Crise Econômica Mundial

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marcelo l.
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Re: Crise Econômica Mundial

#1651 Mensagem por marcelo l. » Qui Abr 29, 2010 9:36 am

Ontem, a bolsa não foi mal 0,28%, teve no Brasil o efeito decisão do copom, subiu-se os juros 0,75%.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1652 Mensagem por P44 » Qui Abr 29, 2010 10:12 am

Edu Lopes escreveu:
FMI desconfia de agências de risco

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou nesta quarta (28) que não dá para "acreditar muito" nas agências de classificação de risco. Para ele, isso acontece porque elas refletem o que recolhem no mercado, o que às vezes pode ser muito instável. Ontem (27), a agência de risco Standard&Poor´s rebaixou as notas das dívidas soberanas da Grécia, Portugal e Espanha.

Fonte: http://www.claudiohumberto.com.br/principal/
Quando as tais agências rebaixam o Brasil, só por exemplo, tá tudo bem, mas como rebaixou países europeus não se pode confiar nelas. Tá certo. :roll:

Foram mexer com o dólar...

especialmente porque não rebaixam o ranking do Reino Unido que está muito pior que os da zona euro :roll: os anglo-saxónicos protegem-se uns aos outros




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Re: Crise Econômica Mundial

#1653 Mensagem por marcelo l. » Qui Abr 29, 2010 10:36 am

A crise americana agora se enraiza...

Valor Econômico

Crise faz cidades dos EUA avaliarem opção de declarar insolvência


Nicole Bullock, Financial Times, de Nova York

Nas reuniões do conselho municipal de Harrisburg, capital da Pensilvânia, costumam ser discutidas questões que vão da remoção de neve das ruas e coleta do lixo ao aumento na frequência de brigas de cães. Mas uma reunião nesta semana foi particularmente incomum. Num sinal dos tempos difíceis, as autoridades municipais convocaram especialistas para discutir os prós e contras de ir à falência.

"Não há nenhuma boa opção", disse Dan Miller, secretário de Finanças da cidade de Harrisburg, à comissão de administração da cidade. Miller e alguns membros da comissão defenderam analisar o procedimento falimentar como forma de escapar ao endividamento. Outras autoridades presentes à reunião de três horas manifestaram sua preocupação com as implicações.

A falência nunca foi um recurso amplamente utilizado por autoridades municipais, de modo que elas não têm muito referencial nesse sentido. Mas como cidades e regiões em todo os EUA estão sendo duramente afetados pela recessão, autoridades locais, investidores e analistas vêm questionando se falências podem se tornar mais comuns.

O debate envolve de prefeituras a Wall Street - a Securities Industry and Financial Markets (Sifma) promoverá sua discussão pública sobre o tema numa conferência hoje em Manhattan.

Apenas em 2009, empresas deram entrada com mais de 11 mil pedidos de falência. Desde 1937, houve mais de 600 casos de falências de municípios, disse James Spiotto, sócio no escritório de advocacia Chapman & Cutler.

Provavelmente, o caso de maior evidência ocorreu em 1994, envolvendo o condado de Orange, na Califórnia. Depois que a recessão se instalou, a cidade de Vallejo, na Califórnia, foi à falência em 2008. No ano passado, os pedidos de falência mais que dobraram em relação ao ano anterior, mas não passaram de 10. Entre as cidades maiores, Harrisburg e Detroit levantaram a idéia, mas sem formalizar planos.

"A maioria das falências de municípios envolveu distritos especiais, dependentes de uma única fonte de receitas, e não cidades grandes mais diversificadas e que têm algum peso para para pedir a investidores que aguentem o tranco", afirmou Matt Fabian, diretor da Municipal Market Advisors.

A crença de que os municípios raramente vão à falência, ou mesmo que resultem inadimplentes, é a base do mercado de títulos municipais, que movimenta US$ 2,8 trilhões, onde capta-se dinheiro a um custo relativamente baixo para projetos públicos. Se o número de pedidos de falência crescer, acreditam especialistas nesse mercado, eles serão em sua maioria casos especiais de dimensão reduzida.

