Pressões Nucleares sobre o Brasil
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Pow, não falam em baixar o imposto não? Imagine zerar a tributação da energia, era apagão na certa.
- Pedro Gilberto
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Complementando a notícia...
[]´sSul e CO também poderão receber usinas nucleares
07/06/2010 - 20h11
RIO - As regiões Centro-Oeste e Sul do país também poderão vir a receber centrais nucleares de geração de energia elétrica, afirmou nesta segunda-feira o presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro. Segundo ele, a empresa está ampliando, a pedido do Ministério de Minas e Energia (MME), os estudos dos locais que receberão usinas. O Plano Nacional de Energia prevê a construção de quatro a oito usinas nucleares até 2030.
A previsão inicial é de construção de uma a duas unidades no Nordeste e no Sudeste do país. Cada unidade terá capacidade para se tornar uma central nuclear, com até seis usinas de capacidade de 1 mil a 1,2 mil megawatts, cada. Os estudos, feitos em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), para que o Ministério escolha o local que abrigará a usina no Nordeste, será entregue pela Eletronuclear dentro de três meses. Serão enviadas cinco possibilidades diferentes dentro de cada estado escolhido: Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco. A escolha, segundo Pinheiro, deverá ser feita pelo MME e submetida ao Congresso de acordo com a necessidade social do local. "A construção de uma usina nuclear é um vetor de desenvolvimento", disse, após participar da 33ª Conferência da Associação Internacional para a Economia da Energia, no Rio de Janeiro.
Para ele, o que vai ditar a necessidade do número de unidades até 2030 será o ritmo de crescimento do país. Se o avanço ficar em torno de 3% a 3,5% por ano, a construção de quatro unidades deverá ser suficiente para suprir a demanda. Mas se o Brasil crescer a um ritmo em torno de 4,5% a 5% anuais, serão necessárias mais oito usinas nucleares, além das três de Angra. Como o Rio de Janeiro já vai abrigar três usinas, com a construção da terceira unidade - cuja licença definitiva para construção foi concedida pela Comissão de Energia Nuclear (Cnen) na semana passada -, o estado estaria automaticamente descartado para abrigar a nova central do Sudeste.
"O Rio tende a estar fora. Já São Paulo é tecnicamente uma boa opção do ponto de vista do sistema, porque é um centro de consumo", disse Pinheiro. Os estudos, que apresentarão ao ministério os locais do Sudeste, onde poderá abrigar uma unidade, serão entregues até o final de 2011, ou no início de 2012. Com a entrega dos estudos do Nordeste em três meses e a do Sudeste em pouco mais de um ano, a próxima central nuclear "vai ter que sair seguramente nos próximos dois anos, e a outra, em quatro anos". "Ninguém no mundo, entre decidir e fazer efetivamente, levou menos de 10 anos", disse o presidente da Eletronuclear.
(Juliana Ennes/ Valor)
http://economia.uol.com.br/ultimas-noti ... eares.jhtm
"O homem erra quando se convence de ver as coisas como não são. O maior erro ainda é quando se persuade de que não as viu, tendo de fato visto." Alexandre Dumas
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Avanço, mas sem consenso
RUBENS BARBOSA
A eleição do presidente Obama e o fim do radicalismo “bushiano” abriram espaço para o governo
de Washington propor novas iniciativas em relação à questão do desarmamento e também quanto à
não proliferação. O discurso de Praga sobre a eliminação total das armas atômicas e mais o acordo
assinado em março com a Rússia para a redução dos arsenais de ogivas nucleares foram gestos táticos
dos EUA para reduzir as críticas de inação na área do desarmamento, enquanto aumentava a pressão
sobre os países não nucleares para conter os riscos da proliferação. A Conferência de
Segurança Nuclear, convocada pelos EUA em abril, e a quinta revisão do Tratado de Não Proliferação
(TNP), realizada em maio, no âmbito das Nações Unidas, foram instâncias utilizadas com esse objetivo
pelos países nucleares para a aprovação de medidas e resoluções restritivas.
Os temas do desarmamento e, sobretudo, aquele da não proliferação nuclear pela
ameaça que representam para a paz e a segurança mundiais, em especial a partir da entrada
em cena das redes terroristas, passaram a ser incluídos nas prioridades da agenda internacional.
Para o Brasil, que desenvolve um programa nuclear importante e domina o ciclo
completo do combustível, trata-se de matéria de grande interesse.
A planta de enriquecimento de urânio, em Resende, coloca o Brasil em um seleto clube de
fornecedores desse produto para centrais nucleares espalhadas pelo mundo.
O documento final do TNP contém uma avaliação dos últimos dez anos e um plano de ação que
refletem, em larga medida, as posições defendidas pelo Brasil.
No tocante ao desarmamento, apesar de menos ambicioso do que esperavam os países não
armados nuclearmente, o plano de ação contém pontos positivos e, até certo ponto, também inovadores,
como a ideia de que a redução de arsenais deve abranger não só as armas empregadas como aquelas
armazenadas, e que o processo de redução poderá envolver também as armas nucleares que os
EUA mantêm em território europeu.
Por outro lado, embora tenha ficado muito aquém do que era exigido pelos países
não nucleares, prevaleceu a ideia de se iniciarem consultas com vistas à negociação de um quadro
jurídico mais preciso do desarmamento nuclear.
Quanto à não proliferação, a questão de maior interesse para o Brasil diz respeito
ao tratamento dispensado à aplicação do Protocolo Adicional do TNP, com exigências adicionais por
parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para inspeções em plantas de enriquecimento
de urânio e outras dependências ligadas ao programa nuclear.
A redação ambígua do documento final permitiu que tanto o Brasil como os EUA reivindicassem
que suas preocupações fossem plenamente atendidas. Em vez de linguagem aceitando a
obrigatoriedade do Protocolo Adicional (como pretendiam as potências nucleares), ficou estabelecido,
segundo o Brasil, que se trata de documento voluntário, e que concluí-lo ou não é um direito soberano
de cada Estado. A conferência reconhece que se trata de um padrão de verificação apenas para
os países que assinaram e aplicam o Protocolo Adicional. O Protocolo, portanto, não pode ser
considerado como um padrão de verificação geral das salvaguardas da AIEA.
Nossa interpretação não coincide com a dos países nucleares, em especial a dos EUA, que
afirmam que, pela primeira vez, um documento do TNP reconhece o Protocolo Adicional, junto com o
acordo de salvaguardas da AIEA, como sendo o padrão avançado de verificação do TNP.
No tocante aos usos pacíficos da energia nuclear, as posições brasileiras também foram
atendidas. Entre elas o reconhecimento de que as opções em matéria de energia e de usos pacíficos da
energia nuclear são soberanas e, portanto, devem ser respeitadas, inclusive aquelas relacionadas com o
desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear.
Os resultados da reunião de revisão do TNP são um passo positivo, embora limitado. A questão
das inspeções mais intrusivas da AIEA, de interesse do Brasil, e a decisão de tornar o Oriente Médio
uma zona desnuclearizada continuarão, contudo, sem consenso na agenda global por muito tempo.
RUBENS BARBOSA
A eleição do presidente Obama e o fim do radicalismo “bushiano” abriram espaço para o governo
de Washington propor novas iniciativas em relação à questão do desarmamento e também quanto à
não proliferação. O discurso de Praga sobre a eliminação total das armas atômicas e mais o acordo
assinado em março com a Rússia para a redução dos arsenais de ogivas nucleares foram gestos táticos
dos EUA para reduzir as críticas de inação na área do desarmamento, enquanto aumentava a pressão
sobre os países não nucleares para conter os riscos da proliferação. A Conferência de
Segurança Nuclear, convocada pelos EUA em abril, e a quinta revisão do Tratado de Não Proliferação
(TNP), realizada em maio, no âmbito das Nações Unidas, foram instâncias utilizadas com esse objetivo
pelos países nucleares para a aprovação de medidas e resoluções restritivas.
Os temas do desarmamento e, sobretudo, aquele da não proliferação nuclear pela
ameaça que representam para a paz e a segurança mundiais, em especial a partir da entrada
em cena das redes terroristas, passaram a ser incluídos nas prioridades da agenda internacional.
Para o Brasil, que desenvolve um programa nuclear importante e domina o ciclo
completo do combustível, trata-se de matéria de grande interesse.
A planta de enriquecimento de urânio, em Resende, coloca o Brasil em um seleto clube de
fornecedores desse produto para centrais nucleares espalhadas pelo mundo.
O documento final do TNP contém uma avaliação dos últimos dez anos e um plano de ação que
refletem, em larga medida, as posições defendidas pelo Brasil.
No tocante ao desarmamento, apesar de menos ambicioso do que esperavam os países não
armados nuclearmente, o plano de ação contém pontos positivos e, até certo ponto, também inovadores,
como a ideia de que a redução de arsenais deve abranger não só as armas empregadas como aquelas
armazenadas, e que o processo de redução poderá envolver também as armas nucleares que os
EUA mantêm em território europeu.
Por outro lado, embora tenha ficado muito aquém do que era exigido pelos países
não nucleares, prevaleceu a ideia de se iniciarem consultas com vistas à negociação de um quadro
jurídico mais preciso do desarmamento nuclear.
