Pressões Nucleares sobre o Brasil
Moderador: Conselho de Moderação
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Assim como temos no Brasil quem queira também pedir bençãos e baixar a cabeça aos interesses não nacionais.
A vida é assim... Quem nasceu pra lagartixa, nunca chega a jacaré!
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"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Idem meu amigo. De fato, SOBERANIA independe de se ser de direita ou de esquerda, mas sim de uma visão de mundo. Infelizmente certos conceitos estão tão enraizados no âmago do imaginário de nossa sociedade q ao se ser crítico ao statu quo político e econômico, o responsável pelo contexto q temos, logo se é taxado de comuna, subversivo ou sei lá o q. Quando estuda-se em uma graduação (com o mínimo de senso crítico) de História aprende-se duas coisas básicas:Bender escreveu:Outro dia eu comentei com o Carlos,graças a Deus que existem pessoas como voce aqui,que quando nós lemos os comentários,chega a correr até um lagrimom do canto do olho,pela serenidade e visão clara das coisas,e isso falo sem desmerecer quem pensa diferente,mas tem horas que voce lê tanta vendilhice seguida que até eu me sinto um comunaZ de tanta irritação,isso porque eu sou um conservador de direita,imagina o Ilya?Enlil escreveu: Nem me fale. O pior é ver q há gente relativamente esclarecida q ainda acredita em "boas intenções" vindas do único país no mundo q poderá de fato nos dissuadir à médio/longo prazo. Q não tem o mínimo interesse nas ascenção do Brasil como potência influente na América Lativa, q de todas maneira sabota a integração (= soberania) sul-americana. Nunca fazem concessões gratuitas, tudo tem n pressupostos q nos colocam em segundo plano em questões estratégicas. Embargaram e sabotaram todos nossos programas mais soberanos: nuclear, VLS e de mísseis.
Está mais do q claro q em muitos casos teremos interesses divergentes, qual prevalecerá? Por enquanto, quando ainda há muitas amarramas vira-latistas em nossa classe política, sofremos "apenas" embargos e propostas com coleiras de todos os tipos.
Áfff... O pior é ser tachado com o mais medíocre dos argumentos: "anti-americano". Não, isso não tem nada a ver com a sociedade civil americana, mas com sua classe política. Não há constatação mais óbvia q: A POLÍTICA EXTERNA dos EUA para o Brasil, América Latina e Atlântico Sul é uma ameaça a nossa SOBERANIA.
Abração e parabéns,por tudo que escreve de bom!
1) Não há como se negar a História; pelo simples motivo q há fatos q não podem sê-lo; pode se dar margem para interpretações causais, mas NUNCA justificar determinadas políticas, independente da ideologia, q colocam a humanidade - o bem comum, a equitatividade nas relações humanas e a justiça em segundo plano;
2) Não negando-se a História é preciso aprender a suportá-la, talvez a coisa mais difícil no curso. Como já dizia um professor do Departamento, hoje no curso de Relações Internacionais da UFRGS: História não é dinastias e pirâmides. De fato ele está coberto de razão, não há nada mais brutal do q o testemunho dos conflitos de interesses entre as sociedades humanas. Com exceção da História da Cultura todas as outras temáticas desta ciência se referem a conflitos de interesse onde SEMPRE alguém prevalece em detrimento de outrém. Como digo para uma amigo q estuda Filosofia: o dia q tu encontrar um livro de História política, econômica ou social com final feliz me compre um exemplar
Como disse para o nosso amigo Bolo de Ovo no tópico do KC-390: acho engraçado quando me chamam de comuna . Se alguns colegas de graduação ouvissem isso... Só eu sei quanda vezes fiquei entrincheirado solito ou com um ou q outro colega mais velho por questionar o "paraíso marxista" de algum(ns) colega(s). Ser ponderado ou relatizar algumas "máximas" pode ser muito difícil entre certos grupos. No entanto, o melhor a fazer é "ignorar a ignorância", isso garante o respeito. De fato, NENHUM dos colegas q mais respeitava no curso se envolvia com politicagem barata de DCE, Diretório Acadêmico ou partido A ou B. Quem leva o curso a sério, principalmente as cadeiras de Teoria e Metodologia, não tem tempo para ações "idílicas-utópicas-juvenis" insentivadas por oportunistas e pseudos de toda sorte.