Há muito tempo, eles vêm sustentando que o receio de maiores custos para captar recursos decorrentes de falências é suficientemente sério para desencorajar a maioria.

Mas agora que cidades como Harrisburg estão considerando a opção falimentar, essas antigas convicções estão sendo postas à prova. "Quanto mais a opção de falência é discutida publicamente como uma opção de alívio financeiro, mais seu estigma se dilui, aumentando a probabilidade de sua utilização efetiva", alertou a Fitch Ratings em relatório no início deste ano.

O maior entrave, porém, pode estar no fato de que o procedimento é muito mais proibitivo do que para as empresas. As municipalidades necessitam permissão de seu Estado, e alguns Estados não o admitem. Entre outros obstáculos estão a comprovação de insolvência.

Com ou sem falência, Harrisburg e outros governos endividados precisarão tomar decisões difíceis, e por isso seus cidadãos e alguns credores poderão arcar com sacrifícios. Há "opções", disse Perry Mandarino, sóci o na PwC, em Harrisburg, mas nenhuma solução mágica.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1654 Mensagem por P44 » Qui Abr 29, 2010 10:48 am

29-04-2010 14:29 - Situação de Portugal "é substancialmente diferente" da Grécia

A situação de Portugal é “substancialmente diferente” do que está a acontecer na Grécia, afirmou o vice-ministro holandês, Andre Rouvoet.

Depois do Governo holandês ter estado hoje reunido, o vice-ministro Andre Rouvoet falou aos jornalistas, considerando que a situação de Portugal é diferente da da Grécia, de acordo com a Bloomberg.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1655 Mensagem por Bourne » Qui Abr 29, 2010 11:58 am

P44 escreveu:especialmente porque não rebaixam o ranking do Reino Unido que está muito pior que os da zona euro :roll: os anglo-saxónicos protegem-se uns aos outros
Por causa de uma coisa chamada city londrina e internacionalização financeira. Os britânicos são uns sacaninhas. Quando perderam a indústria viraram financistas.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1656 Mensagem por Enlil » Sex Abr 30, 2010 4:29 am

China economy (2010)

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Re: Crise Econômica Mundial

#1657 Mensagem por ferrol » Sex Abr 30, 2010 8:09 am

A ver se o entendo ben. ¿A culpa do déficit a ten S&Poors que a califica?¿Ou os respectivos gobernos por non face-los deberes?Se os anglosaxóns atacan a quenes non o son...¿Por qué non atacan tamén a Alemaña, Noruega ou a Francia?

O que penso é que non podemos falar de "reflexo da realidade" cando as axencias de rating nos dan boas calificacións e de pouco menos que "piratas" cando no-las dan malas. Hai que ser consecuente.

Digo eu...




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Re: Crise Econômica Mundial

#1658 Mensagem por P44 » Sex Abr 30, 2010 8:29 am

“Corte no rating vai prejudicar economia portuguesa”, dizem economistas
30 de Abril de 2010, 12:03

Os cortes no rating da Grécia, Portugal e Espanha causaram um terramoto nos mercados europeus esta semana. Dificilmente estas avaliações acontecem “por acaso” e podem ser uma prova de resistência à zona euro. A avaliação do rating tem impacto directo na situação económica de um país e em Portugal pode representar um aumento do défice.

Estas são as principais opiniões dadas ao SAPO por dois economistas que comentaram de forma crítica a actuação das agências de rating que, de resto, têm sido questionadas um pouco por todo o mundo.

Paul Krugman, Nobel da economia, escreveu no início da semana um artigo no New York Times onde critica as avaliações distorcidas feitas pelas agências de rating durante a crise do subprime norte-americano. No decorrer da semana, reflectiu também no seu blogue, sobre a situação europeia.

“Esta última alteração foi surpreendente quer pelo timing, quer pela intensidade”, declara o economista Rui Henrique Alves, referindo-se ao corte feito pela Standard & Poor's ao rating de Portugal.

A última avaliação ao rating do país tinha sido feita em Março pela agência Ficth. O professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) considera que “neste curto espaço de tempo não aconteceram alterações tão grandes” para a queda de dois níveis no rating.

