Crise Econômica Mundial

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marcelo l.
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Re: Crise Econômica Mundial

#1861 Mensagem por marcelo l. » Sáb Set 04, 2010 2:16 pm

Uma constante em filmes de terror para adolescentes é o vilão imortal: não interessa quantas vezes o herói (ou heroína) mate o abantesma, no filme seguinte ele reaparece forte e cruel, como se nada houvesse ocorrido. O mesmo ocorre em debates econômicos, das propostas para fechar a economia à opinião que “um pouquinho de inflação ajuda o crescimento”. Outro exemplo é a ideia que as importações podem prevenir indefinidamente a aceleração da inflação, argumento muito empregado, por exemplo, em 2007, quando a inflação estava abaixo da meta e não faltava quem afirmasse, às vésperas de forte aceleração inflacionária, que as importações haviam alterado permanentemente a dinâmica dos preços.

Há, a bem da verdade, dois canais pelos quais o comércio internacional pode afetar os preços domésticos, ambos, porém, sujeitos a limites. O mais direto refere-se à competição entre o produto nacional e o importado, isto é, o preço em reais do produto importado (considerados fretes, impostos, etc.) funcionaria como um teto para os preços locais, mesmo que a importação não se efetive.

Contudo, o limite para o funcionamento deste mecanismo é óbvio. No caso de produtos que não sejam sujeitos à concorrência internacional (bens não-comercializáveis) a eficácia das importações para disciplina de preços é virtualmente nenhuma. Aluguéis podem ser muito mais baratos em Karachi do que em São Paulo, mas ninguém viajaria diariamente para o Paquistão por este motivo.

Esta questão se torna ainda mais relevante quando lembramos que, mesmo no caso de bens que podem ser importados e exportados a custos reduzidos (bens comercializáveis) há uma fração significativa de não-comercializáveis. A carne comprada em supermercado, para ficar num exemplo, contém uma medida considerável de serviços como aluguéis, transporte, etc., cujos preços não são sujeitos à competição internacional. Posto de outra forma, é provável que o preço da carne no atacado siga de perto preços externos, mas, quando chega no varejo, esta ligação se torna bem mais tênue.

Resta, porém, o segundo canal, menos intuitivo, mas ainda relevante. Numa economia aberta ao comércio internacional nem todo aumento da demanda doméstica precisa ser atendido por expansão correspondente da produção. Isto significa que capital e trabalho (mais o segundo que o primeiro) que seriam utilizados na produção de bens substituídos pelas importações são postos à disposição dos setores produtores de bens não-comercializáveis. Mesmo que as importações não possam substituir diretamente bens não-comercializáveis, elas permitem um aumento da produção destes bens ao liberar recursos que seriam usados em outros setores.

Assim, é possível que a demanda doméstica cresça mais rápido do que seria permitido pela disponibilidade de recursos e tecnologia locais, isto é, acima do crescimento do produto potencial da economia, sem que isto se traduza necessariamente em pressão sobre a utilização dos recursos e, portanto, em aceleração inflacionária. Concretamente, numa economia aberta, a oferta adicional de importações reduz a pressão sobre o mercado de trabalho e, portanto, sobre os salários, implicando menores tensões inflacionárias.

Entretanto, é absolutamente necessário traduzir este argumento em números para saber seu exato alcance. Vamos supor que o Brasil possa sustentar indefinidamente uma taxa de expansão do produto da ordem de 5% ao ano, algo superior à maior parte das estimativas do crescimento do PIB potencial (incluindo as nossas), que tipicamente se situam entre 4% e 4,5% ao ano. Dada a expansão da demanda doméstica (relativamente ao PIB potencial), a que ritmo deveriam crescer as importações (relativamente às exportações) para evitar pressões inflacionárias?

O gráfico sugere a resposta: grosso modo, cada ponto percentual a mais de crescimento da demanda doméstica além do crescimento potencial requer que as importações cresçam de 8% a 9% ao ano mais rápido que as exportações, essencialmente porque importações equivalem a apenas 10% do PIB. Não é por acaso, pois, que as importações crescem aceleradamente e que a insistência em fechar ainda mais o país ao comércio é, na verdade, uma proposta oportunista de setores que pretendem aumentar seus preços.


Imagem

Isto dito, os limites para a ação antiinflacionária das importações ficam claros. Além da questão dos bens não-comercializáveis, a pouca exposição do país ao comércio internacional requer taxas de crescimento da importação provavelmente insustentáveis a médio e longo prazo. A verdade é que, mesmo no caso de uma economia aberta, a demanda doméstica não pode se distanciar indefinidamente do PIB potencial. Importações ajudam no curto prazo, mas não resolvem o problema universal da escassez.

http://www.maovisivel.blogspot.com/




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Re: Crise Econômica Mundial

#1862 Mensagem por marcelo l. » Sáb Set 04, 2010 2:19 pm

Desindustrialização e o Pato Donald
Autor(es): Pedro C. Ferreira e Renato Fragelli
Valor Econômico - 03/09/2010



Não será advogando políticas que só beneficiam a indústria que se conseguirá acelerar o crescimento do país

A despeito da celeuma recente sobre uma suposta desindustrialização do país, não há evidência forte de que isso venha ocorrendo. Ao contrário, a indústria nacional tem crescido a taxas bastante altas. Isso não impediu aqueles que sempre preconizaram a desvalorização cambial como estratégia para combater os efeitos nefastos da desindustrialização de insistirem nos mesmos argumentos, agora como medida de combate aos supostos efeitos negativos da "re-primarização" da pauta de exportações.

Os efeitos presumidamente negativos das exportações de commodities sobre a economia brasileira carecem de base empírica e teórica, bem como agridem o bom senso. Não há estudos relevantes estimando o efeito da composição da pauta de exportação sobre crescimento. Pode-se identificar a origem dessa ideia na tradição do pensamento dito "desenvolvimentista". A premissa - ou dogma - é que a indústria seria (sempre) o setor mais dinâmico da economia, aquele onde se daria a adoção e criação de novas tecnologias, o setor que puxa a reboque os outros. Uma vez aceita essa hipótese, segue-se como prescrição de política econômica que qualquer fator que pareça prejudicar a indústria - valorização cambial, abertura comercial, juros elevados etc. - deveria ser "corrigido" o mais rapidamente possível, independentemente dos custos implicados por tal decisão sobre o resto da economia.