Neste quesito tenho muito respeito pelo Bolovo, estive uma vez na Geografia da USP e deu para ver muito bem o contexto em q nosso ponderado Bolo de Ovo persiste.
Enfim, meu amigo de lata, por mais q algumas vezes fiquemos isolados temos q acreditar q um outro Brasil é possível, porque se um dia nós perdermos a esperança - estaremos mortos para vida - sendo assim só nos restará uma unanimidade: o cemitério .
Um grande abraço.
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Irretocável grande campeão das imagens,e também sábio com as palavras,graças a jovens como voce e tantos outros que convivem aqui com os tios, ,mas que possuem tanta maturidade e visão,e nos ensinam tanto diariamente nesta troca de idéias,voces nos dão a certeza que o cemitério não será nosso destino.
"Por mais que algumas vezes fiquemos isolados temos que acreditar que um outro Brasil é possível, porque se um dia nós perdermos a esperança - estaremos mortos para vida - sendo assim só nos restará uma unanimidade: o cemitério ."
Vou guardar.
Abração.
PS: Bolo de ovo é comunaZ notório aqui deste forum afaste-se enquanto é tempo
"Por mais que algumas vezes fiquemos isolados temos que acreditar que um outro Brasil é possível, porque se um dia nós perdermos a esperança - estaremos mortos para vida - sendo assim só nos restará uma unanimidade: o cemitério ."
Vou guardar.
Abração.
PS: Bolo de ovo é comunaZ notório aqui deste forum afaste-se enquanto é tempo
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Pois é DELTA véio,olha quem manda lá, o resto vai ajoelhando.DELTA22 escreveu:Assim como temos no Brasil quem queira também pedir bençãos e baixar a cabeça aos interesses não nacionais.
A vida é assim... Quem nasceu pra lagartixa, nunca chega a jacaré!
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Sex, 09 Abr, 03h45
'Lidar com Irã é brincar com rabo do leão', diz clérigo
O clérigo iraniano e conservador, Ahmad Khatami, conhecido por sua retórica contra os Estados Unidos, analisou hoje a nova política nuclear norte-americana anunciada nesta semana pelo presidente Barack Obama. "Se eles realizarem esse ato maluco (atacar o Irã) estarão presos em um pântano do qual não serão capazes de sair", afirmou durante o sermão desta semana. "Lidar com o Irã é brincar com o rabo do leão. Se os EUA querem agir loucamente, então os amigos da revolução islâmica irão ameaçar os interesses da América."
Washington nunca descartou um ataque militar contra o Irã, a fim de interromper o programa nuclear do país. Nesta semana, os EUA prometeram só usar armas nucleares em "circunstâncias extremas", mas o presidente Obama citou Coreia do Norte e Irã como exceções nessas novas diretrizes. Nas últimas semanas, Washington tem atuado internacionalmente para garantir novas sanções a Teerã por seu programa nuclear. O Irã afirma ter apenas fins pacíficos, mas os EUA desconfiam que o país busque armas nucleares.
Khatami é um importante membro da Assembleia dos Especialistas, que supervisiona o líder supremo iraniano. Os EUA e o Irã não mantêm relações diplomáticas desde a Revolução Islâmica de 1979. A animosidade entre os países aumentou desde a posse de Mahmoud Ahmadinejad na presidência, já que o atual governo se recusa a abandonar suas ambições nucleares. As informações são da Dow Jones.
Sds.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Mas esse programa de redução é uma palhaçada mesmo.
1500 ogivas dá prá cada um queimar a terra toda umas tantas vezes.
Daí, mostrando como estão desarmados e frágeis, querem impingir a condição de alvo aos outro países.
E as armas táticas?
E os mísseis de cruzeiro com 5000 Km de alcance e ogivas de 1 Mton?
1500 ogivas dá prá cada um queimar a terra toda umas tantas vezes.
Daí, mostrando como estão desarmados e frágeis, querem impingir a condição de alvo aos outro países.
E as armas táticas?
E os mísseis de cruzeiro com 5000 Km de alcance e ogivas de 1 Mton?
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Mas todo mundo já sabe que esse "novo acordo" só está aí para mostrar a "boa vontade" dos grandes nucleares.
- Olha, nós só teremos agora 1500 ogivas. Isso demonstra boa vontade, nós só temos capacidade de acabar com a porra toda, umas 100 vezes.
Eles querem força política para que possam passear na convenção. Aquela coisa de convencer com o "exemplo".
