GEOPOLÍTICA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: GEOPOLÍTICA

#2221 Mensagem por prp » Sáb Mai 29, 2010 11:07 pm

Carlos Mathias escreveu:Meu pai era assim, até FHC congelar o salário dele por oito anos. Virou Lula. :lol:
Cara parece que seu pai conhecia o meu, com ele aconteceu o mesmo :D"Só meu cunhado que tá difícil. Ainda bem que cunhado não é parente :D




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DELTA22
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Re: GEOPOLÍTICA

#2222 Mensagem por DELTA22 » Sáb Mai 29, 2010 11:11 pm

Carlos Mathias escreveu:Meu pai era assim, até FHC congelar o salário dele por oito anos. Virou Lula. :lol:
Eu acreditava no que ele dizia. Eu era novo, nem votava naquela época, e fiquei esperando, depois da eleição a reação dos militares. Até que depois de eleito, antes da posse, vi militares cumprimentando Lula, pessoal da segurança da Presidencia da República escoltando e fazendo sua segurança e achei aquilo muito estranho. Fui conversar com meu avô e ele disse que aquilo eram só os "soldados rasos", que era pra eu esperar depois da posse em BSB. O dia da posse chegou, passou e nada... Meu avô tinha errado na previsão, por respeito nunca mais comentei sobre o assunto, nem ele! :)
Boas lembranças!! 8-]

[]'s.




"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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Re: GEOPOLÍTICA

#2223 Mensagem por Carlos Mathias » Sáb Mai 29, 2010 11:14 pm

Pois é, hoje meu pai não quer nem lembrar da era FHC, ainda mais por causa do entreguismo.
Mas ele sempre me falou que "os comunistas sempre são nacionalistas e investem nas FAs".

Não é que ele acertou? :D




Enlil
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Re: GEOPOLÍTICA

#2224 Mensagem por Enlil » Sáb Mai 29, 2010 11:46 pm

Seus comunaaazzz :lol:...




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Re: GEOPOLÍTICA

#2225 Mensagem por Enlil » Dom Mai 30, 2010 1:51 am

OPINIÃO – “Sanções vão polarizar hemisférios”, diz o nobel Mohamed ElBaradei
29/05/2010

Joana Duarte, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO – Em entrevista exclusiva ao Jornal do Brasil, o ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Mohamed ElBaradei, Nobel da Paz em 2005, não esconde a sua satisfação com o acordo sobre a troca de combustível nuclear mediado pelo Brasil e pela Turquia em Teerã no último dia 17. Para o ex-diplomata egípcio, a decisão do governo iraniano de firmar a declaração representa um ponto de partida para a ampliação das negociações sobre o programa nuclear iraniano. ElBaradei, de 67 anos, diz que se surpreendeu com a reação de alguns países ao afirmarem que continuariam com o projeto de sanções ao Irã. Neste sentido, alerta: “Esta insistência em se conseguir tudo antes de começar a negociar é a razão pela qual desperdiçamos seis anos na questão iraniana. Sanções levam a um beco sem saída, e novos confrontos virão”.

O senhor se surpreendeu quando o Irã aceitou assinar a Declaração de Teerã coordenada por Brasil e a Turquia?

Não me surpreendi nem um pouco. Estive envolvido nessas negociações durante muitos anos, quando ainda era o diretor-geral da AIEA, cargo que ocupei até novembro do ano passado. Sempre considerei que o diálogo é a única verdadeira solução para o programa nuclear iraniano, e fico feliz que o Irã tenha firmado o acordo através dos bons ofícios da Turquia e do Brasil. Mesmo depois de ter deixado a agência atômica, mantive contato com Celso Amorim e o ministro das Relações Exteriores da Turquia, encorajando-os a prosseguir nos seus esforços. O que me surpreendeu foi a reação de alguns países de afirmar que continuariam com o projeto de sanções ao Irã. Se Teerã retirar mais da metade do seu material nuclear do país e enviá-lo à Turquia, isso será claramente um esforço de construção de confiança e revelará as intenções do Irã de cooperar. O combustível que permanecerá no país estará seguro, sob salvaguardas da AIEA, e não há absolutamente nenhuma ameaça iminente de que o Irã irá desenvolver uma bomba a partir deste material. O acordo deve ser compreendido como uma medida de confiança inicial, um passo à frente dado pelo Irã, que decidiu finalmente estender a sua mão e dizer que está pronto para negociar. Alguns meses atrás, em setembro, Obama afirmou que estava pronto para negociar com o Irã sem condições prévias. Agora, o Irã respondeu, e eu esperava que a oferta seria vista como um ponto de partida para as negociações. É claro que há uma série de outras questões não resolvidas, como, por exemplo, a razão de o Irã continuar a dizer que vai enriquecer urânio a 20% mesmo depois de receber o combustível necessário para o seu reator de pesquisas. Mas todos nós sabemos que estas questões só serão resolvidas através do diálogo. Decidir prosseguir com as sanções mesmo depois deste acordo seria totalmente contraproducente. É como não aceitar o sim como resposta. Em qualquer negociação, nunca conseguimos tudo o que queremos no início. Esta insistência em se conseguir tudo antes de começar a negociar é a razão pela qual desperdiçamos seis anos na questão iraniana. Espero que os países que ainda insistem em adotar sanções repensem a sua posição. Sanções, em minha opinião, levam a um beco sem saída, e novos confrontos virão.

Em junho do ano passado, o presidente americano Barack Obama fez um discurso no Cairo prometendo uma nova política americana para o Oriente Médio. O senhor acha que Obama mudou de ideia no que diz respeito ao Irã?

– Não estou certo de que a postura de Obama representa um retrocesso ao seu comprometimento anterior, e espero que não seja o caso. Também não acho que a questão do Irã é representativa da abordagem americana para o mundo muçulmano em geral. Como sabe, existem alguns países vizinhos que também estão preocupados com o programa nuclear iraniano. Há muita desconfiança, e minha preocupação é que, se sanções forem adotadas, vamos polarizar os hemisférios Norte e Sul. Se de um lado há países como Brasil, Turquia, África do Sul e outros do Hemisfério Sul apoiando a negociação, e, de outro, países ocidentais com um ponto de vista completamente contrário, exigindo sanções, isso seria muito perigoso, porque você vai continuar a ter uma linha divisória entre o Norte e o Sul sobre uma questão que só pode ser resolvida através de negociações.

No passado, o senhor rejeitou a ideia de um ataque ao Irã, comparando-o à guerra no Iraque, onde 70 mil civis morreram pela suspeita de que o país tinha armas nucleares. O senhor acha que Israel está mais perto hoje de atacar o Irã do que alguns anos atrás? Quais seriam as prováveis consequências de um ataque?


– Eu não acho que Israel está mais próximo de um ataque ao Irã, e e espero que não esteja, porque seria uma loucura. Um ataque poderia transformar o Oriente Médio em uma bola de fogo, não resolveria a questão iraniana, e seria um incentivo ao Irã para o desenvolvimento de armas nucleares, mesmo que o país não tenha a ambição de desenvolver essas armas agora. Um ataque provavelmente atrasaria o programa nuclear iraniano por um ou dois anos, mas o Irã certamente voltaria com uma missão clara de desenvolver a pior arma possível. Quando um país é bombardeado, quando perde a sua dignidade, ele volta com a arma mais poderosa que puder arrumar. Podemos aprender com a história que a humilhação de um país não é uma solução, pelo contrário, acaba fortalecendo os políticos linha-dura. Estremeço só em pensar na implicação de um ataque ao Irã para o resto do Oriente Médio. Vimos o Iraque ser atacado sob a pretensão de mudança de regime. Depois de sete anos, o Iraque é hoje um foco de instabilidade, de atentados suicidas. Vi, na sexta-feira, uma pesquisa sobre quais as cidades mais habitáveis do mundo. O relatório classificou mais de 200 cidades, e Bagdá ficou em último lugar por causa de toda a instabilidade e da insegurança que existe lá. Temos bons exemplos para entender que qualquer opção militar conduziria a um desastre.

De acordo com o último relatório da AIEA sobre o Irã, não há qualquer evidência de que o país esteja desviando seu combustível nuclear para fins bélicos. Ao mesmo tempo, os inspetores da agência afirmam que não podem realmente ter certeza, porque o Irã não assinou o protocolo adicional, que permitiria mais inspeções. O senhor acha que a ameaça do programa nuclear iraniano é exagerada?

