Marino escreveu:Bom, não vou escrever muito não.
Existem dois aspectos que devem ser lembrados: o puramente técnico e outro, que o Orestes presenteou o fórum.
Sobre este segundo, umas poucas palavras somente.
Quando lemos que vamos ter um NAe dependente de aviação baseada em terra, é pq não lemos sobre a reportagem publicada em vários meios, e que eu postei aqui no DB do site administradores (se não me equivoco), e que citava um PA de 50 toneladas (erro evidente de transcrição). Será que o óbvio é tão difícil de ser visto?
Sobre o primeiro: a MB precisa de mais que um Rafale com 4 MICA, até o novo NAe de 50.000 ton?
Sobre REVO, a doutrina é os reabastecedores acompanharem os caças, ou estarem em um ponto de encontro com o dispositivo disparado e prontos para efetuarem a faina?
Como é que nosso reabastecedor vai acompanhar os caças? O S-2T tem veloc de cruzeiro entorno de 200 nós. Outro Rafale não terá como decolar com combustível para fornecer aos outros (não nos esqueçamos que caças operam, no mínimo, aos pares - o elemento).
Tá legal, pré-posicionamos o reabastecedor. E quem o protege? É de se esperar que a PAC seja posicionada de forma a cobrir o eixo ou setor de maior ameaça. Esse incursor não é ameaça ao avião-tanque? Por doutrina, seja de onde for a origem, aviões-tanque e AEW são posicionados em áreas livres de ameaça inimiga. Quanto aos AEW, ainda se adimite protegê-los com escoltas, mas tanques, nem pensar, pois sua atividade imobiliza, também, os vetores que nele estiverem "engatados" para abastecimento e durante essa manobra, os aviões mantêm rumo, velocidade e altitude constantes. Tiro ao pato para a caça inimiga!
E aqui voltamos ao primeiro item: a anv REVO da MB teria que ser adquirida com prioridade, não é? E para que os caças embarcados operem dentro de uma doutrina aceita por todos, igual a da FAB, também anvs AEW, não é?
O avião tanque que estamos tentando adquirir desde de 2001 (eu já estava nessa época discutindo o assunto na DAerM e conheço muuuito bem o relator do último GT que estudou aeronaves AEW e Tanque...) têm por principal função prover reabastecimento "on top" do NAe para aviões que falhem nas tentativas de enganchar. São mais para segurança de aviação do que para aumento de raio de ação. A quantidade de combustível levada por um possível S-2T seria o suficiente para abastecer uma PAC de A-4 apenas uma vez.
A parte técnica é importante, vital mesmo para subsidiar decisões TÉCNICAS a serem tomadas. Mas as decisões são MUITO maiores que somente a parte técnica.
A parte técnica limita as decisões políticas, pois o equipamento não obedece ordens. Não adianta fazer uma compra política dizendo que o equipamento vai atender a uma necessidade que ele tecnicamente não pode atender...
Esta visão é adquirida aos poucos.
Os Oficiais passam por vários estepes na carreira.
Começamos como Tenentes, técnicos puros, só pensando em equipamentos e manutenção (além da parte operativa, mas não cabe aqui).
Depois fazemos a Escola de Guerra como Corvetas, e o horizonte começa a abrir.
Quando voltamos para a EGN, ou curso equivalente, para fazermos o C-PEM, e vamos após o curso para lugares onde as altas decisões são tomadas, outro horizonte se descortina.
O forista do BM está errado? Não, absolutamente, mas não possui todo o quadro.
Só isso.
Que quadro? Meu problema é deixar bem claro a todos que o que se imagina fazer com o Rafale no São Paulo não é exequível. Por mais que algum "perito" tenha afirmado isso. A MB deixou isso claro em seu relatório, para o qual contribuiram todas as Diretorias Técnicas envolvidas e as OM operativas afetas. O relatório sobre F-X2 x A-12 foi aprovado pelo DGMM, CON, EMA e CM. Quem tem autoridade para falar contra isso?
Para um futuro NAe de 50.000 ton servem Rafale, F-18E e até o "fantasminha" Sea Gripen. Análise de desempenho dos aviões e das ofertas a MB não fez. Nem poderia, já que não recebeu as BAFO e não possui pessoal qualificado para isso.
Não sou contra o Rafale. Só não quero ver no futuro cobranças sobre a MB por aquilo que ela NÃO falou. E essas cobranças virão dos mesmos que hoje radicalmente defendem essa compra, não duvidem. Querem comprar Rafales para a MB agora? Ótimo, mas saibam que operarão de terra, até que um futuro NAe seja adquirido. E isso não será antes de 2025. Está lá no PAEMB para quem quiser ler.
É preciso algum curso de altíssimos estudos para entender isso?