Pressões Nucleares sobre o Brasil

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Edu Lopes
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#961 Mensagem por Edu Lopes » Qua Mai 26, 2010 9:36 am

Energia nuclear, meio ambiente e soberania

Para entender o Protocolo Adicional ao Acordo de Salvaguardas com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) é indispensável vê-lo no contexto da questão nuclear em seus três aspectos fundamentais: a guerra nuclear, a não-proliferação e o desenvolvimento tecnológico.

O centro da questão nuclear é o Tratado de Não-Proliferação (TNP). O principal objetivo desse tratado é evitar uma guerra nuclear. A principal possibilidade de guerra nuclear não pode estar, logicamente, nos países que não detêm armas nucleares, mas sim naqueles que detêm armas nucleares. Portanto, o principal objetivo do TNP tem de ser o desarmamento, a eliminação dos estoques de armas nucleares de posse dos países nuclearmente armados: os Estados Unidos, a Rússia, a China, a França e a Inglaterra.

Os países nucleares se comprometeram solenemente a eliminar (e não apenas reduzir) os seus estoques nucleares. Há 42 anos não cumprem esse compromisso e, ao contrário, praticaram a proliferação vertical, aumentando a eficiência das armas nucleares, sua precisão, sua miniaturização.

Apesar de não terem cumprido o seu compromisso de desarmamento nuclear e de desarmamento total, os países nucleares insistiram e insistem apenas em forçar os países não-nucleares a aceitar obrigações crescentes, criando cada vez maiores restrições à difusão de tecnologia nuclear, inclusive para fins pacíficos, a pretexto de evitar a proliferação.

A questão real é que os países nucleares, ao continuarem a desenvolver suas armas e a ampliar sua eficácia - e, portanto, a intimidar os países não-nucleares em determinadas situações -, estimulam esses países a procurar se capacitar. Isso ocorreu historicamente com a então União Soviética (1949), a França (1960) e a China (1964), que acharam fundamental desenvolver sua capacidade militar nuclear para servir de instrumento de dissuasão, e não de ataque, em razão do enorme desequilíbrio dos estoques. Os Estados Unidos têm, atualmente, 10 mil ogivas; a Rússia, 13 mil; a França, 300; a China, 200; e a Inglaterra, 150.

Hoje em dia, até mesmo por causa da menor possibilidade de conflito nuclear que existe entre a Rússia e os Estados Unidos, o novo argumento dos países nucleares é a possibilidade de grupos terroristas adquirirem o conhecimento tecnológico nuclear ou armas nucleares.

Esse conhecimento já existe e é disponível. A questão é a capacidade de desenvolver industrialmente as armas e os vetores para atingir os alvos. Nenhum grupo terrorista detém os vetores (mísseis, plataformas, aviões), nem a estrutura industrial para produzir o urânio enriquecido, nem a técnica para fabricar detonadores.

Finalmente, a questão essencial do Protocolo Adicional. O Tratado de Não-Proliferação prevê que todos os países membros assinem Acordos de Salvaguardas com a AIEA. Os Estados nucleares assinaram "acordos voluntários", em que submetem a inspeções poucas instalações nucleares civis e nenhuma militar. Os demais Estados têm de submeter à inspeção todas as suas instalações nucleares. O objetivo do Acordo de Salvaguardas é verificar se há desvio de material nuclear da instalação (reatores, fábricas de enriquecimento, etc.) para outros fins, em especial militares.

O Brasil tem atividades nucleares exclusivamente para fins pacíficos, como determina a Constituição federal. O País tem também um Acordo de Salvaguardas com a AIEA, juntamente com a Argentina, que permite aos inspetores da agência verificar as atividades das instalações nucleares brasileiras. Tudo, naturalmente, com o devido respeito à soberania nacional e aos nossos interesses econômicos.

Nos anos 1990, a AIEA, por proposta dos Estados Unidos, elaborou um modelo de Protocolo Adicional aos Acordos de Salvaguarda bilaterais, a ser assinado pelos países-membros, permitindo a visita de inspetores da AIEA, sem aviso prévio, a qualquer local do território nacional dos países não-nucleares, para verificar a existência de qualquer atividade nuclear, desde a pesquisa, usinas nucleares até a produção de equipamentos, como ultracentrífugas e reatores.

