#1619
Mensagem
por marcelo l. » Qua Abr 28, 2010 10:45 am
A primeira onda veio dos EUA, a segunda agora da zona do Euro, quando bater na Inglaterra vai fazer estragos...agora, o papel alemão parece querer enfraquecer os países em crise, eles não vão ter política economica própria.
Mas, esse editoral combina com que penso.
Valor Econômico
Ajuda demora e Grécia caminha para a moratória
A Grécia está à beira da moratória. Os mercados agora se recusam a financiar a montanha de dívidas gregas, cerca de US$ 300 bilhões, a preços suportáveis. Ontem os retornos dos títulos de dois anos do país subiram para 15%, os maiores do mundo para débitos de curto prazo, ultrapassando até mesmo os de Argentina e Venezuela. Os sismógrafos financeiros apontam um desastre. Para os títulos de dez anos a taxa chegou aos 10%, quando o governo grego já considerava impossível sustentar a rolagem dos débitos a 6%. Os mercados sofreram fortes perdas ontem com uma notícia esperada: o rebaixamento da dívida grega. É difícil saber se o país aguentará à tona até o dia 19 de maio, quando vencem mais US$ 11 bilhões.
As perspectivas para a Grécia pioraram muito justamente após o anúncio de que receberia ajuda dos países da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional. Ambos tomaram a decisão política de colocar de pé um pacote de US$ 60 bilhões, um dos maiores até hoje já feitos para um país, mas das intenções à prática transcorreu um tempo longo demais para quem está sob forte ataque dos investidores.
Além de sua própria desordem e negligência com os gastos públicos, a Grécia é vítima de duras cobranças da Alemanha, agravadas pelas eleições regionais, onde a chanceler Angela Merkel, por ideologia e por deferência à oposição dos alemães a uma ajuda ao país, insiste em um programa detalhado de ajuste para os três próximos anos. "Venho dizendo há semanas que a Grécia precisa fazer sua lição de casa antes", disse Merkel na terça. O governo de George Papandreou, segundo as pesquisas, enfrenta um fogo cruzado que a deterioração econômica pode intensificar. Os gregos consideraram errado o pedido de ajuda ao FMI e à Comunidade Europeia e não acham, ao mesmo tempo, que a atual equipe seja capaz de retirar a Grécia da tremenda enrascada em que se meteu.
Para cumprir as exigências de seus parceiros da zona do euro, com a Alemanha à frente, Papandreou terá de se comprometer antecipadamente com um duro programa de sacrifícios até 2012. Com uma dívida de 113% do PIB e um déficit anual de 13,6% , ele terá de realizar a proeza de cortar gastos que representem 10% do PIB até 2012. Os cortes aprofundarão a recessão e parece óbvio que com a queda da arrecadação as metas sejam atingidas. Restam poucas alternativas à Grécia. Uma delas é realizar um programa de ajustes em um prazo mais longo, com uma ajuda financeira substancialmente maior. Isso parece impossível de se conseguir e nem está na mesa de negociações. Já é difícil obter os US$ 60 bilhões sem cumprir com obrigações duras. A outra, cada vez mais provável, é a moratória, e isso possivelmente não isentaria o governo grego da necessidade de pedir recursos emprestados.
Os países da zona do euro não parecem estar preocupados, enquanto os investidores colocam no radar a possibilidade de uma crise dos títulos soberanos. Já em fevereiro a Grécia poderia ter sido socorrida, mas os europeus ainda discutiam se o recurso pela Grécia ao dinheiro do Fundo Monetário seria ou não um golpe forte demais para a união monetária e namorava a ideia da criação de um Fundo monetário regional. A Alemanha chegou ao cúmulo de insistir na exigência de juros de mercado (em alta) para a remuneração do auxílio financeiro. Perdeu-se um tempo precioso demais e sequer foram construídos mecanismos automáticos de defesa, que evitem a via crucis a que o governo grego terá de se submeter, um verdadeiro pesadelo burocrático. Além de ter de obter um acordo com a CE, o Banco Central Europeu e o FMI, ele terá de ser aprovado em cada um dos 16 países da zona do euro. Nesse passo, a Grécia provavelmente afunda antes.
O contágio grego se agravou. Os retornos dos títulos de Portugal e Espanha subiram e um contrato para se proteger de um calote português (credit default swap) é hoje um dos mais caros do mundo, superando Líbano e Guatemala. A punição a Portugal, Espanha e países com altas dívidas será tanto maior quanto mais se prolongue a agonia grega. O FMI já se prontificou a dar mais US$ 15 bilhões à Grécia, mas falta impulso político para deslanchar a ajuda dos países da zona do euro. A provável moratória da Grécia atingirá fortemente os bancos alemães e franceses, que não tiveram dificuldades comparáveis para obter socorro de bilhões de dólares de seus governos.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant