Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Depois do que eu e o P44 dissemos do socas, íamos revelar a identidade! era VW Sharan preta à porta, amanhã de manhã...
Já agora, Grande relato Legionário!! Muito bom mesmo!
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Regressado à minha companhia, depois de ja ter terminado o periodo de estagios no hospital, nao tive tempo de aceitar imediatamente o convite do Ismael, (assim se chamava o meu amigo djiboutiano), porque entretanto apanhei com 11 dias de cadeia. Mais exactamente, foram 7 dias, mas como tinha ja apanhado 4 dias de pena suspensa, passaram a ser 11. Os primeiros 4 dias foram porque durante o curso e estando eu de aluno-de-dia, um colega de curso que era cabo, me tinha pedido para o marcar « presente » estando ele « ausente » pois foi ter com a namorada à cidade… O capitao descobriu e puniu-me com 4 dias, suspensos por 3 meses. Esta puniçao nao foi mais severa porque o outro era cabo e portanto , mais responsavel que eu, tendo-me induzido a cometer a infraçao. Os 7 dias, levei com eles porque o capitao me apanhou em flagrante a passear na cidade em roupa civil, o que era rigorosamente proibido.
A prisao na legiao, sobretudo em Djibouti, nao é pera doce ! Os presos andam com uma farda diferente, geralmente um modelo de farda mais antiga e toda surrada. Usam tambem um velho modelo de boina militar que têm que retirar , descobrindo-se em sinal de respeito de cada vez que um sargento ou oficial passa por perto. Levantam-se de manha mais cedo do que os outros e começam logo o dia a correr à volta da parada com uma mochila carregada, geralmente de pedras. So os praças (legionarios, cabos e cabos-chefe) é que cumprem as puniçoes desta maneira. Quando um sargento apanha pena de prisao, fica somente registado na sua folha de serviços , mas vai trabalhar normalmente no seu serviço, tendo que regressar imediatamente no fim do mesmo ao seu quarto, de onde nao pode sair e onde um legionario lhe vai levar as refeiçoes.
A prisao na legiao, sobretudo em Djibouti, nao é pera doce ! Os presos andam com uma farda diferente, geralmente um modelo de farda mais antiga e toda surrada. Usam tambem um velho modelo de boina militar que têm que retirar , descobrindo-se em sinal de respeito de cada vez que um sargento ou oficial passa por perto. Levantam-se de manha mais cedo do que os outros e começam logo o dia a correr à volta da parada com uma mochila carregada, geralmente de pedras. So os praças (legionarios, cabos e cabos-chefe) é que cumprem as puniçoes desta maneira. Quando um sargento apanha pena de prisao, fica somente registado na sua folha de serviços , mas vai trabalhar normalmente no seu serviço, tendo que regressar imediatamente no fim do mesmo ao seu quarto, de onde nao pode sair e onde um legionario lhe vai levar as refeiçoes.
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Um velho ditado na legiao diz que um bom legionario cumpre pelo menos 30 dias de cadeia por ano ; eu começava a ser um bom legionario ! Durante a minha carreira fiz um total de 81 dias de cadeia, 30 dos quais ja depois de ser sub-oficial…
Para ir preso nao é dificil ! Existe um livro, a que chamamos a « biblia », onde estao enumerados algumas desenas de motivos pelos quais se pode « ir dentro ». Um capitao, comandante de companhia, pode atribuir no maximo 7 dias de cadeia, (se houver dois motivos diferentes, pode ser 7+7..., por exemplo). Se o motivo da puniçao for susceptivel duma pena superior, ja tera que ser o coronel comandante do regimento a aplica-la, num maximo de 2 x 20 dias, ou seja, 40 dias de cadeia. As faltas ou os crimes mais graves, e nao havendo em França tribunais militares em tempo de paz, sao da competencia dos tribunais civis.
Alguns exemplos de motivos de puniçao enumerados na famosa « biblia » :
- Atitude desrespeitosa em relaçao a um superior.
- negligencia em serviço.
- ma vontade na execuçao de uma ordem.
- atraso inferior a uma hora;
- atraso superior a uma hora.
- uniforme negligenciado,
- insulto ou agressao a um superior,
- sevicias em relaçao a um subordinado,…etc
A qualquer sargento que queira punir um praça por uma razao qualquer, basta-lhe preencher uma ficha de puniçao, onde descreve o motivo invocado, e transmite-o ao serviço de permanaencia da companhia , a que chamamos « a Semana » , assim chamada porque esta permanencia , constituida por, um sargento (ou um cabo-chefe), um cabo e um plantao, é rotativa e muda todas as semanas. O legionario que se pretende castigar é entao convocado pela « Semana », e deve apresentar-se impecavelmente fardado (com a farda de saida) ao capitao , e se necessario ao coronel , para receber o seu castigo.