Ora, esse Protocolo Adicional tem dois aspectos: uma violação inaceitável da nossa soberania, em especial diante da natureza notoriamente pacífica das atividades nucleares no Brasil, uma suspeita injustificada sobre os nossos compromissos constitucionais e internacionais; e uma prejudicial intromissão em atividades brasileiras na área nuclear, com graves danos econômicos.

Essa intromissão causa graves danos econômicos em razão das perspectivas que se abrem para o Brasil na produção de combustível nuclear, que estará em forte demanda no mundo nos próximos anos, dada a necessidade de enfrentar a crise ambiental.

A solução da crise ambiental no mundo passa pela reformulação da matriz energética, tanto nos países grandes emissores tradicionais, como os Estados Unidos, quanto nos de rápido desenvolvimento, como a China e a Índia. Uma das mais importantes fontes de energia, não geradora de gases de efeito estufa, é a nuclear. O Brasil tem grandes reservas de urânio, tem o conhecimento tecnológico do ciclo completo de enriquecimento do urânio e a capacidade industrial para produzir reatores, ultracentrífugas, pastilhas, etc.

Ora, as ultracentrífugas brasileiras, desenvolvidas com tecnologia brasileira, são as mais eficientes do mundo e há fortes interesses de certos países em ter acesso às suas características, o que seria possível caso viessem a assinar o Protocolo Adicional ao Acordo de Salvaguardas: desnecessário, intrusivo e humilhante.

Samuel Pinheiro Guimarães
MINISTRO DA SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA



Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 6876,0.php




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#962 Mensagem por Marino » Qua Mai 26, 2010 10:16 am

Declaração da Hillary Clinton na China:
– Discutimos longamente com os chineses as falhas na recente proposta feita pelo Irã – continuou
a secretária de Estado americana. – Há uma série de deficiências no documento que não respondem às
preocupações da comunidade internacional. Não há um reconhecimento das profundas preocupações
frente ao objetivo de enriquecer urânio a 20% perseguido pelo Irã.
O TNP permite a todos os países que o assinaram enriquecerem urânio a 20%, de acordo com o art. IV do mesmo.
Aí encontramos a motivação principal dos EUA e das demais potências nucleares: impedirem os demais países de obterem tecnologia nuclear. A desculpa é não proliferação (sem Israel, claro), mas na realidade a questão de fundo é comercial, com o imenso mercado que se abre no futuro.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#963 Mensagem por Marino » Qua Mai 26, 2010 10:35 am

DESARME ATÔMICO
Potências refutam prazo para desarme
Na semana final da conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação, EUA e Rússia
endurecem posição
Negociação vai até esta sexta; Brasil não aceita parágrafos que sugerem a obrigatoriedade de
Protocolo Adicional
CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

