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Mensagem
por Marino » Ter Jun 01, 2010 10:09 am
ESP:
Odebrecht faz acordo com EADS para criar empresa dedicada à área
militar
Perspectivas. Com a parceria, cujo valor de investimento não foi divulgado, empresas ganham
força para disputar contratos das Forças Armadas, governos e indústrias nacionais; para a
Odebrecht, acordo também é oportunidade para crescer no exterior
Roberto Godoy - O Estado de S.Paulo
O projeto da Odebrecht para
atuar amplamente no mercado nacional e
internacional de equipamentos e serviços
militares avançou consideravelmente:
ontem, o grupo brasileiro e o europeu
EADS DS - Defence & Security, com
sede na Alemanha, anunciaram em
Munique a criação de uma joint venture
destinada a operar com as Forças
Armadas, governos e indústrias
nacionais, além de contemplar o
mercado exportador.
A nova empresa será instalada
em São Paulo. É um acordo de gigantes
- a Odebrecht é um dos três maiores
grupos empresariais do País e a EADS
DS é a segunda maior corporação do
mundo no campo de defesa, produtos e
serviços - a empresa faz parte do grupo
EADS, que controla a fabricante de aviões Airbus.
Segundo o superintendente da Odebrecht Industrial, Roberto Simões, "a EADS DS é um parceiro
com amplo interesse em transferência de tecnologia avançada". Para o ministro da Defesa, Nelson
Jobim, "o acordo, mostra que a indústria nacional está disposta a ser um ator global - aliás, como
preconizamos na Estratégia Nacional de Defesa".
A primeira área de atuação conjunta será no campo da integração de sistemas. Simões destacou
as capacidades da Odebrecht em projeção geopolítica, marketing internacional e ações comerciais de
grande porte. "De olho no futuro, é também uma plataforma de exportações", disse, lembrando que a
EADS pretende ter uma forte atuação fora da Europa até 2020. O valor do investimento e o formato da
nova marca serão definidos até 15 de julho.
Compromisso. O presidente da EADS DS, Stefan Zoller, afirmou que o negócio "é a
comprovação de nosso compromisso com o Brasil". Os dois parceiros mantêm importantes contratos no
Brasil no campo da Defesa. A EADS vai fornecer 51 helicópteros pesados para a Marinha, o Exército e a
Aeronáutica. Quase todos serão produzidos na fábrica da Helibrás, em Itajubá (MG). O contrato é de R$
1,8 bilhão.
Esse negócio, entretanto, nada tem a ver com a joint venture. Trata-se de ramos diferentes do
mesmo conglomerado europeu. O novo acordo empresarial envolve exclusivamente o braço de defesa e
segurança - e não o de aeroespaço, todo independente.
A Odebrecht já é a parceira dos armadores franceses DCNS no programa Pro Sub, do qual
resultarão um estaleiro, uma base naval, quatro submarinos Scorpéne, de propulsão diesel-elétrica, e um
submarino nuclear - um contrato de 6,7 bilhões, cerca de R$ 16,7 bilhões.
O prazo do empreendimento é 2015, na Ilha da Madeira, em Itaguaí, no litoral fluminense. Ao
lado das instalações da Nuclep, o braço industrial do complexo nuclear do Brasil, começou a obra da
Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas, UFEM. Depois, virão as instalações industriais e a base
de submarinos. O presidente Lula visitará o local em agosto, após dois adiamentos. O pacote completo
da infraestrutura vale 1,86 bilhão para a Construtora Norberto Odebrecht, majoritária no CBS (Consórcio
Baía de Sepetiba), formado pela DCNS da França e pela Marinha do Brasil, que detém a "golden share" -
o direito de veto. As áreas envolvidas somam 980 mil metros quadrados, dos quais 750 mil m² na lâmina
de água do mar.
ANÁLISE
Parceria mostra importância maior do Brasil no setor
*Gunther Rudzit - O Estado de S.Paulo
O anúncio de associação entre a EADS e a Odebrecht é um fato muito significativo para o Brasil
e seu setor privado. Essa parceria explicita a percepção europeia de que, nos próximos anos,
provavelmente por esta década, a situação econômica europeia e dos países desenvolvidos será de
grande aperto orçamentário. Consequentemente, os gastos militares, no mínimo, não devem aumentar,
ou mais realisticamente, devem diminuir.
Assim, o Brasil desponta como um parceiro muito interessante para este gigante da área
aeroespacial. Primeiramente como um excelente cliente prospectivo, tendo em vista o grande projeto de
reaparelhamento das Forças Armadas brasileiras, que pode ultrapassar os US$ 100 bilhões nos
próximos 30 anos. Assim, fica claro que, para os europeus, o próximo presidente, seja qual for, não irá
interromper esse programa.
Além das dimensões desse mercado, sejam quais forem os fornecedores, a visão é de que serão
necessários parceiros brasileiros. Com essa parceria, a vantagem dos europeus cresce muito, uma vez
que a EADS está presente em muitos setores de defesa, e passará a ter um grande diferencial frente aos
concorrentes americanos ou russos.
E vemos, por fim, o surgimento de uma verdadeira gigante transnacional brasileira. Com atuação
em dezenas de países e diversas áreas, a Odebrecht, entra definitivamente em um setor estratégico para
qualquer governo. Essa parceria, com certeza, é mais um fator a elevar a percepção do Brasil como
potência em ascensão.
*É COORDENADOR DO CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA FAAP
Grupo brasileiro faz aposta de longo prazo
Para o presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, não há "como a iniciativa privada
participar do mercado de Defesa se não tiver a percepção da Estratégia Nacional de Defesa como
política de Estado, que transcende governos". O significado da afirmação é que a organização está
apostando a longo prazo no seu novo ramo de negócios. Essa é a característica principal do associado
EADS DS. Trata-se de duas grandes corporações.
A Odebrecht emprega perto de 100 mil pessoas. Atua em 17 países em setores como construção
pesada, infraestrutura, engenharia ambiental e industrial e petroquímica. Em 2009, a receita bateu em R$
40 bilhões. Já a EADS DS gera 21 mil empregos e faturou, no mesmo período, 5,4 bilhões. Seu portfólio
abrange de sensores eletrônicos a mísseis e aviões não tripulados.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco