GEOPOLÍTICA

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Marino
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Re: GEOPOLÍTICA

#2116 Mensagem por Marino » Dom Mai 23, 2010 12:18 pm

PORTAL DA ADMINISTRAÇÃO

Quem dá a canela aguente a botinada


A intensidade da reação das grandes potências dá a medida do que representou o acordo negociado com o Irã pelo presidente Lula e pelo premiê turco, Recep Tayyip A intensidade da reação das grandes potências dá a medida do que representou o acordo negociado com o Irã pelo presidente Lula e pelo premiê turco, Recep Tayyip Erdogan. O Itamaraty ainda se debruça sobre as linhas e entrelinhas do noticiário na tentativa de entender exatamente o que moveu o governo Obama, pela voz da secretária de Estado Hillary Clinton, a disparar contra o acerto um torpedo a meia-nau — desses que afundam inapelavelmente o navio. "A impressão é de que a resposta já estava pronta antecipadamente", queixa-se um diplomata que acompanhou a maratona de negociações em Teerã. "Ela contradiz os sinais prévios das várias partes que consultamos, inclusive os EUA. Todos os elementos que eles mencionaram nas comunicações que trocamos estavam no texto do acordo, pela primeira vez como um compromisso assumido por escrito pelo Irã."

A grita da diplomacia brasileira deixa claro que, recorrendo às imagens do futebol, o "gol" comemorado na segunda-feira teve como preço uma dessas clássicas botinadas com as quais um zagueiro veterano avisa ao jovem atacante adversário que drible na área não fica de graça. Com a diferença de que, no campo da diplomacia, não há juiz. É igual a pelada de rua: marca a falta quem grita mais forte. Não há cartão amarelo, que dirá vermelho. Meses atrás, discutindo a disposição mostrada pelo Brasil de entrar no jogo para valer, sem ser "café com leite", a coluna lembrou que era bom preparar as canelas para apanhar...

Palavra maldita

Foi a muito custo que o ministro Celso Amorim conseguiu excluir a palavra "sanções" do texto da Declaração Conjunta Irã-Brasil-Turquia, nome oficial do acordo. Os iranianos insistiam em mencionar no texto que uma nova rodada de punições invalidaria o arranjo para a troca do urânio. O chanceler convenceu os interlocutores de que isso equivaleria a servir de bandeja à outra parte um argumento para sepultar o diálogo.

Bom conselho

Essa disputa honra a atualíssima reflexão do Conselheiro Aires, personagem de Machado de Assis, em Esaú e Jacó:

Cada um por si

Reclamações à parte, os diplomatas brasileiros jogaram a partida com a mesma perspectiva dos americanos: a dos próprios interesses. A lição é de que o jogo mundial é duro, ríspido e também comporta dissimulação e blefe. O ministro Amorim bate na tecla do "dever cumprido": propôs-se a encontrar uma fórmula para a troca de urânio do Irã e conseguiu. Mexeu com o tabuleiro na questão atualmente mais delicada e potencialmente perigosa do cenário mundial. Do lado brasileiro, a avaliação é de que a postura americana caracteriza uma opção pelas sanções não como instrumento de uma solução para o impasse, mas como medida punitiva com fim em si.

De um e outro lado, o jogo atende a interesses. Engana-se quem pensa que a empreitada iraniana atende apenas a ambições pessoais do presidente e do chanceler — assim como seria ingênuo ignorar que elas existem. O Brasil vem intensificando o comércio com o Irã, hoje o país do Oriente Médio com o qual realizamos o maior superavit comercial. Pode perder com as sanções, como perdeu há dois anos, quando a Petrobras teve de desistir de projetos no país para não sofrer retaliação americana. Os EUA, por sua vez, têm uma montanha de motivos para torcer por uma saída diplomática, desde logo a inconveniência de se envolver em mais uma confrontação militar. Mas há quem lembre: Obama joga de olho na agenda doméstica, em ano de eleição crucial para o Congresso. E Hillary tem de administrar a impaciência de Israel, onde Benjamin Netanyahu acaricia a coronha do revólver (ainda) guardado no coldre.


E por falar...

