Pressões Nucleares sobre o Brasil
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
É semelhante a uma central que temos cá em Portugal, passo por ela sempre que vou pela A1 a caminho do norte. E sim, funciona a carvão.
- Francoorp
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Então é carvão... mas se é assim limpa com todo esse vapor de água, por que enchem o saco sempre sobre as usinas de carvão que sujam ???... ali parece tudo limpinho demais!!!
Eu não vi chaminés pra jogar a fumaça preta e suja da queima do carvão fora ali no local! Mas se os senhores conhecem, então vou por vocês.
Eu não vi chaminés pra jogar a fumaça preta e suja da queima do carvão fora ali no local! Mas se os senhores conhecem, então vou por vocês.
- prp
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Uma pergunata.
O Brasil possui alguma usina a carvão?
Existe alguma mina de carvão tupiniquim, que não seja nosso cerrado?
O Brasil possui alguma usina a carvão?
Existe alguma mina de carvão tupiniquim, que não seja nosso cerrado?
- varj
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
prp escreveu:Uma pergunata.
O Brasil possui alguma usina a carvão?
Existe alguma mina de carvão tupiniquim, que não seja nosso cerrado?
No Brasil as principais reservas de carvão mineral estão localizadas no Sul do País, principalmente no Estado do Rio Grande do Sul, que possui mais de 90% das reservas nacionais. Em 2002, as reservas nacionais de carvão eram aproximadamente 12 bilhões de toneladas, correspondendo a mais de 50% das reservas sulamericanas e a 1,2% das reservas mundiais.
EM 1.950 foram construídas as usinas termelétricas de Charqueadas, no Rio Grande do Sul, com 72 MW de potência instalada, Capivari, em Santa Catarina, com 100 MW, e Figueira, no Paraná, com 20 MW.Em 2003 haviam 7 centrais termelétricas a carvão mineral em operação no Brasil, totalizando 1.415 MW de potência instalada.Existem mais 6 centrais outorgadas que adicionarão quando operantes 2.721 MW de potência instalada. Com destaque para o de Sepetiba, no Estado do Rio de Janeiro, com 1.377 MW .
Dados Aneel.
- Francoorp
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Veja que aquelas torres de resfriamento são um clássico da Nucleares, mesmo que eu acredite que aquela em Pequim seja uma usina à carvão... esta Usina Nuclear Yankee esta ao norte de Stony Point no estado de Michigan, notem as torres:
E sempre na China tem esta outra em Zhengzhou, sempre dentro da cidade...
E sempre na China tem esta outra em Zhengzhou, sempre dentro da cidade...
- Francoorp
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Senhores achei a usina de carvão chinesa que tem aquela torre, e vendo assim com veremos agora, aquelas duas anteriores são completamente diferentes desta... notar o carvão deixado ao ar livre antes de ser queimado, e também as dimensões complexivas da estrutura predial e o NUMERO de torres de resfriamento que exige esta estrutura a carvão... creio que realmente as outras duas anteriores sejam Nucleares, e no meio da cidade... imagina se fosse no Brasil o que não dava de pressão??
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Olá Francoorp!
Na primeira foto voce irá notar uma quarta torre de refrigeração parabólica. Ela está bem no meio de duas enormes chaminés, na secção de geração de vapor. Nas plantas mais novas (ou reformadas) de Pequim o carvão fica coberto para evitar a propagação do pó, que se tornou um problema ambiental mais sério do que a fumaça em muitos casos. Nenhuma cidade ocidental teria uma destas dentro de seu perímetro urbano (ao menos nova...), mas na RPC as coisas são "um pouco diferentes".
[]'s
Na primeira foto voce irá notar uma quarta torre de refrigeração parabólica. Ela está bem no meio de duas enormes chaminés, na secção de geração de vapor. Nas plantas mais novas (ou reformadas) de Pequim o carvão fica coberto para evitar a propagação do pó, que se tornou um problema ambiental mais sério do que a fumaça em muitos casos. Nenhuma cidade ocidental teria uma destas dentro de seu perímetro urbano (ao menos nova...), mas na RPC as coisas são "um pouco diferentes".
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- Francoorp
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Hader escreveu:Olá Francoorp!
