Pressões Nucleares sobre o Brasil
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Autonomia nuclear
24 October, 2009 20:00 Nilder Costa
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20/out/09 (Alerta em Rede) – A retomada do programa nuclear brasileiro está, de fato, despertando grandes interesses por parte de multinacionais de olho nos cerca de US$ 24 bilhões previstos para serem investidos no setor até 2030. Sintomaticamente, autoridades do setor elétrico já receberam a visita de americanos e canadenses e esperam, para as próximas semanas, a chegada de uma delegação russa.
Há duas semanas, representantes das fabricantes de reatores Westinghouse, dos EUA, e Areva, da França, estiveram em seminário no Rio, mostrando suas novas tecnologias. Os americanos, que já iniciaram trabalho diplomático, planejam abrir escritório no País para acompanhar os projetos de novas centrais. Segundo fontes do setor, negociam ainda parceria com a construtora Norberto Odebrecht, com quem trabalharam na usina de Angra 1. [1]
A terceira grande fabricante de reatores do porte projetado para o Brasil - em torno dos 1 mil megawatts (MW) - a russa Rosatom, chega em breve para apresentar sua tecnologia às autoridades brasileiras. "Não é só o investimento para construção da usina; o escolhido ganha contrato durante toda a vida útil do reator", comenta o assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães.
A ideia do governo é, a exemplo da compra dos caças da Aeronáutica, condicionar a escolha à transferência de tecnologia. Guimarães diz que um dos objetivos é atingir um índice de nacionalização de 70% - Angra 3 deve ser concluída com 54% das encomendas no País. "Queremos construir aqui grandes componentes nucleares, como o vaso do reator, geradores de vapor e pressurizadores", diz. Os turbogeradores, porém, continuarão sendo importados.
Em outra vertente, o governo acelera o aproveitamento das jazidas de urânio do País. Segundo Alfredo Tranjan Filho, presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), a empresa negocia um acordo para a extração de urânio com a mineradora peruana Minsur que comprou, no ano passado, os direitos de exploração da mina do Pitinga, no município de Presidente Figueiredo (107 quilômetros de Manaus), antes pertencentes ao grupo Paranapanema. [2]
Até 2030, quando as três usinas de Angra e as quatro novas planejadas estiverem em operação, deverão usar cerca de 250 toneladas de urânio por ano. Mas, antes mesmo disso e sem contar com o potencial de Pitinga, o Brasil estará produzindo 2.800 toneladas de urânio anualmente, dos quais utilizará menos que a terça parte. No momento, o governo avalia a melhor opção entre a possibilidade de exportar esse excedente projetado de urânio e a de estocá-lo. "Nossa prioridade é assegurar o fornecimento para as nossas usinas e as que estão planejadas. A decisão sobre o que fazer com o excedente será tomada quando ele realmente existir", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Vale lembrar que o aproveitamento das jazidas de urânio é uma das diretrizes da Estratégia de Defesa Nacional (END) e que, em 2014, o Brasil planeja dominar em escala industrial todas as etapas do ciclo do combustível nuclear. O END, por sinal, rejeita novos acordos internacionais que limitem o desenvolvimento da tecnologia de energia nuclear no país, seja o Protocolo Adicional ao TNP (Tratado de Não Proliferação) ou a ideia defendida pelos EUA de criar um banco de urânio enriquecido em grau suficiente para ser usado na geração de energia, mantendo as atividades de enriquecimento sob controle de organismos multilaterais. "A ideia em discussão é abortar a construção de fábricas de enriquecimento de urânio nos países, sobretudo por causa do programa nuclear iraniano", diz Guilherme Camargo, presidente da Aben (Associação Brasileira de Energia Nuclear). [3]
A esse respeito, Rubens Barbosa, ex-embaixador e atual presidente do Conselho de Comércio Exterior da FIESP, opina que “cuidados adicionais deveriam ser tomados” e acredita que a entrada do País no rentável mercado de urânio enriquecido e os avanços no programa nuclear brasileiro poderão, na Conferência de Revisão do TNP em abril de 2010, colocar o Brasil no centro das discussões. Mesmo contextualizando o “sonho de consumo” do Itamaraty de ocupar um assento permanente no obsoleto Conselho de Segurança da ONU, Barbosa pontua que “É de nosso interesse, para a construção de um país com crescente projeção e responsabilidades externas, avançar, em todas as áreas, com programas que fortaleçam o poder nacional, a competitividade industrial e o domínio do conhecimento e da tecnologia, inclusive de uso dual, que possa levar à fabricação de artefato nuclear. O Brasil não pode abdicar dos meios para desenvolver os instrumentos necessários à garantia de sua segurança e soberania”. Assinamos em baixo. [4]
Notas:
[1]Plano nuclear atrai novos fabricantes, O Estado de São Paulo, 13/10/2009
[2]Produção de urânio na Amazônia pode levar país a exportar o minério, Folha de São Paulo, 19/10/2009
[3]Plano do governo exorta domínio da tecnologia nuclear, Folha de São Paulo, 19/10/2009
[4]O Brasil e a (não) proliferação nuclear, O Estado de São Paulo, 13/10/2009
24 October, 2009 20:00 Nilder Costa
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20/out/09 (Alerta em Rede) – A retomada do programa nuclear brasileiro está, de fato, despertando grandes interesses por parte de multinacionais de olho nos cerca de US$ 24 bilhões previstos para serem investidos no setor até 2030. Sintomaticamente, autoridades do setor elétrico já receberam a visita de americanos e canadenses e esperam, para as próximas semanas, a chegada de uma delegação russa.
Há duas semanas, representantes das fabricantes de reatores Westinghouse, dos EUA, e Areva, da França, estiveram em seminário no Rio, mostrando suas novas tecnologias. Os americanos, que já iniciaram trabalho diplomático, planejam abrir escritório no País para acompanhar os projetos de novas centrais. Segundo fontes do setor, negociam ainda parceria com a construtora Norberto Odebrecht, com quem trabalharam na usina de Angra 1. [1]
A terceira grande fabricante de reatores do porte projetado para o Brasil - em torno dos 1 mil megawatts (MW) - a russa Rosatom, chega em breve para apresentar sua tecnologia às autoridades brasileiras. "Não é só o investimento para construção da usina; o escolhido ganha contrato durante toda a vida útil do reator", comenta o assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães.
