OPERAÇÕES ESPECIAIS

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#46 Mensagem por Pereira » Dom Jun 13, 2010 7:47 pm

A sim, então espero pela continuação!




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Guerra
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#47 Mensagem por Guerra » Seg Jun 14, 2010 8:43 am

Em 1972, em cumprimento a uma determinação do então I Exército (hoje, Comando Militar do Leste), o DFEsp passou a realizar periodicamente um Estágio de Ações de Comandos (duração de três semanas) visando ao adestramento de policiais civis e militares selecionados, integrantes de um Grupo de Operações Especiais (GOpEsp), recém-criado pela Secretaria de Segurança Pública do então Estado da Guanabara. Esse estágio, que ficou conhecido como "comandinhos", veio a se constituir no embrião da formação dos futuros Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil.

Em 1973, o Comando do DFEsp (Companhia) e seus dois Destacamentos Operacionais de Forças Especiais (DOFEsp) orgânicos, cada qual com 4 oficiais e 8 sargentos, perfazendo um total de 32 militares, dirigiram-se aos EUA para realizar, durante cerca de três meses, um adestramento específico de Operações de Forças Especiais, conduzido no US Army John Fitgerald Kennedy Special Warfare Center com o apoio do 7th Special Forces Group (Airborne), ambos sediados em Fort Bragg, Carolina do Norte.

Há de se ressaltar que o DFEsp/Bda Aet foi transportado aos EUA em duas aeronaves C-115, "Búfalo", da Força Aérea Brasileira (FAB), pertencentes ao Esquadrão sediado na Base Aérea dos Afonsos. Suas tripulações (operando as nossas aeronaves), paralelamente ao adestramento do DFEsp, desenvolveram um adestramento de Operações Aéreas Especiais em conjunto com o pessoal da Força Aérea dos EUA (na Pope Air Force Base, vizinha a Fort Bragg), inclusive apoiando os nossos DOFEsp em diversificadas atividades táticas diurnas e noturnas, com pleno sucesso.

O rendimento dessa missão no exterior foi excelente, e, além da magnífica impressão deixada junto aos profissionais norte-americanos (o que por si só já justificaria o tremendo esforço realizado), os resultados alcançados de imediato refletiram-se positivamente na formação, no adestramento, na dotação de material e no emprego dos recursos humanos no Brasil. Um significativo exemplo desses resultados foi que, já em 1974, após a importação do material aeroterrestre específico e dos equipamentos de oxigênio necessários, as Forças Especiais brasileiras, operando em conjunto com os Esquadrões da então V Força Aérea de Transporte Aéreo (V FATA), tornaram-se plenamente qualificadas para a realização de infiltrações aéreas por meio de saltos livres operacionais em grande altitude, uma capacitação que foi mantida até os dias de hoje e que distingue unidades operacionais dessa natureza em todo o Mundo.
Esqueceram de dizer que nessa epoca (72 a 78) o curso de comandos funcionava no CIGS. Onde realmente era a atividade de comandos no EB. Alguns militares que possuiam o COSAC (curso de operações na selva e ações de comandos) do CIGS e serviam na cia prec foram para os EUA e deram inicio as operações especiais.
Só depois de 78 que o CIGS não teve mais força para segurar essa atividade em Manaus que a bda pqdt centralizou tudo no Rio.
Essa é raiz da "rivalidade" entre o cigs e a bda pqdt. O pessoal do CUGS costuma dizer que a atividade de operações especiais só foi para frente quando saiu di Rio. Não sei se é verdade.




A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Clermont
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#48 Mensagem por Clermont » Sáb Jun 19, 2010 8:43 pm

Brigada de Operações Especiais do Exército Brasileiro.

Em 2001, o Mundo é surpreendido pelos dramáticos eventos de 11 de setembro, em Nova Iorque e Washington, tornando evidente a imperiosa necessidade de se incrementar os efetivos de Forças de Operações Especiais eficientes e eficazes para fazer face a situações de crise e/ou de conflito, caracterizadas por cenários de conformação difusa, em ambientes operacionais diversificados, em que a identificação e localização de um inimigo irregular transnacional, empregando táticas, técnicas e procedimentos de terrorismo suicida, se torna uma tarefa de difícil consecução.


Brigada de Operações Especiais:

Assim é que, como conseqüência de um processo desencadeado sob a liderança do Comandante do Exército, General-de-Exército Gleuber Vieira (que, enfrentando algumas posições controversas, foi o grande responsável pelo salto de qualidade dado pelo Exército Brasileiro com a criação de sua grande Unidade de Operações Especiais), o Decreto Presidencial n° 4.289, de 27 de junho de 2002, cria a Brigada de Operações Especiais (Bda Op Esp), na guarnição do Rio de Janeiro/ RJ. Em 3 de setembro de 2003, o Decreto Presidencial n° 4.828 retifica a sede da Brigada do Rio de Janeiro/RJ para Goiânia/GO, e da 3ª Brigada de Infantaria Motorizada (3ª Bda lnf Mtz), então em Goiânia, para Cristalina/GO. Em 16 de dezembro do mesmo ano, o Comando da Bda Op Esp iniciou efetivamente suas atividades, ocupando as instalações que anteriormente estavam sob a responsabilidade do Comando da 3ª Bda lnf Mtz. Em 1º de janeiro de 2004, suas organizações militares subordinadas iniciaram oficialmente seus trabalhos nos seus novos aquartelamentos, a maioria deles ainda com obras a concluir.

Além de seu Comando e Estado-Maior, integram a brigada, o Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOpEsp); o 1º Batalhão de Forças Especiais (1º BFEsp, Batalhão Antônio Dias Cardoso); o 1º Batalhão de Ações de Comandos (1º BAC, Batalhão Capitão Francisco Padilha); a 3ª Companhia de Forças Especiais (3ª Cia FEsp); o Destacamento de Operações Psicológicas (DOpPsc); o Destacamento de Apoio às Operações Especiais (DApOpEsp); 1º Pelotão de Defesa Química, Biológica e Nuclear (1ºPel DQBN); o 6º Pelotão de Polícia do Exército (6º Pel PE); e a Base Administrativa da Bda Op Esp (B Adm). O Comando da Brigada e todas as organizações militares subordinadas estão aquarteladas em Goiânia/GO, exceções feitas ao CIOpEsp, que permaneceu no Rio de Janeiro/RJ, ocupando as excelentes instalações anteriormente utilizadas pelo 1º BFEsp, e à 3ª Cia FEsp que está sediada em Manaus/AM.

Ao Comando e Estado-Maior da Bda Op Esp cabe a responsabilidade de conduzir o preparo, coordenar e controlar o emprego de seus elementos subordinados, de modo que essa Grande Unidade operacional esteja sempre pronta para ser empregada, eficiente e eficazmente no mais curto espaço de tempo, em qualquer parte do território nacional ou fora dele. Atualmente, esse Comando e Estado-Maior está constituído pela Chefia do Estado-Maior, seis Seções no Estado-Maior Geral (pessoal, inteligência, operações, logística, comunicação social e planejamento), uma Ajudância Geral, e uma Seção de Informática.

A Bda Op Esp está subordinada ao Comando Militar do Planalto (CMP) e vinculada, para fins de preparo e emprego, ao COTer. Seu lema é: "A lealdade como crença; a disciplina como valor; a coragem como hábito; a missão como destino."


1º Batalhão de Forças Especiais.

O atual 1º Batalhão de Forças Especiais (1º BFEsp), Batalhão Antônio Dias Cardoso, é um dos elementos de manobra da Bda Op Esp e está organizado com um Comando e Estado-Maior, uma Companhia de Comando e Apoio (Cia CAp), duas Companhias de Forças Especiais (1ª e 2ª Cia FEsp) e um Destacamento de Contraterrorismo (DCT).

O batalhão tem por missão organizar, desenvolver, equipar, instruir e conduzir forças paramilitares em operações de Guerra Irregular, envolvendo a guerra de guerrilhas, subversão, sabotagem e a fuga e evasão; realizar operações contra Forças Irregulares, em ambiente urbano e/ou rural, envolvendo a contraguerrilha e o contraterrorismo; e realizar operações de reconhecimento especial visando à busca, localização e ataque a alvos estratégicos. Tudo com o objetivo de contribuir com a consecução de objetivos políticos, econômicos, psicossociais ou militares.

Cada Cia FEsp, afetivamente identificadas como Força “1" e Força “2" é organizada com um DstCooCt e quatro DOFEsp. Cada DOFEsp é constituído por quatro oficiais (comandante, subcomandante, operações e inteligência) e oito sargentos (dois de armamento, dois de comunicações, dois de demolições e dois de saúde). Todos são voluntários, pára-quedistas e possuidores dos Cursos de Ações de Comandos e de Forças Especiais. Muito embora o DOFEsp seja o elemento básico de emprego, o batalhão tem a flexibilidade de configurar seus destacamentos de acordo com a missão e com as características dos ambientes operacionais onde serão empregados, podendo infiltrá-los e exfiltrá-los por meios terrestres, aéreos, aquáticos ou mistos.

Seu elevado grau de prontidão e a disponibilidade de meios aéreos de apoio (sejam eles de asa fixa e/ou de asa rotativa) conferem ao batalhão adequada mobilidade estratégica e tática e rapidez de desdobramento, capacitando-o para ser empregado em curto espaço de tempo em qualquer área do território nacional ou fora dele. Possuidor de material, armamento e equipamento de última geração, o emprego do 1º BFEsp demanda elevado grau de sigilo, e suas operações apresentam considerável grau de risco, em função de se desenvolverem rotineiramente em território hostil ou controlado pelo inimigo. A capacidade de sobreviver e operar em ambientes longínquos e hostis por longos períodos de tempo, com um mínimo de direção e apoio, é a tradicional característica dos operadores de Forças Especiais e o grande objetivo a ser atingido no seu programa de adestramento. Em função de suas características específicas, entre as suas possibilidades, destacam-se:

- planejar e executar Operações de Inteligência nos níveis estratégico, operacional e tático;

- apoiar em suas áreas de desdobramento, principalmente nas "Áreas Operacionais de Guerra Irregular" (AOGI) estabelecidas, forças convencionais na realização de operações terrestres (ofensivas e defensivas), operações aeroterrestres e/ou aeromóveis, anfíbias e/ou ribeirinhas e aeroestratégicas. Normalmente, a ação básica de apoio nesses contextos será o estabelecimento de "Comitês de Recepção de Forças Especiais";

- apoiar, por meio de equipes móveis de instrução, forças convencionais nas táticas, técnicas e procedimentos de Operações Especiais;

- realizar, em condições especiais, operações especiais de Ações Diretas/ Ações de Comandos;

- planejar e conduzir Operações Psicológicas, particularmente em proveito próprio, como é o caso nas AOGI;

- operar como Observadores Avançados (OA) na condução do apoio de fogo terrestre e naval, bem como Guias Aéreos Avançados (GAA) na condução do apoio de fogo aéreo.

Os atuais operadores de Forças Especiais orgulham-se de, a exemplo das gerações que os antecederam, ter "o ideal como motivação, a abnegação como rotina, o perigo como irmão e a morte como companheira".

O 1º BFEsp mantém um relacionamento com unidades de Forças Especiais de diversos países amigos (incluindo vizinhos da América do Sul, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa e os EUA), o que, além de ratificar o elevado conceito internacional da Unidade, possibilita uma interessante troca de experiências.

Seu lema, oriundo do antigo DFEsp/BdaAet, é: "Qualquer Missão, em Qualquer Lugar, a Qualquer Hora, de Qualquer Maneira".


1º Batalhão de Ações de Comandos.

O atual 1º Batalhão de Ações de Comandos (1º BAC), Batalhão Capitão Francisco Teixeira, está organizado com um Comando e Estado-Maior, uma Companhia de Comando e Apoio (Cia CAp); três Companhias de Ações de Comandos (CAC, cada uma constituída por uma Seção de Comando e três Destacamentos de Ações de Comandos, DAC); e um Destacamento de Reconhecimento e Caçadores (DRC), constituído por um Grupo de Comando, um Grupo de Reconhecimento e um Grupo de Caçadores.

O batalhão tem por missão realizar Ações de Comandos/Ações Diretas, destacando-se captura, resgate, eliminação, interdição e ocupação de alvos compensadores do ponto de vista estratégico, operacional e tático em território hostil ou sob controle do inimigo, em tempo de paz, crise ou conflito. Tudo para contribuir com a consecução de objetivos políticos, econômicos, psicossociais ou militares. Em função de suas características especiais, entre as suas possibilidades, destacam-se:

- realizar infiltrações terrestres, aéreas, aquáticas e mistas;

- operar em qualquer tipo de terreno, particularmente regiões semi-áridas, de montanha, de selva ou no pantanal.

- operar como Observadores Avançados (OA), na condução do apoio de fogo terrestre e naval e como Guias Aéreos Avançados (GAA), na condução do apoio de fogo aéreo;

- participar, em conjunto com o 1º BFEsp, de Operações de Guerra Irregular e de Operações Contraterrorismo.

- realizar Operações contra Forças Irregulares, particularmente a contraguerrilha em ambiente urbano e/ou rural;

- efetuar Operações de Reconhecimento Especial tendo por fim a busca, localização e ataque a alvos estratégicos;

- desempenhar Operações de Inteligência de Combate;

- exercer assessoria para forças convencionais quanto ao emprego dos Comandos.

Todos os seus integrantes, incluindo os cabos e soldados, são voluntários, pára-quedistas e possuidores do Curso de Ações de Comandos. Dotado de material, armamento e equipamento de última geração, o adestramento do 1º BAC tem como característica o máximo de realismo na execução. Seu lema é: "O máximo de destruição, morte e confusão na retaguarda profunda do inimigo!"


3ª Companhia de Forças Especiais:

A 3ª Companhia de Forças Especiais (3ª Cia FEsp) é uma subunidade independente, subordinada ao Comando da Bda Op Esp para fins de preparo e ao Comando Militar da Amazônia (CMA) para fins de emprego.

A atuação das Forças Especiais na Amazônia, ao longo de mais 50 anos de história das FOpEsp, tem sido freqüente. Como conseqüência de ensinamentos anteriormente colhidos, a Força “3", como é afetivamente conhecida, passou a se constituir na vanguarda da Bda Op Esp, já desdobrada naquela que é a área estratégica prioritária da Força Terrestre. Sua missão é proporcionar ao CMA considerável capacidade de pronta resposta em Operações Especiais, bem como assessorar aquele grande Comando Militar de Área no planejamento e emprego de forças dessa natureza. Além de proporcionar um significativo incremento operacional ao CMA, contribui decisivamente para otimização do emprego de outros meios da Bda Op Esp que eventualmente venham a ser desdobrados na Amazônia Legal.

Para cumprir sua missão, a 3ª Cia FEsp dedica-se ao adestramento em ambiente operacional de selva, ao estudo das complexas questões amazônicas (inclusive familiarizando-se com áreas críticas) e ao conhecimento da diversificada cultura regional.

Além dos quatro DOFEsp orgânicos, a 3ª Cia conta com elementos de apoio capazes de oferecer o adequado suporte de comando e controle, comunicações e suporte logístico às suas operações. Sua mobilidade estratégica regional é proporcionada pelos meios orgânicos do 4º Batalhão de Aviação do Exército (4º BAvEx), pelas aeronaves de transporte e helicópteros da Força Aérea Brasileira sediadas na Base Aérea de Manaus, e ainda pelo emprego de embarcações fluviais do Centro de Embarcações do CMA. Com relação ao apoio de fogo aéreo, quando necessário, fica sob responsabilidade dos esquadrões de aviação de caça sediados na Região Norte.

No entanto, há de se destacar que sua maior característica é a capacidade de atuar como multiplicador do poder de combate. Não obstante o cumprimento de missões isoladas e a operação de forma independente, sua concepção de emprego demanda grande integração com as forças convencionais, com a finalidade de maximizar o seu potencial e sua capacitação operacional.

Sua natureza e sua flexibilidade de emprego tornam ainda a 3ª Cia FEsp particularmente apta a realizar operações integradas ou em cooperação com diferentes agências governamentais atuantes na Região Norte.


Destacamento de Operações Psicológicas.

O Destacamento de Operações Psicológicas (DOpPsc) é um dos elementos de apoio ao combate da Bda Op Esp. Está organizado com um Comando e Estado-Maior, uma Seção de Operações Psicológicas (SecOpPsc) e uma Seção de Disseminação (SecDis).

Sua missão é planejar, conduzir e executar Operações Psicológicas em proveito da Bda Op Esp e de todos os Grandes Comandos da Força Terrestre, em um contexto de Defesa Externa, Garantia da Lei e da Ordem, Operações de Guerra Irregular, Operações contra Forças Irregulares e Contraterrorismo.

O Estado-Maior, além de assessorar o comando nas áreas de pessoal, inteligência, operações, logística e comunicação social, enquadra uma Seção de Planejamento e Doutrina (SeçPljD) que permite ao Destacamento a condução de estudos, pesquisas e experimentações a fim de subsidiar o desenvolvimento da doutrina brasileira de Operações Psicológicas. A Seção de Disseminação tem como finalidade criar, produzir e disseminar. É constituída por militares especializados na confecção de produtos impressos, áudio e audiovisuais, Internet, além da capacitação técnica para executar ações táticas de Operações Psicológicas como contato pessoal e uso de alto-falantes. A Seção de Operações Psicológicas tem a responsabilidade de planejar as campanhas. Para isso, sua estrutura se subdivide em cinco subseções vocacionadas para operações militares específicas: selva, Garantia da Lei e da Ordem, convencionais, de paz e era apoio às Operações Especiais.

