Crise Econômica Mundial

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Rui Elias Maltez
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Re: Crise Econômica Mundial

#1561 Mensagem por Rui Elias Maltez » Qui Abr 22, 2010 6:17 am

FMI
Portugal entra em estagnação

por RUDOLFO REBÊLO Hoje / http://dn.sapo.pt/inicio/economia/


Economia cresce 0,3% e estão em risco mais de 40 mil postos de trabalho. Recuperação só em 2011

A economia portuguesa entra em estagnação e perde pelo menos 40 mil postos de trabalho este ano, com a taxa de desemprego a atingir os 11%, de acordo com as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), ontem divulgadas em Washington. As despesas do Governo deverão superar as receitas em 8,7% da produção final do País (PIB), contra uma previsão de 8,3% do Governo, o que levou o Fundo a emitir advertências a Lisboa .

Portugal é um dos quatro países da Zona Euro - em conjunto com a Grécia, Espanha e Irlanda - que têm de reduzir com urgência o défice orçamental para acalmar os mercados de empréstimos internacionais. Apesar de pedir "compromissos credíveis" para reduzir a despesa anual de forma a "responder às preocupações" dos mercados sobre a "sustentabilidade das dívidas", o Fundo pede, também, "medidas de estímulo à actividade económica".

Depois de o Banco de Portugal ter revisto em baixa o crescimento da economia para este ano - de 0,7% para 0,4% - o FMI prevê uma expansão da actividade de 0,3%, o que coloca a economia portuguesa em estagnação económica, quando a zona euro cresce 1%. "Para as pequenas economias", diz o FMI, referindo-se a Portugal, "a saída da recessão ainda será mais lenta", já que o crescimento "está condicionado por fortes desequilíbrios orçamentais e pelas contas externas". Ou seja, o endividamento da economia - do Estado, das famílias e empresas, com reflexo no endividamento externo - é um obstáculo ao crescimento. Assim, a retoma terá mais vapor em 2011, quando a economia crescer 0,7%, abaixo da actual previsão de 0,9% inscrita no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e mesmo das estimativas do Banco de Portugal.

Com a economia em baixa, a força de trabalho deverá cair este ano, pela segunda vez consecutiva desde 2009. O Fundo Monetário Internacional, utilizando dados de partida já desactualizados - estima que o número de empregados era de 5,05 milhões no final de 2009, quando se situava pouco acima dos 5 milhões de trabalhadores - prevê para o final deste ano que a população empregada não ultrapasse os 4,96 milhões. A força de trabalho, diz o FMI, recuperará em 2011, aproximando-se novamente dos cinco milhões, mas deixa um rasto de quase 600 mil desempregados.

A zona euro deverá crescer 1% em média, e o FMI prevê que apenas Espanha e Grécia se mantenham em recessão este ano.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1562 Mensagem por P44 » Qui Abr 22, 2010 6:41 am

Teixeira dos Santos dirige-se aos portugueses:


"Não se passa nada, a economia está uma maravilha, os gajos do FMI são todos uns ignorantes, nunca houve um governo tão bom em Portugal como o nosso!"

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a esperança portuguesa é que o mundo acabe em 2012... :roll:




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Re: Crise Econômica Mundial

#1563 Mensagem por P44 » Qui Abr 22, 2010 7:05 am


Greek budget deficit 13.6 percent of GDP in 2009


Greek budget deficit spiked to 13.6 percent of national income in 2009, way more than thought
ap


On Thursday April 22, 2010, 5:36 am

LONDON (AP) -- Financially-stricken Greece is showing an even bigger budget deficit for 2009 than previously thought.

Figures Thursday from the European Union's statistics office show that the budget deficit in 2009 as a percentage of economic output was 13.6 percent -- up from the previous estimate of 12.9 percent.

The Eurostat figures also show the difficult state of government finances across the EU -- Ireland, which has enacted tough pending cuts, had the highest deficit across the 27-nation EU at 14.3 percent of gross domestic product.