A ideia do governo é, a exemplo da compra dos caças da Aeronáutica, condicionar a escolha à transferência de tecnologia. Guimarães diz que um dos objetivos é atingir um índice de nacionalização de 70% - Angra 3 deve ser concluída com 54% das encomendas no País. "Queremos construir aqui grandes componentes nucleares, como o vaso do reator, geradores de vapor e pressurizadores", diz. Os turbogeradores, porém, continuarão sendo importados.
Em outra vertente, o governo acelera o aproveitamento das jazidas de urânio do País. Segundo Alfredo Tranjan Filho, presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), a empresa negocia um acordo para a extração de urânio com a mineradora peruana Minsur que comprou, no ano passado, os direitos de exploração da mina do Pitinga, no município de Presidente Figueiredo (107 quilômetros de Manaus), antes pertencentes ao grupo Paranapanema. [2]
Até 2030, quando as três usinas de Angra e as quatro novas planejadas estiverem em operação, deverão usar cerca de 250 toneladas de urânio por ano. Mas, antes mesmo disso e sem contar com o potencial de Pitinga, o Brasil estará produzindo 2.800 toneladas de urânio anualmente, dos quais utilizará menos que a terça parte. No momento, o governo avalia a melhor opção entre a possibilidade de exportar esse excedente projetado de urânio e a de estocá-lo. "Nossa prioridade é assegurar o fornecimento para as nossas usinas e as que estão planejadas. A decisão sobre o que fazer com o excedente será tomada quando ele realmente existir", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Vale lembrar que o aproveitamento das jazidas de urânio é uma das diretrizes da Estratégia de Defesa Nacional (END) e que, em 2014, o Brasil planeja dominar em escala industrial todas as etapas do ciclo do combustível nuclear. O END, por sinal, rejeita novos acordos internacionais que limitem o desenvolvimento da tecnologia de energia nuclear no país, seja o Protocolo Adicional ao TNP (Tratado de Não Proliferação) ou a ideia defendida pelos EUA de criar um banco de urânio enriquecido em grau suficiente para ser usado na geração de energia, mantendo as atividades de enriquecimento sob controle de organismos multilaterais. "A ideia em discussão é abortar a construção de fábricas de enriquecimento de urânio nos países, sobretudo por causa do programa nuclear iraniano", diz Guilherme Camargo, presidente da Aben (Associação Brasileira de Energia Nuclear). [3]
A esse respeito, Rubens Barbosa, ex-embaixador e atual presidente do Conselho de Comércio Exterior da FIESP, opina que “cuidados adicionais deveriam ser tomados” e acredita que a entrada do País no rentável mercado de urânio enriquecido e os avanços no programa nuclear brasileiro poderão, na Conferência de Revisão do TNP em abril de 2010, colocar o Brasil no centro das discussões. Mesmo contextualizando o “sonho de consumo” do Itamaraty de ocupar um assento permanente no obsoleto Conselho de Segurança da ONU, Barbosa pontua que “É de nosso interesse, para a construção de um país com crescente projeção e responsabilidades externas, avançar, em todas as áreas, com programas que fortaleçam o poder nacional, a competitividade industrial e o domínio do conhecimento e da tecnologia, inclusive de uso dual, que possa levar à fabricação de artefato nuclear. O Brasil não pode abdicar dos meios para desenvolver os instrumentos necessários à garantia de sua segurança e soberania”. Assinamos em baixo. [4]
Notas:
[1]Plano nuclear atrai novos fabricantes, O Estado de São Paulo, 13/10/2009
[2]Produção de urânio na Amazônia pode levar país a exportar o minério, Folha de São Paulo, 19/10/2009
[3]Plano do governo exorta domínio da tecnologia nuclear, Folha de São Paulo, 19/10/2009
[4]O Brasil e a (não) proliferação nuclear, O Estado de São Paulo, 13/10/2009
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
terra.com.br
Lula diz não entender ceticismo de Hillary sobre o Irã
15 de maio de 2010
Da BBC Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado em Doha, no Catar, que não entende o ceticismo da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre a possibilidade de o Irã mudar sua postura em relação ao seu programa nuclear através do diálogo.
Lula viaja ao Irã no sábado para apresentar ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, uma nova proposta conjunta do Brasil e da Turquia para um possível acordo com Teerã sobre seu programa nuclear.
Na sexta-feira, Hillary Clinton reafirmou o ceticismo dos Estados Unidos quanto às chances de sucesso no diálogo com o o Irã. Perguntando sobre a declaração de Hillary durante uma entrevista coletiva em Doha, o presidente brasileiro respondeu sem citar o nome da secretária de Estado americana.
"Eu não sei com base no que as pessoas falam isso ", disse Lula. "Não é porque o meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã", afirmou o presidente na entrevista concedida após o encontro com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani.
Proposta
A base da proposta turca e brasileira continuaria sendo o plano da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), do final do ano passado, que prevê o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.
Lula ainda respondeu sobre as declarações de Estados Unidos e Rússia de que a proposta de Brasil e Turquia seria a "última chance" para o Irã de evitar sanções mais duras.
"Não sei, não quero ser fatalista. A política existe exatamente para você exercitá-la na sua plenitude, para tentar conversar, convencer", disse. Sobre as expectativas em torno de resultados de sua viagem ao Irã, Lula declarou que era uma missão tranquila.
"As pessoas criam uma expectativa exagerada sobre um assunto em que o Brasil está muito à vontade. O Brasil é um país que não tem armas nucleares, não é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pode é contribuir."
Amigos
Lula ainda disse que a negociação entre Brasil e Irã é entre dois países amigos. "É um país amigo que quer ajudar um outro país amigo a evitar que aconteça alguma coisa pior, que é o que pode acontecer se não houver uma decisão do Irã de firmar um acordo com a agência nuclear."
Ele afirmou que a conversa que terá com o presidente Ahmadinejad será de muita franqueza e lamentou que outros presidentes não tenham conversado com o presidente iraniano.
"Se é uma coisa importante, que está no Conselho de Segurança da ONU, todos os presidentes de países que são membros permanentes deveriam ter a preocupação e o cuidado de fazer todas as conversas possíveis. Nessa hora não existe limite de tempo de conversa. Você tem de conversar para ver se consegue evitar um mal maior".
No final, Lula também disse que queria ver o Irã com uma postura pacífica parecida com a brasileira em relação às armas nucleares. "O que eu quero é que o Irã faça o mesmo que o Brasil faz", finalizou
Lula diz não entender ceticismo de Hillary sobre o Irã
15 de maio de 2010
Da BBC Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado em Doha, no Catar, que não entende o ceticismo da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre a possibilidade de o Irã mudar sua postura em relação ao seu programa nuclear através do diálogo.
Lula viaja ao Irã no sábado para apresentar ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, uma nova proposta conjunta do Brasil e da Turquia para um possível acordo com Teerã sobre seu programa nuclear.
Na sexta-feira, Hillary Clinton reafirmou o ceticismo dos Estados Unidos quanto às chances de sucesso no diálogo com o o Irã. Perguntando sobre a declaração de Hillary durante uma entrevista coletiva em Doha, o presidente brasileiro respondeu sem citar o nome da secretária de Estado americana.
"Eu não sei com base no que as pessoas falam isso ", disse Lula. "Não é porque o meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã", afirmou o presidente na entrevista concedida após o encontro com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani.
Proposta
A base da proposta turca e brasileira continuaria sendo o plano da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), do final do ano passado, que prevê o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.
Lula ainda respondeu sobre as declarações de Estados Unidos e Rússia de que a proposta de Brasil e Turquia seria a "última chance" para o Irã de evitar sanções mais duras.
"Não sei, não quero ser fatalista. A política existe exatamente para você exercitá-la na sua plenitude, para tentar conversar, convencer", disse. Sobre as expectativas em torno de resultados de sua viagem ao Irã, Lula declarou que era uma missão tranquila.
"As pessoas criam uma expectativa exagerada sobre um assunto em que o Brasil está muito à vontade. O Brasil é um país que não tem armas nucleares, não é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pode é contribuir."
Amigos
Lula ainda disse que a negociação entre Brasil e Irã é entre dois países amigos. "É um país amigo que quer ajudar um outro país amigo a evitar que aconteça alguma coisa pior, que é o que pode acontecer se não houver uma decisão do Irã de firmar um acordo com a agência nuclear."
Ele afirmou que a conversa que terá com o presidente Ahmadinejad será de muita franqueza e lamentou que outros presidentes não tenham conversado com o presidente iraniano.
"Se é uma coisa importante, que está no Conselho de Segurança da ONU, todos os presidentes de países que são membros permanentes deveriam ter a preocupação e o cuidado de fazer todas as conversas possíveis. Nessa hora não existe limite de tempo de conversa. Você tem de conversar para ver se consegue evitar um mal maior".
No final, Lula também disse que queria ver o Irã com uma postura pacífica parecida com a brasileira em relação às armas nucleares. "O que eu quero é que o Irã faça o mesmo que o Brasil faz", finalizou
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Não creio que sejam as NUKES brazucas a colocarem em perigo a extinção de massa da humanidade, seriamos somente mais um... são as nações agressivas como os Yankees que representam este perigo real, alias foram os ùnicos que ja lançaram estas armas em guerra !!Hader escreveu:Segundo Fermi, uma das respostas para este possível paradoxo era que toda civilização que atingiu a capacidade tecnológica para viagens espaciais também dominou o átomo. Assim construiram bombas e, por consequência, se auto-destruiram. A proposta de Fermi era que toda civilização que domina esta tecnologia acaba por se destruir em algum momento.Túlio escreveu:O que têm ETs a ver com as nossas nukes?
Abraços taura!
Então eu também faço a pergunta do Tùlio... o que isso tem a ver com as NUKES Brasileiras ???
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Fácil deduzir o interesse (ou "ceticismo") americano: Começar uma nova guerra (para a indústria de armas americana, grande lobbista na Casa Branca, lucrar) e petróleo, como sempre...FOXTROT escreveu:terra.com.br
Lula diz não entender ceticismo de Hillary sobre o Irã
15 de maio de 2010
[...]
[]'s.
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
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Postura do Brasil ignora 'repressão' no Irã, diz jornal americano
15 de maio de 2010
Um editorial publicado na edição deste sábado do jornal americano The Washington Post critica a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã e diz que a postura brasileira ignora a "repressão brutal" no regime iraniano.
O texto cita a morte por enforcamento de cinco dissidentes curdos, no último domingo, e a condenação de um jornalista iraniano-canadense a 74 chibatadas e 13 anos de prisão para afirmar que provavelmente está no início "uma brutal onda de repressão" com o objetivo de impedir prostestos pelo aniversário das eleições de junho passado - em que o presidente Mahmoud Ahmadinejad foi reconduzido ao poder sob acusações de fraude no pleito e em meio aos maiores protestos no país desde a Revolução Islâmica, em 1979.
"Irá Lula ao menos se preocupar em mencionar o sangue derramado por seus anfitriões nesta semana? Podem esperar sentados", diz o jornal. O presidente Lula chega a Teerã neste sábado, após passagens pela Rússia e pelo Catar, na tentativa de negociar uma solução pacífica para a questão nuclear iraniana que evite a imposição de novas sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o Irã, como querem os Estados Unidos.
O Brasil é contra as sanções e vem tentando costurar um acordo que convença o Irã a interromper seu programa de enriquecimento de urânio, para o qual já obteve o apoio da Turquia. Tanto Brasil quanto Turquia têm vagas rotativas no Conselho de Segurança, sem direito a veto.
"Ninguém fora de seus próprios governos acredita que serão bem-sucedidos", diz o editorial. O Washington Post diz que "Lula e (Abdullah) Gul (presidente da Turquia) estão errados em visitar Teerã neste fim de semana". "Um regime que está ativamente engajado em assassinar seus cidadãos não vai se engajar em 'negociações de boa fé'. Se houver mudanças no Irã, devem vir daqueles cuja repressão os dois presidentes estão ignorando", afirma o texto.
Desafio aos EUA, o editorial afirma ainda que um dos motivos para a postura do Brasil em relação ao Irã seria o de se afirmar como potência e desafiar os Estados Unidos. "A insistência dos líderes brasileiro e turco em negociar com esses bandidos é parcialmente devido a suas ambições de demonstrar que são líderes de potências globais emergentes capazes de desafiar os Estados Unidos", afirma o texto.
