Pressões Nucleares sobre o Brasil
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- Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
PROGRAMA NUCLEAR
Irã é escolha estranha do Brasil, diz americano
"Não dá para entender por que o país não acha importante punir quem viola lei internacional",
afirma James Rubin, consultor de Obama (que tal punirmos os EUA por violarem as cláusulas do TNP, criando novas gerações de armas nucleares?)
Ex-secretário-assistente de Estado diz que, se Brasil quer assumir posição de liderança no
mundo, terá de aprender a contrariar aliados como o Irã
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Brasil quiser se tornar um líder global, deverá aprender a contrariar aliados -como o Irã- e
aceitar que interesses multilaterais se sobreponham a relações bilaterais.
O aviso é do analista americano James Rubin, professor de políticas públicas da Universidade
Columbia (Nova York), ex-secretário-assistente de Estado do governo de Bill Clinton (1993-2001) e hoje
consultor informal da equipe diplomática de Barack Obama.
Em entrevista à Folha, por telefone, Rubin disse que a relutância do Brasil em apoiar sanções ao
Irã beneficia um regime que viola a legislação internacional, o que pode prejudicar a aspiração brasileira
ao assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
FOLHA - Como o sr. vê a posição do Brasil em relação ao Irã?
JAMES RUBIN - O Brasil, como qualquer outro país grande e importante, tem direito de ter
relações com quem bem entender e tantas parcerias econômicas quantas julgar necessário. Mas, no
plano bilateral, nenhum americano gosta de ver um líder admirado como Lula na mesma foto que alguém
tão pouco admirado como [Mahmoud] Ahmadinejad. Lamento que o governo brasileiro não perceba o
perigo de não assumir o papel que lhe cabe no sistema internacional. Na conferência nuclear [de
Washington], o Brasil mostrou ter entendido claramente a importância de fazer com que armas nucleares
não sejam usadas durante um acesso de raiva ou por terroristas. Então não dá para entender por que o
Brasil não acredita que é importante punir aqueles que violam a lei internacional estabelecida pelo TNP
[Tratado de Não Proliferação Nuclear] e a AIEA [agência atômica da ONU].
FOLHA - O Brasil alega que o Irã tem direito de enriquecer urânio para fins pacíficos e que
até hoje não há provas de que o Irã esteja fabricando a bomba atômica.
RUBIN - O Brasil está certo em dizer que o Irã tem direito a um programa nuclear civil. Mas
Teerã violou a legislação duas vezes. Na primeira, o CS impôs a exigência de que o Irã congelasse seu
enriquecimento de urânio. Na segunda, a AIEA disse claramente que Teerã descumpriu regras de
inspeções e transparência de informações, além de não ter respondido várias perguntas. Saber se o
programa nuclear iraniano está fabricando armas não é a questão. A questão é que o Brasil, um país
grande e responsável que defende o multilateralismo e talvez se torne um futuro membro permanente do
CS, precisa endossar a legislação e o sistema internacionais. O Brasil hoje é membro não permanente
do órgão da ONU cujas determinações o Irã viola.
FOLHA - O Brasil pode ter que arcar com o custo político dessa posição?
RUBIN - O Brasil pode ter vários questionamentos legítimos sobre o sistema de não proliferação
e tem direito de levantá-los na conferência de revisão do TNP [em maio]. Mas até a China e a Rússia
admitem sanções contra Teerã. É estranho o Brasil estar fora desse grupo. Defender as regras do
sistema internacional às vezes tem um custo no plano bilateral. Os EUA estão pagando caro por tentar
encontrar soluções internacionais para os problemas. O governo americano vive irritando amigos. Talvez
o Brasil não queria irritar um país amigo como o Irã. Ou talvez o Brasil não queira estar na posição dos
membros permanentes do CS, que são obrigados a contrariar aliados o tempo todo. Para ser
responsável, você tem de sacrificar alguns aspectos de suas relações bilaterais. Se o Brasil quer ser um
líder, então tem que aceitar que alguns amigos serão contrariados.
FOLHA - O Irã tira proveito do apoio dos aliados Brasil e Turquia?
RUBIN - A Turquia está numa posição muito diferente do Brasil, por ser vizinha do Irã. Irã e
Turquia têm uma longa história comum numa área onde há hoje duas guerras em andamento, Iraque e
Afeganistão. Essa história toda ocorre a milhares de quilômetros do Brasil, por isso é tão desconcertante
ver o país se envolver tanto com um líder acusado de opressão e violações de direitos humanos em
larga escala. É uma escolha estranha.
FOLHA - Qual a probabilidade de um ataque ao Irã?
RUBIN - Acho difícil os EUA recorrerem à opção Militar. Mas os israelenses se sentem
ameaçados por um país cujo líder fala tão absurdamente sobre o Holocausto ou sobre Israel e busca a
bomba atômica. Israel sente que sua essência está sendo questionada. A comunidade internacional sairá
fortalecida se o Brasil e outros países apoiarem sanções. Se o Brasil quer uma solução diplomática, a
melhor maneira é reforçar a mão da AIEA.
FOLHA - Há quem diga que Obama já aceita a ideia de um Irã nuclear.
RUBIN - Obama disse claramente que um Irã com armas nucleares é inaceitável. Além disso, há
uma distinção entre ter a capacidade de enriquecer urânio e chegar ao nível de produção para chegar à
bomba e depois montar uma ogiva. Não acho que os iranianos estejam perto de testar uma bomba.
Se eles estiverem fazendo apenas o que dizem, enriquecer urânio para fins civis, então tudo
ficará mais fácil. Mas se eles continuarem aumentando o grau de enriquecimento e pararem de cooperar
com a AIEA, a coisa muda. Há cinco anos Israel dizia que o Irã se tornaria uma potência nuclear se fosse
capaz de enriquecer urânio em nível industrial. Pois o Irã hoje enriquece urânio em nível industrial, e o
mundo não acabou.
Irã é escolha estranha do Brasil, diz americano
"Não dá para entender por que o país não acha importante punir quem viola lei internacional",
afirma James Rubin, consultor de Obama (que tal punirmos os EUA por violarem as cláusulas do TNP, criando novas gerações de armas nucleares?)
Ex-secretário-assistente de Estado diz que, se Brasil quer assumir posição de liderança no
mundo, terá de aprender a contrariar aliados como o Irã
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Brasil quiser se tornar um líder global, deverá aprender a contrariar aliados -como o Irã- e
aceitar que interesses multilaterais se sobreponham a relações bilaterais.
O aviso é do analista americano James Rubin, professor de políticas públicas da Universidade
Columbia (Nova York), ex-secretário-assistente de Estado do governo de Bill Clinton (1993-2001) e hoje
consultor informal da equipe diplomática de Barack Obama.
Em entrevista à Folha, por telefone, Rubin disse que a relutância do Brasil em apoiar sanções ao
Irã beneficia um regime que viola a legislação internacional, o que pode prejudicar a aspiração brasileira
ao assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
FOLHA - Como o sr. vê a posição do Brasil em relação ao Irã?