Na reta final da conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, os
representantes de EUA, Rússia, Reino Unido e França pediram a retirada de qualquer referência a
prazos para o desarme atômico da declaração final e do plano de ação que serão negociados até sexta
.
Nem a simples menção à proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de que seja
convocada uma cúpula sobre o fim da bomba foi aceita pela Rússia
.
Moscou, Paris e Washington
também se opuseram a um artigo que pede seu compromisso com a interrupção da modernização dos
arsenais atuais
.
O endurecimento da posição das quatro potências nucleares reconhecidas é uma preparação
para a barganha com os países desarmados, que começou ontem em reuniões no anexo provisório da
sede da ONU, em Nova York, que está em reformas.
A quinta potência do Conselho de Segurança, a China, mantém posição discreta -aceita, por
exemplo, acordo garantindo que países sem a bomba não serão nuclearmente atacados. As potências
são minoria. Mas a declaração final só sai por consenso dos 189 países-membros, e o argumento
americano, apoiado por europeus, é que os desarmados devem "criar condições" para o fim dos
arsenais.
Isso significa maior controle sobre os programas atômicos pacíficos, agora que se estima que,
devido à mudança climática, haja ao menos mais 60 países interessados em produzir energia nuclear
.
O grupo dos Não Alinhados resiste a isso. "O importante é restaurar o equilíbrio do tratado.
Nossa ênfase no Desarmamento é para que os países armados que não o cumprem sejam tratados com
o mesmo rigor que os desarmados"
, disse o diplomata argelino Idriss Jazeiry.
O Brasil é só observador nesse grupo, mas se articula com ele para barrar propostas que, na
prática, tornariam obrigatória a adesão ao Protocolo Adicional do TNP, que permite inspeções em locais
não declarados como de uso nuclear.
RASCUNHO INCOERENTE
"O Brasil chegou a esta conferência em cumprimento do TNP e não sairá em descumprimento do
tratado", disse numa das plenárias o embaixador na AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica),
Antônio Guerreiro.
A frase de Guerreiro refere-se ao fato de que a conferência não tem mandato para mudar o texto
do TNP -que exige concordância apenas com as ditas "salvaguardas abrangentes" da AIEA-, mas
apenas para garantir sua implementação.
Mas as divergências são tantas que nenhuma das três comissões que vinham se reunindo desde
o início de maio produziu um texto de consenso. O rascunho da declaração final é um apanhado de
propostas incoerentes.
Embora um negociador brasileiro diga que é melhor não ter um texto do que ter um ruim, nem ele
nem a maioria das delegações apostam no fracasso. Uma reunião sem documento repetiria o fiasco de
2005, quando as posições radicais da Casa Branca de George W. Bush impediram um acordo.
O que pode acontecer, segundo avaliação da ONG pró-desarme Reaching Critical Will, é uma
declaração esvaziada, que mantenha o status quo -e a distância militar, mas sobretudo política, entre os
sem e os com bomba
.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#964 Mensagem por Grifon » Qua Mai 26, 2010 10:48 am

[...]
Na reta final da conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, os
representantes de EUA, Rússia, Reino Unido e França pediram a retirada de qualquer referência a
prazos para o desarme atômico da declaração final e do plano de ação que serão negociados até sexta.
[...]
que novidade :?




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#965 Mensagem por Quiron » Qua Mai 26, 2010 11:00 am

Tenho impressão que passado o Irã seremos os próximos a sofrer todo tipo de pressão abertamente, juntamente com a Argentina.

A falta de jornalistas especializados nesses assuntos será sentida e corremos o risco de cair no discurso boboca de ceder por bom-mocismo.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#966 Mensagem por FOXTROT » Qua Mai 26, 2010 12:31 pm

terra.com.br

Apoio russo a sanções é "inaceitável", diz Ahmadinejad
26 de maio de 2010

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta quarta-feira que o apoio da Rússia a novas sanções da ONU contra o Irã é inaceitável e pediu que o presidente russo, Dmitri Medvedev, repensasse seu apoio à posição de Washington.

O Irã foi desprezado pela Rússia e pela China na semana passada quando, horas depois de ter oferecido enviar parte de seu urânio enriquecido ao exterior, Washington anunciou que todos os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU haviam apoiado um esboço para novas sanções.

Fazendo uma rara crítica ao governo russo, Ahmadinejad usou um discurso televisionado para criticar Medvedev que, segundo ele, tinha se curvado diante da pressão norte-americana para apoiar as sanções que estão em andamento.

"Se eu fosse o presidente russo, quando tomasse decisões sobre assuntos relacionadas à uma grande nação (o Irã)... eu agiria com mais cautela, eu pensaria mais", disse Ahmadinejad.

"A nação iraniana não sabe: eles (os russos) são nossos amigos e vizinhos? Eles estão conosco ou estão buscando outra coisa?"

Ele acrescentou que a Rússia não deveria apoiar países que "estiveram contra nós, demonstraram animosidade contra nosso país por 30 anos", numa referência aos Estados Unidos, país que vem liderando uma iniciativa diplomática mundial por novas sanções.