The lowest was recorded in Sweden, where the budget deficit was only worth 0.5 percent of the country's GDP.
http://finance.yahoo.com/news/Greek-bud ... /print?x=0




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Re: Crise Econômica Mundial

#1564 Mensagem por soultrain » Qui Abr 22, 2010 5:37 pm

Obama alerta para nova crise se reforma financeira fracassar

De Stephen Collinson (AFP) – Há 1 hora

NOVA YORK, EUA — O presidente Barack Obama defendeu nesta quinta-feira, em Nova York, uma profunda reforma financeira, destacando que os Estados Unidos podem conhecer uma nova crise se uma nova regulação não for aprovada, ao mesmo tempo em que exortou Wall Street a apoiá-la.

"É essencial que aprendamos as lições desta crise, para não nos condenarmos a repeti-la", declarou Obama, em pronunciamento feito em Cooper Union, uma universidade privada do sul de Manhattan, perto de Wall Street, região da Bolsa e dos grandes bancos.

"Não nos equivoquemos, é exatamente o que vai acontecer se deixarmos passar esta oportunidade" de começar do zero com o sistema regulatório dos bancos e outras instituições financeiras, projeto em exame no Senado, destacou o presidente.

Obama assegurou que suas reformas financeiras vão pôr um ponto final aos resgates efetuados com dinheiro dos contribuintes.

"Um voto na reforma é um voto destinado a acabar com os planos de resgate financiados pelos contribuintes. Esta é a verdade. Ponto final", destacou.

Mais cedo, durante o dia, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, havia afirmado que o governo já não irá em socorro dos bancos que tenham assumido muitos riscos com o dinheiro dos contribuintes, e que, a partir de agora, numa situação parecida, passarão a ser "desmantelados".

"No futuro, se eles semearem novamente a desordem e se apresentarem mais uma vez à beira do precipício, queremos estar bem seguros de poder fechá-los, de desativá-los com todas as garantias, sem que o contribuinte tenha mais uma vez a obrigação de salvá-los", disse Geithner no Congresso.

Em sua intervenção, Obama tranquilizou os investidores, afirmando que acredita no capitalismo e no "poder do mercado".

"Acredito num setor financeiro forte que nos ajude a formar capital, a obter empréstimos e investir nossas poupanças", afirmou. "Mas um mercado livre nunca significou permissão para se tomar tudo o que se pode".

"Alguns em Wall Street se esqueceram de que atrás de cada dólar na Bolsa ou investido, há uma família que tenta comprar uma casa, pagar seus estudos, abrir uma loja comercial ou poupar para a aposentadoria", enumerou o presidente.

"O que acontece aqui tem consequências reais em todo o país", recordou Obama, em alusão à crise financeira de 2008 que, nascida dos excessos no setor imobiliário, esteve a ponto de arrastar o sistema financeiro mundial, propagando-se à economia real.

Os Estados Unidos apenas começam a sair da crise, com um desemprego oficial ainda perigosamente perto da barreira dos 10%.

Mas Obama disse também estar convencido de que é do interesse de Wall Street cooperar com ele e o Congresso para maior regulação do setor.

"Estou hoje aqui porque quero exortá-los a se unirem a nós, não nos guerrearmos", disse o presidente ao dirigir-se diretamente aos líderes das grandes instituições financeiras.

Uma versão da reforma já foi aprovada na Câmara de Representantes e outra, apresentada pelo democrata Chris Dodd, na comissão de finanças do Senado. Mas esta última deve, ainda passar em plenário, para o que é necessário convencer alguns republicanos.

"Nos aproximamos de um texto que será apoiado por ambos os lados", disse Dodd na terça-feira.

O discurso de Obama foi pronunciado num momento em que Wall Street é sacudida pelo escândalo do banco de investimentos Goldman Sachs, acusado pelo organismo regulador da Bolsa (SEC) americana de ter enganado conscientemente os investidores.