Na primeira foto voce irá notar uma quarta torre de refrigeração parabólica. Ela está bem no meio de duas enormes chaminés, na secção de geração de vapor. Nas plantas mais novas (ou reformadas) de Pequim o carvão fica coberto para evitar a propagação do pó, que se tornou um problema ambiental mais sério do que a fumaça em muitos casos. Nenhuma cidade ocidental teria uma destas dentro de seu perímetro urbano (ao menos nova...), mas na RPC as coisas são "um pouco diferentes".
[]'s
Eu vi aquela torre ao centro e vi também as chaminés, mas até angra tem chaminé... mas não sei pra que serviria...
Mas não tem a torre de resfriamento... talvez a potência seja muito baixa para servir uma, mas sei muito pouco sobre isso.
Valeu !!
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
As torres de resfriamento que vcs comentam são do tipo "Tiragem Natural" elas são adequadas apenas para climas frios.
No Brasil as torres de resfriamento são do tipo tiragem forçada ou de tiragem induzida. Que tem dimenções, e geometria bem distinta daquelas vistas nos filmes com usinas nucleares e que parecem um cone truncado.
Angra dispõe de torres de resfriamento sim. Mas só que de modelos adequados ao nosso clima.
Só para titulo ilustrativo aqui em MG temos uma torre com aspecto daquelas de tiragem natural. É a antiga torre da Valorec Mannesmann. Que foi importada com o projeto da usina inteirinha da Alemanha. Só que como a torre não funcionava bem (baixo diferencial de temperatura para gerar o arrasto natural) instalou-se uma porção de ventiladores(fans) na parte baixa do cone, o que descaracterizou completamente o equipamento e além de ter um péssimo rendimento, tem a aparencia de um "frankstein".
Quanto a chaminé que aparece em Angra eu não tenho certeza, mas deve ser relativa ao sistema de geração de vapor auxiliar, atendido por caldeiras a óleo.
No Brasil as torres de resfriamento são do tipo tiragem forçada ou de tiragem induzida. Que tem dimenções, e geometria bem distinta daquelas vistas nos filmes com usinas nucleares e que parecem um cone truncado.
Angra dispõe de torres de resfriamento sim. Mas só que de modelos adequados ao nosso clima.
Só para titulo ilustrativo aqui em MG temos uma torre com aspecto daquelas de tiragem natural. É a antiga torre da Valorec Mannesmann. Que foi importada com o projeto da usina inteirinha da Alemanha. Só que como a torre não funcionava bem (baixo diferencial de temperatura para gerar o arrasto natural) instalou-se uma porção de ventiladores(fans) na parte baixa do cone, o que descaracterizou completamente o equipamento e além de ter um péssimo rendimento, tem a aparencia de um "frankstein".
Quanto a chaminé que aparece em Angra eu não tenho certeza, mas deve ser relativa ao sistema de geração de vapor auxiliar, atendido por caldeiras a óleo.
Se na batalha de Passo do Rosário houve controvérsias. As Vitórias em Lara-Quilmes e Monte Santiago, não deixam duvidas de quem às venceu!
- Francoorp
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Então aquelas dentro das cidades Chinesas o que são??? Carvão ou Nuclear???Tupi escreveu:As torres de resfriamento que vcs comentam são do tipo "Tiragem Natural" elas são adequadas apenas para climas frios.
No Brasil as torres de resfriamento são do tipo tiragem forçada ou de tiragem induzida. Que tem dimenções, e geometria bem distinta daquelas vistas nos filmes com usinas nucleares e que parecem um cone truncado.
Angra dispõe de torres de resfriamento sim. Mas só que de modelos adequados ao nosso clima.
Só para titulo ilustrativo aqui em MG temos uma torre com aspecto daquelas de tiragem natural. É a antiga torre da Valorec Mannesmann. Que foi importada com o projeto da usina inteirinha da Alemanha. Só que como a torre não funcionava bem (baixo diferencial de temperatura para gerar o arrasto natural) instalou-se uma porção de ventiladores(fans) na parte baixa do cone, o que descaracterizou completamente o equipamento e além de ter um péssimo rendimento, tem a aparencia de um "frankstein".
Quanto a chaminé que aparece em Angra eu não tenho certeza, mas deve ser relativa ao sistema de geração de vapor auxiliar, atendido por caldeiras a óleo.
