia para empresas
brasileiras possuidoras de frações de mercado, se aceita parceria de
execução e aceito acesso aos subcontratantes. São bombas,
compressores, motores e geradores elétricos, válvulas e motores
hidráulicos. Não convém tratar com empresas fora do mercado, como nas
concorrências da Transpetro, usadas por ganhadores para criar
estaleiros no encarecedor trecho da metade das rotas do tráfego.
Ninguém espera que sobrevivam após concluírem o contrato ganho. O
Cetemsp contratou, especificou e construiu motores elétricos e
turbinas a vapor no Brasil, além de aumentar o parque brasileiro de
balanceamento de máquinas rotativas. A tecnologia dos motores veio da
Suíça, mas a das turbinas foi executada aqui, gerou expropriação
européia e nova execução brasileira.
Cada componente deve ser adquirido do executante dele, que avaliará a
empresa nacional recebedora de tecnologia. A crise financeira
convenceu algumas matrizes a ver as virtudes decorrentes de filiais no
Brasil. Há boas empresas brasileiras, como WEG e Dedini, entre outras.
Vivemos herança maldita do pretenso ensino de Logística porque as
Administrações perderam o hábito de relacionar estado da arte em
indústria nacional. Esse ensino nunca lecionou no Brasil Logística de
Produção. Aparentemente ganhamos presentes dessa herança: iniciativas
economicamente condenáveis de estabelecimentos industriais militares
salvaram a Pátria em componentes das centrífugas porque recebemos
protótipo e projeto de alguns, estimulando técnicos nossos a
melhorarem peças importadas. Na realidade houve prejuízo na medida do
adiamento da prática de realizar fora da MB etapas de fabricação.
Ainda não foi assimilado que a Diretoria Geral do Pessoal da Marinha
(DGPM) deva relacionar pessoal privado, não remunerado pela MB, porém
empregado pelos patrões deles em obras da Força. São de interesse da
MB, é pessoal que serve à MB. Difícil perceber que a empresa seja
contato da Diretoria Geral do Material da Marinha (DGMM), enquanto o
pessoal seja contato da DGPM, portanto enumerável até fora da empresa
em que prestou serviço à MB. É confirmação de prosperidade em
negociação de importação com parceria, onde a prestação de manejo do
artífice leva o Departamento Industrial a preponderar sobre o
Departamento Técnico. Sai melhor, mais barato e mais pontual que
indústria oficial.
A indústria nacional é apta em sensores, mostradores e indicadores de
instrumentos de medida de toda ordem para ar, água e painéis de
instalações, mas pouco apta em sensores de ambiente como radares,
sonares, emissores e receptores de infravermelho, magnetômetros e
detectores de freqüências. Deverão ser importados com transferência de
tecnologia sem objeção. Aqui há técnicos aptos, hoje fora de empresas,
de aptidão investigável mediante antigos membros das equipes onde
trabalharam. Ninguém pretende basear neles execução de sensores
constantes do projeto importado, mas aproveitá-los em execuções
partilhadas. Devido à crise, respondem à convocação mesmo não
cadastrados. Já deveriam pertencer ao citado cadastro do DGPM.
O Brasil tem tecnologia de cerâmicas e revestimentos, úteis nos
transdutores, portanto ensejando compor a aquisição de equipamentos,
mas sistemas do radar e do sonar do inventário não estão sob análise.
Os sensores mais importantes do submarino são os sonares, e a estação
mais importante na “manobra” do submarino é a deles, com a tela de
memória das últimas varreduras, a máquina de desfazer esconderijos,
que mostra obstáculos e permite controle de indiscrições acústicas.
Não há data limite para decidir configuração, marca e modelo dos
sonares, pois a definição do casco e dos transdutores nele é posterior
à do reator.
A Força Aérea Brasileira (FAB) compôs com sucesso arranjo de empresas
(Mectron) para fazer radares de chão e de aeronave. A MB pode fazer o
mesmo com os analisadores de varredura sonar do inventário,
acompanhados pela produção de BR, BRS, seus analisadores e
retransmissores.
O acordo celebrado com a França em dezembro de 2008 tem os seguintes
destaques: foi redigido e proposto por eles; promete fornecimento,
assistência de construção, transferência provadamente útil de
tecnologia, proclamação de não estar transferindo tecnologia nuclear,
mas estar transferindo tecnologia de casco e arranjo dele com lemes e
hélice. A “mera” tecnologia de casco é mais complexa que a nuclear. Ao
envolver aquisição dos Scorpene transfere composição dos conjuntos de
sensores, mecanismos, elementos estruturais e direção de tiro e
armamento.