A ênfase excessiva na industrialização ignora dois fatos importantes. O primeiro é que inovação tecnológica não é prerrogativa do setor industrial. Numa semente de soja produzida no Cerrado há embutidos bilhões de dólares em pesquisa desenvolvida pela Embrapa e empresas privadas. A tecnologia gerada por essas pesquisas foi responsável por um espetacular aumento de produtividade de muitas outras culturas no país, bem como da agroindústria. As exportações agrícolas dispararam não só porque a demanda externa cresceu, mas porque o Brasil tornou-se tecnologicamente avançado e altamente competitivo.

O segundo fato ignorado é que, ao longo de suas trajetórias de crescimento, os países sofrem uma transformação estrutural em que o trabalho é inicialmente realocado da agricultura para indústria - tal como na China atual, e no Brasil dos anos 1950 a 1970 - e, posteriormente, da indústria para os serviços. Na Espanha, por exemplo, entre 1960 e 2000, o emprego na agricultura caiu de 42% do total para 7%; na indústria, de 34% para 30%; enquanto no setor de serviços, saltou de 24% para 63%. Na Bélgica, no mesmo período, o emprego na agricultura caiu de 29% do total para 2%; na indústria de 28% para 23%; enquanto nos serviços cresceu de 43% para 75% do total. Números semelhantes se observam nos países mais avançados do planeta.

Há cerca de 20 anos, as ações da U.S. Steel foram substituídas pelas da Walt Disney no índice Dow Jones. Isso não significa que, para a economia americana, uma chapa de aço seja menos importante que o Pato Donald ou o Buzz Lightyears. Mas constitui um sinal da influência do setor de entretenimento e, de forma mais geral, do setor de serviços no PIB americano.

Uma inexorável consequência do crescimento do setor de serviços é o fato aritmético de que a produtividade média da economia, bem como sua taxa de crescimento, serão largamente influenciadas, senão determinadas, pelo que ocorre nesse setor. O desempenho da indústria continuará a impactar positivamente muitos subsetores do terciário, mas é pouco provável que um setor que tende a recuar para 20% da economia determine o desempenho agregado.

Aqui se encontra um grave problema brasileiro: nos anos recentes, o setor terciário cresceu a uma taxa muito baixa, tanto em comparação com outros países quanto com outros setores domésticos. No início dos anos 1950, segundo dados do Groningen Growth and Development Centre, a produtividade do setor de serviços (excluindo setor público) no Brasil era de cerca de um quarto do observado nos EUA. Se isto já era ruim, em 2005 a situação tornou-se bem pior: a produtividade média caiu para cerca de um décimo da americana! Em termos relativos, andamos para trás, pois enquanto a produtividade no setor terciário americano aumentou 250%, no período, aqui cresceu menos de 20%.

Em resumo, como em todos os países de renda média e alta, o Brasil tende a se tornar uma economia com predominância do setor de serviços, mas é justamente nesse setor que a produtividade está quase estagnada. Os economistas brasileiros não têm se dedicado ao estudo do setor terciário com a mesma intensidade que estudam a indústria e agricultura. Não será advogando políticas que somente beneficiam a indústria, ou criando falsos problemas como a "re-primarização" da pauta de exportações, que se conseguirá acelerar o crescimento futuro do país. É preciso identificar o que fazer para que, em alguns anos, o Cebolinha e a Turma da Mônica façam parte do Ibovespa, isto é, como aumentar o dinamismo e a produtividade dos setores de entretenimento, comércio, transporte, turismo, entre outros.

Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fragelli Cardoso são professores da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas




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Re: Crise Econômica Mundial

#1863 Mensagem por Bourne » Sáb Set 04, 2010 3:02 pm

tflash escreveu:Não se esqueçam que para a EADS vender airbus na china e outros produtos de alta tecnologia vendidos por grandes grupos, coisas que os chineses (ainda) não fabricam, sacrificou-se o resto da indústria europeia.

O que os grandes grupos europeus querem é que na Europa se começe a ganhar e trabalhar como na china.

recebi isto por mail, infelizmente está em inglês:
Olhe bem, isso é parte do projeto de integração européia. Está lá nos documentos. :|




Enlil
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Re: Crise Econômica Mundial

#1864 Mensagem por Enlil » Qui Set 16, 2010 2:53 pm

Como sempre, é a base q se @#%¨&*!":

>

Atualizado em 16 de setembro, 2010 - 14:22 (Brasília) 17:22 GMT

EUA têm maior número de pobres em mais de 50 anos

Alessandra Corrêa
Da BBC Brasil em Washington


O número de pessoas pobres nos Estados Unidos cresceu pelo terceiro ano consecutivo, passando de 39,8 milhões em 2008 para 43,6 milhões em 2009, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo órgão responsável pelo censo do país.


O número, o maior nos 51 anos, reflete ainda o impacto da crise financeira mundial sobre a economia americana.

A taxa de pobreza no país passou de 13,2% em 2008 para 14,3% em 2009, a maior desde 1994. Isso significa que, no ano passado, um em cada sete americanos vive na pobreza.

O escritório do censo considera pobre uma pessoa sozinha que ganhe até US$ 11,2 mil (cerca de R$ 19,2 mil) por ano.

No caso de famílias com dois adultos e duas crianças, são consideradas pobres as que têm renda anual de até US$ 21,8 mil (cerca de R$ 37,5 mil).

Crise


Os dados divulgados nesta quinta-feira são referentes ao primeiro ano de governo do presidente Barack Obama, durante a fase mais aguda da crise econômica global.

A lenta recuperação da economia americana após a crise é um dos principais problemas enfrentados pelo presidente.

A taxa de desemprego no país chegou a 10% e atualmente está em 9,6%, sem perspectivas de baixa no curto prazo.