As Operações Psicológicas são hoje uma arma não letal cujo emprego tem-se demonstrado vital no desenvolvimento das diversas campanhas em curso no século XXI. Devem ser conduzidas antes, durante e após o desencadeamento das hostilidades, propondo-se a trabalhar, basicamente, o comportamento de três pú-blicos-alvo básicos: forças amigas, forças inimigas (incluindo forças irregulares) e a população civil não combatente.

O DOpPsc está apto a desenvolver uma grande variedade de produtos e de ações para gerenciar a percepção de seus públicos-alvo, que podem variar de uma simples informação de procedimentos a serem adotados (através de rádio, impressos, TV, alto-falantes, Internet etc.) até as operações de dissimulação para quebra da resistência do oponente.

Seus integrantes são oficiais e praças especializados com o Curso de Operações Psicológicas desenvolvido no CIOpEsp, bem como nos mais diversos ramos do conhecimento humano, em particular, no campo das Ciências Humanas e Sociais. Conta com militares de todas as Armas, Quadro de Material Bélico e Serviço de Intendência, com formação e experiências em atividades diversificadas, tais como pára-quedistas, guerreiros de selva etc.


Destacamento de Apoio às Operações Especiais

O Destacamento de Apoio às Operações Especiais (DApOpEsp) é um elemento misto de apoio ao combate e logístico da Bda Op Esp. Está organizado com um Comando e Estado-Maior, e quatro Companhias: Comando, Comunicações, Logística e de Apoio à Infiltração.

Sua missão é apoiar o Comando da Bda Op Esp em pessoal e material, além de prover sua segurança; instalar, explorar e manter o sistema de comunicações da Bda Op Esp; prover a segurança, desdobrar e mobiliar a Base de Operações Especiais (BOpEsp); prestar limitado apoio de transporte às Unidades da Bda Op Esp; apoiar a infiltração e a exfiltração dos elementos operacionais da Bda Op Esp, por meios aquáticos e aéreos, quanto aos aspectos de comando e controle e logísticos; realizar a dobragem, a manutenção de pára-quedas e o suprimento pelo ar; e prestar apoio logístico de saúde às unidades da Bda Op Esp.

O DApOpEsp é um elemento vital tanto nas ações de preparo quanto nas de emprego das unidades da Bda Op Esp. Seus integrantes são todos voluntários, pertencentes às Armas, Quadro de Material Bélico e ao Serviço de Intendência, uma vez que o amplo espectro de suas atividades pede elementos com diferentes especializações, tais como: Operadores de Forças Especiais; Especialistas em Ações de Comandos; Precursores Pára-quedistas; Operações na Selva; Dobragem, Manutenção de Pára-quedas e Suprimento pelo Ar (DOMPSA); Mestres de Salto; Mergulhadores Militares etc.


1º Pelotão de Defesa Química, Biológica e Nuclear

O 1º Pelotão de Defesa Química, Biológica e Nuclear (1º Pel DQBN) é um elemento de apoio ao combate da Bda Op Esp. Está estruturado para operar com pequenos efetivos junto às frações de emprego operacional, estando organizado com uma Equipe de Apoio Químico, Biológico e Nuclear (EqpApQBN) e uma Equipe de Contraterrorismo Químico (EqpCTQ). A missão do 1º Pel DQBN se baseia na análise de risco decorrente de algum tipo de confrontação sob ambiente contaminado por agentes químicos, biológicos ou nucleares (QBN). Dessa análise, o especialista DQBN enuncia o nível de vulnerabilidade das tropas e do pessoal civil não combatente em determinada área de operações. Esta vulnerabilidade é reduzida graças a orientações dadas sobre posturas de proteção, procedimentos de descontaminação e uso de equipamentos de proteção contra agentes QBN.

A missão da EqpApQBN é realizar a monitoração das vulnerabilidades da tropa apoiada, fornecer equipamentos de proteção e realizar a descontaminação desses efetivos. A missão da EqpCTQ é operar junto ao DCT do 1º BFEsp, em condições de atuar como força de pronta resposta, a fim de conter possíveis danos causados pela liberação de agentes QBN sobre a tropa e sobre a população civil, além de orientar o uso de armas não letais no gerenciamento de uma crise.

Assim, o 1º Pel DQBN monitora constantemente os níveis de contaminação com equipamentos de detecção de agentes QBN e realiza os trabalhos de descontaminação de todo o material e pessoal envolvido na área sob suspeita de contaminação.


6° Pelotão de Polícia do Exército:

O 6º Pelotão de Polícia do Exército (6º Pel PE) é o elemento de segurança de campanha da Bda Op Esp. Está organizado com os seguintes: Grupo de Chefia e Polícia; Grupo de Escolta e Guarda; Grupo de Segurança e o Grupo de Trânsito.

Sua missão é dar apoio à Bda Op Esp nas tarefas e missões específicas da PE; prover a segurança da Base de Operações Especiais (BOpEsp) quando desdobrada; efetuar o policiamento de pessoal pertencente à Bda Op Esp; realizar o controle e o policiamento do trânsito, além da investigação de crimes militares no âmbito da Bda Op Esp; realizar escoltas e guardas em proveito da Bda Op Esp.


Base Administrativa:

A Base Administrativa (BAdm) da Bda Op Esp adquiriu autonomia administrativa em 1° de janeiro de 2004. Com essa autonomia, a BAdm passou a responsabilizar-se pela gestão orçamentária, financeira, patrimonial e de pessoal das Organizações Militares da Bda Op Esp. Conseqüentemente, foi criado um estreito vínculo administrativo entre a BAdm e as unidades apoiadas, liberando de tais encargos os efetivos dessas unidades, possibilitando-lhes concentração exclusiva na atividade fim, preparo e emprego.

A grande motivação que levou à ativação da Brigada de Operações Especiais na estrutura do Exército Brasileiro foi a existência de um cenário profundamente caracterizado pela indefinição das ameaças, incertezas e imprevisibilidade. A ativação da Bda Op Esp proporciona à Força Terrestre meios mais robustos, versáteis, eficientes e eficazes, assegurando-lhe capacidade de pronta resposta no gerenciamento de crises e conflitos, mediante o emprego de frações de pequenos efetivos, altamente adestrados, especialmente motivados e equipados com o que existe de mais moderno.

O plano diretor de obras, a fim de dotar a brigada de instalações modernas e funcionais, contemplou todas as unidades e foi praticamente concluído no ano de 2007. As últimas instalações inauguradas foram as novas instalações do Comando e Subunidades do Io BFEsp, da Companhia de Apoio à Infiltração do DApOpEsp e o "Túnel do Vento".

Esse simulador de queda livre para treinamento de salto livre operacional é único na América Latina e um dos raros existentes no Hemisfério Ocidental. Trata-se de um prédio de cinco andares que, atuando como um gigantesco aspirador de pó, permite manter por sucção até quatro militares armados e equipados com mochilas e mais um instrutor, suspensos no ar indefinidamente, o que possibilita um ganho insuperável no treinamento do salto livre (uma hora no túnel do vento equivale a cerca de 100 saltos livres reais de aeronaves), com um significativo incremento na segurança e no rendimento da capacitação operacional para realização dessa relevante modalidade de infiltração aérea.

Para a condução do adestramento necessário e para o emprego em operações, foi destinada uma parcela significativa dos recursos alocados para implantação da Bda Op Esp para a compra do que há de mais moderno no mundo em termos de material de emprego militar. Entre outros, já estão em pleno uso pelas diversas unidades: caiaques operacionais para infiltrações aquáticas, equipamentos para mergulho de circuito fechado (não solta bolhas de ar); entre os vários tipos de armamento, selecionados de acordo com o ambiente operacional, fuzis Colt M4 Commando, Remington M-24 Sniper, HK G-36 Compact, metralhadoras Minimi Commando e IVIAG FN, escopeta Franchi SVAS-15 (calibre 12), fuzil antimaterial Barret 12.7mm (.50), submetralhadoras HK série SD 9mm, pistolas Glock G-17, dispositivos ópticos de visão noturna, miras holográficas para fuzis e pistolas, canhões sem recuo de 84mm com dispositivos de visão noturna; material de comunicações por satélite, rádios dotados de criptografia e salto de freqüência; computadores müitarizados; dispositivos de treinamento tipo simunition para acoplagem no armamento individual; coletes balísticos; uniformes antichamas Nomex, pára-quedas especiais para o lançamento semi-automático (salto enganchado) de pessoal e material a baixa altura (250 pés/80 m), além dos mais modernos pára-quedas de salto livre operacional em serviço na atualidade.

A Bda Op Esp foi estruturada com base em uma unidade especializada em Operações Especiais já existente, o 1º Batalhão de Forças Especiais, bem como na criação de outras. É importante ressaltar que, embora tendo sido criado um batalhão de ação de comandos, as FOpEsp do Exército Brasileiro não perderam a sua característica ímpar de emprego combinado de elementos de Forças Especiais e de Comandos. O antes denominado Destacamento de Ação Imediata (DAI), resultado da integração entre DAC e DOFEsp, passou a denominar-se Destacamento de Operações Especiais (DstOpEsp). Uma intensa experiência vivida demonstra, ao longo do tempo, o quão importante é a manutenção dessa integração para a eficiência operacional de nossas FOpEsp.

A recém-criada Bda Op Esp tem suas unidades operacionais exclusivamente integradas por militares profissionais (oficiais, subtenentes, sargentos, cabos e soldados engajados) e tem seu ano de instrução eminentemente voltado para o adestramento, que contempla a possibilidade de emprego em qualquer área do território nacional, com o conseqüente preparo para ações em ambientes de selva, pantanal, caatinga, montanha, pampa e nas áreas urbanas caracterizadas por densa concentração de edificações.


Contraterrorismo.

A Bda Op Esp é a única do Exército Brasileiro que tem uma tropa exclusivamente voltada para as ações de Contraterrorismo. Composto quase exclusivamente por oficiais e sargentos possuidores dos Cursos de Ações de Comandos e de Forças Especiais, os integrantes do Destacamento de Contraterrorismo (DCT) do 1º BFEsp focam seu adestramento naquela que vem sendo considerada universalmente a mais moderna concepção de prevenção e combate ao terror. Uma concepção que em vez de privilegiar uma atitude reativa, caracterizada pela reação após a execução do atentado, procura neutralizá-lo antecipadamente em uma concepção eminentemente proativa. Assim, o que se procura é a excelência nas táticas, técnicas e procedimentos necessários à prevenção de atos terroristas, com base na neutralização antecipada da ameaça (que se fundamenta na exploração imediata de dados obtidos por uma Inteligência eminentemente proativa), e quando da eclosão de situações de crise, a minimização de seus efeitos, a liberação de instalações e o resgate de reféns.

Nesse contexto, os estados-maiores da Bda Op Esp, do 1º BFEsp e das demais unidades (quando necessário) especializam-se em um Estudo de Situação (Processo Decisório) complexo e de grande profundidade para sincronizar atividades de comando, e controle, com a inteligência e a manobra do DCT em termos de tempo, espaço e finalidade. Além do pessoal selecionado, adestramento, armamento e equipamento ímpares, sobretudo a proficiência nesse Trabalho de Comando toma a Bda Op Esp a organização militar do Brasil mais bem preparada para fazer face a contingências dessa natureza.

Durante o ano de instrução, o 1º BFEsp, o 1º BAC, o DstOpPsc e o 1º Pel DQBN efetuam exercícios específicos explorando situações diversificadas de neutralização de ameaças terroristas que nada ficam a dever a nenhuma tropa dessa natureza no mundo. Em junho de 2007, uma equipe do DCT/BFEsp participou, pela primeira vez, do renomado exercício "FUERZAS COMANDO", organizado pelo US Special Operations Command South, em Tegucigalpa/Honduras, com apresentações de soldados comandos de equipes de 16 países da América do Norte, Central e do Sul. Essa participação repetiu-se em junho de 2008, em San Antônio (Texas), EUA. O desempenho das equipes brasileiras em ambas oportunidades foi excelente, sendo objeto de referências altamente elogiosas por parte de autoridades militares de diferentes países, ratificando internacionalmente o elevado padrão de qualidade da nossa tropa de contraterrorismo.

O alto nível de complexidade inerente às Operações Especiais, a necessidade de excepcionais padrões de condicionamento físico, a esmerada preparação técnica individual, a criteriosa capacitação operacional das frações e a imprescindível preparação psicológica demandam que as atividades de adestramento sejam conduzidas com o máximo realismo possível, no qual a presença do emprego intensivo de tiro real e do alto grau de risco de vida exige uma rigorosa disciplina de procedimentos por parte de todos os envolvidos.

Durante o ano de instrução, os padrões de adestramento e o grau de aprestamento dos destacamentos são permanentemente avaliados. Para isso, todas as oportunidades são aproveitadas, inclusive as operações combinadas planejadas pelo Comando de Operações Terrestres e pelo Ministério da Defesa, conduzidas pelos Comandos Militares de Área. Essas atividades também se constituem em excelentes oportunidades de intercâmbio e estreitamento dos laços com as FOpEsp das outras Forças Singulares.
(continuar...)




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#49 Mensagem por Clermont » Dom Jun 20, 2010 7:03 pm

Forjando os Especiais.

No Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOpEsp), são realizados os Cursos de Ações de Comandos, Forças Especiais e Operações Psicológicas que qualificam oficiais e praças para servirem nas unidades da Bda Op Esp.


O Curso de Ações de Comandos:

O Curso de Ações de Comandos (CAC) é destinado a oficiais (categoria A) e a sargentos (categoria B) de carreira do Exército, voluntários, que ficarão em condições de integrar o 1º BAC. Contudo, oficiais e sargentos de nações amigas, bem como militares da Marinha e da Força Aérea podem, também, freqüentar o curso

Esse é, inequivocamente, o curso de especialização de maiores exigências físicas e psicológicas das Forças Armadas brasileiras, o que toma árdua a tarefa de concluí-lo com aproveitamento. Durante 12 semanas, os alunos são submetidos às mais variadas situações de simulação de combate em diferentes ambientes operacionais, por meio de operações continuadas sob pressão psicológica, a fim de serem testados, e, principalmente, conhecerem-se com profundidade. Fome, frio, sono e intenso nível de fadiga são companheiros inseparáveis. Qualidades e virtudes, como liderança, decisão, iniciativa, equilíbrio emocional, coragem, determinação, autoconfiança, persistência, resistência a esforços físicos intensos e prolongados, entre outras, são indispensáveis a quem deseja concluir o curso com aproveitamento.

O processo de seleção ocorre em duas fases. A primeira, denominada seleção preliminar, ocorre seis meses antes do curso e tem como objetivo avaliar (com caráter eliminatório) médica e fisicamente (rigorosos testes físicos) os candidatos, sendo realizada nos diversos Comandos Militares da Área, em todo o território nacional, por comissões volantes integradas por militares da Bda Op Esp.

A segunda fase, seleção complementar, acontece nas duas semanas anteriores ao início do curso, já no CIOpEsp. Visa efetuar a seleção psicológica e afetiva do candidato, agora sendo submetido às atividades e às pressões psicológicas semelhantes àquelas que vivenciará no decorrer do curso.

Nas 12 semanas de sua execução, o CAC compreende um total de 1.338 horas de instrução, eminentemente práticas, sendo que as disciplinas de maior carga horária são: Ações de Comandos: 517 h e Instruções Especiais : 217 h.

Os soldados profissionais voluntários, concludentes com muito bom conceito, do Serviço Militar Inicial Obrigatório, servindo em qualquer unidade do Exército Brasileiro e aprovados nas seleções médica, física e psicológica, realizam o Curso de Formação de Soldados Comandos, com a duração de oito semanas. Esse curso tem um período de nivelamento desenvolvido no CIOpEsp e uma fase final no 1º BAC.


Curso de Forças Especiais:

O Curso de Forças Especiais (CFEsp) é destinado apenas a oficiais (categoria A) e sargentos (categoria B) de carreira do Exército Brasileiro, sendo pré-requisito que o candidato seja possuidor do Curso de Ações de Comandos. Os alunos não pára-quedistas realizam em fase específica, durante o CFEsp, o Curso Básico Pára-quedista, enquanto os já pára-quedistas realizam nesse período o Curso de Mergulho a Ar e Resgate. Após conclusão do CFEsp, os militares designados para DOFEsp especializados em Operações Subaquáticas farão, ainda no CIOpEsp, o Curso de Mergulho de Circuito Fechado.

O CFEsp tem a duração de 23 semanas, com uma carga horária total de 2.146 horas de instrução. Após receberem os fundamentos teóricos, os alunos são submetidos às mais variadas situações e ambientes operacionais. As disciplinas de maior carga horária são: Guerra Revolucionária: 870h e Guerra de Resistência : 424 h.


Curso de operações Psicológicos:

O Curso de Operações Psicológicas (COpPsc) é destinado apenas a oficiais e sargentos de carreira do Exército Brasileiro. Desenvolveu-se pela primeira vez em 2005, no Destacamento de Operações Psicológicas da Brigada, e passou a ser realizado no CIOpEsp a partir de 2006. O curso destinado aos oficiais, com a duração de 16 semanas, tem como finalidade deixá-los aptos a realizar Estudos de Situação para as Operações Psicológicas; planejar suas campanhas e seus produtos; integrar ações de comandos com a Comunicação Social e a Inteligência (ao nível de sua atuação); analisar, prever, identificar e avaliar indicadores de impacto pertinentes à atividade; empregar os diversos instrumentos e meios à disposição e integrar o Destacamento de Operações Psicológicas e suas Equipes no apoio aos diversos escalões de manobra.

