GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
VALOR ECONÔMICO –09/04/10
Países africanos querem parte da compensação dos EUA ao Brasil
O cheque dos Estados Unidos de US$ 147,3 milhões para compensar produtores brasileiros, na disputa do algodão, ainda nem está confirmado formalmente e sem data para ser enviado ao Brasil, mas já causa confusão sobre quem recebe e como. Os quatro grandes países africanos produtores de algodão - Burkina Faso, Benin, Chade e Mali - têm expectativas de que também vão embolsar uma parte da compensação financeira. Isso é formalmente rejeitado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), enquanto a diplomacia acena com desenvolvimento de projetos comuns com parte do dinheiro.
Os africanos, fragilizados, não puderam sequer entrar na disputa do Brasil contra os EUA, na Organização Mundial do Comércio (OMC). Preferiram apostar na Rodada Doha, com uma proposta para os países ricos eliminarem os subsídios à commodity e pagarem compensação aos quatro, enquanto as subvenções fossem mantidas. Doha não avança e os africanos estão de mãos vazias. Já na disputa diante dos juízes, o Brasil obteve o direito de retaliar os EUA. E uma compensação faz parte do acordo proposto por Washington para evitar a sanção contra seus produtos. Os EUA pagarão os US$ 147,3 milhões por ano aos brasileiros, enquanto não reduzirem os subsídios ilegais ao setor. A promessa é de que a redução na ajuda aos agricultores americanos será discutido na reforma da lei agrícola (Farm Bill) em 2012 no Congresso.
E os africanos querem uma fatia. "Os brasileiros assinalaram que vamos receber uma parte (do dinheiro), mas o montante precisa ser esclarecido", afirmou ontem um diplomata de Burkina Faso, Ambroise Balima, depois de declarar seu país um "aliado" do Brasil na briga contra os subsídios americanos.
Nicolas Imbodem, diretor da organização Ideias Centre, em Genebra, que prepara estratégias para os africanos na área do algodão na Rodada Doha, confirmou que os africanos estão falando todos a mesma coisa, de que o Brasil prometeu uma parte do fundo. Julga ser "uma maneira de o Brasil comprar os africanos".
No entanto, o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, falou ontem numa reunião com os quatro países africanos que parte da compensação será usada para projetos comuns que beneficiem também os produtores africanos. A expectativa dos africanos, porém, é de receber dinheiro vivo e parece se apoiar nos discursos do governo Lula de opção preferencial pelos pobres e pela África.
A Abrapa, que gastou US$ 3 milhões com advogados na disputa, foi informada de que o memorando de entendimento entre o Brasil e os EUA, para Brasília não retaliar produtores americanos, deve mencionar o uso de parte da compensação em projetos de assistência com os africanos. "Mas é cooperação técnica, transferência de tecnologia, nem entra em discussão entregar parte do dinheiro", disse o presidente da Abrapa, Haroldo Cunha.
A Abrapa, na verdade, está mais focada em evitar outro problema: que o cheque americano vá para os cofres do governo e se perca na burocracia estatal. Por isso, a entidade vai criar o Instituto Brasileiro do Algodão para receber os recursos e e administrar o fundo, elaborar e executar projetos de combate a pragas etc, inclusive em cooperação com os países africanos.
Ficando fora da disputa jurídica na OMC, os africanos até agora não conseguiram nada dos EUA. Em 2005, quando uma ministra africana quase chorou ao fazer um discurso na conferência ministerial de Hong Kong, os americanos prometeram US$ 5 milhões. Foi só, desde então.
Roberto Azevedo adiantou que o Brasil, como os EUA, quer também os quatro africanos nas negociações mais tarde para solução definitiva do conflito do algodão e que poderá desenhar resultados para a Rodada Doha. O algodão é parte forte de várias economias da África Central e Ocidental, com 15 milhões de pessoas envolvidas em sua produção, que representa hoje 10% do PIB desses países. Os africanos fazem quase 15% da exportação mundial de algodão. Podia ser muito mais se não fosse a concorrência desleal dos subsídios americanos.
