Pressões Nucleares sobre o Brasil

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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#541 Mensagem por Marino » Seg Mai 03, 2010 11:02 am

Aqui está o foco principal, o objetivo a ser atingido pelas atuais potências atômicas:
Mas a diplomacia brasileira vai enfrentar um governo americano fortalecido pelo acordo com a Rússia de redução do arsenal nuclear, e vai ser pressionada a fazer concessões em pelo menos duas áreas: aumentar a abrangência das inspeções em suas próprias usinas nucleares e aderir à proposta da criação de bancos internacionais de urânio enriquecido. A proposta visa a evitar que mais países dominem o ciclo de enriquecimento ou que venham a construir uma indústria a partir do domínio dessa tecnologia, como pretende o governo brasileiro, especialmente num momento que já se pode antever a construção de mais usinas nucleares a fim de substituir fontes de energia não renovável, como o petróleo.
É contra isso, a tentativa de impedir o domínio tecnológico pelos institutos/indústria nacionais, a tentativa de impedirem a possibilidade de ganharmos mercado de alta tecnologia exportando material nuclear (dentro dos rigorosos parâmetros da AIEA), e impedir a possibilidade de, se ameaçados, construirmos armas nucleares, que a diplomacia brasileira deve focar a atuação neste encontro.
Ou mantemos nossa soberania AGORA, ou legamos um país de segunda para nossos filhos e netos.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#542 Mensagem por Marino » Seg Mai 03, 2010 11:05 am

Foco tem que ser desarme", afirma Amorim

DA SUCURSAL DO RIO

O chanceler Celso Amorim, que discursa hoje na conferência em Nova York, falou à Folha sobre a posição brasileira:

(CA)

Desarmamento

Temos que dar maior concretude aos 13 passos [para o desarme, aprovados em 2000]. Um exemplo: houve o anúncio de redução de arsenais nucleares no acordo Start. Qualquer ação desse tipo tem que ser tornada obrigação multilateral irreversível, do contrário fica sempre dependendo de negociação bilateral, e amanhã, se piora de novo a relação entre EUA e Rússia, eles voltam a construir [armas].

Protocolo Adicional

O foco no Protocolo Adicional é errado, o foco tem que ser o desarmamento. Se houver passos que demonstrem uma real disposição dos países armados de caminharmos para um mundo livre de armas nucleares, até acho que outras medidas específicas de não proliferação podem ter cabimento.

Sem esses avanços, não faz sentido [estabelecer prazo para tornar o Protocolo Adicional o padrão obrigatório das inspeções].

Argentina

Os acordos nucleares com a Argentina, dos quais o da Abacc [Agência Brasileiro-Argentina de Controle e Contabilidade] é fundamental, são um pilar da nossa parceria estratégica. Os dois países têm que caminhar juntos, e isso é percebido dos dois lados. Não vejo risco de uma adesão unilateral [da Argentina ao Protocolo Adicional]. Pode ser que [o país] em algum momento desje, queira discutir isso conosco, mas isso é outra coisa.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#543 Mensagem por Marino » Seg Mai 03, 2010 11:21 am

Marino escreveu:Aqui está o foco principal, o objetivo a ser atingido pelas atuais potências atômicas:
Mas a diplomacia brasileira vai enfrentar um governo americano fortalecido pelo acordo com a Rússia de redução do arsenal nuclear, e vai ser pressionada a fazer concessões em pelo menos duas áreas: aumentar a abrangência das inspeções em suas próprias usinas nucleares e aderir à proposta da criação de bancos internacionais de urânio enriquecido. A proposta visa a evitar que mais países dominem o ciclo de enriquecimento ou que venham a construir uma indústria a partir do domínio dessa tecnologia, como pretende o governo brasileiro, especialmente num momento que já se pode antever a construção de mais usinas nucleares a fim de substituir fontes de energia não renovável, como o petróleo.
É contra isso, a tentativa de impedir o domínio tecnológico pelos institutos/indústria nacionais, a tentativa de impedirem a possibilidade de ganharmos mercado de alta tecnologia exportando material nuclear (dentro dos rigorosos parâmetros da AIEA), e impedir a possibilidade de, se ameaçados, construirmos armas nucleares, que a diplomacia brasileira deve focar a atuação neste encontro.
Ou mantemos nossa soberania AGORA, ou legamos um país de segunda para nossos filhos e netos.
Temas em debate
O Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), criado em 1968, tem hoje 189 países signatários,
entre eles o Brasil. TNP garante o direito de pesquisa de energia atômica, desde que seja para fins
pacíficos e sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A conferência de
revisão do TNP em Nova York vai de 3 a 28 de maio.

PAÍSES RECALCITRANTES: Paquistão, Índia e Israel, hoje potências nucleares, nunca
aderiram ao TNP e não vão à conferência. A Coreia do Norte deixou o acordo para explodir sua bomba,
em 2007. Segundo observadores internacionais, não dispõe de arsenal considerável, e ainda ocorrem
negociações para sua readesão ao tratado. Já sofreu sanções.

PROTOCOLO ADICIONAL: Entre os debates está a adesão de maior número de países ao
protocolo adicional, que amplia as inspeções da AIEA. O Brasil recusa-se a assinar com o argumento de
que ampliar inspeções é uma interferência na sua soberania. O grupo das maiores potências nucleares
— EUA, Rússia, Reino Unido, França e China — defende o protocolo por estar fora do regime de
inspeções: todos têm garantido o direito a armas nucleares. Washington quer reforçar o poder
da AIEA e pretende aumentar a verba dos EUA à agência, além de ampliar a adesão ao protocolo entre
os países com tecnologia nuclear, entre os quais o Brasil.

BANCOS DE URÂNIO: Também está em debate a criação de bancos internacionais
de urânio enriquecido, mas a proposta é considerada polêmica porque poderia inibir o desenvolvimento
de centros nacionais de pesquisa de enriquecimento.

