Pressões Nucleares sobre o Brasil

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vitor freitas
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#316 Mensagem por vitor freitas » Sáb Abr 10, 2010 11:37 am

A proliferação de armas nucleares

Aproxima-se a conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que ocorrerá em maio próximo. Qual é a importância desse evento? É uma das últimas oportunidades para impedir a multiplicação de Estados possuidores de armas nucleares. Já são nove os países que, declaradamente ou não, contam com artefatos nucleares. Se os esforços de contenção atualmente em marcha falharem, em especial no caso do Irã, muitos países com capacidade tecnológica, mas que até aqui optaram pelo caminho militar, poderão faze-lo em breve. Calcula-se que pelo menos 20 países estariam nessa categoria. Ora, com 30 países armados de bombas atômicas, as probabilidades de seu emprego em conflitos aumenta geometricamente, com as consequências terríveis que o leitor pode imaginar.

O atual secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e ex-secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, é um homem direito, que conheço bem desde que fomos colegas de turma no Instituto Rio Branco. Seu traço principal é assumir posições frontalmente. Eu quase sempre discordo delas, mas respeito sua sinceridade. Em recente entrevista ao O Estado de S. Paulo, Samuel disse que "foi um erro assinar o Tratado de Não-Proliferação em 1997, porque o Brasil era um dos poucos que tinha em sua Constituição a obrigação de desenvolver atividades nucleares apenas para fins pacíficos. Só se justifica nossa participação no TNP na medida em que potências nucleares reduzam e eliminem arsenais. Mas é preciso observar a Constituição. E qualquer tratado em que o Brasil não esteja em igualdade de condições não corresponde ao princípio de igualdade soberana entre os Estados. O Tratado de Não-Proliferação é um tratado desigual".

Terá sido realmente um erro assinar o TNP?

Desde o início do governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995, decidimos reavaliar nossa posição tradicional, que desde 1968 era a de não assinar esse tratado. O Brasil já se havia comprometido a não desenvolver armas nucleares tanto em artigo lapidar da Constituição de 1988 quanto em diversos pactos firmados em nível bilateral, com a Argentina, e regional, com a América Latina, e já havia aceito todas as salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). A recusa de assinar o Tratado de Não-Proliferação nos inseria num grupo mínimo de países como a Índia, o Paquistão e Israel, que estavam desenvolvendo seus programas nucleares porque viviam em contextos de alto risco para a segurança nacional, o que felizmente não era, como não é, o caso do Brasil.

Após amplas consultas internas, o presidente Fernando Henrique tomou a decisão de assinar o tratado, tarefa que me coube na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em junho 1997. Essa iniciativa foi tomada por coerência, visando a influir para o reforço do tratado, inclusive no que diz respeito às obrigações das potências nucleares.

O embaixador Samuel tem razão ao afirmar que os cinco países nucleares não cumpriram a obrigação de reduzir significativamente seus estoques de armas nucleares. Não é ainda suficiente a assinatura recente de um novo tratado Start (Pacto Estratégico de Redução de Armas) entre os dois países que possuem o maior número desses artefatos: os Estados Unidos e a Rússia. Porém, é incongruente a afirmação de que, como temos o compromisso constitucional taxativo, não poderíamos ter assinado o referido tratado. Tomado ao pé da letra, esse argumento pode ser lido como: não precisamos assinar nenhum compromisso internacional se os assumimos internamente. Isso equivale a dizer que o direito internacional é supérfluo.

Mais absurda ainda é a invocação de necessidade de igualdade absoluta entre os Estados como condição preliminar para assinar um tratado. Se fosse assim, o Brasil não poderia ter assinado a Carta da ONU, o Convênio Internacional do Café ou os convênios de criação do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional - pois todos esses acordos, para citar apenas um punhado deles, contêm dispositivos dando veto a alguns poucos ou votos ponderados maiores a certos países (inclusive ao Brasil) do que a outros.