Se uma ameaça significa a possibilidade iminente de o Irã desenvolver armas nucleares, não temos nenhuma evidência disso, pelo menos até eu sair da agência, há apenas seis meses. Na época, não havia qualquer indicação de que o Irã estivesse desenvolvendo armamento nuclear. Assim, a ideia de que o Irã é uma ameaça nuclear no presente ou que conseguirá armas nucleares no próximo mês ou em dois meses é totalmente exagerada, e acho que esta avaliação é tambem compartilhada por todas os serviços de inteligência americanos e de outros países ocidentais.

O senhor acha que os EUA deveriam aceitar a participação de países emergentes como Brasil e Turquia na mediação de assuntos de relevância internacional?

– Com toda a certeza. Acho que a comunidade internacional tem muitos países responsáveis que devem tentar mediar conflitos em regiões diferentes do mundo. Precisamos levar em conta não apenas a abordagem das potências ocidentais, mas também de países do Hemisfério Sul como o Brasil e a África do Sul. Todos estes países que estão emergindo como potências econômicas devem também exercer o seu soft power e sua influência para assegurar que tenhamos um mundo equilibrado.

O senhor já confirmou a sua intenção de concorrer à Presidência do Egito no ano que vem?

– Ainda não. Continuo dizendo que só concorrerei se houver a garantia de uma eleição justa e transparente. Não farei parte de um sistema que carece de legitimidade, de justiça e equidade. Estou tentando aqui no Cairo pressionar por mudanças, e essa é a minha prioridade agora.

Fonte: JBonline

http://pbrasil.wordpress.com/2010/05/29 ... more-18679




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Re: GEOPOLÍTICA

#2226 Mensagem por EDSON » Dom Mai 30, 2010 9:17 am

Erich Follath e Jens Glüsing
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Transpirando autoconfiança, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva está elevando o status global do seu país ao protagonizar um número cada vez maior de iniciativas na área de política internacional. Na mais recente dessas ações, ele convenceu o Irã a concordar com um polêmico acordo nuclear. Poderia este acordo proporcionar uma oportunidade para que sejam evitadas sanções e guerra?

Ele foi acusado de ser muitas coisas no passado, incluindo um comunista, um proletário grosseiro e um alcoólatra. Mas a época dessas acusações acabou há muito tempo. À medida que o Brasil cresce para tornar-se uma nova potência econômica, a reputação do presidente brasileiro cresce de forma meteórica. Hoje em dia muita gente vê o presidente como um herói do hemisfério sul e um importante contrapeso em relação a Washington, Bruxelas e Pequim. A revista de notícias norte-americana “Time” foi além, duas semanas atrás, ao afirmar que ele é “o líder político mais influente do mundo”, colocando-o à frente até mesmo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. No Brasil, muita gente vê em Lula da Silva um candidato ao Prêmio Nobel da Paz.

Nova estratégia de segurança dos EUA admite peso do Brasil no mundo
A Nova Estratégia de Segurança dos Estados Unidos, anunciada nesta quinta-feira (27) pela Casa Branca, elogia as políticas econômicas e sociais do Brasil, reconhece o país como guardião de “patrimônio ambiental único” e dá as “boas-vindas” à influência de Brasília no mundo.

Leia matéria completa
E agora este homem, Luiz Inácio da Silva, 64, apelidado de “Lula”, que passou a infância em um cortiço como filho de pais analfabetos, conseguiu mais outra vitória política no exterior. Em uma reunião que foi uma verdadeira maratona política, ele negociou um acordo nuclear com a liderança iraniana. Na última segunda-feira, ele apareceu triunfante ao lado do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Os três líderes chegaram a um acordo que eles acreditam que retirará da agenda internacional as previstas sanções da Organização da Nações Unidas (ONU) contra o Irã devido ao possível programa de armas nucleares do país. O Ocidente, que vinha fazendo pressões pela adoção de medidas punitivas mais duras contra o Irã, pareceu ter sido feito de bobo, e até ter sido pego de surpresa.

Mas o contra-ataque de Washington veio no dia seguinte, abrindo um novo capítulo nesta acalorada disputa nuclear, na qual Pequim, em especial, há muito vem resistindo a adotar uma abordagem mais dura. A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton anunciou: “Nós chegamos a um acordo baseado em medidas fortes com a cooperação tanto da Rússia quanto da China”. O texto relativo às sanções planejadas contra o Irã foi enviado a todos os membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo o Brasil e a Turquia. Os dois países são membros eleitos para ocuparem durante dois anos esse conselho que têm 15 integrantes, e que precisa aceitar uma resolução com pelo menos nove votos para que esta possa ser implementada.

Os Estados Unidos mostram-se irredutíveis quanto às sanções
Clinton agradeceu especificamente a Lula pelos seus “esforços sinceros”. Mas a sua expressão indicava claramente que ela viu os esforços de lula mais como um impedimento do que como uma ajuda. “Nós estamos procurando o apoio da comunidade internacional a uma resolução composta de sanções fortes que, segundo o nosso ponto de vista, constituir-se-ão em uma mensagem muito clara a respeito daquilo que se espera do Irã”, afirmou Hillary Clinton.

Mas a abordagem menos confrontativa de Lula nesta disputa nuclear não seria muito mais promissora? Seria tão fácil assim desacelerar o “Lula Superstar”, que conta com o apoio da Turquia, um país membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)? Quem quer que tenha acompanhado a carreira de Lula achará difícil acreditar nisso. Este homem sempre superou todas as resistências, e todos os cenários desfavoráveis com os quais se defrontou.

O pai dele abandonou a família quando Lula era bem novo, e a mãe mudou-se com os oito filhos do nordeste do Brasil para o sul industrializado, onde ela esperava aumentar as chances de sucesso da família. Lula só aprendeu a ler e a escrever aos dez anos de idade. Quando criança, ele ajudou a sustentar a família trabalhando como engraxate e vendedor de frutas, e também como operário de uma fábrica de tintas. Ele acabou conseguindo fazer um curso de torneiro mecânico. Quando Lula tinha 25 anos de idade, a mulher dele, Maria, e o seu filho ainda não nascido morreram porque a família não tinha condições de pagar por atendimento médico adequado.

Lula tornou-se politicamente ativo quando era jovem, ao ingressar em um sindicato e organizar greves ilegais na época da ditadura militar. Ele foi preso várias vezes na década de oitenta. Insatisfeito com os esquerdistas clássicos, ele fundou o seu próprio Partido dos Trabalhadores, que gradualmente transformou-se de um partido marxista em uma agremiação social-democrata. Ele concorreu três vezes, sem sucesso, à presidência, até que, na quarta vez, venceu a eleição presidencial de 2002 com uma vantagem significante sobre o seu adversário. Foram os indivíduos mais pobres que, em um país de extremos contrastes econômicos, depositaram as suas esperanças no carismático líder trabalhista. Quando Lula venceu a eleição, os indivíduos extremamente ricos, temendo que os seus bens fossem desapropriados, mantiveram os seus aviões a jato particulares abastecidos, prontos para decolar.

O herói dos pobres distanciou-se de revoluções
Mas aqueles que esperavam ou que temiam uma revolução no Brasil ficaram surpresos. Após tomar posse, Lula levou alguns dos membros do seu gabinete a uma favela, e lançou um programa de grande escala chamado “Fome Zero” para aliviar os sofrimentos dos desprivilegiados. Mas ele não assustou os mercados. Aumentos dos preços das commodities e uma política econômica moderna que enfatizou os investimentos estrangeiros, a educação nacional e recursos para treinamento ajudaram Lula a se reeleger em 2006.

O mandato dele termina em dezembro, e Lula não poderá disputar novamente a reeleição. Ele colocou a casa em ordem e cultivou uma potencial sucessora. Mas o presidente autoconfiante deseja evidentemente deixar também um legado político: ele considera uma missão sua transformar o Brasil, com a sua população de 196 milhões de habitantes, em uma grande potência mundial, bem como assegurar uma cadeira permanente para o seu país no Conselho de Segurança da ONU.