Quanto à não proliferação, a questão de maior interesse para o Brasil diz respeito
ao tratamento dispensado à aplicação do Protocolo Adicional do TNP, com exigências adicionais por
parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para inspeções em plantas de enriquecimento
de urânio e outras dependências ligadas ao programa nuclear.
A redação ambígua do documento final permitiu que tanto o Brasil como os EUA reivindicassem
que suas preocupações fossem plenamente atendidas. Em vez de linguagem aceitando a
obrigatoriedade do Protocolo Adicional (como pretendiam as potências nucleares), ficou estabelecido,
segundo o Brasil, que se trata de documento voluntário, e que concluí-lo ou não é um direito soberano
de cada Estado. A conferência reconhece que se trata de um padrão de verificação apenas para
os países que assinaram e aplicam o Protocolo Adicional. O Protocolo, portanto, não pode ser
considerado como um padrão de verificação geral das salvaguardas da AIEA.
Nossa interpretação não coincide com a dos países nucleares, em especial a dos EUA, que
afirmam que, pela primeira vez, um documento do TNP reconhece o Protocolo Adicional, junto com o
acordo de salvaguardas da AIEA, como sendo o padrão avançado de verificação do TNP.
No tocante aos usos pacíficos da energia nuclear, as posições brasileiras também foram
atendidas. Entre elas o reconhecimento de que as opções em matéria de energia e de usos pacíficos da
energia nuclear são soberanas e, portanto, devem ser respeitadas, inclusive aquelas relacionadas com o
desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear.
Os resultados da reunião de revisão do TNP são um passo positivo, embora limitado. A questão
das inspeções mais intrusivas da AIEA, de interesse do Brasil, e a decisão de tornar o Oriente Médio
uma zona desnuclearizada continuarão, contudo, sem consenso na agenda global por muito tempo.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
OOOO tava na hora. O Brasil não só o Sudeste e muito menos é só Itaipu. Temos que melhorar nossa rede elétrica, colocar alternativas, para não acontecer novamente o que aconteceu ano passado, um apagão em Itaipu e 75% do Brasil fica sem luz.Pedro Gilberto escreveu:Complementando a notícia...
[]´sSul e CO também poderão receber usinas nucleares
07/06/2010 - 20h11
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"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
O Brasil e o Tratado de Não-Proliferação
Rubens Barbosa
Mesmo antes do fim da guerra fria, o desarmamento nuclear, a não-proliferação de armas atômicas e o uso pacífico da energia nuclear já eram preocupações da comunidade internacional. Em 1968 havia sido negociado o Tratado de Não-Proliferação (TNP), abrangendo essas três vertentes. Nos 40 anos seguintes, em vez de avançarmos no sentido de livrar o mundo da ameaça nuclear, tivemos recuos importantes no processo negociador.
Contrariamente ao disposto no TNP, Israel, Índia e Paquistão tornaram-se potências nucleares sem aderir ao tratado. A Coreia do Norte e o Irã, por sua vez, querem dominar a tecnologia para a construção de artefatos nucleares.
A situação agravou-se mais recentemente, com o temor de que grupos terroristas tenham acesso a produtos ou materiais nucleares. Essa questão passou a dominar quase obsessivamente a agenda doméstica nos EUA depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
A eleição do presidente Barack Obama e o fim do radicalismo "bushiano" abriram espaço para o governo de Washington propor iniciativas adicionais em relação à questão do desarmamento e também quanto à não-proliferação. O discurso de Praga sobre a eliminação total das armas atômicas, mais o acordo assinado em março com a Rússia para a redução dos arsenais de ogivas nucleares foram gestos táticos dos EUA para reduzir as críticas de inação na área do desarmamento, enquanto aumentavam as pressões sobre os países não-nucleares para conter os riscos da proliferação.
A Conferência de Segurança Nuclear, convocada pelos EUA em abril, e a quinta revisão do TNP, realizada em maio, no âmbito da Organização das Nações Unidas, foram instâncias utilizadas com esse objetivo, pelos países nucleares, para a aprovação de medidas e resoluções restritivas. Os temas do desarmamento e, sobretudo, o da não-proliferação nuclear, pela ameaça que representam para a paz e a segurança mundiais, em especial a partir da entrada em cena das redes terroristas, passaram a ser incluídos com alta prioridade na agenda internacional.
Para o Brasil, que desenvolve um programa nuclear importante e domina o ciclo completo do combustível, trata-se de matéria de grande interesse. A planta de enriquecimento de urânio em Resende (RJ) coloca o Brasil num seleto clube de fornecedores desse produto para centrais nucleares espalhadas pelo mundo.
O documento final do TNP contém uma avaliação dos últimos dez anos e um plano de ação que refletem, em larga medida, as posições defendidas pelo Brasil. O equilíbrio de ações em matéria de desarmamento e da não-proliferação confirmou a tese, sempre defendida pelo nosso país, de que ambos os processos se reforçam mutuamente, não sendo, portanto, necessário avançar simultânea e paralelamente com medidas concretas e verificáveis nos dois campos.
Sob o ângulo político, talvez o resultado mais importante tenha sido a decisão de discutir a criação, no Oriente Médio, de uma zona livre de armas nucleares e de outras armas de destruição em massa, em cumprimento da resolução sobre o assunto adotada no bojo do pacote que estendeu o tratado indefinidamente, em 1995, e até aqui paralisada.
No tocante ao desarmamento, apesar de menos ambicioso do que esperavam os países não armados nuclearmente, o plano de ação contém pontos positivos e, até certo ponto, inovadores, como a ideia de que a redução de arsenais deve abranger não só as armas empregadas, mas também as armazenadas, e que o processo de redução poderá envolver ainda as armas nucleares que os EUA mantêm em território europeu. Por outro lado, embora tenha ficado muito aquém do que era exigido pelos países não-nucleares, prevaleceu a ideia de se iniciarem consultas com vista à negociação de um quadro jurídico mais preciso do desarmamento nuclear.
Quanto à não-proliferação, a questão mais importante para o Brasil diz respeito ao tratamento dispensado à aplicação do Protocolo Adicional do TNP, com exigências adicionais para inspeções pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em plantas de enriquecimento de urânio e outras dependências ligadas ao programa nuclear.
A redação ambígua do documento final permitiu que tanto o Brasil como os EUA reivindiquem que suas preocupações foram plenamente atendidas. Em vez de linguagem aceitando a obrigatoriedade do Protocolo Adicional (como pretendiam as potencias nucleares), ficou estabelecido, segundo o Brasil, que se trata de documento voluntário e que concluí-lo ou não é um direito soberano de cada Estado. A conferência reconhece que se trata de um padrão de verificação apenas para os países que assinaram e aplicam o Protocolo Adicional. O protocolo, portanto, não pode ser considerado como um padrão de verificação geral das salvaguardas da AIEA.
Nossa interpretação não coincide com a dos países nucleares, em especial a dos EUA, que afirmam que, pela primeira vez, um documento oficial do TNP reconhece o Protocolo Adicional, juntamente com o Acordo de Salvaguardas da AIEA, como sendo o padrão avançado de verificação do TNP.
No tocante aos usos pacíficos da energia nuclear, as posições brasileiras também foram atendidas. Entre elas, o reconhecimento de que as opções em matéria de energia e de usos pacíficos da energia nuclear são soberanas e, portanto, devem ser respeitadas, inclusive as relacionadas com o desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear.
Os resultados da reunião de revisão do TNP são um passo positivo, embora limitado.
A questão das inspeções mais intrusivas da AIEA, de interesse do Brasil, e a decisão de tornar o Oriente Médio uma zona desnuclearizada continuarão, contudo, por muito tempo, sem consenso na agenda global.
FOI EMBAIXADOR EM WASHINGTON (1999-2004)
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 3141,0.php
Rubens Barbosa
Mesmo antes do fim da guerra fria, o desarmamento nuclear, a não-proliferação de armas atômicas e o uso pacífico da energia nuclear já eram preocupações da comunidade internacional. Em 1968 havia sido negociado o Tratado de Não-Proliferação (TNP), abrangendo essas três vertentes. Nos 40 anos seguintes, em vez de avançarmos no sentido de livrar o mundo da ameaça nuclear, tivemos recuos importantes no processo negociador.
Contrariamente ao disposto no TNP, Israel, Índia e Paquistão tornaram-se potências nucleares sem aderir ao tratado. A Coreia do Norte e o Irã, por sua vez, querem dominar a tecnologia para a construção de artefatos nucleares.
A situação agravou-se mais recentemente, com o temor de que grupos terroristas tenham acesso a produtos ou materiais nucleares. Essa questão passou a dominar quase obsessivamente a agenda doméstica nos EUA depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
A eleição do presidente Barack Obama e o fim do radicalismo "bushiano" abriram espaço para o governo de Washington propor iniciativas adicionais em relação à questão do desarmamento e também quanto à não-proliferação. O discurso de Praga sobre a eliminação total das armas atômicas, mais o acordo assinado em março com a Rússia para a redução dos arsenais de ogivas nucleares foram gestos táticos dos EUA para reduzir as críticas de inação na área do desarmamento, enquanto aumentavam as pressões sobre os países não-nucleares para conter os riscos da proliferação.