JAMES RUBIN - O Brasil, como qualquer outro país grande e importante, tem direito de ter
relações com quem bem entender e tantas parcerias econômicas quantas julgar necessário. Mas, no
plano bilateral, nenhum americano gosta de ver um líder admirado como Lula na mesma foto que alguém
tão pouco admirado como [Mahmoud] Ahmadinejad. Lamento que o governo brasileiro não perceba o
perigo de não assumir o papel que lhe cabe no sistema internacional. Na conferência nuclear [de
Washington], o Brasil mostrou ter entendido claramente a importância de fazer com que armas nucleares
não sejam usadas durante um acesso de raiva ou por terroristas. Então não dá para entender por que o
Brasil não acredita que é importante punir aqueles que violam a lei internacional estabelecida pelo TNP
[Tratado de Não Proliferação Nuclear] e a AIEA [agência atômica da ONU].
FOLHA - O Brasil alega que o Irã tem direito de enriquecer urânio para fins pacíficos e que
até hoje não há provas de que o Irã esteja fabricando a bomba atômica.
RUBIN - O Brasil está certo em dizer que o Irã tem direito a um programa nuclear civil. Mas
Teerã violou a legislação duas vezes. Na primeira, o CS impôs a exigência de que o Irã congelasse seu
enriquecimento de urânio. Na segunda, a AIEA disse claramente que Teerã descumpriu regras de
inspeções e transparência de informações, além de não ter respondido várias perguntas. Saber se o
programa nuclear iraniano está fabricando armas não é a questão. A questão é que o Brasil, um país
grande e responsável que defende o multilateralismo e talvez se torne um futuro membro permanente do
CS, precisa endossar a legislação e o sistema internacionais. O Brasil hoje é membro não permanente
do órgão da ONU cujas determinações o Irã viola.
FOLHA - O Brasil pode ter que arcar com o custo político dessa posição?
RUBIN - O Brasil pode ter vários questionamentos legítimos sobre o sistema de não proliferação
e tem direito de levantá-los na conferência de revisão do TNP [em maio]. Mas até a China e a Rússia
admitem sanções contra Teerã. É estranho o Brasil estar fora desse grupo. Defender as regras do
sistema internacional às vezes tem um custo no plano bilateral. Os EUA estão pagando caro por tentar
encontrar soluções internacionais para os problemas. O governo americano vive irritando amigos. Talvez
o Brasil não queria irritar um país amigo como o Irã. Ou talvez o Brasil não queira estar na posição dos
membros permanentes do CS, que são obrigados a contrariar aliados o tempo todo. Para ser
responsável, você tem de sacrificar alguns aspectos de suas relações bilaterais. Se o Brasil quer ser um
líder, então tem que aceitar que alguns amigos serão contrariados.
FOLHA - O Irã tira proveito do apoio dos aliados Brasil e Turquia?
RUBIN - A Turquia está numa posição muito diferente do Brasil, por ser vizinha do Irã. Irã e
Turquia têm uma longa história comum numa área onde há hoje duas guerras em andamento, Iraque e
Afeganistão. Essa história toda ocorre a milhares de quilômetros do Brasil, por isso é tão desconcertante
ver o país se envolver tanto com um líder acusado de opressão e violações de direitos humanos em
larga escala. É uma escolha estranha.
FOLHA - Qual a probabilidade de um ataque ao Irã?
RUBIN - Acho difícil os EUA recorrerem à opção Militar. Mas os israelenses se sentem
ameaçados por um país cujo líder fala tão absurdamente sobre o Holocausto ou sobre Israel e busca a
bomba atômica. Israel sente que sua essência está sendo questionada. A comunidade internacional sairá
fortalecida se o Brasil e outros países apoiarem sanções. Se o Brasil quer uma solução diplomática, a
melhor maneira é reforçar a mão da AIEA.
FOLHA - Há quem diga que Obama já aceita a ideia de um Irã nuclear.
RUBIN - Obama disse claramente que um Irã com armas nucleares é inaceitável. Além disso, há
uma distinção entre ter a capacidade de enriquecer urânio e chegar ao nível de produção para chegar à
bomba e depois montar uma ogiva. Não acho que os iranianos estejam perto de testar uma bomba.
Se eles estiverem fazendo apenas o que dizem, enriquecer urânio para fins civis, então tudo
ficará mais fácil. Mas se eles continuarem aumentando o grau de enriquecimento e pararem de cooperar
com a AIEA, a coisa muda. Há cinco anos Israel dizia que o Irã se tornaria uma potência nuclear se fosse
capaz de enriquecer urânio em nível industrial. Pois o Irã hoje enriquece urânio em nível industrial, e o
mundo não acabou.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
- Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Terra:
Amorim respalda direito do Irã à indústria nuclear pacífica
O chanceler Celso Amorim reiterou nesta segunda-feira, em Teerã, o respaldo do Brasil ao direito do Irã de desenvolver tecnologias nucleares com fins civis, informou o canal de TV público iraniano. "Defendemos para o povo iraniano o mesmo que para o povo brasileiro, ou seja, o direito a desenvolver atividades nucleares pacíficas", disse Amorim, citado no site da emissora.
O ministro brasileiro das Relações Exteriores se encontrou durante a manhã com Said Jalili, o principal negociador iraniano para a questão nuclear.
As potências ocidentais desejam que o Conselho de Segurança da ONU imponha sanções mais severas ao Irã pela suspeita de que o país busca produzir a bomba atômica, apesar da república islâmica afirmar que seu programa nuclear tem fins exclusivamente civis.
O Brasil é atualmente um dos membros não permanentes do Conselho de Segurança (integrado por cinco membros permanentes e 10 não permanentes).
Durante a visita a Teerã, Amorim deve se reunir ainda com o colega Manuchehr Mottaki, com o presidente do Parlamento, Ali Larijani, e com o presidente Mahmud Ahmadinejad, que visitou o Brasil em novembro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará o Irã nos dias 16 e 17 de maio.
Segundo o ministério das Relações Exteriores do Irã, os contatos de Amorim estarão centrados nos "direitos do Irã de explorar suas competências científicas dentro das regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e nas últimas discussões sobre a obtenção pelo Irã de combustível nuclear, necessário para o reator de pesquisas de Teerã".
O Irã começou a produzir em fevereiro urânio altamente enriquecido (a 20%).
Antes, o país rejeitou uma proposta da AIEA de entregar, como prova de boa vontade, a maior parte de seu urânio enriquecido a 3,5% para transformá-lo, na Rússia e na França, em combustível nuclear que Teerã alega precisar para um reator de pesquisas médicas em Teerã.
Em declarações publicadas no domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, Amorim se absteve de antecipar se o Brasil votaria contra novas sanções. "Não vou dar esta informação. Ainda temos que analisar a situação", disse o ministro das Relações Exteriores. "Não vejo o Irã perto de construir uma bomba", afirmou.