Lula reconheceu que manter boas relações com Washington, Londres e Moscou é algo que ajuda o Brasil a tentar alcançar essa meta. Mas ele sabe também que vínculos fortes com países como a China e a Índia, bem como o Oriente Médio e os países africanos, poderiam ser ainda mais importantes. Ele se considera um homem do “sul”, e um líder dos pobres e desfavorecidos. E, é claro, ele também reconhece as mudanças que estão ocorrendo. No ano passado, por exemplo, a República Popular da China ultrapassou os Estados Unidos como o maior parceiro comercial do Brasil pela primeira vez na história.

Lula é o único chefe de Estado que participou tanto do exclusivo Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, quanto do Fórum Social Mundial, que criticou a globalização, na cidade de Porto Alegre, no Brasil. Ele é um viajante infatigável, tendo visitado 25 países só na África, muitos países asiáticos e quase todos as nações da América Latina – levando sempre consigo uma delegação econômica. Lula prega incansavelmente a sua crença em um mundo multipolar. E, como Lula é um orador carismático e um “autêntico” líder trabalhista, multidões em todo o mundo o saúdam como se ele fosse um pop star. Na reunião de cúpula do G20 em 2009, em Londres, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que aparentemente é um fã de Lula, afirmou: “Eu adoro esse cara”.

No entanto, Obama não pode mais ter certeza de que Lula é de fato “o seu cara de confiança”. O brasileiro está ficando cada vez mais autoconfiante à medida que se distancia de Washington e, às vezes, chega até a buscar a confrontação com os norte-americanos.

Autoconfiança cada vez maior
O caso de Honduras é um exemplo dessa tendência. Os Estados Unidos, que sempre viram a América Central como o seu quintal, ficaram perplexos quando Lula concedeu abrigo ao presidente deposto Manual Zelaya na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa no ano passado e exigiu que tivesse uma voz no processo para solucionar o conflito. Ao recusar-se a reconhecer o novo presidente, Brasília se opôs ostensivamente a Obama.

Depois disso, as coisas aconteceram muito rapidamente. Lula viajou a Cuba, onde reuniu-se com Raul e Fidel Castro e pediu um fim imediato do embargo econômico norte-americano à ilha. Para a alegria dos seus anfitriões, ele comparou os críticos do regime que sofrem nas prisões de Havana a criminosos comuns. Lula também fez questão de aparecer junto ao presidente venezuelano Hugo Chávez, que não poupa críticas a Washington e que está amordaçando cada vez mais a imprensa no seu país. Em uma entrevista a “Der Spiegel”, Lula definiu o líder autocrático como “o melhor presidente da Venezuela em cem anos”.

E quando recebeu Ahmadinejad em Brasília alguns meses atrás, Lula cumprimentou o presidente iraniano pela sua suposta vitória eleitoral impecável e comparou o movimento oposicionista iraniano a torcedores de futebol frustrados. Ele afirmou que o Brasil também não permitiria que ninguém interferisse com o seu programa nuclear “obviamente pacífico”.

Apesar dessa aproximação, muita gente manifestou ceticismo quando Lula seguiu para Teerã a fim de negociar um acordo nuclear com a liderança iraniana, especialmente depois que os iranianos não demonstraram quase nenhuma disposição para ceder nos meses anteriores. Em uma entrevista coletiva à imprensa com Lula, o presidente russo Dmitry Medvedev disse que a probabilidade de um acordo mediado pelo Brasil seria de no máximo 30%. Lula retrucou, dizendo: “Eu diria que as chances são de 99%”. Lá estava novamente em evidência o ego pronunciado do astro político em ascensão. “Ele acredita ser um trabalhador milagroso que é capaz de obter sucesso onde outros fracassaram”, diz Michael Shifter, um especialista norte-americano em América Latina.

Vitória inédita ou fracasso?
Neste momento, só existem indícios circunstanciais de que uma “vitória inédita” foi alcançada em Teerã após 17 horas de negociações. É também possível que a reunião tenha sido, na verdade, aquilo que o jornal alemão “Frankfurter Allgemeine Zeitung” classificou como um “fracasso”, ou apenas mais uma forma encontrada pelos iranianos, que em outras ocasiões foram frequentemente evasivos, para novamente paralisarem as iniciativas internacionais contra o seu programa nuclear.

Autoridades da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena afirmaram cautelosamente que qualquer fato novo no sentido de que se chegue a um acordo nuclear se constitui em um progresso. Os inspetores da AIEA são responsáveis por inspecionar as instalações nucleares de todo o mundo em nome da ONU. Eles recentemente descobriram mais indícios de um programa iraniano ilegal de armas nucleares e pediram a Teerã que cooperasse mais. A avaliação dos especialistas da agência, cuja comunicação com Teerã nunca foi interrompida e que jamais afirmaram algo que não fossem capazes de provar, terá agora muito peso. O fato de os iranianos só se disporem a apresentar o texto do acordo à AIEA “em uma semana” gerou dúvidas.

Os governos ocidentais têm manifestado muito ceticismo, e a resolução da ONU que Hillary Clinton tornou pública pouco depois do acordo de Teerã aparentemente deixou os israelenses preocupados. Alguns membros do governo de linha dura do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu estão criticando abertamente o acordo como sendo uma artimanha para aliviar a pressão internacional que é exercida sobre Teerã. O ministro israelense do comércio Benjamin Ben-Elieser afirma que Teerã está aparentemente “tentando novamente ludibriar o mundo inteiro”.

O acordo proporciona uma brecha ao Irã
O instituto norte-americano ISIS, que sempre defendeu uma solução negociada e que acredita que a “opção militar” para resolver a questão nuclear iraniana é impensável, fez uma análise inteligente do acordo Lula-Ahmadinejad-Erdogan. Na análise, os especialistas nucleares independentes do instituto divulgaram as suas preocupações e observaram os pontos fracos do texto do acordo que foi revelado até o momento.

Os iranianos só concordam em enviar 1.200 quilogramas do seu urânio de baixo teor de enriquecimento à Turquia, para receberem em troca combustível para o seu reator de pesquisas em Teerã. As dimensões do acordo correspondem àquelas de um outro acordo proposto pela AIEA em outubro do ano passado, segundo o qual mais de três quartos do urânio produzido no Irã seriam mandados para fora do país, fazendo desta forma com que a fabricação de uma bomba atômica se tornasse impossível. A ideia era que isso fosse uma medida fomentadora de confiança para proporcionar espaço para negociações.

No entanto, o acordo atual ignora o fato de que o Irã, após ter colocado em funcionamento as suas centrífugas em Natanz, aparentemente já conta com mais de 2.300 quilogramas de urânio. Em outras palavras, o acordo possibilitaria que Teerã ficasse com quase a metade desse material, que é um ingrediente básico para uma bomba nuclear, de forma que o Irã ainda contasse com matéria prima suficiente para atingir a “capacidade mínima” de fabricação de armas nucleares.

O acordo também proporciona uma brecha a Teerã: ele concede à liderança iraniana o direito de pegar o seu urânio de volta da Turquia se, na sua opinião, qualquer cláusula do texto oficial “não for cumprida”. E o mais importante é que o acordo não exige que Teerã suspenda o processo de enriquecimento de urânio. “Nós nem sonharíamos em fazer isso”, declarou uma autoridade iraniana. Mas é isso precisamente que a ONU exigiu inequivocamente com aquilo que a esta altura já são três rodadas de sanções.

Essas objeções todas não preocupam Lula. Ele demonstrou que não pode mais ser ignorado no cenário internacional. Na última terça-feira, os amigos do presidente brasileiro elogiavam os seus esforços no sentido de fomentar a paz durante a reunião de cúpula América Latina-União Europeia em Madri. A participação do presidente tinha como objetivo demonstrar que a “lula” possui vários braços. Ele provou que é capaz de nadar na companhia de grandes tubarões.

Por trás dos bastidores, o Lula Superstar gosta de falar sobre como obrigou os diplomatas brasileiros a abandonarem a “síndrome de vira-latas”, o seu termo para designar o profundamente arraigado complexo de inferioridade que os brasileiros demonstravam até recentemente em relação aos norte-americanos e aos europeus.