Teste à zona euro

Para Ricardo Henrique Alves, as más notícias desta semana representam um “teste à resistência da zona euro”. “O teste está a começar pelas economias mais fracas”, nota o especialista.

O “impasse” em ajudar a Grécia, principalmente por parte da Alemanha, “pode estar a prejudicar a Europa”, repara o economista, realçando que “o mais importante neste momento é salvar a união o monetária”.


É, contudo, “muito cedo” para se pôr a hipótese do “fim da moeda única” e da “expulsão de certos países da união monetária”, acredita Ricardo Henrique Alves.

Portugal deve “estancar o efeito bola de neve”

Para o economista Nuno Moutinho, os cortes no rating têm dois tipos de impacto no país. “Um impacto directo porque pagamos a nossa dívida mais cara e isso gera défice” e “um impacto indirecto, já que todo o clima económico é afectado, com quedas na Bolsa de Valores, por exemplo”.

Tudo isso pode levar a um efeito bola de neve na economia. Nuno Moutinho considera que é preciso pôr um travão no pessimismo económico. A reunião entre José Sócrates e Passos Coelho nesta quarta-feira foi um sinal claro deste esforço de “estancar o efeito bola de neve”.

De acordo com este especialista, o corte no rating de Portugal pode ser também “um sinal dos mercados de que o PEC não será suficiente” para melhorar a situação económica do país. “O Governo tem de dar um sinal mais forte aos mercados”, defende, exemplificando: “matar o TGV ou matar o segundo aeroporto de Lisboa seria um sinal que os mercados estariam à espera”.

SAPO
http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1061724.html




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Re: Crise Econômica Mundial

#1659 Mensagem por P44 » Sáb Mai 01, 2010 6:45 am


Depois da Fitch e da Moody's, desta vez foi a S&P a cortar o "rating" de longo prazo, o que significa que os juros que o Estado paga pela sua dívida (ou para pedir dinheiro emprestado no exterior) ficam agora mais caros. Esta nota pouco simpática para Portugal surge no mesmo dia em que a agência baixou ainda mais o rating da Grécia para níveis insustentáveis, mesmo com a intervenção do FMI e da Comissão Europeia. Aliás, é o próprio director-geral do FMI que avisa que a Grécia ficará numa "situação insustentável" sem ajuda internacional.

Curiosamente, a decisão da S&P é comunicada dias depois de várias críticas de um ex-economista-chefe do FMI e de vários especialistas nos media internacionais à saúde das finanças públicas lusitanas... e um mês depois dos cortes feitos pelas outras duas agências que avaliam o risco de incumprimento de um Estado ou uma empresa pagar o que deve. Portanto, a S&P acordou agora, numa altura em que o mundo anglo-saxónico quer encontrar mais um cordeiro (além do grego) para o sacrifício no altar dos mercados...

O corte da S&P acontece também a cerca de meia hora do fecho dos mercados em Lisboa... e daí o enorme trambolhão do PSI20, com os investidores a venderem papel rapidamente, como se o país fosse entrar em colapso. De imediato, o ministro Teixeira dos Santos emitiu um comunicado (e reagiu 'em on' em Luanda) reconhecendo que esta má nota atribuída pela S&P não vem "serenar os mercados" e admitiu mesmo que se trata de um "ataque dos mercados" financeiros.

Teixeira dos Santos, que tem sido o cartão de crédito de José Sócrates, avisou que fará "o que for necessário para assegurar a eliminação do défice excessivo", deixando abertas as portas para medidas de austeridade mais duras, se for preciso, como se subentende do comunicado emitido pelas Finanças. Ou seja, é claro que o cinto vai apertar ainda mais, como todos já tínhamos percebido.

O mais curioso é que a S&P limita-se a argumentar que a economia portuguesa vai estagnar este ano. Já previ isso há meses aqui na SIC, tal como vários economistas ilustres o fizeram... o que, aliás, não era difícil quando olhamos para vários indicadores e falamos com os agentes económicos. E a S&P "descobriu" (sozinha) que o Governo vai ter muita dificuldade em baixar o défice para 2,8% do PIB em 2013, avançando com o número de 4,1% para o défice público - e isso vale o que vale.