O governo americano já manifestou em diversas ocasiões ceticismo quanto às possibilidades de sucesso da viagem de Lula, em um momento em que os Estados Unidos têm pressa na aprovação de uma quarta rodada de sanções para pressionar o Irã a interromper seu programa de enriquecimento de urânio. Em uma linha semelhante, em reportagem publicada neste sábado, o jornal The New York Times cita a opinião de analistas ao afirmar que Lula vê nas negociações com o Irã uma maneira de se posicionar contra a dominância americana e avançar o papel do Brasil como protagonista importante no cenário mundial.
"Nesse novo papel - que reside em grande parte na posição do Brasil como a maior economia da América do Sul - o imensamente popular Lula desafiou os Estados Unidos em tudo, de comércio e mudanças climáticas ao golpe em Honduras no ano passado e o longo embargo de Washington a Cuba", diz o texto.
Preocupação
Com o título de "Diplomacia do Brasil com o Irã preocupa autoridades americanas", a reportagem do New York Times afirma que "membros do governo em Washington expressaram preocupação de que o tiro possa sair pela culatra, ajudando a República islâmica a obstruir - ou pelo menos atrasar - os Estados Unidos e seus aliados na imposição de sanções". Os Estados Unidos e outros países temem que o Irã busque secretamente desenvolver armas nucleares e afirmam que a única maneira de pressionar o regime iraniano a suspender seu programa de enriquecimento de urânio é por meio de sanções.
O Irã nega essas alegações e diz que seu programa é pacífico e tem o objetivo de gerar energia. As três rodadas de sanções já aprovadas anteriormente não foram suficientes para convencer o país a interromper seu programa nuclear. O texto assinado pelo correspondente do New York Times no Brasil, Alexei Barrionuevo, e por Ginger Thompson, de Washington, diz que, apesar de publicamente desejar sucesso ao Brasil, os Estados Unidos não estão nem um pouco otimistas quanto ao resultado e, caso a negociação falhe, devem levar adiante as sanções na ONU e "vão esperar que o Brasil esteja lá com eles". Segundo o jornal, o apoio do Brasil às sanções "é crucial para o tipo de voto unânime que as potências ocidentais desejam".
O texto do New York Times diz ainda que a disputa em relação ao Irã "gerou uma quantidade de atrito fora do comum" entre Brasil e Estados Unidos e que "autoridades brasileiras estão preocupadas com a possibilidade de que um fracasso neste fim de semana possa projetar Lula como um amador e atrapalhar a busca por uma vaga permanente no Conselho de Segurança".
Postura do Brasil ignora 'repressão' no Irã, diz jornal americano
15 de maio de 2010
Um editorial publicado na edição deste sábado do jornal americano The Washington Post critica a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã e diz que a postura brasileira ignora a "repressão brutal" no regime iraniano.
O texto cita a morte por enforcamento de cinco dissidentes curdos, no último domingo, e a condenação de um jornalista iraniano-canadense a 74 chibatadas e 13 anos de prisão para afirmar que provavelmente está no início "uma brutal onda de repressão" com o objetivo de impedir prostestos pelo aniversário das eleições de junho passado - em que o presidente Mahmoud Ahmadinejad foi reconduzido ao poder sob acusações de fraude no pleito e em meio aos maiores protestos no país desde a Revolução Islâmica, em 1979.
"Irá Lula ao menos se preocupar em mencionar o sangue derramado por seus anfitriões nesta semana? Podem esperar sentados", diz o jornal. O presidente Lula chega a Teerã neste sábado, após passagens pela Rússia e pelo Catar, na tentativa de negociar uma solução pacífica para a questão nuclear iraniana que evite a imposição de novas sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o Irã, como querem os Estados Unidos.
O Brasil é contra as sanções e vem tentando costurar um acordo que convença o Irã a interromper seu programa de enriquecimento de urânio, para o qual já obteve o apoio da Turquia. Tanto Brasil quanto Turquia têm vagas rotativas no Conselho de Segurança, sem direito a veto.
"Ninguém fora de seus próprios governos acredita que serão bem-sucedidos", diz o editorial. O Washington Post diz que "Lula e (Abdullah) Gul (presidente da Turquia) estão errados em visitar Teerã neste fim de semana". "Um regime que está ativamente engajado em assassinar seus cidadãos não vai se engajar em 'negociações de boa fé'. Se houver mudanças no Irã, devem vir daqueles cuja repressão os dois presidentes estão ignorando", afirma o texto.
Desafio aos EUA, o editorial afirma ainda que um dos motivos para a postura do Brasil em relação ao Irã seria o de se afirmar como potência e desafiar os Estados Unidos. "A insistência dos líderes brasileiro e turco em negociar com esses bandidos é parcialmente devido a suas ambições de demonstrar que são líderes de potências globais emergentes capazes de desafiar os Estados Unidos", afirma o texto.
O governo americano já manifestou em diversas ocasiões ceticismo quanto às possibilidades de sucesso da viagem de Lula, em um momento em que os Estados Unidos têm pressa na aprovação de uma quarta rodada de sanções para pressionar o Irã a interromper seu programa de enriquecimento de urânio. Em uma linha semelhante, em reportagem publicada neste sábado, o jornal The New York Times cita a opinião de analistas ao afirmar que Lula vê nas negociações com o Irã uma maneira de se posicionar contra a dominância americana e avançar o papel do Brasil como protagonista importante no cenário mundial.
"Nesse novo papel - que reside em grande parte na posição do Brasil como a maior economia da América do Sul - o imensamente popular Lula desafiou os Estados Unidos em tudo, de comércio e mudanças climáticas ao golpe em Honduras no ano passado e o longo embargo de Washington a Cuba", diz o texto.
Preocupação
Com o título de "Diplomacia do Brasil com o Irã preocupa autoridades americanas", a reportagem do New York Times afirma que "membros do governo em Washington expressaram preocupação de que o tiro possa sair pela culatra, ajudando a República islâmica a obstruir - ou pelo menos atrasar - os Estados Unidos e seus aliados na imposição de sanções". Os Estados Unidos e outros países temem que o Irã busque secretamente desenvolver armas nucleares e afirmam que a única maneira de pressionar o regime iraniano a suspender seu programa de enriquecimento de urânio é por meio de sanções.