Durante o decorrer do curso, no que se refere às disciplinas do currículo, são estudadas e praticadas matérias como: Fundamentos Técnico-Científicos, envolvendo Ciências Sociais e Humanas, Psicologia, Antropologia, Sociologia, Relações Internacionais, Direito Internacional dos Conflitos Armados e Assuntos Civis. No campo específico das Operações Psicológicas, são estudados temas como: Doutrina e Regulamentação; Propaganda e Contrapropaganda; Veículos de Difusão; Planejamento, Emprego e Negociação. Complementam a formação do oficial de Operações Psicológicas os chamados sistemas inter-relacionados que abrangem Inteligência, Comunicação Social, Guerra Eletrônica e Treinamento Físico Militar.

O curso destinado aos sargentos, também com 16 semanas, tem como finalidade capacitá-los a integrar Equipes de Operações Psicológicas em apoio aos diversos escalões; auxiliar no seu planejamento; na elaboração de documentos técnicos; e desenvolver e disseminar seus produtos. No decorrer das 16 semanas do curso, o sargento estuda matérias como Produção (fotografia, vídeo, radiodifusão, gráfica e mídia eletrônica), Operações Psicológicas, Projeto Interdisciplinar e Treinamento Físico Militar.
(continua...)




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#50 Mensagem por cabeça de martelo » Seg Jun 21, 2010 6:49 am

O vosso curso de Comandos para praças tem 8 semanas?




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#51 Mensagem por Clermont » Seg Jun 21, 2010 8:56 am

cabeça de martelo escreveu:O vosso curso de Comandos para praças tem 8 semanas?
Como diria o filósofo Derico:

"Há controvérsias!"

Segundo o texto acima, do general Pinheiro, são oito semanas. (dei uma conferida, afinal, sempre se pode errar com o teclado, né mesmo?) Mas, dando uma olhada num processo da Justiça Militar, no qual alguns alunos acusavam oficiais e sargentos do Batalhão de Comandos de práticas de tortura, encontra-se a informação de que o curso seria de onze semanas.

Quem vai saber?

Aliás, o texto do processo é tão interessante e instrutivo que vou postar aqui, depois de prepará-lo, adequadamente...




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#52 Mensagem por Clermont » Seg Jun 21, 2010 8:14 pm

PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO CRIMINAL N. 07/2008

PROTOCOLO N. 0400/2008

PJM BRASÍLIA - 2º OFÍCIO.


Trata-se de Procedimento Investigatório Criminal, originado do Ofício n. 20-Adm -PJM1/DF e documentos anexos, cujo objetivo é a adoção de medidas ministeriais no sentido de coibir os excessos praticados no âmbito da Brigada de Operações Especiais do Exército Brasileiro, mediante termo de ajustamento de conduta ou, ainda, responsabilização criminal de seus líderes.

(O juridiquês vai em verde. Quem não se interessar por ele, pule...)

A douta Promotora da Justiça Militar (fls. 202/204), após analisar os referidos documentos, que consistem em cópias de peças de informações já arquivadas por decisão da Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar, determinou o arquivamento deste feito.

Para tanto, salientou que “não há novas provas ou mesmo indícios de outros fatos ou autores que justifiquem nova investigação” (fl. 203). Vindos os autos a esta PGJM, a egrégia Câmara de Coordenação e Revisão entendeu pela conformidade da decisão de arquivamento com a lei (fls. 213/214).

É o breve relato.

O presente procedimento foi instaurado a partir de cópia de vários documentos, os quais dizem respeito a diversos fatos ocorridos no âmbito do Batalhão de Ações de Comandos. Vejamos cada um desses documentos.

1. Representação n. 31/06, da Auditoria da 11ª CJM, originada do PDIC n. 32/06.

Na Representação em epígrafe, originada da denúncia anônima de fls. 15/17, foram investigados três fatos, a saber:

1.1) lesão provocada no aluno ROGÉRIO RIOS JÚNIOR pelo Sd PAULO HENRIQUE FERREIRA, o qual, após a sindicância de fls. 72/103, recebeu a punição de 20 (vinte) dias de detenção (fl. 101), a qual foi agravada para 4 (quatro) dias de prisão (fl. 102).

1.2) lesão provocada no Cb ALESSANDRO FERRAZ pelo Sd REINALDO VIEIRA LIMA, a qual foi investigada na sindicância de fls. 110/170. Não há, porém, notícias sobre a efetiva punição do soldado.

1.3) diversas torturas praticadas no curso de formação de soldados comandos, o que teria ocasionado a internação de alguns soldados em estado gravíssimo. A respeito desses fatos, houve esclarecimento por parte do Comandante da Brigada de Operações Especiais às fls. 27/30.

Após a análise dos autos, o representante do MPM requereu o arquivamento da Representação (fls. 174/183), com o que concordou a autoridade judiciária às fls. 185/186 e o Juiz-Auditor Corregedor à fl. 191.

2. Termos de qualificação e interrogatório em processos de deserção, que tramitaram perante a Auditoria da 11ª CJM. Dos mencionados termos, extraem-se os seguintes fatos:

2.1) suposta lesão provocada em YGO MURILO MARIA SILVA pelo Ten ALAN RODRIGUES DOS SANTOS, sobre a qual, com base na Portaria n. 015-S1, de 6/03/2008, foi instaurada a sindicância constante do Anexo II. Na referida sindicância, mormente
em face dos documentos de fls. 21/26, 27, 28/29, 33/37 e 55/57 e dos depoimentos de fls. 45, 46, 47, 49 e 50, verificou-se a improcedência das alegações da suposta vítima. Por outro lado, foram vislumbrados indícios de prática de calúnia por YGO MURILO MARIA SILVA contra o Ten ALAN RODRIGUES DOS SANTOS e, por conseguinte, mandou-se instaurar inquérito policial militar para investigar o caso, conforme o Relatório do Sindicante e Solução de Sindicância.

2.2) suposta ameaça praticada pelo Sgt WESLEY ALCÂNTARA DOS SANTOS contra MAXWEL DA SILVA, sobre a qual, com base na Portaria n. 014-S1, de 6/03/2008, foi instaurada sindicância. Não há notícia nos autos sobre a solução desta.


2.3) torturas diversas durante o curso de comandos, tais como tapas, pauladas, emprego de aparelhos de tortura, choques, racionamento de comida e de tempo de sono e golpes aplicados pelo “disciplinador”. Aliás, esses fatos são semelhantes ao relato constante da Representação n. 31/06 (item 1.3), que já foi definitivamente arquivada, conforme visto.

Diante de todos esses dados, constata-se que todos os fatos do item 1 (1.1, 1.2 e 1.3) já foram investigados e definitivamente arquivados, não podendo ser reabertos senão diante de prova nova, consoante apropriadamente asseverado pela Promotora da Justiça Militar às fls. 202/204.

Os fatos dos subitens 2.1 e 2.2 são objetos de novos procedimentos investigatórios, cuja abertura foi impulsionada pela atuação do Ministério Público Militar, apesar de não o ter requisitado (fls. 198 e 218).

Com relação ao subitem 2.3, que versa sobre a prática de tortura, verifica-se a semelhança entre as narrativas dos depoimentos de fls. 7/9 e 10/11 e da Representação n. 31/06, arquivada. O Promotor atuante nesse último caso, para requerer o arquivamento, levou em consideração as informações do Comandante da Brigada de Operações Especiais a respeito da natureza especialíssima do curso em questão (fls. 27/30). Vale transcrever a manifestação ministerial, verbis:

De acordo com as anotações colhidas do mencionado ofício, o 1º Batalhão de Ações de Comandos é o único batalhão desta natureza no Exército Brasileiro. Trata-se de unidade especialmente organizada, equipada e adestrada para o planejamento, a condução e a execução de ações de comandos (...).

“Essas ações são normalmente agressivas, realizadas por tropa qualificada, de valor e constituição variáveis, por meio de uma infiltração por terra, água ou ar, contra alvos de valor significativo, localizados em áreas hostis ou sob controle do inimigo. As ações de comandos são destinadas à conquista ou destruição de objetivos críticos, bem como à captura, neutralização e/ou resgate de pessoal ou material. Caracterizam-se pela curta duração, intensa ação de choque na área do objetivo e largo emprego das técnicas de incursão e emboscadas”.


Uma das atribuições do 1º Batalhão de Ações de Comandos é formar cabos e soldados comandos do Exército Brasileiro, tendo por escopo a natureza singular dessa tropa.
Essa instrução se dá no Curso de Formação de Soldados Comandos (CFSdC), que ocorre desde 1984 e tem, atualmente, a duração de onze semanas.

Todos os cabos e soldados matriculados no Curso são voluntários e foram transferidos para o 1º Batalhão de Ações de Comandos por vontade própria, depois de terem sido selecionados, em 2005, em suas organizações militares e submetidos a uma seleção complementar a cargo dos instrutores do 1º BAC. Todas as atividades do CFSdC são reguladas e do conhecimento desde o mais alto escalão da administração do Exército, tendo por base as seguintes publicações: (...)

As instruções ministradas são acompanhadas por equipes médicas, com o apoio de ambulâncias. No caso de alguma necessidade mais especializada, o militar é encaminhado para o Posto de Saúde do Batalhão e para o Posto Médico da Guarnição de Goiânia. Em situações de maior complexidade, esses alunos podem ser encaminhados para instituições civis, como o Hospital Santa Genoveva e o Hospital Santa Helena (fls. 176/178, grifamos). Também vieram aos autos informações por parte do Comando do 1º BAC, que em certo momento afirmou:

”O soldado comando é preparado (...) ‘para a missão de infiltrar na retaguarda do inimigo’. Essa infiltração terá como finalidade provocar o máximo de destruição possível, na retaguarda das linhas inimigas, local e situação em que não se faz presente apoio humanitário. Quando os conflitos armados tomam a proporção de necessitar da presença de uma tropa de comandos, já terão esgotadas todas as possibilidades de solucionar pacificamente os interesses em conflito. Portanto, o comando terá que permanecer no terreno do inimigo, por longo tempo, por conta própria, anônimo para não ser capturado. Entretanto, caso isto ocorra, terá que ser capaz de sobreviver, não denunciar sua missão, nem seus companheiros e, ainda, fornecer informações vitais para o comando que lhe atribuiu missão. Assim, é primordial que o cabo ou soldado comando conheça seu limite, bem como o seu comportamento numa situação de extrema hostilidade. O objetivo nunca é torturar o soldado, mas que o mesmo conheça qual seria sua reação naquela situação vivida. Lembro que, apesar de ser uma situação de grande adversidade, ainda assim o militar tem a certeza de que, a qualquer momento, poderá solicitar seu desligamento do curso, o que não aconteceria se estivesse frente a frente com o inimigo.” (fl. 4 do Anexo I, grifamos)


Diante dos trechos transcritos e do texto integral das informações tanto do Comando da Brigada de Operações Especiais (fls. 27/30) quanto do Comando do 1º BAC (fls. 1/5 do Anexo I), verifica-se que, em nenhum momento, é negada a prática de agressões. Na realidade, elas são justificadas em razão da natureza especialíssima do curso em questão.

Cumpre salientar, contudo, que essas características especiais do curso de Comandos demandam o respeito às instruções e um reforço na estrutura de garantia da segurança e da integridade física de seus participantes, caracterizada pela disponibilização de apoio médico e pela imediata repressão dos excessos que porventura sejam verificados durante as atividades desempenhadas pelos militares.

Portanto, na hipótese de serem verificadas falhas que exponham os soldados e cabos comandos a riscos desnecessários ao desempenho das atividades do curso, ou mesmo a existência de abusos, como o uso excessivo de violência, certamente mostrar-se-á justificada a atuação do Parquet Castrense (1), que buscará a correção das irregularidades e a punição daqueles que vierem a cometer infrações penais.

Pelo exposto, determino o arquivamento deste feito.

Providências pelo Departamento de Documentação Jurídica.

Publique-se.

Brasília - DF, 4 de agosto de 2008.

CLÁUDIA MÁRCIA RAMALHO MOREIRA LUZ

(Procuradora-Geral da Justiça Militar.)
________________________________________________

(1) : “Parquet” é um jargão juridiquês que significa “Ministério Público”.




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#53 Mensagem por Guerra » Qui Jun 24, 2010 8:05 pm

A Bda Op Esp andou liberando material demias sobre o curso de comandos. Era evidente que isso iria acontecer.
Mas o fato é que um curso para formação de soldado comandos não precisa ser (e não é). E sim, na bda op esp houve excesso que terminaram em morte. Infelizmente.

As coisa por lá mudaram bastante.


1.1) lesão provocada no aluno ROGÉRIO RIOS JÚNIOR pelo Sd PAULO HENRIQUE FERREIRA, o qual, após a sindicância de fls. 72/103, recebeu a punição de 20 (vinte) dias de detenção (fl. 101), a qual foi agravada para 4 (quatro) dias de prisão (fl. 102).

Como é que conseguiram essa façanha de agravar essa punição? Isso tb é um excesso.




A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#54 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jun 25, 2010 7:36 am

Estou a tentar colocar um texto sobre o CTOE e não consigo, dá sempre erro. :evil:

Guerra cá em Portugal uma das razões porque se acabou com o Regimento de Comandos em 94 foi exactamente as mortes durante os cursos. Como era uma constante e não havia guerra (a Guerra Fria já tinha acabado) o governo acabou com aquilo tudo.

Actualmente no CTC até agora ninguém morreu (o CTC existe desde 2004 com a reactivação dos Comandos), no entanto já houve quem tivesse perdido as falangetas, já houve quem tivesse entrado a correr e saido numa cadeira de rodas, etc. O importante é não morrer ninguém... :twisted:




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#55 Mensagem por Clermont » Sáb Jun 26, 2010 1:49 pm

(PARTE FINAL)
As Forças de Operações Especiais da Marinha do Brasil.

As Operações Especiais também são extremamente relevantes para a Marinha do Brasil. Em função das incertezas do cenário internacional e do amplo espectro e a diversidade de ambientes que encontramos no Brasil e em suas águas jurisdicionais, a Força Naval mantém em condições de pronto emprego duas unidades especialmente treinadas, capazes de realizar operações não convencionais, que detenham um alto valor agregado e que possam assumir riscos calculados para alcançar resultados expressivos, gerando vantagem estratégica.

As duas Unidades da Marinha do Brasil que primordialmente planejam e executam as Operações Especiais são o Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC) e o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais (BtlOpEsp FN), Batalhão Tonelero. Grosso modo, a diferença básica entre as duas é seu campo de atuação prioritário. Enquanto a prioridade de emprego dos Comandos Anfíbios do Batalhão Tonelero é o ambiente operacional terrestre, a dos Mergulhadores de Combate do GRUMEC é o ambiente aquático.

A Marinha do Brasil mantém essas duas Unidades no mais alto grau de aprestamento operativo, realizando constantemente exercícios de adestramento, ao longo do ano, e em diferentes ambientes operacionais, procurando acumular experiências, testar procedimentos e corrigi-los na busca incessante da excelência das ações, que são invariavelmente de alto risco.


O Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC).

O histórico dessa Unidade de Operações Especiais se inicia nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, quando a Marinha do Brasil mantinha estreitos laços de cooperação com sua congênere norte-americana, a US Navy. Nesse contexto, os primeiros Mergulhadores de Combate (MECs) brasileiros tiveram sua formação básica nos EUA. Em 1964, dois oficiais e dois praças concluíram naquele país o árduo curso dos recém-criados SEALs (Sea-Air-Land), ainda inteiramente constituídos por pessoal oriundo das renomadas UDTs (Underwater Demolition Teams). Como resultado da experiência positiva desses militares pioneiros, a Ordem de Serviço n° 012/70, de 3 de abril de 1970, do Comandante da Força de Submarinos da Esquadra, criou a Divisão de Mergulhadores de Combate, na Base Almirante Castro e Silva (BACS) em Niterói/RJ.

Em 1971, mais dois oficiais e três praças brasileiros foram qualificados pela Marinha francesa como Nageurs de Combat. Três anos depois, foi ministrado no Brasil pela então Escola de Submarinos, hoje Centro de Instrução e Adestramento Almirante Attila Monteiro Ache (CIAMA), na Ilha do Mocanguê Grande, também em Niterói, o primeiro Curso Especial de Mergulhador de Combate.

Mesclando oportunamente as técnicas do curso francês, que privilegiava as operações de mergulho propriamente ditas, com as do norte-americano, que dava grande ênfase às operações terrestres, foi montada uma estrutura de instrução perfeitamente adaptada às reais necessidades brasileiras.

Propondo-se a atender adequadamente às crescentes solicitações da Esquadra e dos Distritos Navais, em 1983, a Divisão de Mergulhadores de Combate da Base Almirante Castro e Silva foi transformada no Grupo de Mergulhadores de Combate, parte integrante do Comando da Força de Submarinos. Mais tarde, diretrizes ministeriais expedidas em 1996 determinaram a criação do Curso de Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate, para oficiais, cuja primeira turma veio a formar-se em dezembro de 1998.

No dia 12 de dezembro de 1997, o Ministro da Marinha criou o atual Grupamento de Mergulhadores de Combate, em substituição ao anterior. Oficialmente ativada em 10 de março de 1998, a nova Organização Militar tem semi-autonomia administrativa e está diretamente subordinada ao Comando da Força de Submarinos.

Sua organização é constituída por três equipes básicas de Operações Especiais (Alfa, Bravo e Charlie) e mais um Grupo Especial de Retomada e Resgate.

A missão primordial do GRUMEC pode ser sintetizada pela realização de ações específicas de guerra não convencional em ambientes marítimos e ribeirinhos. Na verdade, as complexas operações anfíbias têm no GRUMEC um elemento virtualmente indispensável, realizando ações em prol do comandante da Força Tarefa Anfíbia (ComForTarAnf), em princípio, na área marítima e nas praias. Entre as informações vitais para um desembarque bem-sucedido, está o conhecimento exato do gradiente (inclinação) da praia escolhida (a partir de uma profundidade de sete metros até a linha de vegetação que circunda a areia), a elaboração de uma carta com dados sobre o tipo de solo, obstáculos naturais e artificiais (passíveis de demolição com explosivos) e campos minados. Igualmente importante são as ações de reconhecimento sobre o inimigo, o que não raro exige infiltrações dias antes da "hora H" do "dia D".