Em nova entrevista - desta feita ao jornal O Globo, em 1.º de abril corrente - o ministro afirma que "qualquer medida que venha a reduzir a autonomia do Brasil na produção do ciclo de enriquecimento é algo extremamente prejudicial". Como sabe qualquer pessoa minimamente informada sobre o assunto, a taxa de enriquecimento de urânio necessária para alimentar usinas nucleares geradoras de energia é inferior a 10%. Já para confeccionar armas nucleares, a taxa requerida é de 90%. De qual das duas hipóteses está falando Samuel Pinheiro Guimarães? O Brasil precisa ter "autonomia" para chegar à meta de 90%, ou seja, para ter a capacidade de fabricar bombas atômicas?

Ninguém no mundo se opõe ao nosso programa nuclear justamente porque é considerado como sendo de natureza pacífica, mas a ambiguidade de alguns dirigentes brasileiros sobre os seus objetivos pode ser gravíssima para os interesses nacionais.

O Brasil tem uma longa e honrosa tradição pacífica, que é um galardão diplomático de nosso país, desde o Barão do Rio Branco. Cooperar para impedir a proliferação de armas nucleares é uma tarefa condizente com essa tradição e, em minha opinião, um imperativo constitucional e moral de qualquer governo brasileiro. Por isso devemos atuar para fortalecer, sem subterfúgios, a disciplina internacional, cujo instrumento básico é o tratado de 1968.

EMBAIXADOR, FOI MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES


Eurico de Lima Figueiredo. Presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa - ABED;

“Pessoalmente, acho que em cinco ou dez anos a sociedade terá de dizer se quer ou não uma bomba atômica, independentemente de sermos signatários do TNP. É um passo natural de nossa independência nuclear. E isso terá de ser debatido por civis, dentro de regras democráticas”. (01/09/2009)

Prabir Purkayastha. Vice-Presidente da Organização de Paz e Solidariedade da Índia:

“Penso que um submarino nuclear tem muito pouco propósito a não ser que seja visto como parte de um sistema de disparo de armamento nuclear. Submarinos nucleares - em doutrinas nucleares convencionais - permitem uma capacidade de segundo ataque, porque podem ficar submersos por longos períodos. Sem armas nucleares, é difícil entender gastar dinheiro com brinquedos tão caros” (27/01/2010)

O trecho abaixo é parte de um artigo (na verdade, um ataque repleto de falácias e retórica anti-imperialista) escrito por Rubens Diniz, militante do PC do B, , secretário-geral do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz – Cebrapaz. O Cebrapaz é um dos expositores no Seminário sobre a Revisão do TNP e será representado pela sua presidente Socorro Gomes.

"O TNP somente tem sido utilizado para pressionar os países e aumentar o fosso entre quem tem e quem não tem tecnologia sensível. Suas políticas estão dirigidas a cercear o desenvolvimento tecnológico dos países periféricos, aumentando o “fosso tecnológico”. Criam a cada momento mais mecanismos para fortalecer os obstáculos, como os Protocolos Adicionais. Tais medidas, cada vez mais restritivas, contribuem para a ampliação monopólio da tecnologia nuclear na mão de poucos países, o que serve para aumentar seu cinturão de poder e riqueza. Buscam desta maneira, manter sobre seu controle um bilionário mercado de energia nuclear. [...]

A quebra da política autônoma se deu na década de 1990, com os governos neoliberais de Fernando Collor de Mello e FHC. Foi um período marcado pela estratégia de inserção internacional subordinada aos interesses das grandes potências, que levou o Brasil a cancelar programas de pesquisa, fechar empresas que atuavam na área e pôr fim à assinatura do TNP, sem nenhum motivo ou ganho para o país.

O TNP não será o mecanismo que conduzirá o mundo ao desarmamento nuclear, sua natureza é outra. Não é necessário que o Brasil saia do TNP, mas, no entanto, não deve se comprometer com nenhum novo mecanismo de restrição como o “protocolo adicional”.”