IRÃ: É signatário do TNP, mas impede inspeções detalhadas de suas instalações nucleares,
alegando que seu programa nuclear tem fins pacíficos. Vai inaugurar em agosto mais uma usina nuclear,
com tecnologia russa. O presidente Ahmadinejad busca impedir que a China autorize nova rodada de
sanções na ONU contra o Irã, alvo delas em 2006, 2007 e 2008. Os EUA também aprovaram sanções
adicionais próprias visando à economia.

DESARME TOTAL: Brasil, Nova Zelândia, África do Sul, Egito, Suécia e México defendem a
“Coalizão para uma Nova Agenda”, que enfatiza metas de desarme para as cinco maiores potências
nucleares e retoma os “13 passos” para atingir tais metas aprovados em 2000. Eles preveem medidas
“verificáveis” e “irreversíveis” de desarme e redução dos arsenais atômicos das grandes potências. O
grupo pressiona pela implementação do Tratado de Proibição de Testes Nucleares, pendente da
ratificação americana, e pelo banimento da produção de material físsil para novas armas.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#544 Mensagem por Marino » Seg Mai 03, 2010 11:26 am

TODA MÍDIA
Nelson de Sá

CHINA E RÚSSIA APOIAM
Fechando a semana, em despacho das Nações Unidas, em Nova York, a Reuters destacou que
"Rússia e China querem dar tempo a Brasil e Turquia" para negociações com o Irã. Os dois membros
permanentes do Conselho de Segurança "estão prontos para dar a brasileiros e turcos o tempo de que
precisarem para intermediar um acordo". No jornal "Zaman", com eco pelas agências, o porta-voz da
chancelaria turca, citando Rússia e China, afirmou que "não são só Turquia e Brasil que acreditam que
ainda há uma oportunidade para diplomacia".




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#545 Mensagem por Marino » Seg Mai 03, 2010 11:28 am

TRATADO ANTINUCLEAR
Medo de novo fracasso
Tensão com Irã ameaça revisão do acordo de não proliferação atômica, frustrada em 2005
# Viviane Vaz
A sede das Nações Unidas em Nova York será palco, a partir de hoje, da sequência dos embates
que se arrastam há anos sobre a proliferação de armas nucleares no mundo. Os países árabes, aliados
à Turquia e ao Irã, deverão colocar os EUA contra a parede durante a conferência para a revisão do
Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad — o único
líder de governo presente na reunião —, pretende questionar a posição dos EUA e de seus aliados de
tentar privar países em desenvolvimento da tecnologia nuclear, mas, ao mesmo tempo, fazer vista
grossa para a capacidade nuclear de Israel. A delegação norte-americana será chefiada pela secretária
de Estado, Hillary Clinton.
O bloco de países do Oriente Médio defende que, se os americanos estão realmente
interessados em promover a paz na região, devem apoiar o fim das armas nucleares e defender o
desarmamento de todos os países. O Egito enviou à conferência um documento de trabalho pedindo
uma reunião internacional que conte com a participação de Israel. A proposta é trabalhar por um tratado
para estabelecer no Oriente Médio uma zona de congelamento de armas nucleares.
O embaixador egípcio na ONU, Maged Abdelaziz, elogiou as últimas iniciativas tomadas pelo
presidente norte-americano, Barack Obama, contra as armas nucleares, mas defendeu que seria
importante não focar a reunião exclusivamente na ameaça atômica representada pelo Irã. Mesmo assim,
a questão do programa iraniano deve ocupar lugar de destaque na reunião de hoje. Diplomatas do
chamado grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a
Alemanha) se reuniram diariamente na semana passada, em Manhattan, para tentar redigir uma
resolução para impor uma quarta rodada de sanções contra Teerã. A tarefa não foi finalizada, uma vez
que Rússia e China continuam relutantes em optar pelas sanções contra o Irã. Ontem, cerca de 10 mil
manifestantes contra as armas nucleares fizeram uma marcha perto do prédio da ONU, pedindo a
abolição total dos dispositivos.
Em 2005, fracasso
A cada cinco anos, os 189 países que assinaram o tratado para controle de armas em 1970 se
reúnem para tentar impedir a proliferação dos dispositivos nucleares e pedir às potências nucleares que
destruam suas ogivas atômicas. A última conferência de revisão do TNP, em 2005, foi vista, porém,
como desastrosa. Após semanas de discussões lideradas pelo presidente americano George W. Bush e
pelos representantes do Egito e do Irã, a conferência terminou sem uma declaração final. Desta vez, os
diplomatas têm até 28 de maio para chegar à revisão do acordo. “Até agora, a retórica e a encenação
foram perfeitas, mas os limites e as contradições dessa nova proposta de desarmamento do presidente
Obama são muito visíveis”, considera José Luís Fiori, professor de economia política internacional da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em artigo intitulado Política de desarmamento do
governo Obama.
Fiori lista algumas razões para o fracasso da revisão do TNP até hoje. Ele destaca que o acordo
entre Obama e o presidente russo, Dmitri Medvedev, envolve uma redução “insignificante” dos arsenais
atômicos, além de não incluir uma discussão a respeito dos gastos militares americanos, nem sobre o
aperfeiçoamento de novos vetores X-51 da Boeing, com capacidade nuclear e preparados para alcançar
qualquer país em menos de uma hora. “Tampouco se falou dos novos submarinos russos Iassen, que
têm capacidade de transportar 24 mísseis, cada um com seis bombas atômicas”, relata. O professor
também indica que nenhuma das reuniões mencionou “o armamento atômico da Otan, localizado na
Alemanha, na Itália, na Bélgica, na Holanda e na Turquia”.
AMERICANOS AO ESTILO CHÁVEZ
Os jornalistas iranianos selecionados para cobrir a conferência de revisão do TNP em Nova York
tiveram seus vistos negados pelo governo norte-americano e não puderam acompanhar o presidente
Mahmud Ahmadinejad. Segundo a agência de notícias Mehr News, apenas o chanceler iraniano,
Manouchehr Mottaki, e três assessores do presidente receberam o documento de entrada nos EUA. A
medida ocorre justamente em um momento no qual o governo americano aumenta o tom das críticas à
falta de liberdade de imprensa em outros países. Em março, por exemplo, o governo americano pediu à
Venezuela de Hugo Chávez para respeitar os direitos humanos dos cidadãos e a liberdade de
expressão, um dia depois do fechamento do canal Globovisión.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#546 Mensagem por ninjanki » Seg Mai 03, 2010 12:37 pm

