FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Olá. Eu sou estudante de Jornalismo na PUCRS (Ponitficie Universidade Católica do Rio Grande do Sul), e tenho algumas dúvidas sobre a doutrina católica. Antes de mais nada, gostaria de explicar que não é para alguma espécie de trabalho, são dúvidas pessoais.
Os senhores afirmam que a Igreja Católica nunca condenou pessoas de religiões/raças diferentes, como foi respondido à um e-mail anterior. Mas, se de fato, não houvesse esse preconceito, qual foi o motivo da Santa Inquisição? Antes que digam que a Santa Inquisição é uma "falsa história" quero lembra-los que está muito bem documentada a sua existencia e em especial o Padre Tomas de Torquemada nascido no ano de 1420 em Valladolid na Espanha, que se tornou um notório inquisidor, principalmente por suas criativas e eficázes torturas que eram usadas para "confissões de heréges". Caso não lhe venha à memória esse notável nome (que se tornou quase um simbolo da loucura e perversidade da Inquisição), ele foi responsável pelo Mosteiro de São Tomás de Avila.
Temos que lembrar que o que Jesus Cristo pregou foi a compreensão e o amor ao próximo, e como vocês (Igreja Católica) que eram os maiores representantes de Jesus, puderam torturar e queimar pessoas em praças públicas em cerimônias que deixariam até mesmo os mais apavorantes demônios do Inferno envergonhados? Qual é o argumento de vocês?
Depois passou-se anos, e veio a Segunda Guerra Mundial, e com ela o Nazismo. Os nazistas eram completamente contra judeus, negros, ciganos, latinos e qualquer "raça" que não a ariana. Porém, há um detalhe nisso tudo. A Igreja não condenou o nazismo, temos que nos lembras da visível indiferença do Papa perante as atrocidades (que se não foram piores, se igualam à Santa Inquisição) cometidas pelos oficiais nazistas, sendo que a Igreja Católica chegou a dar exílio aos nazistas que fugiam da queda iminente do III Reich. Como puderam aceitar homens que torturavam, matavam e estupravam pessoas inocentes por causa de sua religião? Por favor, me corrija se estiver errado, mas essas atitudes (vou falar apenas dessas duas, não vou comentar as Cruzadas nos territórios turcos, nem o saque de uma soma incalculável de ouro e preciosidades das colônias cujos monarcas eram protèges dos Sumos Pontífices) não são exatamente o oposto da palavra pregada por Jesus? Caso diga que esses dois fatos são "mentiras históricas de um prodessor comunista incompetente", lembrem-se que o Papa João Paulo II perdiu perdão por esse atos grotescos. Mas não disse por que esses atos foram cometidos. Talvez não lhe restou tempo, ou apenas o Papa João Paulo II não queria remexer numa ferida terrívelmente humilhante perante a imagem de Deus. Seja qual for o motivo, não peço desculpas, pois vocês devem pedir desculpas à Deus e ao seu Filho, às pessoas, precisam dar apenas motivos.
Com todo o meu respeito,
Rafael Anselmo.
P.S.: Sintam-se livres para publicarem, se não quiserem publicar, respondam à mim diretamente, pelo menos quero entender por que vocês expulsaram tantos seres humanos do mundo sem ter ao menos um objetivo plausível.
RESPOSTA
Muito prezado Rafael,
Salve Maria!
Claro que a Inquisição existiu, e que Torquemada foi inquisidor na Espanha, no século XV. Esses dois fatos ninguém discute.
Frei Tomás de Torquemada (1420-1498), Grande Inquisidor de Espanha, foi sobrinho do Cardeal Juan de Torquemada, com o qual não deve ser confundido.
Queria saber em que livro você leu sobre as torturas praticadas por Torquemada. Sinceramente, conhecendo o que se lê, no Brasil, ouso desconfiar que você não leu nenhum livro sobre a Inquisiçãoe nem sobre Torquemada. Como quase todos, no Brasil, você apenas repete o que ouviu de algum professor, ou o que leu em algum artiguete de jornal. No Brasil, o desconhecimento histórico é muito grande, pois quase não há livros sérios publicados sobre esse assunto, em português. Dai, a repetição de lendas como fatos históricos indiscutíveis. Repetem-se slogans e chavões e se pensa que se afirmaram verdades.
Por isso, você comete um primeiro erro -- secundário é certo, mas erro -- logo no começo de sua carta, ao dizer que Torquemada foi prior do Mosteiro de Santa Cruz de Ávila. Ele foi prior do mosteiro de Santa Cruz de Segóvia.
Logo depois, você comete um segundo erro -- este bem mais grave --- ao dizer que "Jesus Cristo pregou foi a compreensão e o amor ao próximo".
Certamente, Cristo pregou o amor ao próximo, mas que entende você por "compreensão"?
Claro que opondo o que Cristo pregou ao que fez a Inquisição, "compreensão", para você, é sinônimo de tolerância.
Ora, Cristo jamais mandou e nem aconselhou tolerar erros doutrinários. Ele combateu com força os erros gnósticos dos fariseus, assim como os erros dos saduceus. E Cristo não tolerou os vendilhões do Templo, mas os expulsou com violência, com o açoite. E açoite causa dor e machuca.
É claro que a ovelha sarnenta deve ser separada das sadias, e, para evitar endemias, deve-se até sacrificar as ovelhas que estão doentes, e não ter tolerância com o mal.
Com os homens se dá algo paralelo. Pois o mal moral é bem mais contagioso que a peste.
Você fala contra a tortura na Inquisição, como se a Inquisição tivesse inventado e introduzido a tortura. O que é uma calúnia.
A tortura foi usada por todos os povos até o século XIX. Para não falar das torturas do século XX, por exemplo, em Cuba.
Você já se lembrou de atacar as torturas socialistas de Fidel ?
E a imprensa ainda hoje está publicando provas médicas de que o prefeito Celso Daniel foi torturado antes de ser assassinado, e que, por imposições políticas, se abafou PeTisticamente esse caso de tortura e assassianto. No século XX! Aqui! No Brasil! Envolvendo o PT!
Saiba então que a Inquisição foi a primeira instituição jurídica no mundo a declarar que as confissões sob tortura não seriam válidas para a condenação de ninguém. Foi a Inquisição também que exigiu que a tortura fosse limitada, sendo usada apenas paar obter informações, e que não poderia violar a integridade física da pessoa, que ela deveria ser limitada a meia hora, que deveria ser assistida por um médico, e que jamais poderia ser repetida.
De 1309 a 1323, em 636 processos inquisitoriais realizados em Toulouse -- principal centrou herético medieval -- só em um deles se aplicou a tortura. Em um só. (Cfr. Rino Cammilieri , La Vera Storia dell´Inquisizione, Piemme, Casale Monferrato, 2001, p.48).
E sobre a Inquisição espanhola não se diz que ela logo foi uma instituição do Estado, não controlada pela Igreja, e que a Igreja teve que censurar e tomar medidas contrárias a ela.
Mesmo assim, o que se fala contra a Inquisição espanhola é fruto das calúnias difundidas por Llorente, um padre apóstata, que escreveu um livro contra a Inquisição na Espanha, para ajudar os franceses de Napoleão a dominarem esse país, traindo assim a Igreja e a Pátria. E Llorente, terminada a sua obra, queimou todos os documentos que usou, para que não se vissem suas falsificações.
Depois de falar caluniosamente sobre a Inquisição você passa a falar do Nazismo e me escreve o seguinte:
"Os nazistas eram completamente contra judeus, negros, ciganos, latinos e qualquer "raça" que não a ariana".
Meu caro, você se esqueceu de contar os católicos entre as vítimas do nazismo, porque Hitler perseguiu violentamente os católicos, que morreram em número muito grande nos campos de concentração. Principalmente sacerdotes e freiras.
Por que você omitiu os católicos entre as vitimas do nazismo?
Por puro preconceito contra a Igreja.
Essa é a tolerância dos que seguem "outras religiões" sem ousar definir qual é.
Defina-se, meu caro.
Na realidade, como todo defensor da tolerância, você é intolerante só para com a Igreja Católica.
Recomendo-lhe que leia os relatórios da perseguição à Igreja Católica feita pelos nazistas, na Polônia, por exemplo. E você não se lembra -- porque muito provavelmente ignora -- que Monsenhor Von Gallen, Cardeal Arcebispo de Munster, desafiando Hitler, foi quem valentemente protestou contra a lei nazista, que mandou eliminar em câmaras de gás os doentes mentais.
Aliás, queria lhe perguntar: você combateu a lei do uso de embriões humanos para pesuqisas, patrocinada pelo PT e aprovada pelo Lula?
Essa é uma lei tipicamente nazista, que permite usar seres humanos como cobaias. É uma lei de tipo Mengele que o PT fez aprovar.
Você protestou contra essa lei nazistóide aprovada por Lula ? Claro que não!
E, prosseguindo em sua fúria caluniadora contra a Igreja, você diz que os crimes da Inquisição se igualam aos do nazismo, pois me escreve que os crimes nazistas "se igualam à Santa Inquisição".
Ora, é sabido que o nazismo matou milhões de pessoas nos campos de concentração.
Sabe você o número de pessoas queimadas pela Inquisição, durante 100 anos, em Toulouse, o maior centro de hereges da Idade Média?
Pois foram só 42 pessoas.
E sobre a sua afirmação de que a Igreja não condenou o totalitarismo, peço-lhe que leia a encíclica Mit brenender Sorge.
E sobre o pedido de perdão de João Paulo II haveria muito o que dizer. Por exemplo, que só se pede perdão por erros próprios. O que disse João Paulo II reflete uma opinião pessoal dele, e não o ensinamento da Igreja. Aliás, agora foi publicado que todos os Cardeais se manifestaram, naquele tempo, contra o pedido de perdão feito por João Paulo II.
Você pede que lhe explique por que foi instituída a Inquisição. Esse é outro ponto que certamente você desconhece.
A Inquisição foi instituída para combater o catarismo, que defendia a tese de que a mulher, por permitir a perpetuação da humanidade, através da geração, era um ser nocivo. Os cátaros eram contra a procriação e contra o matrimônio, considerando possessas as mulheres grávidas. Defendiam também o suicídio por inanição. A vitória do catarismo seria a extinção da humanidade.
Até mesmo um autor protestante, inimigo da Inquisição, o americano Lea, considera que a Igreja, combatendo os cátaros, salvou a humanidade.
Você só está vivo, hoje, porque a Inquisição derrotou o catarismo.
Agradeça a Inquisição por sua vida e por sua mãe.
E saiba meu caro desconhecedor de História, que o catarismo foi o gerador do Romantismo e do Nazismo.
Vá então estudar História de verdade antes de caluniar a Igreja.
E se quiser vir me visitar para que lhe dê um curso -- gratuito -- sobre Catarismo, Gnose, Romantismo e Nazismo, estou à sua disposição. E de contrapeso poderei lhe expor os crimes do socialismo e do comunismo.
E passe bem.
Com meu "addio senza rancore..."
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
Os senhores afirmam que a Igreja Católica nunca condenou pessoas de religiões/raças diferentes, como foi respondido à um e-mail anterior. Mas, se de fato, não houvesse esse preconceito, qual foi o motivo da Santa Inquisição? Antes que digam que a Santa Inquisição é uma "falsa história" quero lembra-los que está muito bem documentada a sua existencia e em especial o Padre Tomas de Torquemada nascido no ano de 1420 em Valladolid na Espanha, que se tornou um notório inquisidor, principalmente por suas criativas e eficázes torturas que eram usadas para "confissões de heréges". Caso não lhe venha à memória esse notável nome (que se tornou quase um simbolo da loucura e perversidade da Inquisição), ele foi responsável pelo Mosteiro de São Tomás de Avila.
Temos que lembrar que o que Jesus Cristo pregou foi a compreensão e o amor ao próximo, e como vocês (Igreja Católica) que eram os maiores representantes de Jesus, puderam torturar e queimar pessoas em praças públicas em cerimônias que deixariam até mesmo os mais apavorantes demônios do Inferno envergonhados? Qual é o argumento de vocês?