Países africanos querem parte da compensação dos EUA ao Brasil
O cheque dos Estados Unidos de US$ 147,3 milhões para compensar produtores brasileiros, na disputa do algodão, ainda nem está confirmado formalmente e sem data para ser enviado ao Brasil, mas já causa confusão sobre quem recebe e como. Os quatro grandes países africanos produtores de algodão - Burkina Faso, Benin, Chade e Mali - têm expectativas de que também vão embolsar uma parte da compensação financeira. Isso é formalmente rejeitado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), enquanto a diplomacia acena com desenvolvimento de projetos comuns com parte do dinheiro.
Os africanos, fragilizados, não puderam sequer entrar na disputa do Brasil contra os EUA, na Organização Mundial do Comércio (OMC). Preferiram apostar na Rodada Doha, com uma proposta para os países ricos eliminarem os subsídios à commodity e pagarem compensação aos quatro, enquanto as subvenções fossem mantidas. Doha não avança e os africanos estão de mãos vazias. Já na disputa diante dos juízes, o Brasil obteve o direito de retaliar os EUA. E uma compensação faz parte do acordo proposto por Washington para evitar a sanção contra seus produtos. Os EUA pagarão os US$ 147,3 milhões por ano aos brasileiros, enquanto não reduzirem os subsídios ilegais ao setor. A promessa é de que a redução na ajuda aos agricultores americanos será discutido na reforma da lei agrícola (Farm Bill) em 2012 no Congresso.
E os africanos querem uma fatia. "Os brasileiros assinalaram que vamos receber uma parte (do dinheiro), mas o montante precisa ser esclarecido", afirmou ontem um diplomata de Burkina Faso, Ambroise Balima, depois de declarar seu país um "aliado" do Brasil na briga contra os subsídios americanos.
Nicolas Imbodem, diretor da organização Ideias Centre, em Genebra, que prepara estratégias para os africanos na área do algodão na Rodada Doha, confirmou que os africanos estão falando todos a mesma coisa, de que o Brasil prometeu uma parte do fundo. Julga ser "uma maneira de o Brasil comprar os africanos".
No entanto, o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, falou ontem numa reunião com os quatro países africanos que parte da compensação será usada para projetos comuns que beneficiem também os produtores africanos. A expectativa dos africanos, porém, é de receber dinheiro vivo e parece se apoiar nos discursos do governo Lula de opção preferencial pelos pobres e pela África.
A Abrapa, que gastou US$ 3 milhões com advogados na disputa, foi informada de que o memorando de entendimento entre o Brasil e os EUA, para Brasília não retaliar produtores americanos, deve mencionar o uso de parte da compensação em projetos de assistência com os africanos. "Mas é cooperação técnica, transferência de tecnologia, nem entra em discussão entregar parte do dinheiro", disse o presidente da Abrapa, Haroldo Cunha.
A Abrapa, na verdade, está mais focada em evitar outro problema: que o cheque americano vá para os cofres do governo e se perca na burocracia estatal. Por isso, a entidade vai criar o Instituto Brasileiro do Algodão para receber os recursos e e administrar o fundo, elaborar e executar projetos de combate a pragas etc, inclusive em cooperação com os países africanos.
Ficando fora da disputa jurídica na OMC, os africanos até agora não conseguiram nada dos EUA. Em 2005, quando uma ministra africana quase chorou ao fazer um discurso na conferência ministerial de Hong Kong, os americanos prometeram US$ 5 milhões. Foi só, desde então.