A França nos dá mais importância do que fazemos por merecer. Junto com
China, Alemanha, Índia, Rússia, Paquistão e Japão, é dos sete países
esbofeteados por nossa assinatura do TNP. Forma aliança eficaz sem
tratado, aliança de fato, com China e Rússia contra qualquer agressão
nuclear no mundo. Aliança é atitude estratégica de desenvolver sem
combater. Requer dispêndio, dispensa tratado. O motivo pelo qual a
França está apoiando o Brasil é conveniência estratégica dela, a
despeito de nada estarmos fazendo em proveito dela.
Cada emissão sonar informa apenas alvos a seu alcance, mas proporciona
indiscrição um tanto acima do dobro desse alcance, na medida em que
tais sinais têm intensidade suficiente para marcar ecos na tela de
outros submarinos. Pelo menos um dos sonares pertencentes à suíte de
bordo reduz potência e aumenta freqüência a fim de reduzir
indiscrição. Os de navegação em canais têm freqüência discreta, rica
em perdas.
Vida
Em contrapartida, o raciocínio do submarinista mudou da preocupação
com exaustão de energia nos convencionais para degradação de vida nos
nucleares. Era fácil com esnorquel renovar atmosfera, nucleares
renovam por grandes intervalos, de modo complexo. A máquina cedeu ao
homem a importância dela. Exibe facilidades e rotinas dedicadas a
vivacidade sadia durante 60 dias de ausência da biosfera.
Há facilidades desportivas e recreativas de porte jamais sonhado em
submarinos. O submarinista pode encarar como diversões ou musculação
essas facilidades, mas se não as usar a estrutura de comando deve
estar atenta e prestes a completar com atividade física prescrita a
carência de movimentação sujeita à decisão dele. Idêntico raciocínio
se aplica à vigilância mútua citada nas páginas 10 e 11. Ao perceberem
tristeza, depressão, cansaço e desatenção noutro submarinista, os
próximos a ele devem acionar a mesma estrutura para levá-lo a divertir-
se, excitar-se, descansar e ficar atento, mediante o uso compulsório e
individual de som, vídeo, conversa e jogos.
Controle
O SNB terá os mesmos operadores que o Scorpene, cada um com idêntico
controle, mais um operador destinado ao reator. Os mostradores da
Manobra exibem as mesmas páginas quando pedidas, mas um do chefe de
Quarto e um do condutor de Máquinas têm na tela uma página constante
de estado, que mostra: ambiente interno; armas prontas e em reserva;
lista de alvos; condições de som, rumo, velocidade, profundidade e
distância ao fundo; estoques de O2, ar comprimido e água potável;
dados do reator, da bateria, dos projetores e de escotilhas e
comportas. Não só os mostradores são intercambiáveis para obter
divulgação dos sinais, mas os seus sensores e as suas transmissões
também são reiterados com o propósito de impedir falta de informação.
Há reprodução eletrônica noutros mostradores, sem os sensores.
EQUAÇÃO CONCLUSIVA – OPERAÇÃO
Operações defensivas
Dizer que instalações costeiras são vulneráveis a ataques submarinos é
reduzir à exploração de petróleo nossa vulnerabilidade. Submarinos do
mundo inteiro podem transitar livremente em águas brasileiras, fazer
perifotos, leitura batitermográfica, esclarecimento rádio e de
lançamentos de foguetes, lançar e recolher tropas etc. Após uma
detecção e a sua repercussão, cinco patrulhamentos perenes dispersos
entre os litorais do Amapá e do Rio Grande do Sul impedirão
eficazmente a passagem inocente em águas brasileiras, bem como quatro,
três, dois e mesmo apenas um deles, devido à essência do submarino
escondido. Outras Marinhas sentirão insegurança restritiva ao saberem
que já estamos patrulhando. Haverá investidas de outros submarinos
destinadas a testar nossas patrulhas. Talvez convenha esconder a
detecção com a consistência do primeiro contato, deformando-a para
distância menor que a real, a fim de iludir a leitura feita pelo
intruso ou deixar o intruso indene e inadvertido, ou ainda marcá-lo
com marisco lançado por autodefesa. Se o contato ocorreu junto a
alguma plataforma, a mensagem da BR deve descrever a proximidade para
dar ao divulgador opção de mostrar como autora a plataforma, a fim de
manter a discrição do submarino patrulheiro. Os intrusos evitarão
rápido as plataformas. A omissão e a disseminação de detecção devem
ser decisão de alto nível, em benefício da discrição e da incerteza.
