Imprensa vendida
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Re: Imprensa vendida
A conspiração da imprensa
Por João Ubaldo Ribeiro em 28/9/2010
Reproduzido do Estado de S. Paulo, 26/9/2010
Acho que já contei aqui que, sempre que se fala em conspiração da imprensa, recalques antigos despertam no meu coração de jornalista. Meu primeiro emprego, aos 17 anos, foi em jornal e, de lá para cá, nunca cheguei a me afastar muito da profissão. E é com sentimentos um pouco ambivalentes que recordo jamais haver sido chamado para conspiração nenhuma, em jornal ou revista alguma. Pior ainda, nunca nem me deram a ousadia de me pôr a par da conspiração com que eu, afinal, mesmo quando era o mais humilde dos focas, estaria colaborando. Finjo que não ligo, mas vez por outra isso me dá um certo baque na autoestima, creio que vocês compreendem.
Em relação a subornos, meu recorde talvez seja até mais humilhante. Uma vez, quando eu era chefe de reportagem de um jornal de Salvador, o promotor de um evento me mandou dois litros de King´s Archer ("Arqueiro do Rei"), uísque nacional do qual na época se dizia desfechar uma letal flechada no fígado de quem o encarasse. Além disso, sem que eu desconfiasse de nada, pegaram as garrafas na portaria, beberam tudo e só me contaram meses depois, impondo-se a embaraçosa conclusão de que fui subornado sem saber – ou seja, nem a ser subornado direito eu acertei. E, quando eu era editor-chefe de outro jornal, um prefeito do interior, que estava sendo denunciado por escancarada corrupção, me ofereceu um velocípede para cada uma de minhas filhas. Ao lembrar a maneira com que o repeli, manda a honestidade reconhecer que minha indignação também se deveu ao valor da oferta – o miserável podia pelo menos ter oferecido uma bicicleta.
No meu tempo de metido a comunista, escrevi para jornais controlados pelo Partidão e nem nesses me inteiravam das conspirações. No máximo, havia uma palavra de ordem ou outra, que a arraia-miúda repetia em rodas de cerveja e para as quais ninguém parecia ligar muito. Nas eleições presidenciais de 1960, quando votei pela primeira vez, limitaram-se a me dizer que o partido apoiava o marechal Lott e nunca me explicaram por quê. E, quanto ao famoso ouro de Moscou, no qual se cevavam os comunistas, não só nunca vi sinal dele, como acredito que os comunistas meus amigos tampouco – foram eles os que roubaram e beberam os dois litros de King´s Archer.
Dor de barriga não dá uma vez só
Agora as suspeitas ou certezas de que há conspirações da imprensa em andamento voltam a circular. Creio que, quando se sente em si a encarnação do próprio povo, como parece estar acontecendo com o presidente Lula, deve ser difícil suportar notícias e opiniões discordantes ou mesmo apenas desagradáveis. Para ele, é bem possível que a imprensa seja até ingrata, porque, se ainda está aí, é porque ele quer, como, aliás, tudo está aí porque ele quer. A democracia e a liberdade são fruto de sua tolerância, pois, afinal, está claro que ele vê sua legitimidade como emanada diretamente do povo, sem a intermediação de quaisquer outros mecanismos ou a necessidade de instituições. E, nas horas de maior arroubo, talvez a virtude que ele acredite mais praticar seja a da paciência. Ele sabe o que o povo quer, o povo quer o que ele quer, que mais interessa? De fato, deve ser enervante ficar suportando essas contrariedades, quando se podia resolver tudo sem complicações supérfluas e inúteis. Haja paciência mesmo, devemos ser gratos por tanta paciência.