A Conferência de Segurança Nuclear, convocada pelos EUA em abril, e a quinta revisão do TNP, realizada em maio, no âmbito da Organização das Nações Unidas, foram instâncias utilizadas com esse objetivo, pelos países nucleares, para a aprovação de medidas e resoluções restritivas. Os temas do desarmamento e, sobretudo, o da não-proliferação nuclear, pela ameaça que representam para a paz e a segurança mundiais, em especial a partir da entrada em cena das redes terroristas, passaram a ser incluídos com alta prioridade na agenda internacional.
Para o Brasil, que desenvolve um programa nuclear importante e domina o ciclo completo do combustível, trata-se de matéria de grande interesse. A planta de enriquecimento de urânio em Resende (RJ) coloca o Brasil num seleto clube de fornecedores desse produto para centrais nucleares espalhadas pelo mundo.
O documento final do TNP contém uma avaliação dos últimos dez anos e um plano de ação que refletem, em larga medida, as posições defendidas pelo Brasil. O equilíbrio de ações em matéria de desarmamento e da não-proliferação confirmou a tese, sempre defendida pelo nosso país, de que ambos os processos se reforçam mutuamente, não sendo, portanto, necessário avançar simultânea e paralelamente com medidas concretas e verificáveis nos dois campos.
Sob o ângulo político, talvez o resultado mais importante tenha sido a decisão de discutir a criação, no Oriente Médio, de uma zona livre de armas nucleares e de outras armas de destruição em massa, em cumprimento da resolução sobre o assunto adotada no bojo do pacote que estendeu o tratado indefinidamente, em 1995, e até aqui paralisada.
No tocante ao desarmamento, apesar de menos ambicioso do que esperavam os países não armados nuclearmente, o plano de ação contém pontos positivos e, até certo ponto, inovadores, como a ideia de que a redução de arsenais deve abranger não só as armas empregadas, mas também as armazenadas, e que o processo de redução poderá envolver ainda as armas nucleares que os EUA mantêm em território europeu. Por outro lado, embora tenha ficado muito aquém do que era exigido pelos países não-nucleares, prevaleceu a ideia de se iniciarem consultas com vista à negociação de um quadro jurídico mais preciso do desarmamento nuclear.
Quanto à não-proliferação, a questão mais importante para o Brasil diz respeito ao tratamento dispensado à aplicação do Protocolo Adicional do TNP, com exigências adicionais para inspeções pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em plantas de enriquecimento de urânio e outras dependências ligadas ao programa nuclear.
A redação ambígua do documento final permitiu que tanto o Brasil como os EUA reivindiquem que suas preocupações foram plenamente atendidas. Em vez de linguagem aceitando a obrigatoriedade do Protocolo Adicional (como pretendiam as potencias nucleares), ficou estabelecido, segundo o Brasil, que se trata de documento voluntário e que concluí-lo ou não é um direito soberano de cada Estado. A conferência reconhece que se trata de um padrão de verificação apenas para os países que assinaram e aplicam o Protocolo Adicional. O protocolo, portanto, não pode ser considerado como um padrão de verificação geral das salvaguardas da AIEA.
Nossa interpretação não coincide com a dos países nucleares, em especial a dos EUA, que afirmam que, pela primeira vez, um documento oficial do TNP reconhece o Protocolo Adicional, juntamente com o Acordo de Salvaguardas da AIEA, como sendo o padrão avançado de verificação do TNP.
No tocante aos usos pacíficos da energia nuclear, as posições brasileiras também foram atendidas. Entre elas, o reconhecimento de que as opções em matéria de energia e de usos pacíficos da energia nuclear são soberanas e, portanto, devem ser respeitadas, inclusive as relacionadas com o desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear.
Os resultados da reunião de revisão do TNP são um passo positivo, embora limitado.
A questão das inspeções mais intrusivas da AIEA, de interesse do Brasil, e a decisão de tornar o Oriente Médio uma zona desnuclearizada continuarão, contudo, por muito tempo, sem consenso na agenda global.
FOI EMBAIXADOR EM WASHINGTON (1999-2004)
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 3141,0.php
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
O Brasil e o Tratado de Não-Proliferação
*Rubens Barbosa - O Estado de S.Paulo
Mesmo antes do fim da guerra fria, o desarmamento nuclear, a não-proliferação de armas atômicas e o uso pacífico da energia nuclear já eram preocupações da comunidade internacional. Em 1968 havia sido negociado o Tratado de Não-Proliferação (TNP), abrangendo essas três vertentes. Nos 40 anos seguintes, em vez de avançarmos no sentido de livrar o mundo da ameaça nuclear, tivemos recuos importantes no processo negociador.
Contrariamente ao disposto no TNP, Israel, Índia e Paquistão tornaram-se potências nucleares sem aderir ao tratado. A Coreia do Norte e o Irã, por sua vez, querem dominar a tecnologia para a construção de artefatos nucleares.
A situação agravou-se mais recentemente, com o temor de que grupos terroristas tenham acesso a produtos ou materiais nucleares. Essa questão passou a dominar quase obsessivamente a agenda doméstica nos EUA depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
A eleição do presidente Barack Obama e o fim do radicalismo "bushiano" abriram espaço para o governo de Washington propor iniciativas adicionais em relação à questão do desarmamento e também quanto à não-proliferação. O discurso de Praga sobre a eliminação total das armas atômicas, mais o acordo assinado em março com a Rússia para a redução dos arsenais de ogivas nucleares foram gestos táticos dos EUA para reduzir as críticas de inação na área do desarmamento, enquanto aumentavam as pressões sobre os países não-nucleares para conter os riscos da proliferação.
A Conferência de Segurança Nuclear, convocada pelos EUA em abril, e a quinta revisão do TNP, realizada em maio, no âmbito da Organização das Nações Unidas, foram instâncias utilizadas com esse objetivo, pelos países nucleares, para a aprovação de medidas e resoluções restritivas. Os temas do desarmamento e, sobretudo, o da não-proliferação nuclear, pela ameaça que representam para a paz e a segurança mundiais, em especial a partir da entrada em cena das redes terroristas, passaram a ser incluídos com alta prioridade na agenda internacional.
Para o Brasil, que desenvolve um programa nuclear importante e domina o ciclo completo do combustível, trata-se de matéria de grande interesse. A planta de enriquecimento de urânio em Resende (RJ) coloca o Brasil num seleto clube de fornecedores desse produto para centrais nucleares espalhadas pelo mundo.
O documento final do TNP contém uma avaliação dos últimos dez anos e um plano de ação que refletem, em larga medida, as posições defendidas pelo Brasil. O equilíbrio de ações em matéria de desarmamento e da não-proliferação confirmou a tese, sempre defendida pelo nosso país, de que ambos os processos se reforçam mutuamente, não sendo, portanto, necessário avançar simultânea e paralelamente com medidas concretas e verificáveis nos dois campos.
Sob o ângulo político, talvez o resultado mais importante tenha sido a decisão de discutir a criação, no Oriente Médio, de uma zona livre de armas nucleares e de outras armas de destruição em massa, em cumprimento da resolução sobre o assunto adotada no bojo do pacote que estendeu o tratado indefinidamente, em 1995, e até aqui paralisada.
No tocante ao desarmamento, apesar de menos ambicioso do que esperavam os países não armados nuclearmente, o plano de ação contém pontos positivos e, até certo ponto, inovadores, como a ideia de que a redução de arsenais deve abranger não só as armas empregadas, mas também as armazenadas, e que o processo de redução poderá envolver ainda as armas nucleares que os EUA mantêm em território europeu. Por outro lado, embora tenha ficado muito aquém do que era exigido pelos países não-nucleares, prevaleceu a ideia de se iniciarem consultas com vista à negociação de um quadro jurídico mais preciso do desarmamento nuclear.
Quanto à não-proliferação, a questão mais importante para o Brasil diz respeito ao tratamento dispensado à aplicação do Protocolo Adicional do TNP, com exigências adicionais para inspeções pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em plantas de enriquecimento de urânio e outras dependências ligadas ao programa nuclear.
A redação ambígua do documento final permitiu que tanto o Brasil como os EUA reivindiquem que suas preocupações foram plenamente atendidas. Em vez de linguagem aceitando a obrigatoriedade do Protocolo Adicional (como pretendiam as potencias nucleares), ficou estabelecido, segundo o Brasil, que se trata de documento voluntário e que concluí-lo ou não é um direito soberano de cada Estado. A conferência reconhece que se trata de um padrão de verificação apenas para os países que assinaram e aplicam o Protocolo Adicional. O protocolo, portanto, não pode ser considerado como um padrão de verificação geral das salvaguardas da AIEA.
Nossa interpretação não coincide com a dos países nucleares, em especial a dos EUA, que afirmam que, pela primeira vez, um documento oficial do TNP reconhece o Protocolo Adicional,
juntamente com o Acordo de Salvaguardas da AIEA, como sendo o padrão avançado de verificação do TNP.
No tocante aos usos pacíficos da energia nuclear, as posições brasileiras também foram atendidas. Entre elas, o reconhecimento de que as opções em matéria de energia e de usos pacíficos da energia nuclear são soberanas e, portanto, devem ser respeitadas, inclusive as relacionadas com o desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear.
Os resultados da reunião de revisão do TNP são um passo positivo, embora limitado.
A questão das inspeções mais intrusivas da AIEA, de interesse do Brasil, e a decisão de tornar o Oriente Médio uma zona desnuclearizada continuarão, contudo, por muito tempo, sem consenso na agenda global.
