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Mensagem
por Bender » Sáb Jun 05, 2010 11:48 am
Apenas uma istorinha
Á uma duzia de páginas atrás,coloquei um texto que tem por origem o site da embaixada americana,o texto foi uma bola levantada,mas ignorada e esquecida.
Não quero fazer aqui nenhuma tese,nem análise histórica,nem pesquisa acadêmica,mesmo porque a preguiça e saco cheio tem dominado meus pensamentos e palavras,só contar uma istorinha banal.
O texto esquecido e ignorado,trata da subordinação do poder militar ao poder civil,é uma espécie de “conselho” ao Brasil dado pelos EUA de como conduzir as relações entre civis e militares nas democracias republicanas.
Muitos aqui talvez pela juventude,não tenham acompanhado a criação do ministério da Defesa no governo do sr. pres. FHC,e os debates em torno do assunto.
A criação do MD veio na esteira de outros compromissos assumidos por aquele governo dentre os quais a renuncia a fabricação de mísseis de longo alcance,na realidade a criação do MD do Brasil foi um “conselho” dado ao governo brasileiro e prontamente acatado.
A intenção da criação do MD prontamente acatada pelo governo brasileiro tinha por objetivo tirar poder e autonomia das FAs,surgia nitidamente como um projeto de transformar as FAs em meros aparelhos militares/policiais,aptos somente para cumprir missões de caráter interno ou fronteiriço,de combate ao tráfico de drogas e contrabando no contexto sul-americano que inclusive serviriam de suporte as políticas dos EUA na região,e por conseguinte o aniquilamento completo de qualquer capacidade de dissuasão ou projeção de poder das nossas FAs.
Ao mesmo tempo um dos argumentos alienígenas que foi levado em conta pelo então governo brasileiro,era de que FAs despojadas de poder real,seriam muito menos capazes,de aventuras políticas golpistas,uma espécie de temor dos revanchistas de plantão.
Um figurino bem delineado para que se estabelecesse a vulnerabilidade e dependência definitiva do país.
Aparentemente o projeto correu conforme o esperado nos dois mandatos do sr. pres. FHC,o sucateamento dos equipamentos corria célere e a desilusão e inconformismo dentro dos quartéis corriam junto,ao mesmo tempo em que sucessivos ministros da defesa iam sendo substituídos diante da resistência existente nas FAs quanto a este quadro, que se estabelecia.
A criação das escolas militares no inicio do século passado,foram o inicio da criação dos quadros de oficiais e do desenvolvimento do pensamento político pró ativo sobre as questões nacionais por parte da comunidade militar no Brasil,a missão francesa, e a liberdade de pensamento ainda existente dentro das forças resultaria na criação de correntes políticas dentro das forças em uma época em que até os pensamentos de esquerda faziam parte da convicção de muitos dos seus membros,a posterior participação das FAs na segunda guerra,começaria a delinear uma linha de pensamento,que viria a “ajustar” e “definir” as ideologias que permaneceriam como sustentáculo do pensamento das FAs até os dias de hoje.
Com apoio dos setores militares e de inteligência dos EUA seria criada a ESG,que por conseguinte criaria o “manual” do pensamento que seria consolidado a partir daí,e teria o seu auge durante o regime de 64,tendo como mentor o então Min. Golberi do C. Silva,quando foram promovidos os derradeiros expurgos do oficialato dissidente do manual vigente,a corrente esquerdista das FAs,seria sepultada definitivamente nesta ocasião .
Ao mesmo tempo surgiria uma nova divisão de pensamento que viria a marcar o pensamento político dentro das FAs,os “nacionalistas” que entendiam que o Brasil deveria ter posições próprias em contraposição aos “entreguistas” que pregavam o alinhamento incondicional aos EUA.
A ultima demonstração explicita da corrente nacionalista seria proferida quando da quebra do acordo militar BrasilxEua no Governo do sr. pres. Ernesto Geisel,cansado de receber restos de material da Coréia e de comprar canhões novos e receber usados com meia vida.
Com a falência política dos governos militares e a chegada dos governos civis,as FAs entrariam em um período de ostracismo forçado diante das grandes questões nacionais,e veriam ano após ano,sendo relegados de seu papel de sustentáculo do estado,e a cartada definitiva para seu afastamento definitivo do poder político seria perpretada com a criação do ministério da Defesa,mancomunado entre o governo ds EUA e o governo do então pres. FHC.
Neste ponto se encontra o cisma do pensamento entreguista dentro das FAs.
O inconformismo da corrente nacionalista,iria ser contemplado de forma inimaginável com a gestação da END em um governo “teoricamente” de esquerda,mas de forte característica nacionalista,indo diretamente de encontro aos ideais de fortalecimento dissuasório das FAs desta corrente, para a preservação da integridade do território nacional,tomada em princípio com desconfiança política o desenrolar dos acontecimentos,traria consigo ainda uma convulsão interna dos remanescentes do pensamento anti esquerdista nas forças ,que viam neste movimento governamental mais um ardil do poder civil,para subjugar definitivamente as forças militares sob seu comando.
Mas aparentemente as desconfianças começaram a se dissipar.
Quando finalmente chegamos ao debate dos recentes projetos de fortalecimento e compras das FAs,fica claro que a questão que fere e incomoda os EUA,são na verdade questões de fundo doutrinários da quebra do projeto estabelecido e traçado por eles mesmos do enfraquecimento das forças armadas brasileiras,para condição de forças internas e inofensivas,mas por vezes os dedos vão mas ficam os anéis.
Fica patente também,que não haverá mais espaço para a corrente entreguista dentro das forças armadas,obstante a simpatia ideológica notória de alguns de seus membros por aderir a projetos dependentes dos EUA,ainda é cedo para se fazer uma avaliação mais segura sobre o destino de todos os projetos em andamento,mas podemos ter a certeza que tratá-se de um caminho sem volta,pelo menos na questão de que poder terão as FAs daqui para o futuro,não se contentarão mais em ser um arremedo de policia,mesmo estando sob o poder civil,terão que ter em mãos novamente a força material e humana necessária para fazer frente aos desafios futuros,não se contentarão com menos que isso,muito menos se contentarão em ceder ao adesismo complacente aos EUA,por mais que algumas correntes ainda resistam.
Sds.