Como estará a conspiração agora? Minha falta de experiência não ajuda, mas fico imaginando salas hollywoodianas no alto de um arranha-céu na Avenida Paulista, em que os conspiradores se juntam para sua atividade golpista. Que estarão arquitetando esses grandes e facinorosos bandidos? Não se sabe, mas certamente moverão uma guerra feroz contra os bancos e os banqueiros. Afinal, nenhum setor ganhou ou ganha tanto neste país quanto eles, tudo está a favor deles. E, segundo se diz, eles demonstram sua gratidão através de contribuições generosíssimas para a campanha eleitoral em que está empenhado o governo brasileiro. As grandes empresas também andam faturando alto, o capitalismo está feliz, mais feliz que em seus melhores sonhos. Tal situação certamente incomoda a chamada grande imprensa, esse tradicional bastião anticapitalista. Deve ser por isso que ela deve estar tramando o golpe. E, claro, para que o golpe dê certo, precisam de um nome que tenha aceitação popular, que seja aclamado e não rejeitado. Ou seja, o próprio presidente Lula. Vocês vejam como essas coisas da política são paradoxais. Assim de primeira, ninguém diria, mas conspiração é conspiração, não vamos dar muito palpite no que não entendemos direito.
A imprensa é de fato um problema. Quase ninguém se lembra, mas a profissão de jornalista está entre as mais arriscadas e todo dia algum é vítima de violência. A primeira ação das ditaduras, universalmente, é a supressão da liberdade de opinião e o cerceamento de sua expressão pela via legítima que é a imprensa. Subsiste a realidade de que, desde que o mundo é mundo, a divergência desagrada aos poderosos, a crítica os ofende e qualquer opinião que não coincide com as suas é uma agressão. Um dos recentes pronunciamentos do presidente Lula sobre a imprensa mostrava uma animosidade truculenta comparável à de seu aliado Fernando Collor. A imprensa é vista como inimiga da nação, praticamente a responsável por tudo o que de errado acontece entre nós. Os mais velhos já viram tudo isso. Os jornalistas mais velhos já viveram tudo isso. E tudo, afinal, passou, assim como também passará o que estamos presenciando agora. As voltas que o mundo dá são tão prodigiosas que o presidente Lula, já ex-presidente, logo tornará a gostar da imprensa. E a precisar dela, como já precisou, pois que, no sábio dizer de nossos maiores, dor de barriga não dá uma vez só.
http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =609IMQ006
Por João Ubaldo Ribeiro em 28/9/2010
Reproduzido do Estado de S. Paulo, 26/9/2010
Acho que já contei aqui que, sempre que se fala em conspiração da imprensa, recalques antigos despertam no meu coração de jornalista. Meu primeiro emprego, aos 17 anos, foi em jornal e, de lá para cá, nunca cheguei a me afastar muito da profissão. E é com sentimentos um pouco ambivalentes que recordo jamais haver sido chamado para conspiração nenhuma, em jornal ou revista alguma. Pior ainda, nunca nem me deram a ousadia de me pôr a par da conspiração com que eu, afinal, mesmo quando era o mais humilde dos focas, estaria colaborando. Finjo que não ligo, mas vez por outra isso me dá um certo baque na autoestima, creio que vocês compreendem.
Em relação a subornos, meu recorde talvez seja até mais humilhante. Uma vez, quando eu era chefe de reportagem de um jornal de Salvador, o promotor de um evento me mandou dois litros de King´s Archer ("Arqueiro do Rei"), uísque nacional do qual na época se dizia desfechar uma letal flechada no fígado de quem o encarasse. Além disso, sem que eu desconfiasse de nada, pegaram as garrafas na portaria, beberam tudo e só me contaram meses depois, impondo-se a embaraçosa conclusão de que fui subornado sem saber – ou seja, nem a ser subornado direito eu acertei. E, quando eu era editor-chefe de outro jornal, um prefeito do interior, que estava sendo denunciado por escancarada corrupção, me ofereceu um velocípede para cada uma de minhas filhas. Ao lembrar a maneira com que o repeli, manda a honestidade reconhecer que minha indignação também se deveu ao valor da oferta – o miserável podia pelo menos ter oferecido uma bicicleta.