Entre a população jovem (abaixo de 18 anos) a taxa de pobreza é ainda maior, passando de 19% em 2009 para 20,7% no ano passado.

“O aumento na pobreza infantil que observamos em 2009 é um duro golpe para o nosso país e para a nossa economia”, disse o economista Harry Holzer, da Universidade de Georgetown.

“Os custos da pobreza infantil permanecerão por muitos anos na forma de baixo desempenho escolar, trabalhadores menos produtivos e maiores gastos com saúde.”

Segundo o escritório do censo, o número de pessoas sem plano de saúde aumentou de 46,3 milhões em 2008 para 50,7 milhões em 2009.

Esse aumento, de acordo com os analistas do órgão, ocorreu principalmente por causa da perda de planos de saúde pagos pelos empregadores durante a recessão.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... sorg.shtml

>

O q interessa mais 4 milhões de pé rapados perto da "saúde" do mercado (matrix) financeiro...




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LeandroGCard
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Re: Crise Econômica Mundial

#1865 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Set 18, 2010 8:15 pm

Quando é o calo deles que dói, a receita é outra.

Ou será que são todos idiotas e não sabem o que fazem?
Países promovem 'guerra de moedas'

Governos desvalorizam câmbio para proteger indústria e garantir exportação

Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo

GENEBRA - Dois anos após a quebra do banco Lehman Brothers, economistas, a ONU e até governos dizem que o mundo dá sinais de ir na mesma direção da "guerra das moedas" iniciada em 1931, após a quebra da Bolsa de Nova York. Naquele ano, o banco central inglês desvalorizou a libra esterlina em 24%, medida seguida por vários países. Os Estados Unidos acabariam tomando o mesmo caminho em 1933.
Gustavo Franco: 'Não há como evitar alta do real'

Ao desvalorizar suas moedas - ou pelo menos impedir sua valorização -, governos tentam proteger suas indústrias nacionais e garantir renda com as exportações. Na prática, exportam suas crises a seus vizinhos.
Um relatório da ONU constatou, porém, que o mais preocupante é que não existe nenhuma lei ou mecanismo nos organismos internacionais que impeçam países de usar a moeda para uma "desvalorização competitiva". Para tornar a situação mais complexa, países que raramente intervêm no cambio e defendem a flutuação de moedas mudaram radicalmente a postura.

O primeiro país industrializado foi a Suíça. Em 2009, US$ 37 bilhões das reservas do país foram gastos para segurar a valorização da moeda. Em 2010, já foram mais US$ 14 bilhões.

Nesta semana, o Japão anunciou medidas para manipular o iene e tentar garantir a retomada das exportações. A moeda havia atingido a maior alta em relação ao dólar em 15 anos. O primeiro-ministro Naoto Kan defendeu a medida, dizendo que o iene havia chegado a níveis "que não poderiam mais ser permitidos". Na Europa e EUA, a medida foi recebida com surpresa e preocupação. Para Jean-Claude Juncker, presidente da zona do euro, "ações unilaterais não são a maneira apropriada de lidar com desequilíbrios globais". Já o presidente do Comitê de Finanças do Congresso americano, Sander Levin, classificou de "preocupante" a ação do Japão, porque enfraquece o poder dos EUA de convencer a China a não mais manipular sua moeda, o Yuan. Na prática, as medidas na Suíça e Japão impedem que a China seja acusada de ser a única a manipular sua moeda. O Congresso americano calcula que o yuan esteja 40% abaixo do nível considerado mais realista. Várias queixas foram iniciadas na Organização Mundial do Comercio (OMC) pelos americanos contra a China, para pressionar Pequim a rever sua moeda.

Na Alemanha, o euro desvalorizado também favoreceu as exportações da maior economia da Europa. Nos primeiros seis meses de 2010, as exportações alemãs aumentaram 17%, enquanto o mercado doméstico se mantém estagnado. Na prática, portanto, o país exportou sua crise. Para o Brasil, a alta nas vendas foi de 61,4%. Para a China, 55%.

Mas o uso das moedas para acertar as contas nacionais também passou a ser usado por países em desenvolvimento. No Brasil, o Banco Central se mobiliza para defender o real valorizado. No início do ano, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, desvalorizou o bolívar em até 50% para aumentar renda de exportações de petróleo e contrabalançar a inflação de 25%. Na Colômbia, o novo governo de Juan Manuel Santos também embarcou em um esforço para impedir a valorização da moeda. O país já gastou US$ 20 milhões por dia de suas reservas entre março e junho para evitar a valorização do peso colombiano, que já chegou a 13% em 2010.

Em agosto, Viena também atuou para desvalorizar sua moeda em 2,1% para conter um déficit que já chega a US$ 7,2 bilhões no ano, o dobro de 2009. Na África do Sul, um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicou que o rand estaria 15% acima de um nível considerado adequado para as exportações e recomendava o governo a atuar para desvalorizar a moeda.

A Rússia já promoveu sua principal desvalorização entre 2008 e 2009, vendendo 25% de reservas e ouro. Mas nem assim conseguiu conter a queda nas exportações. Ucrânia, Casaquistão, Bielo-Rússia e Letônia vivem um dilema entre desvalorizar a moeda para exportar mais para a Rússia ou mantê-la forte para poder pagar os juros das dívidas externas. A Bielo-Rússia já optou pela desvalorização da moeda em 20%. Na Ucrânia, a queda foi de 40%.
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Re: Crise Econômica Mundial

#1866 Mensagem por marcelo l. » Sáb Set 25, 2010 9:54 am

http://www.nytimes.com/roomfordebate/20 ... ery-at-all


Tyler Cowen is a professor of economics at George Mason University. His blog, Marginal Revolution, covers economic affairs.


I see it as premature to conclude that the bottoming out is over, even if the formal conditions for the “end of the recession” have been satisfied. I see a few major problems:

1 . The private mortgage market is far from self-sustaining and government-sponsored enterprises are still required to keep the mortgage market going. The lack of private sector interest suggests that capital markets still expect real estate prices to fall. Our government is propping those prices up, in part because further falls might necessitate an additional bailout of the banks. It’s not obvious that our economy will see a smooth landing here.