"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento" :!:


NJ
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Re: Crise Econômica Mundial

#1565 Mensagem por Túlio » Qui Abr 22, 2010 6:07 pm

Concordo inteiramente com o Obrahma mas não deixo de imaginar quanta gente buena está vendo ele falar isso e bradando de cara feia e com o punho cerrado para a tv:

COMUNA!!! :evil: :evil: :evil: :evil:




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Re: Crise Econômica Mundial

#1566 Mensagem por Bourne » Qui Abr 22, 2010 6:18 pm

Túlio escreveu:Concordo inteiramente com o Obrahma mas não deixo de imaginar quanta gente buena está vendo ele falar isso e bradando de cara feia e com o punho cerrado para a tv:

COMUNA!!! :evil: :evil: :evil: :evil:
Nem imagina quantos, nem imagina. Além do mais dirão que o Obrahma é insano e, quem lhe dá apoio técnico, um bando de picaretas tapados.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1567 Mensagem por Túlio » Qui Abr 22, 2010 6:19 pm

Queria ver o Enlil nessa charla... 8-]




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Re: Crise Econômica Mundial

#1568 Mensagem por Bourne » Qui Abr 22, 2010 6:27 pm

Vou me preparar para defender o mercado :lol: :lol: :lol:

Conto com a ajuda do senhor Túlio.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1569 Mensagem por Túlio » Qui Abr 22, 2010 6:30 pm

Só defendo o individualismo como característica intrínseca à raça humana. O mercado é mera consequência disso e não o vislumbro suficientemente livre para produzir bolhas especulativas... :wink:




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Re: Crise Econômica Mundial

#1570 Mensagem por PRick » Qui Abr 22, 2010 6:54 pm

Soluções para a crise:

Estatização do sistema bancário yankee;
Anexação de Portugal pelo Brasil;
Entregar a economia grega para o FMI;
Vender a Venezuela para a China;

Por aí as coisas começariam a melhorar... :mrgreen: :mrgreen:

[]´s




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Re: Crise Econômica Mundial

#1571 Mensagem por Túlio » Qui Abr 22, 2010 7:00 pm

PRick escreveu: Soluções para a crise:

Estatização do sistema bancário yankee;
Taí: em duas décadas ou menos os EUA davam com os burros n'água e parariam de encher o saco quenedo nos tomar a Amazônia...

PRick escreveu:Anexação de Portugal pelo Brasil;
Incluiria nisso a retomada da monarquia com D. Sócas I como Imperador...

PRick escreveu:Entregar a economia grega para o FMI;
Eu entregaria À FRANÇA: quebrariam tão rápido que a Dassault seria apenas uma subsidiária da EMBRAER... :twisted:

PRick escreveu:Vender a Venezuela para a China;
Desde que o Chávez - :twisted: TINHA que ser o Chávez :twisted: - fosse elevado a premier de lá. Outro rival fora do caminho...




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Re: Crise Econômica Mundial

#1572 Mensagem por P44 » Sex Abr 23, 2010 5:21 am

e não é que esse obama é COMUNA mesmo!!!!?????




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Re: Crise Econômica Mundial

#1573 Mensagem por P44 » Sex Abr 23, 2010 7:34 am

vá comecem a abrir os bolsos...



Crise
Grécia está pronta para pedir 11,3 mil milhões à zona euro

Eudora Ribeiro
23/04/10 08:32
enviar noticia
Fonte oficial do Governo de Papandreou diz, citada pela Bloomberg, que Atenas está preparada para pedir ajuda à zona euro.



A Grécia está preparada para pedir aos países do euro 11,3 mil milhões para refinanciar dívida que expira no próximo mês.

A informação é avançada pela agência Bloomberg, que cita fonte oficial do Governo de Papandreou.

O objectivo deste empréstimo-ponte, que consiste num financiamento de emergência de curto prazo, será refinanciar dívida que atinge a maturidade em Maio, sem que a Grécia tenha de recorrer ao mercado de obrigações.

Isto porque a Grécia está a pagar prémios elevados para se financiar nos mercados de dívida. O 'spread' das obrigações do Tesouro gregas a 10 anos está hoje a negociar nos 568 pontos face às 'bund' alemãs, que são a referência no mercado, depois de ter ontem disparado para os 578 pontos, o nível mais elevado desde 1998.