Editado pela última vez por vitor freitas em Sáb Abr 10, 2010 11:45 am, em um total de 3 vezes.
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Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#317 Mensagem por Marino » Sáb Abr 10, 2010 11:38 am

Me sinto envergonhado de ler um ex-ministro da República assinar um artigo com este conteúdo.
Mais ainda, me dá tristeza. É lamentável o uso de tanta informação falaciosa.
Vamos ver se tenho estômago para comentar.
===================================================================================


O Brasil deve assinar o Protocolo Adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear?
SIM

Adesão não contraria interesse nacional É algo que esperamos que o embaixador prove ao final do artigo

RUBENS RICUPERO

DA MESMA forma que a democracia, segundo Churchill, é a pior forma de governo, exceto todas as demais, o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) é desigual e injusto pelo menos tem o caráter de reconhecer que este tratado separa Estados em categorias distintas, mas superior às alternativas existentes. Durante os 40 anos de sua vigência, renunciaram à arma atômica 11 países que já a possuíam ou desejavam adquiri-la (entre eles Brasil, Argentina e África do Sul). Primeira falácia: Brasil e Argentina renunciaram a posse de armas nucleares antes da assinatura do TNP.
Dos 4 que se tornaram nucleares, 3 (Índia, Paquistão e Israel) jamais assinaram o TNP, e a Coreia do Norte teve que deixá-lo antes de construir a bomba. O controle das armas de destruição de massa não é impossível, pois desde Hiroshima e Nagasaki o mundo viveu 65 anos sem que a tragédia se repetisse. Segunda falácia: não foi por controle que o mundo não viu a tragédia se repetir, mas por medo, pela MAD, ou Mútua Destruição Assegurada, onde quem atacasse teria certeza de destruição por não conseguir atingir a tríade de lançadores terrestres, aéreos e submarinos.
Brasil e Argentina tomaram juntos a decisão de abandonar seus programas nucleares rivais, desarmando perigosa corrida armamentista na América Latina e abrindo caminho à integração do Mercosul. Novamente a primeira falácia.
O processo culminou, em 1991, com a assinatura do acordo entre o Brasil, a Argentina, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Agência Argentino-Brasileira de Controle, pelo qual os dois países aceitaram as inspeções da agência da ONU. Como decisão soberana, e não imposta.
A adesão ao TNP constituiu a consequência natural, pois a proibição da arma nuclear já constava da Constituição de 1988 e o acordo de 1991 havia criado para o país todas as obrigações que decorreriam do tratado. Terceira falácia: as limitações foram impostas pela sociedade brasileira, e não aceitas por um tratado injusto e desigual, vindo de fora para dentro, agredindo nossa soberania. A decisão de assinar foi única e exclusiva do Sr FHC, que será julgado pela História.
Quando a adesão se deu, em 1997-1998, os únicos que não haviam assinado eram Índia, Paquistão e Israel, que tinham para isso uma razão: queriam adquirir a bomba (o quarto era Cuba, que aderiu logo depois). Que sentido teria tido para o Brasil ficar de fora, em companhia dos três belicistas, se já havíamos assumido na prática as obrigações do TNP? este é um argumento usado por nossos "diplomatas", os quais não conseguem defender o interesse nacional se estão ao lado de nações julgadas 'inconvenientes". Mas mesmo este argumento é falacioso, pois estes 'diplomatas" assinaram a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, não querendo ficar ao lado de nações problemáticas como os EUA, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, que não assinaram a Declaração defendendo seus interesses nacionais. Então: quarta falácia.