2 . Economies are generally slow to pull themselves out of “deleveraging” recessions. It can take 10 years or more, and we are only a few years into this process. As long as the deleveraging is going on, is very hard for government to stimulate the economy successfully.

3 . Many countries, including the United States, are making plans on the basis that China will continue to grow robustly and that the European Monetary Union will hold together. In reality, China has had 30 years of rapid growth; historically, developing countries tend to have periodic booms and busts and so China is overdue for a slowdown. The country also has a real estate bubble and lots of excess capacity. A partial break-up of the eurozone would bring considerable economic and financial volatility, with potential fallout for the United States.

None of these problems is behind us and in the meantime we are suffering under uncertainty. That’s part of the reason why the recovery has been so unspectacular. In part it looks like a recovery only because things were, for a while, so extremely bad. I don’t yet think of us as being in a true recovery mode at all.

Obviously, this isn’t good news, but there is a potential silver lining. It means that when a true recovery comes, it could look quite a bit better than what we are currently experiencing. In the meantime I would warn people not to go around with too many strong presuppositions about how much recovery we have seen so far.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1867 Mensagem por Penguin » Sáb Set 25, 2010 10:02 am





Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: Crise Econômica Mundial

#1868 Mensagem por marcelo l. » Seg Set 27, 2010 3:56 pm

Fernando Dantas/RIO - O Estado de S.Paulo

ENTREVISTA

Um dos principais arautos dos fortes avanços sociais brasileiros em termos de renda e queda da desigualdade nesta década, o economista Marcelo Neri vê grandes oportunidades e grandes riscos para o próximo governo.

Diretor do Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio, Neri detalhou, em dezenas de trabalhos ao longo dos últimos anos, a grande redução da pobreza e a emergência da classe C, a nova classe média popular.

O economista vê o progresso recente como a resultante de uma década e meia de boas políticas econômicas e sociais, iniciadas com o Plano Real, que afetaram principalmente a renda do trabalho - mais importante para a queda da desigualdade e da pobreza do que as transferências sociais. Ele defende mudanças no Bolsa-Família, e, de forma polêmica, o fim dos reajustes reais do salário mínimo.

Para Neri, depois de "dar os pobres aos mercados", como consumidores, é hora "de dar os mercados aos pobres", o que significa "tratá-los como protagonistas de sua história, e menos como sujeitos passivos, receptores de transferências de dinheiro público". Para ele, é preciso "dar asas" ao potencial produtor dos pobres, com programas como microcrédito e microsseguro. Neri também alerta contra a ideia de que o Estado pode tudo. Uma lição errada, na sua opinião, a ser tirada da crise global. A seguir, a entrevista.

Quando começa a grande melhora social brasileira?
Quando se analisam as séries sobre pobreza, sobre a nova classe média, verifica-se que há um primeiro salto importante no Plano Real. A pobreza teve uma queda grande, de mais de 20%, em dois anos. O fim da inflação trouxe estabilidade para se planejar o futuro. Em 2003, foi iniciado um processo semelhante, que, em seus dois primeiros anos, foi parecido com o que houve no Real. Só que, dessa vez, o processo continuou, e atingiu uma magnitude duas vezes e meia maior do que a do Real.

E o que explica esse avanço?

Por um lado, a redução da desigualdade: ela vem caindo, no Brasil, desde 2001. Por outro, a volta do crescimento a partir de 2004, com geração de emprego, especialmente de emprego formal. Acho que o "Real do Lula" acontece quando se junta a redução da desigualdade com a volta do crescimento. Aí vem uma redução mais forte na pobreza, um aumento da classe C. E vem também sustentabilidade política, porque as pessoas de renda mais alta também estão melhorando. É diferente do período entre 2001 e 2003, quando a desigualdade caía, mas com a economia estagnada. Aí, os pobres ganhavam, mas o topo perdia. E houve ainda, com o Lula, o que considero um novo choque de estabilização da economia, não em relação à inflação, mas à manutenção dos contratos. Havia uma aposta contra, os indicadores de risco dispararam. E aí veio o choque de confiança, que ajuda no investimento e na contratação de mão-de-obra.

Quais são os números mais emblemáticos desse processo de melhora?

Em primeiro lugar, a redução da pobreza. Foi uma queda quase pela metade, de 45,5%, de 2003 a 2009. A meta do milênio é de reduzir em 50% em 25 anos. Portanto, o que fizemos é quase 25 anos em seis. Já a classe C, que é olhar um pouco mais acima na distribuição, tem um aumento mais ou menos de 29 milhões de pessoas no mesmo período. Se somar as classes A, B e C, são 35 milhões de novas pessoas ingressando na classe média, mesmo com o ano de crise em 2009. Em relação à desigualdade, a renda dos 10% mais pobres cresceu em termos reais, em seis anos, algo como 7% ao ano, o que não está muito distante do ritmo do milagre dos anos 70, enquanto os 10% mais ricos cresceram 1,5%. Os mais pobres estão tendo um crescimento quase cinco vezes maior do que os mais ricos. Isso provoca essa forte redução da pobreza.

E em 2010?

Bem, a última PNAD foi a de 2009, mas eu diria que o melhor momento é exatamente agora, como se pode ver em outras bases de dados. Foram gerados 1,95 milhão de postos de trabalho em oito meses do ano, e eu diria que vai a 2,2 milhões com alguma facilidade. Isso não é só o recorde da série, mas o recorde com folga. A distância do recorde deste ano em relação ao recorde anterior vai ser o número de empregos que se gerava a cada ano - vai ser o diferença só da mudança de patamar. O Brasil gerava de 600 mil a 700 mil empregos formais por ano, até 2003, em 2004 dobrou o patamar, e agora estamos indo para outro nível. Não sei se será mantido, mas, este ano, em que se gera pouco emprego formal no mundo, como se vê nos países desenvolvidos, estamos batendo nosso recorde.

A pobreza e a desigualdade caíram por causa dos programas sociais?