No meu tempo de metido a comunista, escrevi para jornais controlados pelo Partidão e nem nesses me inteiravam das conspirações. No máximo, havia uma palavra de ordem ou outra, que a arraia-miúda repetia em rodas de cerveja e para as quais ninguém parecia ligar muito. Nas eleições presidenciais de 1960, quando votei pela primeira vez, limitaram-se a me dizer que o partido apoiava o marechal Lott e nunca me explicaram por quê. E, quanto ao famoso ouro de Moscou, no qual se cevavam os comunistas, não só nunca vi sinal dele, como acredito que os comunistas meus amigos tampouco – foram eles os que roubaram e beberam os dois litros de King´s Archer.
Dor de barriga não dá uma vez só
Agora as suspeitas ou certezas de que há conspirações da imprensa em andamento voltam a circular. Creio que, quando se sente em si a encarnação do próprio povo, como parece estar acontecendo com o presidente Lula, deve ser difícil suportar notícias e opiniões discordantes ou mesmo apenas desagradáveis. Para ele, é bem possível que a imprensa seja até ingrata, porque, se ainda está aí, é porque ele quer, como, aliás, tudo está aí porque ele quer. A democracia e a liberdade são fruto de sua tolerância, pois, afinal, está claro que ele vê sua legitimidade como emanada diretamente do povo, sem a intermediação de quaisquer outros mecanismos ou a necessidade de instituições. E, nas horas de maior arroubo, talvez a virtude que ele acredite mais praticar seja a da paciência. Ele sabe o que o povo quer, o povo quer o que ele quer, que mais interessa? De fato, deve ser enervante ficar suportando essas contrariedades, quando se podia resolver tudo sem complicações supérfluas e inúteis. Haja paciência mesmo, devemos ser gratos por tanta paciência.
Como estará a conspiração agora? Minha falta de experiência não ajuda, mas fico imaginando salas hollywoodianas no alto de um arranha-céu na Avenida Paulista, em que os conspiradores se juntam para sua atividade golpista. Que estarão arquitetando esses grandes e facinorosos bandidos? Não se sabe, mas certamente moverão uma guerra feroz contra os bancos e os banqueiros. Afinal, nenhum setor ganhou ou ganha tanto neste país quanto eles, tudo está a favor deles. E, segundo se diz, eles demonstram sua gratidão através de contribuições generosíssimas para a campanha eleitoral em que está empenhado o governo brasileiro. As grandes empresas também andam faturando alto, o capitalismo está feliz, mais feliz que em seus melhores sonhos. Tal situação certamente incomoda a chamada grande imprensa, esse tradicional bastião anticapitalista. Deve ser por isso que ela deve estar tramando o golpe. E, claro, para que o golpe dê certo, precisam de um nome que tenha aceitação popular, que seja aclamado e não rejeitado. Ou seja, o próprio presidente Lula. Vocês vejam como essas coisas da política são paradoxais. Assim de primeira, ninguém diria, mas conspiração é conspiração, não vamos dar muito palpite no que não entendemos direito.
A imprensa é de fato um problema. Quase ninguém se lembra, mas a profissão de jornalista está entre as mais arriscadas e todo dia algum é vítima de violência. A primeira ação das ditaduras, universalmente, é a supressão da liberdade de opinião e o cerceamento de sua expressão pela via legítima que é a imprensa. Subsiste a realidade de que, desde que o mundo é mundo, a divergência desagrada aos poderosos, a crítica os ofende e qualquer opinião que não coincide com as suas é uma agressão. Um dos recentes pronunciamentos do presidente Lula sobre a imprensa mostrava uma animosidade truculenta comparável à de seu aliado Fernando Collor. A imprensa é vista como inimiga da nação, praticamente a responsável por tudo o que de errado acontece entre nós. Os mais velhos já viram tudo isso. Os jornalistas mais velhos já viveram tudo isso. E tudo, afinal, passou, assim como também passará o que estamos presenciando agora. As voltas que o mundo dá são tão prodigiosas que o presidente Lula, já ex-presidente, logo tornará a gostar da imprensa. E a precisar dela, como já precisou, pois que, no sábio dizer de nossos maiores, dor de barriga não dá uma vez só.
http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =609IMQ006
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
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Re: Imprensa vendida
Engraçado que o caso Erenice causou o segundo turno... Golpe? Vamos aos fatos.