Amorim respalda direito do Irã à indústria nuclear pacífica
O chanceler Celso Amorim reiterou nesta segunda-feira, em Teerã, o respaldo do Brasil ao direito do Irã de desenvolver tecnologias nucleares com fins civis, informou o canal de TV público iraniano. "Defendemos para o povo iraniano o mesmo que para o povo brasileiro, ou seja, o direito a desenvolver atividades nucleares pacíficas", disse Amorim, citado no site da emissora.
O ministro brasileiro das Relações Exteriores se encontrou durante a manhã com Said Jalili, o principal negociador iraniano para a questão nuclear.
As potências ocidentais desejam que o Conselho de Segurança da ONU imponha sanções mais severas ao Irã pela suspeita de que o país busca produzir a bomba atômica, apesar da república islâmica afirmar que seu programa nuclear tem fins exclusivamente civis.
O Brasil é atualmente um dos membros não permanentes do Conselho de Segurança (integrado por cinco membros permanentes e 10 não permanentes).
Durante a visita a Teerã, Amorim deve se reunir ainda com o colega Manuchehr Mottaki, com o presidente do Parlamento, Ali Larijani, e com o presidente Mahmud Ahmadinejad, que visitou o Brasil em novembro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará o Irã nos dias 16 e 17 de maio.
Segundo o ministério das Relações Exteriores do Irã, os contatos de Amorim estarão centrados nos "direitos do Irã de explorar suas competências científicas dentro das regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e nas últimas discussões sobre a obtenção pelo Irã de combustível nuclear, necessário para o reator de pesquisas de Teerã".
O Irã começou a produzir em fevereiro urânio altamente enriquecido (a 20%).
Antes, o país rejeitou uma proposta da AIEA de entregar, como prova de boa vontade, a maior parte de seu urânio enriquecido a 3,5% para transformá-lo, na Rússia e na França, em combustível nuclear que Teerã alega precisar para um reator de pesquisas médicas em Teerã.
Em declarações publicadas no domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, Amorim se absteve de antecipar se o Brasil votaria contra novas sanções. "Não vou dar esta informação. Ainda temos que analisar a situação", disse o ministro das Relações Exteriores. "Não vejo o Irã perto de construir uma bomba", afirmou.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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- Viktor Reznov
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Falta coragem para certos elementos da mídia apontarem o dedo na cara do Celso Amorim e esclarecer aos seus leitores o porque do Brasil apoiar o Irã nessa tática suja de embromação nuclear.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
- marcelo l.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
"RUBIN - A Turquia está numa posição muito diferente do Brasil, por ser vizinha do Irã. Irã e
Turquia têm uma longa história comum numa área onde há hoje duas guerras em andamento, Iraque e Afeganistão.".
Turquia sempre foi inimiga do Irã...isso durante todo império Otomano. As duas guerras não explicam coisa nenhuma, afinal quem ocupa os dois países é o aliado da Turquia, os EUA que é inimigo declarado dos EUA.
Turquia têm uma longa história comum numa área onde há hoje duas guerras em andamento, Iraque e Afeganistão.".
Turquia sempre foi inimiga do Irã...isso durante todo império Otomano. As duas guerras não explicam coisa nenhuma, afinal quem ocupa os dois países é o aliado da Turquia, os EUA que é inimigo declarado dos EUA.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
- Bolovo
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Ficou confuso mesmo, ainda mais com os EUA sendo aliados deles mesmos (ainda bem)
O jornal aí disse que a Turquia está numa posição diferente da brasileira quando a questão do Irã, tentando validar o argumento que o Brasil está errado e a Turquia, sendo vizinho, islâmico e tal, é contra. Ou seja, se até um amigo do Irã está contra o Irã, porque o Brasil estaria a favor?! O que ocorre na verdade, e o Marcelo explicou, é que a Turquia sempre foi inimigo do Irã. Desde as épocas do Império Otomano. O fato de ter uma guerra com os EUA ocupando dois países islâmicos, Iraque a Afeganistão, não fez a Turquia ser aliada do Irã, pelo contrário, a Turquia continua sendo uma grande aliada dos EUA, membro da OTAN, alias, os turcos atacaram os curdos no norte do Iraque esses dias mesmos.
O jornal aí disse que a Turquia está numa posição diferente da brasileira quando a questão do Irã, tentando validar o argumento que o Brasil está errado e a Turquia, sendo vizinho, islâmico e tal, é contra. Ou seja, se até um amigo do Irã está contra o Irã, porque o Brasil estaria a favor?! O que ocorre na verdade, e o Marcelo explicou, é que a Turquia sempre foi inimigo do Irã. Desde as épocas do Império Otomano. O fato de ter uma guerra com os EUA ocupando dois países islâmicos, Iraque a Afeganistão, não fez a Turquia ser aliada do Irã, pelo contrário, a Turquia continua sendo uma grande aliada dos EUA, membro da OTAN, alias, os turcos atacaram os curdos no norte do Iraque esses dias mesmos.
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Ex-assessor de Bush condena posição do Brasil sobre o Irã
William H. Tobey foi um dos sub-secretários do Departamento de Energia no segundo governo Bush e no primeiro ano do governo Obama
Eduardo Graça
Direto de Nova York
Uma das estrelas do Centro Belfer para o Estudo das Ciências e Assuntos Internacionais da Universidade de Harvard, o professor William H. Tobey foi um dos sub-secretários do Departamento de Energia no segundo governo Bush e no primeiro ano do governo Obama. Especializado em segurança nuclear e em métodos de não-proliferação de armas nucleares, ele foi o responsável por administrar um orçamento de US$ 2 bilhões voltado para a prevenção de roubo de material nuclear por organizações terroristas. Foi também o responsável pela estratégia do setor em Washington nos últimos quatro anos.
Em entrevista exclusiva ao Terra ele considera "desastrosa" a posição de Brasília em relação às sanções defendidas pelas grandes economias ocidentais contra o Irã, positivo o encontro em Washington há duas semanas que reuniu líderes dos quatro cantos do globo em torno da questão nuclear, possível um ataque preventivo de Israel a Teerã, além de defender os gastos recorde com o setor nuclear anunciados este ano pelo governo Obama.
Em Harvard ele desenvolve um projeto voltado ao uso de energia nuclear para o bem-estar da população no próximo século.
Greg Mello, um notável ativista contra a energia nuclear aqui nos EUA e com formação na Universidade de Princeton, publicou em fevereiro na revista especializada Bulletin of the Atomic Scientists um artigo contundente em que aponta um paradoxo na política nuclear de Washington. Ele nos lembra que a administração Obama, ao mesmo tempo em que propaga a necessidade de se diminuir o número de armas nucleares no planeta, aumentou em 22% o orçamento para o setor nuclear interno. O senhor concorda com Mello?
Não. O argumento de que aumentar os gastos com infra-estrutura para a manutenção do aparato nuclear - incluindo armamentos - é inconsistente com a política de desarmamento e ignora vários fatores de suma importância. Para começo de conversa, a partir do momento em que dispomos de armas nucleares - e ninguém de fato acredita que elas desaparecerão da noite para o dia - precisamos ter certeza de que elas estão sendo mantidas de modo seguro e sim, em bom uso. Há um imenso custo - inclusive de pessoal especializado - na manutenção das armas, na produção e aquisição de equipamento sofisticado e na criação de prédios especializados e extremamente seguros.