É tempo para manter a cabeça fria porque há muita gente nos mercados financeiros a querer ganhar dinheiro com a situação de Portugal e dos outros "PIIGS", como os nossos "amigos" anglo-saxónicos superiormente intitulam Portugal, Irlanda, Itália, Espanha e, claro, Grécia. Estamos perante o início de um ataque especulativo sobre Portugal, claramente. É tempo de união e não de tricas, intrigas, políticos de pacotilha em bicos de pés - nem de greves que o povo não compreende. Isto não é discurso de ministro; é óbvio, é prudência, é bom senso!

Isto não iliba Governo e oposição do estado pantanoso a que chegou o país, em termos políticos, sociais, económicos e financeiros... e a greve dos transportes colectivos desta terça-feira não ajuda à imagem do país no exterior. Este é um "momento decisivo", como diz Teixeira dos Santos e qualquer contribuinte ou trabalhador por conta doutrem já percebeu isso. Agora o "pântano" vai começar a abanar. É bom que estejamos preparados, com serenidade.
http://sic.sapo.pt/online/noticias/opin ... rating.htm




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Re: Crise Econômica Mundial

#1660 Mensagem por marcelo l. » Dom Mai 02, 2010 10:56 am

Dá medo o pessoal do Goldman Sachs só elogia o Brasil...

Estadão

O mundo avança lentamente para um futuro melhor

JIM O'NEILL

No mês de abril, a primavera está no ar em Londres, embora, se você passa a maior parte do tempo entre quatro paredes, preocupado com as próximas eleições britânicas, ou com a dívida do governo, ou a situação do sistema financeiro internacional, ou com o jogo entre políticos e financistas, talvez não pense assim. É agradável sair ao ar livre, sentir o calor do sol e desfrutar de dias mais luminosos e mais longos.

Quando a poeira das cinzas (do vulcão) se levantar, será maravilhoso recomeçar a viajar, principalmente para os habitantes dos países do Ocidente, porque o mundo realmente é um lugar mais luminoso do que muitos pensam.

Muitas vezes me pego dizendo a pessoas da minha geração (53) que, quando a maioria de nós, ocidentais, fala do mundo, no dia de hoje, não se refere ao mundo moderno real, concreto, mas do Ocidente, dos Estados Unidos e da Europa em particular. Felizmente, eles não são o mundo hoje.

Tendo viajado pelo mundo duas vezes em 2010, acho que posso dizer que, hoje, pelo menos a metade da população mundial não fala em "aperto do crédito" antes de tomar o café da manhã. Talvez possa parecer assim para quem não sai de Londres ou de Nova York, mas não é verdade.

Há umas duas semanas, voltamos a corrigir para cima nossas previsões do Produto Interno Bruto (PIB) para 2010 e 2011. Agora, prevemos um crescimento de 4,3% para este ano, e de 4,4% para o próximo. O crescimento real do PIB mundial, nos últimos 25 anos, foi de aproximadamente 3,7%, portanto, estamos significativamente acima disto, e a gente não se daria conta lendo a mídia ocidental ou ouvindo muitos políticos, mas em geral prevê-se um crescimento maior do que a média dos últimos 25 anos também.

Uma visão nossa ainda mais controvertida, relacionada à emergência das chamadas economias Bric, é que acreditamos que a tendência do crescimento mundial - a taxa à qual é possível crescer sem gerar pressões inflacionárias - é possivelmente de alta. Talvez não nos Estados Unidos, com o problema do crédito, ou na Grã-Bretanha, ou em certas partes da Europa, mas elas não são o mundo.

Nós achamos que há evidências cada vez mais concretas de que as três economias dos países mais populosos na Ásia - China, Índia e Indonésia - estão mostrando sinais de uma tendência de crescimento maior. Esses três países sozinhos representam cerca de 3 bilhões de pessoas. No que se refere à China e à Índia, é concebível que, nos próximos anos, ambas possam crescer a perto de 10% ao mesmo tempo, e fundamentalmente graças à demanda interna.