Dá bem para avaliar o efeito de preservar a discrição não de um, mas
de cada submarino do País, participante ou não dessa patrulha.
Outras nações duvidarão de quais zonas estão sob nosso único nuclear
ou sob os convencionais. Além disso, não saberiam se já estamos
patrulhando nem onde ficam as zonas. Se os convencionais fizerem
varredura ativa antes de recarregarem bateria ou se o patrulhamento
impediu o ingresso de estrangeiro em nossas águas, a discrição estaria
preservada e confiável, exceto pelos satélites. Devido à prolongada
penúria de recursos da MB nos últimos 20 anos, a discrição brasileira
atual é nula ou quase isso.
A criação de incerteza é um produto da indiscrição fora de nosso
alcance enquanto nossos submarinos não possuírem lançador de boias
retransmissoras. Antes de nosso primeiro nuclear estar operando, os
convencionais poderiam criar incerteza, caso possuíssem lançadores,
que deverão ser neles instalados se a MB desejar preservar a
discrição. As retransmissoras têm a virtude de, sem tornar indiscreto
o submarino que efetuou o esclarecimento, manter a MB a par do
resultado. Realizam ilusão de observadores em tal variedade que
obrigam outros países a arriscarem esclarecimento ativo a todo
instante. Criam a sensação de presença de outros submarinos onde
começarem a transmitir, confirmando aquele parágrafo inicial deste
trabalho no Capítulo I, ao dizer que ninguém sabe o que há em baixo
apenas olhando a superfície do mar. É a incerteza funcional, cujo
desfrute retarda nosso aprendizado de empregá-la em combate.
A MB possui dois analisadores de quadro de boias radiossônicas (BRS).
Ambos estão inoperantes sem apresentar defeito. A MB nunca operou BRS
diretamente.
O Grupo de Aviação Embarcada da FAB lançava e operava boias do
inventário do grupo no tempo do Navio-Aeródromo Ligeiro (NAeL) Minas
Gerais. Por isso a MB nunca se preocupou, aprendeu, adquiriu, treinou,
escolheu tipos no assunto BRS. Pior foi descuidar institucionalmente
dos dois tipos diversos possuídos de analisadores de campos de BRS,
mormente porque a MB deixou de conhecer o processo de receber sinais
submarinos, irradiá-los para um receptor automático, identificar
mediante freqüências individuais quais das boias interceptaram sinais,
selecionar os classificados coerentes e processá-los para mostrar
rumo, velocidade e distância do submarino invasor do campo. Não admira
que na MB o consumo total, médio e periódico de BRS seja zero ao longo
de 55 anos. Não tenho notícia de encontros entre a MB e a Petrobras
sobre instalação e operação de escuta nas plataformas, embora
constituísse redução de encargos navais e pudesse servir para
interferir no “passeio” dos intrusos. Seria escuta remota,
desguarnecida, com alarme, gravador e retransmissor SR (Sem Recibo).
Hoje, oficiais da MB que fazem estágio na Armada do Chile operam
quadros lançados por ela e tentam transpor em submarinos chilenos
esses quadros. A MB não visou aprender emprego de BRS, e provavelmente
continua ignorando, pois não foram incluídas em currículos de outros
cursos as experiências dos pouquíssimos submarinistas brasileiros que
cursaram o CCOS chileno. O NAe São Paulo deveria navegar apenas em
raias de BRS declaradas isentas de submarinos, mais fáceis de
estabelecer e mais baratas que escoltas antissubmarinos de superfície.
Não vê, não lança as raias nem simula o assunto porque não é visado
por nenhum dos países que se exercitam conosco. O mesmo lançador de BR
dos submarinos serve para lançar BRS cujas detecções sejam
transmitidas por emissão sonar onidirecional ao submarino lançador e
por emissão rádio a aeronaves e navios amigos. Nossos submarinos
convencionais ou nucleares serão sempre empregados em patrulha,
devendo lançar BRS em acréscimo a sua zona e a sua estadia no local,
sem deixar submarino intruso perceber o lançamento.