Marino escreveu:Para variar, FSP :evil: :

Acordo nuclear

Revisão do Tratado de Não Proliferação começa amanhã; Brasil não deveria rejeitar inspeções mais rigorosas no país



REPRESENTANTES de 189 países se reúnem a partir de amanhã, em Nova York, para o encontro periódico de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear.

A exigência de consenso entre os signatários para a aprovação do documento final torna improvável uma mudança profunda na atual arquitetura de regras sobre o tema. Ainda assim, não é pouco o que está em jogo.

O tratado, concebido no auge da Guerra Fria, tem características injustas, por "congelar" a divisão entre as potências detentoras de armas nucleares e os demais países, que renunciam a essa tecnologia militar. A necessidade de sua existência, não obstante, é inegável.

O TNP criou mecanismos de vigilância compartilhada entre seus membros e conteve uma escalada nuclear que teria sido tão perigosa quanto cara, do ponto de vista econômico, para a humanidade. Mais de 40 anos depois de sua entrada em vigor, oito países -três deles não signatários do acordo- detêm arsenais atômicos.

Os embaraços criados pelo TNP a novas corridas armamentistas atendem aos interesses brasileiros, em diversos aspectos. Possuir armas nucleares de destruição em massa excederia as capacidades financeiras de um país que tem inúmeras outras prioridades.

Enquanto é verdade que corridas armamentistas não são interessantes para nós, e que a assinatura do TNP, assim como o acordo bilateral com a Argentina, trouxeram mais confiança e segurança para a região, também é fato que recebemos menos ajuda e acesso à tecnologia associada ao uso da energia nuclear doque deveria ser possível à um participante do acordo, e que certamente não é um ônus financeiro demasiado para uma economia do nosso tamanho. Quem escreveu isso não pensou, se limitou a reproduzir um argumento furado de alguém com uma agenda anti-nuclear.

O desencadeamento de uma relação de desconfiança com países vizinhos prejudicaria as relações diplomáticas na região e tornaria mais difícil o caminho de integração econômica sul-americana. A área, responsável por absorver boa parte das exportações de produtos industriais brasileiros, é estratégica para a prosperidade do país.
Sem dúvida, desconfiança prejudicaria as nossas relações na região. Só que não é a posse ou não de armas nucleares que determina essa desconfiança, ou que inviabiliza relações econômicas. Basta ver a UE, que tem só dois países participantes que detém armas nucleares, e vai bem integrada econômicamente. Aliás, o maior problema para eles hoje é o orçamento dos países membro, e não seu status militar...Logo esse argumento é uma falácia, uma construção lógica desprovida de fatos que a corroborem.

O Brasil, como já registrou em sua Carta, não deve ter a bomba. É imperativo dar todas as garantias, a nossos vizinhos e demais nações, de que jamais o fará.

Na Constituição, afirmamos que não desejamos ter a bomba, e que não o faremos. Não tem nada de dever, nem de garantias para nossos vizinhos. Para o conforto psicológico dos vizinhos, já aderimos à acordo bilateral com a Argentina, e permitimos inspeções e controle do material nuclear manuseado e produzido por aqui. Não há necessidade de expormos como nossa tecnologia funciona, ou de permitir "inspeções" aleatórias e irrestritas de autoridades estrangeiras em instalações militares nacionais. Sö que prega a total exposição de todos nossos segredos e capacidades é quem deseja conhece-las e monitora-las. Não temos obrigação de dar conforto psicológico à todos os outros países do mundo. Já demos o exemplo, e mantemos essa atitude. O resto é retórica para nos diminuir.

No encontro que começa amanhã, os EUA vão liderar uma forte pressão internacional para que o Brasil e outros países assinem o chamado Protocolo Adicional ao TNP. A adesão ao documento permite inspeções mais amplas de controle, inclusive em locais não declarados de produção de material nuclear. Uma das propostas é fazer do protocolo a regra geral de vigilância mútua entre os signatários do acordo.

Não nos interessa assinar protocolos adicionais. Já cumprimos com a condição de não desenvolvermos armas nucleares. Se um país quiser realizar um programa nuclear para desenvolver armas, vai faze-lo sozinho, em segredo, com ou sem assinaturas em tratados. Perguntem se algum cidadão americano aceita abrir mão permanentemente de sua privacidade para viver em "segurança". As concessões para o combate ao terrorismo já são amplamente combatidas internamente. Porque haveria de ser ainda mais expostos os segredos de outros países, para o mesmo fim, a segurança de americanos contra o terrorismo?

É compreensível a preocupação norte-americana. Há margem, nos moldes atuais do tratado, para que seus integrantes atinjam o limiar de produção da bomba sem desrespeitá-lo. Daí que se apresente como necessário um controle mais rigoroso.