O mesmo argumento se aplica ao Protocolo Adicional, que não é mais que a aceitação de fiscalização reforçada. O Brasil é dos raros países que permitem à agência acesso até a suas instalações militares. O que teríamos a temer se nada temos a esconder? Aqui creio que o diplomata omite dos leitores as obrigações de quem assina, já mostradas por mim em outros posts. Vergonhoso agir assim.
Alega-se que deveríamos proteger a originalidade de nossa tecnologia. O objetivo é legítimo, mas, segundo especialistas, pode ser perfeitamente assegurado pela negociação com a agência de modalidades que preservem os segredos tecnológicos.
Até agora, a recusa era justificada pelo desinteresse do governo americano de cumprir a obrigação de desarmamento constante do TNP.
A situação mudou totalmente com o advento do governo Obama, o acordo com a Rússia para redução de ogivas nucleares e a nova estratégia dos EUA, que restringe o papel das armas nucleares. Ainda se está longe do desarmamento, mas é mudança construtiva que deve ser encorajada. Outra mentira deslavada, como já vimos.
Neste momento, a persistência da recusa será vista como obstrução à evolução positiva em curso. A infeliz coincidência com a visita do presidente Lula a Teerã avivará suspeitas sobre nossas intenções. Quais intenções? a de não possuirmos armas nucleares, como previsto em todos os Tratados por nós assinados, e em nossa Constituição? Vergonha escrever algo assim e deixar a interpretação em aberto.
Cedo ou tarde, o processo de reforço do TNP conduzirá à proibição da exportação ou importação de urânio enriquecido e restrições de acesso tecnológico para os que rejeitam o protocolo. É risco gratuito quando nossa tecnologia pode ser preservada por negociação cautelosa. Que tecnologia conseguimos por termos assinado todos os tratados citados?Foram abertas as "portas da tecnologia" do Silvio Santos, ou continuamos a sermos boicotados descaradamente? Por qual motivo perseguimos (MB) eriquecer urânio se tudo nos podia ser dado? Quinta falácia.
Se o real motivo for armamentista, equivale a golpe gravíssimo contra a Constituição. O argumento da soberania não procede, pois a adesão não contraria o interesse nacional. Aqui o digníssimo diplomata atenta contra o Brasil. Levanta uma suspeita infundada, negada pela AIEA, pelo próprio governo americano e pela comunidade internacional. O diplomata do "mostramos o que é bom e escondemos o que não é" age lesando a própria Pátria.
Que interesse haveria em adquirir a bomba para país que não está sob ameaça ou em zona de conflito, tendo completado 140 anos de paz ininterrupta com seus dez vizinhos? Canalha!
Na hora lancinante da catástrofe do Rio de Janeiro, só o delírio de grandeza e a perda de contato com a realidade explicam desviar recursos escassos para prioridades erradas e desnecessárias como os desvarios atômicos. A realidade que chega pela tela da TV nos revela aonde estão nossos inimigos: não no exterior, mas aqui dentro. Valia a pergunta pq não fez isso como Ministro da área econômica. Sexta falácia.
A corrupção e a incompetência diante da urbanização selvagem, a patética incapacidade de salvar vidas, a falta de dinheiro para dar casa decente aos trabalhadores -são essas as ameaças a enfrentar. E não será com submarinos nucleares e urânio enriquecido que vamos diminuir um só desses perigos reais e imediatos. AQUI O MOTE, O OBJETIVO, O ALVO A SER ALCANÇADO, DESTRUÍDO, ENTERRADO, POR ESTES QUE SE SUBMETEM A VONTADE ESTRANGEIRA, CALABARES DO SÉCULO 21, TRAIDORES DA PÁTRIA, ENTREGUISTAS DE PRIMEIRA HORA.
que nojo me dá ler algo assim, ver publicado este tipo de artigo sem contestação. Que lástima.