O Irã nega essas alegações e diz que seu programa é pacífico e tem o objetivo de gerar energia. As três rodadas de sanções já aprovadas anteriormente não foram suficientes para convencer o país a interromper seu programa nuclear. O texto assinado pelo correspondente do New York Times no Brasil, Alexei Barrionuevo, e por Ginger Thompson, de Washington, diz que, apesar de publicamente desejar sucesso ao Brasil, os Estados Unidos não estão nem um pouco otimistas quanto ao resultado e, caso a negociação falhe, devem levar adiante as sanções na ONU e "vão esperar que o Brasil esteja lá com eles". Segundo o jornal, o apoio do Brasil às sanções "é crucial para o tipo de voto unânime que as potências ocidentais desejam".
O texto do New York Times diz ainda que a disputa em relação ao Irã "gerou uma quantidade de atrito fora do comum" entre Brasil e Estados Unidos e que "autoridades brasileiras estão preocupadas com a possibilidade de que um fracasso neste fim de semana possa projetar Lula como um amador e atrapalhar a busca por uma vaga permanente no Conselho de Segurança".
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
E quem é aliado da Arabia Saudita mesmo? Lá nao tem problema de direitos humanos né?
hahah... Eu me divirto com tanta cara de pau.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Pois é... e tem gente que ainda acredita nestas PROPAGANDAS dos Yankees!!
Tem gente pra tudo !!
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Paquistão...
Já tem armas nucleares e a base da Al caída é lá.
Lá não é bandido, é mocinho... Sei.
Já tem armas nucleares e a base da Al caída é lá.
Lá não é bandido, é mocinho... Sei.
- thiagokrioca
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
essas coisas me deixam P*** da vida... uns podem... outros n...
daria tudo pra ver um paquistão ou a arabia saudita trocando de lado e dando um belo trabalho ao tio sam...
abraços...
daria tudo pra ver um paquistão ou a arabia saudita trocando de lado e dando um belo trabalho ao tio sam...
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"Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-se."
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
16/05/2010
Ministro do Irã é acusado por ação terrorista
Roberto Simon
O Estado de S.Paulo
Entre as autoridades iranianas que devem se encontrar hoje com presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Teerã, está o suposto mentor do atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), em 1994. Nomeado ministro da Defesa no ano passado, Ahmad Vahidi é acusado pela Justiça argentina de ter ordenado o ataque em Buenos Aires. Atribuída ao Irã e ao grupo libanês Hezbollah, a ação matou 85 argentinos.
Há três anos, a Interpol expediu uma ordem internacional de prisão contra Vahidi. Teerã e o ministro, porém, negam o seu envolvimento no ataque. Segundo o protocolo, como o ministro da Defesa, Nelson Jobim, integra a comitiva brasileira, seu homólogo iraniano deve participar do encontro. O Itamaraty não confirmou a presença de Vahidi e diz que cabe ao Irã decidir seus representantes na reunião.
Em 1994, Vahidi era chefe da unidade Al-Quds da Guarda Revolucionária, "o braço iraniano que conduz operações terroristas no exterior", explicou ao Estado o procurador argentino Alberto Nisman, que chefia as investigações do caso Amia. "Ele teve papel-chave no planejamento e na decisão de atacar a Amia. Na Argentina, cumpriam suas ordens diretas".
Nisman se recusou a comentar o encontro com o acusado do caso Amia, argumentando que se trata de uma "questão política". "Mas é preciso entender que ele é acusada de terrorismo internacional. Há uma ordem internacional de captura para que seja julgado aqui", disse.
A diplomacia argentina ficou revoltada quando, em agosto, o presidente Mahmoud Ahmadinejad indicou Vahidi para a pasta da Defesa. "Trata-se de uma afronta à Justiça argentina e às vítimas desse ataque terrorista", dizia um comunicado da chancelaria argentina.
Teerã respondeu que Buenos Aires não tinha direito de "se meter em um assunto interno iraniano" e chegou a pedir explicações para o encarregado de negócios argentino em Teerã.
PARA LEMBRAR
A proposta da AIEA para os iranianos
O Brasil e a Turquia querem convencer o Irã a aceitar a proposta feita pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no ano passado. O Irã entregaria o seu urânio para França e Rússia, que enriqueceriam o combustível e o devolveriam para ser usado em um reator de pesquisas médicas. Desse modo, a comunidade internacional garantiria o enriquecimento em níveis mais baixos do que os usados para armas nucleares. Em vez de esperar pelo enriquecimento, Teerã exige que a troca seja simultânea.
Ministro do Irã é acusado por ação terrorista
Roberto Simon
O Estado de S.Paulo
Entre as autoridades iranianas que devem se encontrar hoje com presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Teerã, está o suposto mentor do atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), em 1994. Nomeado ministro da Defesa no ano passado, Ahmad Vahidi é acusado pela Justiça argentina de ter ordenado o ataque em Buenos Aires. Atribuída ao Irã e ao grupo libanês Hezbollah, a ação matou 85 argentinos.
Há três anos, a Interpol expediu uma ordem internacional de prisão contra Vahidi. Teerã e o ministro, porém, negam o seu envolvimento no ataque. Segundo o protocolo, como o ministro da Defesa, Nelson Jobim, integra a comitiva brasileira, seu homólogo iraniano deve participar do encontro. O Itamaraty não confirmou a presença de Vahidi e diz que cabe ao Irã decidir seus representantes na reunião.
Em 1994, Vahidi era chefe da unidade Al-Quds da Guarda Revolucionária, "o braço iraniano que conduz operações terroristas no exterior", explicou ao Estado o procurador argentino Alberto Nisman, que chefia as investigações do caso Amia. "Ele teve papel-chave no planejamento e na decisão de atacar a Amia. Na Argentina, cumpriam suas ordens diretas".
Nisman se recusou a comentar o encontro com o acusado do caso Amia, argumentando que se trata de uma "questão política". "Mas é preciso entender que ele é acusada de terrorismo internacional. Há uma ordem internacional de captura para que seja julgado aqui", disse.
A diplomacia argentina ficou revoltada quando, em agosto, o presidente Mahmoud Ahmadinejad indicou Vahidi para a pasta da Defesa. "Trata-se de uma afronta à Justiça argentina e às vítimas desse ataque terrorista", dizia um comunicado da chancelaria argentina.