Claro, o próximo passo é obrigar todos os países que não tem a bomba, mas tem tecnologia de erriquecimento, à abrir mão de enriquecer seu próprio combustível nuclear, se a sua capacidade for suficiente para produzir também urânio adequado ao uso militar. Qualquer país que invente um processo eficiente de enriquêcimento de urânio cairia no mesmo problema. Só quem não sabe fazer é que poderia continuar tentando, e jogando dinheiro fora. Oque o escritor desse artigo advoga é que, porque nos moldes atuais, é possível chegar perto doque é necessário para produzir uma bomba, mas não faze-lo, então deve ser proibido ou limitado. Oras, isso só interessa à quem já tem a bomba e detém a tecnologia para enriquecimento. Garante um mercado global cativo para combustível nuclear.

O governo Lula se opõe a dar esse passo. Inscreveu sua objeção na Estratégia Nacional de Defesa, lançada no final de 2008. Autoridades brasileiras dizem que já dão garantias suficientes de suas intenções pacíficas e afirmam temer atos de espionagem.

Associado a outros países, o Brasil pedirá maior redução nos arsenais atômicos das potências nucleares reconhecidas.

Há razão em ambos os lados da disputa. Têm sido tímidos os esforços de EUA, Rússia, China, França e Reino Unido para eliminar material bélico deste tipo. Mas não se justifica fazer da rejeição ao Protocolo Adicional uma questão de princípio.
Realmente, não se justifica. Rejeitamos o protocolo adicional porque é desnecessário, porque tolhe ainda mais nossos direitos, porque expõe nossas instalações militares à espionagem internacional, e porque é mais um passo dado pelo clube dos 5 para impedir o avanço em tecnologia nuclear de outras potências emergentes, mesmo daquelas que, como nós, decidiram não construir armas nucleares.

Se for possível usar uma adesão coletiva ao documento, por parte dos países a ele ainda refratários, como mecanismo de barganha para uma real redução do arsenal atômico mundial, tanto melhor. Seriam bem-vindas negociações nesta direção.
Não adianta barganhar pelo fim das armas nucleares. Quem as detém possui o conhecimento para faze-las, os meios, e pode muito bem manter algumas centenas guardadas em segredo. A melhor forma de pressionar pelo fim das armas nucleares, ainda que eu não diga que é isso que o Brasil deve fazer, visto que não temos tal intenção, oque é expresso formalmente em nossa carta magna, é ter mais países, estáveis e democráticos, construindo-as. Quanto mais gente tiver tais armas, mais razão terão os grandes arsenais para reconsiderar sua posição, e em pé de igualdade, talvez se disponham a negociar um banimento definitivo de tais armas.
Allan




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#547 Mensagem por Sávio Ricardo » Seg Mai 03, 2010 1:19 pm

Concordo Allan

Mas não ha muito sentido em ter armas nucleares sem ninguem saber, como vc disse em seu ultimo comentario.

Todos paises que tem, devem fazer pelo menos igual Israel que sempre deixa no ar que as possui, mas ninguem prova nada...só essa desconfiança ja é o necessario para impedir qualquer ameaça.

Vejam o caso da CN e CS... se a coréia do Sul tivesse certeza que sua vizinha não tem arma nuclear, ja tinham tomado algumas providencias a respeito do Navio da Marinha deles que provavelmente foi afundado por um torpedo norte-coreano.

Nukes são igual seguros automotivos e de vida, sempre é bom ter, mas nunca queremos usar.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#548 Mensagem por Rock n Roll » Seg Mai 03, 2010 1:29 pm

Se a MB tivesse assinado com os "primos do norte" os contratos de construção/operação dos SSNs, o tratamento seria bem diferente.
O nosso país deve dominar todo o ciclo da energia atômica. Inclusive o necessário para produzir armamentos se assim o desejar.
O que o Brasil não pode fazer é alinhar-se automáticamente a quem quer que seja, ou, apoiar incondicionalmente regimes de excessão ( ditaduras) de qualquer cor ou tendência. A melhor regulação na diplomacia internacional são os regimes democráticos, a liberdade de expressão, e o estado de direito.
É imprescindível que este circo (MAG top top e seus miquinhos amestrados), passem a milhares de anos-luz dos profissionais envolvidos nesta, que, talvez seja a mais importante negociação diplomática dos últimos tempos.

Debater é Preciso !


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Santa é a guerra, e sagradas são as armas para aqueles que somente nelas podem confiar.
Tito Lívio.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#549 Mensagem por Marino » Seg Mai 03, 2010 1:58 pm

"Foco do TNP tem que ser desarmamento nuclear", diz Amorim; leia entrevista
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CLAUDIA ANTUNES
da Sucursal do Rio

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o foco da conferência de revisão do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), que começa nesta segunda (3) na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, tem que ser o desarmamento das potências atômicas e não novas obrigações para os países não armados.

Questionado sobre a perspectiva de adesão do Brasil ao Protocolo Adicional do TNP, que prevê inspeções intrusivas da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) nos países sem a bomba, ele disse que isso até "poderia ser contemplado" em caso excepcional. Deu como exemplo a hipótese de "começar amanhã" uma "conferência global" para a eliminação de todas as armas nucleares.

As potências atômicas reconhecidas (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) assinaram Protocolos Adicionais, mas suas instalações militares estão fora das inspeções. Brasil e Argentina são os únicos países não armados com programas nucleares significativos que não aderiram, e por isso sofrem pressões de EUA e países europeus.

Os dois vizinhos, que realizam inspeções mútuas por meio da Abacc (Agência Brasileiro-Argentina de Controle e Contabilidade), têm posições coordenadas sobre o tema. Para Amorim, não há risco de que a Argentina decida unilateralmente assinar o instrumento.

As conferências de revisão do TNP ocorrem a cada cinco anos. A que começa hoje reúne os 189 países-membros do tratado. Ficam de fora as potências atômicas que nunca foram do TNP -- Índia, Paquistão e Israel -- e a Coreia do Norte, que se retirou antes de explodir uma bomba suja, em 2006.