Fabio Baracat desmentindo a Veja. Lembre-se, ele é a PRINCIPAL fonte da reportagem que envolvem a ECT (correios) e a Anac...
http://g1.globo.com/politica/noticia/20 ... -veja.html
Nota da ECT
http://www.correios.com.br/servicos/mos ... _codigo=34
Anac desmentindo Folha de São Paulo
http://www.anac.gov.br/imprensa/nota130910.asp
Via Express desmentindo a Veja
"Sr. Fabio Baracat, nunca foi sócio, procurador ou gestor, e tampouco pertenceu algum dia ao quadro de funcionários da empresa, fatos esses que podem facilmente serem comprovados."
http://www.vianet-express.com.br/
Vale lembrar que esse mesmo reporter já fez uma reportagem falsa...
"O ESTADO DE S. PAULO PUBLICA MATÉRIA FALSA
A Caixa Econômica Federal exige a retificação imediata, com o mesmo destaque de primeira página, para desmentir os dados incorretos e fantasiosos da matéria"
http://www1.caixa.gov.br/imprensa/impre ... noticia=31
Veja diz ter o depoimento do Baracat gravado... Vamos ver até onde vai essa merda toda...
http://g1.globo.com/politica/noticia/20 ... tagem.html
Fabio Baracat desmentindo a Veja. Lembre-se, ele é a PRINCIPAL fonte da reportagem que envolvem a ECT (correios) e a Anac...
http://g1.globo.com/politica/noticia/20 ... -veja.html
Nota da ECT
http://www.correios.com.br/servicos/mos ... _codigo=34
Anac desmentindo Folha de São Paulo
http://www.anac.gov.br/imprensa/nota130910.asp
Via Express desmentindo a Veja
"Sr. Fabio Baracat, nunca foi sócio, procurador ou gestor, e tampouco pertenceu algum dia ao quadro de funcionários da empresa, fatos esses que podem facilmente serem comprovados."
http://www.vianet-express.com.br/
Vale lembrar que esse mesmo reporter já fez uma reportagem falsa...
"O ESTADO DE S. PAULO PUBLICA MATÉRIA FALSA
A Caixa Econômica Federal exige a retificação imediata, com o mesmo destaque de primeira página, para desmentir os dados incorretos e fantasiosos da matéria"
http://www1.caixa.gov.br/imprensa/impre ... noticia=31
Veja diz ter o depoimento do Baracat gravado... Vamos ver até onde vai essa merda toda...
http://g1.globo.com/politica/noticia/20 ... tagem.html
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Re: Imprensa vendida
DF: Globo tem acesso privilegiado ao Hotel onde Dilma se reúne esta tarde
Somente a TV Globo foi autorizada a entrar nesta segunda (4), no Hotel Blue Tree, em Brasília, onde a candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT) se reunirá com aliados, para discutir a estratégia que será usada no segundo turno. Em protesto, jornalistas de outros veículos bloquearam a entrada, até dos hóspedes, e aos poucos, devido à manifestação, o acesso dos demais veículos de imprensa vai sendo liberado.
http://www.claudiohumberto.com.br/principal/index.php
Somente a TV Globo foi autorizada a entrar nesta segunda (4), no Hotel Blue Tree, em Brasília, onde a candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT) se reunirá com aliados, para discutir a estratégia que será usada no segundo turno. Em protesto, jornalistas de outros veículos bloquearam a entrada, até dos hóspedes, e aos poucos, devido à manifestação, o acesso dos demais veículos de imprensa vai sendo liberado.