Depois passou-se anos, e veio a Segunda Guerra Mundial, e com ela o Nazismo. Os nazistas eram completamente contra judeus, negros, ciganos, latinos e qualquer "raça" que não a ariana. Porém, há um detalhe nisso tudo. A Igreja não condenou o nazismo, temos que nos lembras da visível indiferença do Papa perante as atrocidades (que se não foram piores, se igualam à Santa Inquisição) cometidas pelos oficiais nazistas, sendo que a Igreja Católica chegou a dar exílio aos nazistas que fugiam da queda iminente do III Reich. Como puderam aceitar homens que torturavam, matavam e estupravam pessoas inocentes por causa de sua religião? Por favor, me corrija se estiver errado, mas essas atitudes (vou falar apenas dessas duas, não vou comentar as Cruzadas nos territórios turcos, nem o saque de uma soma incalculável de ouro e preciosidades das colônias cujos monarcas eram protèges dos Sumos Pontífices) não são exatamente o oposto da palavra pregada por Jesus? Caso diga que esses dois fatos são "mentiras históricas de um prodessor comunista incompetente", lembrem-se que o Papa João Paulo II perdiu perdão por esse atos grotescos. Mas não disse por que esses atos foram cometidos. Talvez não lhe restou tempo, ou apenas o Papa João Paulo II não queria remexer numa ferida terrívelmente humilhante perante a imagem de Deus. Seja qual for o motivo, não peço desculpas, pois vocês devem pedir desculpas à Deus e ao seu Filho, às pessoas, precisam dar apenas motivos.
Com todo o meu respeito,
Rafael Anselmo.
P.S.: Sintam-se livres para publicarem, se não quiserem publicar, respondam à mim diretamente, pelo menos quero entender por que vocês expulsaram tantos seres humanos do mundo sem ter ao menos um objetivo plausível.
RESPOSTA
Muito prezado Rafael,
Salve Maria!
Claro que a Inquisição existiu, e que Torquemada foi inquisidor na Espanha, no século XV. Esses dois fatos ninguém discute.
Frei Tomás de Torquemada (1420-1498), Grande Inquisidor de Espanha, foi sobrinho do Cardeal Juan de Torquemada, com o qual não deve ser confundido.
Queria saber em que livro você leu sobre as torturas praticadas por Torquemada. Sinceramente, conhecendo o que se lê, no Brasil, ouso desconfiar que você não leu nenhum livro sobre a Inquisiçãoe nem sobre Torquemada. Como quase todos, no Brasil, você apenas repete o que ouviu de algum professor, ou o que leu em algum artiguete de jornal. No Brasil, o desconhecimento histórico é muito grande, pois quase não há livros sérios publicados sobre esse assunto, em português. Dai, a repetição de lendas como fatos históricos indiscutíveis. Repetem-se slogans e chavões e se pensa que se afirmaram verdades.
Por isso, você comete um primeiro erro -- secundário é certo, mas erro -- logo no começo de sua carta, ao dizer que Torquemada foi prior do Mosteiro de Santa Cruz de Ávila. Ele foi prior do mosteiro de Santa Cruz de Segóvia.
Logo depois, você comete um segundo erro -- este bem mais grave --- ao dizer que "Jesus Cristo pregou foi a compreensão e o amor ao próximo".
Certamente, Cristo pregou o amor ao próximo, mas que entende você por "compreensão"?
Claro que opondo o que Cristo pregou ao que fez a Inquisição, "compreensão", para você, é sinônimo de tolerância.
Ora, Cristo jamais mandou e nem aconselhou tolerar erros doutrinários. Ele combateu com força os erros gnósticos dos fariseus, assim como os erros dos saduceus. E Cristo não tolerou os vendilhões do Templo, mas os expulsou com violência, com o açoite. E açoite causa dor e machuca.
É claro que a ovelha sarnenta deve ser separada das sadias, e, para evitar endemias, deve-se até sacrificar as ovelhas que estão doentes, e não ter tolerância com o mal.
Com os homens se dá algo paralelo. Pois o mal moral é bem mais contagioso que a peste.
Você fala contra a tortura na Inquisição, como se a Inquisição tivesse inventado e introduzido a tortura. O que é uma calúnia.
A tortura foi usada por todos os povos até o século XIX. Para não falar das torturas do século XX, por exemplo, em Cuba.
Você já se lembrou de atacar as torturas socialistas de Fidel ?
E a imprensa ainda hoje está publicando provas médicas de que o prefeito Celso Daniel foi torturado antes de ser assassinado, e que, por imposições políticas, se abafou PeTisticamente esse caso de tortura e assassianto. No século XX! Aqui! No Brasil! Envolvendo o PT!
Saiba então que a Inquisição foi a primeira instituição jurídica no mundo a declarar que as confissões sob tortura não seriam válidas para a condenação de ninguém. Foi a Inquisição também que exigiu que a tortura fosse limitada, sendo usada apenas paar obter informações, e que não poderia violar a integridade física da pessoa, que ela deveria ser limitada a meia hora, que deveria ser assistida por um médico, e que jamais poderia ser repetida.
De 1309 a 1323, em 636 processos inquisitoriais realizados em Toulouse -- principal centrou herético medieval -- só em um deles se aplicou a tortura. Em um só. (Cfr. Rino Cammilieri , La Vera Storia dell´Inquisizione, Piemme, Casale Monferrato, 2001, p.48).
E sobre a Inquisição espanhola não se diz que ela logo foi uma instituição do Estado, não controlada pela Igreja, e que a Igreja teve que censurar e tomar medidas contrárias a ela.
Mesmo assim, o que se fala contra a Inquisição espanhola é fruto das calúnias difundidas por Llorente, um padre apóstata, que escreveu um livro contra a Inquisição na Espanha, para ajudar os franceses de Napoleão a dominarem esse país, traindo assim a Igreja e a Pátria. E Llorente, terminada a sua obra, queimou todos os documentos que usou, para que não se vissem suas falsificações.
Depois de falar caluniosamente sobre a Inquisição você passa a falar do Nazismo e me escreve o seguinte:
"Os nazistas eram completamente contra judeus, negros, ciganos, latinos e qualquer "raça" que não a ariana".
Meu caro, você se esqueceu de contar os católicos entre as vítimas do nazismo, porque Hitler perseguiu violentamente os católicos, que morreram em número muito grande nos campos de concentração. Principalmente sacerdotes e freiras.
Por que você omitiu os católicos entre as vitimas do nazismo?
Por puro preconceito contra a Igreja.
Essa é a tolerância dos que seguem "outras religiões" sem ousar definir qual é.
Defina-se, meu caro.
Na realidade, como todo defensor da tolerância, você é intolerante só para com a Igreja Católica.
Recomendo-lhe que leia os relatórios da perseguição à Igreja Católica feita pelos nazistas, na Polônia, por exemplo. E você não se lembra -- porque muito provavelmente ignora -- que Monsenhor Von Gallen, Cardeal Arcebispo de Munster, desafiando Hitler, foi quem valentemente protestou contra a lei nazista, que mandou eliminar em câmaras de gás os doentes mentais.
Aliás, queria lhe perguntar: você combateu a lei do uso de embriões humanos para pesuqisas, patrocinada pelo PT e aprovada pelo Lula?
Essa é uma lei tipicamente nazista, que permite usar seres humanos como cobaias. É uma lei de tipo Mengele que o PT fez aprovar.
Você protestou contra essa lei nazistóide aprovada por Lula ? Claro que não!
E, prosseguindo em sua fúria caluniadora contra a Igreja, você diz que os crimes da Inquisição se igualam aos do nazismo, pois me escreve que os crimes nazistas "se igualam à Santa Inquisição".
Ora, é sabido que o nazismo matou milhões de pessoas nos campos de concentração.
Sabe você o número de pessoas queimadas pela Inquisição, durante 100 anos, em Toulouse, o maior centro de hereges da Idade Média?
Pois foram só 42 pessoas.
E sobre a sua afirmação de que a Igreja não condenou o totalitarismo, peço-lhe que leia a encíclica Mit brenender Sorge.
E sobre o pedido de perdão de João Paulo II haveria muito o que dizer. Por exemplo, que só se pede perdão por erros próprios. O que disse João Paulo II reflete uma opinião pessoal dele, e não o ensinamento da Igreja. Aliás, agora foi publicado que todos os Cardeais se manifestaram, naquele tempo, contra o pedido de perdão feito por João Paulo II.
Você pede que lhe explique por que foi instituída a Inquisição. Esse é outro ponto que certamente você desconhece.
A Inquisição foi instituída para combater o catarismo, que defendia a tese de que a mulher, por permitir a perpetuação da humanidade, através da geração, era um ser nocivo. Os cátaros eram contra a procriação e contra o matrimônio, considerando possessas as mulheres grávidas. Defendiam também o suicídio por inanição. A vitória do catarismo seria a extinção da humanidade.
Até mesmo um autor protestante, inimigo da Inquisição, o americano Lea, considera que a Igreja, combatendo os cátaros, salvou a humanidade.
Você só está vivo, hoje, porque a Inquisição derrotou o catarismo.
Agradeça a Inquisição por sua vida e por sua mãe.
E saiba meu caro desconhecedor de História, que o catarismo foi o gerador do Romantismo e do Nazismo.
Vá então estudar História de verdade antes de caluniar a Igreja.
E se quiser vir me visitar para que lhe dê um curso -- gratuito -- sobre Catarismo, Gnose, Romantismo e Nazismo, estou à sua disposição. E de contrapeso poderei lhe expor os crimes do socialismo e do comunismo.
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Orlando Fedeli
"A religião católica contém a Verdade total revelada por Deus e não dizemos isso com arrogância nem para desafiar ninguém. Não podemos diminuir esta afirmação" Dom Hector Aguer
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Nem vou me meter. Ainda bem que foram 'só' 42 pessoas queimadas vivas após brutais torturas e selvagerias. Basta-me não ter sido uma delas, deve doer pra burro. Sobre o tema, recomendo 'Os Demônios de Loudun', de Aldous Huxley, que documenta historicamente a acusação, tortura e execução de um padre por bruxaria, embasado em documentos da época. O estilo é bem Huxley, prosa elegantíssima, um prazer de ler...
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P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
e no entanto, o Pio XII era um compincha do velho tio Adolfo, tendo inclusive o Vaticano colaborado na entrega de Judeus aos Alemães
Outro facto que abona a favor da santa madre igreja é a canonização de bispos croatas colaboradores do III Reich
isto só de memória, que já foi melhor
Que venham as pedras
Outro facto que abona a favor da santa madre igreja é a canonização de bispos croatas colaboradores do III Reich
isto só de memória, que já foi melhor
Que venham as pedras
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Em primeiro lugar, bem vindo de volta U 27, Já tinha saudades das nossas discordâncias.
1- Os protestantes não são apenas um movimento. Tem o protestantismo Inglês que foi uma adaptação do catolicismo para favorecer os interesses de um rei, Tem o protestantismo de Lutero que se baseou na disseminação das escrituras e na negação da autoridade do Vaticano, assim como outras ramificações que levaram aos dias de hoje, com umas dezenas de Igrejas cristãs e outros centos de ceitas (depois explico a diferença entre Igreja e ceita)
2-O gnosticismo é um movimento que não é aceite por nenhuma delas mas existe dentro de várias entre as quais a católica. Quem apregoa maravilhas sobre os cataros são os gnósticos, wiccans e outros cultos que tem a ver com o paganismo, que agora é moda.
3-Os católicos até podiam ter razão em perseguir os cataros mas perderam-na quando perseguiram os judeus, os muçulmanos e os cristãos-novos fazendo um holocausto e incitando o ódio aos seus fiéis, que a não ser que soubessem latim, não tinham o direito de conhecer as escrituras.
1- Os protestantes não são apenas um movimento. Tem o protestantismo Inglês que foi uma adaptação do catolicismo para favorecer os interesses de um rei, Tem o protestantismo de Lutero que se baseou na disseminação das escrituras e na negação da autoridade do Vaticano, assim como outras ramificações que levaram aos dias de hoje, com umas dezenas de Igrejas cristãs e outros centos de ceitas (depois explico a diferença entre Igreja e ceita)
2-O gnosticismo é um movimento que não é aceite por nenhuma delas mas existe dentro de várias entre as quais a católica. Quem apregoa maravilhas sobre os cataros são os gnósticos, wiccans e outros cultos que tem a ver com o paganismo, que agora é moda.