Mas trata-se do maior investimento do governo na área desde a Segunda Guerra Mundial....
Sim, mas estas atividades todas que eu mencionei foram negligenciadas por mais de uma década. Os custos aumentaram, alguns prédios estão ultrapassados e precisam ser substituídos por outros com urgência. Mais: os EUA reduziram em cerca de 80% o arsenal de armas nucleares desde o fim da Guerra Fria. E, acredite, desmantelar este arsenal também custa caro.
De forma prática, quais foram os resultados do Encontro de Washington?
O mais significativo é a compreensão dos líderes mundiais dos reais perigos do terrorismo nuclear e da responsabilidade individual, de cada um deles, de impedir esta tragédia. Creio que vários lideres viajaram para Washington pensando em anunciar planos para aumentar a segurança nuclear em seus países, mas também pensando em não terem quaisquer incidentes nucleares a curto prazo, o que causaria enorme embaraço. Também acho positivo o anúncio de um novo Encontro na Coréia do Sul, em 2012.
O senhor escreveu que "os significados reais do Encontro, no entanto, dependem de como o ímpeto político de Washington se traduzirá em ações tangíveis nos quatro cantos do planeta". O senhor poderia ser mais específico?
Sim. É preciso minimizar o uso de urânio ultra-enriquecido e incrementar pesquisa na conversão para a criação de combustível com baixo nível de enriquecimento. Também precisamos melhorar a segurança física e material das usinas e assumir um compromisso real para investigar todos os casos de tráfico de material nuclear, incluindo tanto as origens quanto o destino do material, revelando quem estava envolvido na compra, venda, roubo e transporte do produto.
O senhor acredita que a Al-Qaeda está de fato tentando adquirir armamentos nucleares?
Não tenho qualquer dúvida quanto a isso. Para sorte nossa muitas abnegadas autoridades, nos EUA e em outros países, estão determinadas a prevenir este quadro terrível. Não se iluda, esta é a grande competição de nossos tempos. Pelo menos três organizações terroristas tentaram ter acesso a armamento nuclear e seguem com planos de adquirí-los.
Como o senhor vê a posição do Brasil na discussão em torno do programa nuclear iraniano? Há, afinal, o receio de que, no futuro, o Irã possa suprir grupos armados que lutam contra Israel com armas nucleares...
É desastroso que o Brasil tenha se posicionado tão decididamente contra as sanções a Teerã. Obviamente alguns países serão afetados mais do que outros, mas toda a comunidade internacional sofrerá com um Irã nucelar. Teerã terá mais liberdade para conduzir uma política externa e militar mais agressiva no Oriente Médio, aumentando tanto as tensões quanto o preço do barril do petróleo.
O Brasil tem interesse econômico na região e o Brasil é o principal exportador de frango e carne para o Irã, mas até que ponto Brasília é importante nesta discussão?
Uma importância clara. O Brasil é um líder no que diz respeito a tecnologia nuclear, é uma das grandes economias do globo e está se tornando cada vez mais influente. Outras nações prestam atenção na posição do Brasil, de onde buscam liderança. E não se engane: só vamos resolver assuntos delicados como uma violação de Teerã das regras estabelecidas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) se todas as nações responsáveis do planeta falarem com uma só voz. Só assim Teerã entenderá que não se trata de discriminação ou arbitrariedade, e sim uma preocupação legítima e real das nações responsáveis do planeta.
Mas como convencer Teerã de que a preocupação das nações responsáveis não levam em conta o fato de o Irã estar cercado por países que possuem armamento nuclear, como o Paquistão, a Rússia, a Índia e mesmo Israel?
Mas para levarmos em conta esta premissa teríamos que acreditar que o Irã está, de fato, buscando desenvolver armas nucleares, o que Teerã preemptoriamente nega. A proximidade com estes países não é justificativa para a violação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Alemanha e Japão, por exemplo, estão localizadas próximas de países com armas nucleares mas vivem em segurança porque formularam suas políticas externa e de defesa com o claro objetivo de não ameaçarem ou desestabilizarem seus vizinhos. E o Irã segue avançando seu programa nuclear apesar do ataque a dois de seus maiores inimigos: Saddam Houssein e a Al-Qaeda, que recebia proteção dos talibãs. Nos dois lados da fronteira a situação melhorou para Teerã.
O quão ruim para o Departamento de Estado foi a decisão do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de não participar do Encontro de Washington?
Israel foi representado no Encontro. A ausência do primeiro-ministro não teve grandes repercussões.
O senhor acredita ser real a chance de Israel atacar preventivamente o Irã se Teerã seguir com seu programa nuclear?
Seria difícil dizer que não, especialmente por conta do volume das ameaças direcionadas a Israel pelo presidente Ahmadinejad. Os israelenses acreditam piamente que a posse de armas nucleares pelo Irã é uma ameaça ao Estado de Israel.
Como o senhor vê a situação na Coréia do Norte, que na semana passada anunciou que deve proceder mais um teste nuclear?
Seria o terceiro teste e, em se tratando de Pyongyang, prever ações é tarefa dificílima. O governo Obama está determinado a não aceitar a existência de uma Coréia do Norte com armas nuclear e disposto a retomar as conversas que envolvem seis nações para se chegar a algum acordo. Mas o que precisamos é de um investimento real da China, a principal parceira econômica da Coréia do Norte, seu único amigo real no planeta, que os ajuda financeiramente ¿ que assegure uma Península Coreana livre de armas nucleares. E temos de levar em conta a enorme pressão sofrida pelo governo de Kim Jong-il por conta da crise financeira, inflação, execução de ministros e altos funcionários, crise de abastecimento e até demonstrações públicas de descontentamento contra um regime que escraviza sua própria população. Nestes momentos, Pyongyang normalmente dá coice para todos os lados
William H. Tobey foi um dos sub-secretários do Departamento de Energia no segundo governo Bush e no primeiro ano do governo Obama
Eduardo Graça
Direto de Nova York
Uma das estrelas do Centro Belfer para o Estudo das Ciências e Assuntos Internacionais da Universidade de Harvard, o professor William H. Tobey foi um dos sub-secretários do Departamento de Energia no segundo governo Bush e no primeiro ano do governo Obama. Especializado em segurança nuclear e em métodos de não-proliferação de armas nucleares, ele foi o responsável por administrar um orçamento de US$ 2 bilhões voltado para a prevenção de roubo de material nuclear por organizações terroristas. Foi também o responsável pela estratégia do setor em Washington nos últimos quatro anos.
Em entrevista exclusiva ao Terra ele considera "desastrosa" a posição de Brasília em relação às sanções defendidas pelas grandes economias ocidentais contra o Irã, positivo o encontro em Washington há duas semanas que reuniu líderes dos quatro cantos do globo em torno da questão nuclear, possível um ataque preventivo de Israel a Teerã, além de defender os gastos recorde com o setor nuclear anunciados este ano pelo governo Obama.