... em interesses, desembarcam amanhã em Brasília figurões da Boeing (americana) e da Saab (sueca), que tentam virar o jogo da concorrência bilionária para os novos caças da FAB. O vice-presidente de desenvolvimento de negócios internacionais da Boeing para a região, Joe McAndrew, e o diretor de gerenciamento de produtos da Saab, Lars Ekstrom, terão encontros com funcionários brasileiros da Defesa e participação de um fórum sobre o tema, no Hotel Mercure. A francesa Dassault, favorita até aqui para levar o contrato, não terá representantes.

O ministro Nelson Jobim e o próprio presidente Lula não se cansam de repetir que a escolha será "política".

"Descobrir e encobrir: toda a diplomacia está nestes dous verbos parentes"




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: GEOPOLÍTICA

#2117 Mensagem por Francoorp » Dom Mai 23, 2010 2:52 pm

DOMINGO, 23 DE MAIO DE 2010
Brasil quer condição de porta-voz dos emergentes

http://1.bp.blogspot.com/_9fNKRyQxUNw/S_kfljpzAtI/AAAAAAAAEvg/6A_r9S_T9ko/s1600/itamaraty_12-dez-04_dsc_4751800.jpg

Aos olhos de diplomatas brasileiros, o maior - e mais improvável - afago à atuação do País no Irã veio do jornal britânico Financial Times. Em editorial, o prestigiado diário liberal defendeu que o acordo nuclear turco-brasileiro com Teerã, independentemente de seu resultado, prova que o Brasil tornou-se uma "ponte" entre o Ocidente e "os emergentes". A Turquia, do outro lado, serviu de elo entre os ocidentais e "o mundo islâmico".

O diagnóstico do jornal foi uma boa notícia para o Itamaraty. Entrar na seara iraniana, acreditam os diplomatas, é apenas mais uma maneira de reafirmar que o Brasil de hoje é um ator global pleno, cuja influência pode determinar rumos em todo o mundo. Críticos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, definem esse raciocínio com uma palavra: megalomania.

No diálogo da semana passada com o Irã, a diplomacia brasileira fez questão de exaltar sua condição de potência emergente - "aliada ao Ocidente, mas com uma agenda semiautônoma", segundo a definição do Financial Times. Pelo discurso oficial em Teerã, teria sido essa qualidade socioeconômica - e agora política - a chave para "arrancar" um acordo do governo iraniano.

"Foi uma negociação respeitosa entre países em desenvolvimento, que compreendem os problemas uns dos outros", disse, satisfeito, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, momentos após a assinatura do acordo, na segunda-feira.

O chanceler alfinetou o grupo formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França) e a Alemanha, que falam "exclusivamente a linguagem da pressão". Por isso, teriam sido incapazes de emplacar o acordo de troca de urânio por material nuclear, proposto em outubro pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Fonte: Estadão via Geopolítica Brasil.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2118 Mensagem por Enlil » Dom Mai 23, 2010 4:05 pm

BRESSER PEREIRA: O IRÃ E O IMPÉRIO DECADENTE

Sugestão: Hornet

“Há algum tempo, o establishment mundial recebeu com um misto de irritação e descrença a notícia de que o presidente Lula se dispunha a intermediar a questão do Irã.

Na semana passada a diplomacia brasileira alcançou um êxito histórico em Teerã ao lograr que o governo nacionalista islâmico do Irã aceitasse o acordo sobre a troca de urânio pouco enriquecido por urânio enriquecido a 20% nos mesmos termos que as grandes potências e a AIEA(agência atômica da ONU) haviam proposto há seis meses.

Não obstante, alegando que o acordo não assegura que o Irã não utilizará o restante do urânio em seu poder para se tornar potência nuclear, os EUA conseguiram convencer as demais grandes potências a levar ao Conselho de Segurança da ONU a proposta de novas sanções ao Irã. E adicionaram mais uma “razão”: assim, evitam que seu aliado Israel bombardeie o Irã. Significa isso que o acordo de Teerã fracassou?

As razões para ignorar o acordo bem pensado e realizado não se sustentam. A recusa dos EUA de continuar a negociação a partir dele deixou mais uma vez claro que seu objetivo principal não é evitar que o Irã tenha a bomba, mas é desestabilizar seu governo.