http://www.claudiohumberto.com.br/principal/index.php
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Re: Imprensa vendida
As primeiras apurações das denúncias feitas no período eleitoral.
http://www.cgu.gov.br/Imprensa/Noticias ... a11010.asp
Detalhe que aí o caso Tamiflu também foi desmentido, junto com as especulações ("acusações") sobre a EDRB.
http://www.cgu.gov.br/Imprensa/Noticias ... a11010.asp
Detalhe que aí o caso Tamiflu também foi desmentido, junto com as especulações ("acusações") sobre a EDRB.
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Re: Imprensa vendida
Doses de ceticismo responsável
Por Alberto Dines em 28/9/2010
Em meio a tantas certezas, tanta exaltação e tanto fanatismo, que tal estas hipotéticas questões: e se o governo e a mídia estiverem igualmente errados?
O que aconteceria se Sócrates ressuscitado descesse de paraquedas na Praça dos Três Poderes, Brasília, DF, para lembrar ao presidente Lula que na sua lapela está sempre a miniatura do brasão da República brasileira e não a de um partido político? E se o pai da filosofia, mártir da liberdade de pensar, se voltasse para o reportariado aglomerado à sua volta e proclamasse que a verdade para ser aceita precisa soar como verdadeira?
Serenariam os ânimos? Uma coisa não deve ser esquecida, bravos guerreiros: o país cansou de rupturas. O vale-tudo, hoje, vale nada. É coisa de "paiséco", republiqueta.
Amarelo e marrom
Quem tem razão é este maravilhoso exemplar da alma latino-americana chamado José Mujica, presidente da República Oriental do Uruguai. Perguntado pelo repórter da Veja (29/9, págs. 19-23) sobre o que deve fazer um governante quando é criticado pela imprensa, ponderou:
"[Deve fazer] Nada. Deve suportar. Se reagir perde duas vezes, porque será atacado de novo. Tem de olhar para o outro lado."
E acrescentou:
"Jornalistas devem tentar atuar com honra. Depois, cada leitor ou telespectador deve interpretar o que leu ou ouviu. Quanto mais educada e qualificada for a população, maior diversidade haverá de opiniões, o é que muito bom."
E mais:
"Quando um governo se mostra mais tolerante à diversidade, acaba ajudando a formar uma imprensa respeitosa. Quando radicaliza nas suas políticas, no entanto, aí vai tudo pro diabo. Nesse caso, a imprensa se transforma em uma espada de luta e a coisa fica perigosa."
Sócrates, o filósofo redivivo, teria aplaudido com entusiasmo. Como certamente aprovaria este comentário escrito no Estado de S.Paulo (25/9, pág. A-31) pelo argentino Eduardo Bertoni:
"Os cidadãos estão perdendo a confiança nos meios de comunicação. De um lado, a imprensa é responsável perante o cidadão, motivo pelo qual o estabelecimento de padrões éticos ou profissionais pelo governo deve ser repudiado. Mas, de outra parte, esta perda de confiança beneficia os governos que querem levar à censura ou autocensura.
"Os jornalistas latino-americanos não podem correr o risco de perder a confiança do seu aliado mais natural. Se isso ocorrer, os governos se sentirão livres para agir contra a imprensa. Se essas medidas se consolidarem, não só perderemos um direito fundamental, mas a democracia estará correndo riscos."
Eduardo Bertoni não é jornalista, é um acadêmico, diretor do Centro de Estudos de Liberdade de Expressão da Universidade de Palermo, Buenos Aires. Tocou numa questão crucial que serve à realidade portenha e encaixa-se perfeitamente na situação brasileira: o jornalismo investigativo não pode ser confundido com panfletagem. A apresentação de denúncias tem regras rígidas: primeiro os fatos, depois as inferências. Primeiro a malfeitoria, o malfeitor, depois seus eventuais cúmplices ou protetores.