O chanceler brasileiro discursará hoje, na abertura do encontro, que vai até o fim do mês. Abaixo, a íntegra de sua entrevista à Folha, por telefone.

FOLHA - O Itamaraty defende uma abordagem "equilibrada" dos três pilares do TNP: desarme, não proliferação e usos pacíficos da energia nuclear. O que o Brasil considera o patamar mínimo em desarme, e o que está disposto a conceder, se for o caso?

CELSO AMORIM - O Brasil tem uma posição nos últimos anos ligada à Coalizão da Nova Agenda, que incluiu outros seis países [África do Sul, Egito, Irlanda, Nova Zelândia, México e Suécia] e tem uma série propostas para as negociações. A conferência de 2000, quando fui chefe da delegação brasileira, conseguiu algum avanço na área de desarmamento, aprovando os 13 passos para o desarmamento nuclear, graças à ação conjunta da Nova Agenda. Hoje temos que dar maior concretude a esses 13 passos. Vou dar um exemplo. Na Postura Nuclear norte-americana, há pouco tempo aprovada, o governo menciona, de forma talvez um pouco qualificada, o conceito de garantias negativas [a garantia de que países não armados não serão atacados nuclearmente]. Seria importante transformar isso numa obrigação multilateral, e não apenas numa declaração unilateral, com as qualificações que foram feitas. Outro exemplo: houve a redução de arsenais nucleares [no âmbito do acordo] Start [entre EUA e Rússia]. Independentemente da avaliação sobre sua importância, qualquer ação do tipo tem que ser tornada uma obrigação multilateral irreversível. Do contrário, fica sempre dependendo de uma negociação bilateral, e amanhã, se piora de novo a relação entre EUA e Rússia, eles voltam a construir [armas]. Além disso, é preciso a ratificação do CTBT [Tratado de Proibição de Testes Nucleares], que proíbe os testes subterrâneos e atmosféricos [e precisa ser ratificado por EUA e China antes de entrar em vigor]. O grande deficit do TNP não é na área de não proliferação, e sim no desarmamento. De todos os países que assinaram o tratado, o único que transgrediu, embora diga que saiu do tratado antes, foi a Coreia do Norte. Os países que desenvolveram armas nucleares de modo declarado ou sabido são países que não assinaram o TNP.

FOLHA - Nas negociações que dizem respeito à parte da não proliferação, quando se discute Protocolo Adicional e o endosso a bancos multilaterais de combustível nuclear, o Brasil fica mais próximo do grupo dos Não Alinhados, não?

AMORIM - Sem dúvida, mas não porque é alinhado com os Não Alinhados. É porque temos a posição de que o foco correto do TNP, se queremos avançar inclusive em não proliferação, é garantir passos do desarmamento. Enquanto perdurarem as armas nucleares, o risco de proliferação existirá. Até o temor que existe hoje de que grupos terroristas adquiram o material é porque existem armas nucleares. Não é possível tirar dos países que usam a energia nuclear para fins pacíficos, porque até o grau de enriquecimento (de urânio) é diferente, em geral.

FOLHA - Mas há propostas na conferência de que seja estabelecido um prazo para que o Protocolo Adicional se torne a norma padrão das inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).

AMORIM - Você não pode discutir prazo. Nossa visão não é ligada a prazo, mas aos avanços de desarmamento. Se houver reais avanços, até pode-se contemplar [a obrigatoriedade do Protocolo Adicional]. Mas o foco no Protocolo Adicional é errado, o foco tem que ser no desarmamento. Se houver passos reais que demonstrem uma real disposição dos países nuclearmente armados de caminharmos para um mundo livre de armas nucleares, até acho que outras medidas específicas de não proliferação podem ter cabimento. Mas, se não houver esses avanços não tem cabimento, não é uma questão de número de anos, 15, 20 ou 30. Se começarmos amanhã uma negociação global para eliminarmos armas nucleares...

FOLHA - A posição brasileira sobre o Protocolo Adicional é coordenada com a da Argentina, até por causa da Abacc, com as inspeções mútuas das instalações nucleares. Existe risco de a Argentina, onde setores da Chancelaria já disseram ser a favor do Protocolo Adicional, deixar o Brasil sozinho?

AMORIM - Não direi se existe ou não risco porque não acho uma maneira adequada de colocar. Teria que ficar fazendo um julgamento sobre intenções de um país amigo e aliado. O que posso dizer é que os acordos nucleares com a Argentina, dos quais o da Abacc é fundamental, são um pilar fundamental da parceria estratégica. Os dois países têm que caminhar juntos nisso, e isso é percebido dos dois lados.

FOLHA - Então Brasil e Argentina têm posições semelhantes?

AMORIM - Se você quer que eu diga simplesmente, eu não vejo risco de uma adesão unilateral. Pode ser que a Argentina em algum momento deseje, queira discutir conosco, isso aí é outra coisa.

FOLHA - O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad discursará hoje na conferência. Existe o risco de o encontro ser sequestrado pela questão do Irã?

AMORIM - Sei que o Ahmadinejad virá aqui, fará críticas às potências nucleares. Mas quem teria interesse em fazer com que esse tema sequestre a conferência? Não percebo muito isso. Isso só ocorreria se países que estão querendo colocar muito foco sobre a questão iraniana em outros fóruns quisessem trazer isso para dentro da conferência, mas não posso perceber que isso seja do interesse deles. Mesmo que eles continuem os esforços, será em outros lugares, no Conselho de Segurança [da ONU], por exemplo. Claro que é um tema. Às vezes questões laterais acabam se tornando muito importante para definir o resultado de uma conferência. Não posso excluir, mas não acho provável.

FOLHA - A questão do Irã está ligada à proposta da zona livre de armas nucleares no Oriente Médio. Haverá avanço ou isso pode empacar a conferência?