Eles ajudaram, sem dúvida, mas o grande destaque é a renda do trabalho. Basicamente, 70% do aumento de renda média, e 2/3 da redução da desigualdade no Brasil desde 2003 se deve à renda do trabalho. No Nordeste, que seria a terra dos programas sociais, a chamada economia sem produção, a renda do trabalho e a renda total crescem na mesma taxa, ou seja, há algo mais sustentável no Nordeste do que se pensa.

Por que isso está acontecendo?

Provavelmente as pedras fundamentais foram colocadas lá no Plano Real, que deu estabilidade para o governo e para as empresas, e proporcionou as condições de se pensar o futuro, uma agenda mais estrutural, e, inclusive, se pensar em colocar todas as crianças na escola. Os resultados que vemos hoje têm por trás um longo período de boas políticas econômicas e sociais, e o Plano Real talvez tenha sido o momento inicial desse processo.

A educação está ligada ao aumento da renda do trabalho?

Sim. Nós tínhamos 16% das crianças de 7 a 14 fora da escola em 1990, em 2000 esse número já tinha caído para 4% e agora está em 2%. Então, à medida que essas crianças, que eram adolescentes nos anos 90, chegaram ao mercado de trabalho, com a inflação baixa, a sociedade sabendo que não viria mais um plano econômico maluco para embaralhar as cartas, a economia começou a produzir esse crescimento chinês na base da distribuição. Houve abertura da economia, estabilização, reforma meia-sola da Previdência, privatização. Isso traz custos imediatos mas, em prazo mais longo, a economia ganha competitividade. E as próprias crises dos anos 90 obrigaram o Brasil a fazer o dever de casa, com ajuste fiscal, o Proer, que deu solidez ao sistema bancário, etc.

Como o sr. avalia o governo Lula na área social?

Bem, a primeira coisa a ser dita é que a trajetória do Lula coincidiu com a trajetória dos pobres do Brasil. Ele criou uma relação com as pessoas, que projetam no líder o que está acontecendo na vida delas. Se Getúlio é o pai dos pobres, o Lula não é o pai dessa nova classe média, ele é a classe média, ele a representa e simboliza. O melhor exemplo de ascensão social no Brasil é o próprio Lula. Ele tem uma capacidade de comunicação fora do normal, e com isso ele blinda o seu governo contra qualquer ataque. Em termos de política social, acho que ele foi intuitivo, aprendeu rápido e deu as respostas corretas.

Poderia especificar melhor?

O governo Lula começou com o pé esquerdo na área social. O Fome Zero era uma colcha de retalhos, não tinha uma lógica. Mas Fome Zero acabou virando um slogan e o governo Lula foi o maior programa de treinamento no emprego já realizado - eles aprenderam muito rápido! Em outubro de 2003 já haviam lançado o Bolsa-Família. O Lula viu as contas, percebeu que o Bolsa-Família custava barato e resolveu botar ficha. O Bolsa-Escola e o Bolsa-Alimentação são o embrião original do Bolsa-Família, mas o Lula pegou para si essa bandeira e lhe deu escala.

Na educação a história não é a mesma.

Na educação há um processo que começou lá no Saeb, em 1995, e no qual o governo Lula botou mais ficha, fazendo o Prova Brasil, para levar a todas as escolas públicas avaliações de qualidade. De início, todo mundo era contra, porque já tinha o Saeb, hoje se viu que o novo programa tem metas, tem transparência. Na educação, como na desigualdade, a gente olha muito a fotografia, que ainda é péssima. Mas, para influenciar os indicadores, inclusive de emprego e renda, o que interessa é a mudança,

Mas a qualidade de educação não continua estagnada num nível muito baixo?

Não dá para comparar nível de proficiência quando se tinha 16% crianças fora da escola, e, hoje, quando se tem 2%. A gente está avaliando quem não era avaliado, e é natural que houvesse uma queda. E agora a nota voltou ao nível de 1995, com todo mundo na escola, e já se começa a notar uma melhoria. A boa notícia é que já sabemos quão ruim é a nossa escola. Temos avaliações de todas as escolas públicas de dois em dois anos. Hoje, a escolaridade média avança e já temos metas traçadas para a qualidade, seja pela sociedade civil, seja pelo governo federal. Essa, aliás, deveria ser a grande agenda dos próximos dez anos.

Por falar em agenda, qual deveria ser a próxima etapa na área social?

Como disse, o mais importante é a educação de qualidade. Já temos as metas, queremos chegar em 2022 como nível que a OCDE tinha em 2005, que é o nível das nossa escolas privadas. No mais, eu acho que, nos últimos anos, a gente deu os pobres para os mercados, criando essa nova classe média. Foi o que manteve as rodas da economia girando, durante a crise, quando o problema era falta de demanda. E creio que chegou a hora de inverter os termos desse processo e dar os mercados aos pobres.

Pode explicar melhor essa virada?

Dar mercado aos pobres significa tratá-los como protagonistas de sua história, e menos como sujeitos passivos, receptores de transferências de dinheiro público e de crédito ao consumo, consignado aos benefícios. O lado produtor foi reforçado nos últimos anos, como já vimos, mas é preciso dar asas ao potencial dos pobres. Concretamente, falo de temas como o microcrédito e o microsseguro. O microcrédito é o crédito produtivo popular, fundamental para o espírito empreendedor da baixa renda. O Crediamigo (do Banco do Nordeste), que cobre 60% do mercado nacional de microcrédito, gera aumento de lucro de seus clientes, como empresas informais de fundo de quintal, mercearias, etc, de 13% ao ano. Para seus clientes, a probabilidade de quem era pobre sair da pobreza em 12 meses é 60% contra 2% da probabilidade do movimento em sentido contrário. Mas dar mercado aos pobres inclui também agendas de transporte, segurança e sobretudo educação, incluindo a profissional. E ter também políticas de demanda, de acesso a mercados consumidores, com cooperativas, comércio eletrônico, compras governamentais, etc.

Como vê o futuro do Bolsa-Família?