"Para evitar uma reestruturação da dívida, a Grécia precisa de fazer um esforço enorme, mas mesmo assim, a zona euro pode ter de dar assistência extra", comentou Nick Kounis, economista-chefe do Fortis Bank Nederland.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1574 Mensagem por marcelo l. » Sex Abr 23, 2010 7:36 pm

HE ECONOMIST
Portugal é sem dúvida diferente da Grécia
22 | 04 | 2010 18.25H
Portugal é sem dúvida diferente da Grécia mas se os mercados decidirem testar estas diferenças, as fragilidades crónicas da economia podem prejudicar a proteção que dá a diferença entre os países, de acordo com a revista britânica 'The Economist'.
Destak/Lusa | destak@destak.pt
De acordo com um artigo da revista 'The Economist', disponível hoje na sua página oficial na internet, Portugal e Grécia nada têm um com o outro, mas a economia apresenta fragilidades crónicas - como o baixo crescimento, uma perda drástica de competitividade e um alto endividamento publico e privado - que os mercados podem utilizar para aumentar os juros da dívida.

O artigo de análise sobre Portugal, intitulado "A importância de não ser a Grécia", apresenta as diferenças fundamentais entre os países e apresenta "um governo desesperado em persuadir os mercados que é melhor do que eles temem".

No entanto, a empresa contraria economistas como Simon Johnson e Nouriel Roubini, dizendo que Portugal está "longe de ser a próxima crise de divida pública".

"Portugal está melhor que a Grécia no seu défice orçamental (9,4% do PIB em 2009 comparando com 12,7%) e na dívida pública (85% do PIB este ano, contra 124% da Grécia). Ao contrário da Grécia, as suas contas públicas são credíveis e têm uma história de adoptarem medidas de consolidação orçamental duras quando é necessário", diz a revista.

A revista tenta então responder ao porquê dos mercados estarem a aumentar os juros da dívida portuguesa e a aumentar o custo da protecção contra incumprimento (os credit default swaps), assim como a razão para as críticas do ex-economista chefe do FMI, Simon Johnson, e de Nouriel Roubini, o reputado economista, famoso por ter previsto a atual crise financeira.

Para a revista, "uma resposta é que o maior problema de Portugal não é fundamentalmente orçamental. Diz respeito ao crescimento - ou à falta dele".

O fraco crescimento é resultado "de uma desastrosa perda de competitividade desde que o país aderiu ao euro", diz "The Economist", apontando ainda que Portugal perdeu quota no mercado das exportações para as economias emergentes, o que resulta do aumento dos custos do trabalho e ao aumento dos salários que suplantou o crescimento da produtividade.

Outro dos problemas apontados é a falta de poupança. A revista diz mesmo que os portugueses eram conhecidos como um povo que poupava de forma exemplar, mas agora têm se endividado em grande escala, com o endividamento das famílias a superar já os 100% do PIB e no caso das empresas os 140% do PIB.

Entre os pontos fracos, a "The Economist" aponta ainda a elevada burocracia, a falta de eficiência da justiça, as debilidades do sistema educativo e a rigidez das leis laborais, sublinhado que Portugal tem "um dos mais rígidos regimes de protecção de emprego".

A revista termina então a sua análise sublinhando que Portugal é muito diferente da Grécia, mas que se os mercados forem testar estas diferenças, estes problemas crónicos da economia irão prejudicar o que de bom vem dessas diferenças.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Crise Econômica Mundial