O inverso é cavilação, diabólico artifício para acender os holofotes antes do circo de horrores. Isso é um tipo de jornalismo que no mundo anglo-saxônico é designado como "amarelo" (yellow press) e aqui escureceu, tornou-se marrom. Uma imprensa que não faz questão de parecer confiável jamais conseguirá mobilizar os leitores em sua defesa.
Ou como disse o presidente-agricultor do Uruguai: jornalistas devem atuar com honra. Honra, no caso, não equivale apenas à probidade, é sinônimo de consciência, de dignidade profissional.
Certezas desnorteadas
O presidente Lula afirmou na entrevista ao portal Terra que tem o direito de tomar partido, fazer propaganda, subir no palanque. Está errado. E com isso legitimou o palanquismo jornalístico.
Mas o presidente estava certo, certíssimo, quando denunciou as poucas famílias que dominam numa mesma região, jornais, rádios e TVs. No entusiasmo retórico, não lembrou do caso da família Sarney, que além de jornais, rádios e TVs é dona do Amapá e do Maranhão inteiros. Neste último controla até o Judiciário, o que lhe garante eterna impunidade. E, não satisfeita com este imenso poder, a família é dona do Legislativo federal.
E por que razão a mídia não destacou a denúncia presidencial que atinge em cheio o seu mais forte aliado político? Porque nossa mídia não quer ouvir falar em desconcentrar os meios de comunicação, mesmo nas cidades de pequeno ou médio porte, e mesmo sabendo que nos Estados Unidos existe há mais de 70 anos uma agência cuja missão primordial é evitar ou neutralizar a propriedade cruzada.
Em meio às desvairadas certezas, falta apenas uma boa dose de ceticismo. Com pitadas de ironia.
http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =609IMQ001
Por Alberto Dines em 28/9/2010
Em meio a tantas certezas, tanta exaltação e tanto fanatismo, que tal estas hipotéticas questões: e se o governo e a mídia estiverem igualmente errados?
O que aconteceria se Sócrates ressuscitado descesse de paraquedas na Praça dos Três Poderes, Brasília, DF, para lembrar ao presidente Lula que na sua lapela está sempre a miniatura do brasão da República brasileira e não a de um partido político? E se o pai da filosofia, mártir da liberdade de pensar, se voltasse para o reportariado aglomerado à sua volta e proclamasse que a verdade para ser aceita precisa soar como verdadeira?
Serenariam os ânimos? Uma coisa não deve ser esquecida, bravos guerreiros: o país cansou de rupturas. O vale-tudo, hoje, vale nada. É coisa de "paiséco", republiqueta.
Amarelo e marrom
Quem tem razão é este maravilhoso exemplar da alma latino-americana chamado José Mujica, presidente da República Oriental do Uruguai. Perguntado pelo repórter da Veja (29/9, págs. 19-23) sobre o que deve fazer um governante quando é criticado pela imprensa, ponderou:
"[Deve fazer] Nada. Deve suportar. Se reagir perde duas vezes, porque será atacado de novo. Tem de olhar para o outro lado."
E acrescentou:
"Jornalistas devem tentar atuar com honra. Depois, cada leitor ou telespectador deve interpretar o que leu ou ouviu. Quanto mais educada e qualificada for a população, maior diversidade haverá de opiniões, o é que muito bom."
E mais:
"Quando um governo se mostra mais tolerante à diversidade, acaba ajudando a formar uma imprensa respeitosa. Quando radicaliza nas suas políticas, no entanto, aí vai tudo pro diabo. Nesse caso, a imprensa se transforma em uma espada de luta e a coisa fica perigosa."
Sócrates, o filósofo redivivo, teria aplaudido com entusiasmo. Como certamente aprovaria este comentário escrito no Estado de S.Paulo (25/9, pág. A-31) pelo argentino Eduardo Bertoni:
"Os cidadãos estão perdendo a confiança nos meios de comunicação. De um lado, a imprensa é responsável perante o cidadão, motivo pelo qual o estabelecimento de padrões éticos ou profissionais pelo governo deve ser repudiado. Mas, de outra parte, esta perda de confiança beneficia os governos que querem levar à censura ou autocensura.