"Isso não é aceitável para a nação iraniana. Espero que eles prestem atenção e tomem medidas de correção."

"Tenho esperança de que os líderes e as autoridades russas prestarão atenção a essas palavras amistosas e tomarão medidas de correção e não levem a nação iraniana a classificá-los entre seus inimigos históricos", disse Ahmadinejad.

O presidente iraniano disse que a troca de combustível nuclear acordada com a Turquia e o Brasil na semana passada e apresentada à Agência Internacional de Energia Atômica na segunda-feira era uma "oportunidade histórica" para pôr fim ao impasse com o Ocidente sobre o programa nucelar iraniano que o presidente dos EUA, Barack Obama, deveria aproveitar.

"É improvável que no futuro a nação iraniana dará uma nova oportunidade ao sr. Obama", disse.

Washington e muitos países europeus estão preocupados que o enriquecimento de urânio do Irã tenha como objetivo o desenvolvimento da capacidade de produção de armas nucleares. O Irã afirma que o objetivo é puramente pacífico e diz que o país tem um direito soberano de buscar tecnologia nuclear.

Críticos no Ocidente do acordo com a Turquia e o Brasil dizem que o Irã ainda teria material suficiente para construir uma bomba, se for altamente enriquecido.




"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#967 Mensagem por Anton » Qua Mai 26, 2010 1:21 pm

Reino Unido possui 225 ogivas nucleares, diz chanceler britânico

Revelando pela primeira vez informações oficiais atualizadas sobre seu arsenal nuclear, o Reino Unido confirmou que possui 225 ogivas, numa manobra que visa mais clareza sobre as armas atômicas que o país detém.

Em discurso no Parlamento, o chanceler britânico William Hague informou o número oficial, e disse que "é chegada a hora de ser mais aberto sobre as armas que nós possuímos". Anteriormente oficiais teriam informado que o país detinha 160 ogivas em operação.

Membro permanente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), o Reino Unido é uma das nações que possuem armas nucleares no mundo.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/7410 ... nico.shtml




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#968 Mensagem por marcelo l. » Qua Mai 26, 2010 3:25 pm

De um quadro político...