O fato ocorreu em 2003, na primeira aparição internacional importante de Lula, na reunião de cúpula do G8, em Evian, na França. Um grupo de pessoas estava sentado no saguão do hotel onde ocorria a conferência, aguardando o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Quando os norte-americanos finalmente entraram no recinto, todos se levantaram – menos Lula, que ordenou ao seu ministro das Relações Exteriores que também permanecesse sentado. “Eu não participarei desta subserviência”, declarou o presidente brasileiro. “Afinal, ninguém se levantou quando eu entrei”.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2227 Mensagem por Marino » Dom Mai 30, 2010 10:58 am

Brasil e Argentina farão satélite de monitoramento oceânico
27 May, 2010 14:44 Editoria
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17/mai/10 Alerta em Rede) - O Brasil e a Argentina desenvolverão em conjunto um satélite destinado à observação global dos oceanos e ao monitoramento do Atlântico Sul. O satélite, denominado Sabia-Mar (de Satélite Argentino-Brasileiro de Informações sobre Água, Alimento e Ambiente)O satélite, permitirá o controle de poluição, monitoramento da exploração petrolífera, gerenciamento das zonas costeiras e atividades de apoio à pesca, entre outras aplicações (Informações da AEB - 10/05/2010).

A iniciativa conjunta foi aprovada na última reunião do Conselho Superior da Agência Espacial Brasileira (AEB) e caberá ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) atuar como órgão executor do projeto. O presidente da AEB, Carlos Ganem, ressaltou que o projeto reafirma um modelo de cooperação Sul-Sul. “Isto já foi muito bem demonstrado na experiência da Plataforma Multimissão (PMM) e seu controle de atitude, solucionado pela empresa argentina Invap. O modelo Brasil-Argentina é um exemplo de desenvolvimento tecnológico espacial para países entrantes”, disse ele.

O projeto, estabelecido entre a AEB, o INPE e a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Conae) argentina, deverá ser orientado para buscar uma complementaridade com os demais satélites operados pelos dois países – os brasileiros Amazônia-1, CBERS-3 e 4 (operados em conjunto com a China) e o argentino SAC-D/Aquarius.

A decisão foi anunciada no encontro entre os vice-chanceleres dos dois países e os gestores de projetos, no âmbito do Mecanismo de Integração e Coordenação Brasil-Argentina (Micba). O financiamento para a fase inicial de estudos, estimado em 2,5 milhões de dólares, já está assegurado. Estes estudos deverão, igualmente, contemplar a opção de futuras missões conjuntas.

A cooperação tecnológica Sul-Sul ganha especial relevância diante das crescentes manifestações da política de “apartheid tecnológico” imposta aos países em desenvolvimento por potências como os EUA. No momento, o Brasil enfrenta problemas com o desenvolvimento do satélite CBERS-3, cujo cronograma está atrasado devido ao embargo à venda de componentes eletrônicos específicos imposto pelos EUA. Como o CBERS-2 encerrou recentemente a sua vida útil e o CBERS-3 só deverá ser lançado no segundo semestre de 2011, o Brasil ficou sem um substituto imediato para a produção de imagens do território nacional, que vem sendo compensado com o uso dos satélites estadunidenses Terra/Modis e Landsat-5 e do indiano Resourcesat.

“Existe uma restrição dos americanos ao projeto do satélite com a China, e por isso eles dificultam a venda de componentes ao Brasil. Isso mostra a importância de o país ter uma estrutura para qualificar componentes de aplicação espacial”, afirma César Ghizoni, diretor-presidente da Equatorial, uma das fornecedoras do programa CBERS (Valor Econômico, 18/05/2010).

Um possível desdobramento futuro da cooperação com a Argentina, inserido no contexto do acordo estratégico com a França, poderia ser um satélite de vigilância de múltiplas funções, que poderia ter inclusive aplicações militares na vigilância do Atlântico Sul, de grande interesse para os dois países.




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA

#2228 Mensagem por Marino » Dom Mai 30, 2010 11:03 am

Do Valor, transcrito no Defesanet:
Chineses compram terras em nova fronteira agrícola
Planos da China de investir no cerrado nordestino
começam a virar realidade

Alexandre Inacio e
Luís Eduardo Magalhães (BA)
DefesaNet



O primeiro grupo de investidores chineses se prepara para desembarcar no oeste da Bahia. Depois de muitas especulações sobre o interesse de estrangeiros na região - nova fronteira agrícola -, a empresa Pallas International assinou com o governo baiano um protocolo de intenções para se instalar no Estado e produzir grãos para exportação, além de atuar em bioenergia.

O grupo chinês, formado por investidores privados, mas com o governo da China como sócio, quer comprar de 200 mil e 250 mil hectares de terras, tanto no oeste da Bahia quanto na região conhecida como Mapito, o cerrado do Maranhão, Piauí e Tocantins.


Um negócio da China. É o que esperam fazer o governo da Bahia e o primeiro grupo de investidores chineses que finalmente se prepara para desembarcar no oeste do Estado. Depois de muitas especulações sobre o interesse de estrangeiros na região - que se destacou nas últimas décadas como uma das últimas "novas" fronteiras agrícolas do país, junto com o cerrado de Maranhão, Piauí, Tocantins ("Mapito") -, o Pallas International assinou com o governo um protocolo de intenções para se instalar no oeste baiano com o objetivo de produzir grãos para exportação e também atuar no segmento de bioenergia, em parceria com produtores locais.s

Em princípio, o grupo chinês, formado por investidores privamos, mas sempre com a presença do governo da China como sócio, está interessado em adquirir entre 200 mil e 250 mil hectares de terras tanto no oeste do Estado quanto na região do Mapito. Discretos, mas decididos e, principalmente, capitalizados, os chineses passaram por Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, conheceram o potencial produtivo da região e já consideram a possibilidade de instalar uma indústria de processamento de grãos na Bahia para a produção de biodiesel a partir do processamento de soja, algodão, girassol e mamona.

"Para os chineses, a área de agroenergia é um setor de grande interesse. Eles precisavam da assinatura desse protocolo para acelerar a parte burocrática dentro da China e dar andamento no processo de investimento", comemora Eduardo Salles, secretário de Agricultura da Bahia.

Tão ou mais discretos que os chineses são os estrangeiros que já estão instalados e produzindo na fronteira agrícola. O Valor apurou que americanos, holandeses, portugueses e japoneses já fazem parte do cotidiano de Luís Eduardo Magalhães e arredores. São pelo menos dez empresas de médio e grande porte, cultivando principalmente algodão, soja e milho. Já conhecidos pela população local, eles são arredios à entrevistas.

"O governo já fica em cima da gente sem que haja exposição na imprensa", disse um produtor americano, que preferiu não dar mais detalhes sobre seus negócios na região. Circulando pelas ruas sem semáforos de Luís Eduardo Magalhães, ora asfaltadas, ora não, a reportagem entrou em contato com pelo menos outros quatro grupos, e a resposta foi sempre a mesma. Prevalece o receio de um aumento excessivo da fiscalização dos órgãos trabalhistas, ambientais e fiscais.

Ao longo da BR-242, que corta toda Luís Eduardo e termina no litoral de Salvador, pelos menos três hotéis de alto padrão costumam receber os estrangeiros que visitam a região. "Sempre tem alguém por aqui falando outra língua. Desde janeiro estamos lotados para a primeira semana de junho, quando começa nossa feira [Bahia Farm Show] e muitos dos quartos são para estrangeiros", revela a recepcionista de um desses hotéis.

Não é à toa que grupos como o Pallas e outros estrangeiros estão atentos às oportunidades no "Mapito-BA" e dispostos a investir, principalmente na aquisição de terras. Estimativas do mercado dão conta que exista no mundo aproximadamente US$ 20 bilhões disponíveis para compra de terras agrícolas em todas os países, sendo que pelo menos US$ 5 bilhões teriam como destino certo o Brasil.

"Os estrangeiros enxergam uma oportunidade de investimento e o Brasil é uma das melhores opções, pois em países como Colômbia e Paraguai, além da África e do Leste Europeu, a insegurança institucional ainda é muito grande. O interesse desses investidores é enorme no Brasil, especialmente no Mapito e no oeste da Bahia", diz Fernando Jank, diretor geral da Tiba Agro, empresa brasileira que trabalha na captação de recursos estrangeiros para compra de terras no país e que já possui aproximadamente 320 mil hectares nessa região.