*FOI EMBAIXADOR EM WASHINGTON (1999-2004)
*Rubens Barbosa - O Estado de S.Paulo
Mesmo antes do fim da guerra fria, o desarmamento nuclear, a não-proliferação de armas atômicas e o uso pacífico da energia nuclear já eram preocupações da comunidade internacional. Em 1968 havia sido negociado o Tratado de Não-Proliferação (TNP), abrangendo essas três vertentes. Nos 40 anos seguintes, em vez de avançarmos no sentido de livrar o mundo da ameaça nuclear, tivemos recuos importantes no processo negociador.
Contrariamente ao disposto no TNP, Israel, Índia e Paquistão tornaram-se potências nucleares sem aderir ao tratado. A Coreia do Norte e o Irã, por sua vez, querem dominar a tecnologia para a construção de artefatos nucleares.
A situação agravou-se mais recentemente, com o temor de que grupos terroristas tenham acesso a produtos ou materiais nucleares. Essa questão passou a dominar quase obsessivamente a agenda doméstica nos EUA depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
A eleição do presidente Barack Obama e o fim do radicalismo "bushiano" abriram espaço para o governo de Washington propor iniciativas adicionais em relação à questão do desarmamento e também quanto à não-proliferação. O discurso de Praga sobre a eliminação total das armas atômicas, mais o acordo assinado em março com a Rússia para a redução dos arsenais de ogivas nucleares foram gestos táticos dos EUA para reduzir as críticas de inação na área do desarmamento, enquanto aumentavam as pressões sobre os países não-nucleares para conter os riscos da proliferação.
A Conferência de Segurança Nuclear, convocada pelos EUA em abril, e a quinta revisão do TNP, realizada em maio, no âmbito da Organização das Nações Unidas, foram instâncias utilizadas com esse objetivo, pelos países nucleares, para a aprovação de medidas e resoluções restritivas. Os temas do desarmamento e, sobretudo, o da não-proliferação nuclear, pela ameaça que representam para a paz e a segurança mundiais, em especial a partir da entrada em cena das redes terroristas, passaram a ser incluídos com alta prioridade na agenda internacional.
Para o Brasil, que desenvolve um programa nuclear importante e domina o ciclo completo do combustível, trata-se de matéria de grande interesse. A planta de enriquecimento de urânio em Resende (RJ) coloca o Brasil num seleto clube de fornecedores desse produto para centrais nucleares espalhadas pelo mundo.
O documento final do TNP contém uma avaliação dos últimos dez anos e um plano de ação que refletem, em larga medida, as posições defendidas pelo Brasil. O equilíbrio de ações em matéria de desarmamento e da não-proliferação confirmou a tese, sempre defendida pelo nosso país, de que ambos os processos se reforçam mutuamente, não sendo, portanto, necessário avançar simultânea e paralelamente com medidas concretas e verificáveis nos dois campos.
Sob o ângulo político, talvez o resultado mais importante tenha sido a decisão de discutir a criação, no Oriente Médio, de uma zona livre de armas nucleares e de outras armas de destruição em massa, em cumprimento da resolução sobre o assunto adotada no bojo do pacote que estendeu o tratado indefinidamente, em 1995, e até aqui paralisada.
No tocante ao desarmamento, apesar de menos ambicioso do que esperavam os países não armados nuclearmente, o plano de ação contém pontos positivos e, até certo ponto, inovadores, como a ideia de que a redução de arsenais deve abranger não só as armas empregadas, mas também as armazenadas, e que o processo de redução poderá envolver ainda as armas nucleares que os EUA mantêm em território europeu. Por outro lado, embora tenha ficado muito aquém do que era exigido pelos países não-nucleares, prevaleceu a ideia de se iniciarem consultas com vista à negociação de um quadro jurídico mais preciso do desarmamento nuclear.
Quanto à não-proliferação, a questão mais importante para o Brasil diz respeito ao tratamento dispensado à aplicação do Protocolo Adicional do TNP, com exigências adicionais para inspeções pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em plantas de enriquecimento de urânio e outras dependências ligadas ao programa nuclear.
A redação ambígua do documento final permitiu que tanto o Brasil como os EUA reivindiquem que suas preocupações foram plenamente atendidas. Em vez de linguagem aceitando a obrigatoriedade do Protocolo Adicional (como pretendiam as potencias nucleares), ficou estabelecido, segundo o Brasil, que se trata de documento voluntário e que concluí-lo ou não é um direito soberano de cada Estado. A conferência reconhece que se trata de um padrão de verificação apenas para os países que assinaram e aplicam o Protocolo Adicional. O protocolo, portanto, não pode ser considerado como um padrão de verificação geral das salvaguardas da AIEA.
Nossa interpretação não coincide com a dos países nucleares, em especial a dos EUA, que afirmam que, pela primeira vez, um documento oficial do TNP reconhece o Protocolo Adicional,
juntamente com o Acordo de Salvaguardas da AIEA, como sendo o padrão avançado de verificação do TNP.
No tocante aos usos pacíficos da energia nuclear, as posições brasileiras também foram atendidas. Entre elas, o reconhecimento de que as opções em matéria de energia e de usos pacíficos da energia nuclear são soberanas e, portanto, devem ser respeitadas, inclusive as relacionadas com o desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear.
Os resultados da reunião de revisão do TNP são um passo positivo, embora limitado.
A questão das inspeções mais intrusivas da AIEA, de interesse do Brasil, e a decisão de tornar o Oriente Médio uma zona desnuclearizada continuarão, contudo, por muito tempo, sem consenso na agenda global.
*FOI EMBAIXADOR EM WASHINGTON (1999-2004)
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
EDITORIAL
Diplomacia contra a bomba
A grande novidade da revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), assinada por 189 países na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, no último dia 28, é a disposição conjunta – inclusive do Irã e dos Estados Unidos – de discutir o desarmamento do Oriente Médio. A região é considerada o barril de pólvora do mundo, e a existência de arsenais nucleares em países da área acirra o clima de animosidade, produzindo elevada tensão em todo o planeta. Segundo o documento, a ONU deverá convocar uma reunião específica sobre o tema em 2012, com a presença dos EUA e dos países árabes, tendo como principal foco a realização de inspeções regulares das instalações nucleares e a diminuição do poder atômico de Israel, assim como a fiscalização efetiva da capacidade atômica do Irã.
A revisão do TNP é feita a cada cinco anos, mas na última edição não houve acordo, pois qualquer decisão no fórum deve ser aceita por unanimidade. Portanto, é a primeira reunião consensual em uma década. O TNP está em vigor desde 1968, tendo surgido numa época em que a Guerra Fria mantinha a paz sempre por um fio de suspeita. Credita-se ao tratado a limitação de potências atômicas, por um lado, e a manutenção de uma geopolítica em desequilíbrio, por outro. Afinal, apenas os EUA, a Rússia, a Inglaterra, a França e a China são autorizados a guardar seus estoques de bombas enquanto reduzem o seu tamanho. Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte não são signatários do TNP.
Apesar da condenação veemente dos israelenses – que foram citados textualmente no documento, ficando mais uma vez sob pressão para abrir suas usinas para os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a exemplo do que se solicita do Irã – o acordo firmado foi considerado um grande avanço diplomático contra a disseminação da bomba. Israel reclama, mas faz o mesmo jogo de cena do Irã, sem negar nem confirmar o poderio atômico. Neste sentido, o texto do TNP apresenta o mérito da equanimidade, sem dois pesos e duas medidas: o mesmo rigor deve valer para Teerã e Telavive. Tudo que não se quer é outra corrida nuclear no século 21, imitando o que de pior houve no século 20. Para dar ao menos demonstrações de transparência, norte-americanos e ingleses divulgaram números oficiais de seus arsenais atômicos: 5.113 ogivas ativas é o estoque dos EUA, quantidade que teria sido reduzida em 84% desde 1967, segundo o Pentágono, e o Reino Unido, 225 ogivas – o que dá uma ideia nítida da força americana acumulada na insana corrida com a ex-União Soviética.
As vitórias diplomáticas costumam ser tímidas, e geralmente pouco valorizadas, na construção de um panorama global de paz e harmonia entre os povos. O clima de confronto aberto no Oriente Médio impôs a interlocutores desconfiados dos EUA e do Irã, pelo menos, o reconhecimento da noção de que o equilíbrio de forças é o primeiro passo para a convivência minimamente pacífica na região. Nas negociações que tornaram possível o acordo do TNP, nenhum lado saiu satisfeito – o que pode ser bom, como escreveu em recente artigo na Folha de S. Paulo, o coordenador do Centro de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Matias Spektor. Para ele, “um acordo diplomático entre dois competidores somente é bom se a satisfação deles for parcial. A vitória inquestionável de um significaria o fracasso absoluto para o outro, tornando qualquer acordo insustentável”. É nesta linha de avanço dentro dos limites do possível que se inscreve o relativo otimismo proporcionado pelo novo acordo de não proliferação de armas nucleares.
Até 2012, quando os países do Oriente Médio deverão se sentar à mesa para discutir metas de desarmamento, os membros do Conselho de Segurança da ONU deverão dar o exemplo, e fazer a sua parte. É importante que a opinião pública cobre a diminuição drástica do fabuloso arsenal existente, que, como se diz, teria a capacidade de aniquilar o planeta várias vezes. Para que a diplomacia em nome das gerações futuras seja convincente, o triste legado da nossa e das gerações passadas terá que ser combatido.