Para ir preso nao é dificil ! Existe um livro, a que chamamos a « biblia », onde estao enumerados algumas desenas de motivos pelos quais se pode « ir dentro ». Um capitao, comandante de companhia, pode atribuir no maximo 7 dias de cadeia, (se houver dois motivos diferentes, pode ser 7+7..., por exemplo). Se o motivo da puniçao for susceptivel duma pena superior, ja tera que ser o coronel comandante do regimento a aplica-la, num maximo de 2 x 20 dias, ou seja, 40 dias de cadeia. As faltas ou os crimes mais graves, e nao havendo em França tribunais militares em tempo de paz, sao da competencia dos tribunais civis.
Alguns exemplos de motivos de puniçao enumerados na famosa « biblia » :
- Atitude desrespeitosa em relaçao a um superior.
- negligencia em serviço.
- ma vontade na execuçao de uma ordem.
- atraso inferior a uma hora;
- atraso superior a uma hora.
- uniforme negligenciado,
- insulto ou agressao a um superior,
- sevicias em relaçao a um subordinado,…etc
A qualquer sargento que queira punir um praça por uma razao qualquer, basta-lhe preencher uma ficha de puniçao, onde descreve o motivo invocado, e transmite-o ao serviço de permanaencia da companhia , a que chamamos « a Semana » , assim chamada porque esta permanencia , constituida por, um sargento (ou um cabo-chefe), um cabo e um plantao, é rotativa e muda todas as semanas. O legionario que se pretende castigar é entao convocado pela « Semana », e deve apresentar-se impecavelmente fardado (com a farda de saida) ao capitao , e se necessario ao coronel , para receber o seu castigo.
Editado pela última vez por legionario em Ter Set 21, 2010 9:06 am, em um total de 2 vezes.
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Os carcereiros sao geralmente cabos-chefe antigos, que tal como a PM (policia militar) dependem do chefe do Serviço Geral (geralmente um oficial, ou um sub-oficial superior ). Faço aqui um à parte para esclarecer que esta PM é na realidade o que nos chamamos em Portugal, a PU (policia de unidade), pois em Franca so a Gendarmaria é que tem competencias em matéria de policia militar. Estes PM’s da legiao, que na sua maioria tambem sao cabos-chefe, nao têm nenhuma formaçao especifica para serem policias militares ; os unicos requisitos que lhes sao exigidos é que sejam grandes, pesados ,e brutos (ha excepçoes mas poucas). Muitos deles ,assim como alguns dos cabos-chefe carcereiros, sao verdadeiros psicopatas e os maus-tratos, por vezes tao severos que lhes podemos chamar torturas, nao eram de forma alguma excepçao, durante o periodo em que servi na legiao.
O meu capitao tinha-me visto nas ruas de Djibouti, estava eu ainda a acabar a minha formaçao de « enfermeiro », vestido à civil , o que, como ja disse, era proibido. Ele quando me viu, cumprimentou-me quase de uma forma simpatica e com um sorriso ironico. Eu, tal como manda o regulamento, tinha-o saudado, retificando a minha posiçao, fazendo um movimento firme e vertical com a cabeça de baixo para cima , ao mesmo tempo que batia, braço esticado, com a mao direita no lado exterior da coxa. Era assim que se saudava um superior (oficial ou sargento) se o cruzassemos na rua e se estivessemos vestidos à civil.
Ja se tinham passado uns dias depois deste acontecimento e pensei que ele, como era bom rapaz, se estivesse esquecido. Qual quê !
O plantao do serviço da Semana (a permanência da companhia) apareceu acompanhado pelo meu sargento e disseram-me : « - De Sousa , prepara a farda, amanha passas ao rapport do capitao ! » ( os franceses pronunciam : de Suza … e utilizam sempre o « de » quando o temos no nosso nome ).
A expressao « passar ao rapport« , que nao consigo traduzir para português, queria dizer que me tinha que apresentar diante do meu oficial no seu gabinte,… neste caso era para ser punido, mas podia ser por outra razao.
No dia seguinte, sai do gabinete do capitao com 11 dias de prisao, pelos dois motivos que ja citei… e que começaram a ser cumpridos imediatamente.
O meu capitao tinha-me visto nas ruas de Djibouti, estava eu ainda a acabar a minha formaçao de « enfermeiro », vestido à civil , o que, como ja disse, era proibido. Ele quando me viu, cumprimentou-me quase de uma forma simpatica e com um sorriso ironico. Eu, tal como manda o regulamento, tinha-o saudado, retificando a minha posiçao, fazendo um movimento firme e vertical com a cabeça de baixo para cima , ao mesmo tempo que batia, braço esticado, com a mao direita no lado exterior da coxa. Era assim que se saudava um superior (oficial ou sargento) se o cruzassemos na rua e se estivessemos vestidos à civil.
Ja se tinham passado uns dias depois deste acontecimento e pensei que ele, como era bom rapaz, se estivesse esquecido. Qual quê !
O plantao do serviço da Semana (a permanência da companhia) apareceu acompanhado pelo meu sargento e disseram-me : « - De Sousa , prepara a farda, amanha passas ao rapport do capitao ! » ( os franceses pronunciam : de Suza … e utilizam sempre o « de » quando o temos no nosso nome ).
A expressao « passar ao rapport« , que nao consigo traduzir para português, queria dizer que me tinha que apresentar diante do meu oficial no seu gabinte,… neste caso era para ser punido, mas podia ser por outra razao.
No dia seguinte, sai do gabinete do capitao com 11 dias de prisao, pelos dois motivos que ja citei… e que começaram a ser cumpridos imediatamente.
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
O chefe dos carcereiros do regimento era um cabo-chefe português com quem eu ja tinha trocado umas palavras anteriormente. Ele nao tinha muito boa reputaçao, mas tambem nao era dos piores, como por exemplo, um outro carcereiro que eu tinha conhecido no regimento de instruçao, em Castelnaudary . Este ultimo, um cabo-chefe pequenino e magricelas, sempre acompanhado dum cabo ursoide e estupido que era o seu assistente, era um sadico perverso… e ai do preso, sobretudo se fosse desertor, que entrasse nas suas celas !
O cabo-chefe Silva , o carcereiro da 13a DBLE, era um tipo tao catolico, que , na hora da refeiçao, mandava os presos instalar um lugar na mesa para uma imagem da Nossa Senhora de Fatima. Diante da imagem eram dispostos os talheres e a comida, como se de uma pessoa se tratasse…
Eu nao tenho especial razao de queixa deste Silva, apesar das historias que circulavam. Ele estava encarregue de vigiar as nossas tarefas, mas nao era ele quem as determinava. Estas tarefas consistiam na manutençao dos espaços verdes, caiar de branco os calhaus que balizavam as ruas do quartel, arrastar um enorme e pesadissimo arado metalico para nivelar as arterias de terra batida…tudo debaixo do sol torrido, para ser mais agradavel !
O cabo-chefe Silva , o carcereiro da 13a DBLE, era um tipo tao catolico, que , na hora da refeiçao, mandava os presos instalar um lugar na mesa para uma imagem da Nossa Senhora de Fatima. Diante da imagem eram dispostos os talheres e a comida, como se de uma pessoa se tratasse…
Eu nao tenho especial razao de queixa deste Silva, apesar das historias que circulavam. Ele estava encarregue de vigiar as nossas tarefas, mas nao era ele quem as determinava. Estas tarefas consistiam na manutençao dos espaços verdes, caiar de branco os calhaus que balizavam as ruas do quartel, arrastar um enorme e pesadissimo arado metalico para nivelar as arterias de terra batida…tudo debaixo do sol torrido, para ser mais agradavel !
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Abro aqui um parenteses para contar duas situaçoes lamentaveis que aconteceram na 13a DBLE, mais ou menos nesta altura e que atestaram as celas do regimento.
Uma delas teve como protagonistas um grupo de praças de origem alema do regimento, que os conduziu diretamente à prisao do regimento, onde ficaram umas semanas. Penso mesmo que alguns acabaram expulsos da Legiao no decorrer do processo que lhes foi movido.
Em finais de abril alguns alemaes decidiram comemorar o aniversario do Hitler num dos restaurantes da cidade onde entoaram canticos nazis, alguns deles vestidos de preto, com adereços « SS ». Depois de se terem embriagado, armaram uma grande confusao no restaurante o que levou à intervençao da policia local. Estes foram bastante maltratados pelos alemaes e so a intervençao da gendarmeria francesa e da PM da legiao pôs cobro aos desacatos. Para além da malha que levaram e de terem sido presos no regimento, tiveram tambem que pagar generosas compensaçoes financeiras aos policias djibutianos que agrediram, para os calar…senao iam malhar com os ossos nas prisoes deste pais, por acaso muito mal afamadas…pois para la das péssimas condiçoes de detençao, havia rumores que diziam que os europeus que la caissem serviam de « esposas » forçadas para os outros detidos africanos.
O outro caso envolveu alguns legionarios ingleses. Estes nao se misturavam muito com os legionarios das outras nacionalidades e gostavam de se encontrar entre eles à noite e aos fins-de-semana. As bebedeiras e disturbios que estes camaradas causavam eram frequentes.
Uma altura, à noite, reuniram-se numa praia e depois de terem bebido mais do que a conta, desnudaram-se completamente. Desdobraram uns rolos de papel higienico, fazendo compridas mechas com um cordel que entrelaçaram e… introduziram uma das pontas no trazeiro, deitando o fogo à outra ponta. Corriam assim pela praia, todos nus, com aquela cauda a esvoaçar pelo ar a arder… e repetiram a manobra até esgotarem os rolos de papel, dos quais tinham levado um bom stock
Djibouti é uma terra muçulmana e podemos imaginar a escandaleira que isto provocou…
Estes ingleses tinham ritos muito curiosos, sobretudo quando bebiam. Um deles a que eu assisti algumas vezes, consistia nisto : um deles metia na boca uma golada de cerveja mas nao a engolia…passava-a de boca em boca até dar a volta a todos os camaradas que se encontravam em circulo sentados à mesa e so engulia a cerveja depois de esta ter passado pelas bocas todas.