AMORIM - Já empacou no passado, quase empacou na conferência de 2000 e na de 2005, embora não tenha então sido o único fator. É uma questão muito importante, não há dúvida. Você tem um país que não é membro do TNP, que tem uma postura oficialmente ambígua, que é Israel, mas que todos os especialistas acham que tem um arsenal relativamente importante. Não há como afirmar com certeza absoluta, mas é opinião generalizada dos especialistas. Então é um tema que interessa obviamente ao Egito, aliás membro da Nova Agenda, e que tem muita liderança no Movimento dos Não Alinhados. Agora, talvez haja modos de encaminhar isso, quem sabe criando um grupo de trabalho para tratar desse assunto, também já ouvi ideias relativas a uma conferência sobre temas de segurança no Oriente Médio, que poderiam incluir uma dimensão sobre armas de destruição em massa em geral. Talvez seja possível possa encontrar uma solução negociada que dê mais tranquilidade a um país como o Egito. Você há de convir que até, digamos, a legitimidade das críticas ao Irã, independentemente de saber se ele tem ou não um programa militar, na medida em que você admite um outro país na região com armas nucleares, perde muito da sua força.

FOLHA - Na semana passada, um assessor do líder religioso iraniano Ali Khamenei disse que o país de jeito nenhum permitiria a troca de combustível nuclear fora do país [Brasil e Turquia tentam mediar acordo pelo qual o Irã entregaria seu estoque de urânio com baixo enriquecimento em troca de combustível para seu reator médico]. Esses sinais contraditórios o preocupam?

AMORIM - Todos os sinais contraditórios, de quaisquer países, sempre preocupam. Mas a contradição faz parte da realidade, temos que lidar com ela. Não é só do Irã que a gente ouve sinais contraditórios. Acho que nós temos que trabalhar, e ter algum tipo de negociação objetiva que dê um mínimo de tranquilidade a esse respeito. Eu não sei exatamente o que o Irã vai aceitar ou não, muitas vezes numa negociação você não pode dizer sua posição, porque, se começa aceitando tudo, não tem o que negociar no final. Posso dizer que na minha passagem pelo Irã estive com as principais autoridades e senti uma disposição de procurar uma solução. Não posso ter certeza se ela será encontrada ou não, mas a gente tem a obrigação de tentar, até porque a alternativa, essa sim, tenho certeza que vai nos levar provavelmente a uma situação difícil.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#550 Mensagem por prp » Seg Mai 03, 2010 3:44 pm

Mohamed mandou os States pra cuxixina :shock:
E o pior é que ele tem razão. Cada vez mais acho que nosso governo está certo mais a situação está cada vez mais crítica, pois, quem tem o poder não quer dividi-lo nem a pau. Os próximos capitulos prometem.

03/05/2010 13h45 - Atualizado em 03/05/2010 15h19
País que faz ameaça nuclear deve ser punido, diz presidente do Irã na ONU
Ahmadinejad criticou quem propõe atacar 'instalações nucleares pacíficas'.
Diplomatas de EUA, Reino Unido e França deixaram local durante discurso.

Do G1, com agências internacionais
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pediu nesta segunda-feira (3) na ONU que os países que ameacem usar armas atômicas sejam punidos.

Ahmadinejad falou durante encontro dos 189 signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Segundo ele, "considerar qualquer ameaça de usar armas nucleares ou atacar instalações nucleares pacíficas são um desrespeito à paz e à segurança internacionais".

Ee também exigiu a criação de um órgão independente mundial para fixar uma data-limite para a eliminação de todas as armas nucleares.

As delegações dos EUA, do Reino Unido e da França saíram da sala da Assembleia Geral durante a fala do presidente iraniano. Apesar de o iraniano não ter citado os EUA, a declaração foi interpretada como uma alusão aos americanos.

Além disso, Ahmadinejad pediu a suspensão dos Estados Unidos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão responsável por supervisionar e regulamentar as atividades nucleares no mundo.

Durante o encontro, solicitou "a criação de um grupo internacional independente, tendo autoridade a partir da conferência".

"Este grupo", disse, "deveria fixar um prazo para a eliminação total das armas nucleares, com um calendário preciso".

Também exortou a "suspensão dos membros do conselho de governadores da AIEA que utilizam ou ameaçam utilizar armas nucleares".

"Como os Estados Unidos podem integrar a junta de governadores quando utilizaram bombas atômicas contra o Japão?", perguntou o presidente iraniano em um discurso de 35 minutos, no qual também acusou Washington de usar armas com urânio enriquecido durante a guerra do Iraque.

Sua intervenção no anfiteatro da Assembleia Geral da ONU foi marcada por uma longa crítica contra os países com armas nucleares, incluindo os Estados Unidos, a quem acusou de "ameaçar" Estados que não as têm.

A explanação de Ahmadinejad provocou a saída de muitas delegações. Representantes dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Finlândia e Marrocos, em particular, retiraram-se da sala durante seu discurso.

A Casa Branca afirmou que a delegação americana saiu por conta das "acusações bárbaras" feitas por Ahmadinejad.

O porta-voz Robert Gibbs afirmou que os EUA queriam ouvir dos iranianos que estes estariam cumprindo suas obrigações nucleares. Em vez disso, o que ocorreram foram "acusações bárbaras".




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#551 Mensagem por Francoorp » Seg Mai 03, 2010 7:13 pm

Para escutar a palavra Oficial do Brasil na ONU, dia 3 de maio de 2010:





As Nossas vidas não são nada, A Nossa Pátria é tudo !!!

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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#552 Mensagem por Rock n Roll » Seg Mai 03, 2010 8:46 pm

MUITO BOM !!!!!
Começou com " O TNP é injusto por dividir entre os que tem e os que não tem... "


[005] [005] [005]




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#553 Mensagem por DELTA22 » Seg Mai 03, 2010 8:59 pm

Além destas, gostei das falas finais quando ele disse: "Quaisquer compromissos adicionais àqueles estabelecidos no TNP devem ser considerados à luz da implementação geral do Tratado, particularmente no que diz respeito ao desarmamento nuclear."