O interesse não é por acaso. O cerrado nordestino e do Tocantins está pelo menos mil quilômetros mais próximo do porto que o de Mato Grosso e ainda tem terras mais baratas. Na região de Sinop, norte mato-grossense, o preço médio do hectare é 30% superior à média do "Mapito-BA". Na "nova" fronteira, ainda é possível comprar um hectare por cerca de R$ 5 mil.

Esses investidores estão de olho em 20 milhões de hectares disponíveis para a agricultura, que estão fora do bioma amazônico e não são áreas de pastagem. Desse total, a estimativa é que pelo menos 4 milhões de hectares sejam divididos por 15 grandes grupos, entre investidores estrangeiros e empresas nacionais profissionalizadas, interessados tanto na aquisição de terras para investimento quanto na produção de grãos e fibras.

Levantamento feito pelo Valor mostra que essas empresas já possuem pelo menos 2 milhões de hectares, a maior parte deles no Mapito e no oeste baiano, mas também em terras em Mato Grosso. "Esse tipo de empresa possui recursos para abrir áreas onde é possível, investir, mas tem interesse de sair do negócio em algum momento. São empresas que trazem organização para o agronegócio em vários aspectos, inclusive o ambiental, pois não entram em áreas irregulares", diz Flávio Inoue, presidente da Sollus Capital, empresa formada por investidores americanos e brasileiros e que ampliará suas terras dos atuais 35 mil para 80 mil hectares ainda neste ano.

De modo geral, existem dois grupos de investidores. O primeiro, geralmente formado por fundos interessados em aplicações de longo prazo na aquisição de terras baratas para torna-las produtivas e ganhar na valorização e um segundo interessado em terras para produção.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2229 Mensagem por marcelo l. » Dom Mai 30, 2010 1:00 pm

http://www.presstv.ir/detail.aspx?id=10 ... =351020101

former Central Intelligence Agency officer has confirmed US' relations with the terrorist group Jundullah, despite the CIA knowing that the group has close links with the al-Qaeda.

"American intelligence has also had contact with Jundullah. But that contact, as Iran almost certainly knows, was confined to intelligence-gathering on the country," Robert Baer, a former Middle East CIA field officer wrote on the Time.com, IRNA reported early on Saturday.

However, he noted that the US-Jundullah relationship "was never formalized, and contact was sporadic."

The news comes amid US denial of any involvement in a recent terrorist attack in Sistan-Baluchestan province in southeastern Iran, which Jundullah claimed responsibility for.

"I've been told that the Bush Administration at one point considered Jundullah as a piece in a covert-action campaign against Iran, but the idea was quickly dropped because Jundullah was judged uncontrollable and too close to al-Qaeda. There was no way to be certain that Jundullah would not throw the bombs we paid for back at us," said the former CIA agent who is a columnist in the weekly, and very probably an advisor in the Middle East.

Baer also noted that Pakistan's intelligence agency, the Inter-Services Intelligence (ISI), has had relations with the Jundullah leader, Abdolmalek Rigi.

"Pakistani intelligence has indeed had contact with Jundullah over the years, but there's no good evidence that Pakistan created Jundullah from scratch. And there's certainly no evidence that Pakistan ordered the attack," Baer said in reference to the terrorist attack that took place in Iran on Sunday, October 18, which killed 42 people including the Islamic Revolution Guards Corps commanders.

"In fact, Pakistani intelligence over the past few years has been arresting Jundullah members and turning them over to Iran," he claimed.

This is while earlier on Friday, Iran's Defense Minister Brigadier General Ahmad Vahidi vowed to do everything in his power to hunt down the Jundullah terrorists and bring them to justice.

"This very incident unveiled the true nature of those who call themselves the pioneer in 'war on terrorism'," he said in reference to the United States.

A number of leading newspapers in the West, such as The Sunday Telegraph, have also declared Jundullah to be a CIA brainchild engineered to achieve the longstanding US goal of "regime change in Iran."

Iran's Interior Minister, Mustafa Mohammad Najjar, is currently in Islamabad to ask Pakistani officials to hand over Abdolmalek Rigi and assist Iran on cracking down on his terrorist group.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
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Re: GEOPOLÍTICA

#2230 Mensagem por Enlil » Dom Mai 30, 2010 1:15 pm

EDSON escreveu:Erich Follath e Jens Glüsing
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Transpirando autoconfiança, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva está elevando o status global do seu país ao protagonizar um número cada vez maior de iniciativas na área de política internacional. Na mais recente dessas ações, ele convenceu o Irã a concordar com um polêmico acordo nuclear. Poderia este acordo proporcionar uma oportunidade para que sejam evitadas sanções e guerra?


Por trás dos bastidores, o Lula Superstar gosta de falar sobre como obrigou os diplomatas brasileiros a abandonarem a “síndrome de vira-latas”, o seu termo para designar o profundamente arraigado complexo de inferioridade que os brasileiros demonstravam até recentemente em relação aos norte-americanos e aos europeus.

O fato ocorreu em 2003, na primeira aparição internacional importante de Lula, na reunião de cúpula do G8, em Evian, na França. Um grupo de pessoas estava sentado no saguão do hotel onde ocorria a conferência, aguardando o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Quando os norte-americanos finalmente entraram no recinto, todos se levantaram – menos Lula, que ordenou ao seu ministro das Relações Exteriores que também permanecesse sentado. “Eu não participarei desta subserviência”, declarou o presidente brasileiro. “Afinal, ninguém se levantou quando eu entrei”
.
Esse é o Brasil do futuro, infelizmente tem muitos, mas muitos mesmos, brasileiros apegados ao século passado. O dia em q tivermos uma oposição com a mesma dignidade e brasilidade, acima de tudo, nas relações internacionais, a alternância não será de forma alguma problemática em termos geopolíticos.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2231 Mensagem por MAZ543 » Dom Mai 30, 2010 2:22 pm

PricewaterhouseCoopers (PwC) diz que economia brasileira deve ser a 5ª maior do mundo a partir de 2025.

O ranking das cinco maiores economias do mundo vai mudar consideravelmente nos próximos anos. A boa notícia é que o Brasil vai ter um Produto Interno Bruto (PIB) em poder paritário de compra (PPC) maior do que França e Reino Unido a partir de 2013, segundo estimativas feitas pela equipe macroeconômica da PricewaterhouseCoopers (PwC) de Londres.

No estudo "Como a distribuição do poder econômico no mundo está mudando", os consultores preveem que o Brasil será a quinta maior economia do mundo a partir de 2025.

Pelas estimativas da PwC, os sete maiores emergentes (China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia) terão um PIB conjunto 30% maior do que os sete países mais ricos, do G7 : EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá.

De acordo com a consultora Yael Selfin, uma das responsáveis pelo estudo da PwC, o Brasil vai se beneficiar basicamente por três motivos: maior demanda externa por commodities, margem maior para ganhar produtividade com inovação tecnológica e o petróleo da camada pré-sal.

Deficiências

Mas há pedras no caminho da superação brasileira, como a volta da inflação e a manutenção de uma elevada carga tributária, lembra a especialista. A remoção dos gargalos de infraestrutura e mais qualificação de mão de obra continuam sendo os principais desafios.

"O governo precisa investir mais em infraestrutura e elevar o gasto com educação, assim a qualificação da mão de obra pode melhorar", disse Yael Selfin, da PwC, em entrevista ao Brasil Econômico.

O economista Douglas Uemura, da LCA Consultores, avalia que o Brasil realmente tem chances de obter um PIB maior do que Reino Unido e França nos próximos anos, como prevê o estudo.

"Acredito que Brasil tem condições de crescer mais de 4% ao longo dos próximos anos", diz Uemura.

Já o economista Bernardo Wjuniski, da Tendências consultoria, diz que é preciso superar algumas deficiências estruturais antes de alcançar a produção de riquezas de países europeus.

"É uma projeção bem otimista. Existem algumas restrições para que a gente continue crescendo na faixa de 5% a partir de 2010", declarou Wjuniski.

Ano eleitoral

O tamanho do crescimento econômico do Brasil nos próximos anos vai ser selado com a eleição presidencial deste ano, prevê o cientista político Christopher Garman, diretor para América Latina da consultoria política Eurasia Group. "Não que o próximo governo coloque qualquer risco sobre o cenário", declarou.