Numa outra altura, hasteram um soutien no mastro da bandeira. De manha quando a Guarda se dirigiu ao mastro para efectuar a cerimonia do hastear da bandeira, deram com aquele estranho estandarte.
Uma parte do resto do pessoal, na altura, até achou uma certa piada, mas …
Uma delas teve como protagonistas um grupo de praças de origem alema do regimento, que os conduziu diretamente à prisao do regimento, onde ficaram umas semanas. Penso mesmo que alguns acabaram expulsos da Legiao no decorrer do processo que lhes foi movido.
Em finais de abril alguns alemaes decidiram comemorar o aniversario do Hitler num dos restaurantes da cidade onde entoaram canticos nazis, alguns deles vestidos de preto, com adereços « SS ». Depois de se terem embriagado, armaram uma grande confusao no restaurante o que levou à intervençao da policia local. Estes foram bastante maltratados pelos alemaes e so a intervençao da gendarmeria francesa e da PM da legiao pôs cobro aos desacatos. Para além da malha que levaram e de terem sido presos no regimento, tiveram tambem que pagar generosas compensaçoes financeiras aos policias djibutianos que agrediram, para os calar…senao iam malhar com os ossos nas prisoes deste pais, por acaso muito mal afamadas…pois para la das péssimas condiçoes de detençao, havia rumores que diziam que os europeus que la caissem serviam de « esposas » forçadas para os outros detidos africanos.
O outro caso envolveu alguns legionarios ingleses. Estes nao se misturavam muito com os legionarios das outras nacionalidades e gostavam de se encontrar entre eles à noite e aos fins-de-semana. As bebedeiras e disturbios que estes camaradas causavam eram frequentes.
Uma altura, à noite, reuniram-se numa praia e depois de terem bebido mais do que a conta, desnudaram-se completamente. Desdobraram uns rolos de papel higienico, fazendo compridas mechas com um cordel que entrelaçaram e… introduziram uma das pontas no trazeiro, deitando o fogo à outra ponta. Corriam assim pela praia, todos nus, com aquela cauda a esvoaçar pelo ar a arder… e repetiram a manobra até esgotarem os rolos de papel, dos quais tinham levado um bom stock
Djibouti é uma terra muçulmana e podemos imaginar a escandaleira que isto provocou…
Estes ingleses tinham ritos muito curiosos, sobretudo quando bebiam. Um deles a que eu assisti algumas vezes, consistia nisto : um deles metia na boca uma golada de cerveja mas nao a engolia…passava-a de boca em boca até dar a volta a todos os camaradas que se encontravam em circulo sentados à mesa e so engulia a cerveja depois de esta ter passado pelas bocas todas.
Numa outra altura, hasteram um soutien no mastro da bandeira. De manha quando a Guarda se dirigiu ao mastro para efectuar a cerimonia do hastear da bandeira, deram com aquele estranho estandarte.
Uma parte do resto do pessoal, na altura, até achou uma certa piada, mas …
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
brinca brinca...tflash escreveu:Depois do que eu e o P44 dissemos do socas, íamos revelar a identidade! era VW Sharan preta à porta, amanhã de manhã...
tflash escreveu:Já agora, Grande relato Legionário!! Muito bom mesmo!
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Triste sina ter nascido português
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Foi com muita satisfaçao que finalmente pude reencontrar o meu amigo Ismael. Numa sexta-feira ao fim da tarde, logo no primeiro fim-de-semana que tive livre, e tendo-o avisado com antecedencia, ele estava à minha espera diante da porta de armas.
O taxi que nos transportava , depois de andar alguns quilometros, embrenhou-se no interior dum bairro indigena, autentico labirinto de ruelas em terra batida, sujas e com pouca ou nenhuma iluminaçao, constituido por barracas muito juntas umas às outras.
O bairro era muito colorido e movimentado, cheio de gente de todas as idades. Ouvia-se musica por todo o lado e tambem por todo o lado se viam bancadas na rua que vendiam de tudo, desde comida e roupas usadas até cigarros avulso e a droga local chamada Kat, umas folhas verdes que quase todos os homens de Djibouti, mascam ao longo do dia. Como nao havia iluminaçao publica na maior parte das ruas, esta era assegurada por candeeiros a petroleo que os comerciantes penduravam nas suas barracas e por algumas fogueiras acesas na rua.
A casa dele destoava das outras à volta por ser maior e de alvenaria mas era muito modesta, do tipo daquelas que se vêm nalguns bairros degradados do nosso pais. Tinha as diversas dependencia dispostas em forma de quadrado, com um patio no meio.