3-Os católicos até podiam ter razão em perseguir os cataros mas perderam-na quando perseguiram os judeus, os muçulmanos e os cristãos-novos fazendo um holocausto e incitando o ódio aos seus fiéis, que a não ser que soubessem latim, não tinham o direito de conhecer as escrituras.
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
primeiro ao P44
o Papa Pio XII fez varios documentos condenando o nazismo, procure ler mais sobre, antes de falar.
e o nazismo foi condenado com excomunhão pela IGreja, alem de que, o nazismo perseguiu os católicos, tendo varios martires
como o Padre São Maximiliano Kolbe
e ao tflash
quanto a gnose esta certo, os luteranos negam, mas sua religião tem seus tiques gnosticos ao negar a condenação dos pecadores que tem fé, o que digamos, aboliria a moral e os mandamentos, uma das coisas apregoadas pela gnose.
3-Os católicos até podiam ter razão em perseguir os cataros mas perderam-na quando perseguiram os judeus, os muçulmanos e os cristãos-novos fazendo um holocausto e incitando o ódio aos seus fiéis, que a não ser que soubessem latim, não tinham o direito de conhecer as escrituras.
este fato, tem seus erros, primeiro, não perseguimos judeus, não confunda, como quase todos, a inquisição da Igreja, que foi apenas contra os cataros, com a inquisição nacional, muitos paises, como a espanha, tomaram controle dos tribunais inquisitoriais para seu proprio uso, tanto é que, no concilio de trento, o Papa São Pio V teve de fazer o Santo Oficio, pois ja não havia controle dos tribunais por ai.
os islã perseguiu o catolicismo onde podia, invadiu jerusalem, expulsou os católicos do norte de africa e da espanha, e quis destruir a europa
segundo Hillaire Belloc, o islamismo é uma heresia cristã, maome pegou as partes que lhe interessava e fez sua religião, cuja a qual expandiu rapidamente por um forte proselitismo e pela espada.
P44, peço que leia isto quanto ao Pio XII e o nazismo
http://www.montfort.org.br/index.php?se ... 2&lang=bra
e holocausto, bem, a inquisição da espanha errou varias vezes, perseguindo os cristãos novos, porem, não foi culpa da Santa Igreja, tanto é que esta enviu Tomas de Torquemada para controlar os abusos da inquisição espanhola.
ah
tulio, o tribunal da inquisição foi o primeiro na historia a rejeitar confissões sob tortura, e quando usava, era apenas para obter informação, com limite de meia hora, com assitencia de um medico e sem poder retirar sangue ou causar dano a saúde, as legendas negras foram criadas pois para os inimigos da Igreja, tudo que pudesse ser usado para "atacar" ela servia.
ah, não sei se sabem, mas, a inquisição tinha como maior objetivo a conversão dos hereges, e não sua morte, a morte de um herege é uma derrota, afinal, é dar sua alma ao diabo, e ainda, dar um martir para a causa dele, então, o maior objetivo da inquisição sempre fora a conversão, tanto éq ue no caso da heresia catara, se o acusado provasse ser casado, ja estava livre, pois o catarismo era inimigo do casamento e da procriação (interessantemente parece com o mundo atual, com seu odio ao casamento, aos filhos e incentivo a promiscuidade e ao homosexualismo)
e só completando, as cruzadas foram necessarias, sem ela, o islamismo dominaria a europa, existe um certo mito de que nos catolicos atacamos atoa, bem, as cruzadas tiveram motivo, libertar jerusalem e permitir aos peregrinos irem até la, algo que os islamicos não permitiam, alem disto, proteger a europa da ofensiva islamica, muitos santos, como o proprio São Francisco de Assis, chamaram cruzadas.
o Papa Pio XII fez varios documentos condenando o nazismo, procure ler mais sobre, antes de falar.
e o nazismo foi condenado com excomunhão pela IGreja, alem de que, o nazismo perseguiu os católicos, tendo varios martires
como o Padre São Maximiliano Kolbe
e ao tflash
quanto a gnose esta certo, os luteranos negam, mas sua religião tem seus tiques gnosticos ao negar a condenação dos pecadores que tem fé, o que digamos, aboliria a moral e os mandamentos, uma das coisas apregoadas pela gnose.
3-Os católicos até podiam ter razão em perseguir os cataros mas perderam-na quando perseguiram os judeus, os muçulmanos e os cristãos-novos fazendo um holocausto e incitando o ódio aos seus fiéis, que a não ser que soubessem latim, não tinham o direito de conhecer as escrituras.
este fato, tem seus erros, primeiro, não perseguimos judeus, não confunda, como quase todos, a inquisição da Igreja, que foi apenas contra os cataros, com a inquisição nacional, muitos paises, como a espanha, tomaram controle dos tribunais inquisitoriais para seu proprio uso, tanto é que, no concilio de trento, o Papa São Pio V teve de fazer o Santo Oficio, pois ja não havia controle dos tribunais por ai.
os islã perseguiu o catolicismo onde podia, invadiu jerusalem, expulsou os católicos do norte de africa e da espanha, e quis destruir a europa
segundo Hillaire Belloc, o islamismo é uma heresia cristã, maome pegou as partes que lhe interessava e fez sua religião, cuja a qual expandiu rapidamente por um forte proselitismo e pela espada.
P44, peço que leia isto quanto ao Pio XII e o nazismo
http://www.montfort.org.br/index.php?se ... 2&lang=bra
e holocausto, bem, a inquisição da espanha errou varias vezes, perseguindo os cristãos novos, porem, não foi culpa da Santa Igreja, tanto é que esta enviu Tomas de Torquemada para controlar os abusos da inquisição espanhola.
ah
tulio, o tribunal da inquisição foi o primeiro na historia a rejeitar confissões sob tortura, e quando usava, era apenas para obter informação, com limite de meia hora, com assitencia de um medico e sem poder retirar sangue ou causar dano a saúde, as legendas negras foram criadas pois para os inimigos da Igreja, tudo que pudesse ser usado para "atacar" ela servia.
ah, não sei se sabem, mas, a inquisição tinha como maior objetivo a conversão dos hereges, e não sua morte, a morte de um herege é uma derrota, afinal, é dar sua alma ao diabo, e ainda, dar um martir para a causa dele, então, o maior objetivo da inquisição sempre fora a conversão, tanto éq ue no caso da heresia catara, se o acusado provasse ser casado, ja estava livre, pois o catarismo era inimigo do casamento e da procriação (interessantemente parece com o mundo atual, com seu odio ao casamento, aos filhos e incentivo a promiscuidade e ao homosexualismo)
e só completando, as cruzadas foram necessarias, sem ela, o islamismo dominaria a europa, existe um certo mito de que nos catolicos atacamos atoa, bem, as cruzadas tiveram motivo, libertar jerusalem e permitir aos peregrinos irem até la, algo que os islamicos não permitiam, alem disto, proteger a europa da ofensiva islamica, muitos santos, como o proprio São Francisco de Assis, chamaram cruzadas.
"A religião católica contém a Verdade total revelada por Deus e não dizemos isso com arrogância nem para desafiar ninguém. Não podemos diminuir esta afirmação" Dom Hector Aguer
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Para lerem quanto a inquisição.
Informações recentes, provenientes de Roma e de outras cidades européias, reabriram a polêmica sobre o tribunal da Santa Inquisição. Como quase todos pensam saber o suficiente sobre tão famosa instituição, talvez careça de interesse ler algo mais sobre o particular.
Você gostaria de por à prova sua erudição? Rogo, pois, ao senhor leitor, se digne responder tão somente a três perguntas:
1. Qual foi a Inquisição medieval mais cruel?
A: a francesa.
B: a alemã.
C: a espanhola.
2. A quem perseguiu com mais afinco?
A: aos anglicanos.
B: aos luteranos.
C: aos judeus.
3. Quantas pessoas condenou à morte?
A: 100.000.
B: 200.000.
C: 300.000
Se na primeira pergunta elegeu a alternativa C, equivocou-se mais ou menos; exatamente ocorre algo similar se na segunda elegeu a mesma alternativa. Em quanto à terceira, as três são igualmente falsas. Satisfeito? Se errou as três respostas, você precisa seguir lendo este artigo.
Depois de muitos anos de manipulação midiática, conseguiu-se instalar na consciência da maior parte dos católicos uma disparatada ideia do que foi realmente a Inquisição. Já não somente não se pensa em seu caráter de santa, senão que, esquecendo-se que era um simples tribunal, muitos imaginam cenas ridículas como essas, dignas de qualquer "lenda das trevas".
Origem do tribunal
Nada é mais conveniente para conhecer a natureza de uma instituição humana que conhecer sua origem. Nela encontramos claramente expressa a finalidade perseguida por seus autores, à que se adéquam os meios empregados que permitem julgar seu êxito ou fracasso. Mas, antes de narrá-lo, devemos remontar-nos ao século XII e aclarar os fatos que o iluminam: o redescobrimento do direito romano e o nascimento da heresia albigense.
Para dizer a verdade, o direito romano nunca se perdeu ao todo, mas desse século datam os grandes glosadores e comentaristas - Irnerio e Búlgaro - que lhe deram grande autoridade. Então descobriu-se que a justiça romana torturava os réus se eram bárbaros ou escravos; porque, segundo criam, seu testemunho somente poderia ser aceitado se se mantinha sob tortura. Até essas datas na Idade Média não se aplicava tão cruel método judicial, simplesmente porque os bárbaros germanos o desconheciam - salvo a flagelação, como castigo e não como tortura - e custou muito que se impusesse, pois monges e teólogos o consideraram indignos de almas cristãs. Desgraçadamente, as últimas resistências cessaram quando Inocêncio IV, mediante a Bula Ad Extirpandam de 15 de Maio de 1252, autorizou seu emprego na Inquisição. Esta Bula contradizia a decisão de Nicolas I, quem, em 866, a tinha proibido. Claro que os tribunais civis tinham esquecido fazia muito tempo o Papa Nicolas, apesar de que, no começo, a Inquisição se abstinha completamente de seu uso. Além da tortura, os medievais encontraram outra pena surpreendente: a de morta na fogueira para os que praticassem a magia negra e que, nos últimos anos imperiais, aplicou-se aos hereges.
Sua Santidade Gregório IX (reinou entre os anos 1227 e 1241). Entre outras obras de seu pontificado, instituiu a Santa Inquisição e preparou a sexta Cruzada.
A heresia dos albigenses (ou cátaros) produziu comoção nas autoridades civis e religiosas da época. Sua doutrina destruía por completo seu mundo, pelo qual não a podiam tolerar. No âmbito civil se proibia o juramente, fundamento de toda estrutura feudal da época; além disso, ao proibir o matrimônio, afetava tanto a sociedade civil como a religiosa. Mas isto não é tudo: aprovavam o suicídio e rejeitavam toda guerra, ainda a defensiva e, evidente, a pena de morte. Foi tal a indignação que produziu essa doutrina, que a Santa Sé mudou sua doutrina multissecular. Assim, por exemplo, quando o imperador Máximo condenou à morte o herege Prisciliano - sob instâncias dos Bispos Hidácio e Itácio - em 385, o Papa São Sirício e os Bispos Santo Ambrósio de Milão e São Martin de Tours protestaram indignados contra a pena. São Leão Magno estabeleceu que o derramamento de sangue repugnava a Igreja e o XIº Concílio de Toledo proibiu participar em juízos de sangue (ou seja, que implicassem a pena de morte) os que administravam os sacramentos. Até estas datas - ou seja, até o século XII - a Igreja contentava-se com as penas espirituais. Mas diante da perversidade da nova heresia, destruidora por completo da vida social, decidiram acudir ao poder secular e pregar a cruzada. A guerra desatada por estes fatos foi de extraordinária crueldade; a que já se tinha manifestado em outros lugares, como na Espanha sob Pedro II de Aragão.