Supremacia dos emergentes

A importância geopolítica do Brasil e de outros emergentes ganhou relevo não só pelo crescimento do PIB. O relatório da PwC lembra que outras nações em desenvolvimento, reunidas no G20, já expulsaram o G7 como fórum principal para decisões econômicas.

Os consultores destacam ainda o tamanho da responsabilidade do Brasil em conduzir com sucesso os Jogos Olímpicos de 2016 e a Copa de 2014 após a bem-sucedida Olímpiada de Pequim.

O brasileiro Christopher Garman, mestre em ciência política pela Universidade da Califórnia, e diretor para América Latina da consultoria política Eurasia Group, diz que investidores internacionais que o procuram mantém mais interesse no Brasil do que em outros emergentes como Rússia, Índia e China. Confira trechos da entrevista que deu ao Brasil Econômico pelo telefone de Nova York.

Brasil Econômico - O que torna o Brasil mais atraente para estrangeiros nos próximos anos?

Yael Selfin - Existe visão muito bem consolidada aqui fora, que existe consenso grande entre classe política sobre uma macroeconomia que mantenha um ambiente de inflação baixa para o médio e longo prazo.

Investidores veem estabilidade macroeconômica, casada com crescimento tremendo do mercado doméstico.

A descoberta do pré-sal é a fronteira mais promissora de extração e produção no mundo neste momento. Também tem um setor agrícola com potencial de terras a serem cultivadas, muito promissor a se olhar em um nível mais global.

BE - Qual seria a diferença em relação a outros emergentes?

YS - Brasil se compara bem a outros países que enfrentam maiores dificuldades. Ambiente regulatório na Rússia tem problemas difíceis, com um risco muito maior.

China é um pais com tremendo potencial, mas para empresas investir é muito difícil, evidenciado pelo último exemplo da Google.

BE - Quais são os principais gargalos que podem limitar o crescimento nos próximos anos e o que o próximo presidente precisa fazer?

YS - Ainda existem desafios importantes que podem levar o Brasil a realizar seu potencial de crescimento ou não.

Política fiscal não é sustentável no médio e longo prazo, com carga tributaria chegando a 36%. Gera um custo muito grande para várias empresas e Brasil corre o risco de perder competitividade em certos setores.

Governo só pode reduzir essa carga tributária se reduzir a rigidez dos gastos. É necessário fazer ajustes nos gastos da previdência, limites nos crescimentos da folha salarial. E tem decisões muito importantes setoriais, que não requerem reforma constitucional.

BE - Que decisões?

YS - O modelo que o governo está defendendo para o pré-sal é uma estratégia de desenvolvimento dessas reservas, porque depende quase exclusivamente da capacidade operacional da Petrobras.

Independentemente da capacidade dela, é um desafio muito grande. Renovação das concessões do setor elétrico é também muito importante.

A maneira como avançar para um programa nacional de banda larga também é importante para gerar mais produtividade.

http://www.brasileconomico.com.br/notic ... 75550.html




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Re: GEOPOLÍTICA

#2232 Mensagem por Enlil » Ter Jun 01, 2010 4:59 pm

Poder para mudar. A vez da Rússia?

Robert Fisk, The Independent, UK

Tradução Caia Fittipaldi


Eu sempre disse que em algum lugar do outro lado do Atlântico – ou talvez em algum lugar pelo Mediterrâneo – passa uma linha geopolítica pontilhada, talvez uma cortina, uma espécie de tela, através da qual o amável velho Ocidente (que já foi chamado de “a cristandade”) vê o Oriente Médio e interpreta errado tudo que vê. O Irã faz uma oferta pacífica e de pacificação para resolver seu programa nuclear, e a oferta é convertida em ameaça e motivo para sanções. Eleições à vista no Egito são vistas como mais um passo rumo à democracia, não como movimento para prolongar o reinado de um único partido e de um ditador já velho de 81 anos.

O início – elas sempre estão começando! – de conversações “indiretas” de paz entre palestinos e israelenses é visto como mais um sucesso parcial dos EUA como pacificadores, não como vergonhoso sinal de que não há qualquer esperança para os palestinos. Mais e mais massacres no Iraque e no Afeganistão são vistos como sinal do “desespero” dos Talibã, não como sinal de que já perdemos ‘nossa’ guerra nos dois países.

Mas as linhas pontilhadas que há entre a Rússia e o Oriente Médio nem são tão profundas nem obscurecem tão completamente a verdade. Há inúmeras razões para que isso aconteça. A velha União Soviética manteve controle mais-que-colonial sobre um punhado de repúblicas muçulmanas – de fato, a Rússia czarista estava lutando na Chechênia no século 19. Leiam Haaji Murat[1] de Tolstoi. “Ninguém jamais discutiu o ódio contra os russos”, Tolstoi escreveu dos homens cujos descendentes combateriam o exército de Putin muito mais de um século depois. “O sentimento que todos os chechenos conhecem, desde a infância, era maior que ódio. Não era ódio. Sequer se reconheciam os cães russos como seres humanos. Era tal nojo, tal repulsa, ante a crueldade irracional daquelas criaturas”. Bem poderia estar escrevendo sobre a fúria incendiária da população de Grozny, ou da fúria selvagem dos afegãos depois da invasão soviética de 1979.

Sim, os russos aprenderam muito no Afeganistão; e a ocupação pelo ‘nosso’ Ocidente, lá, já dura hoje – detalhe que nossos risonhos generais e primeiros-ministros não lhes contarão – mais tempo que a ocupação soviética. Os grandes planos ocidentais para a “Batalha de Candahar” – batalha que, desconfio, jamais haverá –, são menos ambiciosos que os planos soviéticos para Herat e Candahar. Mas os russos não esqueceram o que lhes aconteceu.
Bin Laden, uma vez, à minha frente, jactou-se de ter destruído o exército soviético no Afeganistão – no que, sim, há o mérito de boa dose de verdade. Em Moscou, há cinco anos, ouvi veteranos soviéticos do Afeganistão – alguns hoje já devorados pelas drogas – descrever as bombas de fabricação caseira que matavam seus companheiros nas províncias de Helmand e Candahar, patrulhas soviéticas capturadas cujos soldados eram desmembrados, a pele arrancada, com eles vivos. Os soviéticos, não se pode esquecer, entraram no Afeganistão para defender interesses seus – Brezhnev temia que, se perdesse o aliado comunista em Cabul, ficaria exposto a ataques de muçulmanos dentro da União Soviética –, mas diziam que combatiam para defender o povo contra um governo (claro!) corrupto, e para levar ao Afeganistão a igualdade socialista, sobretudo para distribuir educação e saúde para todos e para treinar o exército afegão. Nem preciso repetir…

Mas os soviéticos acabaram por entender bastante bem o mundo muçulmano, com certeza a parte árabe daquele mundo. Passaram décadas treinando cada novo ditador para governar como o Kremlin, criando e implantando uma centena de mini-KGBs para esmagar qualquer oposição, inundando-as com armas e aviões, treinando soldados para lutar contra o próprio povo.

E quando Israel venceu em 1967, e novamente venceu em 1973 e outra vez em 1982 – momento memorável do sítio israelense contra Beirute, lembro, aconteceu quando o líder da Frente Democrática para a Libertação da Palestina pediu que Moscou lhes fornecesse armas, a serem entregues por paraquedas dentro da capital libanesa cercada –, os russos assistiram à humilhação dos árabes. Diplomatas russos falavam muito melhor árabe que os colegas norte-americanos (o que continua a acontecer até hoje) e entenderam os falsos anúncios de apoio que se esperava que eles – os russos – dessem à “causa” árabe.