Trocando em miúdos: protocolo adicional nem pensar! :wink: 8-]

[]'s.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#554 Mensagem por DELTA22 » Seg Mai 03, 2010 10:58 pm

Texto do embaixado Samuel Pinheiro da Secretaria de Assuntos Extratégicos.
IMPORTANTE LEITURA!
[]'s a todos.
====================================
Catástrofes Ambientais, Energia Nuclear e Protocolo Adicional
Samuel Pinheiro Guimarães

O acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera provoca o aquecimento global e suas catastróficas conseqüências. Cerca de 77% desses gases correspondem a CO2, dióxido de carbono, resultado inevitável da queima de combustíveis fósseis para gerar energia elétrica e para movimentar indústrias e veículos, desde automóveis a aviões e navios. Esta é a base da economia industrial moderna, desde a construção de uma máquina a vapor, capaz de girar uma roda, em 1781, por James Watt.

A redução das emissões de dióxido de carbono é essencial para impedir que a concentração de gases, que hoje alcança 391 partículas por milhão, ultrapasse 450 ppm. Este nível de concentração corresponderia a um aumento de 2ºC na temperatura, um limiar hoje considerado como o máximo tolerável, devido ao degelo das calotas polares e ao aquecimento dos oceanos – o que, ao ocorrer de forma gradual e combinada, levaria à inundação das zonas costeiras de muitos países, onde vivem cerca de 70% da população mundial.

Todavia, desde a assinatura do Protocolo de Quioto, em 1997, que estabeleceu metas para 2008-2012 de redução dessas emissões a níveis 5% inferiores àqueles verificados em 1990, a emissão de gases de efeito estufa aumentou. 70% da energia elétrica nos Estados Unidos é gerada por termoelétricas a carvão e gás; 50% da energia elétrica produzida na Europa é gerada por termoelétricas a carvão e a gás; 80% da energia elétrica chinesa tem como origem termoelétricas a carvão.

Em grande medida, a solução da crise ambiental depende, assim, da transformação radical da matriz energética, em especial das usinas de geração de eletricidade de modo a que venham a utilizar fontes renováveis de energia. Muitos dos países que são importantes emissores de gases de efeito estufa que teriam de transformar suas matrizes energéticas (responsáveis por 70% das emissões desses gases), não têm recursos hídricos suficientes (China, Índia, Europa etc.) ou não têm capacidade para gerar energia eólica e solar economicamente – fontes que, por serem intermitentes (a usina eólica funciona, em média, 25% do tempo e a solar somente durante período do dia) não asseguram continuidade de suprimento e nem sua energia pode ser armazenada. Mesmo a produção econômica de energia a partir da biomassa (etanol) se aplicaria mais à substituição de gasolina e diesel em veículos do que à produção de energia elétrica.

Resta, portanto, a energia nuclear como solução viável para a geração de energia elétrica em grande escala, uma vez que estão superados os problemas ambientais e de segurança. A energia nuclear, que hoje responde por 20% da energia elétrica produzida nos Estados Unidos; 75% na França; 25% no Japão e 20% na Alemanha, é produzida, como se sabe, a partir do urânio. Patrick Moore , fundador do Greenpeace, foi enfático ao declarar: “a energia nuclear é a única grande fonte de energia que pode substituir os combustíveis fósseis.”

81% das reservas de urânio conhecidas se encontram em seis países. O Brasil tem a 6ª maior reserva de urânio do mundo, tendo ainda a prospectar mais de 80% do seu território. A estimativa é de que o Brasil pode vir a deter a terceira maior reserva do mundo. Cinco companhias no mundo produzem 71% do urânio. O urânio na natureza se encontra em um grau de concentração de 0,7%. Para ser usado como combustível esse urânio tem de ser minerado, beneficiado, convertido em gás, enriquecido a cerca de 4%, reconvertido em pó e transformado em pastilhas, que é a forma do combustível utilizado nos reatores.

Esse processo industrial é extremamente complexo e apenas oito países do mundo detém o conhecimento tecnológico do ciclo completo e a capacidade industrial para produzir todas as etapas do ciclo. Um deles é o Brasil. O Brasil combina, assim, a posse de reservas substanciais, e potencialmente muito maiores, com o conhecimento tecnológico e a capacidade industrial além de deter a capacidade industrial que permitiria produzir reatores.

Apesar da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) prever um crescimento moderado da demanda por urânio enriquecido, o fato é que países como a China e a Índia precisarão de instalar capacidade extraordinária de usinas não poluentes para aumentar a oferta de energia elétrica sem aumentar de forma extraordinária suas emissões de CO2. A China planeja aumentar sua capacidade instalada total de geração de energia elétrica em 100.000 MW por ano, o que equivale a toda a atual capacidade brasileira.

Caso os países desenvolvidos não aumentassem sua produção industrial e pudessem assim ser mantidos os atuais níveis de geração de eletricidade e, portanto, de emissão de gases, e os grandes países emergentes também não aumentassem suas emissões atuais de gases (e, portanto, mantivessem sua produção atual, com crescimento econômico zero) o nível de limiar do aumento de temperatura, 2ºC seria atingido muito antes do previsto – e até ultrapassado.

Assim, é urgentemente necessário diminuir a emissão de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, manter o crescimento econômico/social elevado para retirar centenas de milhões de seres humanos da situação abjeta de pobreza em que vivem. Isto só é possível através da geração de energia elétrica a partir do urânio. Para gerar 1Kw de energia elétrica, uma usina a carvão gera 955 gramas de CO2; uma usina a óleo 818 g; uma usina a gás gera 446 g e a usina nuclear 4 g (quatro!) de CO2.