Operações ofensivas
Ao ter capacidade de patrulhar o litoral nacional, o SNB tem a de
patrulhar qualquer outro, pois nada muda na configuração dele. Não há
distinção entre ataques a forças capazes de denunciar a propulsão do
atacante, útil para facilitar a localização do único nuclear, mas pode
haver análise de movimento entre suspeita anterior de contato com
algum submarino e o ponto do ataque, a menos que tal ataque seja
execução de soberania. Mesmo assim o alcance das armas é maior que o
volume indiscreto, mantendo a discrição do submarino convencional ou
nuclear. Enquanto o Brasil possuir apenas um nuclear, este será
perseguido, “plotado” e mantido indiscreto pelas Marinhas eficazes,
mormente se souberem posse brasileira de mísseis costeiros.
Além de a Autoridade de Controle de Operações de Submarinos (Acos)
conjugar normalmente as movimentações de todos os submarinos, a
brasileira deverá usar as dos convencionais em benefício da discrição
do nuclear. Uma vez identificado num dado ponto, é possível proclamar
que não está no resto da área acessível por submarino nosso. Em prol
da discrição, é doutrinária a evasão posterior ao ataque, ainda que
não estejam na mesma área outras unidades submarinas ou de superfície.
Tampouco é possível distinguir a propulsão de quem se está evadindo.
Contato por submarino estranho escondido na mesma área pode
identificar propulsão do atacante caso esteja em distância menor que o
envoltório indiscreto. Essa identificação é indiscrição para países
com apenas um nuclear, que devem estabelecer ações de outras unidades,
voltadas para iludir esclarecedores estranhos. Sem tais ações, o
nuclear fica “desperdiçado”, como ficavam nucleares americanos e
russos ao receberem a escolta de um “carrapato” apto a interferir numa
execução de lançamento.
Discrição obriga que o procedimento de ataque a forças inclua evasão
local após o último disparo e mudança de área a fim de alimentar
dúvida sobre número de atacantes. Reduzido a um torpedo e um míssil
nos tubos ainda ocupados após um ataque, o submarino deve programar o
reabastecimento dos outros tubos e a troca de área de operação. Esse
procedimento é mais eficaz conforme seja maior a velocidade de
trânsito para a nova área, velocidade talvez acessível apenas pelo
nuclear, mas também viável pelos convencionais, que deverão repor sem
demora tal consumo. Com o intuito de instilar a compreensão do
submarino, basta dizer que são simultâneos o esclarecimento de longo
alcance, o trânsito em alta velocidade, o recarregamento dos demais
tubos de torpedo e a interpretação dos dados referentes à área
seguinte de operação. Aí cresce a importância do projetor de BR para
levar até a área de combate a visão do Acos, única pessoa na face da
Terra capaz de autorizar indiscrições, se os submarinos dela possuírem
projetores de BR.
Ataques a litorais têm uma gama de propósitos, a saber:
esclarecimento, danos ao tráfego marítimo, destruição de sistemas de
defesa, ataque a forças e ataques tanto a facilidades litorâneas
quanto instalações no interior. Um dano é prejuízo permanente a um
ativo adversário, mas a confirmação de vulnerabilidade litorânea
também é nociva porque altera a distribuição das forças do país que
tem o litoral. O submarino forma essa vulnerabilidade mediante
esclarecimento e ação consecutivos, desde que seja projetado para não
romper a própria discrição, mantendo a imersão. Deve ter escotilha
vertical na vela, que permita em imersão total o embarque e o
desembarque de tropas; grupo de oito mergulhadores de combate com
material portátil; bote vazio e motor. Temos empregado mergulhadores
de combate em fainas improvisadas, de baixa qualificação. Não havia
opção, mas deve existir saída em imersão nos próximos por projeto ou
nos anteriores por modificação. Não precisa ter apêndice resistente à
pressão, basta o convés junto à vela para manter o grupo reunido ao
sair e recebê-lo no retorno.
Todo submarino deve estar equipado para lançar minas. Faz apenas
minagem ofensiva porque a defensiva é exagero para submarino. Além da
mesa de plotagem, a habilitação mineira é o mecanismo que empurra a
mina mais próxima da culatra do tubo, fazendo sair a mina mais próxima
da comporta.