Às margens da Europa, a Rússia, o membro pobre e muitas vezes ridicularizado do grupo do Bric, deverá surpreender e crescer entre 5% e 7% nos dois próximos anos, e o outro vizinho mais populoso da Europa Ocidental, a Turquia, mostra sinais crescentes de uma vigorosa recuperação.

Na África, há países que mostram estar fazendo coisas de maneira diferente do que faziam no passado. E, evidentemente, olhando a América Latina, o Brasil exibe inúmeros sinais de uma vitalidade à qual sua grande população não está acostumada. Somando tudo isto, acho que a taxa de crescimento não inflacionária mundial será possivelmente de 4%.

Se estivermos certos, poderemos chegar à recuperação de 4,8% que prevemos para os próximos dois anos, e sem consequências inflacionárias. Em termos teóricos, como o PIB mundial, que caiu de fato em 2009, e cresceu abaixo da tendência em 2008, poderá crescer 6,5% em cada um dos próximos dois anos, fechando o "gap" da produção.

Muitos participantes dos mercados financeiros - e estrategistas - simplesmente não estão preparados para essa possibilidade, e, se os bancos centrais continuarem tão cautelosos quanto agora, apesar de todos os supostos problemas, os mercados acionários mundiais talvez continuem se recuperando, e, contrariamente a muitos temores, os mercados de títulos do governo mundiais também poderão ter um bom desempenho.

É difícil ter uma postura pessimista no mercado de títulos quando os bancos centrais do G-7 mantêm taxas de juros perto do zero!

E então, o que têm os tais "problemas"? Vejamos a Grécia, o inesgotável tema de discussão onde quer que eu vá. É evidente que a Grécia tem inúmeros problemas, e isso não é bom para ela, provavelmente não é bom para a credibilidade da União Monetária Europeia e quase definitivamente não é bom para o euro. Mas não é um problema grave para a economia europeia, e, com certeza, para o mundo.

A Grécia representa cerca de 2,5% da área do euro e tem uma economia de US$ 350 bilhões. No primeiro trimestre de 2010, as importações da China cresceram mais de US$ 500 bilhões em termos anuais. A Grécia poderia desaparecer completamente, e, no prazo de 8 meses, a China criaria o seu equivalente com o que ela importa agora.

E o que há com a China e com todas essas supostas bolhas? Embora a economia chinesa tenha apresentado um crescimento do PIB de cerca de 12% no primeiro trimestre, seu mercado de ações tem andado de lado desde o pico de meados do ano passado.

Consequentemente, segundo o consenso em termos atuais e futuros, o coeficiente preço-lucro caiu significativamente e as ações chinesas parecem bastante atraentes, sem chegar perto do território das bolhas. A única área que mostrava sinais de bolhas modestas, o mercado imobiliário de alto padrão, provocou uma enérgica reação do governo, que adotou medidas destinadas a conter as compras especulativas.

A China continua se ajustando: sua economia, outrora impulsionada pelas exportações, está se tornando uma economia baseada na demanda interna sustentada, particularmente no consumo. E, na minha opinião, quanto mais rapidamente eles reduzirem o crescimento para a área dos 10% com um equilíbrio sustentado, mais confiança inspirarão a todos.

O outro problema frequentemente discutido é o risco da chamada recessão em W nos EUA e no Ocidente. Embora ali esse risco esteja sempre presente por causa de um erro tolo de estratégia, o fato é que as condições financeiras nos EUA, na Europa e em toda a região da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) permanecem bastante favoráveis, sugerindo uma recuperação razoável e o risco cada vez menor de uma recessão em W.

Para vocês, no Brasil, o inverno se aproxima, mas não impedirá que desfrutem dos sinais cada vez mais claros de uma saudável primavera. Aproveitem!

TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA




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Re: Crise Econômica Mundial

#1661 Mensagem por cvn73 » Dom Mai 02, 2010 7:42 pm

O maior do mundo



A Grécia terá US$ 146 bilhões em dinheiro da União Europeia e do FMI.