Em Harvard ele desenvolve um projeto voltado ao uso de energia nuclear para o bem-estar da população no próximo século.
Greg Mello, um notável ativista contra a energia nuclear aqui nos EUA e com formação na Universidade de Princeton, publicou em fevereiro na revista especializada Bulletin of the Atomic Scientists um artigo contundente em que aponta um paradoxo na política nuclear de Washington. Ele nos lembra que a administração Obama, ao mesmo tempo em que propaga a necessidade de se diminuir o número de armas nucleares no planeta, aumentou em 22% o orçamento para o setor nuclear interno. O senhor concorda com Mello?
Não. O argumento de que aumentar os gastos com infra-estrutura para a manutenção do aparato nuclear - incluindo armamentos - é inconsistente com a política de desarmamento e ignora vários fatores de suma importância. Para começo de conversa, a partir do momento em que dispomos de armas nucleares - e ninguém de fato acredita que elas desaparecerão da noite para o dia - precisamos ter certeza de que elas estão sendo mantidas de modo seguro e sim, em bom uso. Há um imenso custo - inclusive de pessoal especializado - na manutenção das armas, na produção e aquisição de equipamento sofisticado e na criação de prédios especializados e extremamente seguros.
Mas trata-se do maior investimento do governo na área desde a Segunda Guerra Mundial....
Sim, mas estas atividades todas que eu mencionei foram negligenciadas por mais de uma década. Os custos aumentaram, alguns prédios estão ultrapassados e precisam ser substituídos por outros com urgência. Mais: os EUA reduziram em cerca de 80% o arsenal de armas nucleares desde o fim da Guerra Fria. E, acredite, desmantelar este arsenal também custa caro.
De forma prática, quais foram os resultados do Encontro de Washington?
O mais significativo é a compreensão dos líderes mundiais dos reais perigos do terrorismo nuclear e da responsabilidade individual, de cada um deles, de impedir esta tragédia. Creio que vários lideres viajaram para Washington pensando em anunciar planos para aumentar a segurança nuclear em seus países, mas também pensando em não terem quaisquer incidentes nucleares a curto prazo, o que causaria enorme embaraço. Também acho positivo o anúncio de um novo Encontro na Coréia do Sul, em 2012.
O senhor escreveu que "os significados reais do Encontro, no entanto, dependem de como o ímpeto político de Washington se traduzirá em ações tangíveis nos quatro cantos do planeta". O senhor poderia ser mais específico?
Sim. É preciso minimizar o uso de urânio ultra-enriquecido e incrementar pesquisa na conversão para a criação de combustível com baixo nível de enriquecimento. Também precisamos melhorar a segurança física e material das usinas e assumir um compromisso real para investigar todos os casos de tráfico de material nuclear, incluindo tanto as origens quanto o destino do material, revelando quem estava envolvido na compra, venda, roubo e transporte do produto.
O senhor acredita que a Al-Qaeda está de fato tentando adquirir armamentos nucleares?
Não tenho qualquer dúvida quanto a isso. Para sorte nossa muitas abnegadas autoridades, nos EUA e em outros países, estão determinadas a prevenir este quadro terrível. Não se iluda, esta é a grande competição de nossos tempos. Pelo menos três organizações terroristas tentaram ter acesso a armamento nuclear e seguem com planos de adquirí-los.
Como o senhor vê a posição do Brasil na discussão em torno do programa nuclear iraniano? Há, afinal, o receio de que, no futuro, o Irã possa suprir grupos armados que lutam contra Israel com armas nucleares...
É desastroso que o Brasil tenha se posicionado tão decididamente contra as sanções a Teerã. Obviamente alguns países serão afetados mais do que outros, mas toda a comunidade internacional sofrerá com um Irã nucelar. Teerã terá mais liberdade para conduzir uma política externa e militar mais agressiva no Oriente Médio, aumentando tanto as tensões quanto o preço do barril do petróleo.
O Brasil tem interesse econômico na região e o Brasil é o principal exportador de frango e carne para o Irã, mas até que ponto Brasília é importante nesta discussão?
Uma importância clara. O Brasil é um líder no que diz respeito a tecnologia nuclear, é uma das grandes economias do globo e está se tornando cada vez mais influente. Outras nações prestam atenção na posição do Brasil, de onde buscam liderança. E não se engane: só vamos resolver assuntos delicados como uma violação de Teerã das regras estabelecidas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) se todas as nações responsáveis do planeta falarem com uma só voz. Só assim Teerã entenderá que não se trata de discriminação ou arbitrariedade, e sim uma preocupação legítima e real das nações responsáveis do planeta.
Mas como convencer Teerã de que a preocupação das nações responsáveis não levam em conta o fato de o Irã estar cercado por países que possuem armamento nuclear, como o Paquistão, a Rússia, a Índia e mesmo Israel?
Mas para levarmos em conta esta premissa teríamos que acreditar que o Irã está, de fato, buscando desenvolver armas nucleares, o que Teerã preemptoriamente nega. A proximidade com estes países não é justificativa para a violação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Alemanha e Japão, por exemplo, estão localizadas próximas de países com armas nucleares mas vivem em segurança porque formularam suas políticas externa e de defesa com o claro objetivo de não ameaçarem ou desestabilizarem seus vizinhos. E o Irã segue avançando seu programa nuclear apesar do ataque a dois de seus maiores inimigos: Saddam Houssein e a Al-Qaeda, que recebia proteção dos talibãs. Nos dois lados da fronteira a situação melhorou para Teerã.
O quão ruim para o Departamento de Estado foi a decisão do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de não participar do Encontro de Washington?
Israel foi representado no Encontro. A ausência do primeiro-ministro não teve grandes repercussões.
O senhor acredita ser real a chance de Israel atacar preventivamente o Irã se Teerã seguir com seu programa nuclear?
Seria difícil dizer que não, especialmente por conta do volume das ameaças direcionadas a Israel pelo presidente Ahmadinejad. Os israelenses acreditam piamente que a posse de armas nucleares pelo Irã é uma ameaça ao Estado de Israel.
Como o senhor vê a situação na Coréia do Norte, que na semana passada anunciou que deve proceder mais um teste nuclear?
Seria o terceiro teste e, em se tratando de Pyongyang, prever ações é tarefa dificílima. O governo Obama está determinado a não aceitar a existência de uma Coréia do Norte com armas nuclear e disposto a retomar as conversas que envolvem seis nações para se chegar a algum acordo. Mas o que precisamos é de um investimento real da China, a principal parceira econômica da Coréia do Norte, seu único amigo real no planeta, que os ajuda financeiramente ¿ que assegure uma Península Coreana livre de armas nucleares. E temos de levar em conta a enorme pressão sofrida pelo governo de Kim Jong-il por conta da crise financeira, inflação, execução de ministros e altos funcionários, crise de abastecimento e até demonstrações públicas de descontentamento contra um regime que escraviza sua própria população. Nestes momentos, Pyongyang normalmente dá coice para todos os lados
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/04/10
Brasil pode processar urânio para Teerã
No Irã, Amorim diz que consideraria proposta de fornecer combustível nuclear
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem que o Brasil está disposto a considerar a possibilidade de enriquecer urânio para o Irã em território brasileiro. Em visita ao país, o chanceler pediu ainda para Teerã dar garantias de que seu programa nuclear não tem fins militares e pediu "flexibilidade" às partes envolvidas nas negociações.