Teerã respondeu que Buenos Aires não tinha direito de "se meter em um assunto interno iraniano" e chegou a pedir explicações para o encarregado de negócios argentino em Teerã.
PARA LEMBRAR
A proposta da AIEA para os iranianos
O Brasil e a Turquia querem convencer o Irã a aceitar a proposta feita pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no ano passado. O Irã entregaria o seu urânio para França e Rússia, que enriqueceriam o combustível e o devolveriam para ser usado em um reator de pesquisas médicas. Desse modo, a comunidade internacional garantiria o enriquecimento em níveis mais baixos do que os usados para armas nucleares. Em vez de esperar pelo enriquecimento, Teerã exige que a troca seja simultânea.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
"O Brasil tem que preservar sua tecnologia"
Entrevista: Othon Pinheiro da Silva
Ubirajara Loureiro, Jornal do Brasil
RIO - Se o Brasil hoje é um dos poucos países do mundo com autonomia tecnológica para produzir combustível que usa em suas usinas nucleares, isto se deve, em grande parte, ao trabalho do vice-almirante Othon Pinheiro da Silva, atual presidente da Eletronuclear. A ele cabe enfrentar as pressões de ambientalistas e políticos que chegam a preconizar a paralisação da construção e até funcionamento das usinas atômicas no Brasil, além de um esforço concentrado para levar o país a assinar um protocolo adicional com a Agência Internacional de Energia Atômica, para permitir inspeções que colocam em risco segredos industriais que cercam sua tecnologia exclusiva de enriquecimento de urânio.
Engenheiro naval formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, cursou simultaneamente as especialidades de arquitetura naval e de máquinas, fez mestrado em engenharia mecânica no Instituto de Tecnologia de Massachussets, onde também obteve a graduação em engenharia nuclear.
Pinheiro da Silva fundou e dirigiu o projeto de desenvolvimento do ciclo de combustível para propulsão de submarinos nucleares no Projeto Aramar. No cargo, elaborou o projeto de concepção das ultracentrífugas, que resultou na construção do primeiro reator de pesquisa nacional, driblando um bloqueio tecnológico fervorosamente mantido pelas potências nucleares do planeta.
Nesse quadro, há na Câmara dos Deputados até projeto para que o Brasil simplesmente paralise o funcionamento e construção de usinas nucleares, até que seja concedido licenciamento definitivo pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) abra à inspeção internacional e, mais ultimamente, acusações de que o projeto de Angra III seria obsoleto por não considerar critérios de segurança desenvolvidos após o acidente da usina nuclear de Three Miles Islands, nos Estados Unidos.
Com voz pausada, Pinheiro da Silva diz que boa parte das críticas têm mais a ver com um jogo geopolítico em benefício das potências nucleares do que com preocupações ambientais, e que ignora o fato de que a energia nuclear é complemento indispensável ao suprimento energético do país. Quanto às críticas sobre falta de segurança e obsolescência, ele as inclui numa versão moderna do que o humorista Stanislau Ponte Preta já denominou de Festival de Besteiras que Assola o País (Febeapá) e lembra que a usina de Angra II, por exemplo, no ano passado, destacou-se em grau de confiabilidade, segurança e performance da Associação Mundial de Operadores Nucleares e da Nucleonics Week, conceituada publicação americana especializada em energia nuclear. A seguir, trechos de entrevista que Othon Pinheiro da Silva concedeu ao Jornal do Brasil:
Greenpeace
No processo democrático, as críticas e contraposições são naturais. Mas, honestamente, acho que um certo tipo de crítica tem mais a ver com um jogo geopolítico do que com preocupações ambientais genuínas. Nunca vi o Greenpeace atacando o uso do carvão, porque eles são sustentados pelo lobby do carvão, que é altamente poluente e fonte de 47% da energia produzida no mundo. Nunca vi uma passeata deles contra a poluição da Baía de Guanabara. Mas já mandaram navios desfilar diante da usina Angra I.
Soberania
O Brasil permite inspeção de todas as suas instalações nucleares e declara todas elas. Não há necessidade de se assinar qualquer protocolo adicional, porque isto significar a possibilidade de ser inspecionada qualquer coisa, a qualquer momento, no território nacional. É um absurdo. Quem tem bomba quer inspecionar qualquer coisa, mesmo que não seja nuclear. Isto contraria o preceito básico de nossa Constituição, de que o Brasil é um Estado democrático e soberano.
Segredo industrial
Não é interessante mostrar nossas centrífugas, porque esta é uma tecnologia exclusiva. O importante, no plano internacional, é mostrar a quantidade de urânio enriquecido que se produz. Isto é feito hoje com rigor de miligrama. Mas a máquina é um segredo tecnológico. Coca-Cola todo o mundo bebe, mas ninguém sabe a composição do xarope básico para sua produção. É uma prática industrial comum. As centrífugas são cobertas por um biombo. Não temos nada a esconder, somos um país pacífico. Mas também temos que prezar por nosso patrimônio. Até um determinado momento, não tínhamos assinado o tratado que nos obrigaria a mostrar como obtínhamos o urânio enriquecido. Depois assinamos, mas nossas centrífugas partem de um conceito diferente, são muito boas, mas não é interessante mostrá-las, porque esta é uma tecnologia exclusiva.
Complemento básico
Depois da água, o combustível mais barato para gerar energia é o urânio, e o país sempre vai precisar de mais energia para sustentar o crescimento que tem. Aqui, nossa principal fonte de energia é hidrelétrica. A nuclear é complementar, mas um complementar indispensável.
Problemas ambientais
No aspecto ambiental, a energia nuclear tem dois aspectos: não contribui para o aquecimento global e não nos força a conviver com rejeito nuclear. Convivemos e sentimos os efeitos de todos os outros. O rejeito nuclear é até mais gravoso. Mas ele fica estocado, separado, enquanto suportamos diariamente fumaça e gases tóxicos dos carros, e os organoclorados (substância tóxica) que jogam em nossos alimentos
Segurança
As usinas nucleares brasileiras não são obsoletas. Existem mais de 400 centrais nucleares operando no mundo. Angra II, no ranking de operação, segurança e desempenho está em 14º lugar, à frente de todas as centrais alemãs, por exemplo. Angra III é irmã gêmea de Angra II. A diferença é que o sistema de instrumentação e controle é bem mais moderno. Como os alemães não entregaram esses componentes, que eram mais leves e eles, por incrível que pareça, faturavam por peso, agora os equipamentos que chegaram são justamente da parte que teve uma evolução tecnológica maior, e que vai ser usada em Angra III.