#1575 Mensagem por marcelo l. » Sex Abr 23, 2010 7:38 pm

http://outrapolitica.wordpress.com/2010 ... l-roubini/

s dois artigos abaixo procuram dar conta, da ótica adotada por Nouriel Roubini, do risco de contagio sistêmico do sistema financeiro internacional provocado pela atual crise da Grécia e de outros países europeus profundamente endividados (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha).
A cura dos males do sul da Europa
Nouriel Roubini e Arnab Das, Folha de S.Paulo, 7 de fevereiro de 2010
Uma nova Grande Depressão pode ter sido evitada, mas a crise está longe de encerrada. O crédito está apertado e todos os pontos de alto endividamento da economia mundial estão sendo contagiados: os domicílios com pesadas dívidas hipotecárias (Islândia, Estados Unidos, Espanha, Irlanda, Europa central e oriental); os bancos (Islândia, Estados Unidos, União Europeia, Rússia e países da antiga União Soviética); a dívida quase pública (Naftogaz, da Ucrânia; Dubai World); e agora a Grécia e os outros elos vulneráveis na zona do euro.
A Grécia vivia havia muito à beira de um acidente, devido à pesada dívida pública e à falta de competitividade. Mas seus problemas nada têm de singular. Resolvê-los determinará o destino dos países vizinhos, o da zona do euro e talvez até o da própria União Europeia.
Incontinência fiscal e baixa competitividade estão entreligadas em muitos países do sul da Europa. A adesão ao euro e às “transações de convergência” em um mercado que vivia forte alta empurraram os rendimentos dos títulos públicos de Portugal, Itália, Grécia e Espanha para perto do rendimento dos títulos alemães. O boom de crédito subsequente sustentou o consumo, mas encobriu a inflação nos salários, que superou o ganho de produtividade e levou a Grécia a perder espaço nos seus tradicionais mercados de exportação.
Enquanto isso, a burocracia excessiva e a rigidez das leis trabalhistas, da indústria e dos mercados de serviços desencorajavam o investimento em setores de alto valor agregado, a despeito de salários bem inferiores à média da UE. A mistura nociva resultante entre os grandes deficit públicos e em conta-corrente resultou em dívida externa cada vez mais elevada. A dramática valorização do euro em 2008/2009 acentuou esses problemas.
Corte de gastos
À medida que cresce o rendimento dos seus títulos, Grécia e seus pares enfrentam escolhas difíceis. O melhor curso seria acompanhar países como Irlanda, Hungria e Letônia na adoção de planos fiscais confiáveis e pesadamente dependentes em cortes de gastos, que o governo pode controlar, em lugar de elevações de impostos e fechamento de lacunas tributárias que existiram por muito tempo em razão da fiscalização displicente. Isso poderia impor uma desvalorização interna com profundos cortes nos salários reais e reformas que estimulassem a competitividade, como aconteceu na Alemanha desde a reunificação.
A opção fácil seria recorrer a engenharia financeira e manobras fiscais, postergando o ajuste. Nesse cenário, o acesso ao mercado terminaria perdido, talvez já na metade de 2010. A Grécia teria então de recorrer aos demais países-membros em busca de empréstimos diretos (negados, pelo menos até o momento); ao Fundo Monetário Internacional (o que foi descartado até o momento); ou a credores não tradicionais, como a China (negados).
Alternativamente, poderia promover desvalorização, moratória e reordenação de seus passivos na forma de uma “nova dracma”, à maneira argentina (impensável).
Um plano de austeridade confiável restauraria a solidariedade com os países da União Europeia que estão se ajustando, melhoraria a retórica do Banco Central Europeu (BCE) e dos países mais importantes do bloco e traria de volta à terra os ágios em disparada dos títulos gregos. A abordagem está funcionando na Irlanda, onde os ágios explodiram quando a dívida pública disparou, mas foram reduzidos depois de um corte de 20% nos gastos públicos. Mas a tarefa não é fácil. Portugal vem promovendo deflação para estimular sua competitividade já há uma década. Se o sabor do remédio é ruim, melhor tomá-lo rápido.
Socorro