Acho importante a discussão - que ainda está muito acanhada - sobre o Bolsa-Família 2.0. Penso que se pode dar ainda um pouco mais de escala ao programa, aumentar o número de pessoas, com um custo-benefício, em termos fiscais, muito baixo. Agora, o Bolsa-Família, na verdade, é uma grande plataforma, um caminho pavimentado na direção dos pobres. Por meio do Cadastro Único, é possível montar programas específicos para qualquer localidade, e fazer política para os pobres fica muito fácil. A gente sabe quem são os pobres, onde moram, sabe o endereço bancário. Temos uma tecnologia, que custa pouco, para dirigir a eles melhores serviços sociais, educação, saúde, assistência, crédito.

O que se poderia mudar no programa?

Acho que também se poderiam criar prêmios por notas, cobrar desafios maiores para essas famílias pobres. O aluno vai ganhar mais se ele melhorar de nota. Não é, claro, pelo nível da nota, porque assim os menos pobres iriam ganhar - o que importa é a mudança de nível da nota. Outra linha de aprimoramento do Bolsa-Família, cujo debate não vai para a frente no Brasil, é o de tirar o desincentivo ao trabalho inerente ao programa. Nos Estados Unidos, há um mecanismo pelo qual uma pessoa que obtém um emprego não perde um determinado benefício de forma total, de forma a preservar o incentivo a buscar trabalho. Finalmente, é preciso blindar o Bolsa-Família em relação ao mercado eleitoral. As pesquisas mostram que a pobreza sempre cai em ano de eleição, e sobe, ou cai muito mais lentamente, no ano seguinte.

Como o sr. analisa o papel do aumento real do salário mínimo na redução da pobreza?

Estudos que fizemos na década de 90 mostram que, logo depois do Real, o aumento do salário mínimo de R$ 70 para R$ 100 foi responsável por boa parte a redução de pobreza. Foi uma queda instantânea, logo em maio de 95 caiu 11%. Isso aconteceu porque o salário mínimo era muito baixo, e pegava os pobres. Mas, ao longo dos anos, o salário mínimo foi aumentando de valor, tendo dobrado em termos reais desde 2000. Hoje em dia, esses efeitos positivos de redução de pobreza e de desigualdade foram perdidos, o que os dados mostram com clareza, numa análise mais minuciosa, como a dos aumentos de 2005 e 2006. Não é que a pobreza não caiu, é que tem de olhar com lupa para ver o efeito sobre as pessoas que são afetadas pelo mínimo.

O que o sr. faria em relação ao mínimo?

Acho que deveriam parar de aumentar o salário mínimo em termos reais. Porque as pessoas já não são mais pobres. Quem recebe um salário mínimo, ou quem tem na família alguém que recebe um mínimo, já não é mais pobre, por definição. Com um salário mínimo de R$ 510, você está fazendo política para a classe C, no máximo D. E o que a classe C precisa é de mais acesso a mercado. É a classe E que precisa necessita de ação do poder público, e o Bolsa-Família é o caminho para isso. Eu daria toda a ênfase ao Bolsa-Família, e riscaria os reajustes do salário mínimo. Eu sei que quem fala disso apanha à beça, mas faz parte...

Quais são, na sua opinião, os maiores riscos à trajetória de avanços sociais no País?

Existe o risco externo, já que o mundo virou um lugar bastante perigoso. Mas acho que o País dispõe, hoje, de bons fundamentos macroeconômicos e essa nova classe média ajuda, porque consegue manter uma demanda interna importante. Aqui dentro, o maior risco é a complacência, é achar que já conquistamos alguma coisa, é desperdiçar oportunidades. Corremos o risco de não enxergar quais são os nossos méritos e deficiências e seguir uma agenda descolada da realidade. Um grande erro da política social, por exemplo, é investir demais na terceira idade.

Por quê?

Quando se dá reajuste real para o salário mínimo, que impacta as aposentadorias, o problema não é só o de criar um gasto permanente. É um gasto crescente, na verdade, porque a proporção de idosos está aumentando na população. Então hoje em dia temos um gasto em Previdência com relação ao PIB equivalente ao dos países europeus, sem sermos ricos como eles, e sem ter uma população idosa como eles. Quando chegarmos lá, vamos ultrapassar os gastos previdenciários da Europa. A gente trata os idosos como pobres, e isso é nonsense, porque eles já não são mais pobres. A taxa de pobreza das crianças é seis a sete vezes maior do que a dos idosos. No Brasil, mesmo pós-Bolsa-Família, esse diferencial não diminuiu, ele aumentou. E existe, finalmente, o risco de acharmos que o Estado resolve tudo.

Quais deveriam ser os papéis do Estado e do mercado?

Essa discussão de Estado e setor privado está muito confusa. O Brasil vem seguindo um caminho do meio, com respeito às regras de mercado - apesar de o Consenso de Washington não ser muito bem acolhido aqui e de o País não querer reformas naquele estilo. Hoje em dia, é muito difícil propor uma agenda de reformas trabalhista e previdenciária, com a economia gerando emprego como está. Agora, a pergunta que não quer calar é quantos empregos formais se gerariam a mais se houvesse uma legislação mais adequada. Por outro lado, Caracas não é aqui. Conseguimos tirar do mercado ganhos interessantes, não tudo. O Estado generoso teve um papel importante, sobretudo na crise internacional. Mas há o risco de a complacência gerada pelo sucesso projetar a reação do Brasil na crise para o futuro, isso virar uma desculpa para um Estado grande. Acho que os 15 anos de boa política econômica e social não se devem tanto aos nossos líderes, embora eu considere FHC e Lula dois líderes geniais. Acho que o sucesso se deve muito à cabeça do brasileiro, que quer que se respeite os contratos, mas também quer uma política social ativa, até mais do que a maioria dos economistas gostaria.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1869 Mensagem por Grifon » Seg Set 27, 2010 7:08 pm

Mantega diz que mundo vive "guerra cambial" e vai combater valorização do real

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira que o mundo vive uma "guerra cambial", com os países buscando desvalorizar as suas moedas. De acordo com o ministro, o Brasil tem mecanismos para impedir que haja uma valorização cambial exagerada no país.