Autor: Sérgio Dialetachi
Desde 5 de outubro, um caminhão recheado de ativistas do Greenpeace e idéias a favor do uso de energias limpas e alternativas está percorrendo diversas cidades do país e pretende passar por 21 estados brasileiros. Trata-se da Expedição Energia Positiva para o Brasil, que consiste em uma exposição multimídia sobre energias renováveis montada dentro de um contêiner de 12 metros, vários equipamentos elétricos funcionando a partir de energia solar e um caminhão que, em vez de diesel, utiliza óleos vegetais como combustível, conforme explicam os organizadores da iniciativa.
Um dos idealizadores do projeto, Sérgio Dialetachi, coordenador da campanha de energia do Greenpeace, conta nesta entrevista à Rets como as fontes de energias renováveis e sustentáveis (energia solar, eólica e biomassa, por exemplo) podem ser adotadas no Brasil, quais os entraves para que sejam implementadas e comenta o recente cancelamento da cooperação entre Brasil e Alemanha no programa nuclear brasileiro. Aqui, 0,3% da nossa conta de luz vai para subsidiar a produção nuclear. Gente que não tira proveito dela é obrigada a pagar a mais para desenvolver esse tipo de geração. Gostaria de poder optar pelo subsídio a energias alternativas. Há consumidores dispostos a isso, enfatiza.
Rets - Recentemente o governo anunciou que dará continuidade ao programa de desenvolvimento da energia nuclear. Ele pode ir adiante?
Sérgio Dialetachi - Parece que sim, apesar de recentemente o governo alemão ter enviado ao Brasil uma proposta de substituição do programa nuclear por outro de energias renováveis. Há indícios de que a energia nuclear continue sendo apoiada pelo governo brasileiro. Já foi anunciada a construção da usina de Angra 3 e de outra mini-usina no nordeste, com potencial de produção de até 100 MW, em local ainda não divulgado, além da retomada de investimentos na construção de um submarino nuclear. Esses anúncios, pelo que sabemos, estavam previstos para dezembro, mas estão sendo antecipados.
Rets - O Greenpeace acusa o governo de não ter transparência quando o assunto é o programa nuclear. Em que se baseia a acusação?
Sérgio Dialetachi - Há muitos problemas. A decisão de construir Angra 3, por exemplo, foi anunciada pelo [então ministro da Defesa José] Viegas e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, em de ser pelo Ministério das Minas e Energias. A ministra Dilma Roussef [Minas e Energias], inclusive, reagiu a isso dizendo que o país não deveria considerar a energia nuclear como uma fonte viável de produção.
Além disso, o governo fala muito em respeito a acordos internacionais. Mas se tem mesmo, por que um almirante foi ao [programa televisivo] Fantástico no dia 11 de abril afirmar que havia burlado alguns acordos? Ele explicou que havia comprado material para a construção da centrífuga necessária para o processamento de urânio sem avisar, que havia trocado nomes de equipamentos para conseguir entrar com eles no país, entre outros
procedimentos. Se há tanto respeito, como toma uma atitude dessas e ainda anuncia em rede nacional?
Rets - Que questões poderiam estar por trás disso?
Sérgio Dialetachi - É difícil dizer, mas quem está comandando esse processo é a Marinha, que tem interesse no submarino nuclear. Muito já foi gasto no programa do submarino, que começou há mais de 20 anos e até agora não deu resultado. Agora pedem mais dez anos de prazo, enquanto não existe guarda costeira para coibir a biopirataria e a exportação ilegal de minérios.
Rets - No começo do ano o governo lançou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). A carga de energia a ser comprada, 3.300 MW, é suficiente para realmente incentivar a produção?
Sérgio Dialetachi - O Proinfa é uma iniciativa louvável, mas ainda muito tímida. A garantia de compra de 1.100 MW de eletricidade produzida por fontes eólicas é muito pouco se pensarmos que o potencial inventariado é de 82 mil MW. E tem gente que acredita ser possível chegar a 110 mil MW. Além disso, o programa não contempla a produção solar fotovoltaica ou térmica. Há milhares de brasileiros sem luz, morando em locais onde os linhões não passam. Essas pessoas só terão eletricidade com fonte solar. É a forma mais barata de produção.
É bom lembrar que o programa vinha sendo preparado há muitos anos, não é uma iniciativa exclusiva do governo Lula.
Rets - Para amenizar o problema das pessoas que ainda não têm acesso a eletricidade, o governo lançou o programa Luz para Todos. Qual é a sua avaliação sobre ele?
Sérgio Dialetachi - Ele tem ajudado muito pouco. É como a promessa de criar 10 milhões de empregos em quatro anos. Da maneira convencional, será muito difícil dar luz para todos. Não há como fazer as linhas chegarem a cada casa no meio da floresta, ou no meio do cerrado, por exemplo. O governo afirma que 92% da população estão ligados à rede de eletricidade, mas há estatísticas mais severas que sustentam que, na verdade, esse número é de 70%. Na Bahia, há quatro milhões de pessoas sem fornecimento seguro. São aquelas que têm um gerador a diesel, que só funciona em horários determinados. Ou seja, não podem ter uma geladeira, uma televisão etc.
Falo da Bahia pois é um estado injustiçado. De lá sai o urânio das usinas nucleares, lá foi prospectado o primeiro petróleo do Brasil e estão diversas barragens do São Francisco. Há 12 mil famílias sem energia nas margens da barragem de Tucuruí, usina que produz energia basicamente para duas usinas de alumínio no Pará. E, ainda por cima, estas têm muitos subsídios, pagam pela energia menos que nós, consumidores residenciais. Essa e outras regalias acabam de ser estendidas por mais dez anos.