Até o século XII, em consequência, não se aplicava, de ordinário, a pena de morte aos hereges; nos poucos casos conhecidos, o normal era o cárcere, o desterro ou a confiscação de seus bens. Evidente que, se havia arrependimento, não se impunha nenhuma pena. Pelo mais, o cárcere se reduzia, na maioria das vezes, à obrigação de habitar em um convento. Ainda não havia um tribunal ad hoc: a Santa Inquisição ia nascer no século seguinte em muito curiosas circunstâncias.
O imperador Federico II, bastante indiferente em matéria de fé e entusiasta admirador da cultura árabe, foi quem desencadeou os acontecimentos que levaram à sua criação. Em 1224 se restabeleceu a pena de morte no fogo decretada pelo antigo direito romano e a aplicou com rigor e critério mais político que religioso. Em verdade, a arbitrariedade do imperador e sua codícia são bem conhecidos. Quantos inocentes condenou? O Papa Gregório IX, em 1231, teve de sair ao passo de tanta injustiça do único modo que lhe era possível: já que as acusações eram de índole espiritual, o juiz devia ser adequado à natureza do delito perseguido. Em consequência, entre o tribunal civil que acusava o réu e este, introduziu-se uma cunha: a Santa Inquisição. Deste modo, poderia desaparecer a paixão política e a codícia que tanto dano tinham feito. E, para assegurar a independência do tribunal, centralizou-o em Roma e o encarregou à Ordem dos Pregadores, que tinha sido recentemente fundada por Santo Domingo de Gusmão. Deste modo os inquisidores procediam com total independência e buscavam, em primeiro lugar, a conversão do herege. Como num começo somente havia suspeita, bastava que este jurasse submissão ao Pontífice para ficar livre de toda suspeita. Somente se julgava os obstinados, sempre que a evidência fosse abrumadora. Se durante o juízo o réu abjurava de seu erro, ficava livre do tribunal civil e a Santa Inquisição impunha-lhe penas espirituais, como rezar os salmos, fazer jejuns, etc. Se persistia em sua atitude herética, era entregue ao tribunal civil, quem o condenava à pena que estimasse conveniente. Pouco a pouco se foi generalizando a de morte na fogueira, em conformidade com o direito romano, tal como o conheceram naquela época.
São Domingos de Gusmão, o primeiro inquisidor, numa gravura que demonstra qual deve ser o destino dos maus livros.
Respondendo às perguntas
Estamos já em condições de responder ao perguntado ao começar estas breves linhas.
Á primeira pergunta, para dizer a verdade, não se pode responder corretamente, posto que, nessa época não existiam os países atuais. Onde mais atuou a Inquisição foi, naturalmente, no sul da França e na Itália. Na Espanha somente houve Inquisição em Aragão; não houve em Castela nem em Portugal. Na Alemanha durou pouco tempo, se bem que o inquisidor Conrado de Marburg é famoso por seus abusos. De modo que, com as exceções postas, a resposta correta seria a alternativa B.
A segunda pergunta tampouco tem resposta, posto que não existiram nem anglicanos nem luteranos durante toda a Idade Média. Pelo demais, jamais a Santa Inquisição perseguiu os judeus, pela simples razão de que não são hereges. Na Idade Média a tolerância chegou ao extremo de proporcionar tal liberdade a judeus e árabes, que nas cidades havia bairros inteiros onde a vida era regida pelo Talmud ou pelo Alcorão e não pelas leis cristãs. Desde modo ficava protegida a liberdade de cultos. O que sim tinham proibido era o ascender a determinados cargos públicos e molestar os cristãos no exercício de sua fé; ou seja, exercer o proselitismo. Tal como hoje em dia se proíbe a cristãos em todos os países árabes e Israel. A única diferença radica em que hoje não há bairros cristãos nesses países.
A terceira pergunta tampouco tem resposta, posto que a Inquisição medieval jamais condenou ninguém à pena de morte. O tinha expressamente proibido, como vimos mais acima. Ela se limitava a "relaxar ao braço secular" - se se confirmava a denuncia - a quem o tribunal civil já tinha acusado. Por isso seu nome é "Inquisição", isto é, "Investigação". Se trabalho se limitava a exatamente isso: investigar se a acusação era correta ou não. Como seus membros eram frades, procuravam, por todos os meios a seu alcance, convencer os réus da verdade da religião católica. Por desgraça, por pressão do tribunal civil, creu-se conveniente fazer uso da tortura. Neste ponto somente se pode dizer que a Santa Inquisição foi a que limitou seu uso, com a intenção de não danificar a saúde do réu. Por isso os piores instrumentos de tortura logo foram distanciados do tribunal. Ainda se costuma mostrar em museus em diversos lugares do mundo sem distinguir os que punham em prática o tribunal civil e os que usava a Santa Inquisição. Mas é bom consignar que, na maioria dos juízos, jamais foram usados.
Juízo Liberal
Apesar do dito, o "juízo liberal" - ou seja, o fato em virtude das ideias liberais dominantes desde o século XVIII no Ocidente - foi de condenação sem atenuantes. Por que?
Em certa medida se deve às calúnias que com tanta facilidade e pouca cautela se creram. Não pouco se referem à Idade Média como 1.000 anos iluminados pelas fogueiras da Inquisição, a despeito da circunstância de que, como vimos, a Santa Inquisição nasceu no fim desses 1.000 anos. A ignorância chega a ser tal, que se supõe que jamais ninguém tivesse tomado banho nesses obscuros e tenebrosos séculos; quando o banho público era muito praticado na Idade Média, sendo suprimido durante o renascimento pela convicção de que as pestes se propagavam graças à água. A lista de calúnias é infinita e afeta todas as manifestações próprias dessa Idade sem que, por cento, a Santa Inquisição pudesse escapar delas. É tão grande o ódio contra este período histórico que o pouco de bom que não poderia ser negado, se atribui à influência oriental.
Mas isto não explica tudo. Também os horroriza o emprego da tortura. O curioso é que não julgamos da mesma forma o Império Romano, que tão abundantemente fez uso dela, nem aos tempos modernos e contemporâneos que bem poderia dar lições aos medievais nesta matéria.
Foi precisamente a Santa Inquisição a que começou a mitigar a dureza dos tribunais de justiça, e inclusive chegou a limitar a sessão de tortura a meia hora, depois da qual, o réu deveria se declarado inocente.
Proibiu-se todo método de danificar a saúde do réu e, finalmente, ordenou-se a presença de um médico que velasse pela saúde do torturado e de um advogado encarregado de sua defesa.
Há um argumento que, ainda que deixe frios aos não católicos, a nós nos resulta bastante convincente. Ocorre que a Inquisição de Aragão era regida pelo "Diretório" escrito por São Raimundo de Peñafort. Como se pode duvidar da legitimidade dos procedimentos inquisitoriais emanado da pluma deste Santo inquisidor?
Evidente que tudo isto não nos deixa satisfeitos, mas temos de ter cuidado ao julgar homens com outros costumes e convencidos por deferentes ideias que as nossas. De fato, neste século, presenciamos as piores torturas da história, e, como todos sabemos, seguem sendo empregadas um pouco por todo o mundo. Mas como não se reconhece o fato, não há medida alguma que proteja realmente o réu.
Há algo muito mais grave: o que menos pode suportar uma mente liberal é que alguém seja condenado por uma diferença de opinião. Já vimos que, na Idade Média, ninguém foi condenado por isso, senão pelo delito de heresia, ou seja, de traição. E não qualquer heresia, senão a dos albigenses, que provocou tantos distúrbios e uma sangrenta guerra. Os medievais julgaram que era necessário ir à raíz: às concepções destruidoras da paz social. Ainda que não o creia, querido leitor, hoje está sucedendo algo parecido. Na Alemanha, se você opina sobre a perseguição dos judeus pelos nazistas de maneira distinta da adotada pelo Estado Alemão, pode ser levado aos tribunais e julgado: tudo por uma diferença de opinião. Nos Estados Unidos, nenhum professor de biologia pode referir-se à criação dos seres vivos: tem que ensinar a hipótese de Darwin, a aceite ou não. Por acaso não estamos afirmando que, ao menos na América, não toleramos um governo que não seja democrático? Em virtude do qual não há escrúpulo algum em invadir uma pacífica nação que nenhum perigo encerra.
Tal qual parece que a Inquisição voltou, só que agora não pode ser chamada de "santa".
Juan Carlos Ossandón Valdés
Tradução do artigo "La Santa Inquisición" de Juan Carlos Ossandón Valdés, publicado na revista "Iesus Christus" nº 56 do Distrito da América do Sul da Fraternidade Sacerdotal São P
Informações recentes, provenientes de Roma e de outras cidades européias, reabriram a polêmica sobre o tribunal da Santa Inquisição. Como quase todos pensam saber o suficiente sobre tão famosa instituição, talvez careça de interesse ler algo mais sobre o particular.
Você gostaria de por à prova sua erudição? Rogo, pois, ao senhor leitor, se digne responder tão somente a três perguntas:
1. Qual foi a Inquisição medieval mais cruel?
A: a francesa.
B: a alemã.
C: a espanhola.
2. A quem perseguiu com mais afinco?
A: aos anglicanos.
B: aos luteranos.
C: aos judeus.
3. Quantas pessoas condenou à morte?
A: 100.000.
B: 200.000.
C: 300.000
Se na primeira pergunta elegeu a alternativa C, equivocou-se mais ou menos; exatamente ocorre algo similar se na segunda elegeu a mesma alternativa. Em quanto à terceira, as três são igualmente falsas. Satisfeito? Se errou as três respostas, você precisa seguir lendo este artigo.
Depois de muitos anos de manipulação midiática, conseguiu-se instalar na consciência da maior parte dos católicos uma disparatada ideia do que foi realmente a Inquisição. Já não somente não se pensa em seu caráter de santa, senão que, esquecendo-se que era um simples tribunal, muitos imaginam cenas ridículas como essas, dignas de qualquer "lenda das trevas".
Origem do tribunal
Nada é mais conveniente para conhecer a natureza de uma instituição humana que conhecer sua origem. Nela encontramos claramente expressa a finalidade perseguida por seus autores, à que se adéquam os meios empregados que permitem julgar seu êxito ou fracasso. Mas, antes de narrá-lo, devemos remontar-nos ao século XII e aclarar os fatos que o iluminam: o redescobrimento do direito romano e o nascimento da heresia albigense.
Para dizer a verdade, o direito romano nunca se perdeu ao todo, mas desse século datam os grandes glosadores e comentaristas - Irnerio e Búlgaro - que lhe deram grande autoridade. Então descobriu-se que a justiça romana torturava os réus se eram bárbaros ou escravos; porque, segundo criam, seu testemunho somente poderia ser aceitado se se mantinha sob tortura. Até essas datas na Idade Média não se aplicava tão cruel método judicial, simplesmente porque os bárbaros germanos o desconheciam - salvo a flagelação, como castigo e não como tortura - e custou muito que se impusesse, pois monges e teólogos o consideraram indignos de almas cristãs. Desgraçadamente, as últimas resistências cessaram quando Inocêncio IV, mediante a Bula Ad Extirpandam de 15 de Maio de 1252, autorizou seu emprego na Inquisição. Esta Bula contradizia a decisão de Nicolas I, quem, em 866, a tinha proibido. Claro que os tribunais civis tinham esquecido fazia muito tempo o Papa Nicolas, apesar de que, no começo, a Inquisição se abstinha completamente de seu uso. Além da tortura, os medievais encontraram outra pena surpreendente: a de morta na fogueira para os que praticassem a magia negra e que, nos últimos anos imperiais, aplicou-se aos hereges.
Sua Santidade Gregório IX (reinou entre os anos 1227 e 1241). Entre outras obras de seu pontificado, instituiu a Santa Inquisição e preparou a sexta Cruzada.