Isso não vai dar certo para eles. Não faremos o joguinho imperialista desses covardes nucleares.
Querem negociar? Começaremos quando houver a real indicação de que as potências nucleares estão dispostas a ceder.
Eu nem quero pensar no que será essa convenção, um circo talvez.
A lona sempre fecha na cara do palhaço e a platéia sai sorrindo.
- Olha, nós só teremos agora 1500 ogivas. Isso demonstra boa vontade, nós só temos capacidade de acabar com a porra toda, umas 100 vezes.
Eles querem força política para que possam passear na convenção. Aquela coisa de convencer com o "exemplo".
Isso não vai dar certo para eles. Não faremos o joguinho imperialista desses covardes nucleares.
Querem negociar? Começaremos quando houver a real indicação de que as potências nucleares estão dispostas a ceder.
Eu nem quero pensar no que será essa convenção, um circo talvez.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
FSP, 09/03
O Brasil deve assinar o Protocolo Adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear?
NÃO
Instrumento desnecessário e humilhante
SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES
O CENTRO da questão é o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), cujo objetivo é evitar uma guerra nuclear. A possibilidade de tal conflito não está nos países que não detêm armas nucleares, mas, sim, naqueles que as detêm. Portanto, o principal objetivo do TNP deve ser a eliminação das armas dos países nuclearmente armados: Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra.
Há 42 anos esses países se comprometeram a eliminar suas armas, e há 42 anos não cumprem esse compromisso. Ao contrário, aumentaram a eficiência de suas armas nucleares.
Apesar de não terem se desarmado, esses países insistem em forçar os países não nucleares a aceitar obrigações crescentes, criando crescentes restrições à difusão de tecnologia, inclusive para fins pacíficos, a pretexto de evitar a proliferação.
Os países nucleares, ao continuarem a desenvolver suas armas e, portanto, a intimidar os países não nucleares, estimulam a proliferação, pois os países que se sentem mais ameaçados procuram se capacitar. Isso ocorreu com a então União Soviética (1949), com a França (1960) e com a China (1964).
Hoje, diante da inexistência de ameaça de conflito nuclear, o argumento dos países nucleares é a possibilidade de terroristas adquirirem a tecnologia ou as armas.
Essa tecnologia está disponível. A questão é a capacidade de desenvolver industrialmente as armas e os vetores para atingir os alvos.
Nenhum grupo terrorista detém os vetores (mísseis e aviões), nem a estrutura industrial para produzir o urânio enriquecido, nem a técnica para fabricar detonadores. Por outro lado, os terroristas poderiam obter essas armas justamente onde existem, nos países nucleares.
Nesse contexto se insere o Protocolo Adicional. O TNP prevê que todos os países-membros assinem acordos de salvaguardas com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pelos quais os Estados não nucleares submetem a inspeção todas as suas instalações nucleares. O objetivo do acordo é verificar se há, para fins militares, desvio de material nuclear da instalação (reatores, usinas de enriquecimento etc.).
O Brasil tem atividades nucleares exclusivamente para fins pacíficos, como determina a Constituição, e tem um acordo de salvaguardas com a AIEA, que permite à agência inspecionar instalações brasileiras. Tudo com respeito à soberania nacional e a nossos interesses econômicos.
A AIEA, por proposta americana e a pretexto do programa do Iraque, elaborou um modelo de protocolo adicional aos acordos de salvaguardas, permitindo a visita de inspetores, sem aviso prévio, a qualquer local do território dos países não nucleares para verificar suspeitas sobre qualquer atividade nuclear, desde pesquisa acadêmica e usinas nucleares até a produção de equipamentos, como ultracentrífugas e reatores.
O Protocolo Adicional constituiria uma violação inaceitável da soberania diante da natureza pacífica das atividades nucleares no Brasil, uma suspeita injustificada sobre nossos compromissos constitucionais e internacionais e uma intromissão em atividades brasileiras na área nuclear.
Essa intromissão causaria graves danos econômicos, quando se consideram as perspectivas brasileiras na produção de combustível nuclear, que terá forte demanda com a necessidade de enfrentar a crise ambiental.
A solução ambiental exige a reforma da matriz energética, tanto nos emissores tradicionais, como os EUA, quanto nos de rápido desenvolvimento, como a China e a Índia.