"Os jornalistas latino-americanos não podem correr o risco de perder a confiança do seu aliado mais natural. Se isso ocorrer, os governos se sentirão livres para agir contra a imprensa. Se essas medidas se consolidarem, não só perderemos um direito fundamental, mas a democracia estará correndo riscos."
Eduardo Bertoni não é jornalista, é um acadêmico, diretor do Centro de Estudos de Liberdade de Expressão da Universidade de Palermo, Buenos Aires. Tocou numa questão crucial que serve à realidade portenha e encaixa-se perfeitamente na situação brasileira: o jornalismo investigativo não pode ser confundido com panfletagem. A apresentação de denúncias tem regras rígidas: primeiro os fatos, depois as inferências. Primeiro a malfeitoria, o malfeitor, depois seus eventuais cúmplices ou protetores.
O inverso é cavilação, diabólico artifício para acender os holofotes antes do circo de horrores. Isso é um tipo de jornalismo que no mundo anglo-saxônico é designado como "amarelo" (yellow press) e aqui escureceu, tornou-se marrom. Uma imprensa que não faz questão de parecer confiável jamais conseguirá mobilizar os leitores em sua defesa.
Ou como disse o presidente-agricultor do Uruguai: jornalistas devem atuar com honra. Honra, no caso, não equivale apenas à probidade, é sinônimo de consciência, de dignidade profissional.
Certezas desnorteadas
O presidente Lula afirmou na entrevista ao portal Terra que tem o direito de tomar partido, fazer propaganda, subir no palanque. Está errado. E com isso legitimou o palanquismo jornalístico.
Mas o presidente estava certo, certíssimo, quando denunciou as poucas famílias que dominam numa mesma região, jornais, rádios e TVs. No entusiasmo retórico, não lembrou do caso da família Sarney, que além de jornais, rádios e TVs é dona do Amapá e do Maranhão inteiros. Neste último controla até o Judiciário, o que lhe garante eterna impunidade. E, não satisfeita com este imenso poder, a família é dona do Legislativo federal.
E por que razão a mídia não destacou a denúncia presidencial que atinge em cheio o seu mais forte aliado político? Porque nossa mídia não quer ouvir falar em desconcentrar os meios de comunicação, mesmo nas cidades de pequeno ou médio porte, e mesmo sabendo que nos Estados Unidos existe há mais de 70 anos uma agência cuja missão primordial é evitar ou neutralizar a propriedade cruzada.
Em meio às desvairadas certezas, falta apenas uma boa dose de ceticismo. Com pitadas de ironia.
http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =609IMQ001
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: Imprensa vendida
http://betobertagna.com/2010/10/05/dois ... o-estadao/
Por Maria Rita Kehl, para o O Estado de S.Paulo
Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.
Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.
Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.
O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.
Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.
Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.
Por Maria Rita Kehl, para o O Estado de S.Paulo
Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.
Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.
Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.
O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.
Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.
Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Imprensa vendida
Botafoguense que posta Macelo Madureira, secundado por Mainardi, desqualifica a si mesmo.Paisano escreveu:
Será que preciso lebrar o que disse o colunista (ou seria, "colonista"?) amigo do humorista, sobre a necessidade soberana das FFAA?
Em tempo: O único casseta que tinha graça, morreu.
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
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Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
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Re: Imprensa vendida
merecia um processozinho esse aí. É esse o problema, confundir liberdade de imprensa com falta de respeito, ofensas etc. Mas como o Casseta tá em decadência desde que, como bem lembrado pelo Ilya, seu principal componente faleceu, e como quem está na companhia de bancada tem vínculos com esfera e leia, não se podia esperar atitudes diferentes. Lamentável atitude de usar um espaço para uma atitude eleitoreira, mascarada de livre opinião pessoal!