A heresia dos albigenses (ou cátaros) produziu comoção nas autoridades civis e religiosas da época. Sua doutrina destruía por completo seu mundo, pelo qual não a podiam tolerar. No âmbito civil se proibia o juramente, fundamento de toda estrutura feudal da época; além disso, ao proibir o matrimônio, afetava tanto a sociedade civil como a religiosa. Mas isto não é tudo: aprovavam o suicídio e rejeitavam toda guerra, ainda a defensiva e, evidente, a pena de morte. Foi tal a indignação que produziu essa doutrina, que a Santa Sé mudou sua doutrina multissecular. Assim, por exemplo, quando o imperador Máximo condenou à morte o herege Prisciliano - sob instâncias dos Bispos Hidácio e Itácio - em 385, o Papa São Sirício e os Bispos Santo Ambrósio de Milão e São Martin de Tours protestaram indignados contra a pena. São Leão Magno estabeleceu que o derramamento de sangue repugnava a Igreja e o XIº Concílio de Toledo proibiu participar em juízos de sangue (ou seja, que implicassem a pena de morte) os que administravam os sacramentos. Até estas datas - ou seja, até o século XII - a Igreja contentava-se com as penas espirituais. Mas diante da perversidade da nova heresia, destruidora por completo da vida social, decidiram acudir ao poder secular e pregar a cruzada. A guerra desatada por estes fatos foi de extraordinária crueldade; a que já se tinha manifestado em outros lugares, como na Espanha sob Pedro II de Aragão.
Até o século XII, em consequência, não se aplicava, de ordinário, a pena de morte aos hereges; nos poucos casos conhecidos, o normal era o cárcere, o desterro ou a confiscação de seus bens. Evidente que, se havia arrependimento, não se impunha nenhuma pena. Pelo mais, o cárcere se reduzia, na maioria das vezes, à obrigação de habitar em um convento. Ainda não havia um tribunal ad hoc: a Santa Inquisição ia nascer no século seguinte em muito curiosas circunstâncias.
O imperador Federico II, bastante indiferente em matéria de fé e entusiasta admirador da cultura árabe, foi quem desencadeou os acontecimentos que levaram à sua criação. Em 1224 se restabeleceu a pena de morte no fogo decretada pelo antigo direito romano e a aplicou com rigor e critério mais político que religioso. Em verdade, a arbitrariedade do imperador e sua codícia são bem conhecidos. Quantos inocentes condenou? O Papa Gregório IX, em 1231, teve de sair ao passo de tanta injustiça do único modo que lhe era possível: já que as acusações eram de índole espiritual, o juiz devia ser adequado à natureza do delito perseguido. Em consequência, entre o tribunal civil que acusava o réu e este, introduziu-se uma cunha: a Santa Inquisição. Deste modo, poderia desaparecer a paixão política e a codícia que tanto dano tinham feito. E, para assegurar a independência do tribunal, centralizou-o em Roma e o encarregou à Ordem dos Pregadores, que tinha sido recentemente fundada por Santo Domingo de Gusmão. Deste modo os inquisidores procediam com total independência e buscavam, em primeiro lugar, a conversão do herege. Como num começo somente havia suspeita, bastava que este jurasse submissão ao Pontífice para ficar livre de toda suspeita. Somente se julgava os obstinados, sempre que a evidência fosse abrumadora. Se durante o juízo o réu abjurava de seu erro, ficava livre do tribunal civil e a Santa Inquisição impunha-lhe penas espirituais, como rezar os salmos, fazer jejuns, etc. Se persistia em sua atitude herética, era entregue ao tribunal civil, quem o condenava à pena que estimasse conveniente. Pouco a pouco se foi generalizando a de morte na fogueira, em conformidade com o direito romano, tal como o conheceram naquela época.
São Domingos de Gusmão, o primeiro inquisidor, numa gravura que demonstra qual deve ser o destino dos maus livros.
Respondendo às perguntas
Estamos já em condições de responder ao perguntado ao começar estas breves linhas.
Á primeira pergunta, para dizer a verdade, não se pode responder corretamente, posto que, nessa época não existiam os países atuais. Onde mais atuou a Inquisição foi, naturalmente, no sul da França e na Itália. Na Espanha somente houve Inquisição em Aragão; não houve em Castela nem em Portugal. Na Alemanha durou pouco tempo, se bem que o inquisidor Conrado de Marburg é famoso por seus abusos. De modo que, com as exceções postas, a resposta correta seria a alternativa B.
A segunda pergunta tampouco tem resposta, posto que não existiram nem anglicanos nem luteranos durante toda a Idade Média. Pelo demais, jamais a Santa Inquisição perseguiu os judeus, pela simples razão de que não são hereges. Na Idade Média a tolerância chegou ao extremo de proporcionar tal liberdade a judeus e árabes, que nas cidades havia bairros inteiros onde a vida era regida pelo Talmud ou pelo Alcorão e não pelas leis cristãs. Desde modo ficava protegida a liberdade de cultos. O que sim tinham proibido era o ascender a determinados cargos públicos e molestar os cristãos no exercício de sua fé; ou seja, exercer o proselitismo. Tal como hoje em dia se proíbe a cristãos em todos os países árabes e Israel. A única diferença radica em que hoje não há bairros cristãos nesses países.
A terceira pergunta tampouco tem resposta, posto que a Inquisição medieval jamais condenou ninguém à pena de morte. O tinha expressamente proibido, como vimos mais acima. Ela se limitava a "relaxar ao braço secular" - se se confirmava a denuncia - a quem o tribunal civil já tinha acusado. Por isso seu nome é "Inquisição", isto é, "Investigação". Se trabalho se limitava a exatamente isso: investigar se a acusação era correta ou não. Como seus membros eram frades, procuravam, por todos os meios a seu alcance, convencer os réus da verdade da religião católica. Por desgraça, por pressão do tribunal civil, creu-se conveniente fazer uso da tortura. Neste ponto somente se pode dizer que a Santa Inquisição foi a que limitou seu uso, com a intenção de não danificar a saúde do réu. Por isso os piores instrumentos de tortura logo foram distanciados do tribunal. Ainda se costuma mostrar em museus em diversos lugares do mundo sem distinguir os que punham em prática o tribunal civil e os que usava a Santa Inquisição. Mas é bom consignar que, na maioria dos juízos, jamais foram usados.
Juízo Liberal
Apesar do dito, o "juízo liberal" - ou seja, o fato em virtude das ideias liberais dominantes desde o século XVIII no Ocidente - foi de condenação sem atenuantes. Por que?
Em certa medida se deve às calúnias que com tanta facilidade e pouca cautela se creram. Não pouco se referem à Idade Média como 1.000 anos iluminados pelas fogueiras da Inquisição, a despeito da circunstância de que, como vimos, a Santa Inquisição nasceu no fim desses 1.000 anos. A ignorância chega a ser tal, que se supõe que jamais ninguém tivesse tomado banho nesses obscuros e tenebrosos séculos; quando o banho público era muito praticado na Idade Média, sendo suprimido durante o renascimento pela convicção de que as pestes se propagavam graças à água. A lista de calúnias é infinita e afeta todas as manifestações próprias dessa Idade sem que, por cento, a Santa Inquisição pudesse escapar delas. É tão grande o ódio contra este período histórico que o pouco de bom que não poderia ser negado, se atribui à influência oriental.
Mas isto não explica tudo. Também os horroriza o emprego da tortura. O curioso é que não julgamos da mesma forma o Império Romano, que tão abundantemente fez uso dela, nem aos tempos modernos e contemporâneos que bem poderia dar lições aos medievais nesta matéria.
Foi precisamente a Santa Inquisição a que começou a mitigar a dureza dos tribunais de justiça, e inclusive chegou a limitar a sessão de tortura a meia hora, depois da qual, o réu deveria se declarado inocente.
Proibiu-se todo método de danificar a saúde do réu e, finalmente, ordenou-se a presença de um médico que velasse pela saúde do torturado e de um advogado encarregado de sua defesa.
Há um argumento que, ainda que deixe frios aos não católicos, a nós nos resulta bastante convincente. Ocorre que a Inquisição de Aragão era regida pelo "Diretório" escrito por São Raimundo de Peñafort. Como se pode duvidar da legitimidade dos procedimentos inquisitoriais emanado da pluma deste Santo inquisidor?
Evidente que tudo isto não nos deixa satisfeitos, mas temos de ter cuidado ao julgar homens com outros costumes e convencidos por deferentes ideias que as nossas. De fato, neste século, presenciamos as piores torturas da história, e, como todos sabemos, seguem sendo empregadas um pouco por todo o mundo. Mas como não se reconhece o fato, não há medida alguma que proteja realmente o réu.
Há algo muito mais grave: o que menos pode suportar uma mente liberal é que alguém seja condenado por uma diferença de opinião. Já vimos que, na Idade Média, ninguém foi condenado por isso, senão pelo delito de heresia, ou seja, de traição. E não qualquer heresia, senão a dos albigenses, que provocou tantos distúrbios e uma sangrenta guerra. Os medievais julgaram que era necessário ir à raíz: às concepções destruidoras da paz social. Ainda que não o creia, querido leitor, hoje está sucedendo algo parecido. Na Alemanha, se você opina sobre a perseguição dos judeus pelos nazistas de maneira distinta da adotada pelo Estado Alemão, pode ser levado aos tribunais e julgado: tudo por uma diferença de opinião. Nos Estados Unidos, nenhum professor de biologia pode referir-se à criação dos seres vivos: tem que ensinar a hipótese de Darwin, a aceite ou não. Por acaso não estamos afirmando que, ao menos na América, não toleramos um governo que não seja democrático? Em virtude do qual não há escrúpulo algum em invadir uma pacífica nação que nenhum perigo encerra.
Tal qual parece que a Inquisição voltou, só que agora não pode ser chamada de "santa".
Juan Carlos Ossandón Valdés
Tradução do artigo "La Santa Inquisición" de Juan Carlos Ossandón Valdés, publicado na revista "Iesus Christus" nº 56 do Distrito da América do Sul da Fraternidade Sacerdotal São P
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
quanto ao Papa e o nazismo e seu cunho gnostico, ler isto tambem
http://www.montfort.org.br/index.php?se ... 6&lang=bra
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Uma kôza eu reconheço: o U-27 está sendo bem didático! É uma cruzada onde a pena substitui a espada. Que assim prossiga, embora eu ache bem brabo converter um empedernido Pagão que nem eu mas...
Ah, e me parece ter faltado uma kôza: a Inquisição ACUSAVA E PROCESSAVA, a tortura e execução estavam a cargo do Estado, que eu saiba (à época a Igreja e o Estado eram unha-e-carne, não era o laicismo de hoje...)
Tanto que quem ler o livro de Huxley que recomendei verá a surpresa do próprio autor com a atitude de um padre (o que demonstra o ineditismo disso) que participou ativamente da tortura do acusado, Pére Grandier, e cuja conduta gerou repulsa mesmo entre os torturadores profissionais, por exemplo quando ele quis arrancar as unhas do pobre senhor Grandier e foi reprimido e repreendido pelo comandante dos guardas da prisão...
Ah, e me parece ter faltado uma kôza: a Inquisição ACUSAVA E PROCESSAVA, a tortura e execução estavam a cargo do Estado, que eu saiba (à época a Igreja e o Estado eram unha-e-carne, não era o laicismo de hoje...)
Tanto que quem ler o livro de Huxley que recomendei verá a surpresa do próprio autor com a atitude de um padre (o que demonstra o ineditismo disso) que participou ativamente da tortura do acusado, Pére Grandier, e cuja conduta gerou repulsa mesmo entre os torturadores profissionais, por exemplo quando ele quis arrancar as unhas do pobre senhor Grandier e foi reprimido e repreendido pelo comandante dos guardas da prisão...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Túlio escreveu:Uma kôza eu reconheço: o U-27 está sendo bem didático! É uma cruzada onde a pena substitui a espada. Que assim prossiga, embora eu ache bem brabo converter um empedernido Pagão que nem eu mas...
Ah, e me parece ter faltado uma kôza: a Inquisição ACUSAVA E PROCESSAVA, a tortura e execução estavam a cargo do Estado, que eu saiba (à época a Igreja e o Estado eram unha-e-carne, não era o laicismo de hoje...)