Desde a Revolução Islâmica de 1979, os EUA vêm procurando derrubar o governo nacionalista iraniano. Primeiro, porque o regime seria fundamentalista; depois, porque ameaçaria Israel.

Nesse sentido, suas ações não se limitaram ao “soft power” e à diplomacia, mas foram militares. Em 1981, financiaram uma guerra mortífera do Iraque de Saddam Hussein contra o Irã, que durou quase dez anos e terminou com a derrota da coligação americano-iraquiana.

Agora, depois de haver invadido e submetido seu antigo aliado, voltam- se de novo contra o regime dos aiatolás e de seu boquirroto e autoritário presidente, Mahmoud Ahmadinejad.

Mostram, assim, coerência em sua política imperial de controle político-militar do Oriente Médio. O fato de a China ter concordado em assinar o pedido de mais sanções significaria que não usará seu poder de veto no Conselho de Segurança? É possível, mas não é provável. A China assinou o pedido para, neste momento, não aumentar seu contencioso com os EUA, que já é grande.

Por isso, é bem possível que o acordo de Teerã e as reações que está provocando levem os chineses, que não têm interesse em que os EUA e a Europa aumentem ainda mais seu poder no Oriente Médio, afinal a recusar seu voto às sanções.

Os EUA são um império em decadência que tenta ser imperial em uma fase da história mundial na qual os impérios não fazem mais sentido.

Os dois últimos grandes impérios foram o britânico e o soviético. Fracassaram por diferentes razões, mas principalmente porque hoje mesmo países mais atrasados são membros plenos da ONU e não aceitam a dominação imperial.

Não obstante, os EUA insistem em terem bases militares espalhadas em todo o mundo para “legitimar” a imposição de sua vontade. Sabemos, porém, que não é com armas, mas com bons argumentos e com concessões mútuas que haverá paz entre as nações.”

FONTE: escrito por LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC) :shock: . Publicado hoje (23/05) na Folha de São Paulo.

Fonte: Democracia e Política

http://pbrasil.wordpress.com/2010/05/23 ... more-18074

>

Sinal dos novos tempos? ...




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Re: GEOPOLÍTICA

#2119 Mensagem por Francoorp » Dom Mai 23, 2010 4:20 pm

Enlil...jà postei esta matéria no Eua X Irã... :roll:




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Re: GEOPOLÍTICA

#2120 Mensagem por Enlil » Dom Mai 23, 2010 4:34 pm

Não vi, a dinâmica está alta nos Conflitos Passados e Atuais, de qualquer maneira é assunto correlato ao tópico. [].




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Re: GEOPOLÍTICA

#2121 Mensagem por Paisano » Dom Mai 23, 2010 6:16 pm

É a troca de regime, estúpido*

Fonte: http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-b ... upido.html
Dia desses um gênio do jornalismo descobriu que a CIA derrubou o líder nacionalista Mohammed Mossadegh (CLIQUE AQUI -> http://diplo.org.br/2007-09,a1913), no Irã, em 1953, razão pela qual existe uma discordância histórica entre os persas e os Estados Unidos.

O mesmo gênio descobriu que a ascensão dos aiatolás , em 1979, levou a uma crise entre Teerã e Washington, da qual a tomada de reféns na embaixada dos Estados Unidos (CLIQUE AQUI -> http://pt.wikipedia.org/wiki/Ruhollah_Khomeini) na capital iraniana fez parte.

Faltou ao gênio ler um pouco sobre o imperialismo europeu e norte-americano e sobre a reação eminentemente nacionalista daqueles que foram vítimas dele.

Havia uma grande dose de nacionalismo na luta que levou os comunistas chineses ao poder, depois de uma história de “encroachment” ocidental em território chinês (Guerra do Ópio, rebelião dos Boxers, etc.).

Havia uma grande dose de nacionalismo na luta dos aiatolás pela soberania iraniana.

Há uma grande dose de nacionalismo na luta dos iraquianos contra a invasão dos Estados Unidos (no bloco de um Globo Repórter que me coube, antes da invasão, um dos entrevistados alertava que Washington estava desprezando o nacionalismo dos iraquianos, que rejeitavam a ditadura de Saddam Hussein mas nem por isso concordavam com um troca de regime patrocinada por interesses estrangeiros).