Nos demais campos da guerra naval, os MECs são empregados para destruir ou sabotar navios e embarcações, instalações portuárias, pontes, comportas etc. Capturar ou resgatar pessoal ou material; realizar operações de Inteligência de Combate; interditar linhas de comunicações em rios ou canais. Mais ainda, em apoio ao cumprimento do Código internacional de Proteção de Navios e Instalações Portuárias da Organização das Nações Unidas (UN-ISPS Code), cabe aos MECs realizar a abordagem inicial de navios suspeitos ou potencialmente hostis, garantindo as condições para verificação de eventuais ilícitos por uma Força Naval em ações de interdição nas operações de Controle de Área Marítima. Destaque-se também a capacidade que o GRUMEC possui de, a curto prazo, operar eficiente e eficazmente em proveito da segurança das nossas estratégicas plataformas de exploração de petróleo no Atlântico Sul.

A formação de um mergulhador de combate da Marinha do Brasil nada fica a dever à de outros similares internacionais, tais como a dos SEALs norte-americanos, do Special Boat Service (SBS) dos fuzileiros navais britânicos ou a do Detachment de Intervention Operationel Subaquatique (DINOPS) francês. O Curso MeC é conduzido no CLAMA. Para oficiais do Corpo da Armada ou do Quadro Complementar da Armada, os requisitos iniciais incluem a aprovação em exames médicos e psicológicos, teste em câmara de recompressão e rigorosos testes físicos. O Curso de Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate, intitulado CAMECO, para oficiais tem a duração de 41 semanas, divididas em 4 fases, e objetiva habilitar os militares a operar equipamentos de mergulho, armamentos, explosivos; utilizar táticas, técnicas e procedimentos para guerra não convencional e conflitos de baixa intensidade, capacitando-os, assim, ao planejamento e à execução das diversas Operações Especiais.

Os praças (sargentos e cabos, do sexo masculino, com menos de 30 anos de idade e em condições de engajar) realizam o Curso Especial de Mergulhadores de Combate (C-ESP-MEC), com duração de 42 semanas, e cujas exigências para ingresso são as mesmas do CAMECO, dos oficiais.

Durante todo o período dos cursos, os candidatos a MeC são submetidos a condições extremas de provações física e psicológica, sendo enfatizados os atributos de liderança, sensatez, objetividade, improvisação e estabilidade emocional. A rotina dos exercícios demanda que o aluno vivencie permanentemente situações reais de combate, com altos níveis de risco.

Depois de formado MEC, o profissional é designado para servir no GRUMEC, onde participará de um completo programa complementar de adestramento e realizará cursos e estágios de extensão em diversas áreas, tais como a Desativação de Artefatos Explosivos; Básico Pára-quedista; Mestre de Salto; Salto Livre e Mestre de Salto Livre; Precursor Pára-quedista; Dobragem, Manutenção de pára-quedas e Suprimento pelo ar e outros. Muitos desses cursos são realizados no Centro de Instrução Pára-quedista (CIPqdt/Bda lnf Pqdt).

Apesar de relativamente novo, com apenas nove anos de ativação e apesar também do efetivo numericamente pequeno, se comparado a tropas congêneres de outros países, o Grupamento de Mergulhadores de Combate da Marinha do Brasil já estabeleceu um elevado conceito nacional e internacional de uma unidade militar altamente especializada. O GRUMEC tem necessariamente diante de si uma grande variedade de cenários operativos, para os quais deve estar preparado. Além das missões tradicionais de reconhecimento, mapeamento e balizamento de áreas de desembarque anfíbio, com a destruição de eventuais obstáculos naturais ou artificiais, as Equipes MEC também podem vir a ser desdobradas em ações de infiltração mais profundas. O reconhecimento de forças inimigas, a realização de ações de sabotagem ou a eliminação de alvos compensadores, entre tantas outras missões, fazem parte do repertório operacional dos MECs.

Excelentes processos de seleção e formação e adequado nível de prioridade na dotação de armamentos e equipamentos de toda a ordem garantem que esta Unidade de elite da Marinha do Brasil esteja sempre pronta para o cumprimento de suas complexas e arriscadas missões.


O Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais.

O histórico do BtlOpEspFN se origina na chamada Guerra contra Oribe e Rosas, caudilhos sul-americanos que na metade do século XIX exerciam autocraticamente os governos do Uruguai e da Argentina respectivamente. A Batalha de Passo Tonelero, em 17 de dezembro de 1851, foi uma das importantes ações militares que tiveram a participação decisiva da Marinha Imperial Brasileira e, com ela, de integrantes do Batalhão Naval, tropa que viria a se tornar o embrião do atual Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Aquela batalha resultou na garantia da livre passagem dos navios brasileiros pelo Rio Paraná. Em uma homenagem aos heróis daquela época, uma das mais importantes Unidades do CFN recebeu a denominação histórica de Batalhão Tonelero.

Apesar de os fuzileiros navais já serem considerados, em função de suas peculiaridades operacionais, uma tropa especial, o final da década de 1960 parece ter, de alguma forma, sinalizado para os mais altos escalões da Marinha que chegara o momento de o CFN contar com uma unidade ainda mais especial. Naquele momento, a Guerra do Vietnã deixava claro que forças militares convencionais não eram, exatamente, a resposta para fazer face às ameaças específicas como as vivenciadas naquele conflito. E, mesmo em um conflito dito convencional, tornava-se impositiva a necessidade de se contar com tropas especialmente adestradas e equipadas para atuar, por exemplo, em infiltrações estratégicas e/ou táticas realizando ações profundas em proveito dos Grandes Comandos convencionais em presença.

Assim, o Aviso Ministerial n° 751, de 9 de setembro de 1971, criou o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais, sediado na região do Rio Guandu do Sapê, em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro/RJ. Suas primeiras instalações, como o atual prédio do Comando, foram aproveitadas das utilizadas pelo antigo Centro de Recrutas do CFN, cuja mudança para a Ilha da Marambaia havia se completado em março de 1972. Uma torre de saltos para auxiliar na formação inicial de pára-quedistas (tarefa que a própria unidade desempenhava) e outras construções foram incorporadas ao batalhão entre 1976 e 1978.

A época de sua criação, o Batalhão Tonelero foi organizado e estruturado bem de acordo com a conjuntura de então, mesclando o interesse do CFN em ter uma tropa mais voltada para o emprego em situação de uma guerra de guerrilhas ou não convencional e a idéia de se ter um quarto batalhão de infantaria, além dos três já existentes: o 1º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (1º Btl Inf FN) — Batalhão Riachuelo; 2° Batalhão Humaitá e 3º Batalhão Paissandu, todos sediados no Rio de Janeiro/RJ. Disso resultou que o BtlOpEsp de então tivesse uma organização com uma Companhia de Comando e Serviços e uma Companhia de Operações Especiais, estruturada à semelhança de uma típica companhia de fuzileiros navais daquela época.

A partir de sua criação, o Btl Tonelero começou a direcionar suas atividades de instrução para as Operações Especiais. Nesse contexto, em 1972, seria formada a primeira turma de oficiais oriundos da Escola Naval no Curso de Contraguerrilha (CGuer). Ao longo dos anos, esse curso sofreu modificações em seu conteúdo e sua estrutura, passando a denominar-se Curso de Adestramento de Comandos Anfíbios, Curso Especial de Comandos Anfíbios (ComAnf) e, posteriormente, dividindo-se em Curso Especial de Comandos Anfíbios (CESCOMANF) e Curso Especial de Operações Especiais (CESOPESP). A partir de 1998, a preparação dos Comandos Anfíbios passou a ser ministrada em um único curso, o CESCOMANF.

Em 1° de janeiro de 1991, a Companhia de Reconhecimento Anfíbio (CiaReconAnf), até então pertencente à Tropa de Reforço, foi transferida para o Btl Tonelero. Seguindo a mesma linha de ação, no dia 26 de março de 1996, a Companhia de Reconhecimento Terrestre (CiaReconTer) foi transferida do Batalhão de Comando da Divisão Anfíbia para o Tonelero. Assim, o BOpEsp FN passou a congregar todas as atividades de Operações Especiais no âmbito do Corpo de Fuzileiros Navais.

Com o vulto e a importância dessas novas e tão complexas atribuições, o Batalhão Tonelero, até então subordinado ao Comando da Tropa de Reforço (ComTrRef), passou a subordinar-se diretamente ao Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra (ComFFE), a partir de 20 de dezembro de 1995.

Sua organização atual compreende uma Companhia de Comando e Serviços (CiaCSv) e três Companhias de Operações Especiais (CiaOpEsp), sendo a 1ª CiaOpEsp especializada em ações de Reconhecimento; a 2ª CiaOpEsp, em Ações de Comandos; e a 3ª CiaOpEsp constitui o Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR/OpEsp), elemento especializado em ações contraterrorismo.

Tal estrutura organizacional permite a organização, por tarefas específicas, de grupamentos operativos e destacamentos para cumprir qualquer missão de interesse da Marinha, dentro do contexto das Operações Especiais, inclusive aquelas relacionadas com a retomada de instalações e o resgate de pessoal. Em termos genéricos, a missão do BtlOpEsp Fuz Nav pode ser sintetizada na realização de Ações de Comandos. Nesse contexto, em função de suas características específicas, entre suas possibilidades, destacam-se: realizar infiltrações terrestres, aquáticas, aéreas ou mistas em qualquer tipo de terreno; realizar reconhecimentos de praia (da linha de baixa-mar para o interior); reconhecimento especializado de itinerários, passagens a vau, pontes, túneis, obstáculos, pontos críticos, Local de Desembarque Ribeirinho (LocDbqRib); Local de Pouso de Helicópteros (LPH); operar Postos de Vigilância (PVig); realizar a observação avançada dos fogos de apoio; implantar e operar sensores para instalação de sistemas de vigilância terrestre; instalar e operar equipamentos de alarme DQBN; selecionar, reconhecer, balizar e operar Zonas de Desembarque (ZDbq) e Zonas de Lançamento (ZL); e guiar tropas por itinerários previamente reconhecidos, em proveito de uma Operação Ribeirinha.

Para estar em condições de desenvolver eficiente e eficazmente todo o espectro de Operações Especiais a serem realizadas sob sua responsabilidade, o BtlOpEsp se faz dotado de uma imensa gama de material altamente especializado e diversificado. Material esse que acompanha o desenvolvimento científico-tecnológico. Da mesma forma, a Marinha privilegia a unidade com a mais alta prioridade em termos de execução de adestramentos em diferentes ambientes operacionais e no emprego dos mais variados meios.

No que se refere à formação especializada, o atual Curso Especial de Comandos Anfíbios (CESCOMANF) é realizado no Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (CIASC), na Ilha do Governador, Rio de Janeiro/RJ, com a duração de 20 semanas, sendo as duas primeiras para adaptação do aluno à rígida sistemática vigente. Embora não exista uma divisão formal do programa por fases, verificam-se dois períodos distintos: um de instruções básicas de Operações Especiais e o outro com maior grau de especialização.

Embora a concepção do CESCOMANF tendo como objetivo especificamente a preparação de fuzileiros navais, há registros de concessão de vagas, quando solicitadas, para as outras Forças Singulares e para as Polícias Militares, Polícias Civis e Polícia Federal, a critério do Comandante-Geral do CFN. De 1974 a 2006, a Marinha do Brasil formou 587 oficiais e praças na especialidade de Comandos Anfíbios.

Em função de especializar suas equipes em diferentes ambientes operacionais, o Batalhão Tonelero envia seus comandos anfíbios a diferentes Centros de Instrução do Exército Brasileiro, particularmente o Centro de Instrução Pára-quedista General Penha Brasil (CIPqdtGPB/Bda lnf Pqdt), onde os comandos anfíbios são qualificados nos Cursos Básico Pára-quedista (CBasPqdt), Mestre de Salto (CMS), Dobragem e Manutenção de pára-quedas e Suprimento pelo Ar (DOMPSA) e Precursor Pára-quedista (CPrecPqdt); o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus/ AM, onde se especializam em Operações na Selva; e o 11° Batalhão de Infantaria de Montanha (11° BIMth), em São João dei Rey/MG, onde são qualificados nos Cursos Básico e Avançado de Montanha.

A participação do Batalhão Tonelero em exercícios de adestramento do CFN tem sido intensa e ininterrupta desde a sua criação. Também realiza um programa de intercâmbio com FOpEsp congêneres de países como Argentina, Chile, Espanha, EUA, Portugal, Reino Unido e Uruguai. Contatos esses que, além de muito valiosos em termos de aquisição de experiências, contribuem sobremaneira para o excelente conceito que os Comandos Anfíbios da Marinha do Brasil desfrutam internacionalmente.




As Forças de Operações Especiais da Força Aérea Brasileira.

As Operações Aéreas Especiais (OpAeEsp) são contempladas no espectro de tarefas táticas a serem realizadas pelas Unidades Aéreas da Força Aérea Brasileira. Embora não possuindo esquadrões exclusivamente voltados para essas atividades, em função das características dos diferentes cenários em presença nas diversas Áreas Operacionais do Continente, a FAB visualiza o adestramento de seus Esquadrões (Aviação de Caça, Reconhecimento e Transporte) para tais operações (incluindo o apoio às FOpEsp) como sendo da maior relevância.

No que se refere às suas FOpEsp, a FAB possui o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS) e os Pelotões de Operações Especiais dos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica, preparados para tal fim.


Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS).

O EAS é uma organização militar especializada, operacionalmente subordinada ao Comando da II Força Aérea (II FAe) e administrativamente à Base Aérea dos Afonsos.

Seu histórico tem origens no ano de 1943, quando a lendária figura de Charles Astor iniciou o pára-quedismo na FAB, ministrando as primeiras aulas aos cadetes da Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro/RJ. Além de exímio pára-quedista, Charles Astor também era instrutor de ginástica acrobática e foi o introdutor do pára-quedismo como atividade desportiva no Brasil. Nesta mesma época, o pára-quedismo começava a tornar-se cada vez mais alvo de interesse das Forças Armadas brasileiras. Este interesse veio a materializar-se quando o Exército Brasileiro, iniciando seu emprego militar, enviou, em 1944, a Fort Benning/EUA, o então Capitão de Infantaria Roberto de Pessoa, que se tomou o primeiro pára-quedista militar brasileiro. Nos anos seguintes, 1945, 1946 e 1948, outros 28 oficiais e 18 sargentos do Exército Brasileiro qualificaram-se na referida unidade do Exército norte-americano, tornando-se juntamente com o Cap de Pessoa os introdutores do pára-quedismo militar no Brasil, que logo evoluiu em função do trabalho desenvolvido por aqueles pioneiros no então Núcleo de Formação e Treinamento de Pára-quedistas.

Em 1946, a Organização de Aviação Civil Internacional propôs o emprego de pára-quedistas em missões SAR (Search and Rescue - Busca e Salvamento), impulsionando ainda mais essa modalidade na esfera mundial.

No início da segunda metade dos anos 1950, o Centro de Instrução Especial (CIEspAet) do então Núcleo da Divisão Aeroterrestre incluía nas possibilidades das Equipes Precursoras o apoio à FAB nas missões de resgate de acidentes aeronáuticos.

A partir de 1958, com a crescente utilização de pára-quedistas em missões de prevenção e resgate de acidentes aeronáuticos em todo o mundo, a então Diretoria de Rotas Aéreas decidiu iniciar um projeto envolvendo a criação de uma unidade na Força Aérea para tal fim. Em 1959, inicialmente um pequeno grupo de voluntários, com curso realizado no CIEspAet, começou a operar no Campo dos Afonsos em acidentes e situações especiais. A experiência se mostrou positiva, e por isso o Decreto n° 52.432, de 2 de setembro de 1963, criou a 1ª Esquadrilha Aeroterrestre de Salvamento (1ª EAS), a primeira unidade terrestre da FAB especializada em missões de busca, salvamento e resgate.

A criação de uma estrutura própria deu uma nova dimensão à atividade SAR na Força Aérea, passando a ser indispensável na localização e salvamento de diversos sinistros, como, por exemplo, o do C-47 FAB 2068, ocorrido em 16 de julho de 1967, durante um vôo entre Belém/PA e a Serra do Cachimbo/PA. O acidente se tomou épico, pois mobilizou mais de 35 aeronaves, 250 homens (dentre os quais uma equipe de pára-quedistas do Exército), e foram efetuadas cerca de mil horas de vôo SAR. Depois de 11 dias, o "68" foi encontrado, próximo a Tefé/AM, com 5 sobreviventes entre os 25 tripulantes. Este evento histónco marcou muito positivamente a história da unidade que passou a ser conhecida como PARASAR (pára-quedista de busca e salvamento). Há de se esclarecer que, desde o início das atividades em 1959, este jamais foi o nome oficial da unidade. No entanto, esta é a mais antiga e tradicional designação da unidade pára-quedista da FAB especializada em SAR.

Em um processo natural e evolutivo, em 20 de novembro de 1973, o Alto Comando da Aeronáutica extinguiu a 1ª Esquadrilha através do Decreto n° 73.174, criando em seu lugar o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS). Na verdade, não houve uma mudança radical, o que se verificou foi a simples, mas muito importante elevação da unidade ao nível de Esquadrão, mantendo a sua sede. Esta evolução refletiu-se de imediato na ampliação da Unidade, tanto em termos de efetivo quanto de operacionalidade, o que veio a facilitar o atendimento à crescente demanda de missões a cumprir.