Rets - O custo dessas fontes alternativas ainda é alto. Como estimular a produção com esses preços?
Sérgio Dialetachi - Realmente o preço ainda é alto, mas precisamos levar em conta diversos fatores para que isso aconteça. Em primeiro lugar, ainda não temos uma produção em escala para fazer os custos diminuírem. No Brasil há apenas um fabricante de células fotovoltaicas e mais oito ou nove no resto do mundo. Por outro lado, temos silício (matéria prima das células) de sobra.
O mesmo acontece com a energia de fonte eólica: temos corpo técnico suficiente para desenvolvê-la, mas não há material disponível. Algumas empresas estrangeiras estão chegando para fazer investimentos, mas, como os preços são altos, sem garantia de compra da energia não há como produzir.
O Proinfa faz isso, mas quem quiser ir além vai ter problemas por falta de comprador. A não ser que alguém perto queira comprar. O Proinfa garante a compra por dez anos, então durante esse período vai ser difícil alguém fazer novos investimentos.
É preciso pensar também que todas as outras formas de geração possuem subsídios, menos as alternativas. Defendo a retirada de subsídios de todos. Então deixamos todos competirem igualmente para ver no que vai dar. A nuclear possui o mesmo preço da geração eólica, por exemplo, mas nesse valor não estão computados fatores necessários para sua implementação como sistemas de emergência, treinamento de pessoal etc. Então não temos como comparar. Quando se calcula o valor da eletricidade, também não se leva em conta o preço de trazer energia de longe para áreas social e ecologicamente arriscadas, como é o caso de hidrelétricas a serem implantadas na Amazônia. As que estão no sul e nordeste já estão pagas e não levam em conta o investimento necessário. O sistema de energia de hoje é muito diferente do de décadas atrás, quando começaram as grandes obras para o abastecimento de energia. Atualmente essas fontes são baratas, pois já estão pagas.

Rets - Em relação à energia nuclear, como fica a questão do lixo produzido pelas usinas? O Brasil pode se tornar um depósito de resíduos?
Sérgio Dialetachi - Acho que não. Temos depósitos de resíduos de baixa e média radioatividade em Minas Gerais e Goiás. O lixo produzido em usinas nucleares do Brasil tem ficado no reator até perder seu potencial de contaminação. Porém, o de alta radioatividade não tem solução. Mesmo 60 anos depois da inauguração da primeira usina nuclear do mundo, não há solução definitiva. Há países que guardam os resíduos em minas, cápsulas de concreto e chumbo ou os deixam nas usinas até o fim da vida útil dos dejetos. Mas todos requerem um aparato muito grande.

Rets - Durante o apagão (2000-2001), o Brasil estimulou a construção de usinas termelétricas para compensar a falta de eletricidade. Apesar de seu alto custo, elas foram uma boa solução para o problema?
Sérgio Dialetachi - A decisão de construir termelétricas foi afoita. Os contratos foram mal explicados e a energia gerada é muito cara. Então, quanto mais tempo paradas, melhor para todos.
O apagão deixou boas lições, como a procura por economia em casa e a exigência de maior eficiência energética de máquinas. Aprendemos a duras penas que lidávamos com máquinas burras e que tínhamos hábitos equivocados. A população aprendeu a economizar e hoje temos energia em excesso.
O problema é que agora as empresas de energia querem que isso seja consumido e estimulam o consumo. Ou seja, todo o aprendido está sendo jogado fora. Além disso, não há necessidade de novas usinas. Há estudos que mostram a possibilidade de aumentar a geração com a repotencialização das usinas existentes. Teríamos um ganho de 6% a 8% se usássemos melhores turbinas em nossas hidrelétricas. Há também o problema do desperdício, da ordem de 16% da energia produzida, o dobro da média mundial. Isso é causado pelo comprimento das linhas de transmissão, roubo e equipamentos velhos. Precisamos voltar a estimular a economia e a troca de máquinas antigas por outras mais eficientes.

Rets - As campanhas contra o desperdício são bem estruturadas?
Sérgio Dialetachi - Já tivemos nossa lição. Hoje buscamos selo de eficiência energética para comprar geladeira, por exemplo. Os consumidores passaram a valorizar a economia. Hoje pouca gente sai de casa e deixa a televisão ligada em stand by, consumindo energia. A diferença foi percebida no bolso e nas indústrias. Na época do apagão, tivemos que importar lâmpadas fluorescentes. Hoje elas são fabricadas aqui. O governo também tomou uma série de medidas, como linhas de financiamento para projetos econômicos, campanhas de marketing e incentivos a novos combustíveis como o biodiesel.