RUBENS RICUPERO , 73, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, é colunista da Folha . Foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco).




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Centurião
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#318 Mensagem por Centurião » Sáb Abr 10, 2010 11:57 am

Traidores e entreguistas tem em todo lugar. São pessoas sem escrúpulos. Felizmente a maioria (tirando os leitores da Folha) entende que isso é errado.




GustavoB
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#319 Mensagem por GustavoB » Sáb Abr 10, 2010 12:02 pm

A corrupção e a incompetência diante da urbanização selvagem, a patética incapacidade de salvar vidas, a falta de dinheiro para dar casa decente aos trabalhadores -são essas as ameaças a enfrentar. E não será com submarinos nucleares e urânio enriquecido que vamos diminuir um só desses perigos reais e imediatos.
Demagogo, palhaço, vendido e mentiroso. Bueno, as parabólicas não mentem sobre o caráter desse omem.




Bender

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#320 Mensagem por Bender » Sáb Abr 10, 2010 12:03 pm

Posições: Samuel Pinheiro Guimarães x Rubens Ricupero

Os dois textos postados pelo Santiago,são a mostra das posições ao referido assunto,primeiro do pensamento predominante do atual governo,e vindo a seguir o pensamento de um porta voz diplomático do governo anterior.

Analisando primeiramente a estruturação dos argumentos no conjunto de ambos os textos,diria que o primeiro se pauta pela argumentação que tem como suporte os interesses maiores do Brasil,seja no que compete a questão da soberania,da proteção da propriedade intelectual,o desenvolvimento da industria energética baseada nesta matriz,do desenvolvimento livre da industria de insumos na área nuclear e finalmente da questão da liberdade de comercialização destes insumos gerando dividendos na balança comercial do país.

É difícil até para quem desejasse enxergar e taxar estas argumentações propostas como ideológicas marxistas,fazê-lo,quanto mais defini-las como antiquadas e obtusas,pois a argumentação abrange um espectro de elementos que poderiam ser considerados basicamente como nacionalista, econômico e político.

A contra argumentação contida no segundo texto ao contrário,tem a estruturação dos seus argumentos calcada na adesão obediente e pronta as propostas dos países do clube nuclear,em um sentido de acomodação e passividade do Brasil como forma de evitar conflitos de posição com estes países,e junta a este conjunto de argumentações uma série de questões e problemas da administração da política interna do Governo Federal,no sentido de fazer a desqualificação pura e simples da posição da politica diplomacia atual,portanto desmancha a seriedade de seus possíveis pontos de sustentação de idéias,em argumentos que poderiam ser usados em um debate chulo da campanha eleitoral.

Não é de agora que diversos membros da diplomacia ativa do governo anterior se manifestam em vários órgãos da mídia,sempre com o intuito de desqualificar a atual política diplomática deste governo que ai está ou para qualificá-la de incompetente,e sempre trazem em seus discursos o viés ideológico eleitoreiro.

Seria o caso de se perguntar qual o sentido real do titulo do artigo proposto:"Não contraria os interesses nacionais de quem?

O que nunca trazem estes discursos dos ex-diplomatas do governo do sr. Pres. FHC são uma visão de país com o mínimo de grandeza e vergonha na cara,que pelo menos eu imagino que deveria haver,eles sempre vem recheados de subordinação aos ditames das grandes potências e do abaixamento completo das calças e cuecas,mas cheios de arrotos e suspiros de que estas posturas são fruto do equilíbrio,pragmatismo e representam o supra sumo diplomático de como um país de terceiro mundo de periferia, tem de comportar para ser “respeitado” no mundo.

Diante destes fatos,sou obrigado a me posicionar ao lado do Sr. Samuel Pinheiro Guimarães,e a atual politica diplomática,que se até agora "cometeu" uma série de atitudes que podem até ser criticadas dependendo da diversidade de opiniões,pelo menos está jogando fora a cartilha anterior e tentando criar uma nova e nacional,não escrita em ingles,e que pelo menos não late e abana o rabo ao menor sinal de que seu dono está de mau humor.

Sds.




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DELTA22
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#321 Mensagem por DELTA22 » Sáb Abr 10, 2010 12:09 pm

Muito bem dito, grande Bender!

Aos PULHAS, como este ex-ministro de efeagácê, a guilhotina da história.

[]'s.