Eu era o unico europeu presente naquelas redondezas e os habitantes do bairro olhavam para mim curiosos, mas como me viram acompanhado por um filho da terra, nao manifestaram nenhuma animosidade a meu respeito, bem pelo contrario. Os miudos que tinham vindo a correr ao lado do taxi , esvoaçavam agora à minha volta, tagarelando e sorridentes.
Aquele bairro estava incluido numa zona rigorosamente proibida aos militares franceses, por isso eu nao corria o risco de maus encontros com a PM ou com graduados. A primeira coisa que fiz foi vestir roupas civis depois de tomar banho com baldes de agua que dois garotos iam buscar a um poço proximo e que despejavam para cima de mim.
O taxi que nos transportava , depois de andar alguns quilometros, embrenhou-se no interior dum bairro indigena, autentico labirinto de ruelas em terra batida, sujas e com pouca ou nenhuma iluminaçao, constituido por barracas muito juntas umas às outras.
O bairro era muito colorido e movimentado, cheio de gente de todas as idades. Ouvia-se musica por todo o lado e tambem por todo o lado se viam bancadas na rua que vendiam de tudo, desde comida e roupas usadas até cigarros avulso e a droga local chamada Kat, umas folhas verdes que quase todos os homens de Djibouti, mascam ao longo do dia. Como nao havia iluminaçao publica na maior parte das ruas, esta era assegurada por candeeiros a petroleo que os comerciantes penduravam nas suas barracas e por algumas fogueiras acesas na rua.
A casa dele destoava das outras à volta por ser maior e de alvenaria mas era muito modesta, do tipo daquelas que se vêm nalguns bairros degradados do nosso pais. Tinha as diversas dependencia dispostas em forma de quadrado, com um patio no meio.
Eu era o unico europeu presente naquelas redondezas e os habitantes do bairro olhavam para mim curiosos, mas como me viram acompanhado por um filho da terra, nao manifestaram nenhuma animosidade a meu respeito, bem pelo contrario. Os miudos que tinham vindo a correr ao lado do taxi , esvoaçavam agora à minha volta, tagarelando e sorridentes.
Aquele bairro estava incluido numa zona rigorosamente proibida aos militares franceses, por isso eu nao corria o risco de maus encontros com a PM ou com graduados. A primeira coisa que fiz foi vestir roupas civis depois de tomar banho com baldes de agua que dois garotos iam buscar a um poço proximo e que despejavam para cima de mim.
Editado pela última vez por legionario em Qui Set 23, 2010 8:40 am, em um total de 2 vezes.
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
A casa do Ismael, claro esta, tinha muito pouco do conforto europeu, mas que bem eu me sentia quando la estava, A familia dele que se resumia à avo, à irma e a duas tias, eram cheias de atençoes comigo, e nunca vi neles o minimo indicio de se quererem aproveitar do que quer que seja. A unica coisa que me pediam é que lhes tirasse fotografias. Quando tal acontecia, as mulheres iam-se arranjar muito bem, vestiam as suas melhores roupas, e retocavam as tatuagens pintadas que tinham nas costas das maos e no rosto.
Todas as vezes seguintes que fui a casa do Ismael, mal o taxi entrava no bairro, e pouco depois eles ja sabiam que eu ia a caminho ; era impressionante a rapidez com que a noticia chegava mais depressa do que o taxi … e eles nao tinham telefone em casa !
Através do Ismael conheci muitos dos seus amigos e familiares que nos vinham visitar assim que sabiam da minha presença. Um dia, um deles perguntou-me se eu nao sentia falta de uma mulher. Eu ri-me embaraçado…
A vez seguinte que la voltei, o Ismael e um dos seus amigos com quem eu tambem simpatizava muito, apareceram-me com uma jovem moça que me apresentaram e disseram : « é para ti ! ».
- Como assim, para mim ? Perguntei-lhes .
Recusei a oferta dizendo que nao estava habituado a ofertas deste género, mas a moça, que nao falava francês, perguntou ao Ismael se eu nao a achava a meu gosto.
Eu ja conhecia alguma coisa sobre os costumes daquela etnia e sabia bem que uma mulher devia ir virgem para o casamento sob pena de ser banida do clan ou mesmo ser morta, por isso estava muito intrigado com aquela situaçao.
Eu peço desculpa a quem lêr estas linhas, mas na altura eu ainda era um homem muito jovem e, diante da insistencia , nao achei necessario persistir na recusa nem pedir muitas explicaçoes sobre o assunto.
Todas as vezes seguintes que fui a casa do Ismael, mal o taxi entrava no bairro, e pouco depois eles ja sabiam que eu ia a caminho ; era impressionante a rapidez com que a noticia chegava mais depressa do que o taxi … e eles nao tinham telefone em casa !