Uma das mais importantes fontes de energia não geradora de gases de efeito estufa é a nuclear. O Brasil tem grandes reservas de urânio, tem o conhecimento do ciclo de enriquecimento do urânio e a capacidade para produzir reatores, ultracentrífugas, pastilhas etc. e, assim, pode vir a atender uma crescente demanda externa.
A preservação do conhecimento tecnológico é, assim, aspecto essencial na área nuclear. Ora, as ultracentrífugas de tecnologia brasileira são as mais eficientes do mundo. Há grande interesse de certos países em ter acesso a suas características, uma das consequências da assinatura do Protocolo Adicional, que, no caso do Brasil, seria um instrumento desnecessário, intrusivo, prejudicial e humilhante.
SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES , 70, diplomata, é ministro de Assuntos Estratégicos. Foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores (2003-2009).
--------------------------------------
O Brasil deve assinar o Protocolo Adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear?
SIM
Adesão não contraria interesse nacional
RUBENS RICUPERO
DA MESMA forma que a democracia, segundo Churchill, é a pior forma de governo, exceto todas as demais, o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) é desigual e injusto, mas superior às alternativas existentes. Durante os 40 anos de sua vigência, renunciaram à arma atômica 11 países que já a possuíam ou desejavam adquiri-la (entre eles Brasil, Argentina e África do Sul).
Dos 4 que se tornaram nucleares, 3 (Índia, Paquistão e Israel) jamais assinaram o TNP, e a Coreia do Norte teve que deixá-lo antes de construir a bomba. O controle das armas de destruição de massa não é impossível, pois desde Hiroshima e Nagasaki o mundo viveu 65 anos sem que a tragédia se repetisse.
Brasil e Argentina tomaram juntos a decisão de abandonar seus programas nucleares rivais, desarmando perigosa corrida armamentista na América Latina e abrindo caminho à integração do Mercosul.
O processo culminou, em 1991, com a assinatura do acordo entre o Brasil, a Argentina, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Agência Argentino-Brasileira de Controle, pelo qual os dois países aceitaram as inspeções da agência da ONU.
A adesão ao TNP constituiu a consequência natural, pois a proibição da arma nuclear já constava da Constituição de 1988 e o acordo de 1991 havia criado para o país todas as obrigações que decorreriam do tratado.
Quando a adesão se deu, em 1997-1998, os únicos que não haviam assinado eram Índia, Paquistão e Israel, que tinham para isso uma razão: queriam adquirir a bomba (o quarto era Cuba, que aderiu logo depois). Que sentido teria tido para o Brasil ficar de fora, em companhia dos três belicistas, se já havíamos assumido na prática as obrigações do TNP?
O mesmo argumento se aplica ao Protocolo Adicional, que não é mais que a aceitação de fiscalização reforçada. O Brasil é dos raros países que permitem à agência acesso até a suas instalações militares. O que teríamos a temer se nada temos a esconder?
Alega-se que deveríamos proteger a originalidade de nossa tecnologia. O objetivo é legítimo, mas, segundo especialistas, pode ser perfeitamente assegurado pela negociação com a agência de modalidades que preservem os segredos tecnológicos.
Até agora, a recusa era justificada pelo desinteresse do governo americano de cumprir a obrigação de desarmamento constante do TNP.
A situação mudou totalmente com o advento do governo Obama, o acordo com a Rússia para redução de ogivas nucleares e a nova estratégia dos EUA, que restringe o papel das armas nucleares. Ainda se está longe do desarmamento, mas é mudança construtiva que deve ser encorajada.
Neste momento, a persistência da recusa será vista como obstrução à evolução positiva em curso. A infeliz coincidência com a visita do presidente Lula a Teerã avivará suspeitas sobre nossas intenções.
Cedo ou tarde, o processo de reforço do TNP conduzirá à proibição da exportação ou importação de urânio enriquecido e restrições de acesso tecnológico para os que rejeitam o protocolo. É risco gratuito quando nossa tecnologia pode ser preservada por negociação cautelosa.
Se o real motivo for armamentista, equivale a golpe gravíssimo contra a Constituição. O argumento da soberania não procede, pois a adesão não contraria o interesse nacional.
Que interesse haveria em adquirir a bomba para país que não está sob ameaça ou em zona de conflito, tendo completado 140 anos de paz ininterrupta com seus dez vizinhos?