Acho que como o Hader disse devem ser sim a carvão mesmo, ninguém seria louco de colocar uma usina nuclear dentro da cidade, ou cidades como falamos... mas podem ser também para queimar combustível derivado de petróleo, já que eles usam mais para isso do que para veículos.
Então deu em nada, eu queria demonstrar que fazem pressão por qualquer coisa nuclear no Brasil e la na China ninguém fala nada das usinas nucleares "Urbanas"... mas eu sei que vou achar algo desse tipo por ai...
Valeu galera.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
O fato de ter aquele tipo de torre de resfriamento, não é obrigatório que seja para atender uma usina nuclear. Poderemos ter torres de tiragem natural em qualquer tipo de planta de resfriamento.Então aquelas dentro das cidades Chinesas o que são??? Carvão ou Nuclear???
No caso das fotos em questão não fica claro que tipo de usina estamos visualizando.
Uma coisa que chama atenção é que normalmente o predio do reator nuclear é uma estrutura reforçada com uma cupula de concreto sem janelinhas. Mas não consegui visualizar isso nas fotos apresentadas. Talvez pelo angulo que foram tiradas as fotos.
Se na batalha de Passo do Rosário houve controvérsias. As Vitórias em Lara-Quilmes e Monte Santiago, não deixam duvidas de quem às venceu!
- Francoorp
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Tupi escreveu:O fato de ter aquele tipo de torre de resfriamento, não é obrigatório que seja para atender uma usina nuclear. Poderemos ter torres de tiragem natural em qualquer tipo de planta de resfriamento.Então aquelas dentro das cidades Chinesas o que são??? Carvão ou Nuclear???
No caso das fotos em questão não fica claro que tipo de usina estamos visualizando.
Uma coisa que chama atenção é que normalmente o predio do reator nuclear é uma estrutura reforçada com uma cupula de concreto sem janelinhas. Mas não consegui visualizar isso nas fotos apresentadas. Talvez pelo angulo que foram tiradas as fotos.
Aquela dos Yankees la encima também não tem cupula, e aquela é 100% uma usina nuclear.
- Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
VALOR ECONÔMICO –06/09/10
Alemanha aposta em energia nuclear
O governo da primeira-ministra da Alemanha, a conservadora Angela Merkel, concordou ontem em estender o prazo de vida útil de dezessete usinas nucleares do país. Em troca, as empresas proprietárias desses usinas vão contribuir para um fundo que financiará projetos de energias alternativas.
A decisão reverte uma política de fechamento antecipado dessas usinas, adotada pelo governo alemão anterior, do social-democrata Gerhard Schröder.
Sete dessas centrais nucleares, construídas antes de 1980, poderão funcionar por oito anos a mais do que estava previsto. As demais dez usinas, mais novas, vão ganhar 14 anos a mais de operação. Isso significa um extensão de média de 12 anos em relação à data de fechamento das usinas, que deveria ser em 2022.
A decisão deve impulsionar as ações da E.ON, a maior geradora de energia nuclear da Alemanha, e da RWE, que caíram 21% este ano.
Na semana passada, o governo alemão já antecipara que as quatro empresas geradoras de energia nuclear no país -E.ON, RWE, EnBW e Vattenfall - pagariam uma taxa avaliada em € 2,3 bilhões a partir do próximo ano. Isso fez crescer os rumores de um acordo quanto à extensão da vida útil das usinas nucleares.
Além disso, as empresas pagarão ainda uma contribuição de € 300 milhões, em 2011 e 2012, que caíra para € 200 milhões nos anos seguintes, para financiar um fundo de investimento em projetos de energia renovável.
A decisão fará com que a dependência alemã de energia importada, principalmente do gás da Rússia, não aumente significativamente. A aposta alemã na energia nuclear deve influenciar outros países europeus.
Alemanha aposta em energia nuclear
O governo da primeira-ministra da Alemanha, a conservadora Angela Merkel, concordou ontem em estender o prazo de vida útil de dezessete usinas nucleares do país. Em troca, as empresas proprietárias desses usinas vão contribuir para um fundo que financiará projetos de energias alternativas.
A decisão reverte uma política de fechamento antecipado dessas usinas, adotada pelo governo alemão anterior, do social-democrata Gerhard Schröder.