Tanto que quem ler o livro de Huxley que recomendei verá a surpresa do próprio autor com a atitude de um padre (o que demonstra o ineditismo disso) que participou ativamente da tortura do acusado, Pére Grandier, e cuja conduta gerou repulsa mesmo entre os torturadores profissionais, por exemplo quando ele quis arrancar as unhas do pobre senhor Grandier e foi reprimido e repreendido pelo comandante dos guardas da prisão...
isto é verdade tulio, mas, a inquisição cabia punições espirituais ou no maximo prisões, a questão maior é que muitos estados, como espanha, tinha pena de morte para o crime de heresia, então, a Igreja respeitava e entregava o condenado ao estado, e este via o que devia fazer.
ah e como dizer, não se pode julgar o todo por um, claro que houveram abusos e falhas, mas em suma maioria, a inquisição foi um exemplo, tanto que as pessoas da epoa sempre queriam ser julgados pelos tribunais da inquisição, que eram considerados justos e brandos, ao contrario dos tribunais do estado da epoca.
Santa Joana D'arc, quis ser julgada pela inquisiçao, quando o rei ingles usou um bispo corrupto para julga-la de bruxaria, mas não permitiram, pois eles queriam acusar a França e o rei dela de apoiar paganismo, e assim, fazer perder o trono, depois claramente a verdade foi descoberta e reconheceram a santidade de Joana.
"A religião católica contém a Verdade total revelada por Deus e não dizemos isso com arrogância nem para desafiar ninguém. Não podemos diminuir esta afirmação" Dom Hector Aguer
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Sobre o Pio XII, eles estavam numa posição muito má, entre o defender os estatutos da Igreja e defender a própria vida. Havia um plano para ser eleito um novo Papa em Portugal, caso o Vaticano ficasse comprometido. Não me lembra onde é que li isso.
No caso da negação das obras para a salvação, não é bem assim. O exemplo apontado é o do bandido que é salvo por Jesus, quando já estavam crucificados, ele não tinha tempo para fazer obras. Eu aprendi que a fé, desencadeia obras, já se a pessoa as pode fazer e não faz, não tem fé. A salvação pela fé e obras implica que por exemplo, uma pessoa se converta ao cristianismo e esteja numa cama de hospital a morrer, não se salva porque não fez obras antes da morte. Pelo menos foi assim que me ensinaram.
No caso da negação das obras para a salvação, não é bem assim. O exemplo apontado é o do bandido que é salvo por Jesus, quando já estavam crucificados, ele não tinha tempo para fazer obras. Eu aprendi que a fé, desencadeia obras, já se a pessoa as pode fazer e não faz, não tem fé. A salvação pela fé e obras implica que por exemplo, uma pessoa se converta ao cristianismo e esteja numa cama de hospital a morrer, não se salva porque não fez obras antes da morte. Pelo menos foi assim que me ensinaram.
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Sobre as Cruzadas:
No final do sec XI, quando é deflagrada a I Cruzada, a expansão islamica sobre a Europa a muito havia cessado: derrotados na França no começo do sec VIII, os exercitos omiadas nunca mais investiram numa expansão. As crises dinasticas que se sucederam no mesmo seculo também contribuiram para isso. Além disso, os omiadas nunca insistiram no proselitismo, tanto que, em al-Andalus, os muçulmanos jamais formaram a maioria da população, e na região do Levante e do Egito, foi somente no periodo das cruzadas é que os muçulmanos passaram a compor a maioria da população, só vindo a formar a maioria absoluta, seculos depois, e mesmo assim preservando populações cristãs significativas, enquanto que no Norte da Africa, até o seculo XII ainda existiam Igrejas (Hourani discute essas questões na sua monumental obra Uma Historia dos Povos Árabes). Ouve um curto principado arabe no sul da Italia entre os seculos IX e XI, mas já havia sido extinto antes da 1a Cruzada.
No Oriente medio, o Califado tradicionalmente permitia a peregrinação de cristãos para Jerusalem desde a conquista da cidade por Omar ibn al-Khattab, o 2o califa (que se recusou a orar na Igreja do Santo Sepulcro para não criar um precedente para que governadores anteriores a transformassem em mesquita). No geral, os muçulmanos foram bem-recebidos pela população local (monofissicista) que os viam como libertadores frente aos Bizantinos (Ortodoxos Gregos).
Houve um episodio em que, em 1009, o Califa Fatimida do Egito (hereges ismailitas, que na epoca controlovam Jerusalem), Al-Hakim (um individio que se considerava ninguem mais, ninguem menos, que o proprio Deus) ordenou a destruição da Igreja do Santo sepulcro, proibiu a peregrinação e perseguiu os peregrinos (detalhe curioso: quando essa noticia chegou na Europa, teve gente que culpou os judeus, que foram expulsos de varias cidades devido a isso), mas o sucessor de Al-Hakim permitiu a reconstrução e o retorno dos peregrinos.
Portanto, as razões da defragração da 1a Cruzada foram outras, de genese muito mais politicas e pragmaticas (o imperador bizantino pediu ajuda militar ao Para contra os trucos seljucidas que estavam atacando a anatolia na época, ao qual o Papa viu a possibilidade de direcionar os humores belicistas dos nobres europeus para conquistar Jerusalem, ao invés de ficarem se matando uns aos outros), até pq se fosse mesmo uma causa puramente religiosa ou devido a uma suposta expensão do islamismo (que na epoca já estava politicamente fragmentado em diversas dinastias), as cruzadas deveriam ter acontecido com 300 anos de antecedencia.
No final do sec XI, quando é deflagrada a I Cruzada, a expansão islamica sobre a Europa a muito havia cessado: derrotados na França no começo do sec VIII, os exercitos omiadas nunca mais investiram numa expansão. As crises dinasticas que se sucederam no mesmo seculo também contribuiram para isso. Além disso, os omiadas nunca insistiram no proselitismo, tanto que, em al-Andalus, os muçulmanos jamais formaram a maioria da população, e na região do Levante e do Egito, foi somente no periodo das cruzadas é que os muçulmanos passaram a compor a maioria da população, só vindo a formar a maioria absoluta, seculos depois, e mesmo assim preservando populações cristãs significativas, enquanto que no Norte da Africa, até o seculo XII ainda existiam Igrejas (Hourani discute essas questões na sua monumental obra Uma Historia dos Povos Árabes). Ouve um curto principado arabe no sul da Italia entre os seculos IX e XI, mas já havia sido extinto antes da 1a Cruzada.
No Oriente medio, o Califado tradicionalmente permitia a peregrinação de cristãos para Jerusalem desde a conquista da cidade por Omar ibn al-Khattab, o 2o califa (que se recusou a orar na Igreja do Santo Sepulcro para não criar um precedente para que governadores anteriores a transformassem em mesquita). No geral, os muçulmanos foram bem-recebidos pela população local (monofissicista) que os viam como libertadores frente aos Bizantinos (Ortodoxos Gregos).
Houve um episodio em que, em 1009, o Califa Fatimida do Egito (hereges ismailitas, que na epoca controlovam Jerusalem), Al-Hakim (um individio que se considerava ninguem mais, ninguem menos, que o proprio Deus) ordenou a destruição da Igreja do Santo sepulcro, proibiu a peregrinação e perseguiu os peregrinos (detalhe curioso: quando essa noticia chegou na Europa, teve gente que culpou os judeus, que foram expulsos de varias cidades devido a isso), mas o sucessor de Al-Hakim permitiu a reconstrução e o retorno dos peregrinos.
Portanto, as razões da defragração da 1a Cruzada foram outras, de genese muito mais politicas e pragmaticas (o imperador bizantino pediu ajuda militar ao Para contra os trucos seljucidas que estavam atacando a anatolia na época, ao qual o Papa viu a possibilidade de direcionar os humores belicistas dos nobres europeus para conquistar Jerusalem, ao invés de ficarem se matando uns aos outros), até pq se fosse mesmo uma causa puramente religiosa ou devido a uma suposta expensão do islamismo (que na epoca já estava politicamente fragmentado em diversas dinastias), as cruzadas deveriam ter acontecido com 300 anos de antecedencia.
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
tflash escreveu:Sobre o Pio XII, eles estavam numa posição muito má, entre o defender os estatutos da Igreja e defender a própria vida. Havia um plano para ser eleito um novo Papa em Portugal, caso o Vaticano ficasse comprometido. Não me lembra onde é que li isso.
No caso da negação das obras para a salvação, não é bem assim. O exemplo apontado é o do bandido que é salvo por Jesus, quando já estavam crucificados, ele não tinha tempo para fazer obras. Eu aprendi que a fé, desencadeia obras, já se a pessoa as pode fazer e não faz, não tem fé. A salvação pela fé e obras implica que por exemplo, uma pessoa se converta ao cristianismo e esteja numa cama de hospital a morrer, não se salva porque não fez obras antes da morte. Pelo menos foi assim que me ensinaram.
nisto você esta certo, quanto ao Pio XII
e só uma coisa, quanto a salvação, vocÊ esta certo, se a pessoa não teve tempo de fazer obras, mas se converte, o batismo ou um real desejo de batismo limpa seus pecados, porem, ela passara um bom tempo no purgatorio (isto é, se o Padre não der uma indulgencia plenaria a ele, dai ele até disso fica livre).
quanto as cruzadas, eu irei procurar e ler e depois comento melhor, tudo bem?
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Agredidos e Agressores
Sempre foi chamada "praça das Cruzadas". Há pouco mais de um ano é "praça Paulo VI". À mudança de nome do largo milanês, junto à insigne basílica de São Simpliciano, não está alheia a Faculdade Teológica da Itália Setentrional que se abre para ela. Dizem que houve pressões clericais para que se mudasse o nome daquele logradouro. Sentiam que era embaraçoso, mais para certos meios católicos que para as autoridades laicas.
Este acontecimento milanês não é senão uma confirmação, entre tantas, de um fato desconcertante: depois de dois séculos de propaganda incessante, a "legenda negra" construída pelos iluministas como arma da guerra psicológica contra a Igreja Romana, terminou por instilar um "problema de consciência" na intelligentsia católica, além do imaginário popular.
Foi, na realidade, no século dezoito europeu que, completando a obra da Reforma, se firmou o rosário, tornado canônico, das "infâmias romanas". No que diz respeito às Cruzadas, a propaganda anticatólica chegou até a inventar o nome, como o termo "Idade Média", excogitado pela historiografia "iluminista". Os que há novecentos anos tomaram de assalto Jerusalém considerariam estúpidos os que lhes tivessem dito que davam cumprimento àquilo que seria chamado de "primeira Cruzada". Para eles, era iter, peregrinatio, succursus, passagium .
Os "panfletários", em suma, inventam um nome e constróem em torno uma "legenda negra". Não é só isso: será essa mesma propaganda européia que "revelará" ao mundo muçulmano o ter sido ele o "agredido". No Ocidente, a obscura invenção "cruzada" terminou por impregnar com sentimento de culpa certos homens da própria Igreja, ignorantes de como as coisas ocorreram.
Quem foi o agredido e quem é o agressor?
Quando em 638 o califa Omar conquista Jerusalém, esta era, há mais de três séculos, cristã. Pouco depois, sequazes do Profeta invadem e destróem as gloriosas igrejas, primeiro do Egito e, depois, de todo o norte da África, levando à extinção do cristianismo em lugares que tinham tido bispos como santo Agostinho.
Depois foi a vez da Espanha, da Sicília, da Grécia, daquela que será chamada Turquia e onde as comunidades fundadas pelo próprio São Paulo tornaram-se montes de ruínas. Em 1453, depois de sete séculos de assalto, capitula e é islamizada a própria Constantinopla, a segunda Roma. O rolo islâmico atinge os Bálcãs, e, como por milagre, é detido e obrigado a retirar-se das portas de Viena.