Na hora lancinante da catástrofe do Rio de Janeiro, só o delírio de grandeza e a perda de contato com a realidade explicam desviar recursos escassos para prioridades erradas e desnecessárias como os desvarios atômicos. A realidade que chega pela tela da TV nos revela aonde estão nossos inimigos: não no exterior, mas aqui dentro.
A corrupção e a incompetência diante da urbanização selvagem, a patética incapacidade de salvar vidas, a falta de dinheiro para dar casa decente aos trabalhadores -são essas as ameaças a enfrentar. E não será com submarinos nucleares e urânio enriquecido que vamos diminuir um só desses perigos reais e imediatos.
RUBENS RICUPERO , 73, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, é colunista da Folha . Foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco).
O Brasil deve assinar o Protocolo Adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear?
NÃO
Instrumento desnecessário e humilhante
SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES
O CENTRO da questão é o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), cujo objetivo é evitar uma guerra nuclear. A possibilidade de tal conflito não está nos países que não detêm armas nucleares, mas, sim, naqueles que as detêm. Portanto, o principal objetivo do TNP deve ser a eliminação das armas dos países nuclearmente armados: Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra.
Há 42 anos esses países se comprometeram a eliminar suas armas, e há 42 anos não cumprem esse compromisso. Ao contrário, aumentaram a eficiência de suas armas nucleares.
Apesar de não terem se desarmado, esses países insistem em forçar os países não nucleares a aceitar obrigações crescentes, criando crescentes restrições à difusão de tecnologia, inclusive para fins pacíficos, a pretexto de evitar a proliferação.
Os países nucleares, ao continuarem a desenvolver suas armas e, portanto, a intimidar os países não nucleares, estimulam a proliferação, pois os países que se sentem mais ameaçados procuram se capacitar. Isso ocorreu com a então União Soviética (1949), com a França (1960) e com a China (1964).
Hoje, diante da inexistência de ameaça de conflito nuclear, o argumento dos países nucleares é a possibilidade de terroristas adquirirem a tecnologia ou as armas.
Essa tecnologia está disponível. A questão é a capacidade de desenvolver industrialmente as armas e os vetores para atingir os alvos.
Nenhum grupo terrorista detém os vetores (mísseis e aviões), nem a estrutura industrial para produzir o urânio enriquecido, nem a técnica para fabricar detonadores. Por outro lado, os terroristas poderiam obter essas armas justamente onde existem, nos países nucleares.
Nesse contexto se insere o Protocolo Adicional. O TNP prevê que todos os países-membros assinem acordos de salvaguardas com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pelos quais os Estados não nucleares submetem a inspeção todas as suas instalações nucleares. O objetivo do acordo é verificar se há, para fins militares, desvio de material nuclear da instalação (reatores, usinas de enriquecimento etc.).
O Brasil tem atividades nucleares exclusivamente para fins pacíficos, como determina a Constituição, e tem um acordo de salvaguardas com a AIEA, que permite à agência inspecionar instalações brasileiras. Tudo com respeito à soberania nacional e a nossos interesses econômicos.
A AIEA, por proposta americana e a pretexto do programa do Iraque, elaborou um modelo de protocolo adicional aos acordos de salvaguardas, permitindo a visita de inspetores, sem aviso prévio, a qualquer local do território dos países não nucleares para verificar suspeitas sobre qualquer atividade nuclear, desde pesquisa acadêmica e usinas nucleares até a produção de equipamentos, como ultracentrífugas e reatores.
O Protocolo Adicional constituiria uma violação inaceitável da soberania diante da natureza pacífica das atividades nucleares no Brasil, uma suspeita injustificada sobre nossos compromissos constitucionais e internacionais e uma intromissão em atividades brasileiras na área nuclear.
Essa intromissão causaria graves danos econômicos, quando se consideram as perspectivas brasileiras na produção de combustível nuclear, que terá forte demanda com a necessidade de enfrentar a crise ambiental.
A solução ambiental exige a reforma da matriz energética, tanto nos emissores tradicionais, como os EUA, quanto nos de rápido desenvolvimento, como a China e a Índia.
Uma das mais importantes fontes de energia não geradora de gases de efeito estufa é a nuclear. O Brasil tem grandes reservas de urânio, tem o conhecimento do ciclo de enriquecimento do urânio e a capacidade para produzir reatores, ultracentrífugas, pastilhas etc. e, assim, pode vir a atender uma crescente demanda externa.