O que Barack Obama faz hoje, no Irã, é manter a política externa de George W. Bush, que pregava a troca de regime no Irã, na Coreia do Norte e no Iraque, o chamado axis of evil (CLIQUE AQUI -> http://en.wikipedia.org/wiki/Axis_of_evil), eixo do mal.

Há quem acredite em uma divergência interna no próprio governo americano, com Hillary Clinton tirando proveito de uma autonomia que teria garantido como condição para apoiar Obama contra o republicano John McCain.

Há quem acredite que Hillary representa o AIPAC, o lobby de Israel que sequestrou a política externa dos Estados Unidos e que prega, obviamente, a troca de regime em Teerã.

Não importa. O que importa é que, ao fim e ao cabo, o governo Obama sustenta a mesma política externa de George W. Bush, que não quer apenas o desarmamento nuclear do Irã, mas usa essa questão para fazer avançar a troca de regime em Teerã.

E o mundo não pode mais aceitar que os Estados Unidos determinem, a partir de seus interesses em Washington, quais governos podem ou não existir, em qualquer parte do mundo.

Pode parecer simplismo. Mas é simples, mesmo: esse tempo acabou.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2122 Mensagem por andrefmz » Dom Mai 23, 2010 6:38 pm

ciclope escreveu:Belo texto. O sinistro e que o que estamos vendo agora fora previsto no livro da CIA que li a algum tempo atras e alguns colegas daqui tambem leram.
Sobre as espectativas de como o mundo seria ate 2050.
Alguem aqui se lembra do nome desse livro
Será o livro " Relatótio da cia I e II " por Heródoto Barbeiro ?

abraços




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Re: GEOPOLÍTICA

#2123 Mensagem por cassiosemasas » Seg Mai 24, 2010 12:19 am

Especialistas: acordo fracassou e Brasil sofrerá consequências

23 de maio de 2010 • 23h08

Notícia

Claudia Andrade e Luciana Cobbuci

Direto de Brasília
Ao intermediar um acordo com o Irã na área de energia nuclear, o Brasil assumiu um risco que pode trazer consequências desfavoráveis para um país que se coloca como "conciliador" no cenário internacional, segundo a análise feita por especialistas ouvidos pelo Terra. O problema apontado por eles é o considerado "fracasso" do acordo que, mal foi assinado, acabou rebatido pela afirmação iraniana de que continuaria a enriquecer urânio e pela declaração americana de que sanções contra o Irã continuavam sendo negociadas.

"O Brasil poderia ter assumido uma postura mais cautelosa, sem essa exposição toda. E, depois do resultado pífio, deveria ter humildade para reconhecer que tentou fazer o que podia, sem esconder o fracasso, sem insistir em um resultado positivo de um acordo que não vai valer", afirmou o cientista político Samuel Feldberg. "Isso desqualifica o Brasil como intermediário, como possível mediador para próximos conflitos. O País queimou cartucho".

"Nunca houve na diplomacia brasileira um fracasso como este. É um resultado tão desastroso que duvido que se repita", disse José Augusto Guilhon Albuquerque, do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo. "Eu desejo de que seja assim, porque vai ser muito grave se não se aprender nada depois disso".

Os dois especialistas da USP são céticos sobre a postura iraniana a respeito de seu programa nuclear e criticam o fato de o Brasil ter abandonado a neutralidade no episódio. "O Brasil fez coisa semelhante na questão de Honduras, no conflito entre Equador e Colômbia e agora: adotou um lado. Como pode resolver um conflito se adota um dos lados?", questiona Guilhon.

Na opinião de Feldberg, ao apoiar o Irã na mediação, o Brasil passa uma mensagem equivocada, assumindo uma postura maniqueísta. "De certa forma, o Brasil está dizendo que o Irã e nós somos os mesmos atores de um cenário dominado pelas mesmas potências, sem diferenciar que o Brasil é um jogador honesto e o Irã, não", afirmou.