O ajuste da Grécia idealmente contaria com o apoio de um grande programa do FMI a fim de prevenir uma corrida à dívida pública e aos bancos nos momentos difíceis que surgirão. Em um plano apenas europeu, a Comissão Europeia poderia monitorar os ajustes, e o BCE lideraria os empréstimos. Mas nenhuma dessas instituições está acostumada a impor condições aos seus membros, enquanto o FMI tem nessa a sua principal tarefa. O recurso ao FMI foi descartado porque sinalizaria fraqueza. Mas um plano que se baseie apenas nos mecanismos da União Europeia poderia ser visto como manobra escusa pelas partes interessadas, dados os riscos que a quebra da Grécia acarretaria para a Europa.
Caso as decisões duras requeridas não sejam tomadas, isso atrairia atenção para uma verdade histórica desconfortável: a de que nenhuma união monetária sobreviveu sem união fiscal e política. O contraste entre a zona do euro e os Estados Unidos pode se tornar ainda mais sombrio. Muitos dos Estados norte-americanos também enfrentam problemas fiscais, mas a crise pode ser resolvida em nível federal. Caso transferências não bastem para tanto, há um capítulo na lei de falências dedicado às administrações locais e estaduais. A zona do euro não conta com mecanismos como esse para compartilhamento do ônus.
A história das demais economias retardatárias na zona do euro é diferente em grau, mas não em princípio. Todas apresentam pesado endividamento, e a fonte principal de contágio financeiro, a Espanha, tem um imenso passivo público contingente no setor bancário, como aconteceu na Irlanda, em resultado da dívida hipotecária. O modelo de crescimento do país -de construção residencial propelida por um boom na habitação- está extinto.
A Espanha também precisa de consolidação fiscal e de reforma estrutural a fim de restaurar a sustentabilidade de sua dívida, revigorar o crescimento e reduzir o índice de desemprego de 20%. O governo da Itália está pesadamente endividado e, por isso, o país também precisa cortar gastos e reconquistar a competitividade. Portugal necessita urgentemente de reformas estruturais que restaurem seu dinamismo econômico e sua saúde fiscal.
A Grécia, portanto, está na linha de frente de uma batalha mais ampla para manter o rumo exigido pela união monetária europeia. O compromisso político de cada um dos países ameaçados para com a zona do euro é inflexível, como provam os profundos cortes no Orçamento na Irlanda, a dolorosa deflação em Portugal, os fortes ajustes em membros aspirantes como Hungria e Letônia.
A falta de uma união política e fiscal e a mobilidade limitada de mão de obra acompanhada por livre movimento de capitais tornam a realização desses ajustes crítica para a viabilidade da zona do euro em longo prazo.
Idealmente, regras formais para compartilhar o ônus fiscal deveriam ser desenvolvidas, de forma a conferir mais poder às cláusulas de proibição de resgate, como mecanismos de reestruturação de dívidas para os títulos soberanos da zona do euro. De outra forma, as dúvidas sobre a sustentabilidade da união monetária europeia retornarão a cada crise. Mais cedo ou mais tarde, essas dúvidas serão validadas.
NOURIEL ROUBINI é presidente, e ARNAB DAS , diretor de pesquisa de mercado da Roubini Global Economics
Como salvar os Piigs
NOURIEL ROUBINI, Folha de S.Paulo, 16 de fevereiro de 2010
Os problemas fiscais da Grécia são, como argumentei muitas vezes, apenas a ponta do iceberg mundial. Pois a próxima rodada da recente crise financeira global será o risco soberano ascendente, especialmente nas economias avançadas que operem com grandes deficit orçamentários e acumulem dívida pública ampla, ao socializar prejuízos financeiros privados a fim de reanimar o crescimento econômico.
De fato, a história sugere que uma severa recessão e socialização de prejuízos privados muitas vezes conduzem a um acúmulo insustentável de dívida pública. Além disso, crises financeiras provocadas por dívidas excessivas no setor privado costumam ser seguidas alguns anos mais tarde por moratórias nacionais e/ou alta inflação.
A Grécia também serve como indicador de alerta para a zona do euro, na qual todas as economias conhecidas como Piigs (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) sofrem o problema gêmeo da sustentabilidade de dívidas públicas e da sustentabilidade da dívida externa. A adesão ao euro e as “operações de convergência” conduzidas na alta das Bolsas levaram os rendimentos dos títulos desses países a se aproximar do oferecido pelos títulos da dívida pública alemã, e o boom de crédito resultante sustentou um crescimento excessivo do consumo.