Sete dessas centrais nucleares, construídas antes de 1980, poderão funcionar por oito anos a mais do que estava previsto. As demais dez usinas, mais novas, vão ganhar 14 anos a mais de operação. Isso significa um extensão de média de 12 anos em relação à data de fechamento das usinas, que deveria ser em 2022.
A decisão deve impulsionar as ações da E.ON, a maior geradora de energia nuclear da Alemanha, e da RWE, que caíram 21% este ano.
Na semana passada, o governo alemão já antecipara que as quatro empresas geradoras de energia nuclear no país -E.ON, RWE, EnBW e Vattenfall - pagariam uma taxa avaliada em € 2,3 bilhões a partir do próximo ano. Isso fez crescer os rumores de um acordo quanto à extensão da vida útil das usinas nucleares.
Além disso, as empresas pagarão ainda uma contribuição de € 300 milhões, em 2011 e 2012, que caíra para € 200 milhões nos anos seguintes, para financiar um fundo de investimento em projetos de energia renovável.
A decisão fará com que a dependência alemã de energia importada, principalmente do gás da Rússia, não aumente significativamente. A aposta alemã na energia nuclear deve influenciar outros países europeus.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
O medo de uma epidemia nuclear
Mundo encontra-se em um 'ponto de virada' no sentido da formação de uma multidão armada com
mísseis nucleares
WILLIAM POTTER & GAUKHAR MUKHATZHANOVA THE INTERNATIONAL HERALD TRIBUNE - O
Estado de S.Paulo
A julgar pelos comentários feitos pela maioria das figuras políticas, dos estudiosos e
comentaristas da mídia, independentemente de sua orientação política, o futuro da proliferação nuclear é
sombrio.
Desta vez, sem dúvida, o céu está despencando. O mundo encontra-se, no mínimo, num "ponto
de virada", no sentido da formação de uma multidão armada com mísseis nucleares, composta por um
número muito maior de países buscando e obtendo armamento atômico.
Em relação a isso, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton; o primeiro-ministro
israelense, Binyamin Netanyahu; o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon; e o senador
americano John McCain parecem concordar.
Esse pessimismo diante da proliferação costuma ser expressado nos termos de dominós
nucleares, cadeias, cascatas e ondas. Na maioria dos casos, o cenário pessimista supõe um processo
reativo por meio do qual a aquisição de capacidades nucleares por parte do Irã leva outros Estados da
região - e quem sabe de outras partes do mundo - a seguir o exemplo da República Islâmica em rápida
sucessão.
Tais prognósticos costumam ser citados para defender a adoção de medidas urgentes para deter
o programa nuclear iraniano. Ainda assim, como ocorreu no caso da teoria dos dominós que previa a
difusão do comunismo, poucas provas são mostradas para sustentar as suposições acerca da
proliferação reativa.
Uma análise de estimativas nacionais de espionagem trazidas a público pelo governo americano,
bem como prognósticos feitos por especialistas, mostram que o alarmismo tem sido uma característica
das avaliações de ameaças aos Estados Unidos durante a maior parte da era nuclear.
Os catalisadores das projeções de rápida proliferação e as características das "condições
limítrofes" mudaram com o tempo, mas previsões anteriores apresentaram a tendência de superestimar o
ritmo da proliferação.
O mais famoso dos prognósticos sombrios foi feito pelo presidente John F. Kennedy em 1963,
quando ele supôs um pesadelo futuro no qual 15, 20 ou 25 países atingiriam o status de potências
nucleares. Apesar do pouco movimento no sentido de um cenário como esse, persiste a suposição de
que o nascimento de um novo país dotado de armas nucleares provocará outros a seguir o mesmo rumo.
Ondas de proliferação foram esperadas por muitos depois do teste nuclear "pacífico" da Índia em
1974; do colapso da União Soviética em 1991; dos testes atômicos feitos por Índia e Paquistão em 1998;
e, mais recentemente, depois que a Coreia do Norte abandonou o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Apesar de tais acontecimentos não terem produzido efeitos óbvios de difusão, os responsáveis pela
política externa identificaram o Oriente Médio como local da próxima onda de proliferação.
Será que os fatos sustentam este prognóstico? Nosso estudo prolongado da dinâmica da
proliferação nuclear no caso de uma dúzia de "suspeitos prováveis" sugere o contrário. Ele mostra que a
difusão das armas nucleares para um número cada vez maior de países não é iminente nem envolve
uma "reação em cadeia".