É o maior pacote de ajuda da história a um país. Equivale a quase metade do PIB da Grécia. Não há precedentes de ajuda internacional.

Sendo que a Grécia é periferia. Produz algodão, queijo, azeitona, azeite e turismo. Tem um PIB quatro vezes menor do que o do Brasil, o recordista (em 2002) para um pacote de ajuda do FMI.

Daí a dimensão do problema em que a Europa e o mundo estão metidos. A crise vai longe.

O pacote de ajuda que a Europa (especialmente a Alemanha) e o FMI estão patrocinando visa salvar a existência do euro e proteger os bancos de seus países e os investidores que ganharam dinheiro nos últimos anos financiado gastos além do razoável em seus vizinhos mais pobres.

Além de tentar salvá-los de prejuízos consideráveis, uma derrocada na Grécia poderia, de fato, trazer enormes consequências para a região, dada a interligação do sistema bancário.

Exemplos: a Grécia deve cerca de US$ 10 bilhões a bancos portugueses, que devem outros US$ 86 bilhões a bancos espanhóis. Já a Alemanha tem cerca de US$ 240 bilhões a receber de bancos espanhóis, que devem US$ 220 bilhões para instituições franceses. A Itália deve US$ 511 aos franceses. E por aí vai.

O pacote de socorro à Grécia foi condicionado a cortes de gastos estatais equivalentes a 13% do PIB grego nos próximos anos. É um massacre, especialmente para um país marcado para crescer muito pouco neste ano e nos próximos.

O quadro de pouca receita em impostos adicionais que o crescimento baixo pressupõe será agravado, portanto, pela necessidade de se cortar na carne despesas que também poderiam manter a economia um pouco mais à tona.

Esse não é um problema exclusivo da Grécia. Se quiserem ficar longe das labaredas do mercado e evitarem o constrangimento que os gregos passaram nas últimas semanas, outros países altamente endividados da União Europeia terão de fazer o mesmo voluntariamente nos próximos anos.

O quadro ao fim da coluna mostra em vermelho os quatro países (entre outros) mais citados recentemente como "problemáticos" em termos de endividamento (Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda).

Em comum têm, além do crescimento baixo previsto para este ano, o endividamento muito elevado. Para baixar o total de suas dívidas e déficits como proporção do tamanho do seu PIB teriam ou de crescer ou de diminuir gastos.

Não crescer e diminuir gastos é o caminho do buraco para onde vão.

Vale repetir o mantra dessa crise no Primeiro Mundo. O mesmo de quase dois anos atrás.

A CRISE É DE ENDIVIDAMENTO.

Das famílias, das empresas e dos bancos, endividados em níveis recordes no pós Segunda Guerra (sem ter havido uma guerra).

Para adiar seu desfecho traumático (o empobrecimento), governos entraram na ciranda. Hoje, estão endividados em níveis recordes, assim como as famílias, empresas e bancos.

É essa conta a ser paga.

*
Em manifestação violenta e algo sangrenta no fim de semana, os gregos protestaram em Atenas clamando para que a conta da atual crise que engolfa o país seja paga pelo rei Croesus (595 AC-547 AC). Croesus foi soberano da Lydia (hoje parte da Turquia) e tornou-se figura mítica entre os gregos por sua grande riqueza. É até hoje sinônimo de poder no país.

Mas o pacote da Europa e do FMI de ajuda à Grécia que acaba de ser anunciado não será pago exatamente pelos "croesus" modernos gregos.

Podem apostar.
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Re: Crise Econômica Mundial

#1662 Mensagem por soultrain » Seg Mai 03, 2010 8:12 pm

Olhem, não há mocinho nessa história, os maiores salvadores vão ser os principais beneficiados, foram uns dos principais culpados e nós vamos ser fod...

A falta de ética, de valores, o egoísmo primário que foi muito bem vendido por Reagan e os seus seguidores, são a causa disto tudo.

Tenho tido pouco tempo, quem não compreendeu, vou tentar explicar melhor depois.