"Vivemos hoje uma guerra cambial internacional, uma desvalorização cambial generalizada. Isso nos ameaça porque tira a nossa competitividade", disse durante evento da Fiesp.

"Os países estão procurando desvalorizar as suas moedas para terem mais competitividade. Quando falo em países, falo também da União Europeia, do Japão. Então os países avançados também estão empenhados em medidas para desvalorizar as suas moedas".

Segundo o ministro, o governo tem medidas para impedir que "sobre dólares no mercado". "Já estamos comprando um volume muito maior de dólares. Devemos estar com US$ 270 bilhões de reservas mais as reservas que o Tesouro tem. O Tesouro vem comprando dólares, então já temos um volume grande. Não deixaremos sobrar dólares no mercado".

Mantega disse que há ainda outras medidas que podem ser tomadas caso seja necessário para impedir que haja uma sobrevalorização excessiva da moeda. "Não pretendemos taxar investimento estrangeiro, que é muito positivo para o país. Continuaremos estimulando isso".

"Há outras medidas na esfera das aplicações em renda fixa ou de alguma especulação que possa haver com capitais de curto prazo e poderemos tomar medidas neste sentido, caso seja necessário", declarou.

Ele lembrou, no entanto, que o país já tomou, no ano passado, medidas para conter a entrada excessiva de capital de curto prazo como a adoção de IOF sobre aplicações externas em ações e renda fixa.

Mantega acrescentou que há expectativas de "uma calmaria" após o processo de capitalização da Petrobras, mas se isso não ocorrer o governo tem seu arsenal para agir.

DESINDUSTRIALIZAÇÃO

O ministro negou ainda que esteja ocorrendo uma desindustrialização no país. "Houve uma redução do peso da indústria na economia mundial. O Brasil não foi exceção a essa regra. Agora, a indústria brasileira se mantém dentro dos padrões da indústria mundial", disse.

Segundo ele, a produção industrial representa em torno de 17% do PIB (Produto Interno Bruto), "um marco razoável".

Mantega afirmou ainda que acredita ser necessário ter medidas "mais duras antidumping" para impedir que haja "concorrência desleal". De acordo com o ministro, muitas nações que passam por dificuldades tentam vender "a todo custo" seus produtos para o mercado nacional. No entanto, para que isso ocorra é necessária uma maior movimentação das indústrias, que levam as queixas ao governo.

REFORMA TRIBUTÁRIA

O ministro afirmou ainda que o governo tem condições de dar início à reforma tributária ainda neste ano, após as eleições.

"É possível fazer a reforma tributária no que diz respeito ao ICMS e acabar com a guerra fiscal entre os Estados", afirmou durante seminário na Fiesp.

Segundo o ministro, o governo deverá reduzir as alíquotas interestaduais e dará compensação aos Estados.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/80 ... real.shtml




Editado pela última vez por Grifon em Seg Set 27, 2010 7:22 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Crise Econômica Mundial

#1870 Mensagem por Bourne » Seg Set 27, 2010 7:19 pm

Comprar dólares não adianta. É como enxugar gelo ou tentar para uma enxurrada. Os dólares vão continuar entrando enquanto for considerado uma aplicação rentável. O que dá para fazer e que realmente é eficaz ´taxar e evitar que entrem os capitais especulativos de curto prazo tais como países como China e Chile fazem a décadas. Indiretamente é uma proteção contra os efeitos maléficos de quando os capitais fugirem.

É uma das facetas do novo consenso que toma conta da economia brasileira. Coisas consideradas divinas a poucos anos ( menos de dois :lol: ) passaram a ser questionáveis e mudanças são aceitáveis.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1871 Mensagem por Vitor » Seg Set 27, 2010 8:12 pm

Guido Mantega parece que vem de uma guilda mercantilista. No mundinho dele, vale a pena deixar nossa moeda valendo porra nenhuma para termos "vantagem competitiva".




NÃO À DROGA! NÃO AO CRIME LEGALIZADO! HOJE ÁLCOOL, AMANHÃ COGUMELO, DEPOIS NECROFILIA! QUANDO E ONDE IREMOS PARAR?
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Re: Crise Econômica Mundial

#1872 Mensagem por Sterrius » Seg Set 27, 2010 9:07 pm

Agora bourne não a um certo motivo escondido em permitir a entrada dos dolares de curto prazo?

Creio que eles vão parar a cascata assim que as reservas chegarem no nivel que eles querem ou quando não conseguirem mais dar conta de comprar tantos dolares. 8-]




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Re: Crise Econômica Mundial

#1873 Mensagem por Bourne » Ter Set 28, 2010 1:24 am

O mesmo especulador que entra para ganhar no curto prazo é o mesmo que no primeiro sinal de crise volta correndo para o lugar seguro. Nesse movimento destrói a economia real quando entra e, principalmente, quando saí. É desestabilizador e distorce as taxas de câmbio. Por isso que a China e Chile não querem esse tipo de "investidor". Além do que ter reservas em dólares é uma aberração para enfrentar outra aberração que é a falta de uma moeda confiável e retirar dólares de circulação. Na verdade saí caro e, na pior das hipóteses, pode virar pó.

O que isso tem a ver com as falas do Mantega? Um ponto é que não adianta ter mais reservas por saí caro e inútil para evitar que o real se valorize artificialmente e tenha efeitos deletérios sobre a economia real. O outro é que a forma de espantar os especuladores e se proteger dos seus efeitos desestabilidadores é deixar de ser vantajoso especular no Brasil. Além do que o projeto futuro é substituir os pagamentos internacionais pela própria moeda, o real, que é muito mais confiável, seguro e que proporciona muito mais segurança que uma montanha de reservas estrangeiras.

Antes que pensem "o Brasil pode ser a China e juntar alguns trilhões de reservas. Assim vamos dominar o mundo". Felizmente não é o projeto brasileiro e muito menos o que o Mantega pensa. O objetivo sim é ter uma moeda confiável e estável, aceita intencionalmente e, portanto, não precisar de reservas.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1874 Mensagem por marcelo l. » Ter Set 28, 2010 6:58 pm

Cadeia para incompetente...que beleza ler o direitoso islandes, a alguns anos atrás ele deu uma entrevista elogia de exemplo a se seguir pelo Brasil, segundo se não estou errado por alguém da veja...