Para Feldberg, o País não podia ter se comprometido com a causa iraniana a ponto de sair prejudicado da situação. "O Brasil pode estar numa posição privilegiada hoje, mas ainda somo um país marginal. Não temos por que competir com as grandes potências", afirmou.

"O Brasil tem seu próprio programa nuclear, faz enriquecimento de urânio, mas abandonou seu programa nuclear para fins militares há muito tempo. De alguma forma, isso cola em uma necessidade brasileira de deixar muito claro o seu direito de enriquecer urânio e de se comportar nesse meio com independência", disse.

Feldberg não acredita numa guerra nuclear, mas diz que a simples posse de armamentos nucleares pode causar desequilíbrio no Oriente Médio. "Certamente vamos ver países ricos que podem se dar ao luxo de entrar nesse processo tentando adquirir armas nucleares, como Arábia Saudita e Egito. O que o Hezbollah pode fazer no futuro, contando com esse 'guarda-chuva' nuclear é muito mais do que foi feito no conflito de 2006", afirmou.

O professor de direito internacional da Universidade de Brasília Marcio Garcia também é cético sobre os resultados da ação diplomática brasileira no Irã. Ele disse ter dúvidas "se o País está maduro o suficiente no cenário internacional para participar desse plano".

A favor
Em seu primeiro evento no Brasil, depois da viagem ao Irã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou quem não gostou do acordo. "É muito engraçado que algumas pessoas não gostaram que o Irã aceitasse uma proposta que, anteriormente, era dos que não gostam agora. Porque tem gente que não sabe fazer política se não tiver um inimigo, e eu sou daqueles que só sabem fazer política construindo amigos", afirmou.

O professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) Reginaldo Nasser, é dos que considera que os resultados podem ser positivos. "O acordo não é um fator isolado, mas faz parte de um processo que vem num crescendo e já colocou o Brasil num outro patamar (no cenário internacional)", avaliou.

Para ele, mesmo em um cenário desfavorável, com o Irã descumprindo o acordo, o Brasil já teria feito seu papel. "O Brasil conseguiu pautar uma negociação, conseguiu que o Irã sinalizasse uma negociação. O objetivo não era pressionar o Irã, porque nenhum país vai conseguir isso".

Entenda o caso
Países ocidentais acusam o Irã de enriquecer urânio para fins militares, o que os iranianos negam. No início desta semana, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton anunciou ter chegado a um consenso com China e Rússia para uma resolução das Nações Unidas prevendo sanções ao Irã. O debate inclui restrições a venda de tanques, veículos de combate, aviões, navios de guerra e outras armas pesadas ao país. O anúncio foi feito logo depois do acordo mediado pelo Brasil, entre Irã e Turquia, que estabelece o envio de urânio para ser enriquecido no exterior. Em troca, o Irã receberia combustível nuclear para uso em fins pacíficos. Logo após a assinatura do acordo, contudo, o Irã anunciou que continuaria a enriquecer urânio em seu território.

Com informações de Thaís Sabino, direto de São Paulo.

fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/not ... ncias.html




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Re: GEOPOLÍTICA

#2124 Mensagem por cassiosemasas » Seg Mai 24, 2010 12:22 am

Diplomatas: prestígio do Brasil independe de sucesso do acordo

23 de maio de 2010 • 23h00

Notícia

Thais Sabino

Direto de São Paulo


Independentemente do resultado do acordo nuclear mediado pelo Brasil, entre Irã e Turquia, a diplomacia do País nunca teve tanto peso na política internacional, na opinião de dois profissionais da área. Para o diplomata e professor titular de economia do Instituto Rio Branco Flávio Campestrin Bettarello, o momento que o País vive hoje "é algo inédito".

Segundo ele, a diplomacia brasileira sempre foi reconhecida como "profissional", já que existe um rigoroso processo até alcançar o cargo de embaixador, ao contrário dos Estados Unidos, em que metade dos embaixadores não é de carreira diplomática. Flexibilidade e dinamismo são os pontos fortes do Brasil, segundo Bettarello, além da preferência pelo diálogo para resolver questões. "O que o Brasil fala hoje tem um peso. O mundo nunca esteve com os 'ouvidos' tão voltados para o Brasil", disse.