Diplomacia contra a bomba
A grande novidade da revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), assinada por 189 países na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, no último dia 28, é a disposição conjunta – inclusive do Irã e dos Estados Unidos – de discutir o desarmamento do Oriente Médio. A região é considerada o barril de pólvora do mundo, e a existência de arsenais nucleares em países da área acirra o clima de animosidade, produzindo elevada tensão em todo o planeta. Segundo o documento, a ONU deverá convocar uma reunião específica sobre o tema em 2012, com a presença dos EUA e dos países árabes, tendo como principal foco a realização de inspeções regulares das instalações nucleares e a diminuição do poder atômico de Israel, assim como a fiscalização efetiva da capacidade atômica do Irã.
A revisão do TNP é feita a cada cinco anos, mas na última edição não houve acordo, pois qualquer decisão no fórum deve ser aceita por unanimidade. Portanto, é a primeira reunião consensual em uma década. O TNP está em vigor desde 1968, tendo surgido numa época em que a Guerra Fria mantinha a paz sempre por um fio de suspeita. Credita-se ao tratado a limitação de potências atômicas, por um lado, e a manutenção de uma geopolítica em desequilíbrio, por outro. Afinal, apenas os EUA, a Rússia, a Inglaterra, a França e a China são autorizados a guardar seus estoques de bombas enquanto reduzem o seu tamanho. Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte não são signatários do TNP.
Apesar da condenação veemente dos israelenses – que foram citados textualmente no documento, ficando mais uma vez sob pressão para abrir suas usinas para os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a exemplo do que se solicita do Irã – o acordo firmado foi considerado um grande avanço diplomático contra a disseminação da bomba. Israel reclama, mas faz o mesmo jogo de cena do Irã, sem negar nem confirmar o poderio atômico. Neste sentido, o texto do TNP apresenta o mérito da equanimidade, sem dois pesos e duas medidas: o mesmo rigor deve valer para Teerã e Telavive. Tudo que não se quer é outra corrida nuclear no século 21, imitando o que de pior houve no século 20. Para dar ao menos demonstrações de transparência, norte-americanos e ingleses divulgaram números oficiais de seus arsenais atômicos: 5.113 ogivas ativas é o estoque dos EUA, quantidade que teria sido reduzida em 84% desde 1967, segundo o Pentágono, e o Reino Unido, 225 ogivas – o que dá uma ideia nítida da força americana acumulada na insana corrida com a ex-União Soviética.
As vitórias diplomáticas costumam ser tímidas, e geralmente pouco valorizadas, na construção de um panorama global de paz e harmonia entre os povos. O clima de confronto aberto no Oriente Médio impôs a interlocutores desconfiados dos EUA e do Irã, pelo menos, o reconhecimento da noção de que o equilíbrio de forças é o primeiro passo para a convivência minimamente pacífica na região. Nas negociações que tornaram possível o acordo do TNP, nenhum lado saiu satisfeito – o que pode ser bom, como escreveu em recente artigo na Folha de S. Paulo, o coordenador do Centro de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Matias Spektor. Para ele, “um acordo diplomático entre dois competidores somente é bom se a satisfação deles for parcial. A vitória inquestionável de um significaria o fracasso absoluto para o outro, tornando qualquer acordo insustentável”. É nesta linha de avanço dentro dos limites do possível que se inscreve o relativo otimismo proporcionado pelo novo acordo de não proliferação de armas nucleares.
Até 2012, quando os países do Oriente Médio deverão se sentar à mesa para discutir metas de desarmamento, os membros do Conselho de Segurança da ONU deverão dar o exemplo, e fazer a sua parte. É importante que a opinião pública cobre a diminuição drástica do fabuloso arsenal existente, que, como se diz, teria a capacidade de aniquilar o planeta várias vezes. Para que a diplomacia em nome das gerações futuras seja convincente, o triste legado da nossa e das gerações passadas terá que ser combatido.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
09/06/2010-18h25
Brasil deu "tiro no pé" e diminuiu chance de assento permanente na ONU, diz analista
MARIA CAROLINA ABE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
PUBLICIDADE
Em sessão realizada nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma quarta rodada de sanções contra o Irã devido ao seu programa nuclear.
Dos 15 membros do Conselho, 12 votaram a favor das sanções --incluindo China e Rússia, que têm fortes laços com o governo de Teerã--, o Líbano se absteve, e Brasil e Turquia foram os únicos que votaram contra a medida.
Para Heni Ozi Cukier, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em resolução de conflitos internacionais, o Brasil deu um "tiro no pé" e minimizou sua chance de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança.
De acordo com o analista --que já trabalhou no Conselho da ONU e na OEA (Organização dos Estados Americanos)-- a postura do Brasil também unificou os membros permanentes do Conselho, incluindo China e Rússia.
No dia 17 de maio, Brasil, Turquia e Irã assinaram um entendimento pelo qual Teerã se comprometeu a enviar 1.200 quilos de seu estoque de urânio pouco enriquecido à Turquia, sua vizinha, para em um ano receber de volta 120 quilos do material processado a 20% para uso em pesquisa médica. "Agora ficou claro como esse acordo brasileiro não tinha nenhuma validade, e que o Brasil errou", opina Cukier.
Na entrevista, ele disse ainda que o Irã está "muito próximo" de construir uma bomba atômica, e está "fazendo de tudo" para que " todo mundo ache que possui uma bomba".
Leia a íntegra da entrevista que Cukier deu à Folha por telefone.
*
Folha - Na votação de hoje no Conselho de Segurança da ONU, 12 membros votaram a favor, o Líbano se absteve e Brasil e Turquia votaram contra uma nova rodada de sanções ao Irã. Como o senhor avalia essa votação?
Cukier - Acho muito estranha a posição brasileira, na contramão do que está acontecendo no mundo. Os próprios países aliados do Irã [Rússia e China] tomaram uma posição ao sentir que o assunto estava ficando banalizado. O Brasil e a Turquia entraram na discussão sem entender o que acontece. Essa discussão está acontecendo há mais de dez anos, eles não estão participando esse tempo todo e saíram a público festejando "resolvemos, acabou, está solucionado!". Como assim? O assunto que foi contemplando aí [no acordo] não faz parte das questões que estão sendo discutidas. Então, o Brasil conseguiu fazer o mais difícil: unificar os cinco [membros] permanentes. Ele facilitou que Rússia e China mudassem sua posição ao ver que o Conselho estava perdendo total credibilidade. Agora ficou claro como esse acordo brasileiro não tinha nenhuma validade e que o Brasil errou.
Folha - Houve uma certa ingenuidade por parte de Brasil e Turquia?
Cukier - Eu não consigo imaginar que seja ingenuidade, porque entre países não existe amizade, existem interesses. Acho que foi uma falha grave, uma tentativa de puxar para um lado, mas foi puxado para o outro lado com muito mais força. Quiseram liderar numa questão sem ter capacidade para fazer isso.
Folha - Essa falta de capacidade seria devido à falta de experiência no Conselho?
Cukier - Falta de experiência no Conselho ou falta de seriedade quanto ao assunto, falta de estar acompanhando o assunto. Se o Brasil vai relativizar uma norma tão clara como essa, uma norma que o Brasil cumpre --é um signatário do Tratado de Não Proliferação e permite que os inspetores venham aqui e façam o seu trabalho--, o Irã não permite que isso aconteça, e o Brasil está defendendo o Irã. Não tem nenhum cabimento, porque é uma violação muito categórica, não permite interpretações.
Folha - Como o Brasil sai dessa "novela", após ter insistido num acordo que foi refutado e após votar contra as sanções?
Cukier - Eu diria que o Brasil minimiza sua chance de conseguir um assento permanente [no Conselho de Segurança da ONU]. Os países que hoje apoiam isso são exatamente França, Inglaterra e os americanos. São exatamente os seus aliados e com os quais o Brasil compartilha valores democráticos, respeito aos direitos humanos, cumpre suas obrigações internacionais. Ou seja, o Brasil vai na contramão de tudo o que ele é por essência e do que ele está almejando politicamente, que é o assento [permanente] no Conselho.
Folha - Hoje o premiê russo, Vladimir Putin, falou que sanções são ineficazes, mesmo a Rússia tendo votado a favor delas. Como se explica essa aparente contradição?
Cukier - Ele está certo, isso é um fato das relações internacionais: sanções econômicas não têm impacto nenhum ou dificilmente conseguem alcançar os objetivos desejados. Os americanos sabem disso, todo mundo sabe disso. O Irã está sob sanções há quanto tempo? E isso não está o impedindo de avançar com seu programa nuclear. O mesmo com a Coreia do Norte. Mas as sanções têm um efeito simbólico, é uma demonstração de que existe um consenso e de que estamos caminhando em uma direção.
Folha - Então seria mais pelo isolamento politico?
Cukier - O isolamento político e talvez uma possível outra medida mais dura futuramente.
Folha - Que tipo de medida?
Cukier - Por exemplo, o uso da força poderia ser justificado. Não se poderá dizer que não tentaram dialogar.
Folha - Tendo em vista o que já foi publicado sobre o programa nuclear iraniano, o senhor acredita que o Irã tenha condições de enriquecer urânio o suficiente para produzir uma bomba?