Roberto Azevedo adiantou que o Brasil, como os EUA, quer também os quatro africanos nas negociações mais tarde para solução definitiva do conflito do algodão e que poderá desenhar resultados para a Rodada Doha. O algodão é parte forte de várias economias da África Central e Ocidental, com 15 milhões de pessoas envolvidas em sua produção, que representa hoje 10% do PIB desses países. Os africanos fazem quase 15% da exportação mundial de algodão. Podia ser muito mais se não fosse a concorrência desleal dos subsídios americanos.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Mas ele sempre fez isso. Isso é apenas sobre um assunto que todos aqui conhecem, mas ele escreve essas sandices sobre qualquer assunto.Essa do Mauro Santayana foi de doer nos bagos,eu li isso ai no Notimp,pelo amor de Deus,depois dessa o cara tem se atirar da primeira ponte que aparecer,o cara construiu um artigo da carochinha e ainda cheio de indignação,é o fim da picada,alguem por favor traz ele de volta para terra.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: GEOPOLÍTICA
09/04/2010 - 17h53
EUA preocupados com excesso de militarismo na América Latina (Valenzuela)
Os Estados Unidos estão preocupados com o surgimento de um excesso de militarismo na América Latina, disse nesta sexta-feira, em Lima, o responsável pela diplomacia americana na região, Arturo Valenzuela. Aproveitou para pedir à América Latina não baixar a guarda na luta contra o narcotráfico.
"Estamos preocupados obviamente com discursos agressivos, com militarismos em excesso e compras" de armas, disse Valenzuela que cumpre visita oficial ao Peru, etapa final de uma viagem que o levou a Equador e Colômbia.
Valenzuela, secretário de Estado adjunto para América Latina, não mencionou nenhum país em particular.
Seu comentário foi feito depois do anúncio na segunda-feira de que o governo da Venezuela estuda comprar equipamentos militares da Rússia, num valor superior a 5 bilhões de dólares.
No começo da semana, o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, assinalou que há preocupação em Washington com a possibilidade de que parte dessas armas que a Venezuela vai adquirir parem em "outras mãos, na região".
Valenzuela, em breve diálogo com a imprensa, destacou que as preocupações de seu país devem "ser resolvidas em conjunto, com muito respeito por todas as demais nações".
Valenzuela, que conclui neste sábado uma visita oficial à região, pediu para não baixar a guarda na luta contra o narcotráfico, defendendo um trabalho em parceria contra este flagelo porque "não é, apenas, um problema policial".
"Estive no Equador e na Colômbia e, nos dois países, o esforço e a cooperação em assuntos ligados ao narcotráfico são excelentes", destacou, lembrando que também é "muito valorizado" o trabalho realizado pelo Peru contra este crime.
Em uma breve entrevista à imprensa, o secretário adjunto destacou que Washington tem um "novo enfoque" para combater o narcotráfico, o de "não apenas admitir a corresponsabilidade, mas também garantir que seja feito de forma respeitosa, conjunta e integral".
Valenzuela chegou na noite de quinta-feira ao Peru e, neste sábado, será recebido pelo presidente peruano, Alan García, viajando depois à região norte-oriental de San Martín, onde são realizados programas de desenvolvimento alternativo e de substituição de folhas de coca (matéria-prima da cocaína) por outros cultivos.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... zuela.jhtm
EUA preocupados com excesso de militarismo na América Latina (Valenzuela)
Os Estados Unidos estão preocupados com o surgimento de um excesso de militarismo na América Latina, disse nesta sexta-feira, em Lima, o responsável pela diplomacia americana na região, Arturo Valenzuela. Aproveitou para pedir à América Latina não baixar a guarda na luta contra o narcotráfico.
"Estamos preocupados obviamente com discursos agressivos, com militarismos em excesso e compras" de armas, disse Valenzuela que cumpre visita oficial ao Peru, etapa final de uma viagem que o levou a Equador e Colômbia.
Valenzuela, secretário de Estado adjunto para América Latina, não mencionou nenhum país em particular.
Seu comentário foi feito depois do anúncio na segunda-feira de que o governo da Venezuela estuda comprar equipamentos militares da Rússia, num valor superior a 5 bilhões de dólares.
No começo da semana, o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, assinalou que há preocupação em Washington com a possibilidade de que parte dessas armas que a Venezuela vai adquirir parem em "outras mãos, na região".