"O Barão do Rio Branco fechou as fronteiras sem derramar uma gota de sangue, isso é uma grande vitória", disse o professor doutor de direito internacional da Universidade de Brasília (UNB) Márcio Garcia sobre a diplomacia pacífica do País. Para ele, o crescimento econômico e a importância que o Brasil ganhou no mercado, aliados ao carisma do governo brasileiro, são os responsáveis pelo sucesso da política externa atual.

Sobre o acordo selado com a Turquia e o Irã, Garcia, porém, tem dúvidas se o País está maduro o suficiente no cenário internacional para participar nesse nível. Mas, segundo ele, o resultado deve aparecer em breve.

Para o ex-embaixador do Brasil em Londres e em Washington, Rubens Barbosa, "o acordo chamou a atenção para o novo papel que países emergentes, como o Brasil e a Turquia, poderão desempenhar em um mundo em transformação".

Ele considera a iniciativa do Brasil como "de alto risco". "Dependendo como nossa diplomacia atuar nas próximas semanas no curso das discussões e na votação do projeto de resolução com as sanções ao Irã na ONU, poderá trazer dificuldades para o Brasil". Mesmo assim, para Barbosa a ação foi positiva por procurar encontrar uma saída para a crise entre os Estados Unidos e o Irã.

O embaixador vê o Brasil como uma "nação de moderação", que busca o consenso nas negociações internacionais. "Nos últimos 15 anos, a presença do Brasil no mundo tem ficado mais visível por uma série de fatores internos e externos", disse. Entre os nacionais, Barbosa citou a estabilização da economia, o controle da inflação, a volta do crescimento, a austeridade fiscal e o aumento do mercado consumidor.

"A redução do risco Brasil, a expansão do mercado, a liderança na América do Sul e a formação do Bric, que colocou o Brasil ao lado da China, Rússia e Índia são alguns fatores externos", afirmou. No entanto, os especialistas em diplomacia afirmam que a situação do País hoje vem de um processo evolutivo, ao longo dos anos.


fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/not ... cordo.html




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Re: GEOPOLÍTICA

#2125 Mensagem por Junker » Seg Mai 24, 2010 1:11 am

Israel teria oferecido armas nucleares à África do Sul
24 de maio de 2010 • 00h01 • atualizado às 00h11


Documentos secretos da África do Sul indicam que Israel tentou vender ogivas nucleares para o governo do país durante o regime do apartheid, o que seria a primeira evidência oficial de que o Estado israelense possui armas nucleares. Os relatórios de encontros "super secretos" entre oficiais dos dois países em 1975 dizem que o então ministro da defesa sul-africano, PW Botha, perguntou por ogivas ao colega israelense, o hoje presidente Shimon Peres, que respondeu que eles ofereciam em "três tamanhos". Israel não confirma nem nega a existência de armas nucleares no país. As informações são do The Guardian.

Os dois ainda assinaram um amplo acordo que rege os laços militares entre os dois países que deveria permanecer em segredo. Os documentos foram descobertos por uma acadêmica americana, Sasha Polakow-Suransky, durante pesquisa para um livro sobre a relação entre os dois países.

Segundo a reportagem, as autoridades de Israel tentaram impedir que o governo pós-apartheid da África do Sul divulgasse os documentos. Estes podem ser um embaraço para o país, ainda mais nesta semana em que ocorrerão discussões sobre a não proliferação nuclear em Nova York, com foco principal no Oriente Médio.

O livro The Unspoken Alliance: Israel's secret alliance with apartheid South Africa, a ser lançado nesta semana nos Estados Unidos, afirma que oficiais de Israel ofereceram formalmente mísseis Jericho - capazes de carregar ogivas nucleares - do seu arsenal.

Redação Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noti ... o+Sul.html




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Re: GEOPOLÍTICA

#2126 Mensagem por Enlil » Seg Mai 24, 2010 1:32 am

É de uva:

Imagem

The secret military agreement signed by Shimon Peres, now president of Israel, and P W Botha of South Africa. Photograph: Guardian




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Re: GEOPOLÍTICA

#2127 Mensagem por Enlil » Seg Mai 24, 2010 8:48 am

Atualizado em 24 de maio, 2010 - 07:54 (Brasília) 10:54 GMT

Irã entrega à AIEA acordo mediado por Brasil e Turquia

A agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou nesta segunda-feira ter recebido do governo do Irã uma carta aceitando o acordo sobre o programa nuclear do país mediado por Brasil e Turquia.