A preservação do conhecimento tecnológico é, assim, aspecto essencial na área nuclear. Ora, as ultracentrífugas de tecnologia brasileira são as mais eficientes do mundo. Há grande interesse de certos países em ter acesso a suas características, uma das consequências da assinatura do Protocolo Adicional, que, no caso do Brasil, seria um instrumento desnecessário, intrusivo, prejudicial e humilhante.
SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES , 70, diplomata, é ministro de Assuntos Estratégicos. Foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores (2003-2009).
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O Brasil deve assinar o Protocolo Adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear?
SIM
Adesão não contraria interesse nacional
RUBENS RICUPERO
DA MESMA forma que a democracia, segundo Churchill, é a pior forma de governo, exceto todas as demais, o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) é desigual e injusto, mas superior às alternativas existentes. Durante os 40 anos de sua vigência, renunciaram à arma atômica 11 países que já a possuíam ou desejavam adquiri-la (entre eles Brasil, Argentina e África do Sul).
Dos 4 que se tornaram nucleares, 3 (Índia, Paquistão e Israel) jamais assinaram o TNP, e a Coreia do Norte teve que deixá-lo antes de construir a bomba. O controle das armas de destruição de massa não é impossível, pois desde Hiroshima e Nagasaki o mundo viveu 65 anos sem que a tragédia se repetisse.
Brasil e Argentina tomaram juntos a decisão de abandonar seus programas nucleares rivais, desarmando perigosa corrida armamentista na América Latina e abrindo caminho à integração do Mercosul.
O processo culminou, em 1991, com a assinatura do acordo entre o Brasil, a Argentina, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Agência Argentino-Brasileira de Controle, pelo qual os dois países aceitaram as inspeções da agência da ONU.
A adesão ao TNP constituiu a consequência natural, pois a proibição da arma nuclear já constava da Constituição de 1988 e o acordo de 1991 havia criado para o país todas as obrigações que decorreriam do tratado.
Quando a adesão se deu, em 1997-1998, os únicos que não haviam assinado eram Índia, Paquistão e Israel, que tinham para isso uma razão: queriam adquirir a bomba (o quarto era Cuba, que aderiu logo depois). Que sentido teria tido para o Brasil ficar de fora, em companhia dos três belicistas, se já havíamos assumido na prática as obrigações do TNP?
O mesmo argumento se aplica ao Protocolo Adicional, que não é mais que a aceitação de fiscalização reforçada. O Brasil é dos raros países que permitem à agência acesso até a suas instalações militares. O que teríamos a temer se nada temos a esconder?
Alega-se que deveríamos proteger a originalidade de nossa tecnologia. O objetivo é legítimo, mas, segundo especialistas, pode ser perfeitamente assegurado pela negociação com a agência de modalidades que preservem os segredos tecnológicos.
Até agora, a recusa era justificada pelo desinteresse do governo americano de cumprir a obrigação de desarmamento constante do TNP.
A situação mudou totalmente com o advento do governo Obama, o acordo com a Rússia para redução de ogivas nucleares e a nova estratégia dos EUA, que restringe o papel das armas nucleares. Ainda se está longe do desarmamento, mas é mudança construtiva que deve ser encorajada.
Neste momento, a persistência da recusa será vista como obstrução à evolução positiva em curso. A infeliz coincidência com a visita do presidente Lula a Teerã avivará suspeitas sobre nossas intenções.
Cedo ou tarde, o processo de reforço do TNP conduzirá à proibição da exportação ou importação de urânio enriquecido e restrições de acesso tecnológico para os que rejeitam o protocolo. É risco gratuito quando nossa tecnologia pode ser preservada por negociação cautelosa.
Se o real motivo for armamentista, equivale a golpe gravíssimo contra a Constituição. O argumento da soberania não procede, pois a adesão não contraria o interesse nacional.
Que interesse haveria em adquirir a bomba para país que não está sob ameaça ou em zona de conflito, tendo completado 140 anos de paz ininterrupta com seus dez vizinhos?
Na hora lancinante da catástrofe do Rio de Janeiro, só o delírio de grandeza e a perda de contato com a realidade explicam desviar recursos escassos para prioridades erradas e desnecessárias como os desvarios atômicos. A realidade que chega pela tela da TV nos revela aonde estão nossos inimigos: não no exterior, mas aqui dentro.