Através do Ismael conheci muitos dos seus amigos e familiares que nos vinham visitar assim que sabiam da minha presença. Um dia, um deles perguntou-me se eu nao sentia falta de uma mulher. Eu ri-me embaraçado…
A vez seguinte que la voltei, o Ismael e um dos seus amigos com quem eu tambem simpatizava muito, apareceram-me com uma jovem moça que me apresentaram e disseram : « é para ti ! ».
- Como assim, para mim ? Perguntei-lhes .
Recusei a oferta dizendo que nao estava habituado a ofertas deste género, mas a moça, que nao falava francês, perguntou ao Ismael se eu nao a achava a meu gosto.
Eu ja conhecia alguma coisa sobre os costumes daquela etnia e sabia bem que uma mulher devia ir virgem para o casamento sob pena de ser banida do clan ou mesmo ser morta, por isso estava muito intrigado com aquela situaçao.
Eu peço desculpa a quem lêr estas linhas, mas na altura eu ainda era um homem muito jovem e, diante da insistencia , nao achei necessario persistir na recusa nem pedir muitas explicaçoes sobre o assunto.
Editado pela última vez por legionario em Qua Set 22, 2010 10:21 am, em um total de 1 vez.
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Confesso que acabei por aceitar… mas apresso-me a dizer que acabei por nao aproveitar seja o que for . Eu explico :
Em Djibouti e nalgumas etnias da Somalia de onde era originaria a moça, existe ainda um costume barbaro que consiste em cortar às meninas o clitoris e os labios vaginais para lhes retirar a possibilidade de terem prazer sexual. Em seguida, a vagina é cozida com agulha e linha , para deixar somente um pequeno orificio para poderem urinar. Eu ja tinha ouvido falar da excisao mas nao tinha conhecimento deste processo de cozerem a vagina.
Nunca tinha visto tal coisa… e quando vi, fiquei tao impressionado que preferi ir jogar às cartas com os meus amigos.
Os homens desta etnia quando casam, na noite de nupcias, depois de consumar violentamente o acto sexual, rasgando com o pénis os pontos de sutura e o tecido vaginal, exibem às familias e convidados que aguardam no exterior, os panos encharcados em sangue, prova de que a mulher era virgem e prova da virilidade e da força do homem.
Quando eu aceitei a « oferta », fiquei muito desconcertado quando vi que a vagina da rapariga se assemelhava a uma grande cicatriz grosseiramente cozida. O Ismael entao explicou-me que muitas raparigas preservavam a virgindade mas tinham relaçoes sexuais de « outra maneira » e explicou-me detalhadamente e com toda a naturalidade, como era essa maneira. Respondi-lhe que ja tinha a minha dose de emoçoes fortes para esse dia e… fomos jogar às cartas !
Em Djibouti e nalgumas etnias da Somalia de onde era originaria a moça, existe ainda um costume barbaro que consiste em cortar às meninas o clitoris e os labios vaginais para lhes retirar a possibilidade de terem prazer sexual. Em seguida, a vagina é cozida com agulha e linha , para deixar somente um pequeno orificio para poderem urinar. Eu ja tinha ouvido falar da excisao mas nao tinha conhecimento deste processo de cozerem a vagina.
Nunca tinha visto tal coisa… e quando vi, fiquei tao impressionado que preferi ir jogar às cartas com os meus amigos.
Os homens desta etnia quando casam, na noite de nupcias, depois de consumar violentamente o acto sexual, rasgando com o pénis os pontos de sutura e o tecido vaginal, exibem às familias e convidados que aguardam no exterior, os panos encharcados em sangue, prova de que a mulher era virgem e prova da virilidade e da força do homem.
Quando eu aceitei a « oferta », fiquei muito desconcertado quando vi que a vagina da rapariga se assemelhava a uma grande cicatriz grosseiramente cozida. O Ismael entao explicou-me que muitas raparigas preservavam a virgindade mas tinham relaçoes sexuais de « outra maneira » e explicou-me detalhadamente e com toda a naturalidade, como era essa maneira. Respondi-lhe que ja tinha a minha dose de emoçoes fortes para esse dia e… fomos jogar às cartas !
Editado pela última vez por legionario em Qua Set 22, 2010 10:07 am, em um total de 1 vez.
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Eu ja tinha um ano e meio de serviço, dos quais cerca de um ano em Djibouti, quando decidi pedir uns dias de licença. Foram-me acordados 9 dias .
Depois do meu primeiro incidente grave com o meu chefe de secçao, durante o exercicio de fogos reais nocturnos de que ja falei, as coisas ainda se complicaram mais entre nos… e outros incidentes se tinham sucedido. Eu tenho um caracter que nao me permite esconder a minha antipatia por alguem, quando este sentimento existe. Esta minha maneira de ser nao facilitava nada o meu relacionamento com o sargento-chefe Y. , que entretanto ja tinha sido promovido a Ajudante. Por outro lado, este periodo de tempo que passei com os meus amigos djiboutianos tinha-me relembrado o sabor da liberdade. Quando considerei os pros e os contras, so vi no outro prato da balança, o focinho do turco Y. e isso punha-me logo mal disposto e a ferver.