Os grandes países produtores de energia, portanto, terão de mudar sua matriz energética, cuja base hoje são combustíveis fósseis, para utilizar combustíveis renováveis e não-fósseis como a energia nuclear – única que atende aos requisitos de regularidade, de suprimento, de economia e de localização flexível. Mas os extraordinários interesses das grandes empresas produtoras de petróleo, de gás e de carvão dos países que detém as principais jazidas desses combustíveis fósseis – carvão (Estados Unidos e China); gás (Rússia e EUA); e petróleo (Arábia Saudita, etc. – e os custos, difíceis de exagerar, de transformação de suas matrizes energéticas e de seus hábitos de consumo, tendem a influenciar as considerações dos técnicos que elaboram aquelas estimativas conservadoras da Agência Internacional de Energia – AIE, que prevêem o contínuo uso de combustíveis fósseis e um pequeno aumento de demanda por energia nuclear nos próximos anos.

Apesar de tudo, a deterioração das condições climáticas e fenômenos extremos farão com que a urgência de medidas de reorganização econômica se imponham, inclusive pela pressão dos cidadãos sobre os governos, apesar da contra-pressão dos interesses das mega-empresas. Assim, apesar daquelas estimativas modestas, o mercado internacional para urânio enriquecido será extremamente importante nas próximas décadas, caso se queira evitar catástrofes climáticas irreversíveis.

Certas iniciativas dos países nucleares, a pretexto de enfrentar ameaças terroristas, podem afetar profundamente as possibilidades de participação do Brasil nesse mercado. Tais iniciativas se caracterizam por procurar concentrar nos países altamente desenvolvidos a produção de urânio enriquecido e de impedir sua produção em outros países, em especial naqueles que detêm reservas de urânio e tecnologia de enriquecimento. Em outros países, que são a maioria, o tema não tem importância, e serve apenas para criar meios de pressão sobre os primeiros. Isto afeta diretamente o Brasil, do ponto de vista econômico e de vulnerabilidade política.

Por outro lado, esses países procuram restringir por todos os meios a transferência de tecnologia, procuram impedir o desenvolvimento autônomo de tecnologia e procuram conhecer o que os demais países estão fazendo, sem revelar o que eles mesmos fazem. O Protocolo Adicional aos Acordos de Salvaguarda com a AIEA, previstos pelo TNP (Tratado de Não Proliferação) é um instrumento poderoso, em especial naqueles países onde há capacidade de desenvolvimento tecnológico – caso do Brasil. Onde não há essa capacidade não tem o Protocolo qualquer importância, nem para os que dele se beneficiam (os Estados nucleares) nem para aqueles que a suas obrigações se submetem (os Estados não-nucleares que não detêm urânio, nem tecnologia, nem capacidade industrial e que são a maioria esmagadora dos países do mundo).

A concordância do Brasil com a assinatura de um Protocolo Adicional ao TNP permitiria que inspetores da AIEA, sem aviso prévio, inspecionassem qualquer instalação industrial brasileira que considerassem de interesse, além das instalações nucleares (inclusive as fábricas de ultracentrífugas) e do submarino nuclear, e tivessem acesso a qualquer máquina, a suas partes e aos métodos de sua fabricação, ou seja, a qualquer lugar do território brasileiro, quer seja civil ou militar, para inspecioná-lo, inclusive instituições de pesquisas civis e militares. Ora, os inspetores são formalmente funcionários da AIEA, mas, em realidade, técnicos altamente qualificados, em geral nacionais de países desenvolvidos, naturalmente imbuídos da “justiça” da existência de um oligopólio nuclear não só militar, mas também civil, e sempre prontos a colaborar não só com a AIEA, o que fazem por dever profissional, mas também com as autoridades dos países de que são nacionais.

O Protocolo Adicional e as propostas de centralização em instalações internacionais da produção de urânio enriquecido são instrumentos disfarçados de revisão do TNP no seu pilar mais importante para o Brasil, que é o direito de desenvolver tecnologia para o uso pacífico da energia nuclear. Esta foi uma das condições para o Brasil aderir ao TNP, sendo a outra o desarmamento geral, tanto nuclear como convencional, dos Estados nucleares (Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra), como dispõe o Decreto legislativo 65, de 2/7/1998: “a adesão do Brasil ao presente Tratado está vinculada ao entendimento de que, nos termos do artigo VI, serão tomadas medidas efetivas visando à cessação, em data próxima, da corrida armamentista nuclear, com a completa eliminação das armas atômicas”.

Todavia, desde 1968, quando foi assinado o TNP, os Estados nucleares, sob variados pretextos, aumentaram suas despesas militares e incrementaram de forma extraordinária a letalidade de suas armas não só nucleares como convencionais e assim, portanto, descumpriram as obrigações assumidas solenemente ao subscreverem o TNP. Agora tentam rever o Tratado para tornar a situação deles ainda mais privilegiada, com poder de arbítrio ainda maior, enquanto a situação econômica e política dos países não nucleares fica ainda mais vulnerável diante do exercício daquele arbítrio.

Ao contrário da maior parte dos países que assinaram o Protocolo Adicional, o Brasil conquistou o domínio da tecnologia de todo o ciclo de enriquecimento do urânio e tem importantes reservas de urânio. Só três países – Brasil, Estados Unidos e Rússia – têm tal situação privilegiada em um mundo em que a energia nuclear terá de ser a base da nova economia livre de carbono, indispensável à sobrevivência da humanidade. Aceitar o Protocolo Adicional e a internacionalização do enriquecimento de urânio seria, assim, um crime de lesa-pátria.




"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
Carlos Mathias

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#555 Mensagem por Carlos Mathias » Seg Mai 03, 2010 11:12 pm

Queria ouvir a opinião de algum PSDBista sobre isso.




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