Histórico
No governo Geisel, foi feito o acordo com a Alemanha e o Brasil exigiu que além das centrais, fosse fornecida a tecnologia dos ciclos. O sistema vendido pelos alemães, chamado jet nozzle, não funcionou. Mas então, nós brasileiros com esforço próprio, desenvolvemos a tecnologia de enriquecimento para integrar o trabalho de diversas instituições de pesquisa existentes no país num projeto nacional. Com isso, superamos o problema da ausência de verba. O trabalho começou em 1979, e em setembro de 1982 tivemos êxito no enriquecimento de urânio no projeto Aramar, com a primeira centrífuga produzida no país por brasileiros.
Recompensa
No mundo, só há três países com reserva de urânio e tecnologia de ciclo de combustível, que são Estados Unidos, Rússia e Brasil. Os outros, ou têm a tecnologia ou têm reserva. Então, o esforço valeu a pena. Hoje, o Brasil tem mais de mil centrífugas operando na Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
Entrevista: Othon Pinheiro da Silva
Ubirajara Loureiro, Jornal do Brasil
RIO - Se o Brasil hoje é um dos poucos países do mundo com autonomia tecnológica para produzir combustível que usa em suas usinas nucleares, isto se deve, em grande parte, ao trabalho do vice-almirante Othon Pinheiro da Silva, atual presidente da Eletronuclear. A ele cabe enfrentar as pressões de ambientalistas e políticos que chegam a preconizar a paralisação da construção e até funcionamento das usinas atômicas no Brasil, além de um esforço concentrado para levar o país a assinar um protocolo adicional com a Agência Internacional de Energia Atômica, para permitir inspeções que colocam em risco segredos industriais que cercam sua tecnologia exclusiva de enriquecimento de urânio.
Engenheiro naval formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, cursou simultaneamente as especialidades de arquitetura naval e de máquinas, fez mestrado em engenharia mecânica no Instituto de Tecnologia de Massachussets, onde também obteve a graduação em engenharia nuclear.
Pinheiro da Silva fundou e dirigiu o projeto de desenvolvimento do ciclo de combustível para propulsão de submarinos nucleares no Projeto Aramar. No cargo, elaborou o projeto de concepção das ultracentrífugas, que resultou na construção do primeiro reator de pesquisa nacional, driblando um bloqueio tecnológico fervorosamente mantido pelas potências nucleares do planeta.
Nesse quadro, há na Câmara dos Deputados até projeto para que o Brasil simplesmente paralise o funcionamento e construção de usinas nucleares, até que seja concedido licenciamento definitivo pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) abra à inspeção internacional e, mais ultimamente, acusações de que o projeto de Angra III seria obsoleto por não considerar critérios de segurança desenvolvidos após o acidente da usina nuclear de Three Miles Islands, nos Estados Unidos.
Com voz pausada, Pinheiro da Silva diz que boa parte das críticas têm mais a ver com um jogo geopolítico em benefício das potências nucleares do que com preocupações ambientais, e que ignora o fato de que a energia nuclear é complemento indispensável ao suprimento energético do país. Quanto às críticas sobre falta de segurança e obsolescência, ele as inclui numa versão moderna do que o humorista Stanislau Ponte Preta já denominou de Festival de Besteiras que Assola o País (Febeapá) e lembra que a usina de Angra II, por exemplo, no ano passado, destacou-se em grau de confiabilidade, segurança e performance da Associação Mundial de Operadores Nucleares e da Nucleonics Week, conceituada publicação americana especializada em energia nuclear. A seguir, trechos de entrevista que Othon Pinheiro da Silva concedeu ao Jornal do Brasil:
Greenpeace
No processo democrático, as críticas e contraposições são naturais. Mas, honestamente, acho que um certo tipo de crítica tem mais a ver com um jogo geopolítico do que com preocupações ambientais genuínas. Nunca vi o Greenpeace atacando o uso do carvão, porque eles são sustentados pelo lobby do carvão, que é altamente poluente e fonte de 47% da energia produzida no mundo. Nunca vi uma passeata deles contra a poluição da Baía de Guanabara. Mas já mandaram navios desfilar diante da usina Angra I.
Soberania
O Brasil permite inspeção de todas as suas instalações nucleares e declara todas elas. Não há necessidade de se assinar qualquer protocolo adicional, porque isto significar a possibilidade de ser inspecionada qualquer coisa, a qualquer momento, no território nacional. É um absurdo. Quem tem bomba quer inspecionar qualquer coisa, mesmo que não seja nuclear. Isto contraria o preceito básico de nossa Constituição, de que o Brasil é um Estado democrático e soberano.
Segredo industrial
Não é interessante mostrar nossas centrífugas, porque esta é uma tecnologia exclusiva. O importante, no plano internacional, é mostrar a quantidade de urânio enriquecido que se produz. Isto é feito hoje com rigor de miligrama. Mas a máquina é um segredo tecnológico. Coca-Cola todo o mundo bebe, mas ninguém sabe a composição do xarope básico para sua produção. É uma prática industrial comum. As centrífugas são cobertas por um biombo. Não temos nada a esconder, somos um país pacífico. Mas também temos que prezar por nosso patrimônio. Até um determinado momento, não tínhamos assinado o tratado que nos obrigaria a mostrar como obtínhamos o urânio enriquecido. Depois assinamos, mas nossas centrífugas partem de um conceito diferente, são muito boas, mas não é interessante mostrá-las, porque esta é uma tecnologia exclusiva.
Complemento básico
Depois da água, o combustível mais barato para gerar energia é o urânio, e o país sempre vai precisar de mais energia para sustentar o crescimento que tem. Aqui, nossa principal fonte de energia é hidrelétrica. A nuclear é complementar, mas um complementar indispensável.