Cukier - Eu diria que eles estão muito próximos disso. E quanto mais próximos disso, mais próximos de uma alternativa militar ou de uso da força contra eles --por parte de Israel provavelmente. É um país que financia o terrorismo, treina dois inimigos que estão em guerra constante com Israel, vem a público e nega o Holocausto, diz que vai riscar Israel do mapa. Hoje o Irã não é mais uma teocracia, mas uma ditadura militar e um Estado policial. Essa ameaça para Israel é uma ameaça existencial.
Folha - E como interfere o fato de Israel não ser signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP)?
Cukier - Pode ser um agravante ou não. Israel tem a bomba há muitos anos. Já teve muitas guerras e situações de defesa na qual estava perdendo, e nunca a usou. Não tem ambições de conquistar ou eliminar o Egito, ou de acabar com a Jordânia, ou de destruir a Síria. Tanto que nunca atacou as capitais.
Folha - Mas não seria coerente um movimento concomitante de pressionar Israel a aderir ao TNP?
Cukier - A lógica seria essa, mas não vai acontecer. Desde sua fundação, Israel foi atacado em várias guerras por todos os países vizinhos e a maioria não reconhece a existência do Estado. Então Israel vê isso como uma garantia de que vai sobreviver, é uma forma de dissuasão contra ataques. O Irã tinha a opção de não ter assinado [o tratado].
Folha - Pode-se esperar a deterioração das relações do Irã com Rússia e China por eles terem votado a favor das sanções?
Cukier - Pode e não pode. O Irã precisa deles. Existe pressão em cima da Rússia e da China e eles não podem ficar se abstendo o tempo todo. O Irã depende desses dois países, e precisa deles para evitar que se tome medidas mais contundentes. Inclusive, essas sanções não avançaram mais porque a China e a Rússia não deixaram.
Folha - Como as sanções poderiam avançar mais?
Cukier - Elas poderiam ser mais amplas, cortar exportações e importações. A única sanção verdadeira econômica que funcionaria no caso do Irã seria cortar as importações de gasolina. O Irã é um grande produtor de petróleo, ele exporta, mas não refina. Então, importa muita gasolina.
Folha - Essa acusação na prática ainda não comprovada contra o Irã tem semelhança a quando se acusou o Iraque de ter armas de destruição em massa, fato que depois foi provado errado?
Cukier - Eu diria que tem umas diferenças bem explícitas. A primeira delas é que quem diz que o Irã viola suas obrigações não são os EUA, mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que é um braço da ONU, responsável por certificar que os países cumprem suas obrigações perante o tratado. A segunda é que ninguém está dizendo que ele tem uma bomba, mas sim que está violando as normas internacionais, porque não permite que os inspetores se certifiquem que seu programa é pacífico. Essa violação já existe. Se o Irã quer mostrar que ele desafia o mundo, que não deixa os inspetores entrarem, enquanto a cada dia é descoberta uma nova instalação nuclear clandestina e secreta, construída embaixo na terra num bunker (...), no final das contas pode estar todo mundo errado, mas o Irã está fazendo de tudo pra que todo mundo ache que tem uma bomba.
Brasil deu "tiro no pé" e diminuiu chance de assento permanente na ONU, diz analista
MARIA CAROLINA ABE
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Em sessão realizada nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma quarta rodada de sanções contra o Irã devido ao seu programa nuclear.
Dos 15 membros do Conselho, 12 votaram a favor das sanções --incluindo China e Rússia, que têm fortes laços com o governo de Teerã--, o Líbano se absteve, e Brasil e Turquia foram os únicos que votaram contra a medida.
Para Heni Ozi Cukier, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em resolução de conflitos internacionais, o Brasil deu um "tiro no pé" e minimizou sua chance de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança.
De acordo com o analista --que já trabalhou no Conselho da ONU e na OEA (Organização dos Estados Americanos)-- a postura do Brasil também unificou os membros permanentes do Conselho, incluindo China e Rússia.
No dia 17 de maio, Brasil, Turquia e Irã assinaram um entendimento pelo qual Teerã se comprometeu a enviar 1.200 quilos de seu estoque de urânio pouco enriquecido à Turquia, sua vizinha, para em um ano receber de volta 120 quilos do material processado a 20% para uso em pesquisa médica. "Agora ficou claro como esse acordo brasileiro não tinha nenhuma validade, e que o Brasil errou", opina Cukier.
Na entrevista, ele disse ainda que o Irã está "muito próximo" de construir uma bomba atômica, e está "fazendo de tudo" para que " todo mundo ache que possui uma bomba".
Leia a íntegra da entrevista que Cukier deu à Folha por telefone.
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Folha - Na votação de hoje no Conselho de Segurança da ONU, 12 membros votaram a favor, o Líbano se absteve e Brasil e Turquia votaram contra uma nova rodada de sanções ao Irã. Como o senhor avalia essa votação?
Cukier - Acho muito estranha a posição brasileira, na contramão do que está acontecendo no mundo. Os próprios países aliados do Irã [Rússia e China] tomaram uma posição ao sentir que o assunto estava ficando banalizado. O Brasil e a Turquia entraram na discussão sem entender o que acontece. Essa discussão está acontecendo há mais de dez anos, eles não estão participando esse tempo todo e saíram a público festejando "resolvemos, acabou, está solucionado!". Como assim? O assunto que foi contemplando aí [no acordo] não faz parte das questões que estão sendo discutidas. Então, o Brasil conseguiu fazer o mais difícil: unificar os cinco [membros] permanentes. Ele facilitou que Rússia e China mudassem sua posição ao ver que o Conselho estava perdendo total credibilidade. Agora ficou claro como esse acordo brasileiro não tinha nenhuma validade e que o Brasil errou.
Folha - Houve uma certa ingenuidade por parte de Brasil e Turquia?
Cukier - Eu não consigo imaginar que seja ingenuidade, porque entre países não existe amizade, existem interesses. Acho que foi uma falha grave, uma tentativa de puxar para um lado, mas foi puxado para o outro lado com muito mais força. Quiseram liderar numa questão sem ter capacidade para fazer isso.
Folha - Essa falta de capacidade seria devido à falta de experiência no Conselho?
Cukier - Falta de experiência no Conselho ou falta de seriedade quanto ao assunto, falta de estar acompanhando o assunto. Se o Brasil vai relativizar uma norma tão clara como essa, uma norma que o Brasil cumpre --é um signatário do Tratado de Não Proliferação e permite que os inspetores venham aqui e façam o seu trabalho--, o Irã não permite que isso aconteça, e o Brasil está defendendo o Irã. Não tem nenhum cabimento, porque é uma violação muito categórica, não permite interpretações.
Folha - Como o Brasil sai dessa "novela", após ter insistido num acordo que foi refutado e após votar contra as sanções?
Cukier - Eu diria que o Brasil minimiza sua chance de conseguir um assento permanente [no Conselho de Segurança da ONU]. Os países que hoje apoiam isso são exatamente França, Inglaterra e os americanos. São exatamente os seus aliados e com os quais o Brasil compartilha valores democráticos, respeito aos direitos humanos, cumpre suas obrigações internacionais. Ou seja, o Brasil vai na contramão de tudo o que ele é por essência e do que ele está almejando politicamente, que é o assento [permanente] no Conselho.
Folha - Hoje o premiê russo, Vladimir Putin, falou que sanções são ineficazes, mesmo a Rússia tendo votado a favor delas. Como se explica essa aparente contradição?
Cukier - Ele está certo, isso é um fato das relações internacionais: sanções econômicas não têm impacto nenhum ou dificilmente conseguem alcançar os objetivos desejados. Os americanos sabem disso, todo mundo sabe disso. O Irã está sob sanções há quanto tempo? E isso não está o impedindo de avançar com seu programa nuclear. O mesmo com a Coreia do Norte. Mas as sanções têm um efeito simbólico, é uma demonstração de que existe um consenso e de que estamos caminhando em uma direção.
Folha - Então seria mais pelo isolamento politico?
Cukier - O isolamento político e talvez uma possível outra medida mais dura futuramente.
Folha - Que tipo de medida?
Cukier - Por exemplo, o uso da força poderia ser justificado. Não se poderá dizer que não tentaram dialogar.
Folha - Tendo em vista o que já foi publicado sobre o programa nuclear iraniano, o senhor acredita que o Irã tenha condições de enriquecer urânio o suficiente para produzir uma bomba?
Cukier - Eu diria que eles estão muito próximos disso. E quanto mais próximos disso, mais próximos de uma alternativa militar ou de uso da força contra eles --por parte de Israel provavelmente. É um país que financia o terrorismo, treina dois inimigos que estão em guerra constante com Israel, vem a público e nega o Holocausto, diz que vai riscar Israel do mapa. Hoje o Irã não é mais uma teocracia, mas uma ditadura militar e um Estado policial. Essa ameaça para Israel é uma ameaça existencial.
Folha - E como interfere o fato de Israel não ser signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP)?
Cukier - Pode ser um agravante ou não. Israel tem a bomba há muitos anos. Já teve muitas guerras e situações de defesa na qual estava perdendo, e nunca a usou. Não tem ambições de conquistar ou eliminar o Egito, ou de acabar com a Jordânia, ou de destruir a Síria. Tanto que nunca atacou as capitais.