A maioria dessas economias estava sofrendo de uma perda de mercados de exportação diante de concorrentes asiáticos cujos trabalhadores recebem salários mais baixos. Na Espanha e na Irlanda, um boom de habitação exacerbou os desequilíbrios externos ao reduzir a poupança nacional, estimulando o consumo e o investimento residencial. E a valorização do euro nos últimos anos serviu como golpe final contra a competitividade.
Assim, restaurar a competitividade, e não apenas um ajuste fiscal, é necessário para a retomada do crescimento sustentável. Existem apenas três maneiras de fazê-lo. Uma década de deflação seria uma resposta, mas isso seria acompanhado por estagnação econômica e, como aconteceu na Argentina no começo da década, resultaria em situação política insustentável, conduzindo a uma desvalorização (ou seja, ao abandono do euro) e a uma moratória.
Acelerar as reformas estruturais que estimulam a produtividade e manter sob controle o crescimento dos salários no setor privado e no setor público é a abordagem correta, mas igualmente difícil de implementar em termos políticos. Ou um euro mais fraco poderia ser adotado, se o BCE se dispusesse a afrouxar a política monetária ainda mais -o que não é provável. No entanto, um euro mais baixo não eliminaria a necessidade de reformas estruturais nesses países.
Alternativa FMI
Um programa informal de resgate ou um programa concreto do Fundo Monetário Internacional (FMI) poderia reforçar fortemente a credibilidade de uma política de reposicionamento fiscal e de reformas estruturais. Se o programa for informal, a Comissão Europeia imporia condições fiscais e estruturais à Grécia, enquanto a União Europeia e/ou o BCE ofereceria as verbas, que seriam necessárias.
Os mercados continuarão céticos, especialmente se a implementação resultar em manifestações de rua, tumultos, greves e manobras legislativas para postergar as medidas. Até que a credibilidade seja restabelecida, o risco de um ataque especulativo contra os títulos de dívida pública persistiria, dados os deficit orçamentários e a necessidade de rolar dívidas. Porque a União Europeia não tem histórico no que tange a impor condições e o financiamento pelo BCE seria percebido como uma forma de resgate, um programa formal do FMI seria a melhor abordagem. Os programas de mais sucesso empreendidos diante de um risco de crise de financiamento de dívida pública e/ou externa foram aqueles como no México, Turquia e Brasil.
Garantias de empréstimos pela Alemanha e/ou União Europeia são menos desejáveis do que um programa do FMI, porque é muito difícil desenvolver e implementar de maneira confiável a condicionalidade dessas garantias. O apoio do FMI, por outro lado, é desembolsado em parcelas e condicionado à realização de objetivos.
As autoridades gregas e a União Europeia vinham negando até recentemente que houvesse necessidade de um pacote de empréstimos, devido à preocupação de que isso pudesse ser visto como um sinal de fraqueza. Trata-se de um erro grave. Ajuste fiscal e reformas sem verbas de apoio são mais suscetíveis de fracasso.
Ao mesmo tempo, se a Grécia não ajustar plenamente suas políticas a fim de restaurar a sustentabilidade fiscal e a competitividade, um resgate parcial pela União Europeia e BCE continua provável, a fim de evitar o risco de contágio no restante da zona do euro. Uma moratória na Grécia, afinal, teria os mesmos efeitos mundiais que o colapso do Lehman Brothers teve em 2008.
A União Europeia e o BCE estão preocupados com o risco moral de qualquer “resgate”. Mas é exatamente por isso que um programa confiável do FMI, vinculando apoio financeiro à realização gradual de reformas estruturais e fscais, seria o caminho certo para salvar a Grécia e os demais Piigs.
NOURIEL ROUBINI é presidente da RGE Monitor ( www.rgemonitor.com ) e professor da Escola Stern de Administração de Empresas, na Universidade de Nova York.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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