Entretanto, até o século XIX, todo o Mediterrâneo e todas as costas dos países cristãos que ficam em face, são "reservas" de carne humana: navios e países serão assaltados por incursões islâmicas, que retornam às covas magrebinas cheios de butins, de mulheres e jovens para os prazeres sexuais dos ricos e de escravos obrigados a morrerem de cansaço ou para serem resgatados a preços altíssimos pelos Mercedários e Trinitários. Execre-se, com justiça, o massacre de Jerusalém em 1099, mas não se esqueçam de Maomé II, em 1480, em Otranto, simples exemplo de um cortejo sanguinolento de sofrimentos.
Ainda hoje: quais países muçulmanos reconhecem aos outros que não aos seus, os direitos civis ou a liberdade de culto? Quem se indigna com o genocídio dos armênios, ontem e dos sudaneses cristãos, hoje? O mundo, segundo os devotos do Corão, não está ainda agora dividido em "território do Islam" e "território de guerra", todos os lugares, ainda não muçulmanos, mas que devem se tornar tais, por bem ou por mal? Não é esta a ideologia subentendida por muitos na imigração maciça rumo à Europa?
Uma simples revisão da história, mesmo nas suas linhas gerais, confirma uma verdade evidente: uma Cristandade em contínua posição de defesa em relação a uma agressão muçulmana, desde o começo até hoje (na África, por exemplo, está em curso uma ofensiva sanguinolenta para islamizar as etnias que os sacrifícios heróicos de gerações de missionários tinham levado ao batismo). Admitido que alguém, na história, devesse pedir desculpa a outro, deveriam ser os católicos a pedir perdão por um ato de autodefesa, pela tentativa de ter pelo menos aberto o caminho da peregrinação aos lugares de Jesus, como foi o ciclo das cruzadas?
Sempre foi chamada "praça das Cruzadas". Há pouco mais de um ano é "praça Paulo VI". À mudança de nome do largo milanês, junto à insigne basílica de São Simpliciano, não está alheia a Faculdade Teológica da Itália Setentrional que se abre para ela. Dizem que houve pressões clericais para que se mudasse o nome daquele logradouro. Sentiam que era embaraçoso, mais para certos meios católicos que para as autoridades laicas.
Este acontecimento milanês não é senão uma confirmação, entre tantas, de um fato desconcertante: depois de dois séculos de propaganda incessante, a "legenda negra" construída pelos iluministas como arma da guerra psicológica contra a Igreja Romana, terminou por instilar um "problema de consciência" na intelligentsia católica, além do imaginário popular.
Foi, na realidade, no século dezoito europeu que, completando a obra da Reforma, se firmou o rosário, tornado canônico, das "infâmias romanas". No que diz respeito às Cruzadas, a propaganda anticatólica chegou até a inventar o nome, como o termo "Idade Média", excogitado pela historiografia "iluminista". Os que há novecentos anos tomaram de assalto Jerusalém considerariam estúpidos os que lhes tivessem dito que davam cumprimento àquilo que seria chamado de "primeira Cruzada". Para eles, era iter, peregrinatio, succursus, passagium .
Os "panfletários", em suma, inventam um nome e constróem em torno uma "legenda negra". Não é só isso: será essa mesma propaganda européia que "revelará" ao mundo muçulmano o ter sido ele o "agredido". No Ocidente, a obscura invenção "cruzada" terminou por impregnar com sentimento de culpa certos homens da própria Igreja, ignorantes de como as coisas ocorreram.
Quem foi o agredido e quem é o agressor?
Quando em 638 o califa Omar conquista Jerusalém, esta era, há mais de três séculos, cristã. Pouco depois, sequazes do Profeta invadem e destróem as gloriosas igrejas, primeiro do Egito e, depois, de todo o norte da África, levando à extinção do cristianismo em lugares que tinham tido bispos como santo Agostinho.
Depois foi a vez da Espanha, da Sicília, da Grécia, daquela que será chamada Turquia e onde as comunidades fundadas pelo próprio São Paulo tornaram-se montes de ruínas. Em 1453, depois de sete séculos de assalto, capitula e é islamizada a própria Constantinopla, a segunda Roma. O rolo islâmico atinge os Bálcãs, e, como por milagre, é detido e obrigado a retirar-se das portas de Viena.
Entretanto, até o século XIX, todo o Mediterrâneo e todas as costas dos países cristãos que ficam em face, são "reservas" de carne humana: navios e países serão assaltados por incursões islâmicas, que retornam às covas magrebinas cheios de butins, de mulheres e jovens para os prazeres sexuais dos ricos e de escravos obrigados a morrerem de cansaço ou para serem resgatados a preços altíssimos pelos Mercedários e Trinitários. Execre-se, com justiça, o massacre de Jerusalém em 1099, mas não se esqueçam de Maomé II, em 1480, em Otranto, simples exemplo de um cortejo sanguinolento de sofrimentos.
Ainda hoje: quais países muçulmanos reconhecem aos outros que não aos seus, os direitos civis ou a liberdade de culto? Quem se indigna com o genocídio dos armênios, ontem e dos sudaneses cristãos, hoje? O mundo, segundo os devotos do Corão, não está ainda agora dividido em "território do Islam" e "território de guerra", todos os lugares, ainda não muçulmanos, mas que devem se tornar tais, por bem ou por mal? Não é esta a ideologia subentendida por muitos na imigração maciça rumo à Europa?
Uma simples revisão da história, mesmo nas suas linhas gerais, confirma uma verdade evidente: uma Cristandade em contínua posição de defesa em relação a uma agressão muçulmana, desde o começo até hoje (na África, por exemplo, está em curso uma ofensiva sanguinolenta para islamizar as etnias que os sacrifícios heróicos de gerações de missionários tinham levado ao batismo). Admitido que alguém, na história, devesse pedir desculpa a outro, deveriam ser os católicos a pedir perdão por um ato de autodefesa, pela tentativa de ter pelo menos aberto o caminho da peregrinação aos lugares de Jesus, como foi o ciclo das cruzadas?
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
e quanto ao Pio XII
Pio XII e os Fatos
Homem discreto e silencioso, notoriamente avesso a fotógrafos por exemplo, Pio XII certamente não contava estar debaixo dos holofotes mais de 40 anos depois de sua morte. Não há de surpreendê-lo, porém, lá de onde esteja, o fato de que, mais do que sob os holofotes, está sob o fogo cruzado de denúncias, pois ao cristão - desde o primeiro deles - nunca são estranhas as injustiças do mundo.
Comecemos por situar esse papa no século que ora vai definhando para que as coisas tenham uma ordem desejável. Pio XII foi papa no momento histórico mais difícil do século XX. Seu pontificado, longo de 19 anos (1939-1958), inclui todo o cruel período da Segunda Guerra. Ao ser eleito sucessor de Pedro, o cardeal' Eugênio Pacelli, diplomata experiente, sabia das terríveis dificuldades que teria pela frente - e dispôs-se a enfrentá-las.
Enfrentou-as dentro de seu estilo mais marcante, a discrição e o silêncio já citados. Não há mais sábio modo de agir quando se está no meio da tormenta: silêncio não significa omissão. Os homens, entretanto, sobretudo quando lhes convém, às vezes confundem silêncio com omissão. E acusam. Mas, de que acusam Pio XII? Mais do que de omisso, ele vem sendo acusado de conivente com o nazismo e com sua face mais hedionda, a perseguição racial, de que foram vítimas maiores os judeus. Livro recente (1999) do escritor inglês John Cornwell o chama mesmo, a começar pelo título, de O Papa de Hitler. Desde que foi publicado, as acusações parecem uma orquestração.
É curioso como as acusações nunca foram feitas quando as tropas de Hitler rondavam cada quintal da Europa - e, a partir de 1943, era especialmente pela Itália que elas andavam com mais desembaraço. As acusações surgiram muito depois. Começaram em 1963, cinco anos depois da morte de Pio XII e dezoito depois do fim da guerra, quando foi editada a peça do alemão Rolf Hochhuth, O Vigário. Mas ficção é ficção, cada um escreve o que quer. Ainda quando se pretenda ter base histórica, a história entra apenas como pano de fundo. O autor move os cordéis de acordo com suas tendências, carrega nas tintas segundo sua visão pessoal. De qualquer maneira, a peça de Hochhuth, lançada com sensacionalismo, encenada e editada de imediato em vários países, dado o apelo do assunto, dorme hoje em prateleiras empoeiradas talvez por falta de valor dramatúrgico ou literário.
O livro de Cornwell, anunciado como uma pesquisa séria, fez ressurgir a campanha. A realidade, porém, não parece confirmar-lhe a seriedade e muito menos o amor à verdade do autor. O Osservatore Romano, por exemplo, de 13 de outubro do ano passado, afirma que é "absolutamente falsa” a afirmação do escritor de que "foi o primeiro e único pesquisador a ter acesso ao Arquivo do Vaticano", na parte que trata das relações exteriores - sempre livremente aberta a inúmeros historiadores e pesquisadores de todo tipo. Consultou ele só os documentos referentes à Baviera de 1918 a 1921 (de 1914 a 1920 o futuro Pio XII foi núncio na Baviera) e os referentes à Áustria de 1913 a 1915. Ambas as séries documentais já foram consultadas vezes e vezes. Os arquivos a partir de 1922 ainda não foram abertos. Portanto, Cornwell faltou com a verdade, pois não foi "primeiro e único" em nada. Manuseou o que muitos outros manusearam.
Registre-se que a série de documentos do tempo da guerra é de conhecimento público, pois, para deixar tudo às claras, Paulo VI (papa entre 1963-78) determinou que a Editora Vaticana lançasse os Atos e Documentos da Santa Sé Relativos à Segunda Guerra Mundial (12 volumes), antecipando em decênios a abertura normal dessa série de documentos.
Mas voltemos às pesquisas de Cornwell no Vaticano e àquele número do Osservatore Romano. Cornwell diz que freqüentou "durante meses a fio" o Arquivo da Santa Sé. Outra inverdade, segundo o jornal. Alguém há de dizer: mas por que a verdade estará com aquele órgão do Vaticano (embora oficioso)? Acontece que os registros de entrada e saída diária nos arquivos vaticanos são feitos com todo rigor. Sabe-se com precisão quem vai lá e por quanto tempo trabalha. Os registros mostram que Cornwell não esteve lá por meses a fio. Só freqüentou os arquivos de 12 de maio a 2 de junho de 1997. Mesmo nessa curta temporada de 20 dias “não compareceu diariamente" e nos dias em que lá foi só ficava no Arquivo "por breve período de tempo”.
Será confiável, então, o resultado de uma pesquisa de quem começa por se mostrar pouco amigo da verdade na simples apresentação de como a fez e quanto tempo consumiu com ela? Será confiável a pesquisa, de quem começa por se gabar de um ineditismo em relação às fontes utilizadas que não é mais do que um engodo?
Parece mais confiável, por exemplo, a voz de Golda Meir, uma das pioneiras do Estado de Israel, do qual era ministra do Exterior quando da morte de Pio XII, ocasião em que fez as seguintes declarações: "Durante o decênio do terror nazista, quando nosso povo sofreu terrível martírio, a voz do papa se levantou para condenar os perseguidores e para pedir compaixão em favor de suas vítimas." (na entrevista do jesuíta Pierre Blat a Le Figaro Magazine, Paris, 18-9-99). Já se vê que o silêncio de Pio XII não foi absoluto. A quem tinha ouvidos de ouvir, como Golda Meir, seus pronunciamentos chegaram.
Se mais o papa não falou foi por um cuidado piedoso. Dolorosa experiência ele tinha da encíclica de Pio XI em alemão de 1937 condenando o racismo nazista (pela qual Paceffi foi o grande responsável, como secretário de Estado, mas disso ninguém fala). Infiltrada clandestinamente, a encíclica foi lida nas igrejas alemãs a 31 de março daquele ano. No dia seguinte intensificou-se a perseguição a católicos e judeus. Na Holanda, um documento católico protestando contra o nazismo foi lido nas igrejas a 26 de julho de 1942: na manhã seguinte começou a deportação de judeus. Pio XII ficou tão impressionado que queimou quatro páginas de protesto que tinha escrito para divulgar pelo Osservatore Romano.