"Até o momento, não recebemos nenhuma proposta nesse sentido, mas se recebermos uma consideramos que poderia ser examinada", afirmou Amorim sobre a possível troca de combustível. "O Irã tem o direito de manter atividades nucleares pacíficas, mas a comunidade internacional deve receber garantias de que não haverá violação nem desvios para o uso em fins militares", disse o ministro.
A proposta da ONU prevê que o Irã entregue 70% de seu urânio enriquecido a 3,5% para transformá-lo, na Rússia e na França, em urânio enriquecido a 20% - grau para que possa ser usado como combustível nuclear. Teerã recusou a proposta, exigindo que a troca seja simultânea e em seu território.
Questionado se a troca poderia ocorrer na Turquia - que faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), é vizinha do Irã e membro temporário do Conselho de Segurança da ONU - Amorim disse acreditar que isso provavelmente seria parte do acordo.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que seu país e o Brasil devem trabalhar em conjunto para criar uma "nova ordem mundial mais justa", segundo a agência de notícias Irna. O chanceler está no país para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dia 15.
Brasil pode processar urânio para Teerã
No Irã, Amorim diz que consideraria proposta de fornecer combustível nuclear
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem que o Brasil está disposto a considerar a possibilidade de enriquecer urânio para o Irã em território brasileiro. Em visita ao país, o chanceler pediu ainda para Teerã dar garantias de que seu programa nuclear não tem fins militares e pediu "flexibilidade" às partes envolvidas nas negociações.
"Até o momento, não recebemos nenhuma proposta nesse sentido, mas se recebermos uma consideramos que poderia ser examinada", afirmou Amorim sobre a possível troca de combustível. "O Irã tem o direito de manter atividades nucleares pacíficas, mas a comunidade internacional deve receber garantias de que não haverá violação nem desvios para o uso em fins militares", disse o ministro.
A proposta da ONU prevê que o Irã entregue 70% de seu urânio enriquecido a 3,5% para transformá-lo, na Rússia e na França, em urânio enriquecido a 20% - grau para que possa ser usado como combustível nuclear. Teerã recusou a proposta, exigindo que a troca seja simultânea e em seu território.
Questionado se a troca poderia ocorrer na Turquia - que faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), é vizinha do Irã e membro temporário do Conselho de Segurança da ONU - Amorim disse acreditar que isso provavelmente seria parte do acordo.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que seu país e o Brasil devem trabalhar em conjunto para criar uma "nova ordem mundial mais justa", segundo a agência de notícias Irna. O chanceler está no país para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dia 15.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Pepe Escobar: O Irã, o Brasil e “a bomba”
Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... bomba.html
Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... bomba.html
O Irã, o Brasil e ‘a bomba’
30/4/2010, Pepe Escobar, “The Roving Eye”, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LD30Ak01.html
tradução de Caia Fittipaldi
O ministro das Relações Exteriores do Brasil Celso Amorim foi tão polido quando preciso e claro, em conferência conjunta de imprensa, ao lado de seu contraparte Manouchehr Mottaki em Teerã nessa 5ª.-feira. Amorim disse que “o Brasil está interessado em participar de uma solução apropriada para a questão nuclear iraniana.”
“Apropriada” é palavra em código para “dialogada” – não uma quarta rodada de sanções lançada pelo Conselho de Segurança da ONU, muito menos a opção militar, que o governo Barack Obama insiste, com estridência, em manter à mesa. Assim, ao posicionar-se como um mediador em busca de solução pacífica, o governo brasileiro põe-se em rota de colisão “soft” com o governo Obama.
O presidente Luiz Inacio Lula da Silva do Brasil estará em visita a Teerã, mês que vem. Aos olhos dos falcões do “pleno espectro de dominação” nos EUA, é anátema. Tanto quanto para a ‘mídia’ ocidental de direita, veículos brasileiros inclusos, que não se cansam de martelar Lula, non-stop, por sua iniciativa de política exterior.
Pouca diferença faz que, mais uma vez, Amorim tenha repetido, com destaque, que absolutamente não há consenso na chamada “comunidade internacional” quanto a isolar Teerã. “Comunidade”, mais uma vez nesse caso significa Washington e uns poucos países europeus. O Sul global vota pelo diálogo. O Movimento dos Não-alinhados [ing. Non-Aligned Movement (NAM)] é unanimemente contrário a mais sanções. O Grupo dos 172 (todos os países exceto o Grupo dos 20) é também contra mais sanções.
O Brasil e a Turquia, ambos contrários a novas sanções, ocupam atualmente lugares não-permanentes no Conselho de Segurança da ONU. A posição de ambos é idêntica, em essência, à de China e Rússia – que são membros permanentes do Conselho de Segurança. A tática russa de nada deixar transpirar, e a da China, que concordou com “discutir” pacotes de sanções, têm sido distorcidas e mal interpretadas pela mídia corporativa e vendidas como se esses países estivessem aceitando as exigências de Washington.
Não aceitaram. No encontro dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) em Brasília, há menos de duas semanas, esses países mais uma vez definiram que a ‘solução’ de novas sanções não é solução, e repetiram que toda a questão deve ser decidida pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA).
Em Teerã, Mottaki e Amorim também discutiram a proposta iraniana de troca de combustível nucelar, como “medida para construir confiança” que beneficiaria o Irã, em relação a Washington e capitais europeias. O Brasil ofereceu-se para enriquecer urânio para o Irã.
O problema é que a nova rodada de sanções está sendo discutida em New York exclusivamente entre os cinco membros permanentes mais a Alemanha – e só depois dessa fase a discussão será aberta aos membros não permanentes, como Brasil, Turquia e Líbano, que mês que vem assumirá o assento rotativo do Conselho de Segurança.
O xis da questão
Cada ator tem suas próprias razões para opor-se às sanções. Moscou – que já fornece ao Irã tecnologia de reatores nucleares, além de armas –, sabe que, mais cedo ou mais tarde Washington terá de aceitar o óbvio; que o Irão, produtor chave de energia, é uma potência regional natural. Para Pequim, o Irã é assunto de segurança nacional energética; mais sanções põem sob risco a estabilidade regional e caem na categoria de delírios-desejos da secretária de Estado Hillary Clinton.
Nova Delhi dificilmente não terá visto, até agora, que, no Afeganistão, Washington embarcou em aliança sem volta com Islamabad; a Índia, portanto, precisa de um Irã estável como contrapoder, para enfrentar a influência do Paquistão no Afeganistão, onde o Paquistão pode, outra vez, reengajar os Talibã. Brasília quer expandir os negócios com Teerã; e Lula, por sua vez, não abre mão da ideia de que mais sanções só farão abrir caminho para mais guerra, não para evitar guerras.