Folha - Mas não seria coerente um movimento concomitante de pressionar Israel a aderir ao TNP?
Cukier - A lógica seria essa, mas não vai acontecer. Desde sua fundação, Israel foi atacado em várias guerras por todos os países vizinhos e a maioria não reconhece a existência do Estado. Então Israel vê isso como uma garantia de que vai sobreviver, é uma forma de dissuasão contra ataques. O Irã tinha a opção de não ter assinado [o tratado].
Folha - Pode-se esperar a deterioração das relações do Irã com Rússia e China por eles terem votado a favor das sanções?
Cukier - Pode e não pode. O Irã precisa deles. Existe pressão em cima da Rússia e da China e eles não podem ficar se abstendo o tempo todo. O Irã depende desses dois países, e precisa deles para evitar que se tome medidas mais contundentes. Inclusive, essas sanções não avançaram mais porque a China e a Rússia não deixaram.
Folha - Como as sanções poderiam avançar mais?
Cukier - Elas poderiam ser mais amplas, cortar exportações e importações. A única sanção verdadeira econômica que funcionaria no caso do Irã seria cortar as importações de gasolina. O Irã é um grande produtor de petróleo, ele exporta, mas não refina. Então, importa muita gasolina.
Folha - Essa acusação na prática ainda não comprovada contra o Irã tem semelhança a quando se acusou o Iraque de ter armas de destruição em massa, fato que depois foi provado errado?
Cukier - Eu diria que tem umas diferenças bem explícitas. A primeira delas é que quem diz que o Irã viola suas obrigações não são os EUA, mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que é um braço da ONU, responsável por certificar que os países cumprem suas obrigações perante o tratado. A segunda é que ninguém está dizendo que ele tem uma bomba, mas sim que está violando as normas internacionais, porque não permite que os inspetores se certifiquem que seu programa é pacífico. Essa violação já existe. Se o Irã quer mostrar que ele desafia o mundo, que não deixa os inspetores entrarem, enquanto a cada dia é descoberta uma nova instalação nuclear clandestina e secreta, construída embaixo na terra num bunker (...), no final das contas pode estar todo mundo errado, mas o Irã está fazendo de tudo pra que todo mundo ache que tem uma bomba.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Agora já não entendo mais nada, não funciona, mas é melhor fazer? que lógica é essa? eu baixo sanções contra você logo posso entrar em conflito, é assim?
Não quero o Irã com nukes do mesmo jeito que não quero com ninguém, mas essa entrevista ai está deveras inconsistente.
Cortar exportações do Irã? O japão e a China vão comprar óleo de quem? fala sério!!!!
.
sei, sei, agora sim entendi!
Forte abraço
Não quero o Irã com nukes do mesmo jeito que não quero com ninguém, mas essa entrevista ai está deveras inconsistente.
Cortar exportações do Irã? O japão e a China vão comprar óleo de quem? fala sério!!!!
.
Cukier - Eu diria que tem umas diferenças bem explícitas. A primeira delas é que quem diz que o Irã viola suas obrigações não são os EUA, mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que é um braço da ONU
sei, sei, agora sim entendi!
Forte abraço
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Santiago escreveu:09/06/2010-18h25
Brasil deu "tiro no pé" e diminuiu chance de assento permanente na ONU, diz analista
MARIA CAROLINA ABE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
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Em sessão realizada nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma quarta rodada de sanções contra o Irã devido ao seu programa nuclear.
Dos 15 membros do Conselho, 12 votaram a favor das sanções --incluindo China e Rússia, que têm fortes laços com o governo de Teerã--, o Líbano se absteve, e Brasil e Turquia foram os únicos que votaram contra a medida.
Para Heni Ozi Cukier, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em resolução de conflitos internacionais, o Brasil deu um "tiro no pé" e minimizou sua chance de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança.
De acordo com o analista --que já trabalhou no Conselho da ONU e na OEA (Organização dos Estados Americanos)-- a postura do Brasil também unificou os membros permanentes do Conselho, incluindo China e Rússia.
No dia 17 de maio, Brasil, Turquia e Irã assinaram um entendimento pelo qual Teerã se comprometeu a enviar 1.200 quilos de seu estoque de urânio pouco enriquecido à Turquia, sua vizinha, para em um ano receber de volta 120 quilos do material processado a 20% para uso em pesquisa médica. "Agora ficou claro como esse acordo brasileiro não tinha nenhuma validade, e que o Brasil errou", opina Cukier.
Na entrevista, ele disse ainda que o Irã está "muito próximo" de construir uma bomba atômica, e está "fazendo de tudo" para que " todo mundo ache que possui uma bomba".
Leia a íntegra da entrevista que Cukier deu à Folha por telefone.
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Folha - Na votação de hoje no Conselho de Segurança da ONU, 12 membros votaram a favor, o Líbano se absteve e Brasil e Turquia votaram contra uma nova rodada de sanções ao Irã. Como o senhor avalia essa votação?
Cukier - Acho muito estranha a posição brasileira, na contramão do que está acontecendo no mundo. Os próprios países aliados do Irã [Rússia e China] tomaram uma posição ao sentir que o assunto estava ficando banalizado. bem os EUA fez enormes concessões para todos, só não os fez para Brasil e Turquia por que dizia que eram seus aliados e acreditava que iriam tremer e se abster...hoje sentam e choram.
O Brasil e a Turquia entraram na discussão sem entender o que acontece. Brincou, o Itamaraty e a Turquia não sabem o que está jogo, só rindo. Essa discussão está acontecendo há mais de dez anos, eles não estão participando esse tempo todo e saíram a público festejando "resolvemos, acabou, está solucionado!". Como assim? O assunto que foi contemplando aí [no acordo] não faz parte das questões que estão sendo discutidas. Então, o Brasil conseguiu fazer o mais difícil: unificar os cinco [membros] permanentes. Ele facilitou que Rússia e China mudassem sua posição ao ver que o Conselho estava perdendo total credibilidade. Agora ficou claro como esse acordo brasileiro não tinha nenhuma validade e que o Brasil errou.
Folha - Houve uma certa ingenuidade por parte de Brasil e Turquia?
Cukier - Eu não consigo imaginar que seja ingenuidade, porque entre países não existe amizade, existem interesses. Acho que foi uma falha grave, uma tentativa de puxar para um lado, mas foi puxado para o outro lado com muito mais força. Quiseram liderar numa questão sem ter capacidade para fazer isso ok, mas ele não disse que eles não conheciam os interesses, isso não é ingenuidade?.
Folha - Essa falta de capacidade seria devido à falta de experiência no Conselho?
Cukier - Falta de experiência no Conselho ou falta de seriedade quanto ao assunto, falta de estar acompanhando o assunto. Se o Brasil vai relativizar uma norma tão clara como essa, uma norma que o Brasil cumpre --é um signatário do Tratado de Não Proliferação e permite que os inspetores venham aqui e façam o seu trabalho--, o Irã não permite que isso aconteça hã, e o Brasil está defendendo o Irã. Não tem nenhum cabimento, porque é uma violação muito categórica, não permite interpretações como?.
Folha - Como o Brasil sai dessa "novela", após ter insistido num acordo que foi refutado e após votar contra as sanções?
Cukier - Eu diria que o Brasil minimiza sua chance de conseguir um assento permanente [no Conselho de Segurança da ONU]. Os países que hoje apoiam isso são exatamente França, Inglaterra e os americanos. São exatamente os seus aliados e com os quais o Brasil compartilha valores democráticos, respeito aos direitos humanos, cumpre suas obrigações internacionais. Ou seja, o Brasil vai na contramão de tudo o que ele é por essência e do que ele está almejando politicamente, que é o assento [permanente] no Conselho.
Folha - Hoje o premiê russo, Vladimir Putin, falou que sanções são ineficazes, mesmo a Rússia tendo votado a favor delas. Como se explica essa aparente contradição?
Cukier - Ele está certo, isso é um fato das relações internacionais: sanções econômicas não têm impacto nenhum ou dificilmente conseguem alcançar os objetivos desejados. Os americanos sabem disso, todo mundo sabe disso. O Irã está sob sanções há quanto tempo? E isso não está o impedindo de avançar com seu programa nuclear. O mesmo com a Coreia do Norte. Mas as sanções têm um efeito simbólico, é uma demonstração de que existe um consenso e de que estamos caminhando em uma direção. guerra?
Folha - Então seria mais pelo isolamento politico?
Cukier - O isolamento político e talvez uma possível outra medida mais dura futuramente.
Folha - Que tipo de medida?
Cukier - Por exemplo, o uso da força poderia ser justificado. Não se poderá dizer que não tentaram dialogar.
Folha - Tendo em vista o que já foi publicado sobre o programa nuclear iraniano, o senhor acredita que o Irã tenha condições de enriquecer urânio o suficiente para produzir uma bomba?
Cukier - Eu diria que eles estão muito próximos disso. E quanto mais próximos disso, mais próximos de uma alternativa militar ou de uso da força contra eles --por parte de Israel provavelmente.
É um país que financia o terrorismo, treina dois inimigos que estão em guerra constante com Israel ( bom Israel também treina a guerrilha curda e o grupo "terrorista sunita iraniano"), vem a público e nega o Holocausto, diz que vai riscar Israel do mapa (bom, o Libermann queria atacar a represa de Assuan).Hoje o Irã não é mais uma teocracia, mas uma ditadura militar e um Estado policial. Essa ameaça para Israel é uma ameaça existencial. (israel sabe que o Irã não é ameaça para ele, o que ocorre que o Irã nuclear a Arabia Saudita e Egito vão exigir programas nucleares...aí ferrou tudo).