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Re: Crise Econômica Mundial

#1663 Mensagem por tflash » Seg Mai 03, 2010 10:36 pm

Estive a fazer umas coisas no computador e estava a ouvir sem prestar importância a um debate na Rádio renascença até que ouvi algo que me despertou a atenção e deu que pensar.

A dada altura, o comentador disse que quando surgiram os primeiros sinais da crise, os sindicatos alemães, juntamente com os trabalhadores, mudaram a idade de reforma para os 77 anos, entre outras medidas sem intervenção governamental ainda antes que a crise chegasse à Alemanha.

Agora os trabalhadores alemães, vão ter que resgatar os gregos que se reformam aos 61. Parece-me mesmo a velha história da cigarra e da formiga.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1664 Mensagem por ferrol » Ter Mai 04, 2010 3:52 am

tflash escreveu:Agora os trabalhadores alemães, vão ter que resgatar os gregos que se reformam aos 61. Parece-me mesmo a velha história da cigarra e da formiga.
Segundo a miña opinión, non é cousa de traballadores, senón de políticos.

Estou seguro que case ningún traballador, sexa grego ou sexa alemán gasta por riba das súas posibilidades, e, se o fai, terá que asumi-las consecuencias. Pero como os políticos gregos non teñen que devolve-lo que gastan das súas contas, pois dalles igual se o país cae na bancarrota, mentres eles sigan cos séus salarios a fin de mes, ¿ou non?




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Re: Crise Econômica Mundial

#1665 Mensagem por P44 » Ter Mai 04, 2010 10:42 am

Notícias: As principais praças norte-americanas abriram em baixa, penalizadas pela redução da actividade industrial na China e depois de Volker Kauder, líder da bancada parlamentar da CDU, o partido de Angela Merkel, vir defender a “insolvência ordeira” de alguns Estados europeus devido ao receio de que a crise da dívida soberana se dissemine.

Volker Kauder apelou hoje à possibilidade de uma “insolvência ordeira” de alguns Estados europeus como “consequência” da crise grega. A Comissão Europeia deveria analisar melhor as finanças dos Estados-membros, de modo a evitar o tipo de aumento do défice orçamental a que se assistiu na Grécia,defendeu Kauder numa conferência de imprensa hoje em Berlim, citado pela Bloomberg. Na semana passada, Volker insistiu que qualquer ajuda à Grécia teria de proteger o euro, segundo o “The Guardian”.

Hoje, Joseph Stiglitz, Nobel da Economia, disse que a crise grega penalizou o futuro do euro e as suas declarações estão a contribuir para os receios dos mercados. “A crise grega pode sugerir o fim do euro”, afirmou Stiglitz.





Euro at year low against dollar below $1.31
Fears about Greece weigh on euro, pushing it to lows last seen in April 2009

ap

On Tuesday May 4, 2010, 8:06 am EDT

BERLIN (AP) -- The 16-nation euro on Tuesday hit lows last seen more than a year ago, sliding to $1.3088 in European afternoon trading as concerns about the massive bailout package for Greece weighed on markets.

The euro fell to levels last seen in April 2009 before recovering slightly to $1.3094. That is still well below the $1.3212 it bought in late trading in New York the day before.

Michael Hewson, a currency analyst with CMC Markets in London, said the euro would likely "continue to remain under pressure over the coming days."

The euro has lost favor as European governments have scrambled to find a solution to prevent Greece from defaulting on its debts. A euro110 billion ($145.62 billion) aid package is now in the works with Germany, which will bear a lion's share of the load, expected to approve it in parliament by the end of the week.

In other trading, the British pound dipped to $1.5171 from $1.5258 the night before as Britons readied to go to the polls Thursday in an election that could see David Cameron and his opposition Conservatives return to Downing Street.

On Tuesday British Prime Minister Gordon Brown said he would shoulder the blame if the Labour Party fails in the country's national election after 13 years in office. The party trails third in many polls behind the Conservatives and Liberal Democrats.

The dollar edged lower to purchase 94.44 Japanese yen from 94.59 yen in New York.
http://finance.yahoo.com/news/Euro-at-y ... /print?x=0




Triste sina ter nascido português 👎
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