Os diplomatas, na mais recente reunião dos BRICs, tocaram no xis da questão. Os líderes dos BRICs – o poder atual, novo, multipolar que seriamente se tem dedicado em manter sob xeque as ambições de hegemonia dos EUA – avaliaram atenta e cuidadosamente todos os sinais complexos, desde a carta “secreta” do supremo do Pentágono Robert Gates a Obama, em janeiro passado, na qual revisa as opções militares “que continuam à mesa” contra o Irã, até o discurso do almirante Mike Mullen, da Junta de Comando do Estado-maior, na Columbia University, que disse que o ataque sempre seria sua “última escolha”. Avaliaram o nível de ansiedade de Washington. E concluíram que os EUA não atacarão o Irã.
Talvez estejam errados. Por trás de espessa cortina de espelhos e fumaça na mídia corporativa, há furiosa luta de gatos em curso em Washington, entre os ativistas do “espectro de plena dominação” – desde is militares ao pessoal do Instituto “American Enterprise”. Mas só discutem uma coisa: quando atacarão o Irã, ou mais cedo, ou mais tarde.
Entre os falcões está decidido que Washington jamais permitirá ao Irã “adquirir capacidade nuclear”. É o mesmo que falar de guerra preventiva. O “crime” do Irã, até aqui, teria sido já ter um programa de energia nuclear aprovado pelo Tratado de Não-proliferação e inspecionado como se ante o juiz do Juízo Final.
Nesse cenário de ansiedade altíssima, não importa que o Líder Supremo do Irã aiatolá Ali Khamenei tenha recentemente pregado o total desarmamento global e repetido sua fatwa, contra, até, o uso de armas de destruição em massa. São haram (proibidas) nos termos da lei islâmica.
O Pentágono, via Gates, insiste na ofensiva – ameaçando o Irã com uma explícita “todas as alternativas continuam à mesa”, quer dizer, bomba atômica incluída; e Obama, em obra prima de duplifalar orwelliano, acrescentou que os EUA “manteremos nosso [poder nuclear] de contenção”, como “incentivo” para Irã e Coreia do Norte. Incentivo ao suicídio seppuku, quem sabe?
Assim sendo, o que acontecerá?
Mês que vem, em New York, haverá nova revisão do Tratado de Não-proliferação. O governo Obama já começou a pressionar o Brasil para que aceite um protocolo adicional. O Brasil recusou.
Na essência, o Tratado de Não-proliferação é extremamente assimétrico. Nações que pertençam ao clube da bomba atômica recebem tratamento VIP, em relação aos demais. O protocolo adicional aumenta ainda mais essa discriminação – e dificulta até a pesquisa para finalidades pacíficas, nas nações não-nucleares.
O Brasil que – diferença crucial nesse contexto – ostenta tradição pacifista – defende o direito de qualquer país soberano adquirir “capacidade de tecnologia nuclear”. Foi onde o Irã subiu ao barco, conforme todas as evidências disponíveis. Assim sendo, o Brasil está em evidente rota de colisão com Washington, no que tenha a ver com o Tratado revisto de Não-proliferação. Para Brasília, seria submeter-se à interferência estrangeira.
Quanto às sanções, Washington precisa cair na real. Acreditar que os BRICs ou países da Ásia ou Europa deixarão de comprar gás e petróleo do Irã; que não venderão gasolina ao Irã, e que os bancos iranianos não encontrarão meios de continuar a operar na economia global (eles têm parceiros, por exemplo, nos Emirados Árabes Unidos e na Venezuela) é viver no País das Maravilhas.
As majors chinesas do petróleo já vendem gasolina diretamente ao Irã. Em 2012, o Irã terá dobrado a produção de gasolina, depois de expandir 10 refinarias, e está investindo cerca de 40 bilhões na construção de sete novas refinarias. O Irá continuará no negócio dos produtos do petróleo – principalmente com as “stans” da Ásia Central. O que mostra, por exemplo, que pode importar gasolina contornando o sistema bancário internacional.
E, sobretudo, há o mercado negro. Jordânia e Turquia contrabandeiam rios de petróleo para fora do Iraque ‘sancionado’ durante os anos 90s. Com novas sanções sobre o Irã, será a vez de uma nova geração de iraquianos ganharem a sorte grande. Quanto à ditadura militar do mulariato em Teerã, os mulás adorarão consumir seus lucros de energia para reforçar seu escudo protetor.
Os líderes dos BRICs – Lula entre eles – podem, sim, ter visto a estrada por trás da cortina de espelhos e fumaça. Bomba? Mas que bomba? Todos sabem que o Irã não pode fabricar uma bomba, por exemplo, em Natanz, não, com certeza, enquanto as instalações forem inspecionadas até o esqueleto descarnado pela IAEA. Suponha-se que o Irã supere a Coreia do Norte, engane todos os inspetores, dê um chapéu no Tratado de Não-proliferação e decida fabricar uma bomba em local secreto. Precisariam de quantidades enormes de água e energia – e os satélites lá estão, para ver qualquer movimentação desse tipo.
Os líderes dos BRICs já concluíram, isso sim, que Washington nada pode fazer quanto a o Irã adquirir “capacidade nuclear”, além de invadir o país, em edição conjunta remix das operações Tempestade no Deserto + Choque e Pavor, e provocar um banho de sangue para troca de regime.
Nem rodadas e mais rodadas de sanções conseguirão excluir essas opções. Bombas “de precisão” israelenses, dos EUA ou híbridas, poderão, no máximo, atrasar um pouco o processo iraniano – e, isso, sem considerar as muitas possibilidades de retaliação. Tudo isso considerado, só há uma solução viável.
Washington tem de sentar-se à mesa com Teerã com o tal “punho aberto” realmente aberto e examinar todas as opções diplomáticas, à busca de um pacote abrangente de segurança para o Oriente Médio – pacote o qual, é claro, terá de incluir a total desnuclearização; quer dizer, fim, também, para as bombas atômicas “secretas” de Israel.
Difícil, só, saber se o governo Obama – acossado pelos falcões da guerra por todos os lados – sobreviverá a esse desafio.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Quase chorei...
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Por um mundo livre de armas nucleares
Thomas A. Shannon Jr., Embaixador dos EUA no Brasil
O presidente Barack Obama desafiou o mundo, um ano atrás, em Praga, a buscar um futuro sem armas nucleares. Um ano depois, EUA e Rússia assinaram um acordo histórico, o novo Start, para reduzir ainda mais seus arsenais e aumentar a segurança internacional. Agora, conclamo o Brasil a associar-se a nós no trabalho com nossos parceiros para revigorar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), alicerce do regime internacional de não proliferação.
Quase 190 países, incluindo Brasil, estarão reunidos em Nova York para uma conferência de um mês, com o objetivo de analisar como implementar o TNP e estudar o fortalecimento de barreiras à proliferação nuclear, avançar a agenda do desarmamento e expandir o acesso aos benefícios pacíficos da energia nuclear, especialmente para países em desenvolvimento, sob salvaguardas internacionais.