Ao longo destes 40 anos, o EAS passou por algumas mudanças, fruto da evolução dos equipamentos SAR e até mesmo da missão em si, mas a essência da unidade se manteve a mesma. Foram muitos os treinamentos e missões reais, sendo que o PARASAR esteve presente em todos os grandes acidentes aéreos ocorridos no país, além de ter participado ativamente em diversas situações de emergência e calamidade pública, como a enchente em Santa Catarina, em 1983; o terremoto no México, em 1985; e as chuvas torrenciais no Rio de Janeiro, em 2001. Alguns dos acidentes aéreos ficaram marcados na história do Esquadrão, como foi o caso do Varig 254, um Boeing 737 que, em 3 de setembro de 1989, caiu na selva amazônica, próximo a São José do Xingu/MT. Neste acidente, sobreviveram 42 pessoas (que foram salvas pelo PARASAR) das 54 a bordo. E no acidente com o C-130 FAB 2455 que colidiu no dia 27 de setembro de 2001 com a Pedra do Elefante, na Serra da Tiririca, próximo a Niterói/RJ, com nove militares a bordo, não houve sobreviventes. Mais recentemente, em 2007, o EAS teve uma participação ímpar na recuperação dos 154 corpos das vítimas do acidente provocado por uma colisão de um avião da Gol com uma aeronave particular nas proximidades da Base de Cachimbo/MT.

Atualmente, as tarefas a realizar prescritas na missão do EAS são: Busca, Salvamento, Recuperação, Resgate; Missões Humanitárias e Operações Especiais. Além disso, o EAS está apto a formar e adestrar equipes SAR da FAB e de pára-quedistas nos níveis básico e avançado de SAR, bem como ministrar instruções de salto de emergência e de sobrevivência para aeronavegantes das escolas de formação de oficiais e graduados da FAB. O militar qualificado como operacional em Salvamento e Resgate recebe o título de "pastor", raça de cães que tem os atributos de personalidade de um profissional SAR: leal, vigilante, amigo e agressivo, se necessário for.

O Esquadrão tem ligações muito estreitas com o 3º Esquadrão do 8° Grupo de Aviação (3°/8° GAv), esquadrão de helicópteros CH-34, sediado na Base Aérea dos Afonsos. Na Força Terrestre, os laços táticos do PARASAR são com o CIPqdtGPB/ Bda lnf Pqdt, e com o CIOpEsp e o 1º BFEsp, da Bda Op Esp. Para cumprir com suas atribuições, hoje o PARASAR tem cerca de 130 militares, um efetivo reduzido, levando-se em consideração as dimensões continentais do país. Diariamente, duas equipes estão de alerta durante o expediente e, após, de sobreaviso. Uma Equipe SAR compõe o Alerta de um helicóptero CH-34 do 3º/ 8º GAv, e a outra, o Alerta de um C-130 do 1º Grupo de Transporte de Tropas (1º GTT), cujos esquadrões também estão sediados no Campo dos Afonsos. Durante o expediente, o tempo de resposta em caso de acionamento é de 20 minutos para o CH-34 e de duas horas para o C-130, em virtude da preparação da aeronave, que geralmente é acionada em missões de busca no mar. Quando no período de sobreaviso, o tempo de acionamento para ambas equipes é de duas horas. O start das missões é dado pelo Centro de Operações Aéreas da II FAe (COA II), que possui um plantão H-24, e é informado de qualquer situação de perigo pelos sete SALVAERO existentes no Brasil, um em cada Comando Aéreo Regional (COMAR).

Não é em todo acidente que o EAS é acionado. Isto porque, além do EAS, todas as unidades de helitransporte e o 2º Esquadrão do 10° Grupo de Aviação (2º/ 10° GAv) estão aptos a realizar missões SAR. Em caso de acionamento, o COA irá inicialmente empregar a unidade mais próxima da região do sinistro. A presença do PARASAR, e mesmo de outras unidades, só ocorrerá em função da dimensão e dificuldades impostas pelo acidente. Pode-se deduzir que quando o PARASAR é acionado, é porque a situação é de maior gravidade.

Além das missões SAR, o EAS é a única unidade, valor Esquadrão, da FAB a realizar missões de Operações Especiais. Utilizado em missões de Combat SAR (C-SAR), resgate de reféns, preparação de terreno, reconhecimento, sabotagem e outras, as atividades de Operações Especiais do PARASAR somente são executadas por militares possuidores do Curso de Operações Especiais. Para o Esquadrão, esta missão é considerada uma pós-graduação, na qual após ter cumprido todos os cursos de formação operacional em SAR o militar pode optar por realizar um dos cursos de Operações Especiais. Estes são desenvolvidos em escolas especializadas do Exército Brasileiro: o Curso de Ações de Comandos, no CIOpEsp/Bda Op Esp e o de Operações na Selva, no CIGS.. torna árduos de serem concluídos com aproveitamento (particularmente o de Comandos).

Nas missões de combate, as equipes possuem diversos equipamentos e armamentos especiais, inclusive de tiro de precisão (Sniper), além de empregar os equipamentos usuais das missões SAR. Há de se ressaltar que o EAS está muito bem dotado de material para o cumprimento de suas missões. Material, inclusive, classificado como de grande, médio e de pequeno porte, e que passa por rigorosa manutenção, sempre, em condições de pronto emprego.

Além de realizar Operações Especiais em proveito da FAB, o PARASAR opera também em conjunto com o Exército Brasileiro, particularmente com o 1º BFEsp e também com as Unidades de OpEsp da Marinha do Brasil, o GRUMEC e o BtlOpEspFN.

O Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento é inequivocamente uma unidade ímpar na Força Aérea Brasileira. Profissionais altamente especializados e extremamente abnegados, estes militares treinam e trabalham, sobretudo para serem aquela mão amiga dos momentos mais difíceis.

Com certeza, os pastores continuarão prontos para cumprir sua missão, honrando o seu lema: "Nossa Lida, Sua Vida."



A Interoperabilidade das Forças de Operações Especiais do Brasil.

Muito embora as Operações Especiais possam ser executadas por elementos especializados de uma única Força Singular (e essa era a rotina observada no século passado), as mais recentes e bem-sucedidas experiências demonstram que a probabilidade de êxito é intensivamente incrementada quando conduzidas como operações combinadas.

Considerando a relevância que as FOpEsp ganharam em função das crescentes demandas de Guerra Irregular características dos Conflitos de 4ª Geração do século XXI e, principalmente, buscando maximizar o esforço na prevenção e no combate ao terrorismo transnacional, em diversos países, seguindo o exemplo pioneiro dos EUA (após o contundente fracasso da Operação EAGLE CLAW, no Irã, em 1980), foram criados Comandos Combinados de Operações Especiais, estabelecidos no mais alto nível de comando e controle de Forças Armadas como as dos EUA, Reino Unido, Rússia, China, França, Israel, Austrália e Nova Zelândia, entre outros. Todos com a responsabilidade de orientar, coordenar e controlar o adestramento, o planejamento e o emprego combinado dos meios terrestres, navais e aéreos das FOpEsp.

Nos países em que ainda não foram criados esses comandos combinados, como, por exemplo, no Brasil, a interoperabilidade tem-se manifestado por meio da constituição de Forças Tarefa Combinadas de Operações Especiais (FTCbnOpEsp), que, independentemente do ambiente operacional em presença, são organizadas para o cumprimento de missões específicas e integradas por elementos de Operações Especiais das Forças Terrestre, Naval e/ou Aérea. Essas FTCbnOpEsp, uma vez constituídas, em situação de guerra operarão em proveito da campanha de um Teatro de Operações, ficando diretamente subordinadas ao comando desse Teatro, particularmente durante a fase de planejamento e a fase inicial da referida campanha.

Quando constituídas em um ambiente operacional de não-guerra, em que não há a ativação de um Teatro de Operações, permanecerão diretamente subordinadas ao mais alto escalão em presença. E quando atuando independentemente, estarão diretamente subordinadas a um Comando Combinado de Operações Especiais (CCbnOpEsp) especificamente ativado.

Indiscutivelmente, as semelhanças que caracterizam o preparo e o emprego das diferentes FOpEsp facilitam significativamente a interoperabilidade entre elas. Entretanto, há de se ter em mente que as diferentes FOpEsp possuem missões prioritárias. Os DOFEsp da Bda Op Esp, do Exército, são quase insubstituíveis quanto ao estabelecimento de "Áreas Operacionais de Guerra Irregular" (AOGI). Da mesma forma, ações diretas realizadas contra elementos que venham a ameaçar as plataformas marítimas de exploração de petróleo são quase exclusivas do GRUMEC, da Marinha. Não se pretende que, ao incrementar a interoperabilidade, percam-se ou minimizem-se essas especializações. Ao contrário, ela terá como resultante um incremento na capacitação operacional tanto dos elementos de OpEsp reforçados quanto dos que reforçam. E, sobretudo, há de se ter em mente que a grandiosidade da área física do território nacional, bem como a diversidade de ambientes operacionais, exigem que as diversas FOpEsp operem de modo mais integrado possível, como uma condição indispensável para o cumprimento da missão com sucesso.

É no preparo que se plantam as sementes que permitirão uma farta colheita no emprego. Operações Especiais Combinadas bem. desenvolvidas iniciam sua arquitetura no conhecimento mútuo de possibilidades e limitações. Para isso, há de se ressaltar o quão relevantes têm sido os Simpósios de Operações Especiais regularmente realizados na sua maioria, diga-se de passagem, por iniciativa da Bda Op Esp. Estes, além de possibilitar intercâmbios doutrinários entre as FOpEsp das Forças Armadas e das Forças Auxiliares, permitem aperfeiçoar a integração, propor a realização de adestramentos conjuntos em áreas específicas e proporcionar oportunidades de atualização de Materiais de Emprego Militar (MEM) utilizados em Op Esp, facilitando futuras aquisições.

No entanto, é na prática do planejamento e execução de Operações Especiais Combinadas nos diferentes ambientes operacionais que se obtém os maiores rendimentos. A partir de diretrizes emanadas do Estado-Maior de Defesa (EMD) orientando o planejamento de Operações Combinadas, como é o caso das diferentes versões das Operações TIMBÓ e AJURICABA, e, mais recentemente, a Operação PORAQUÉ, onde tradicionalmente configura-se um "Comando Combinado da Amazônia" (fundamentado no Comando Militar da Amazônia - CMA), é possível a obtenção de um significativo montante de ensinamentos colhidos. Tendo em vista que nesses casos o maior escalão em presença era um Comando Combinado, com base em um Grande Comando de Força Terrestre responsável pelas ações em um Teatro de Operações Terrestre (TOT), bem como levando em consideração as missões atribuídas e os ambientes operacionais de desdobramento, essas FTCbnOpEsp tiveram seu Comando e Controle exercido por elementos da Bda Op Esp do Exército Brasileiro, devidamente assessorados por um Estado-Maior de Operações Especiais Combinado (EMOpEspCbn). Em um outro caso, no exercício de adestramento combinado denominado Operação LEÃO, o maior escalão ativado foi o "Comando Combinado do Atlântico" (com base no Comando de Operações Navais - CON), responsável pelas ações em um Teatro de Operações Marítimo (TOM), a FTCbnOpEsp constituída por elementos de OpEsp da Força Naval (GRUMEC e BtlOpEspFuzNav) e da Força Terrestre (Bda Op Esp) foi comandada por elementos de Op Esp da Marinha do Brasil.

Em todas essas experiências, fruto de uma preparação criteriosa, bem como da condução de planejamentos e execuções extremamente realistas, eficientes e eficazes, foram obtidos relevantes ensinamentos que muito contribuíram para demonstrar o quão importante é o papel de FOpEsp operando em diversificados ambientes em proveito de Comandos Combinados. Assim como foi possível ratificar o excelente nível de integração tradicionalmente existente entre as FOpEsp do Brasil.


A Operação ASPA.

Há de se destacar que na Segurança Pública, uma área de grande sensibilidade e altamente controvertida nos dias de hoje, tanto a Polícia Federal quanto as Polícias Militares e Civis estaduais possuem seus elementos de Operações Policiais Especiais. Muito embora seus processos de seleção, bem como níveis de dotação de material e de adestramento, sejam muito heterogêneos, a média de seus níveis de operacionalidade pode ser considerada como boa. E algumas dessas forças policiais especiais (sobretudo aquelas dos maiores centros urbanos) possuem a experiência de operar sob o controle operacional das FOpEsp militares.

Um exemplo significativo foi o ocorrido em Brasília/DF quando da realização, em maio de 2005, da Conferência de Cúpula América do Sul - Países Árabes (ASPA), com a presença de 32 chefes de Estado, sendo 11 sul-americanos e 22 de países árabes. Para planejar e coordenar de forma integrada as Operações Especiais (preventivas e repressivas), incluindo a condução, mediante ordem, de operações contraterrorismo (particularmente, as relacionadas ao resgate de autoridades e captura de terroristas), assessorar o Centro de Operações de Segurança Integrada da Coordenação de Segurança da Área (COSI/CSA, responsabilidade do Comando Militar do Planalto) e atuar como elemento de ligação das FOpEsp junto ao COSI/ CSA, o Comando do Bda Op Esp instalou e operou um Centro Tático Integrado (CTI).

Esse CTI foi integrado por uma Força Tarefa da Bda (lº BFEsp, 1º BAC, DOpPsc e DApOpEsp), GRUMEC e BtlOpEsp FN, Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (COT/DPF), Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar do Distrito Federal (BOPE/PMDF) e a Divisão de Operações Policiais Especiais da Polícia Civil do Distrito Federal. Também participaram do CTI a Aviação do Exército, o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e a Defesa Civil do Distrito Federal.

Conduziu o planejamento e atividades especiais, tais como varreduras eletrônicas e antibombas, escoltas aéreas, posicionamento de Caçadores (atiradores de escol) e de Equipes Táticas Contraterrorismo. Quatorze helicópteros, tripulados por elementos adestrados em Operações Aéreas Especiais, foram diretamente empregados no apoio às FOpEsp.

Foram muitos os valiosos ensinamentos colhidos, particularmente relacionados à ativação, constituição e operação do CTI; comando e controle; comunicações; logística; definição de missões pelas diferentes FOpEsp; ensaios complexos e detalhados e estabelecimento de procedimentos padrão diversificados.

A Operação ASPA constituiu-se em um verdadeiro teste da real capacitação operacional das tropas de Operações Especiais das Forças Armadas e dos diferentes organismos policiais de Segurança Pública, ao operar com elevados padrões de desempenho e, sobretudo, com um grande nível de integração entre si e com outras agências governamentais. Os resultados foram altamente positivos.

A ativação dos CTI/COSI, envolvendo elementos das diversas FOpEsp do Brasil, já se tornou rotineira quando apóia eventos de alta relevância político-estratégica, cuja segurança fica a cargo dos Comandos Militares de Área. Exemplos significativos foram as visitas no Brasil do Presidente dos EUA, George Bush, em 2006, e de sua Santidade, o Papa Bento XVI, em 2007.



Conclusão.

O Brasil é um país em que a formação da nacionalidade, costumes, tradições e valores militares possuem raízes históricas intimamente ligadas às atividades de Operações Especiais e Guerra Irregular, que em significativos momentos da vida nacional se fizeram presentes.

Da forma como se conhecem hoje, nossas FOpEsp possuem características básicas comuns. Seus integrantes são todos voluntários e seu processo de seleção os submete a uma rígida avaliação psicofísica, cujos parâmetros são incontestavelmente os mais exigentes das Forças Armadas. Seu adestramento enfatiza a força física, a criação de fortes laços emocionais entre os integrantes das diversas unidades, além de um altíssimo nível de motivação e autoconfiança. Sua capacitação é fundamentada em um criterioso domínio de táticas, técnicas e procedimentos não convencionais; emprego diversificado do armamento, munição e tiro; explosivos e demolições; bem como técnicas de navegação que possibilitam a operação com desenvoltura em qualquer tipo de terreno, ínfiltrando-se por terra, mar e ar, sob quaisquer condições meteorológicas.

As atividades de Operações Especiais no Brasil iniciaram-se no Exército Brasileiro, nos idos da segunda metade dos anos 1950. De lá para cá, foram mais de 50 anos de muita dedicação, muita abnegação e muita competência para que se atingisse o nível atual materializado pela Bda Op Esp, que detém o maior escalão e o maior poder de combate entre as nossas Forças de Operações Especiais. Essa grande unidade já possui um significativo acervo de missões relevantes realizadas, como é o caso do resgate de cidadãos brasileiros (em uma grave situação de crise) de Abidjan, capital da Costa do Marfim, e a atual presença de Destacamentos de Operações Especiais na segurança das embaixadas do Brasil, naquele pais e no Congo; assim como do DOpEsp que integra o contingente brasileiro operando na MINIUSTAH, a Missão de Estabilização da ONU no Haiti.

As FOpEsp da Marinha e da Força Aérea também já adquiriram um excepcional padrão de credibilidade pelos níveis de eficiência que atingiram ao longo de uma evolução igualmente fundamentada na dedicação, na abnegação e na competência.

Para um Estado nacional emergente como o Brasil, candidato ostensivo a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, e que pretende ter, a cada dia, sua estatura político-estratégica incrementada, não há a menor dúvida que para fazer face às crises e conflitos característicos do presente século suas FOpEsp são um instrumento confiável e extremamente valioso, sobretudo na consecução das ações estratégicas de caráter preventivo e dissuasório.