A minha decisao estava tomada : eu nao regressaria ao regimento depois da minha licença. Juntamente com o meu amigo Ismael, eu tinha estudado a melhor maneira de desertar. Desertar da 13a DBLE era uma coisa muito dificil de fazer pois o pais é cercado de regioes inospitas (Somalia, Eritreia, Etiopia), infestadas, ainda hoje, de guerrilheiros e de bandoleiros armados de toda a espécie.. Havia algumas historias que circulavam no regimento sobre os poucos legionarios que se tinham aventurado a fazê-lo, mas todas estas historias tinham acabado mal. Uns tinham sido capturados pelos nomadas ou pelos diversos grupos de bandoleiros, e mortos depois de terem sido torturados. Outros tinham reaparecido meses depois num estado lastimavel, trazidos tambem pelos nomadas que depois de os capturar, os tinham « vendido » às autoridades militares francesas.
Depois do meu primeiro incidente grave com o meu chefe de secçao, durante o exercicio de fogos reais nocturnos de que ja falei, as coisas ainda se complicaram mais entre nos… e outros incidentes se tinham sucedido. Eu tenho um caracter que nao me permite esconder a minha antipatia por alguem, quando este sentimento existe. Esta minha maneira de ser nao facilitava nada o meu relacionamento com o sargento-chefe Y. , que entretanto ja tinha sido promovido a Ajudante. Por outro lado, este periodo de tempo que passei com os meus amigos djiboutianos tinha-me relembrado o sabor da liberdade. Quando considerei os pros e os contras, so vi no outro prato da balança, o focinho do turco Y. e isso punha-me logo mal disposto e a ferver.
A minha decisao estava tomada : eu nao regressaria ao regimento depois da minha licença. Juntamente com o meu amigo Ismael, eu tinha estudado a melhor maneira de desertar. Desertar da 13a DBLE era uma coisa muito dificil de fazer pois o pais é cercado de regioes inospitas (Somalia, Eritreia, Etiopia), infestadas, ainda hoje, de guerrilheiros e de bandoleiros armados de toda a espécie.. Havia algumas historias que circulavam no regimento sobre os poucos legionarios que se tinham aventurado a fazê-lo, mas todas estas historias tinham acabado mal. Uns tinham sido capturados pelos nomadas ou pelos diversos grupos de bandoleiros, e mortos depois de terem sido torturados. Outros tinham reaparecido meses depois num estado lastimavel, trazidos tambem pelos nomadas que depois de os capturar, os tinham « vendido » às autoridades militares francesas.
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Aspecto do porto de Djibouti. Os barcos de madeira (movidos à vela e com um pequeno motor auxiliar) que se vêm ao fundo fazem lembrar as antigas caravelas lusas e fazem ainda hoje a travessia para o outro lado do Mar Vermelho, o Yemen, ou ao longo da costa até à Somalia ou a actual Eritreia.
Bairro de Djibouti, a maior parte da populaçao da capital vivia (vive ?) em bairros destes...
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
2 fragatas Cdte Riviere do lado direito, o outro navio não conheço.
Que navio era esse do lado esquerdo que só se vê a proa, caro legionário?
parece o Colbert...
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
O pequeno aeroporto de Djibouti, era frequentado por muito poucas companhias aéreas e era tambem muito controlado pelos franceses. A PM estava presente de uma forma constante a cada saida de aviao. Para mais, era necessario um passaporte e um visto de saida…coisa que eu nao dispunha.
Considerei a hipotese de sair clandestinamente num dos barcos tradicionais (os boutres de madeira que podem vêr na foto), que fazem a ligaçao regular com o Yemen , mas deixei esta opçao para segundo lugar.
A alternativa que mais me tentava, era sair de Djibouti por terra utilizando o decrépito comboio que nessa altura ainda fazia a ligaçao deste pais com Adis Abeba capital da Etiopia e onde existia uma embaixada de Portugal.
A civilizaçao etiope é uma das mais antigas, ja citada na antiguidade como reino de Aksoum,… e foi aqui que foi descoberto o fossil de « Lucy », sendo por isso considerada o berço da humanidade.
A Etiopia, terra onde tambem cohabitam minorias muçulmanas, animistas e judias, … é a segunda mais antiga naçao crista do mundo.
Terra tambem do mitico Prestes Joao, que os portugueses buscaram e alcançaram no século XVI, aliando-se em 1541 ao imperador cristao etiope, para derrotar os muçulmanos apoiados pelos turcos otomanos.
Todas estas referencias historicas, recordaçoes do meu tempo de estudante, me acudiram à memoria e era sempre muito excitado que eu estudava mapas e itinerarios.