"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
Bender

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#322 Mensagem por Bender » Sáb Abr 10, 2010 12:12 pm

Marino escreveu:Me sinto envergonhado de ler um ex-ministro da República assinar um artigo com este conteúdo.
Mais ainda, me dá tristeza. É lamentável o uso de tanta informação falaciosa.
Vamos ver se tenho estômago para comentar.
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O Brasil deve assinar o Protocolo Adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear?
SIM

Adesão não contraria interesse nacional É algo que esperamos que o embaixador prove ao final do artigo

RUBENS RICUPERO

DA MESMA forma que a democracia, segundo Churchill, é a pior forma de governo, exceto todas as demais, o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) é desigual e injusto pelo menos tem o caráter de reconhecer que este tratado separa Estados em categorias distintas, mas superior às alternativas existentes. Durante os 40 anos de sua vigência, renunciaram à arma atômica 11 países que já a possuíam ou desejavam adquiri-la (entre eles Brasil, Argentina e África do Sul). Primeira falácia: Brasil e Argentina renunciaram a posse de armas nucleares antes da assinatura do TNP.
Dos 4 que se tornaram nucleares, 3 (Índia, Paquistão e Israel) jamais assinaram o TNP, e a Coreia do Norte teve que deixá-lo antes de construir a bomba. O controle das armas de destruição de massa não é impossível, pois desde Hiroshima e Nagasaki o mundo viveu 65 anos sem que a tragédia se repetisse. Segunda falácia: não foi por controle que o mundo não viu a tragédia se repetir, mas por medo, pela MAD, ou Mútua Destruição Assegurada, onde quem atacasse teria certeza de destruição por não conseguir atingir a tríade de lançadores terrestres, aéreos e submarinos.
Brasil e Argentina tomaram juntos a decisão de abandonar seus programas nucleares rivais, desarmando perigosa corrida armamentista na América Latina e abrindo caminho à integração do Mercosul. Novamente a primeira falácia.
O processo culminou, em 1991, com a assinatura do acordo entre o Brasil, a Argentina, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Agência Argentino-Brasileira de Controle, pelo qual os dois países aceitaram as inspeções da agência da ONU. Como decisão soberana, e não imposta.
A adesão ao TNP constituiu a consequência natural, pois a proibição da arma nuclear já constava da Constituição de 1988 e o acordo de 1991 havia criado para o país todas as obrigações que decorreriam do tratado. Terceira falácia: as limitações foram impostas pela sociedade brasileira, e não aceitas por um tratado injusto e desigual, vindo de fora para dentro, agredindo nossa soberania. A decisão de assinar foi única e exclusiva do Sr FHC, que será julgado pela História.
Quando a adesão se deu, em 1997-1998, os únicos que não haviam assinado eram Índia, Paquistão e Israel, que tinham para isso uma razão: queriam adquirir a bomba (o quarto era Cuba, que aderiu logo depois). Que sentido teria tido para o Brasil ficar de fora, em companhia dos três belicistas, se já havíamos assumido na prática as obrigações do TNP? este é um argumento usado por nossos "diplomatas", os quais não conseguem defender o interesse nacional se estão ao lado de nações julgadas 'inconvenientes". Mas mesmo este argumento é falacioso, pois estes 'diplomatas" assinaram a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, não querendo ficar ao lado de nações problemáticas como os EUA, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, que não assinaram a Declaração defendendo seus interesses nacionais. Então: quarta falácia.