Apesar da perversidade da conjuntura econômico-financeira, que de maneira solerte e insidiosa consome e desgasta as Forças Armadas, as FOpEsp do Brasil, graças a uma oportuna e criteriosa definição de prioridades por parte das autoridades militares competentes, têm conseguido, ao longo dos anos, manter um padrão de eficiência operacional que lhes permite cumprir com excelência as suas complexas missões, bem como manter um conceito altamente respeitado e admirado na comunidade internacional das Operações Especiais.

Honrado com o convite que me foi formulado pelo Conselho Editorial da BIBLIEX, coube-me elaborar, à guisa de Apresentação, uma matéria sobre "As Forças de Operações Especiais do Brasil". Uma informação que certamente levará o leitor brasileiro a orgulhar-se dos nossos combatentes de elite, especialistas em guerra irregular que - além de terem como patronos de suas principais unidades, insignes heróis da formação da nacionalidade brasileira no século XVII - , ao longo de uma trajetória de mais de 50 anos de desprendimento, coragem e abnegação, vêm prestando notáveis serviços às suas forças singulares e à Nação, magnificamente reconhecidos na comunidade internacional das operações especiais nos dias de hoje.

COMANDOS! FORÇA! BRASIL!

Que a sorte sempre acompanhe os audazes!

FORTUNA AUDACES SEQUITUR!"

Rio de Janeiro, setembro de 2008.
________________________________

Álvaro de Souza Pinheiro, General de Brigada na Reserva, Analista Militar especialista em Operações Especiais e Guerra Irregular, prefácio do livro DUNNIGAN, James F. – Ações de Comandos, Operações Especiais, Comandos e o Futuro da Guerra dos EUA – Rio de Janeiro, Bibliex, 2008.




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#56 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Jul 08, 2010 12:00 pm

CIOE/CTOE
50 anos a servir...