Apesar de surpreendente em termos de sua contestação do senso comum em relação a uma
pandemia de proliferação, nossa conclusão condiz com o ritmo historicamente lento da proliferação e
com as circunstâncias excepcionais que devem prevalecer para que um Estado decida abandonar a
contenção nuclear.
Ela destaca também o importante papel desempenhado pelos líderes individuais e pelas
coalizões políticas domésticas, para quem a busca das armas nucleares representa grandes custos
políticos, econômicos e defensivos.
O Egito - considerado o dominó cuja probabilidade de cair é mais alta no caso de o Irã
reconhecer a existência de objetivos militares para seu programa nuclear - é um exemplo disso. Como
demonstra James Walsh, no estudo que desenvolveu para o projeto, as motivações do Egito para a
aquisição de armas nucleares foram mais intensas nas últimas décadas do que são agora e do que
devem ser no futuro próximo, enquanto os fatores de dissuasão apresentam hoje força igual ou superior
em relação ao passado.
Por qual motivo Cairo decidiria emular a posição nuclear do Irã depois de tolerar um programa
nuclear muito mais potente desenvolvido pelos israelenses? Por que correr o risco de danificar suas
relações com os EUA, para não falar na perda de imensas quantidades de ajuda econômica e militar, em
troca dos benefícios muito incertos de um caro programa de desenvolvimento de armas nucleares?
Também devemos manter ceticismo em relação à Turquia, outro possível elo numa reação em cadeia
instigada pelo Irã. Por que o país abandonaria suas tentativas de se tornar membro da União Europeia e
poria em risco as garantias de segurança feitas pela Otan apenas para emular o Irã? E quanto à Arábia
Saudita, outro país importante do Oriente Médio? Qual de seus problemas, seja interno ou externo, o
país solucionaria ao adquirir capacidades nucleares?
Sugerir que o céu ainda não está desabando no caso da proliferação não equivale a desmerecer
o risco representado pela difusão das armas nucleares. De fato, a aquisição de armas atômicas por parte
do Irã ou a adoção de medidas militares contra o país pode muito bem alterar o equilíbrio entre incentivos
e estímulos contrários no cálculo da proliferação referente a certos casos.
Mas, se a história servir como guia, estes fatores serão específicos para cada país, e mesmo que
uma nação decida voltar atrás no seu compromisso com a não proliferação, há poucos motivos para
esperar uma epidemia. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
*POTTER É PROFESSOR DE ESTUDOS DA NÃO PROLIFERAÇÃO E MUKHATZHANOVA É
PROFESSORA ADJUNTA DO INSTITUTO MONTEREY DE ESTUDOS INTERNACIONAIS
Mundo encontra-se em um 'ponto de virada' no sentido da formação de uma multidão armada com
mísseis nucleares
WILLIAM POTTER & GAUKHAR MUKHATZHANOVA THE INTERNATIONAL HERALD TRIBUNE - O
Estado de S.Paulo
A julgar pelos comentários feitos pela maioria das figuras políticas, dos estudiosos e
comentaristas da mídia, independentemente de sua orientação política, o futuro da proliferação nuclear é
sombrio.
Desta vez, sem dúvida, o céu está despencando. O mundo encontra-se, no mínimo, num "ponto
de virada", no sentido da formação de uma multidão armada com mísseis nucleares, composta por um
número muito maior de países buscando e obtendo armamento atômico.
Em relação a isso, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton; o primeiro-ministro
israelense, Binyamin Netanyahu; o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon; e o senador
americano John McCain parecem concordar.
Esse pessimismo diante da proliferação costuma ser expressado nos termos de dominós
nucleares, cadeias, cascatas e ondas. Na maioria dos casos, o cenário pessimista supõe um processo
reativo por meio do qual a aquisição de capacidades nucleares por parte do Irã leva outros Estados da
região - e quem sabe de outras partes do mundo - a seguir o exemplo da República Islâmica em rápida
sucessão.
Tais prognósticos costumam ser citados para defender a adoção de medidas urgentes para deter
o programa nuclear iraniano. Ainda assim, como ocorreu no caso da teoria dos dominós que previa a
difusão do comunismo, poucas provas são mostradas para sustentar as suposições acerca da
proliferação reativa.