O mesmo argumento se aplica ao Protocolo Adicional, que não é mais que a aceitação de fiscalização reforçada. O Brasil é dos raros países que permitem à agência acesso até a suas instalações militares. O que teríamos a temer se nada temos a esconder? Aqui creio que o diplomata omite dos leitores as obrigações de quem assina, já mostradas por mim em outros posts. Vergonhoso agir assim.
Alega-se que deveríamos proteger a originalidade de nossa tecnologia. O objetivo é legítimo, mas, segundo especialistas, pode ser perfeitamente assegurado pela negociação com a agência de modalidades que preservem os segredos tecnológicos.
Até agora, a recusa era justificada pelo desinteresse do governo americano de cumprir a obrigação de desarmamento constante do TNP.
A situação mudou totalmente com o advento do governo Obama, o acordo com a Rússia para redução de ogivas nucleares e a nova estratégia dos EUA, que restringe o papel das armas nucleares. Ainda se está longe do desarmamento, mas é mudança construtiva que deve ser encorajada. Outra mentira deslavada, como já vimos.
Neste momento, a persistência da recusa será vista como obstrução à evolução positiva em curso. A infeliz coincidência com a visita do presidente Lula a Teerã avivará suspeitas sobre nossas intenções. Quais intenções? a de não possuirmos armas nucleares, como previsto em todos os Tratados por nós assinados, e em nossa Constituição? Vergonha escrever algo assim e deixar a interpretação em aberto.
Cedo ou tarde, o processo de reforço do TNP conduzirá à proibição da exportação ou importação de urânio enriquecido e restrições de acesso tecnológico para os que rejeitam o protocolo. É risco gratuito quando nossa tecnologia pode ser preservada por negociação cautelosa. Que tecnologia conseguimos por termos assinado todos os tratados citados?Foram abertas as "portas da tecnologia" do Silvio Santos, ou continuamos a sermos boicotados descaradamente? Por qual motivo perseguimos (MB) eriquecer urânio se tudo nos podia ser dado? Quinta falácia.
Se o real motivo for armamentista, equivale a golpe gravíssimo contra a Constituição. O argumento da soberania não procede, pois a adesão não contraria o interesse nacional. Aqui o digníssimo diplomata atenta contra o Brasil. Levanta uma suspeita infundada, negada pela AIEA, pelo próprio governo americano e pela comunidade internacional. O diplomata do "mostramos o que é bom e escondemos o que não é" age lesando a própria Pátria.
Que interesse haveria em adquirir a bomba para país que não está sob ameaça ou em zona de conflito, tendo completado 140 anos de paz ininterrupta com seus dez vizinhos? Canalha!
Na hora lancinante da catástrofe do Rio de Janeiro, só o delírio de grandeza e a perda de contato com a realidade explicam desviar recursos escassos para prioridades erradas e desnecessárias como os desvarios atômicos. A realidade que chega pela tela da TV nos revela aonde estão nossos inimigos: não no exterior, mas aqui dentro. Valia a pergunta pq não fez isso como Ministro da área econômica. Sexta falácia.
A corrupção e a incompetência diante da urbanização selvagem, a patética incapacidade de salvar vidas, a falta de dinheiro para dar casa decente aos trabalhadores -são essas as ameaças a enfrentar. E não será com submarinos nucleares e urânio enriquecido que vamos diminuir um só desses perigos reais e imediatos. AQUI O MOTE, O OBJETIVO, O ALVO A SER ALCANÇADO, DESTRUÍDO, ENTERRADO, POR ESTES QUE SE SUBMETEM A VONTADE ESTRANGEIRA, CALABARES DO SÉCULO 21, TRAIDORES DA PÁTRIA, ENTREGUISTAS DE PRIMEIRA HORA.
que nojo me dá ler algo assim, ver publicado este tipo de artigo sem contestação. Que lástima.