Problemas ambientais
No aspecto ambiental, a energia nuclear tem dois aspectos: não contribui para o aquecimento global e não nos força a conviver com rejeito nuclear. Convivemos e sentimos os efeitos de todos os outros. O rejeito nuclear é até mais gravoso. Mas ele fica estocado, separado, enquanto suportamos diariamente fumaça e gases tóxicos dos carros, e os organoclorados (substância tóxica) que jogam em nossos alimentos
Segurança
As usinas nucleares brasileiras não são obsoletas. Existem mais de 400 centrais nucleares operando no mundo. Angra II, no ranking de operação, segurança e desempenho está em 14º lugar, à frente de todas as centrais alemãs, por exemplo. Angra III é irmã gêmea de Angra II. A diferença é que o sistema de instrumentação e controle é bem mais moderno. Como os alemães não entregaram esses componentes, que eram mais leves e eles, por incrível que pareça, faturavam por peso, agora os equipamentos que chegaram são justamente da parte que teve uma evolução tecnológica maior, e que vai ser usada em Angra III.
Histórico
No governo Geisel, foi feito o acordo com a Alemanha e o Brasil exigiu que além das centrais, fosse fornecida a tecnologia dos ciclos. O sistema vendido pelos alemães, chamado jet nozzle, não funcionou. Mas então, nós brasileiros com esforço próprio, desenvolvemos a tecnologia de enriquecimento para integrar o trabalho de diversas instituições de pesquisa existentes no país num projeto nacional. Com isso, superamos o problema da ausência de verba. O trabalho começou em 1979, e em setembro de 1982 tivemos êxito no enriquecimento de urânio no projeto Aramar, com a primeira centrífuga produzida no país por brasileiros.
Recompensa
No mundo, só há três países com reserva de urânio e tecnologia de ciclo de combustível, que são Estados Unidos, Rússia e Brasil. Os outros, ou têm a tecnologia ou têm reserva. Então, o esforço valeu a pena. Hoje, o Brasil tem mais de mil centrífugas operando na Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Com as brasileiras nada Francoorp. Mas de grão em grão... Quanto mais nukes, maior o risco de usa-las. Estatisticamente torna-se uma questão de tempo, cada vez mais curto. E nós, ligados à física quântica, temos uma certa fixação por estatística. Sob o ponto de vista geopolítico eu acredito firmemente que nós temos que possuir o conhecimento para construir a bomba. Mas não defendo sua construção. Assim como defendo o fim dos arsenais nucleares das grandes potências. O fato, Francoorp, é que as pessoas comuns não fazem idéia do potencial destrutivo que uma única detonação moderna pode ter.Francoorp escreveu:Não creio que sejam as NUKES brazucas a colocarem em perigo a extinção de massa da humanidade, seriamos somente mais um... são as nações agressivas como os Yankees que representam este perigo real, alias foram os ùnicos que ja lançaram estas armas em guerra !!Hader escreveu: Segundo Fermi, uma das respostas para este possível paradoxo era que toda civilização que atingiu a capacidade tecnológica para viagens espaciais também dominou o átomo. Assim construiram bombas e, por consequência, se auto-destruiram. A proposta de Fermi era que toda civilização que domina esta tecnologia acaba por se destruir em algum momento.
Abraços taura!
Então eu também faço a pergunta do Tùlio... o que isso tem a ver com as NUKES Brasileiras ???
Abraços!
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
A Índia tem as suas desmontadas e leva segundo me lembro, umas duas horas prá botar em condição de uso.
Deve ser prá desestimular o dedo leve no gatilho nuclear.
Mas Hader, acho que será inevitável se quisermos manter nossa soberania e independência no futuro. Ou isso, ou seremos mais ou menos independentes, pois quando a corsd apertar mesmo, vão brandir o cacete nuclear na nossa cara e vamos abaixas as calças sim.
O ideal seria não termos, mas o que a história e a prática mostram é o oposto.
Deve ser prá desestimular o dedo leve no gatilho nuclear.
Mas Hader, acho que será inevitável se quisermos manter nossa soberania e independência no futuro. Ou isso, ou seremos mais ou menos independentes, pois quando a corsd apertar mesmo, vão brandir o cacete nuclear na nossa cara e vamos abaixas as calças sim.
O ideal seria não termos, mas o que a história e a prática mostram é o oposto.
- Viktor Reznov
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Acho que o ideal para o nosso país seria uma capacidade de ICBMs, e bombas nucleares táticas. De uns 2 a 3 kTONS no máximo.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Também acho CM. Mas tenho que ser conceitualmente contra, entende? Exactamente por isso eu disse que acredito que a proposição de Fermi estava correta. É um processo que se alimenta continuamente, uma reação em cadeia. Acredito ser inevitável atingirmos uma "massa crítica" de portadores de nukes que, entremeados em conflitos, acabarão por usar o botão vermelho e puff... A humanidade aprenderá uma dura lição. Podemos não assistir a um ELE, mas teremos uma vasta área do planeta inutilizada, milhões famintos e doentes, migrações, etc.Carlos Mathias escreveu:A Índia tem as suas desmontadas e leva segundo me lembro, umas duas horas prá botar em condição de uso.
Deve ser prá desestimular o dedo leve no gatilho nuclear.
Mas Hader, acho que será inevitável se quisermos manter nossa soberania e independência no futuro. Ou isso, ou seremos mais ou menos independentes, pois quando a corsd apertar mesmo, vão brandir o cacete nuclear na nossa cara e vamos abaixas as calças sim.
O ideal seria não termos, mas o que a história e a prática mostram é o oposto.
Não faz muito eu postei uns links para uma versão brasileira de um documentário sobre Chernobyl lá na Terrestres (tópico de fotos eu acho). Assistir este vídeo ajuda muito a entender o potencial arrasador de um evento nuclear de grandes proporções. Hoje nós acreditamos que o acidente ucraniano custou/custará a vida de mais de 250.000 pessoas de maneira direta. Afetados indiretamente? Mais de 600.000. E poderia ter sido muito, muito pior. O heroismo de alguns milhares pouparam a europa de uma verdadeira hecatombe, que ocorreria com a explosão dos outros reatores. Imaginas o que uma bomba 100 vezes mais potente poderia fazer? E uma dúzia? Pois é. Precisamos entender que o "equilíbrio do terror" somente funciona em um sistema fechado de pequenas dimensões. Sistemas maiores são demasiadamente instáveis para serem mantidos. Como eu disse, é uma verdade matemática. Infelizmente.
Abraço meu velho!