A ação discreta de Pio XII também foi reconhecida por gente como o scholar judeu Pinchas E. Lapide, pesquisador sobre papas e catolicismo, que em seu livro Three Popes and the Jews (Londres, 1967) estima que Pio XII e inúmeros padres, freiras e leigos católicos tenham salvo de 700 mil a 850 mil judeus da fúria nazista até à custa da própria vida em não poucos casos. Como foi reconhecida pelos rabinos italianos que, em comissão, agradeceram a ele pessoalmente, depois da guerra, o que fizera pelos judeus perseguidos, escondendo-os em casas religiosas, defendendo-lhes a vida de vários modos. Um deles, Israel Zolli, acabou convertido ao catolicismo. Ao ser batizado, escolheu o nome de Eugênio. E explicou que estava homenageando o papa que tinha salvado tantos judeus.
Notícias Eclesiáis, 14 de outubro de 1999
Santa Sé evidencia a inconsistência do livro que calunia o Papa Pio XII Vaticano, 14 (NE) A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou ontem uma declaração desmentindo várias das absurdas calúnias escritas por John Cornwell em seu recente livro sobre o Papa Pio XII. A declaração demonstrou uma vez mais a inconsistência da investigação de Cornwell e sua falta de respeito à verdade histórica manifestada em sua obra panfletária: "O Papa de Hitler". O que a declaração adverte primeiramente é que Cornwell, que incrivelmente afirma que seu livro é "o primeiro juízo científico e leal sobre Pio XII", não tem título acadêmico algum de história, de direito ou de teologia", um dos critérios nos quais peritos famosos mundialmente baseiam suas críticas ao livro. Da mesma forma, são evidenciadas algumas das mentiras expressas por Cornwell em relação a seu trabalho de investigação nos Arquivos Vaticanos, começando por sua afirmação indicando que foi a primeira pessoa a ter acesso a estes arquivos. "Isto é completamente falso", esclarece o comunicado, afirmando que a investigação do autor britânico se limitou a duas séries de documentos, ambos anteriores ao ano 1922. Igualmente, Cornwell defende que trabalhou nos arquivos durante vários meses. Entretanto, a autorização que lhe foi concedida cobria um período de somente três semanas, durante as quais o autor nem sequer foi todos os dias, como o confirmam os registros rigorosamente levados no Arquivo. Em seu calunioso livro, Cornwell afirma também ter descoberto documentos secretos que permaneceram ocultos até a sua "investigação", em especial uma carta escrita pelo Papa Pacelli quando era ainda Núncio na Bavária. Entretanto, este "documento secreto" -indica a declaração- tinha sido publicado no 1992, sete anos antes da "descoberta" de Conwell".
ambos textos tirados do site lepanto:
http://www.lepanto.com.br/dados/NotPioXII.html
Pio XII e os Fatos
Homem discreto e silencioso, notoriamente avesso a fotógrafos por exemplo, Pio XII certamente não contava estar debaixo dos holofotes mais de 40 anos depois de sua morte. Não há de surpreendê-lo, porém, lá de onde esteja, o fato de que, mais do que sob os holofotes, está sob o fogo cruzado de denúncias, pois ao cristão - desde o primeiro deles - nunca são estranhas as injustiças do mundo.
Comecemos por situar esse papa no século que ora vai definhando para que as coisas tenham uma ordem desejável. Pio XII foi papa no momento histórico mais difícil do século XX. Seu pontificado, longo de 19 anos (1939-1958), inclui todo o cruel período da Segunda Guerra. Ao ser eleito sucessor de Pedro, o cardeal' Eugênio Pacelli, diplomata experiente, sabia das terríveis dificuldades que teria pela frente - e dispôs-se a enfrentá-las.
Enfrentou-as dentro de seu estilo mais marcante, a discrição e o silêncio já citados. Não há mais sábio modo de agir quando se está no meio da tormenta: silêncio não significa omissão. Os homens, entretanto, sobretudo quando lhes convém, às vezes confundem silêncio com omissão. E acusam. Mas, de que acusam Pio XII? Mais do que de omisso, ele vem sendo acusado de conivente com o nazismo e com sua face mais hedionda, a perseguição racial, de que foram vítimas maiores os judeus. Livro recente (1999) do escritor inglês John Cornwell o chama mesmo, a começar pelo título, de O Papa de Hitler. Desde que foi publicado, as acusações parecem uma orquestração.
É curioso como as acusações nunca foram feitas quando as tropas de Hitler rondavam cada quintal da Europa - e, a partir de 1943, era especialmente pela Itália que elas andavam com mais desembaraço. As acusações surgiram muito depois. Começaram em 1963, cinco anos depois da morte de Pio XII e dezoito depois do fim da guerra, quando foi editada a peça do alemão Rolf Hochhuth, O Vigário. Mas ficção é ficção, cada um escreve o que quer. Ainda quando se pretenda ter base histórica, a história entra apenas como pano de fundo. O autor move os cordéis de acordo com suas tendências, carrega nas tintas segundo sua visão pessoal. De qualquer maneira, a peça de Hochhuth, lançada com sensacionalismo, encenada e editada de imediato em vários países, dado o apelo do assunto, dorme hoje em prateleiras empoeiradas talvez por falta de valor dramatúrgico ou literário.
O livro de Cornwell, anunciado como uma pesquisa séria, fez ressurgir a campanha. A realidade, porém, não parece confirmar-lhe a seriedade e muito menos o amor à verdade do autor. O Osservatore Romano, por exemplo, de 13 de outubro do ano passado, afirma que é "absolutamente falsa” a afirmação do escritor de que "foi o primeiro e único pesquisador a ter acesso ao Arquivo do Vaticano", na parte que trata das relações exteriores - sempre livremente aberta a inúmeros historiadores e pesquisadores de todo tipo. Consultou ele só os documentos referentes à Baviera de 1918 a 1921 (de 1914 a 1920 o futuro Pio XII foi núncio na Baviera) e os referentes à Áustria de 1913 a 1915. Ambas as séries documentais já foram consultadas vezes e vezes. Os arquivos a partir de 1922 ainda não foram abertos. Portanto, Cornwell faltou com a verdade, pois não foi "primeiro e único" em nada. Manuseou o que muitos outros manusearam.
Registre-se que a série de documentos do tempo da guerra é de conhecimento público, pois, para deixar tudo às claras, Paulo VI (papa entre 1963-78) determinou que a Editora Vaticana lançasse os Atos e Documentos da Santa Sé Relativos à Segunda Guerra Mundial (12 volumes), antecipando em decênios a abertura normal dessa série de documentos.
Mas voltemos às pesquisas de Cornwell no Vaticano e àquele número do Osservatore Romano. Cornwell diz que freqüentou "durante meses a fio" o Arquivo da Santa Sé. Outra inverdade, segundo o jornal. Alguém há de dizer: mas por que a verdade estará com aquele órgão do Vaticano (embora oficioso)? Acontece que os registros de entrada e saída diária nos arquivos vaticanos são feitos com todo rigor. Sabe-se com precisão quem vai lá e por quanto tempo trabalha. Os registros mostram que Cornwell não esteve lá por meses a fio. Só freqüentou os arquivos de 12 de maio a 2 de junho de 1997. Mesmo nessa curta temporada de 20 dias “não compareceu diariamente" e nos dias em que lá foi só ficava no Arquivo "por breve período de tempo”.
Será confiável, então, o resultado de uma pesquisa de quem começa por se mostrar pouco amigo da verdade na simples apresentação de como a fez e quanto tempo consumiu com ela? Será confiável a pesquisa, de quem começa por se gabar de um ineditismo em relação às fontes utilizadas que não é mais do que um engodo?
Parece mais confiável, por exemplo, a voz de Golda Meir, uma das pioneiras do Estado de Israel, do qual era ministra do Exterior quando da morte de Pio XII, ocasião em que fez as seguintes declarações: "Durante o decênio do terror nazista, quando nosso povo sofreu terrível martírio, a voz do papa se levantou para condenar os perseguidores e para pedir compaixão em favor de suas vítimas." (na entrevista do jesuíta Pierre Blat a Le Figaro Magazine, Paris, 18-9-99). Já se vê que o silêncio de Pio XII não foi absoluto. A quem tinha ouvidos de ouvir, como Golda Meir, seus pronunciamentos chegaram.
Se mais o papa não falou foi por um cuidado piedoso. Dolorosa experiência ele tinha da encíclica de Pio XI em alemão de 1937 condenando o racismo nazista (pela qual Paceffi foi o grande responsável, como secretário de Estado, mas disso ninguém fala). Infiltrada clandestinamente, a encíclica foi lida nas igrejas alemãs a 31 de março daquele ano. No dia seguinte intensificou-se a perseguição a católicos e judeus. Na Holanda, um documento católico protestando contra o nazismo foi lido nas igrejas a 26 de julho de 1942: na manhã seguinte começou a deportação de judeus. Pio XII ficou tão impressionado que queimou quatro páginas de protesto que tinha escrito para divulgar pelo Osservatore Romano.
A ação discreta de Pio XII também foi reconhecida por gente como o scholar judeu Pinchas E. Lapide, pesquisador sobre papas e catolicismo, que em seu livro Three Popes and the Jews (Londres, 1967) estima que Pio XII e inúmeros padres, freiras e leigos católicos tenham salvo de 700 mil a 850 mil judeus da fúria nazista até à custa da própria vida em não poucos casos. Como foi reconhecida pelos rabinos italianos que, em comissão, agradeceram a ele pessoalmente, depois da guerra, o que fizera pelos judeus perseguidos, escondendo-os em casas religiosas, defendendo-lhes a vida de vários modos. Um deles, Israel Zolli, acabou convertido ao catolicismo. Ao ser batizado, escolheu o nome de Eugênio. E explicou que estava homenageando o papa que tinha salvado tantos judeus.
Notícias Eclesiáis, 14 de outubro de 1999
Santa Sé evidencia a inconsistência do livro que calunia o Papa Pio XII Vaticano, 14 (NE) A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou ontem uma declaração desmentindo várias das absurdas calúnias escritas por John Cornwell em seu recente livro sobre o Papa Pio XII. A declaração demonstrou uma vez mais a inconsistência da investigação de Cornwell e sua falta de respeito à verdade histórica manifestada em sua obra panfletária: "O Papa de Hitler". O que a declaração adverte primeiramente é que Cornwell, que incrivelmente afirma que seu livro é "o primeiro juízo científico e leal sobre Pio XII", não tem título acadêmico algum de história, de direito ou de teologia", um dos critérios nos quais peritos famosos mundialmente baseiam suas críticas ao livro. Da mesma forma, são evidenciadas algumas das mentiras expressas por Cornwell em relação a seu trabalho de investigação nos Arquivos Vaticanos, começando por sua afirmação indicando que foi a primeira pessoa a ter acesso a estes arquivos. "Isto é completamente falso", esclarece o comunicado, afirmando que a investigação do autor britânico se limitou a duas séries de documentos, ambos anteriores ao ano 1922. Igualmente, Cornwell defende que trabalhou nos arquivos durante vários meses. Entretanto, a autorização que lhe foi concedida cobria um período de somente três semanas, durante as quais o autor nem sequer foi todos os dias, como o confirmam os registros rigorosamente levados no Arquivo. Em seu calunioso livro, Cornwell afirma também ter descoberto documentos secretos que permaneceram ocultos até a sua "investigação", em especial uma carta escrita pelo Papa Pacelli quando era ainda Núncio na Bavária. Entretanto, este "documento secreto" -indica a declaração- tinha sido publicado no 1992, sete anos antes da "descoberta" de Conwell".
ambos textos tirados do site lepanto:
http://www.lepanto.com.br/dados/NotPioXII.html
"A religião católica contém a Verdade total revelada por Deus e não dizemos isso com arrogância nem para desafiar ninguém. Não podemos diminuir esta afirmação" Dom Hector Aguer
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Re: FÉ, Religião, Igreja, Razão, Ciência
Alguem aqui é islamico?gostaria de fazer umas perguntas se dispor agradeceria
O Pior cego é o que está convicto e seguro de que vê. Não há nada mais fácil do que apontar os erros, preconceitos e fanatismo dos outros enquanto permanecemos cegos e insensíveis aos nossos próprios.