Valenzuela, em breve diálogo com a imprensa, destacou que as preocupações de seu país devem "ser resolvidas em conjunto, com muito respeito por todas as demais nações".
Valenzuela, que conclui neste sábado uma visita oficial à região, pediu para não baixar a guarda na luta contra o narcotráfico, defendendo um trabalho em parceria contra este flagelo porque "não é, apenas, um problema policial".
"Estive no Equador e na Colômbia e, nos dois países, o esforço e a cooperação em assuntos ligados ao narcotráfico são excelentes", destacou, lembrando que também é "muito valorizado" o trabalho realizado pelo Peru contra este crime.
Em uma breve entrevista à imprensa, o secretário adjunto destacou que Washington tem um "novo enfoque" para combater o narcotráfico, o de "não apenas admitir a corresponsabilidade, mas também garantir que seja feito de forma respeitosa, conjunta e integral".
Valenzuela chegou na noite de quinta-feira ao Peru e, neste sábado, será recebido pelo presidente peruano, Alan García, viajando depois à região norte-oriental de San Martín, onde são realizados programas de desenvolvimento alternativo e de substituição de folhas de coca (matéria-prima da cocaína) por outros cultivos.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... zuela.jhtm
- suntsé
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Re: GEOPOLÍTICA
Do ponto de vista dos interesses deles, eles tem que estar preocupados mesmo, porque nós somos fodõeskurgan escreveu:09/04/2010 - 17h53
EUA preocupados com excesso de militarismo na América Latina (Valenzuela)
Re: GEOPOLÍTICA
0/04/2010 - 09h08
Principais comandantes militares poloneses morrem em acidente aéreo
Os comandantes das Forças Armadas polonesas morreram no acidente aéreo deste sábado, junto com o presidente Lech Kaczynski, segundo lista de passageiros publicada há pouco pelo governo.
Entre eles figuram o general Franciszek Gagor, chefe do Estado Maior, o general Bronislaw Kwiatkowski, chefe das forças operacionais da Polônia, país membro da OTAN.
Também estão entre as vítimas o comandante do exército, general Tadeusz Buk, o comandante da Força Aérea, Andrzej Blasik, e o chefe das Forças Especiais, Wojciech Potasinki, assim como o vice-almirante Andrzej Karweta, comandante da marinha.
O presidente Kaczynski e outras 95 pessoas morreram neste sábado ao acidentar-se, na Rússia, o avião em que viajavam.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... aereo.jhtm
Principais comandantes militares poloneses morrem em acidente aéreo
Os comandantes das Forças Armadas polonesas morreram no acidente aéreo deste sábado, junto com o presidente Lech Kaczynski, segundo lista de passageiros publicada há pouco pelo governo.
Entre eles figuram o general Franciszek Gagor, chefe do Estado Maior, o general Bronislaw Kwiatkowski, chefe das forças operacionais da Polônia, país membro da OTAN.
Também estão entre as vítimas o comandante do exército, general Tadeusz Buk, o comandante da Força Aérea, Andrzej Blasik, e o chefe das Forças Especiais, Wojciech Potasinki, assim como o vice-almirante Andrzej Karweta, comandante da marinha.
O presidente Kaczynski e outras 95 pessoas morreram neste sábado ao acidentar-se, na Rússia, o avião em que viajavam.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... aereo.jhtm
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Re: GEOPOLÍTICA
Itamaraty 07 Abril 2010
MRE
Brasil - Estados Unidos
Brasil-EUA: acordo sobre cooperação em defesa
Nota do Ministério das Relações Exteriores
Nota nº 175 - 07/04/2010
Os Governos do Brasil e dos Estados Unidos da América (EUA) concluíram a negociação de acordo sobre cooperação em matéria de defesa, que permitirá fortalecer o diálogo entre os dois países e abrir novas perspectivas de cooperação nesse campo, em bases equilibradas e mutuamente benéficas. O instrumento deverá ser assinado proximamente.