Integração
Todas as operações que associaram submarinos entre si ou com unidades
de superfície ou aéreas despiram a essência discreta de pelo menos um
submarino, o que emitiu comunicação em tempo real. Chegaram a ser
freqüentes com os submersíveis, desapareceram com os “emergíveis”,
porque discrição não é dispensável e a contribuição deles não exige
mais que relógio e sistema de posição para ser somada a efeitos de
esforços por outras unidades. Em qualquer caso, a conjunção ou
combinação se realiza na Acos, não no submarino. A Esquadra e o
Comando de Operações devem avaliar sempre conveniências obtidas
revelando possibilidades e limitações de submarinos mais preciosos por
escassez que por tecnologia.
A Suécia, que tem dois convencionais alugados à Marinha dos EUA, não
franqueia alterações ao contrato de aluguel, cujas cláusulas protegem
várias características deles. Nossos convencionais ainda não têm
alguma tecnologia a esconder. Poderão vir a ter alguma, que não conste
de publicações de mídia. Então a Administração emitirá normas
protetoras do sigilo. Durante bastante tempo após a incorporação do
primeiro nuclear brasileiro, não se pode enxergar vantagem de a MB
deixá-lo participar de operações integradas com outras Forças ou
Marinhas. A locução “bastante tempo” se deve a que será impossível
esconder todas as capacidades do nuclear. Alguém competente em coleta
de dados estará atuando, e uma fração pode ser bem-sucedida. O
violador talvez tenha interesse em manter sigilo do próprio ganho,
atitude que compensa de algum modo o violado. Começa a segunda ordem
de sigilo: mantido a todo custo o tempo que for possível, pois a sua
ruptura entra em uso alheio no exato instante em que é rompido.
CONCLUSÃO
A configuração desejável do primeiro Submarino Nuclear Brasileiro
(SNB), proclamada a seguir, serve como matriz para sua configuração
viável.
Configuração desejável do submarino nuclear brasileiro
Em vez de copiar reatores de outros submarinos, projetá-los para casco
sujeito a diâmetro capaz de comportar controle saliente do vaso, e
circuito primário provido de pressurizador e movido por convecção, o
que sem dúvida acarretaria casco de seis a nove mil toneladas, as
despesas com projeto devem começar pela tentativa de obter controle
embutido no vaso para a reação e convecção de altura reduzida.
Esgotados prazo e verba razoáveis para essa tentativa, o projeto deve
prosseguir sem esse sonho. O prazo e a verba devem ser propostos ao
Almirantado após debates instruídos com os mais evoluídos cientistas
nucleares do País. Um grupo de cientistas terá encargo paralelo de
pesquisar circulação por convecção sob altura menor que a conhecida.
Imprescindível construir modelos sem qualquer semelhança com o do SNB,
mas que apresentem gradientes de temperatura entre ponto mais baixo e
ponto mais alto criadores de convecção em altura menor que a prevista
para o Labgen, pois o assunto não é submarino, mas convecção. Outro
grupo de cientistas terá o encargo de pesquisar controle da reação em
cadeia exercido por máscara rotativa ou alternante que cubra e
descubra barra fixa absorvente de nêutrons dentro do vaso ou barra
absorvente retrátil. Ainda outro grupo deve pesquisar conjunto
vertical reator/gerador de vapor.
Modelos experimentais não exigem emissão de partículas. Basta a forma
experimental que tente girar entre a posição que cubra toda a
circunferência da barra similar a absorvente e outra posição que
descubra toda a circunferência da barra, distante 360° da primeira
posição ou que reduza altura acima do vaso. O mesmo para barra
retrátil e trocador solidário de calor. Sem emissão de partículas, mas
com as mesmas dimensões do reator visado e iguais perdas de calor,
efetuando as leituras de convecção.
Qualquer dessas duas pesquisas que dê certo acarreta redefinição do
projeto. Remete às considerações do Capítulo I, Seção III – Energia.
A redefinição resulta em submarino bi reator, com instalação elétrica
de CA, sem baterias de acumuladores nem motores diesel, com sonar
rebocado, com espaço resistente dotado de escotilha vertical para MEC
na vela, tendo deslocamento imerso entre 2.500 e 3.500 toneladas. É
absurdo instalar reator nuclear com combustível de teor limitado a
20%. Sem bravata, mas com clareza, o Brasil deve comunicar à AIEA que
enriquecerá combustível nuclear com discrição e teor convenientes a
cada instância.