Considerei a hipotese de sair clandestinamente num dos barcos tradicionais (os boutres de madeira que podem vêr na foto), que fazem a ligaçao regular com o Yemen , mas deixei esta opçao para segundo lugar.
A alternativa que mais me tentava, era sair de Djibouti por terra utilizando o decrépito comboio que nessa altura ainda fazia a ligaçao deste pais com Adis Abeba capital da Etiopia e onde existia uma embaixada de Portugal.
A civilizaçao etiope é uma das mais antigas, ja citada na antiguidade como reino de Aksoum,… e foi aqui que foi descoberto o fossil de « Lucy », sendo por isso considerada o berço da humanidade.
A Etiopia, terra onde tambem cohabitam minorias muçulmanas, animistas e judias, … é a segunda mais antiga naçao crista do mundo.
Terra tambem do mitico Prestes Joao, que os portugueses buscaram e alcançaram no século XVI, aliando-se em 1541 ao imperador cristao etiope, para derrotar os muçulmanos apoiados pelos turcos otomanos.
Todas estas referencias historicas, recordaçoes do meu tempo de estudante, me acudiram à memoria e era sempre muito excitado que eu estudava mapas e itinerarios.
Editado pela última vez por legionario em Qui Set 23, 2010 8:18 am, em um total de 1 vez.
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Re: Legião Estrangeira, a minha experiência pessoal.
Este comboio circulava so uma vez por semana e demorava no minimo, 3 dias a atingir o seu destino. Devido aos conflitos regionais que entretanto começavam a intensificar-se, esta linha seria posta de servico algum tempo depois, mas por enquanto ainda funcionava.
O primeiro problema que se apresentava nesta minha opçao, era conseguir passar a fronteira de Djibouti com a Etiopia, sobretudo porque o unico documento que eu tinha era o militar francês, que obviamente nao serviria…
Entretanto os 9 dias de licença ja tinham passado e a PM, assim como a gendarmaria e a policia djiboutianas procuravam-me por todo o lado. Primeiro pensaram que eu me tinha « esquecido » de regressar porque me encontraria deleitado nos braços de alguma ninfa local… e que tardaria em voltar aos rigores da vida militar.
As policias civis e militar deram a volta a todos os bares e interrogavam toda a gente susceptivel de conhecer o meu paradeiro, mas em vao. Ninguem imaginava que eu me encontrava bem instalado e em segurança num casebre em pleno centro de um dos bairros mais perigosos e mais mal-afamados de Djibouti…
A PM, uma altura ao perguntar a um grupo de legionarios que se encontrava num bar, se tinham visto o « De Sousa », ouviram como resposta : « esta ali sentado ao balcao do bar ». Efectivamente, havia um outro « De Sousa » no regimento, que era um mulato de Lisboa. Este degraçado nao compreendeu nada quando a PM lhe caiu em cima e o desancou de pancada. Apesar dos protestos do rapaz, a PM da legiao, cujos elementos nao sao selecionados pela sua inteligencia, levaram-no para a prisao do regimento e espancaram-no brutalmente. Mais tarde reencontrei alguns dos meus camaradas que me contaram a historia. Como foi possivel a PM confundir um tipo, que ainda por cima era mulato, comigo ? Boa pergunta que justifica bem a apreciaçao que anteriormente fiz sobre os PM da legiao.
O primeiro problema que se apresentava nesta minha opçao, era conseguir passar a fronteira de Djibouti com a Etiopia, sobretudo porque o unico documento que eu tinha era o militar francês, que obviamente nao serviria…
Entretanto os 9 dias de licença ja tinham passado e a PM, assim como a gendarmaria e a policia djiboutianas procuravam-me por todo o lado. Primeiro pensaram que eu me tinha « esquecido » de regressar porque me encontraria deleitado nos braços de alguma ninfa local… e que tardaria em voltar aos rigores da vida militar.
As policias civis e militar deram a volta a todos os bares e interrogavam toda a gente susceptivel de conhecer o meu paradeiro, mas em vao. Ninguem imaginava que eu me encontrava bem instalado e em segurança num casebre em pleno centro de um dos bairros mais perigosos e mais mal-afamados de Djibouti…
A PM, uma altura ao perguntar a um grupo de legionarios que se encontrava num bar, se tinham visto o « De Sousa », ouviram como resposta : « esta ali sentado ao balcao do bar ». Efectivamente, havia um outro « De Sousa » no regimento, que era um mulato de Lisboa. Este degraçado nao compreendeu nada quando a PM lhe caiu em cima e o desancou de pancada. Apesar dos protestos do rapaz, a PM da legiao, cujos elementos nao sao selecionados pela sua inteligencia, levaram-no para a prisao do regimento e espancaram-no brutalmente. Mais tarde reencontrei alguns dos meus camaradas que me contaram a historia. Como foi possivel a PM confundir um tipo, que ainda por cima era mulato, comigo ? Boa pergunta que justifica bem a apreciaçao que anteriormente fiz sobre os PM da legiao.
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