Imagem


http://www.google.com/hostednews/ap/art ... =D9IH41R81


Iceland ex-PM faces possible charges in meltdown
By GUDJON HELGASON and PAISLEY DODDS (AP) – 2 hours ago
REYKJAVIK, Iceland — Iceland's former Prime Minister Geir Haarde has been referred to a special court in a move that could make him the first world leader to be charged in connection with the global financial crisis.
After a heated debate Tuesday, lawmakers voted 33-30 to refer charges to the court against Haarde for allegedly failing to prevent Iceland's 2008 financial crash — a crisis that sparked protests, toppled the government and brought the economy to a standstill by collapsing its currency.
Haarde faces up to two years in jail if found guilty. The court, which could dismiss the charges, has never before convened in Iceland's history. A hearing date has not yet been set.
Haarde, ex-leader of the Independence Party, is no longer in parliament and stepped down from office last year following widespread protests and treatment for esophageal cancer.
"I will answer all charges before the court and I will be vindicated." Haarde, 59, told the Icelandic Broadcaster RUV. "I have a clean slate. This charge borders on political persecution."
Iceland, a volcanic island with a population of just 320,000, went from economic wunderkind to fiscal basket case almost overnight when the credit crunch took hold.
After dizzying economic growth that saw banks and companies in this tiny Nordic nation snap up assets around the world for a decade, the global financial crisis wreaked political and economic havoc in Iceland. Its banks collapsed in October 2008.
Unemployment has soared since then and the country has lurched from crisis to crisis.
In April, an eruption at Iceland's Eyjafjallajokull volcano triggered a giant ash cloud that disrupted global air travel for weeks and later restricted travel to and from the island nation.
In the same month, a report into the banking collapse accused Haarde and the central bank chief of acting with "gross negligence" in allowing the financial sector to overheat without adequate oversight.
The 2,300-page government-commissioned report detailed a litany of mistakes made in the lead-up to the bank meltdown.
Pall Hreinsson, the supreme court judge appointed to head the Special Investigation Commission that issued the report, singled out seven former officials including Haarde and central bank chief David Oddsson for particular criticism. No other officials besides Haarde were referred for prosecution to the court on Tuesday.
Haarde has blamed the banks in the past, and said he felt government officials and regulatory authorities tried their best to prevent the crisis.
The report found that the country's three leading banks — Glitnir, Kaupthing and Landsbanki — got too big and overwhelmed the financial system when they ran into trouble with excessive risk-taking.
By the time the banks dropped in a domino-like sequence within a week of one another in October 2008, the banking sector had grown to dwarf the rest of the economy by around nine times.
In one major blunder detailed in the report, staff at the Icelandic central bank forgot to extend a $500 million loan agreement, reached in March 2008, with the Bank of International Settlements in Basel, Switzerland. A belated attempt to receive an extension was not granted by the international bank.
The report said that it was a key error at a time when few things were more important than building up Iceland's foreign currency reserves.
The central bank then turned to the Bank of England in April 2008, seeking a currency swap agreement. Mervyn King, the British central bank's governor, refused, but offered to help Iceland to reduce the size and burden of its banking sector. Iceland rejected the offer at the time.
Before Haarde was prime minister, he also held the posts of finance minister and foreign minister.
The special court will consist of 15 members — five supreme court justices, a district court president, a constitutional law professor and eight people chosen by parliament every six years.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1875 Mensagem por P44 » Qua Set 29, 2010 3:45 pm

Europeus na rua contra a austeridade

Greve geral em Espanha, manifestação gigante em Bruxelas e protestos na Irlanda, em Itália, na Sérvia, na Letónia e em França.
17:39 Quarta feira, 29 de Setembro de 2010

Em Espanha, esta quarta-feira é a primeira greve geral da era Zapatero, o chefe do Governo socialista. Os espanhóis protestam, sem entusiasmo, contra a reforma do mercado de trabalho e o rigor orçamental imposto pela crise da dívida na zona euro (ver em baixo).

Mas é em toda a Europa que o descontentamento social se manifesta. Está marcada para esta quarta-feira uma grande manifestação europeia em Bruxelas. A Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) prevê 100 mil manifestantes oriundos de 30 países para dizer "não à austeridade". A última grande mobilização deste género remonta a dezembro de 2001, quando a CES mobilizou 80 mil pessoas na capital europeia para reclamar "mais Europa social".

Em Portugal, a principal intersindical portuguesa - a CGTP - próxima do Partido Comunista, organizou manifestações em Lisboa e no Porto. As duas principais centrais sindicais polacas - o Solidarité e o OPZZ - convocaram uma manifestação para o largo da sede do Governo. Estão marcadas outras manifestações na Irlanda, em Itália, na Sérvia e na Letónia. Em França, há mais manifestações marcadas para dia 2 de outubro contra a revisão das reformas.

http://aeiou.expresso.pt/europeus-na-ru ... de=f606409

Mega-protesto junta mais de 100 mil manifestantes em Bruxelas

A mega-manifestação de hoje em Bruxelas reuniu mais de 100.000 pessoas, segundo um balanço das autoridades e da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), organizadora do evento contra as medidas de austeridade adoptadas na Europa.

No protesto, que decorre ainda nas ruas da capital belga, participam mais de 100.000 manifestantes oriundos de 24 países, incluindo Portugal, segundo dados divulgados pela imprensa belga.

No final da manifestação o secretário- geral da CES, John Monks, irá reunir- se com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.

No início da marcha Monks classificou como uma "loucura" a intenção, hoje anunciada pelo Executivo de Bruxelas, para impor sanções aos países que violarem o Pacto de Estabilidade e Crescimento, considerando que "só a Suécia e a Estónia se livram de multas".

Segundo a AFP, a polícia de Bruxelas fez hoje 148 detenções preventivas, não tendo sido no entanto registado qualquer incidente.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?s ... ews=471370




Triste sina ter nascido português 👎
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