A MB deve concertar com os pesquisadores de informática um calendário
profícuo de velocidade e quantidade de operações, sobre o qual baseará
a data em que decidirá repelir exageros da CNEN.
Tudo que não for nuclear replicará sensores, armas e mecanismos do
Scorpene.
Configuração viável do submarino nuclear brasileiro
Na falta dessas pesquisas, o SNB será monorreator, com instalação
elétrica em CA, terá baterias de acumuladores com 5% da potência do
reator, um retificador de Quadro Elétrico com 1% da potência do
reator, escotilha vertical para MEC na vela e deslocamento imerso
entre 5.550 e 9.000 toneladas.
Terá ciclo operativo centrado em faina de recarga a cada oito anos.
Terá espaço ocioso, pois o grande diâmetro comporta tropas de MEC e
facilidades recreativas. Pelo menos aumenta a endurance de patrulha.
O SNB terá sonar rebocado, ejetor de BR e BRS, farta dotação de
torpedos de autodefesa, torpedos pesados, mísseis subsuperfície-
superfície, minas diversas e antenas rebocadas. Permanece a réplica de
componentes do Scorpene citada na configuração desejável.
Continuaremos dependendo de algum país ter interesse em parceria para
projetar submarinos de qualquer tipo enquanto não adotarmos
providências para superar carências atuais. Tais carências são citadas
a seguir por ordem de aproveitamento da correção de cada uma.
A totalidade do ensino na MB substituirá verificação de aproveitamento
da modalidade memorização (Lecture) pela modalidade domínio
(Examination Test). A MB oferecerá pesquisa no inventário dela às pós-
graduações do País visando aumentar o nível nacional em várias
tecnologias. A MB entrevistará cidadãos do Brasil detentores de
tecnologia de ponta, atuantes em ensino superior ou empresas. O
resultado é pessoal conhecido pela MB para Logística de Produção. O
Setor de Material designará pesquisa de engenharia reversa em itens do
inventário da MB, associando empresas, pós-graduandos e pessoal da MB.
As OM do Setor de Material manterão relacionamento com o setor de
pesquisa de muitas empresas industriais, exceto aquelas cuja atividade
nada tenha a ver com a MB. O resultado é atividade empresarial privada
da Logística de Produção da MB.
A MB tentará obter desenvoltura em projetos navais mediante prática
exercida em OM dos setores de Material e de Operações de projetar
frações diversas de projeto. Logística de Produção é acessar
capacidade brasileira em vez de possuí-la.
As providências acima visam catalogar no Brasil consultoria de
interesse da MB.
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
COMANDANTE Marino
Estes últimos dois posts foram a mais espetacular contribuição ao tópico/tema desde a sua criação. Sem palavras para agradecer.
Walter.
Estes últimos dois posts foram a mais espetacular contribuição ao tópico/tema desde a sua criação. Sem palavras para agradecer.
Walter.
Editado pela última vez por WalterGaudério em Sáb Out 30, 2010 9:25 pm, em um total de 1 vez.
Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...
Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.
Os sábios PENSAM
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
WalterGaudério escreveu:COMANDANTE Marino
Estes últimos dois posts foram a mais espetacular contribuição ao tópico/tema desde a sua criuação. Sem palavras para agradecer.
Walter.
Quem tem olhos de ver, que veja.
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Texto muito interessante!
[]s
[]s
Editado pela última vez por Penguin em Sáb Out 30, 2010 9:25 pm, em um total de 1 vez.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Prezado Amigo Marino
Otimo o texto do comandante Guaranys.
BZ
Lord Nauta
Otimo o texto do comandante Guaranys.
BZ
Lord Nauta
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Conheço o autor do texto, já conversamos sobre o tema e o que ele escreve é espetacular exatamente pelo que NÃO FOI DITO. Apesar de ter dito muito.
Walter
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Os Inteligentes COPIAM
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Os Imbecis FINANCIAM...
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Parabéns Marino!
Um dos melhores textos já publicados aqui no DB! É isso que faz do DB o DB: o nível dos participantes.
Parabéns Comandante!
Um dos melhores textos já publicados aqui no DB! É isso que faz do DB o DB: o nível dos participantes.
Parabéns Comandante!