Uma análise de estimativas nacionais de espionagem trazidas a público pelo governo americano,
bem como prognósticos feitos por especialistas, mostram que o alarmismo tem sido uma característica
das avaliações de ameaças aos Estados Unidos durante a maior parte da era nuclear.
Os catalisadores das projeções de rápida proliferação e as características das "condições
limítrofes" mudaram com o tempo, mas previsões anteriores apresentaram a tendência de superestimar o
ritmo da proliferação.
O mais famoso dos prognósticos sombrios foi feito pelo presidente John F. Kennedy em 1963,
quando ele supôs um pesadelo futuro no qual 15, 20 ou 25 países atingiriam o status de potências
nucleares. Apesar do pouco movimento no sentido de um cenário como esse, persiste a suposição de
que o nascimento de um novo país dotado de armas nucleares provocará outros a seguir o mesmo rumo.
Ondas de proliferação foram esperadas por muitos depois do teste nuclear "pacífico" da Índia em
1974; do colapso da União Soviética em 1991; dos testes atômicos feitos por Índia e Paquistão em 1998;
e, mais recentemente, depois que a Coreia do Norte abandonou o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Apesar de tais acontecimentos não terem produzido efeitos óbvios de difusão, os responsáveis pela
política externa identificaram o Oriente Médio como local da próxima onda de proliferação.
Será que os fatos sustentam este prognóstico? Nosso estudo prolongado da dinâmica da
proliferação nuclear no caso de uma dúzia de "suspeitos prováveis" sugere o contrário. Ele mostra que a
difusão das armas nucleares para um número cada vez maior de países não é iminente nem envolve
uma "reação em cadeia".
Apesar de surpreendente em termos de sua contestação do senso comum em relação a uma
pandemia de proliferação, nossa conclusão condiz com o ritmo historicamente lento da proliferação e
com as circunstâncias excepcionais que devem prevalecer para que um Estado decida abandonar a
contenção nuclear.
Ela destaca também o importante papel desempenhado pelos líderes individuais e pelas
coalizões políticas domésticas, para quem a busca das armas nucleares representa grandes custos
políticos, econômicos e defensivos.
O Egito - considerado o dominó cuja probabilidade de cair é mais alta no caso de o Irã
reconhecer a existência de objetivos militares para seu programa nuclear - é um exemplo disso. Como
demonstra James Walsh, no estudo que desenvolveu para o projeto, as motivações do Egito para a
aquisição de armas nucleares foram mais intensas nas últimas décadas do que são agora e do que
devem ser no futuro próximo, enquanto os fatores de dissuasão apresentam hoje força igual ou superior
em relação ao passado.
Por qual motivo Cairo decidiria emular a posição nuclear do Irã depois de tolerar um programa
nuclear muito mais potente desenvolvido pelos israelenses? Por que correr o risco de danificar suas
relações com os EUA, para não falar na perda de imensas quantidades de ajuda econômica e militar, em
troca dos benefícios muito incertos de um caro programa de desenvolvimento de armas nucleares?
Também devemos manter ceticismo em relação à Turquia, outro possível elo numa reação em cadeia
instigada pelo Irã. Por que o país abandonaria suas tentativas de se tornar membro da União Europeia e
poria em risco as garantias de segurança feitas pela Otan apenas para emular o Irã? E quanto à Arábia
Saudita, outro país importante do Oriente Médio? Qual de seus problemas, seja interno ou externo, o
país solucionaria ao adquirir capacidades nucleares?
Sugerir que o céu ainda não está desabando no caso da proliferação não equivale a desmerecer
o risco representado pela difusão das armas nucleares. De fato, a aquisição de armas atômicas por parte
do Irã ou a adoção de medidas militares contra o país pode muito bem alterar o equilíbrio entre incentivos
e estímulos contrários no cálculo da proliferação referente a certos casos.
Mas, se a história servir como guia, estes fatores serão específicos para cada país, e mesmo que
uma nação decida voltar atrás no seu compromisso com a não proliferação, há poucos motivos para
esperar uma epidemia. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
*POTTER É PROFESSOR DE ESTUDOS DA NÃO PROLIFERAÇÃO E MUKHATZHANOVA É
PROFESSORA ADJUNTA DO INSTITUTO MONTEREY DE ESTUDOS INTERNACIONAIS
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