A criação, a 16 de Abril de 1960, do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) e sua instalação em Lamego foi, como se demonstrou no ano seguinte, uma decisão que indiciava uma avaliação séria de uma potencial ameaça que pairava sobre a soberania portuguesa nos territórios ultramarinos. Identificou-se como a necessidade de criar uma força que, pela sua organização, apetrechamento e preparação, pudesse ser empregue pronta e eficazmente na execução de operações de tipo especial, em operações de contra-subversão, empenhada na execução de operações de segurança interna, e apta a resolver qualquer situação que envolvesse a segurança e integridade das populações e dos vários territórios da nação portuguesa, na metrópole e sobretudo nas províncias ultramarinas. A desconfiança em relação a possíveis ameaças à segurança dos territórios nacionais em África crescia a cada dia, fomentada por várias condicionantes político-militares. A descolonização avançava a passos largos em África e na Ásia, com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU); Portugal com a sua entrada na ONU, em 1955, vê, na Assembleia Geral, o seu domínio sobre os territórios africanos ser cada vez mais contestado e nas províncias ltramarinas os movimentos independentistas emergiam uscando apoios nos países próximos recémindependentes. Urgia serem tomadas medidas preventivas no sentido de preservar a integridade nacional e impedir a insurreição nos territórios portugueses de além-mar. A vontade de criação de uma força apta a responder aos riscos evidenciados encontrava-se expressa na Directiva de 22 de Abril de 1959 do Ministro do Exército, Brigadeiro Almeida Fernandes, sobre as “unidades para intervenção imediata”. Pretendia-se que este tipo de unidade tivesse: um elevado grau de prontidão operacional; que pudesse ser subdividida em fracções capazes de realizar missões independentes; estar, com um tempo mínimo de aviso, em condições de ser transportada por ar ou mar, total ou parcialmente, para qualquer parte do território nacional; poder entrar rapidamente em acção, assim que desembarcada; dispor de armamento, equipamento e fardamento que lhe permita cumprir, com a maior flexibilidade, as tarefas que lhe forem destinadas; ser preparada moral e tacticamente para o fim em vista (guerra subversiva e contra-guerrilha), constituindo-se assim como uma Unidade de elite dentro do Exército, servindo de padrão e de estímulo para a elevação do espírito militar de todas as outras forças. O grupo de trabalho criado com o objectivo de “desbravar o problema”, chefiado pelo Major com Curso de Estado-Maior, Hermes de Araújo Oliveira, tinha a missão de definir: o esquema das medidas gerais tendentes à transformação do Batalhão de Caçadores n.º5 (BC5) na primeira Unidade com as valências citadas; a sua organização geral e territorial; a organização das várias formações operacionais; o material e equipamento a adoptar; um esquema geral de um programa de preparação e instrução das forças, tendo em vista a formação de pessoal com um elevado espírito combativo e boas qualidades de resistência moral e física e um programa de treino na utilização de transportes aéreos e marítimos e, na sequência da primeira missão à Argélia, realizada em 1958 pelo Major Hermes de Oliveira, providenciar a frequência de estágios ao pessoal indigitado para dirigir o Centro ou ali desempenhar funções de instrutor e monitor. Apoiando-se nos resultados dessa primeira missão e assente numa perspectiva preventiva e de aprendizagem, o envio de militares portugueses à Argélia foi encarado como uma excelente oportunidade de aprofundamento da temática do novo tipo de guerra, que claramente se afastava da convencional. Logo, não tardou muito até serem enviados mais oficiais portugueses aos centros especializados e aos teatros de operações da Argélia. É neste sentido que vão em missão ao Centre d'Instruction de Pacification et Contre-Guerrilla, em Arzew-Oran, Argélia, o Major Nunes Igreja e os Capitães Aquilino Miranda, Luz de Almeida, Vaz Antunes e Lemos Pires, que viriam a ser alguns dos “fundadores” do CIOE. Tratou-se em seguida de criar um Centro com a missão de preparar militares para a luta de contra-guerrilha e contra-subversão, para a acção psico-social e para as técnicas de montanhismo. Características que pela sua natureza obrigaram a um aprofundado estudo acerca da sua localização, pois a sua missão e o tipo de instrução a realizar requeriam determinadas características geográficas, demográficas e ambientais. Entre elas, destacam-se como fundamentais para a instrução de luta de contra-guerrilha a existência de zonas montanhosas áridas e muito extensas; áreas densamente cobertas, medianamente cobertas e descobertas; cursos de água; objectivos económicos; áreas despovoadas e outras com pequenos aglomerados populacionais; e extensas zonas não cultivadas. Para a instrução de acção psicosocial, a existência de pequenos aglomerados populacionais do tipo localidade ou aldeia e para a instrução de montanhismo, a existência de zonas bastante montanhosas. A sua especificidade requeria que estivesse pronta a embarcar, a qualquer momento, para o Ultramar. Logo, a presença, relativamente próxima, de um aeródromo e de um porto, era um requisito fundamental. Tal aspecto assumia ainda mais importância devido ao facto de ser essencial o treino de embarque e desembarque durante o período de instrução. O reconhecimento levado a efeito, para a possível localização do CIOE, orientou-se, então, para três regiões que primeiramente se reconheceram como sendo as que ofereciam mais vantagens: Covilhã, Lamego e Lagos. Os resultados dos estudos realizados apontaram Lamego como o local que melhor correspondia aos requisitos e comparativamente aos outros locais beneficiava da relativa proximidade do porto de Leixões e do aeroporto de Pedras Rubras, ou mesmo, do aeródromo de Viseu. Também no capítulo das instalações tinha mais vantagens, uma vez que, embora deficientes, as que dispunha eram as menos más e ofereciam maiores possibilidades de adaptação. Como resultado do exposto, o Decreto-Lei n.º42926 cria, a 16 de Abril de 1960, o Centro de Instrução de Operações Especiais atribuindo-lhe a missão de instruir os quadros do Exército nas várias modalidades de “operações especiais”, realizar estágios de subunidades, tendo em vista aperfeiçoar a sua actuação numa ou mais modalidades destas operações e levar a efeito estudos que, de qualquer modo, pudessem contribuir para melhorar a eficiência das Forças Armadas, no que diz respeito à sua actuação em “operações especiais”, designadamente nas de maior interesse para a defesa do território nacional. O Artigo 2.º estabelecia a localização do CIOE em Lamego, nas instalações do Regimento de Infantaria n.º 9, ficando-lhe, durante a fase de organização, adstrito e dele dependente apenas para efeitos administrativos enquanto que, para efeitos de instrução, ficava dependente da direcção da Arma de Infantaria. O CIOE, sob o comando do Major Henriques da Silva, entra imediatamente em actividade. A 20 de Abril, dão-se as primeiras apresentações de Oficiais, Sargentos e Praças e a 27, do mesmo mês, a população de Lamego recebeu efusivamente, vindo do BC5, o primeiro grande contingente de militares, constituído por três companhias que, a 4 de Janeiro de 1960, haviam iniciado, no BC5, a sua fase instrutória. Estas foram as três primeiras Companhias de Caçadores Especiais (CCaçEsp). Apresentaram-se, no CIOE, para iniciarem o seu período de cinco semanas de instrução especial. A selecção e preparação destas companhias foi criteriosa. As praças foram seleccionadas ? todos letrados, pelo menos com a 4.ª classe ? e contavam com a presença de vários militares do quadro permanente (três Oficiais, oito Sargentos e três Cabos). O corpo de instrutores havia sido preparado e a instrução no BC5 e no CIOE havia sido dura. O armamento, equipamento e fardamento foi objecto de aturado estudo. Nada havia sido deixado ao acaso. A resposta foi a esperada. Porém, os acontecimentos de 15 de Março de 1961, em Angola, deram início à guerra, o que de uma certa forma já se previa, e com ela o necessário aumento de efectivo. O tempo, factor necessário para formar forças com as características e qualidade das primeiras CCaçEsp, escasseava. Tratava-se agora de aprontar o maior número de homens com a maior rapidez possível (“Andar rapidamente e em força”). Em consequência, a capacidade das CCaçEsp foi diminuindo: deixou de haver selecção de praças, diminuiu o número de militares do QP, o estágio final de cinco semanas, no CIOE, foi substituído por um estágio de preparação para os Quadros precedendo a recruta. Em 1963, acabaram as CCaçEsp. Ao todo passaram pelo CIOE 8 CCaçEsp para receber a segunda parte da instrução antes de seguirem para o Ultramar. Das restantes apenas os quadros aí receberam formação. Com o fim das CCaçEsp, o CIOE passou a uma nova fase: formar, nos cursos de Operações Especiais, oficiais e sargentos nas áreas de contra-guerrilha e contra-subversão, quadros esses destinados a todas as subunidades de Infantaria, Cavalaria e Artilharia. Estes cursos de Operações Especiais iniciaram-se, em 1963, com um curso experimental organizado com base no curso de Ranger dos EUA e teve como director o então Capitão Rodolfo Begonha. O primeiro curso, em Portugal, teve uma primeira fase no Centro Militar de Educação Física e Desportos, em Mafra, e uma segunda fase em Lamego. Todavia, foi o único a decorrer nesses molde, pois, em meados de 1964, o curso passou a ser ministrado todo em Lamego. Sem nunca esquecer a matriz de Operações Especiais ? intensa preparação física, psicológica, contra-guerrilha, contra-subversão e instrução de patrulhas, o curso foi objecto de profunda e constante reorganização, adaptando-se às condições da Unidade e, principalmente, da região, por se tratar de um curso maioritariamente prático ministrado sobretudo no terreno. Seleccionaram-se novas áreas de instrução em zonas mais densamente arborizadas, intensificou-se a utilização de meios aéreos, introduziu-se a instrução de detecção de minas em picadas, deu-se uma maior atenção à informação e implementou-se a acção psicológica em operações (fundamental neste tipo de conflitos). As constantes alterações aos programas de instrução tinham como objectivo preparar os militares para a realidade do Ultramar e eram sustentadas, na experiência acumulada no desenrolar do conflito, nas lições aprendidas e no feedback vindo do ultramar. Era um processo de adaptação constante baseada no sistema então implantado no Exército da “experiência de todos para todos”. Viveu-se, durante o decurso do conflito em África, um período de intensa actividade. Eram organizadas e preparadas Companhias de Comandos, em reforço das que eram formadas em Angola, a par de toda a instrução de Operações Especiais, dos Estágios de Actualização para grande parte dos oficiais mobilizados e, ainda, alguns cursos para comandantes de companhia e instrução de algumas subunidades. Encontrava-se, então o CIOE, totalmente focalizado na preparação de quadros de combatentes destinados ao Ultramar embora não tenha sido uma Unidade de mobilização (à excepção das companhias de Comandos e das CCaçEsp aí formadas). Durante o conflito em África, os elementos de Operações Especiais (Rangers) tiveram uma actuação muito diversificada, pois era diferente a situação das subunidades. Em quadrícula ou em intervenção, em zonas de operações muito activas ou sem significativo contacto com o inimigo, ou, ainda, e não menos relevante, em natural contacto com as populações sem qualquer preocupação de combate. A missão específica de cada especialista era definida pelo respectivo comandante de companhia, havendo companhias com pelotões de militares seleccionados sob o comando do subalterno de Operações Especiais, para executarem determinado tipo de operações, mas, também, companhias onde a situação não exigia nem aconselhava pelotões ou grupos diferenciados. A nível individual, normalmente, o subalterno de Operações Especiais coadjuvava o comandante na área das operações e o sargento auxiliava o subalterno quer no mesmo pelotão, quer nas funções administrativas. Muitos destes oficiais e sargentos foram escolhidos para missões importantes junto dos vários grupos de combatentes locais, designadamente, Caçadores Nativos, Milícias, Grupos e Tropas Especiais (GE), e Grupos Especiais Pára-quedistas (GEPs), quer supervisionando, quer instruindo, quer participando nas acções por eles realizadas. Os militares de Operações Especiais tomaram parte em todo o tipo de operações vividas nos três teatros, aplicaram a doutrina criada para a contra-subversão, com técnicas e tácticas próprias, testadas, ensinadas e difundidas pelo CIOE, em especial a acção psicológica sobre as populações ? uma das áreas de intervenção de maior importância no conflito, uma vez que, neste tipo de conflitos, as populações eram o alvo a conquistar. Foram, também, importantes auxiliares dos comandantes de companhia e de outros escalões de comando, devido à especificidade da sua formação. Adaptaram-se facilmente às diferentes situações pelo treino diversificado que tiveram. Por toda a sua acção neste período, o CIOE ostenta no seu estandarte a legenda Angola, Moçambique e Guiné, 1961-1974. O golpe militar de 25 de Abril de 1974 planeado e desencadeado pelo movimento dos capitães pôs fim à guerra. O movimento teve origem nas reuniões, cartas de protesto e movimentações corporativistas surgidas no Verão de 1973, em contestação aos Decretos-Lei n.º 353, de 13 de Julho, e n.º 409, de 20 de Agosto de 1973, mas rapidamente se politizou e estruturou. Ao cansaço causado pela guerra, pela exiguidade dos quadros, principalmente de capitães e subalternos e das sucessivas comissões, somouse a consciencialização de que o fim da guerra só poderia ser alcançado pelo derrube do regime. Nesse sentido o movimento foi-se estendendo e ganhando apoiantes através de uma rede relativamente bem montada. No CIOE, alguns dos seus oficiais, participaram activamente nas acções e movimentações preparatórias. No plano de manobra da operação “Viragem histórica”, o CIOE era considerada uma Unidade importante nas acções a decorrer no Norte do país. Assim, na madrugada de 25 de Abril de 1974, marchou, do CIOE para o Quartel General da Região Militar do Norte (QG RMN) no Porto, a companhia de comandos 4041 sob o comando do Capitão Delgado da Fonseca. O golpe militar pôs fim ao regime e ao mesmo tempo abria as portas à democracia. Todavia, esse caminho foi tortuoso e marcado pelo confronto entre elementos moderados, que pretendiam a instauração em Portugal de uma democracia segundo os padrões da Europa Ocidental e os elementos da esquerda radical que pretendiam a instauração de um regime comunista na órbita da URSS. O período decorrido entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975 foi extremamente agitado, atingindo o pico de tensão durante o Verão de 1975, num momento em que já se contavam espingardas num clima de pré-guerra civil. O alvoroço encontrava eco e amplificava-se nos quartéis que se tornaram palcos de disputa político-ideológica. Actos de indisciplina, desobediência, participação de militares em manifestações e acções políticas tinham-se tornado habituais em várias Unidades. Na Região Militar Norte (RMN), o CIOE era uma Unidade chave, pelo tipo de forças que aprontava, pela localização, pelo grau de influência que provocaria nas Unidades próximas e nos restantes quadros do Exército. Importância que não passou despercebida aos militantes da esquerda radical e cedo se notou essa preferência, que se fez sentir em especial entre os meses de Fevereiro a Julho de 1975. Período de grande influência da ala comunista e de significativa actividade e durante o qual a Unidade se encontrava praticamente dominada. Todavia, a situação reverter-se-ia durante o mês de Julho de 1975 com o regresso de alguns oficiais e sargentos ao CIOE. Regressos que conduziram à normalização da Unidade pois os elementos radicais foram sendo afastados, contendo-se assim, a ameaça radical. Após este saneamento, o CIOE, colocou-se à disposição do Brigadeiro Pires Veloso, Comandante da RMN, na defesa da disciplina, da ordem e dos valores democráticos, juntando-se a outras Unidades e especialmente à sua Reserva Pessoal ? a Companhia Operacional de Leixões. Companhia que, com o seu efectivo de 150 a 200 militares com a especialidade de Operações Especiais, constituiu-se como a única força de que o Comando do Quartel-General se podia socorrer para resolver as mais diversas situações. Assim, a 27 de Novembro de 1975, uma força constituída por 38 militares comandada pelo Capitão Angeja marchou, na sequência de uma ordem telefónica do Comandante da RMN, para o Regimento de Infantaria do Porto e, posteriormente, para o Regimento de Artilharia de Lisboa (onde permaneceu até 6 de Dezembro de 1975), desempenhando missões de elevado risco numa época de enorme instabilidade política e militar. Após o sucesso do golpe militar de 25 de Abril e durante o “Verão Quente” uma série de reformas foram ocorrendo. O fim da Guerra em África teve inevitáveis consequências ao nível da organização do Exército. A 14 de Julho de 1975, o Despacho n.º 37/REO, assinado pelo General CEME, Carlos Alberto Idães Soares Fabião, anuncia a extinção do CIOE e a sua substituição pela Escola de Formação de Sargentos (EFS), desde 1 de Agosto de 1975. O Decreto-Lei n.º 181/77, de 4 de Maio, vem dar força de lei ao referido despacho e surge para regularizar alterações já verificadas na organização territorial do Exército. A EFS, tinha como missão instruir a primeira parte dos Cursos de Formação de Sargentos, durante a qual eram ministrados os conhecimentos básicos das matérias comuns às várias Armas e Serviços do Exército. Desde 1977, quando teve início o 1.º CFS até à sua substituição pelo CIOE, em 1 de Fevereiro de 1981, formaram-se, em Lamego, 1111 Sargentos que, posteriormente seguiram para as respectivas Escolas Práticas para concluírem o seu ciclo de instrução. Como herdeira em tradição e espírito do CIOE, a EFS recebeu da extinta Unidade instalações e terrenos extremamente propícios para a instrução de Operações Especiais e, dos seus quadros, alguns dos bons especialistas que o Exército Português possuía nessa área. Tornou-se evidente para o Comando e militares da EFS que o desenvolvimento das técnicas e o aprofundamento dos conhecimentos na área das Operações Especiais continuava a ser essencial para a componente operacional do Exército. Julgou-se importante não se perder uma técnica, um nível de conhecimentos e uma formação de espírito que atingira, durante a vigência do CIOE, elevada eficácia. Tendo esta consciência do dever único que tinha, e que não podia legar ao esquecimento, a EFS manteve a formação em dois turnos de incorporação de pessoal recruta que recebia instrução do tipo “Operações Especiais” mantendo viva a especialidade. Porém, esta situação não se manteve por muito tempo. Pelo despacho 101/ REO, de 22 de Janeiro de 1981, do General CEME Pedro Alexandre Gomes Cardoso, a EFS é transformada em CIOE em 1 de Fevereiro de 1981. Sendo o CIOE o legítimo possuidor das tradições e património histórico-militar do CIOE, criado a 16 de Abril de 1960, e do Regimento de Infantaria n.º 9. Recebe missão similar à estabelecida anteriormente. Em 1982, é ministrado o primeiro Curso de Operações Especiais a militares do Quadro Permanente, passando a ser anual a sua frequência por Oficiais e Sargentos nacionais e estrangeiros. Em 1983, por Despacho do General CEME, em 3 de Dezembro, foi criado o Curso de Operações Irregulares (COIR) tendo como objectivo a qualificação de quadros em Operações Irregulares aptos para organizar, instruir e orientar Forças Irregulares, tendo em vista a defesa do Território Nacional com o recurso à resistência. Apoiava-se a criação deste curso na LDN de 1982, que determinava como dever de todos os portugueses a passagem à resistência, activa ou passiva, em caso de agressão. Estávamos no auge da “Guerra-fria”. O curso tinha carácter obrigatório e destinava-se a formar Oficiais e Sargentos dos Quadros Permanentes do Exército das diversas armas e serviços, tendo-se mantido com pequenas alterações este formato e objectivo até 2002. Em 1986, há uma reestruturação do Encargo Operacional do CIOE, imposta superiormente, formando-se duas companhias, sendo uma a Companhia de Operações Especiais (COE), com três pelotões, e uma Companhia de Apoio de Combate (CAC), com um Pelotão de Reconhecimento, um Pelotão de Morteiros 120 e um Pelotão Anti-carro. Tudo isto formava o Batalhão de Operações Especiais. As Praças de Operações Especiais tinham então como especialidade “Atirador com aptidão para Operações Especiais” podendo a COE ser empregue, in extremis como Companhia de Atiradores. No mesmo ano, foi decidido eliminar a especialização em “Operações Especiais”, não havendo em 1987 oCurso de Operações Especiais do QP, nem a primeira incorporação para Praças ou para o Curso Geral de Milicianos (CGM). Alegava-se então que se encontrava em estudo a possibilidade do Batalhão de Operações Especiais vir a integrar a Brigada de Forças Especiais, sediada, na época no Forte do Bom Sucesso, juntamente com forças dos dois batalhões de Comandos do Regimento. Intenção que não veio a ser consumada. Em 1987, reúnem-se os Generais Director do Departamento de Instrução do Exército (DDI), General Aurélio Trindade, o Director da Arma de Infantaria (DAI), General Adérito Figueira e o Comandante da Região Militar do Norte, General Carlos de Azeredo. Desta reunião ficou clara a intenção de preservar o CIOE e as suas especificidades pela importância que constituíam para o Exército. Simultaneamente, iniciam-se os estudos para a elaboração de um documento que consolidasse o conhecimento acumulado pela Unidade ao longo dos anos no que referia a organização, missões e tarefas. Um documento que identificasse as missões primárias para as Operações Especiais mas que também englobasse os conceitos expressos na Lei de Defesa Nacional, nomeadamente no que referia à resistência, e que não chocasse com os preceitos utilizados pela NATO no que referia ao emprego das Forças de Operações Especiais. Em 26 de Abril de 1988, sendo Chefe do Estado-Maior do Exército o General Firmino Miguel, é publicado o Despacho 37/88/CEME, estipulando-se aí, entre outros pontos importantes, a missão do CIOE que até aí era provisória. Indicam-se claramente as possibilidades e organização do Encargo Operacional do CIOE, a Companhia de Elementos de Operações Especiais (CEOE), e discriminam-se as competências que devem possuir os diferentes militares de Operações Especiais. A Companhia de Elementos de Operações Especiais é organizada em cinco pelotões podendo actuar em favor das Grandes Unidades (GUs) do Exército a levantar à custa do dispositivo territorial, as três regiões militares, Norte, Lisboa e Sul e ainda as duas zonas militares, Açores e Madeira. A Companhia dependia directamente do Chefe do Estado-Maior do Exército para o seu emprego operacional. Seguindo a mesma filosofia, é imposta ao CIOE a responsabilidade de ministrar um curso de operações irregulares, contribuindo assim para a edificação do subsistema de resistência em que se pretendia, como objectivo estratégico, que os Oficiais e Sargentos, em caso de necessidade e a partir da sua zona de guarnição territorial, viessem a organizar a resistência. Tal conceito é considerado pelo CEME como fundamental como factor de dissuasão estratégico, credível e de baixo custo devendo a capacidade de resistência residir no Exército, referindo especificamente que “Portugal, muito embora fazendo parte da Aliança Atlântica e estando integrado no seu aparelho militar, deve: alicerçar a sua defesa numa dissuasão minimamente credível e autónoma de ameaças/agressões de baixos custos militares e políticos e na qual também se inclui a capacidade de recorrer à resistência activa organizada como última forma de defesa.” Como já referido, os estudos anteriormente iniciados para a sistematização doutrinária das Operações Especiais foram realizados em estreita colaboração com o Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM), órgão então responsável pela Doutrina no Exército, chegando-se a uma versão final que é aprovada e implementada em 1990 pelo General CEME, vindo a constituir-se o capítulo XIX do Regulamento de Campanha ? Operações sob a denominação de “Operações Não Convencionais”. Com a aprovação deste capítulo, viu a Unidade consubstanciados os princípios, missões e formas de actuação das Forças de Operações Especiais, das Actividades Irregulares e das Operações Não Convencionais no seu vasto espectro de actuação e que, de forma precisa e clara, distingue o tipo de forças e operações que são atribuídas a Forças Não Convencionais daquelas que são atribuídas a Forças Convencionais. A clarificação da missão e da natureza do empenhamento das Operações Especiais contribuiu para que, ao longo da década de 90, se registasse uma evolução notável nas áreas do saber fazer, cimentada através das experiências recolhidas pela frequência de diversos cursos no estrangeiro, da participação em vários exercícios bilaterais, combinados e conjuntos. Em 1996, o CIOE integrou a AMF(L) ACE Mobile Force (Land) da NATO, participando num primeiro exercício na Bélgica (1996). Fruto de experiências de militares de Operações Especiais recolhidas no Teatro de Operações da Bósnia-Herzegovina a Unidade planeia, executa e participa, em Santa Margarida no primeiro exercício de Operações de Paz, decalcando a situação que se vivia, pelas forças da NATO naquele território da ex-Jugoslávia, no qual se utilizaram métodos de simulação de populações num figurino que ainda hoje é utilizado. Neste exercício “Viriato” participaram forças do RI 13 e do RC 6, sob a supervisão da então Região Militar do Norte. O CEME, General Cerqueira da Rocha, visitou este exercício tendo ficado muito bem impressionado pelo realismo conseguido. No mesmo ano, a 13 e 14 de Novembro, o CIOE participa em Highwycombe, Reino Unido, numa Conferência da Comunidade de Operações Especiais da NATO, onde se discute o draft de um documento, o AJP 1 (A), Allied Joint Publication, que pretende ser o draft inicial do documento doutrinário das Operações Especiais da NATO. O Despacho de 13 de Setembro de 1996 do General CEME refere que compete ao CIOE apresentar os pareceres acerca dos estudos tendentes à consolidação da Doutrina de Operações Especiais da NATO. Foi referido nessa conferência, conforme expresso no relatório, que a elaboração de documentos doutrinários NATO de Operações Especiais, deverá ser sempre suficientemente abrangente para que não choque com conceitos nacionais. Da comparação dos conceitos doutrinários apresentados em documento para discussão e os conceitos expressos no Cap. XIX do RC Operações (Exército Português), conclui-se que os constantes do regulamento nacional se encontravam relativamente avançados relativamente aos da NATO, nomeadamente no que referia a missões primárias das Operações Especiais, incluindo conceitos de Operações Não Convencionais, Operações Irregulares, Operações Especiais de Acção Directa e Operações Especiais de Acção Indirecta. Em paralelo, inicia-se, ainda durante o ano de 1996, no EMGFA, em ambiente muito reservado, o planeamento de operações de contingência, apenas com militares do CIOE, do que vieram a ser mais tarde as NEO (Non Combatant Evacuation Operations). O plano, então elaborado, serviu como referência ao planeamento e execução da Operação “Leopardo” em Maio de 1997, em que uma força conjunta, onde estava o DOE (AMF), operou no Congo e Zaire. Em 1997, integrando a AMF(L), um Destacamento de Operações Especiais parte para a Noruega, em Janeiro, para um período de aclimatização de três meses que culminaria com um grande exercício da NATO nesse país. Ainda durante o ano de 1997, para execução em 1998, é atribuída ao CIOE a responsabilidade de comandar a componente de Operações Especiais da NATO no exercício “Strong Resolve 98”, que era, à época, o maior exercício da NATO envolvendo 68.000 homens nas suas duas áreas geográficas, Atlântico e Europa do Norte, “Crisis North”, onde se treinou operações do Art.ºV, e Europa do Sul e Atlântico, “Crisis South”, onde se treinaram as Operações de Paz. Este exercício envolveu todos os militares do CIOE e augmentees de Operações Especiais, oficiais e sargentos desde a fase de planeamento. É deste ano que data a criação da célula de Operações Especiais junto Commander in Chief South Atlantic (CINCSOUTHLANT) ? mais tarde o Joint Command Lisbon ? , em Oeiras. Em 1998, no exercício “Viriato” das Operações Especiais que decorre na região de Mirandela, envolvendo meios aéreos da Força Aérea Portuguesa e importantes forças espanholas de Operações Especiais, com um realismo digno de nota, leva-se a cabo o treino, pela primeira vez no Exército, de Operações de Evacuação de Não Combatentes (NEO). Curiosamente, logo após este exercício, foi necessário num tempo mínimo executar uma operação NEO, na Guiné, durante a qual as forças de Operações Especiais foram encontrar forças congéneres americanas e francesas com quem tinham estado em exercícios durante Outubro/Novembro de 1997 e Feveveiro de 1998 (Strong Resolve), respectivamente. Ao longo deste ano, até 1999, são várias as saídas de curta duração de Destacamentos de Operações Especiais para a Guiné. Data deste ano a Directiva Operacional 12/CEMGFA/99 que identifica as forças de Operações Especiais das Forças Armadas como sendo o Destacamento de Acções Especiais da Marinha e as Forças de Operações Especiais do Exército e as suas missões primárias. Na elaboração do draft inicial desta Directiva participou um grupo de Oficiais do CIOE tendo como referência os trabalhos também em curso na NATO quanto ao emprego conjunto de Forças de Operações Especiais. Do mesmo modo, o CIOE participa na elaboração do plano que a contingência da execução de NEOs. Entre 1997, data da primeira NEO em que o CIOE participa, e 2000, militares desta Unidade participam no planeamento de contingência para quatro territórios com potencial instabilidade onde residiam comunidades portuguesas que poderiam vir a necessitar de segurança acrescida. Em 1999, o Destacamento de Operações Especiais é a primeira subunidade completa do Exército Português a entrar no Teatro de Operações do Kosovo, seguida de imediato pelo Agrupamento Alfa, ficando sob Controlo Operacional da Brigada Multinacional Oeste até Julho de 2001 sendo, nesse ano, a última unidade do Exército Português a sair daquele território. No âmbito dos exercícios combinados foi no CIOE que se iniciaram os primeiros exercícios da série “Felino” (animal heráldico do CIOE), que envolviam inicialmente as forças especiais dos países da CPLP, tendo sido planeados e executados naquela Unidade os exercícios desta série dos anos 2000 e 2001. Em 17de Novembro de 2001 é solicitado ao CIOE a constituição de um Destacamento de Operações Especiais para operar no Afeganistão. A 19 de Novembro é enviada essa constituição, o quadro orgânico de material e as dotações necessárias. Com a abertura do Teatro de Operações de Timor-leste, em 2000, é enviado sob as ordens do Sector Central/UNTAET, um Destacamento de Operações Especiais que se virá a manter nesta Operação das Nações Unidas até 2004. Nesse ano, com o regresso de Portugal ao Kosovo, é integrado nesta Força Nacional Destacada um outro Destacamento de Operações Especiais. Em 2007 e 2008, acompanha a Quick Reaction Force (QRF) que Portugal envia para o Afeganistão no âmbito da ISAF, uma equipa sniper que regressa em 2008 com a retracção daquela força. Quando a QRF regressa aquele Teatro em 2010, voltam a integrá-la as equipas sniper de Operações Especiais. Politicamente, em Novembro de 2002, durante uma reunião dos Ministros da Defesa Nacional da UE, em Bruxelas, foi declarada a disponibilidade de Portugal contribuir com um “Combine Joint Special Operations Task Force Head Quarters” no âmbito das Operações Especiais para o “headline goal” da EU. O Concelho Estratégico de Defesa Nacional de 2003 atribui novas capacidades às Forças Armadas, das quais se destaca a luta contra o terrorismo. Essa exigência, conjugada nos compromissos internacionais assumidos, tinha implícito a necessidade de criação de um Quartel-General de Operações Especiais (QGOE). Os estudos realizados para o seu levantamento conduziram à activação, em Janeiro de 2005, de um núcleo permanente. Na sequência da nova Lei Orgânica do EMGFA (Decreto-Lei n.º 234/2009 de 15 de Setembro) é criado o QGOE na dependência do Comando Operacional Conjunto, através do Comandante Operacional Conjunto, e assume-se como um Órgão conjunto, permanente, que tem por missão exercer o comando ao nível operacional das Forças de Operações Especiais, planear e coordenar o emprego das FOpEsp, em operações conjuntas, assim como, assegurar o planeamento e a condução dos exercícios conjuntos e combinados de FOpEsp e colaborar na definição da doutrina militar conjunta e combinada nos vários domínios da sua área específica. No âmbito da cooperação técnico-militar, o CIOE, formou militares PALOP na especialidade de Operações Especiais, desde 1991, e mantém ainda a responsabilidade, como Entidade Técnica Principal, da cooperação e direcção dos projectos de cooperação técnico-militar em Angola e Moçambique. No mesmo sentido, em 1995, deu início à assessoria ao Centro de Instrução de Operações Especiais em Nacala, Moçambique. Em 1 de Julho de 2006, em virtude do processo de transformação do Exército que se encontra materializado no Decreto-Lei N.º 61/2006, de 21 de Março e por Despacho N.º 12 555/2006 de 24 de Maio, do Ministro da Defesa Nacional, o CIOE passa a designar-se por Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) e, no âmbito da mesma reestruturação, passa a integrar a Brigada de Reacção Rápida (BrigRR).

Fonte: http://www.exercito.pt/portal/exercito/ ... 20MAIO.pdf




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#57 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Jul 10, 2010 8:02 am

Os soldados da noite
por ABEL COELHO DE MORAIS

Popularmente conhecidos como os 'rangers' de Lamego, os militares do Centro de Treino de Operações Especiais (CTOE) - unidade criada em 1960 - são preparados para missões de alto risco e grande complexidade, actuando sempre a coberto da noite: a melhor das camuflagens, como costumam dizer. Num curso de seis meses, mais um ano a ano e meio de exercícios contínuos, os efectivos do CTOE têm, primeiro, de se conhecer a si próprios e testarem os seus limites, antes de vencerem os desafios das missões que lhes são entregues. O DN esteve com os oficiais, sargentos e praças que devem permanecer anónimos e ser capazes de chegarem invisíveis à beira do inimigo.