Assim, quando o presidente Dmitry Medvedev chegou a Damasco para encontro com o presidente Bashar Assad no início de maio corrente, os árabes o ouviram atentamente, porque ouvir atentamente é típico dos árabes; tanto quanto é típico de nós, ocidentais, não ouvir. Sem nem de longe deixar-se impressionar por “pacificações”, Medvedev declarou que a situação do Oriente Médio era “péssima, muito, muito ruim”, e insistiu que os norte-americanos tomassem “atitude séria”. “Em essência, o processo de paz no Oriente Médio deteriorou-se”, disse ele. “Qualquer aquecimento na situação do Oriente Médio levará a uma explosão e à catástrofe.” Os norte-americanos, por acaso, o ouviram? Não. Nem uma palavra. Não ouviram.
Em vez disso, La Clinton sassaricou diretamente rumo ao Capitólio, para dizer aos legisladores norte-americanos que o novo acordo nuclear Turquia-Brasil-Irã de troca de combustível nuclear não era bom-que-chegue; que as sanções da ONU estavam a caminho – com apoio dos russos. Bom. Isso, ainda teremos de ver, para crer.

Depois desse alerta, o presidente da Rússia – que é membro do infame “Quarteto” supostamente comandando pelo igualmente infame Tony Blair – fez o que Blair e um punhado de diplomatas britânicos já deveriam ter feito há muito tempo: foi visitar Khaled Meshaal, o líder do Hamás que vive em Damasco, e pediu-lhe que libertasse o soldado israelense que permanece prisioneiro em Gaza – jamais até hoje encontrado pelo infalível e valoroso exército de Israel, vale lembrar, apesar de os guerreiros de Israel viverem lá, bombardeando tudo e todos, aquela multidão de famintos e desesperados, já, hoje, há mais de um ano e meio.
Os israelenses não criticaram Medvedev – e teriam criticado se Blair ou Haia ou Obama se desse ao trabalho de visitar Meshall. – Mas… o ensandecido ministro do Exterior de Israel, Avigdor Lieberman… É russo, o homem, não é?

E então, aconteceu o quê? Porque Medvedev pos fogo aos gravetos, ao anunciar formalmente a venda de sistemas aéreos de defesa à Síria – mísseis Pantsir terra-ar de curto alcance – baterias antiaéreas e uma frota de aviões bombardeiros Mig-29. E aí, no mesmo dia, o que faz Obama? Pede que o Congresso aprove verba de £133 milhões para o sistema de foguetes de defesa de Israel. Tudo isso, apenas um mês depois de o presidente Shimon Peres de Israel ter dito – e apesar de os norte-americanos não terem acreditado, mesmo que nada pudessem dizer contra os argumentos israelenses – que a Síria teria mandado enormes (e ultrapassados) mísseis Scud para o Hizbollah no Líbano.

Esses velhos mísseis paquidérmicos de nada serviriam ao Hizbollah, apesar de o Hizbollah – que já declarou ter 20 mil foguetes prontos, engatilhados e mirados para atacar Israel – não se ter dado ao trabalho de desmentir as tolices sobre os Scud.

O vasto desperdício de dinheiro que consome EUA e Rússia e também a Síria – embora não consuma os israelenses, cuja economia flutua acima do mundo, apoiada no sustento financeiro que recebe dos EUA – continua, simplesmente, invisível, no Ocidente, onde todos continuamos a jogar joguinhos de “sanções” da ONU e preocupações com a “segurança” de Israel (e nenhuma preocupação com a “segurança” dos palestinos). E para quem Obama desenrola seu tapete vermelho – muito literalmente? Para o corrupto e corruptor Hamid Karzai.

Por quê, ah, mas, por quê, pergunto e pergunto a mim mesmo, Obama – que gastou meses e meses debatendo o tal “surge” (e como odeio essa palavra!) no Afeganistão – não convoca todos os seus “especialistas” em política externa e, afinal, se dispõe a aprender um pouco sobre a infinita tragédia, cada dia maior, de toda essa região? Do mar ao mar brilhante, coast to coast, os EUA mantêm legiões de departamentos de “Estudos do Oriente Médio”, “Estudos Islâmicos”, “Estudos Hebraicos”, “Estudos Árabes” – e nada, do saber que lá haja, é jamais utilizado. Por que não?

Porque os “especialistas” em política externa – e seus horríveis clones na CNN, Fox News, ABC, NBC, CBS, etc. – não têm interesse em partilhar gratuitamente o que sabem. Onde se escreve “Harvard”, leia-se o Brookings Institute; em “Berkeley”, leia-se a Rand Corporation etc., etc.

E o que jaz por trás disso? Recorro ao meu velho camarada John Mearsheimer, coautor de The Israel Lobby and US Foreign Policy que se tornou best-seller também entre os norte-americanos comuns – apesar das crises de ira de Alan Dershowitz (aquele, que cometeu a infâmia de dizer que “O juiz Goldstone é agente do mal”) – e que acaba de publicar outro valente artigo sobre a influência daninha que o lobby pró-Israel exerce em Washington; de fato, é o lobby do partido Likud, mas esqueçam esse detalhe, por hora.

Mearsheimer diz que o presidente Barack Obama conseguiu “finalmente arrastar Israel e os palestinos de volta à mesa de negociações”, na esperança de que essas negociações levem à criação de um Estado palestino em Gaza e na Cisjordânia. “Infelizmente, nada disso acontecerá,” diz Mearsheimer. “Em vez de criar-se um Estado palestino, o mais provável é que os territórios ocupados sejam incorporados a uma ‘Grande Israel” que, então, converter-se-á em Estado de apartheid, em tudo semelhante à África do Sul governada por minoria branca”.
Nenhum presidente norte-americano pode obrigar Israel a mudar suas políticas para os palestinos. Mearsheimer não poupa palavras. “A principal causa disso é o lobby israelense, poderosa coalizão de judeus norte-americanos e cristãos evangélicos que tem profunda influência na política dos EUA para o Oriente Médio. Alan Dershowitz” – sim, sim, o mesmo – “acertou ao dizer que “Minha geração de judeus (…) tornou-se parte do que talvez seja o mais efetivo movimento de lobby e arrecadação de dinheiro, de toda a história da democracia.”
Não é a primeira vez que um intelectual norte-americano fala tão claramente. Desde 1967, todos os presidentes dos EUA opuseram-se à colonização internacionalmente ilegal de terra dos árabes, pelos israelenses, na Cisjordânia. Todos fracassaram. Obama fracassará, como os demais. Depois de eleito, Obama pediu o fim daquelas colônias. Netanyahu o mandou às favas. Obama – Mearsheimer procurou atentamente a palavra – “desabou”. Quando Obama pediu o fim das construções em Jerusalém Leste, Netanyahu disse que Israel jamais pararia de construir ali, porque seria “parte integral do Estado judeu.” Obama afundou ainda mais.
Netanyahu continua a repetir que não parará de construir naquela parte de Jerusalém com que os palestinos contam para ser sua capital. Obama já nem responde. E ninguém espere, nem por um segundo, que La Clinton responderá – ela tem planos para ser a próxima presidente, depois de Obama.

O vício da atitude dos europeus, é claro, é que eles tampouco farão qualquer coisa contra Israel porque – essa a sublime e falsa mensagem de todos os ministros do Exterior de toda a União Europeia – é que os EUA têm “ascendência” sobre Israel. Sim, é possível que os EUA tivessem alguma ascendência sobre Israel – dadas as massivas subvenções econômicas, das quais vive o Estado judeu –, mas não têm; porque, como diz Mearsheimer, o lobby comanda toda a política dos EUA para o Oriente Médio. Nada disso deve sugerir que haveria algum tipo de “conspiração” de judeus; isso significa apenas que o lobby Likud-Israel priva os EUA de todos os direitos de independência como negociador; e emascula todas as políticas norte-americanas, ao mesmo tempo em que faz aumentar o risco para os EUA, em todas as políticas para toda a Região.

O ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert – o qual, como vários outros ex-ministros e presidentes vive de repetir truísmos quando já não tem poder para fazer valer qualquer verdade – diz que se a Solução dos Dois Estados fracassar (e fracassará, com toda a certeza), “Israel enfrentará conflito semelhante ao que a África do Sul enfrentou” e que, “quando isso acontecer, será o fim de Israel”. Mearsheimer conclui que “o lobby nos EUA está, de fato, trabalhando a favor da destruição de Israel como Estado judeu”.

E nós, o que fazemos? Continuamos a apoiar todos os ditadores criminosos e potentados na Região, encorajando-os a confiar nos EUA, a fazer mais concessões a Israel, e a manter o povo subjugado. Vez ou outra, pedimos que sejam “mais democráticos”. Foi ideia de George W Bush – para a qual contribuiu sua esposa, que acreditava que o rei Abdullah da Jordânia e sua rainha seriam bons exemplos de democratas – e, isso, numa democracia sem constituição! Às vezes, surpreendo-me com a ironia – e a hipocrisia – de haver países europeus empenhados em exigir democracia dos árabes.