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Re: Imprensa vendida
Rodrigoiano escreveu:merecia um processozinho esse aí. É esse o problema, confundir liberdade de imprensa com falta de respeito, ofensas etc. Mas como o Casseta tá em decadência desde que, como bem lembrado pelo Ilya, seu principal componente faleceu, e como quem está na companhia de bancada tem vínculos com esfera e leia, não se podia esperar atitudes diferentes. Lamentável atitude de usar um espaço para uma atitude eleitoreira, mascarada de livre opinião pessoal!
Só para lembrar, caro Rodrigo...
O sr. Mainardi, cujas cabeças de pouco brilho, costumam idolatrar, defendeu a extinção das nossas FFAA por serem desnecessárias. Para ele, o exemplo é a Costa Rica...
Esta é a voz da nossa direita. A imagem: José Serra.
Sou brasileiro, defendo o meu país: Serra nunca!
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Re: Imprensa vendida
É, mas tem algo de errado com a imprensa, ao menos a televisiva, mesmo: os bancários estão em greve desde a semana passada e é como se nada estivesse acontecendo, nem um pio...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Imprensa vendida
Começando o segundo tempo dos ataques a candidatura da Dilma, agora no inicio mais velado, já tão falando de novo de quebra de sigilo e de Erenice, e de novidade tem a reunião do presidente com os correligionários no planalto e a historia do aborto.
Pra variar nenhuma materia criticando Serra e cia, quanto mais perto do dia 31 mais merda no ventilador vão jogar, só tão aquecendo de novo.
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O Troll é sutil na busca por alimento.
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Re: Imprensa vendida
Marina deixo pro dia 17 sua opinião. Ou seja, vai ser nas portas da eleição o que deverá limitar o efeito de sua escolha.
Mas obviamente se ela escolher PSDB vão fazer até especial se brincar
Se nao me engano perto do dia 10 tem debate da band!
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Re: Imprensa vendida
Prezado Túlio, aqui em Goiânia, cerca de 90% das agências da Caixa estão de greve. 60/70% do BB. Os bancos particulares estão funcionando normalmente (na greve anterior faziam "rodízio"). Será que o sindicato de todos eles é uno? Porque acho estranho tal greve, justo no período eleitoral. Os particulares tanto faz, podem ter aumento. O BB, não tenho certeza, mas como é de economia mista, também deve poder. Mas, e a Caixa? Ela é estatal e não pode haver aumentos por agora. Além do mais, pela exclusividade de vários de seus serviços, muitos para pessoas carentes e aposentados, creio que deveria ser decretada imediatamente a ilegalidade do movimento ou, pelo menos, um percentual mínimo de agências funcionando. Creio que muitas pessoas necessitam muito. Tem caráter alimentar inclusive, de quem só recebe pela Caixa, por exemplo. Os bancos lucram muito, abusam muito dos empregados/funcionários e precisam dar aumento devido. Mas tem que respeitar a sociedade também. Aliás, uma coisa que nunca entendi e que deveria ser revista, é a questão do horário de funcionamento. Pior do que só abrir 6 horas (pq não 7 ou 8?) e começar só as 10 da manhã!Túlio escreveu:É, mas tem algo de errado com a imprensa, ao menos a televisiva, mesmo: os bancários estão em greve desde a semana passada e é como se nada estivesse acontecendo, nem um pio...
Mas que tal greve justo agora soa com segundas intenções, soa...
Grande abraço!
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Re: Imprensa vendida
Essas greves dos Bancários é uma piada, eles param o atendimento ao cidadão comun mas as movimentações continuam e o atendimento as empresas também, ou seja, o povo que se fode e os bancos ainda sai ganhando já que uma grande parcela da população não consegue tirar o dinheiro do banco, ficando um tempinho a mais para os ganhos dos bancos.
Bando de safado.
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