Rets - O Greenpeace pede o fim dos subsídios à produção de petróleo. No Brasil, porém, o preço é bem acima do custo, pois ele é regulado pelos mercados internacionais. Não é um contra-senso?
Sérgio Dialetachi - Na verdade precisamos substituir o petróleo como fonte de energia. Se ele fosse comprado pelo seu preço real mundo afora, seria rapidamente substituído. Sua produção deve levar em conta outros preços, que nem sempre são computados. Entre eles, o custo do efeito estufa e a conseqüente elevação do nível do mar, das secas e alagamentos provocados. As grandes cidades brasileiras possuem favelas em áreas alagadas, que estão em risco freqüente. Para onde vamos remover essa gente toda se o nível da água subir? Quanto isso custaria? É um processo complicado, que deve ser computado ao preço final.

Rets - O governo alemão emitiu uma nota, no dia 11 de novembro, que propõe a troca do acordo nuclear com o Brasil por um de fontes renováveis. O abandono da energia nuclear é uma tendência mundial?
Sérgio Dialetachi - Sim. Aqui, 0,3% da nossa conta de luz vai para subsidiar a produção nuclear. Gente que não tira proveito dela é obrigada a pagar a mais para desenvolver esse tipo de geração. Gostaria de poder optar pelo subsídio a energias alternativas. Há consumidores dispostos a isso. Eu não me importaria em pagar esse montante para ver energia limpa ser inserida no sistema nacional.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#969 Mensagem por faterra » Qua Mai 26, 2010 10:06 pm

Tem-se que pegar este pessoal do Greenpeace e mandar eles fiscalizarem e infernizarem a vida dos ingleses, franceses e estadunidenses que utilizam energia altamente poluente e imunda (carvão) e,incluindo a Rússia e a China, que de quebra, possuem armamentos e usinas nucleares. Duvido que eles irão incomodar seus patrões!
Temos que dar um jeito de mudar a Constituição e expulsar esta corja e todas as ONG`s estrangeiras que estão em território nacional, principalmente na região da amazônia. O país virou um paraíso para estes terroristas. E ainda encontram respaldo em um bando de lesa-pátrias, que se auto-proclamam "brasileiros" só porque nasceram no Brasil. Tanto faz serem de oposição ou da situação! Eles não medem esforços para prejudicar a nação. Respeito a opinião e o enganjamento de cada brasileiro na luta para melhorar e engrandecer o país. Mas, a partir do momento, que apoiam ações de vagabundos internacionais com o intuíto de prejudicar o país... destêrro é pouco.




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Um abraço!
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#970 Mensagem por Loki » Qua Mai 26, 2010 10:32 pm

82 mil MWh, 110 mil MWh? De que país esse cara está falando? E ainda de Energia Eólioca? Isso é mais que o Brasil produz hoje com todas as fontes, todas!

Um watt de energia solar custa mais que 40 centavos de real, quem vai pagar 40 reais pra acender uma lâmpada de 100 W por uma hora? a Eólica fica por volta dos 20, 25 centavos.

Depois sou eu que bebo!
Melhor ler esses absurdos que ser cego!




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#971 Mensagem por marcelo l. » Qua Mai 26, 2010 10:37 pm

Loki escreveu:82 mil MWh, 110 mil MWh? De que país esse cara está falando? E ainda de Energia Eólioca? Isso é mais que o Brasil produz hoje com todas as fontes, todas!

Um watt de energia solar custa mais que 40 centavos de real, quem vai pagar 40 reais pra acender uma lâmpada de 100 W por uma hora? a Eólica fica por volta dos 20, 25 centavos.