Estamos em um momento crucial e precisamos garantir que todas as partes envolvidas cumpram com suas obrigações. A disponibilidade cada vez maior de tecnologia sensível aumenta a possibilidade de acesso a armas de destruição em massa, tanto por agentes estatais quanto por não estatais. E o grave fato de alguns Estados não cumprirem com suas obrigações com o TNP enfraquece a segurança regional e global.
Todos os signatários do TNP, Estados com ou sem armas nucleares, igualmente, têm a responsabilidade de adotar medidas para cumprir os objetivos do tratado. Os EUA estão fazendo sua parte para reduzir suas armas nucleares e apoiar esforços para impedir a disseminação de armas e materiais nucleares. Anunciamos uma nova revisão da política nuclear, que limita os papéis e níveis de armas nucleares em nossa estratégia de defesa e assegura que os EUA não usarão nem ameaçarão usar armas nucleares contra Estados sem armas nucleares que participem do TNP e estejam em conformidade com suas obrigações de não-proliferação nuclear.
Na Cúpula de Segurança Nuclear, os EUA e outras 47 nações concordaram com a importância de salvaguardar todos os materiais nucleares vulneráveis o mais rápido possível para evitar que eles caiam nas mãos de terroristas.
Todos os signatários do TNP devem trabalhar em conjunto para garantir o cumprimento das disposições de não-proliferação. Devemos garantir que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenha as ferramentas e autoridade necessárias para realizar sua importante missão de dar salvaguardas e lidar de forma honesta e séria com casos de descumprimento. Devemos colaborar para dissuadir os Estados que ameaçam se retirar do TNP a fim de evitar a prestação de contas.
Não menos importante é o terceiro pilar do tratado sobre uso pacífico de energia nuclear. Nesse ponto, os EUA também estão fazendo sua parte como maior doador do mundo para conceder aos países em desenvolvimento os benefícios do uso pacífico da energia nuclear em áreas tão diversas quanto a medicina, a agricultura e a hidrologia.
Com esse espírito de cooperação e responsabilidade mútua, conclamamos o Brasil e outras nações do mundo a unirem-se a nós para revitalizar o regime de não-proliferação. Pedimos que nos ajudem a fortalecer o TNP e comecem uma jornada que nos levará cada vez mais próximos ao cumprimento da meta mais importante do TNP: um mundo mais seguro e sem armas nucleares.
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Por um mundo livre de armas nucleares
Thomas A. Shannon Jr., Embaixador dos EUA no Brasil
O presidente Barack Obama desafiou o mundo, um ano atrás, em Praga, a buscar um futuro sem armas nucleares. Um ano depois, EUA e Rússia assinaram um acordo histórico, o novo Start, para reduzir ainda mais seus arsenais e aumentar a segurança internacional. Agora, conclamo o Brasil a associar-se a nós no trabalho com nossos parceiros para revigorar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), alicerce do regime internacional de não proliferação.
Quase 190 países, incluindo Brasil, estarão reunidos em Nova York para uma conferência de um mês, com o objetivo de analisar como implementar o TNP e estudar o fortalecimento de barreiras à proliferação nuclear, avançar a agenda do desarmamento e expandir o acesso aos benefícios pacíficos da energia nuclear, especialmente para países em desenvolvimento, sob salvaguardas internacionais.
Estamos em um momento crucial e precisamos garantir que todas as partes envolvidas cumpram com suas obrigações. A disponibilidade cada vez maior de tecnologia sensível aumenta a possibilidade de acesso a armas de destruição em massa, tanto por agentes estatais quanto por não estatais. E o grave fato de alguns Estados não cumprirem com suas obrigações com o TNP enfraquece a segurança regional e global.
Todos os signatários do TNP, Estados com ou sem armas nucleares, igualmente, têm a responsabilidade de adotar medidas para cumprir os objetivos do tratado. Os EUA estão fazendo sua parte para reduzir suas armas nucleares e apoiar esforços para impedir a disseminação de armas e materiais nucleares. Anunciamos uma nova revisão da política nuclear, que limita os papéis e níveis de armas nucleares em nossa estratégia de defesa e assegura que os EUA não usarão nem ameaçarão usar armas nucleares contra Estados sem armas nucleares que participem do TNP e estejam em conformidade com suas obrigações de não-proliferação nuclear.
Na Cúpula de Segurança Nuclear, os EUA e outras 47 nações concordaram com a importância de salvaguardar todos os materiais nucleares vulneráveis o mais rápido possível para evitar que eles caiam nas mãos de terroristas.
Todos os signatários do TNP devem trabalhar em conjunto para garantir o cumprimento das disposições de não-proliferação. Devemos garantir que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenha as ferramentas e autoridade necessárias para realizar sua importante missão de dar salvaguardas e lidar de forma honesta e séria com casos de descumprimento. Devemos colaborar para dissuadir os Estados que ameaçam se retirar do TNP a fim de evitar a prestação de contas.
Não menos importante é o terceiro pilar do tratado sobre uso pacífico de energia nuclear. Nesse ponto, os EUA também estão fazendo sua parte como maior doador do mundo para conceder aos países em desenvolvimento os benefícios do uso pacífico da energia nuclear em áreas tão diversas quanto a medicina, a agricultura e a hidrologia.
Com esse espírito de cooperação e responsabilidade mútua, conclamamos o Brasil e outras nações do mundo a unirem-se a nós para revitalizar o regime de não-proliferação. Pedimos que nos ajudem a fortalecer o TNP e comecem uma jornada que nos levará cada vez mais próximos ao cumprimento da meta mais importante do TNP: um mundo mais seguro e sem armas nucleares.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Marino,
Também quase chorei. Dói na alma tanta hipocrisia em tentar manter o "Status Quo" em prol deles.
É uma pena que aqui dentro mesmo ainda encontre séria repercussão no ideário de alguns partidos políticos.
Basta lermos os jornais daqui de São Paulo.
Não podemos simplesmente menosprezar o alcance do ideário americano em manter tudo "como está" no pessoal
do "Consenso de Washington".
Um abraço
Franz
Também quase chorei. Dói na alma tanta hipocrisia em tentar manter o "Status Quo" em prol deles.
É uma pena que aqui dentro mesmo ainda encontre séria repercussão no ideário de alguns partidos políticos.
Basta lermos os jornais daqui de São Paulo.
Não podemos simplesmente menosprezar o alcance do ideário americano em manter tudo "como está" no pessoal
do "Consenso de Washington".
Um abraço
Franz
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Gerações só de iraquianos? Creio que muitos mais vão lucrar.E, sobretudo, há o mercado negro. Jordânia e Turquia contrabandeiam rios de petróleo para fora do Iraque ‘sancionado’ durante os anos 90s. Com novas sanções sobre o Irã, será a vez de uma nova geração de iraquianos ganharem a sorte grande. Quanto à ditadura militar do mulariato em Teerã, os mulás adorarão consumir seus lucros de energia para reforçar seu escudo protetor.