Folha - E como interfere o fato de Israel não ser signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP)?
Cukier - Pode ser um agravante ou não. Israel tem a bomba há muitos anos. Já teve muitas guerras e situações de defesa na qual estava perdendo, e nunca a usou. Mas, ameaçou-a usar em 1973. Não tem ambições de conquistar ou eliminar o Egito, ou de acabar com a Jordânia, ou de destruir a Síria. Tanto que nunca atacou as capitais. Bom, pelo que me lembre o Irã em nenhuma das guerras atacou algum país nem preventivamente...criminosamente sim os Curdos que por uma sacanagem da Grã-Bretanha nem tem um estado nacional.
Folha - Mas não seria coerente um movimento concomitante de pressionar Israel a aderir ao TNP?
Cukier - A lógica seria essa, mas não vai acontecer. Desde sua fundação, Israel foi atacado em várias guerras por todos os países vizinhos e a maioria não reconhece a existência do Estado. Então Israel vê isso como uma garantia de que vai sobreviver, é uma forma de dissuasão contra ataques. O Irã tinha a opção de não ter assinado [o tratado]. Bom, o Irã foi atacado (deixei o mapa a baixo) por URSS, Inglaterra, Iraque e Afeganistão, acho que o argumento não é esse e não tem nenhum país que o apoia como fazem os EUA.
Folha - Pode-se esperar a deterioração das relações do Irã com Rússia e China por eles terem votado a favor das sanções?
Cukier - Pode e não pode. O Irã precisa deles. okExiste pressão em cima da Rússia e da China e eles não podem ficar se abstendo o tempo todo. O Irã depende desses dois países, e precisa deles para evitar que se tome medidas mais contundentes. Inclusive, essas sanções não avançaram mais porque a China e a Rússia não deixaram.
Folha - Como as sanções poderiam avançar mais?
Cukier - Elas poderiam ser mais amplas, cortar exportações e importações. A única sanção verdadeira econômica que funcionaria no caso do Irã seria cortar as importações de gasolina. O Irã é um grande produtor de petróleo, ele exporta, mas não refina. Então, importa muita gasolina.
Folha - Essa acusação na prática ainda não comprovada contra o Irã tem semelhança a quando se acusou o Iraque de ter armas de destruição em massa, fato que depois foi provado errado?
Cukier - Eu diria que tem umas diferenças bem explícitas. A primeira delas é que quem diz que o Irã viola suas obrigações não são os EUA, mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que é um braço da ONU, responsável por certificar que os países cumprem suas obrigações perante o tratado. A segunda é que ninguém está dizendo que ele tem uma bomba, mas sim que está violando as normas internacionais, porque não permite que os inspetores se certifiquem que seu programa é pacífico. Essa violação já existe. Se o Irã quer mostrar que ele desafia o mundo, que não deixa os inspetores entrarem, enquanto a cada dia é descoberta uma nova instalação nuclear clandestina e secreta, construída embaixo na terra num bunker (...), no final das contas pode estar todo mundo errado, mas o Irã está fazendo de tudo pra que todo mundo ache que tem uma bomba.(na verdade se achassem que ele tem bomba, vide Corea, Paquistão e India a situação é outra, o inferno é antes...depois estranhamente as potências parecem que preferem acomodação
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Nem dá bola, o cara é Israelita, ia dizer o quê? Ademais, a FSP deve estar numa josta daquelas para botar um Professor da ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING para comentar Relações Internacionais neste nível, melhor que isso só o Lula comentando futebol no Esporte Espetacular, domingo passado, ou eu falando de Física Nuclear...
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P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Como eu gostaria que o Brasil tivesse espalhadas secretamente pelo seu território, umas 200 ogivas prontas e material guardado para fazer centenas de outras...Como eu gostaria de, ao menor sinal de sanções contra nós, o Brasil, recebendo apoio de outros países da AS, também imporia retaliações e ameaças, como suspender fornecimento de carne e alimentos, o que elevaria as alturas seu preço no mercado internacional, provocando uma rápida "negociação". O Brasil, como protagonista mundial, ao lado dos Brics e outros emergentes, necessita um maior investimento militar, o que todos esperamos pela END. Mas, hoje em dia, é preciso ter um "seguro" nuclear. O ideal seria nenhum país ter nucs, mas se alguns tem, outros também poderiam....se alguns tem icbm's, porque outros não podem desenvolver mísseis com mais de 300 km de alcance....Foi sodas os acordos assinados no passado pelo Brasil
Por outro lado, concordo com a iniciativa turco-brasileira de acordo com o Irã, corroborando com os colegas que dizem que, longe de ser loucura, atuação fora de nossa alçada e quetales, foi uma tentativa louvável de tentar diálogo, antes de só vir imposições e porretes. Se estas funcionasssem para todos, tudo bem, mas navegam a merçê dos interessem das potências. Porque a polícia do mundo, só se rebela quando há interesses econômicos envolvidos. Se tão bonzinhos e motivados unicamente fossem, não permitiriam atrocidades que ocorrem na África por exemplo. Para mim, ainda que amanhã se descobrisse que o Irã tem a bomba, a tentativa turco-brasileira teria sido válida, pois o acordo visava diálogo e desenvolvimento de energia para fins pacíficos (enriq. até 20%). A partir de uma suposta bomba nuclear iraniana, certamente, mesmo sabendo das razões existenciais do estado iraniano de almejá-la, Turquia e Brasil não ficariam do lado iraniano e se sentiriam traídos pelo mandatário persa, motivando uma posição condenatória ao seu regime.
Grande abraço a todos!
Por outro lado, concordo com a iniciativa turco-brasileira de acordo com o Irã, corroborando com os colegas que dizem que, longe de ser loucura, atuação fora de nossa alçada e quetales, foi uma tentativa louvável de tentar diálogo, antes de só vir imposições e porretes. Se estas funcionasssem para todos, tudo bem, mas navegam a merçê dos interessem das potências. Porque a polícia do mundo, só se rebela quando há interesses econômicos envolvidos. Se tão bonzinhos e motivados unicamente fossem, não permitiriam atrocidades que ocorrem na África por exemplo. Para mim, ainda que amanhã se descobrisse que o Irã tem a bomba, a tentativa turco-brasileira teria sido válida, pois o acordo visava diálogo e desenvolvimento de energia para fins pacíficos (enriq. até 20%). A partir de uma suposta bomba nuclear iraniana, certamente, mesmo sabendo das razões existenciais do estado iraniano de almejá-la, Turquia e Brasil não ficariam do lado iraniano e se sentiriam traídos pelo mandatário persa, motivando uma posição condenatória ao seu regime.
Grande abraço a todos!
Editado pela última vez por Rodrigoiano em Qui Jun 10, 2010 7:09 am, em um total de 1 vez.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
O unico meio do Brasil garantir a propria segurança é se tornando uma potencia militar, eu acho que não podemos contar com os outros paises da AL, por um motivo simples: São facilmente compraveis!
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Vi vc citando a fisica nuclear Tulio e não pude deixar de lembrar de uma piada que é bem oq aconteceu com esse professor comentarista de relações exteriores...rsTúlio escreveu:Nem dá bola, o cara é Israelita, ia dizer o quê? Ademais, a FSP deve estar numa josta daquelas para botar um Professor da ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING para comentar Relações Internacionais neste nível, melhor que isso só o Lula comentando futebol no Esporte Espetacular, domingo passado, ou eu falando de Física Nuclear...
Abaixo:
Um homem estava sentado no avião, ao lado de uma menininha. O cara olhou a criança e lhe disse:
- Vamos conversar?
Tenho certeza que a viagem parecerá mais rápida.
O que você acha?
A menina, que acabava de abrir um livro para ler, o fechou lentamente e respondeu com voz suave:
- Sobre o que gostaria de conversar?
- Bom, não sei... disse o homem.
- Que tal física nuclear?
- E mostrou um grande sorriso.
- Bom, disse a pequena; Esse parece ser um tema interessante. Mas antes, gostaria de lhe fazer uma pergunta: o cavalo, a vaca e a ovelha comem a mesma coisa: capim, não é mesmo? Porém, o excremento da ovelha é um monte de pequenas bolinhas, o da vaca é uma pasta e o do cavalo é um monte de pelotas secas.
Por que o senhor acha que isto acontece?
O cara, visivelmente surpreso com a inteligência da menina, pensou durante uns momentos e respondeu:
- Hmmm, não faço a menor idéia.
E então, a menininha disse:
- Sinceramente. O senhor se sente qualificado para discutir física nuclear, se não entende de bosta nenhuma?
Rssss...
Desculpem o Off topic...mas não resisti.
Abs
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Pensei o mesmo!!!Túlio escreveu:Nem dá bola, o cara é Israelita, ia dizer o quê? Ademais, a FSP deve estar numa josta daquelas para botar um Professor da ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING para comentar Relações Internacionais neste nível, melhor que isso só o Lula comentando futebol no Esporte Espetacular, domingo passado, ou eu falando de Física Nuclear...
São os "embaixadores" da Glóbolonews...
[]'s.
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