Eu cheguei a discutir esta questão dos santos católicos com um padre, um frei e uma freira com quem meus pais (que são muito católicos) tinham bastante contato, e o que eles me disseram seguia mais ou menos o seguinte: No início da expansão do cristianismo e depois na sua propagação por várias regiões do planeta os cristãos encontraram povos cujas crenças incluíam a idolatria a algum tipo de divindade ou semi-divindade local. Estes povos simplesmente não conseguiam raciocinar com a idéia de adorar a um Deus que para eles era invisível, distante e incognoscível. Uma solução que surgiu naturalmente foi "divinizar" personagens locais que haviam se convertido ao cristianismo e que podiam ser separados das pessoas comuns por alguma característica que os distinguisse e permitisse que fossem apresentados como estando em um patamar mais próximo de Deus (martírio, devoção, caridade, etc...). Desta forma os novos crentes tinham alguém com quem podiam se identificar na nova religião, e depois, com o tempo e já no seio da igreja, a fé daquela população podia ser melhor trabalhada e depurada para se concentrar na adoração direta à Deus (no caso à trindade).U-27 escreveu:Olha, como católico, sei que a veneração dos Santos, feita por catolicos praticantes que sabem o que fazem, não se sobrepoe a Deus, pois justamente pedimos intercessão a eles por eles terem mais dignidade perante Deus que nos, e nos como meros pecadores, buscamos que eles falem a Deus por nos, não por medo ou falta de confiança em Deus, mas sim, por não sermos dignos de falarmos diretamente a ele, talvez, tenha acontecido alguns detalhes pagãos, mas muitos deles são o que chamamos hoje de "superstição" e isto é pecado, agora, quanto as festas, normal pegar datas de festas pagãs e alterar, desde que a conotação pagã seja tirada, como ocorreram em varias.
É claro que com o tempo toda uma série de estruturas doutrinárias foram criadas para justificar esta fé nos santos e enquadrá-la dentro de uma doutrina que deveria ser monoteísta (na verdade trinitária) sem cair de volta na idolatria pura e simples, mas estas foram apenas racionalizações posteriores, a questão básica era (e ainda é) trazer para o cristianismo (e hoje o catolicismo) pessoas que já tinham devoção por personagens de outras crenças.
Isto criou situações interessantes, como o caso brasileiro. Em nosso país o cristianismo tinha que ser levado basicamente aos índios e escravos africanos, que tinham sistemas de crença muito pouco sofisticados se comparados ao cristianismo, além de praticamente nenhum poder político/militar. Assim era fácil converter os gentios locais (pela fé ou pela força), santos nunca foram necessários e o vaticano evitou criá-los por estas terras, pois se podia evitar sempre preferiu assim. Por isso durante séculos de domínio católico o Brasil nunca teve santos, enquanto até a Coréia, por exemplo, tinha dois! Mas agora, com o crescimento das denominações protestantes no Brasil, o vaticano passou a precisar de toda ajuda possível para manter e se possível aumentar o número dos seus fiéis. E tendo a devoção aos santos locais se mostrado uma força eficiente sempre que necessário, adivinha só? Já temos um santo brasileiro, e outros mais estão na fila.
Só relembrando, este não é um raciocínio meu, foi me dito por religiosos católicos.
Minha opinião pessoal neste assunto do celibato é de que ele é uma regra da igreja católica de origem não-religiosa que tem vários pontos positivos: Permite a dedicação integral dos religiosos sem os custos de manutenção de suas famílias (a verba assim economizada pode ser utilizada para manter inúmeros centros de retiro, escolas, hospitais, missões, etc...), mantém a mobilidade do corpo religioso (padres podem ser transferidos a qualquer momento sem preocupação com escola dos filhos, emprego das esposas, etc...) e principalmente, coloca os religiosos católicos de certa forma em um patamar diferenciado com relação ao restante da sociedade do ponto de vista moral. Não porque o casamento ou o sexo em si sejam imorais, mas porque abdicando voluntariamente deles os religiosos católicos demonstram um autocontrole e uma capacidade de abnegação que as pessoas comuns não são chamadas a mostrar. É claro que assim um padre ou freira não conhecerá os detalhes específicos da convivência conjugal ou da criação dos filhos para poderem ser os melhores conselheiros nestes assuntos, mas nem deve ser este o papel deles (para isto existem psicólogos, pedagogos, etc...). Mas eles podem pedir aos fiéis que se abstenham dos exageros, do egoísmo, da infidelidade, etc..., com a autoridade de quem faz diariamente sacrifícios ainda maiores do que pedem aos seus fiéis. E este é verdadeiramente o seu papel, dar o exemplo de abnegação, e aí o celibato passa a ser sim um diferencial.ah, bem, quanto ao outro, o Padre da conselhos seguindo a doutrina católica, ele tem mais conhecimento quanto a isto que qualquer casado, pois, a paroquia seria a familia dele, o Padre não se casa para poder cuidar melhor de seus filhos espirituais, sei que para os pastores pode parecer vantagem, mas a muita diferença entre um Padre e um pastor, até o nome Padre vem de pai, pai dos fieis, e o Padre tem dever de cuidar sempre de seus filhos, alem disto, ele tem de estar sempre presente para ajuda-los, atender confissão, direção espiritual e outras coisas, ou seja, tem de dedicar toda sua vida a Deus, alem disto, o voto de castidade é uma penitencia, se privando de algo que é bom por honra a Deus, mas a pedofilia de nada tem haver com o celibato, pois por seculos o celibato existe e a pedofilia sempre foi baixa, e muito homem casado por ai é pedofilo, bem mais que padres, então... alem de que a maioria dos pedofilos são gays, e um disturbio leva a outro como ja disse.
Com relação aos problemas de homossexualismo, pedofilia, etc..., eles não decorrem do celibato (nunca vi nenhuma indicação de que sejam mais comuns entre padres e freiras que entre o restante da população). Eles são um problema geral, e na igreja católica a solução para eles está na melhor seleção dos postulantes à ordenação sacerdotal (a demonstração de forte caráter e retidão moral TEM que ser mais importante que a necessidade de novos padres e freiras), na orientação àqueles que perceberem não poder manter seus votos de castidade (que sempre puderam deixar a batina e o hábito sem deixar a igreja), na punição mais rápida e severa dos que não se mostrarem à altura de suas investiduras, e na máxima transparência. O vaticano de fato errou nestes aspectos nos últimos anos, mas parece que agora percebeu que este é o caminho, e vamos ver daqui para a frente como irá proceder. Mas simplesmente acabar com o celibato não me parece a solução correta para os problemas que tem sido verificados.
Leandro G. Card