A corrupção e a incompetência diante da urbanização selvagem, a patética incapacidade de salvar vidas, a falta de dinheiro para dar casa decente aos trabalhadores -são essas as ameaças a enfrentar. E não será com submarinos nucleares e urânio enriquecido que vamos diminuir um só desses perigos reais e imediatos.
RUBENS RICUPERO , 73, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, é colunista da Folha . Foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco).
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Senhores,estas inspeçoes serviriam tambem para espionagem industrial.O Brasil não ganhou de graça as tecnologias que tem para enriquecimento de uranio,ao contrario custou tempo, dinheiro,e muitas horas sem sono dos tecnicos envolvidos.Se o sistema brasileiro e tão bom e tão eficiente quanto o alardeado,porque da-lo de presente para outros paises??
- marcelo l.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
"A corrupção e a incompetência diante da urbanização selvagem, a patética incapacidade de salvar vidas, a falta de dinheiro para dar casa decente aos trabalhadores -são essas as ameaças a enfrentar. E não será com submarinos nucleares e urânio enriquecido que vamos diminuir um só desses perigos reais e imediatos".
Acho que a máscara caiu das intenções...ou não?
Acho que a máscara caiu das intenções...ou não?
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Essa iniciativa se justifica para que depois se façam ingerências sobre programas nucleares de outros países, entre eles o Brasil, e para amaciar a opinião pública com relação a um ataque ao Irã.jumentodonordeste escreveu:Mas todo mundo já sabe que esse "novo acordo" só está aí para mostrar a "boa vontade" dos grandes nucleares.
- Olha, nós só teremos agora 1500 ogivas. Isso demonstra boa vontade, nós só temos capacidade de acabar com a porra toda, umas 100 vezes.
Eles querem força política para que possam passear na convenção. Aquela coisa de convencer com o "exemplo".
Isso não vai dar certo para eles. Não faremos o joguinho imperialista desses covardes nucleares.
Querem negociar? Começaremos quando houver a real indicação de que as potências nucleares estão dispostas a ceder.
Eu nem quero pensar no que será essa convenção, um circo talvez.
A lona sempre fecha na cara do palhaço e a platéia sai sorrindo.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Vergonhosa a opinião do Ricupero. Colocar em nós a obrigação de prestar contas - ainda mais do que já é feito - representa implicitamente reconhecer os demais países como autoridades a quem devemos nos reportar. O tamanho do conto de fadas que se cria para justificar tal ato é sempre proporcional à covardia desses tipos que nasceram para ser colonos. Esse tipo de gente acha recompensador ser apenas recebido entre os grandes, ouvir alguns elogios e discutir usando um vocabulário rico que lhe faça parecer inteligente. E, para piorar, quando levam uma imensa trosoba no meio do traseiro, são capazes de sair perguntando o que fizeram de errado ao invés de revidar.
Fica claro que algumas personalidades sofrem de algum tipo de síndrome de estocolmo quando negociando. São homens fracos e covardes escondidos atrás de princípios belos e poéticos, que tremem ao segurar um revólver e morreriam antes de puxar o gatilho mesmo se fosse para defender a vida da filha. E se acham capazes de discutir e guiar nossas políticas de defesa.
Fica claro que algumas personalidades sofrem de algum tipo de síndrome de estocolmo quando negociando. São homens fracos e covardes escondidos atrás de princípios belos e poéticos, que tremem ao segurar um revólver e morreriam antes de puxar o gatilho mesmo se fosse para defender a vida da filha. E se acham capazes de discutir e guiar nossas políticas de defesa.
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
E não querem que eu me revolte com os entreguistas! Não dá! Acho que vou virar comunazzzz mesmo!
[]'s a todos.
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"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
- vitor freitas
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- Registrado em: Qui Dez 03, 2009 11:23 am
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Segundo o Jobim esse Tratado adicional ao existe, não será assinado, pois segundo este trato o Brasil terá que abrir as portas das Centrifugas para os caras da AIEA ver, sendo que a maiorida deles são europeus e americanos.. Na verdade eles querem ver qual nivel de tecnologia cada pais tem na produção nuclear!
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
O problema é que os inspetores da AIEA são todos engenheiros nucleares FO-DAS. Só de "baterem o olho" no equipamento já sabem como funciona e as soluções de projeto que foram encontradas por cada país e isso é espionagem industrial.
[]'s.
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