Depois sou eu que bebo!
Melhor ler esses absurdos que ser cego!
É o cara que faz o programa da Marina na área de energia [005]




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#972 Mensagem por zela » Qua Mai 26, 2010 11:35 pm

Teria que se ocupar todo o território amazônico com energia eólica, para se poder comparar com a quantidade de energia produzida por belo monte. Eles falam coisas sem nexo, e o povo engole. Alguém colocou um excelente texto falando sobre isso aqui.




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Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#973 Mensagem por Marino » Qui Mai 27, 2010 10:35 am

Por Israel, EUA aliviam pressão sobre Teerã na revisão do TNP
CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
Os EUA abriram mão de mencionar o Irã ou de acusá-lo diretamente na declaração final da
conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), prevista para terminar amanhã.
Em troca, querem que sejam excluídas do texto menções a Israel, potência fora do tratado que não
admite ter um arsenal atômico.
Com isso, Paquistão e Índia também não seriam mencionados. Só a Coreia do Norte, que deixou
o TNP para testar uma bomba, seria alvo de críticas diretas. Nos rascunhos da declaração, havia cinco
referências a Israel, Índia e Paquistão, pedindo que assinem o Tratado de Proibição de Testes Nucleares
e iniciem o processo de adesão ao TNP como países desarmados.
Cláusula sugerida pelo grupo dos Não Alinhados tenta coibir a venda aos três países de material
relacionado a atividades atômicas, pacíficas ou não -a medida seria "incentivo" à adesão, mas as
potências reconhecidas (EUA, Rússia, França, Reino Unido e China) resistem.
A pressão sobre as potências extratratado ajuda a reduzir o impacto do programa nuclear
iraniano na conferência, em contraste com o debate internacional. Visando o Irã, EUA e países europeus
propuseram um parágrafo afirmando que os países que exercerem o direito de se retirar do TNP
continuarão sendo responsabilizados por eventuais violações enquanto signatários.
A proposta provocou oposição da delegação iraniana. Mas, avaliam negociadores, ela pode ser
amenizada. Os pontos que provocam impasse são outros três:
1) O plano de ação para o desarme nuclear;
2) Os passos para a implementação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio,
discutidos à parte por EUA e Egito, líder dos Não Alinhados;
3) A proposta de EUA e europeus, à qual o Brasil se opõe, de que o Protocolo Adicional seja o
instrumento "padrão" das inspeções da AIEA. O termo deve ser derrubado. Ontem, em meio às
negociações na sede da ONU, em Nova York, estava em aberto se haverá declaração final.
Diante da "visão" de Barack Obama de um mundo sem a bomba, causou surpresa a insistência
das potências reconhecidas em diluir compromissos com o desarme. Jayantha Dhanapala, presidente de
movimento pelo uso pacífico do átomo, atribui o movimento à ascensão dos conservadores no Reino
Unido e a disputas militares entre as potências.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#974 Mensagem por Túlio » Qui Mai 27, 2010 11:10 am

Sei lá, para mim o cara do Greenpeace não disse apenas despropósitos. Quanto mais energia disponível melhor, oras, ao menos para quem quer crescer. Para que criar um padrão único se podemos ter vários? Quem vai botar uma usina nuclear para produzir energia para a casa do seringueiro no meio da Amazônia ou da vila de pescadores no Bojuru (uns 200 km daqui)? Bueno, umas células solares ou uns cataventos resolveriam. E o custo não é desculpa, uma tv de plasma custava o preço de um carro quando foi lançada, com a produção em massa caiu a um ponto que até um pé-de-chinelo que nem eu pode comprar uma. Aliás, lembro dos anos 80, eu, meu Pai e minha irmã nos cotizamos para pagar um CONSÓRCIO e termos o nosso primeiro videocassete, uma década depois eu, já casado, vi na tv um de sete cabeças e troquei o meu, que tinha quatro. Paguei à vista. Produção em massa é isso, o custo cai que é uma beleza... :wink:




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#975 Mensagem por Sávio Ricardo » Qui Mai 27, 2010 11:20 am

Só pra falar q tem TV de plasma...

Rs...

:lol: :lol:

:wink: :wink:

Zuera




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