"Segunda-feira era o pior dia da semana. O terror era grande na formatura da manhã quando os instrutores chamavam os nomes dos que tinham sido eliminados. Alguns começavam a chorar quando era dito o nome deles. Era o pior momento para nós. Depois disto, o que aparecesse pela frente era preferível." Rui, 45 anos, hoje sargento-ajudante, recorda as primeiras semanas do curso de Operações Especiais feito em 1986 como praça. Tudo o que então lhes aparecia pela frente era intenso esforço físico, escasso descanso, muita fome, muito frio - constantes num curso em que "tudo o que se vive e se passa aqui dentro nos marca muito".

O mesmo curso que Rogério, de 23 anos, iniciou este ano depois de "um amigo que está no exército normal" lhe ter falado dos "rangers de Lamego" ou Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), designação actual da unidade criada em Abril de 1960 como Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE).

Rogério informou-se e decidiu "aproveitar a oportunidade antes que ela fugisse". Depois de 12 semanas de recruta normal, o curso principiou de manhã bem cedo com uma prova de ginástica de aptidão militar. "Foi uma sensação de angústia, desorientação. Houve camaradas que desistiram logo", conta este finalista de engenharia informática, para quem "passar o dia todo atrás de uma secretária" era "muito complicado".

"Dorme-se sempre com a mochila, e pode não acontecer nada... ou acontecer", afirma Rui C., de 27 anos, hoje tenente e instrutor no aquartelamento de Penude, uma das três instalações por onde está sediado em Lamego e seus arredores o CTOE, que assumiu esta designação em Julho de 2006.

Em Penude ministra-se o essencial da formação; no aquartelamento da Cruz Alta encontra-se o destacamento operacional, enquanto o comando está sediado no antigo Convento de Santa Cruz, no centro da cidade.

Testar os limites

O inesperado e a pressão são constantes. De dia e de noite. "Fui forçado a aprender a comer muito depressa", recorda Rogério, uma refeição inteira em menos de cinco minutos. Noutros momentos do curso, Rogério não recebe mais do que uma bolacha ou uma peça de fruta para o dia inteiro. Mas os exercícios nunca param.

Assim como não há regras sobre a alimentação "nunca há certeza sobre o tempo de descanso". A finalidade é testar os "limites físicos e psíquicos, a que nunca tínhamos sido levados antes - e ultrapassá- -los", salienta um outro instruendo, Daniel, de 25 anos, natural de Lamego, que frequenta o curso de Operações Especiais para oficiais e sargentos do Quadro Permanente. Curso este ainda mais exigente: "Aqui testa-se a capacidade de comando, obtêm-se ferramentas de liderança; por isso tem de ser mais complexo e exigente", ainda que "exista uma melhor preparação devido à nossa experiência militar", diz Daniel, recentemente saído da Academia Militar.

"Há muitos jovens que chegam aqui a pensar que as Operações especiais são uma espécie de desporto radical. Isto é radical, mas não é nenhum desporto", sublinha Rui, que tomou a decisão de fazer o curso aos 20 anos. Um curso que seu pai, militar de carreira, fizera nos anos 60 na sua primeira fórmula. "Muitos vêm só para ver como é. Mas quem vem com uma ideia definida vai até ao fim", defende Carlos, de 48 anos, sargento-chefe.

Este é o segredo para cumprir o curso com sucesso. "Não se consegue ser de Operações especiais se não se quiser ser do princípio até ao fim", sustenta o coronel Sepúlveda Velloso, de 49 anos. Para o comandante do CTOE desde 2008, é "característica das Operações especiais e de todas as forças de elite testar os limites do indivíduo, para saber com o que se pode contar das suas potencialidades individuais". Como o poder de decisão que se testa ao lançar-se à água do alto de uma ponte numa noite escura.

Mas não é apenas isto. "É tipicamente nosso fazer ver ao indivíduo quais as suas potencialidades, ele deve conhecer-se a si próprio para ganhar a autoconfiança que lhe permita, quando vai para uma missão, identificar situações idênticas que já viveu e não se desviar da tarefa a cumprir." Por isso se testa também a capacidade de o militar sobreviver apenas com os recursos da natureza, edificar abrigos e esconderijos, nadar, correr, marchar e voltar a nadar, a correr e marchar - seis, doze ou 24 horas consecutivas.

O militar de Operações especiais "não pode deixar que as paixões ou as emoções afectem o seu desempenho", conclui o coronel Velloso na síntese sobre um curso em que as taxas de sucesso e fracasso falam por si. Números para os últimos dois anos mostram que a média de insucesso ou desistência não ultrapassa os 5% para os oficiais e sargentos do Quadro Permanente; em contrapartida, no curso de praças e de oficiais e sargentos milicianos situa-se entre os 50% e os 60%. "O instrutor Rui C. defende que esta disparidade resulta da "ausência de qualquer experiência a nível militar".

Longa preparação

Todos vivem nas mesmas condições, confrontados regularmente com elevadas exigências. "Se o instruendo passar por todas as fases em que é testado, quando chega ao campo de batalha tudo se torna mais fácil", sublinha o sargento- -chefe Carlos, que recorda uma máxima dos seus tempos de instrução: "Quanto mais o suor no campo de treino, menos o sangue no campo de batalha."

Uma máxima que ganha toda a actualidade nos teatros de operações onde os efectivos de Operações especiais são empregues: do Afeganistão à Bósnia e ao Kosovo, de Timor-Leste à Guiné-Bissau. Por isso, além dos seis meses do curso, segue-se um ano a ano e meio de intensos exercícios em cenários idênticos aos de situações de conflito real até o militar estar preparado para o terreno (ver texto nas págs. seguintes).

Carlos afirma que esta longa preparação é absolutamente indispensável por duas razões. A primeira é que "os teatros de operação são cada vez mais sofisticados e complexos" e, claro, "o inimigo nunca deve ser subestimado". A segunda relaciona-se com as pessoas: "A juventude é mais frágil hoje do que no tempo da minha instrução", desde há "uns 15 anos que o facto começou a tornar-se evidente". Algo que preocupa Carlos, oriundo de uma família com passado militar. Um factor que não considera determinante. "Há muitos militares do CTOE que não têm quaisquer familiares nas forças armadas, ou que não tiveram no passado."

O próprio universo de recrutamento tem hoje "outras características", explica o comandante do CTOE, "há grandes diferenças entre o presente e o passado. A rusticidade, a motivação, a disciplina, que eram características quase cutâneas no passado, hoje estão um pouco perdidas". A origem social e geográfica dos recrutas é também diferente. Ainda nos anos 80, a maioria dos instruendos, em especial no curso de praças, era proveniente das regiões acima do Mondego - "o que não quer dizer que não tenha havido sempre pessoas de todo o Portugal continental e das Ilhas", clarifica o coronel. Um retrato fixado pelo sargento- -ajudante Rui: "Os homens que aqui apareciam já trabalhavam, fosse nas obras ou na agricultura. Se calhar não tinham os vícios de agora, eram mais robustos, mais modestos."

A unidade de Lamego também atrai pessoas a sul do Mondego. Caso do seu actual comandante. Natural de Lisboa, frequentava a Academia Militar em 1982 quando, "por acaso", soube da existência de uma unidade com aquilo que classifica como "uma componente operacional interessante, com técnicas e tácticas pouco convencionais". O então cadete acredita que esta era a unidade "que se adequava melhor" à sua personalidade. Após o curso de Operações Irregulares, também ministrado no então CIOE e obrigatório para oficiais e sargentos do Quadro Permanente, começa a frequentar o curso de Operações Especiais em Janeiro de 1986.

Esta é a época em que o curso de Lamego era obrigatoriamente completado com o dos Comandos, e vice-versa. Privilegiavam-se, então, as técnicas de sobrevivência, patrulhas de longo raio de acção, montanhismo, tácticas irregulares. É o tempo da Guerra Fria. Hoje, nota o comandante do CTOE, "predomina o combate a curta distância, devido à natureza das ameaças actuais"; o curso é, por outro lado, "também muito mais técnico".

Mas, insiste de imediato, "sem o valor do homem não se consegue operar a máquina". A componente tecnológica é "hoje muito importante no ambiente operacional, no armamento, para a recolha de informação, para a observação", diz o coronel Velloso, que volta a insistir na ideia de que "atrás de uma máquina está sempre um homem".

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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#58 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Jul 10, 2010 8:06 am

...

"Incentivos musicais"

O tempo de curso do coronel Velloso foi "extremamente intenso", com riscos, inevitáveis durante a instrução. Uma vez, "na travessia de um curso de água, ia lá ficando". O responsável do CTOE cita esta situação para sublinhar que "há sempre muitas oportunidades em que se pode morrer". E não tem de ser numa situação de combate. Apesar da especial atenção consagrada à segurança. Hoje há sempre pessoal de enfermagem a acompanhar os exercícios mais perigosos.

O nível de risco e a dureza da preparação em Lamego não foram suficientes para fazerem adormecer o sentido de humor dos camaradas de curso do coronel Velloso, e dele próprio. "Éramos nove perto do final. Quando punham as músicas de acção psicológica, vínhamos para o corredor com mochila, G3 e tudo, e começávamos a dançar" - "o meu tempo na instrução foi o mais divertido que passei na tropa", recorda com um sorriso.

Os bailes improvisados naquela época estão longe de ser o objectivo dos "incentivos musicais", como os classifica o instruendo Rogério. A finalidade é criar arritmias e pressão psicológica. Ouve-se apenas um "trecho de uma composição, durante três horas, se for preciso", diz o antigo informático, num tom de quem se habituou a gerir a situação. "Mas pode ser só 20 minutos, a duração varia de noite para noite; pode nem haver." Nunca há certezas sobre nada - como é da natureza da guerra -, nem sobre o tempo de descanso.

Um descanso passado em camas sem lençóis ou cobertores, onde se dorme fardado, com mochila às costas e arma ao lado. Só se tiram as botas. Isto porque os instruendos têm apenas três minutos para estarem na parada ao grito de "forma".

Um descanso que se aprende a aproveitar em qualquer circunstância. "Até numa caminhada. Segurava a mochila do da frente e pedia ao de trás para me orientar quando mudássemos de direcção. Pelo menos, o cérebro desligava", lembra o comandante do CTOE.

A parelha

Para Operações Especiais só se vai por escolha e motivação pessoal. Como sucedeu com Rogério, Daniel e Rui C., entre os mais recentes. Este, "desde os 15 anos que queria ser de Operações Especiais". Natural de Lamego, lembra-se de ver passar os efectivos do CTOE na cidade e de se imaginar "oficial de infantaria". Por causa do limite de idade, achou "mais indicado ir para a Academia Militar". Aqui, descobre que "os melhores instrutores são todos de Operações Especiais". Toma-os como modelo. Mas evita informar-se sobre o curso. "Queria que fosse uma surpresa", diz enquanto caminha na parada de terra batida de Penude. Só tomou uma precaução: "Engordei 15 quilos para aguentar o esforço."

Um esforço em que o "mais difícil" foram as provas individuais, a maioria colocada na primeira parte do curso. "O pior é quando se está sozinho", nota Rui C.; percepção partilhada por Rogério: "Sozinho, ninguém acaba o curso." Por isso, as Operações Especiais assentam na parelha. "A parelha é um instrumento de sobrevivência e segurança", considera Daniel. Algo que Rogério explica nestes termos: "Ele vai sofrer por minha causa e eu vou sofrer por ele. Se fizer asneira, ele paga por isso, e vice-versa". "A nossa parelha é mais do que um irmão", diz Rui C. "Com a parelha, conta-se sempre", resume o sargento-chefe Carlos.

O que não impede momentos de fraqueza no passado e no presente. "Na minha época, o que nos deixava em baixo era a ausência da família, dos amigos", recorda o tenente. A propósito dos novos recrutas, diz que estes só parecem "ter saudades dos telemóveis", que obviamente lhes são retirados.

"Tirando raras excepções, houve uma época em que quase todos os dias pensei em desistir", confessa Rogério. No sentido oposto, Daniel assegura nunca ter pensado nisso, reconhecendo, contudo, o carácter "único" da unidade: "Costumo definir objectivos na vida, e estar nas Operações Especiais é o topo da minha carreira nesta fase."

Rui C. reconhece que o curso é um "desafio especial", que enfrentou bem devido ao "espírito muito forte" vivido na sua época como instruendo. Se não se viver esse espírito, insiste o tenente, será difícil concluir um curso que se começa no Inverno e se termina no "inferno", referência às semanas finais em que tudo está em jogo.

Nestas se concentram as "provas míticas dos rangers", aquelas em que o indivíduo e parelha vivem como se estivessem no terreno. E podem acabar presos, com tudo o que implica ser prisioneiro de guerra. Mas, passadas estas provas, pouco falta para receber a bóina verde.

(Por motivos de segurança, à excepção do comandante, os entrevistados são referidos pelo primeiro nome e não se publicam as suas fotografias.)


Fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/inter ... id=1614894




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#59 Mensagem por PQD » Qui Jul 15, 2010 11:11 am

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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#60 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Jul 15, 2010 11:24 am

Uma operação em quatro noites, três dias e três minutos

Elementos do CTOE seguem um longo programa de treinos antes de serem considerados aptos para a acção.

Soam tiros a curtos intervalos, são gritadas ordens. Junto de uma fogueira que se apaga, passam vultos que progridem entre tendas e construções térreas, arma empunhada à altura do ombro. São 04.12 da madrugada: é assaltado o acampamento inimigo com o objectivo de capturar um dos seus chefes.

Protegido por sentinelas, o campo está localizado num ponto alto, rodeado por vegetação e um perímetro defensivo, onde foram colocados artefactos de detecção de movimento e armadilhas improvisadas. O grupo de ataque conseguira aproximar-se até poucos metros e há quase duas horas que aguardava, invisível e imóvel, o instante propício para o assalto. Disparos sobre as sentinelas ou uma manobra de diversão a partir de ponto distinto do local de assalto são os sinais para o início da acção.

No acampamento, um dos militares exclama "king, king". Foi detectado o líder inimigo. Três elementos convergem sobre ele, imobilizam-no, colocam-lhe um capacete e um colete à prova de bala, arrastam- -no para fora da casa; lançam granadas explosivas e de fumo - e desaparecem na noite.

Em três minutos termina uma operação iniciada há quatro noites, quando uma unidade de seis efectivos montou um posto de observação a 600 metros do objectivo. Eram, então, 02.05 de uma noite em que a lua entrara em quarto crescente e quase não havia nuvens no céu.

A operação decorreu nas serranias de Mirandela, onde o CTOE realizou o exercício Viriato 10, de 12 a 19 de Junho, um dos exercícios que realiza anualmente. O cenário, este ano, envolveu pequenos destacamentos que deviam capturar dirigentes de guerrilha ou libertar reféns - acções consideradas mais prováveis na actualidade.

A operação iniciou-se após a detecção do alvo considerado relevante. No caso da captura do líder, uma vez identificada a existência da base, foi necessário determinar como se vive ali e quem ali se encontra. Num primeiro momento colocou-se "os olhos no objectivo" para obter informação que permitisse ao comando tomar decisões. Uma patrulha de reconhecimento foi largada a grande distância do alvo, sendo o transporte assegurado por helicóptero numa situação real. "Todo o movimento se faz durante a noite. A noite é a melhor amiga das operações especiais", refere um dos oficiais do CTOE.

Após a largada, o grupo executou uma rápida caminhada, parando algum tempo depois para a primeira comunicação com o comando. Quatro elementos montaram guarda enquanto os restantes estabeleceram contacto. Os olhos estão treinados para trabalharem no escuro.

A progressão decorreu a um ritmo condicionado pelo terreno, a claridade nocturna e as condições de segurança. "Quanto mais perto do objectivo, mais lento o avanço", explica o mesmo oficial.

Em regra, o grupo progride em linha, a intervalos regulares, com o homem da frente a vigiar o que segue atrás de si. São vultos indissociáveis das sombras da vegetação para um observador a cerca de dez metros de distância. "A camuflagem é o segredo da sobrevivência" - eis uma frase frequente nas operações especiais. As indicações são sussurradas ao ouvido ou comunicadas por gestos.

O objectivo foi alcançado em cerca de três horas. Os únicos sons na noite são o coaxar das rãs e um cão que ladra ao longe. O grupo dispôs-se no terreno, os dois homens responsáveis pela observação mais à frente, os restantes junto do rádio, fazendo segurança à posição. Por volta das 03.10, as nuvens tapam o céu, envergam-se os impermeáveis. A temperatura baixa e irá baixar ainda mais até às 04.35, quando surge a primeira claridade. O grupo assegura-se, então, se esta é a posição mais favorável de observação e inicia uma vigilância constante de mais três noites - que foram frias - e três dias - com temperaturas a subir. Os relatórios são enviados a horas certas ou sempre que se verifique algo relevante no alvo. Dorme-se por turnos de duas horas, come-se ração de combate e o estado de alerta é contínuo.

A informação obtida permite ao comando planear a intervenção e respectiva "exfiltração" - a retirada após o ataque. No momento da acção, a patrulha de reconhecimento irá juntar-se à unidade de ataque.

Antes da operação, esta será "esterilizada", como se diz na gíria das Operações Especiais. Não deve levar nada que identifique os seus elementos - alianças, fotografias, insígnia da unidade - nem, se possível, mapas da área onde vai actuar. Tudo deve estar memorizado. Sabem também que, se forem capturados, devem "gerir" a divulgação da informação durante 24 a 48 horas. Depois, aquela deixa de ser relevante. Mas um dia ou dois podem ser demais para um prisioneiro de guerra.

Por isso, estão a treinar há muitos meses, e vão continuar a treinar mais um ano. Para que as missões tenham sucesso e nunca sejam feitos prisioneiros. Receber a bóina verde foi apenas o começo.

Est6e artigo é sobre o FOE do Exército Português.




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