Uma nota oficial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena, na Áustria, afirmou que o seu diretor-geral, Yukiya Amano, se reuniu como representantes dos três países nesta segunda-feira. O documento agora deve ser avaliado por Estados Unidos, França e Rússia.

Um representante da embaixada brasileira em Viena confirmou à BBC Brasil que a reunião aconteceu na manhã desta segunda-feira na capital austríaca.

As autoridades de Irã, Brasil e Turquia entregaram a Amano a carta assinada pelo chefe da organização de energia atômica iraniana, Ali Akbar Salehi.

Na segunda-feira passada, os três países anunciaram uma proposta de acordo que prevê o envio de 1,2 mil quilos de urânio iraniano enriquecido a 3,5% à Turquia. Em troca, o Irã receberia o urânio já enriquecido a 20%, para uso hospitalar.

Na terça-feira passada, um dia após o anúncio do acordo, os EUA circularam um esboço de resolução entre os países do Conselho de Segurança da ONU, pedindo uma quarta rodada de sanções econômicas e diplomáticas devido ao programa nuclear do Irã.

Analistas acreditam que, dos 15 países integrantes do órgão da ONU, apenas três, Brasil, Turquia e Líbano, todos com assentos temporários, não aprovariam a resolução com as sanções.

Ameaça

O Irã ameaçou rever seus laços com a AIEA se o Conselho de Segurança aprovar as novas sanções contra o país.

O presidente da Assembleia Consultiva Islâmica, Ali Larijani, acusou os Estados Unidos de ignorar o acordo fechado em Teerã, com a mediação do Brasil e da Turquia.

Em um discurso transmitido pela televisão estatal iraniana, Larijani afirmou que as ações americanas poderão fazer com que o Irã abandone o acordo.

"Isto iria estragar todos os esforços feitos pela Turquia e pelo Brasil e isto (o acordo) poderia ser deixado de lado, completamente."

"E, nestas circunstâncias, o Parlamento iraniano vai tomar outras medidas no sentido do nível de cooperação entre o Irã e a AIEA", acrescentou.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... aebc.shtml




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Re: GEOPOLÍTICA

#2128 Mensagem por guilhermecn » Seg Mai 24, 2010 9:16 am

cassiosemasas escreveu:Especialistas: acordo fracassou e Brasil sofrerá consequências

23 de maio de 2010 • 23h08

Notícia

Claudia Andrade e Luciana Cobbuci

Direto de Brasília
Ao intermediar um acordo com o Irã na área de energia nuclear, o Brasil assumiu um risco que pode trazer consequências desfavoráveis para um país que se coloca como "conciliador" no cenário internacional, segundo a análise feita por especialistas ouvidos pelo Terra. O problema apontado por eles é o considerado "fracasso" do acordo que, mal foi assinado, acabou rebatido pela afirmação iraniana de que continuaria a enriquecer urânio e pela declaração americana de que sanções contra o Irã continuavam sendo negociadas.

"O Brasil poderia ter assumido uma postura mais cautelosa, sem essa exposição toda. E, depois do resultado pífio, deveria ter humildade para reconhecer que tentou fazer o que podia, sem esconder o fracasso, sem insistir em um resultado positivo de um acordo que não vai valer", afirmou o cientista político Samuel Feldberg. "Isso desqualifica o Brasil como intermediário, como possível mediador para próximos conflitos. O País queimou cartucho".

"Nunca houve na diplomacia brasileira um fracasso como este. É um resultado tão desastroso que duvido que se repita", disse José Augusto Guilhon Albuquerque, do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo. "Eu desejo de que seja assim, porque vai ser muito grave se não se aprender nada depois disso".

Os dois especialistas da USP são céticos sobre a postura iraniana a respeito de seu programa nuclear e criticam o fato de o Brasil ter abandonado a neutralidade no episódio. "O Brasil fez coisa semelhante na questão de Honduras, no conflito entre Equador e Colômbia e agora: adotou um lado. Como pode resolver um conflito se adota um dos lados?", questiona Guilhon.