Queremos espalhar “parlamentinhos à inglesa” por todo o Oriente Médio, em tempos em que a maioria dos países da União Europeia vão-se convertendo em nações presidencialistas. O prestígio da Real “House of Commons” vem-se deteriorando há anos – nenhum jornal britânico tem coluna dedicada ao Parlamento, por exemplo – e a síndrome dos Blairitas tem muito a ver com isso. Talvez aí esteja a razão pela qual esse ser em ruínas não trabalha muito em favor da democracia no Oriente Médio.

Sim, e é tudo verdade. Os governantes árabes estão tão seguros deles mesmos, que hoje gritam “bu!” à Mamãe Gansa dos ovos de ouro dos mercados ‘ocidentais’. Quando o governo Obama criticou a decisão de Hosni Mubarak de manter a legislação de emergência que já dura 30 anos – Clinton disse que a prorrogação ignorava “vasta gama de vozes egípcias” –, o ministro do Exterior egípcio respondeu, sem pestanejar, que a questão estava “superpolitizada” e que a crítica vinha só da mídia dos EUA e de grupos de direitos humanos. Acertou na mosca, quanto à segunda parte.

Então, estaria chegando ao fim o século norte-americano? Desgraçadamente, ainda não. Talvez se corrijam algumas das ilusões ocidentais sobre o Oriente. Talvez os recentes ataques no Iraque e os mais espetaculares no Afeganistão, inclusive o espantoso ataque à base aérea de Bagram – e eu que supunha que estivéssemos combatendo a Batalha de Candahar, não a Batalha de Bagram! – nos obrigarão a ver mais verdades. Que o povo muçulmano – não os políticos corruptos – não pode ser derrotado e não será derrotado, mesmo que a guerrilha contra o ocidente seja tão atrasada quanto violenta. Mas estaremos aprendendo alguma coisa? Os EUA mandam nuvens de aviões-robôs não tripulados ao Paquistão, cobrem de mísseis o Waziristão, e um paquistanês naturalizado norte-americano tenta fazer explodir um carro em Times Square para vingar-se – e os norte-americanos, para vingar-se da vingança, usam os aviões-robôs e matam mais 15 homens no Paquistão e… Os leitores podem completar a frase.

Não bastasse tudo isso, insistimos em escrever nossa história preventiva extraordinária desse conflito massivo. Sempre penso em como fomos à guerra na Irlanda do Norte no início dos anos 1970s. Nós jornalistas chegamos lá com ralo conhecimento histórico, pouco mais que a imagem dos quadrinhos da Punch, do irlandês bêbado, armado com cassetete, ansioso por matar sem qualquer motivo todos os gentlemen ingleses que invadissem seu país – e uma vaga memória de que a Irlanda Católica se mantivera neutra na II Guerra Mundial (o que é verdade), que de Valera fizera visita de pêsames à delegação alemã depois da morte de Hitler (o que é verdade), que irlandeses reabasteciam os barcos U alemães (o que é falso).

Os muçulmanos estão em situação semelhante; acreditamos que querem islamizar o ocidente (o que é falso), que se querem expandir para o Ocidente – é falso; fizeram isso quando quiseram, na Andaluzia –, que se querem expandir pela espada. Será que há quem acredite que a Indonésia, a maior nação muçulmana do mundo, foi invadida por árabes? E há o conto da II Guerra Mundial – que os árabes teriam sido pró-nazistas. Bem, é verdade que o Grande Mufti de Jerusalém encontrou-se com Hitler e fez várias infelizes proclamações contra os judeus, embora nunca – como reza a propaganda israelense – tenha visitado Auschwitz. Também é verdade que Anwar Sadat trabalhou como espião para Rommel no Egito – e muito teria festejado se a Wehrmacht tivesse avançado até a Palestina –, mas depois se tornou o melhor amigo árabe que Israel jamais teve, convidado a Jerusalém quando quis fazer a paz.
Mas os preconceitos ocidentais vão muito mais longe, no tempo – até os dias quando usávamos, em geral, a palavra “turco” em vez de “muçulmano”. Na Itália, antes do século 16, a palavra “turco” era palavrão. Um diplomata sueco, Ingmar Karlsson, descobriu, ao pesquisar para uma conferência que fez em Istambul em 2005, que os italianos têm a expressão “puzza come un Turco”, “fede como um turco”. Hoje, os ingleses ainda dizem “fala de turco” e meu próprio dicionário escolar Random House American College Dictionary de 1949 define “Turk” como “pessoa tirânica, bárbara ou muito cruel”.

E assim vamos, sem esquecer a pequena ajuda do amado Papa em Regensburg. Apesar de os árabes terem sido imperadores de Roma e de terem visitado o Ocidente antes de nós, ocidentais. Quando Vasco da Gama “descobriu” a Índia e chegou a Calicut (Calcutá) dia 20/5/1498 – devo essa história, provavelmente apócrifa, a Warwick Ball em seu notável Out of Arabia – foi recepcionado por um árabe da Tunísia com as palavras “Que o diabo o carregue! O que veio fazer aqui?” Mas crônica contemporânea de Hadramaut (em nossos dias, o Iêmen) descreve o modo como apareceram, belo dia, as naves francesas, a caminho da Índia. “Tomaram logo sete barcos (árabes), mataram todos a bordo e fizeram alguns prisioneiros. Foi o primeiro feito deles, malditos sejam!” Os europeus estavam chegando ao Oceano Índico, e já pensávamos que os árabes estariam tentando entrar na Europa.

Vai-se ver, essa é a linha pontilhada original. Ou teriam sido as Cruzadas? Ou o Império Otomano – lembram que a Turquia foi “o doente da Europa”? – ou as mentiras que contamos aos árabes, sobre a Palestina? Ou a revolução iraniana? Ou o quanto nós, europeus, demos apoio incondicional a Israel? E todos os ditadores que introduzimos e apoiamos? Mas é tempo de nos livrarmos de todas as linhas divisórias, ver a realidade e ouvir – tenho mesmo de repetir? – Dmitry Medvedev e seus assemelhados.

[1] É um conto, escrito de 1896 a 1904 e publicado depois da morte de Tolstoi, em 1910. Murad, ou Murat, é um comandante Avar rebelde do Cáucaso, o qual, por motivos de vingança pessoal, forja uma difícil aliança com os russos contra os quais combate. O conto é baseado em acontecimentos e personagens reais [NT].

Original:

http://www.independent.co.uk/opinion/co ... 83794.html

Fonte:The Independent via Vi o Mundo

http://pbrasil.wordpress.com/2010/05/31 ... more-18785




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Re: GEOPOLÍTICA

#2233 Mensagem por Túlio » Ter Jun 01, 2010 5:23 pm

EDSON escreveu: “Eu não participarei desta subserviência”, declarou o presidente brasileiro.

O episódio é delicioso mas cabe uma pergunta: o Lula sabe dizer SUBSERVIÊNCIA??? :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:




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Re: GEOPOLÍTICA

#2234 Mensagem por Viktor Reznov » Ter Jun 01, 2010 5:49 pm

Carlos Mathias escreveu:Pois é, hoje meu pai não quer nem lembrar da era FHC, ainda mais por causa do entreguismo.
Mas ele sempre me falou que "os comunistas sempre são nacionalistas e investem nas FAs".

Não é que ele acertou? :D
Acertou pela metade, comunistas só são patriotas quando estão no poder, pois antes de chegar nele não há escória mais anarquista, traidora, baderneira e internacionalista do que eles.
Túlio escreveu:
EDSON escreveu: “Eu não participarei desta subserviência”, declarou o presidente brasileiro.
Faz bastante sentido essa pergunta dele, eu acho que essa atitude foi arquitetada pelos vermelhos do Itamaraty, a palavra inclusive era com certeza nova pro vocabulário do Lula, considerando que o nível cultural dele é abissal.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2235 Mensagem por GustavoB » Ter Jun 01, 2010 8:57 pm

Preconceito pouco é bobagem.




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