RUBENS RICUPERO , 73, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, é colunista da Folha . Foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco).
Assino também com sua indignação veemente,no fim não passam de um bando de 5.a colunas.

Sds.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#323 Mensagem por Marino » Sáb Abr 10, 2010 12:16 pm

Depois do que estamos lendo, não só agora, mas de tempos para cá, mais do que nunca tenho a convicção de não votar JAMAIS no PSDB.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#324 Mensagem por Centurião » Sáb Abr 10, 2010 12:16 pm

É preferível aturar a ideologia esquedista para a América Latina do governo atual do que o outro setor que abana o rabo para quem fala inglês, como o próprio Bender disse.




Bender

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#325 Mensagem por Bender » Sáb Abr 10, 2010 12:18 pm

DELTA22 escreveu:
Aos PULHAS, como este ex-ministro de efeagácê, a guilhotina da história.

[]'s.
Delta véio,lembra o que escreveste ontem,das lagartixas e jacarés?

Esses vendilhões continuam querendo que não passemos de umas merdas de lagartixas,e o pior é que voce vai na cessão de cartas da Veja e a "elite" paulista está lá aplaudindo esse tipo de discurso,dá desgosto.

SDs.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#326 Mensagem por suntsé » Sáb Abr 10, 2010 12:19 pm

Marino escreveu:Depois do que estamos lendo, não só agora, mas de tempos para cá, mais do que nunca tenho a convicção de não votar JAMAIS no PSDB.

Eu estou com você, esta escoria não aprende nunca!




Bender

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#327 Mensagem por Bender » Sáb Abr 10, 2010 12:24 pm

Centurião escreveu:É preferível aturar a ideologia esquedista para a América Latina do governo atual do que o outro setor que abana o rabo para quem fala inglês, como o próprio Bender disse.
Centurião,voce sabe o tópico "A instituição que foi um dia a casa...", pois é os caras tem minha crítica em uma porrada de coisas estúpidas e ridículas de babação de ovo com este ou aquele na américa do sul etc,até entendo algumas justificativas propostas outras tantas sou frontalmente contra,mas acho que esse tipo de postura vendida que nós tivemos até agora rapaz,não dá mais para aguentar,vira o estomago,a gente ainda ter que ver esse tipo de subserviência,prefiro a diversidade com lambança, erros e atritos do que esse entreguismo passivo de sempre.

Sds.




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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#328 Mensagem por Centurião » Sáb Abr 10, 2010 12:29 pm

Eu tenho grande confiança na capacidade administrativa do Serra, um cara que peitou as farmacêuticas quando foi necessário, uma pessoa, que pelo o que eu sei, demonstra ser séria e competente. No entanto, eu não vou votar nele por não dar declarações claras sobre os assuntos de defesa e estratégia do país. Por se cercar de pessoas que compartilham da mesma opinião de tipos como o inescrupuloso ministro. Enquanto estiver cercado de quinta colunas eu digo: Fora PSDB!




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Centurião
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#329 Mensagem por Centurião » Sáb Abr 10, 2010 12:38 pm

Bender escreveu:
Centurião escreveu:É preferível aturar a ideologia esquedista para a América Latina do governo atual do que o outro setor que abana o rabo para quem fala inglês, como o próprio Bender disse.
Centurião,voce sabe o tópico "A instituição que foi um dia a casa...", pois é os caras tem minha crítica em uma porrada de coisas estúpidas e ridículas de babação de ovo com este ou aquele na américa do sul etc,até entendo algumas justificativas propostas outras tantas sou frontalmente contra,mas acho que esse tipo de postura vendida que nós tivemos até agora rapaz,não dá mais para aguentar,vira o estomago,a gente ainda ter que ver esse tipo de subserviência,prefiro a diversidade com lambança, erros e atritos do que esse entreguismo passivo de sempre.

Sds.
Exatamente! É de virar o estômago.

Eu não sou militar, minha família não tem um militar. Mas tenho uma forte ligação com a minha pátria e esse tipo de declaração chega a me fazer mal.

Acho engraçado a elite paulistana ainda ficar em dúvida do porquê serem anões politicamente, quando são gigantes na economia. Está aí um dos motivos. O povo não gosta desse discurso. Vão perder as eleições novamente.




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Cunha
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

#330 Mensagem por Cunha » Sáb Abr 10, 2010 12:39 pm

Bender escreveu:
Centurião escreveu:É preferível aturar a ideologia esquedista para a América Latina do governo atual do que o outro setor que abana o rabo para quem fala inglês, como o próprio Bender disse.
Centurião,voce sabe o tópico "A instituição que foi um dia a casa...", pois é os caras tem minha crítica em uma porrada de coisas estúpidas e ridículas de babação de ovo com este ou aquele na américa do sul etc,até entendo algumas justificativas propostas outras tantas sou frontalmente contra,mas acho que esse tipo de postura vendida que nós tivemos até agora rapaz,não dá mais para aguentar,vira o estomago,a gente ainda ter que ver esse tipo de subserviência,prefiro a diversidade com lambança, erros e atritos do que esse entreguismo passivo de sempre.

Sds.
Destaco e concordo.




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