Na opinião de Feldberg, ao apoiar o Irã na mediação, o Brasil passa uma mensagem equivocada, assumindo uma postura maniqueísta. "De certa forma, o Brasil está dizendo que o Irã e nós somos os mesmos atores de um cenário dominado pelas mesmas potências, sem diferenciar que o Brasil é um jogador honesto e o Irã, não", afirmou.

Para Feldberg, o País não podia ter se comprometido com a causa iraniana a ponto de sair prejudicado da situação. "O Brasil pode estar numa posição privilegiada hoje, mas ainda somo um país marginal. Não temos por que competir com as grandes potências", afirmou.

"O Brasil tem seu próprio programa nuclear, faz enriquecimento de urânio, mas abandonou seu programa nuclear para fins militares há muito tempo. De alguma forma, isso cola em uma necessidade brasileira de deixar muito claro o seu direito de enriquecer urânio e de se comportar nesse meio com independência", disse.

Feldberg não acredita numa guerra nuclear, mas diz que a simples posse de armamentos nucleares pode causar desequilíbrio no Oriente Médio. "Certamente vamos ver países ricos que podem se dar ao luxo de entrar nesse processo tentando adquirir armas nucleares, como Arábia Saudita e Egito. O que o Hezbollah pode fazer no futuro, contando com esse 'guarda-chuva' nuclear é muito mais do que foi feito no conflito de 2006", afirmou.

O professor de direito internacional da Universidade de Brasília Marcio Garcia também é cético sobre os resultados da ação diplomática brasileira no Irã. Ele disse ter dúvidas "se o País está maduro o suficiente no cenário internacional para participar desse plano".

A favor
Em seu primeiro evento no Brasil, depois da viagem ao Irã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou quem não gostou do acordo. "É muito engraçado que algumas pessoas não gostaram que o Irã aceitasse uma proposta que, anteriormente, era dos que não gostam agora. Porque tem gente que não sabe fazer política se não tiver um inimigo, e eu sou daqueles que só sabem fazer política construindo amigos", afirmou.

O professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) Reginaldo Nasser, é dos que considera que os resultados podem ser positivos. "O acordo não é um fator isolado, mas faz parte de um processo que vem num crescendo e já colocou o Brasil num outro patamar (no cenário internacional)", avaliou.

Para ele, mesmo em um cenário desfavorável, com o Irã descumprindo o acordo, o Brasil já teria feito seu papel. "O Brasil conseguiu pautar uma negociação, conseguiu que o Irã sinalizasse uma negociação. O objetivo não era pressionar o Irã, porque nenhum país vai conseguir isso".

Entenda o caso
Países ocidentais acusam o Irã de enriquecer urânio para fins militares, o que os iranianos negam. No início desta semana, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton anunciou ter chegado a um consenso com China e Rússia para uma resolução das Nações Unidas prevendo sanções ao Irã. O debate inclui restrições a venda de tanques, veículos de combate, aviões, navios de guerra e outras armas pesadas ao país. O anúncio foi feito logo depois do acordo mediado pelo Brasil, entre Irã e Turquia, que estabelece o envio de urânio para ser enriquecido no exterior. Em troca, o Irã receberia combustível nuclear para uso em fins pacíficos. Logo após a assinatura do acordo, contudo, o Irã anunciou que continuaria a enriquecer urânio em seu território.

Com informações de Thaís Sabino, direto de São Paulo.

fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/not ... ncias.html
Já conheci o Guilhon. O cara é pau mandado do PSDB, critica tudo e qualuer coisa do governo Lula. Não é um dos caras mais "neutros" para se perguntar sobre a negociação do Irã.




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Re: GEOPOLÍTICA

#2129 Mensagem por Enlil » Seg Mai 24, 2010 9:26 am

A mídia e seus "especialistas"...




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DELTA22
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Re: GEOPOLÍTICA

#2130 Mensagem por DELTA22 » Seg Mai 24, 2010 9:30 am

Os "chanceleres da GlóbuloNews" não perdem tempo... 8-]




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