knigh7 escreveu:Leandro,
Uma dúvida técnica:
O nível tecnológico de se enriquecer o urânio a 20% nos habilitaria, se quisermos a aumentar para 95%? Ou então a produzirmos Plutônio com grau de pureza para ser usados num artefato nuclear?
Eu não concordo que tenhamos a bomba atômica, isso nos traria pressòes internacionais intensas, mas sim capacidade para produzi-la num curto espaco de tempo. E que tenhamos misseis balísticos (um VLS adaptado) para poder atacar um alvo a milhares de Km.
Abracos
Olá Knigh7,
Desculpe a demora em responder, mas tenho andado meio ocupado.
A infra-estrutura para enriquecimento de urânio é sempre a mesma, uma série de centrífugas ou de sistemas de difusão gasosa (tecnologia que está ficando obsoleta). Para produzir combustível de reatores as unidades são operadas em paralelo, produzindo várias toneladas de urânio levemente enriquecido (até 20%) em um dado tempo. Já se você utilizar as mesmas centrífugas em série, então poderá produzir alguns quilos de urânio "bomb grade" no mesmo temo. A capacidade de produção de combustível para reatores necessária para atender nossas 3 centrais nucleares previstas (Angra I, II e III) equivaleria à necessária para fabricar até algumas dezenas de bombas nucleares por ano, se as centrifugas fossem utilizadas do modo adequado.
Já o plutônio não utiliza nada disso, ele pode ser produzido em aceleradores de partículas ou em reatores de radiosótopos. A produção em aceleradores gasta uma enormidade de energia e portanto não é utilizada na prática (teoricamente é possível evitar isso, mas que eu saiba esta tecnologia não é pesquisada), então o que se usam são os reatores. Este tipo de reator pode ter seu núcleo montado de diferentes maneiras, resultando em proporções de produtos radioativos diferentes. Pode-se privilegiar os radiofármacos, elementos para aplicação industrial ou plutônio, o que se desejar.
Quanto ao míssil o buraco é mais embaixo, o VLS adaptado seria o pior míssil nuclear imaginável, pois até como lançador de satélites ele é muito ruim. O correto seria já estarmos trabalhando em um foguete mais prático para o lançamento de satélites, com motores maiores (acima de 35 toneladas, contra as 8 do VLS). Este sim poderia ser adaptado para um ICBM prático.
Um abraço,
Leandro G. Card