O acordo tem como objetivo aperfeiçoar a cobertura institucional para a cooperação bilateral já existente e futura em áreas como:
a) visitas de delegações de alto nível,
b) contatos em nível técnico,
c) encontros entre instituições de defesa,
d) troca de estudantes, instrutores e pessoal de treinamento,
e) eventos de treinamento e aperfeiçoamento,
f) visitas de navios,
g) eventos esportivos e culturais,
h) iniciativas comerciais relacionadas à defesa, e
i) programas e projetos de tecnologia de defesa.
Seguindo o estabelecido pelo Art. 1.IV.c da Resolução adotada na II Reunião Extraordinária de Ministros das Relações Exteriores e da Defesa da União de Nações Sul-Americanas, realizada em Quito no último dia 27 de novembro, o presente acordo contém cláusula expressa de garantias que assegura respeito aos princípios de igualdade soberana dos Estados, de integridade e inviolabilidade territorial e de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados.
O texto aborda a cooperação em defesa com os EUA de forma equilibrada e genérica, seguindo o modelo de acordo de defesa que tem sido assinado pelo Brasil com diversos outros países e cujos textos estão disponíveis no sítio web http://www2.mre.gov.br/dai/home.htm. O Brasil já firmou um total de 28 acordos de cooperação em defesa e de 29 acordos e protocolos bilaterais em diversos domínios da cooperação militar, estando a maioria desses instrumentos já em vigor.
Para fins de transparência, todos os demais países-membros da UNASUL foram informados sobre a negociação do acordo Brasil-EUA de cooperação em matéria de defesa, bem como sobre os objetivos e as características do instrumento.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla
Re: GEOPOLÍTICA
Mundo
9 de Abril de 2010 - 16h54
Relações entre China e Brasil ultrapassam a bilateralidade
Nos últimos anos, após o fortalecimento econômico de China e Brasil, se intensificaram os intercâmbios políticos, econômicos, comerciais, culturais e de cooperação internacional, apesar da grande distância geográfica entre as duas nações.
Diplomatas de ambos os países acreditam que as relações entre as duas nações ultrapassaram a bilateralidade, para ter a cada dia que passa maior influência global.
Os líderes de alto nível de ambos os países realizaram visitas mais frequentes, ação que reforçõu a confiança mútua política.
Na visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à China em 2009, os dois Estados conseguiram um amplo consenco em temas importantes e elevaram a Associação de Cooperação Estratégica a um nível mais alto.
Os dois governos concordaram em estabelecer um plano de ação para abrir novos passos de cooperação em todas as esferas e manter a coordenação e cooperação estreitas nos assuntos regionais e internacionais.
As economias da China e Brasil se complementam em muitos campos.
A China é um importante país produtor e possui uma grande reserva de divisas e o Brasil é um grande país exportador de recursos e produtos agrícolas.
Assim, as vantagens econômicas e comerciais das duas partes se satisfazem de maneira mútua.
De acordo com estatísticas brasileiras, o comércio bilateral entre as duas nações registrou US$ 9,151 bilhões em 2004 e cresceu para US$ 36,1 bilhões em 2009, ano em que a China ultrapassou os Estados Unidos para ser o maior parceiro sócio comercial do Brasil.
Os projetos de cooperação econômica entre os dois países se incrementaram e os investimentos são cada dia maiores.
Empresas estatais chinesas como a Gree, Traxx, Huawei, ZTE e CITIC já estabeleceram filiais no Brasil.
Empresas como a fabricante de automóveis Chery e a empresa petrolífera CNOOC já prospectam o mercado brasileiro.
Em março de 2010 foi inaugurado o maior gasoduto do Brasil, o Gasoduto de Integração Sudeste Nordeste (Gasene), em parceria entre as empresas Petrobras e Sinopec.
Brasil também investe na China
Empresas como a Embraer, fabricante de aeronaves reconhecidas mundialmente, obtiveram bons resultados com seus investimentos na China.
Em ciência e tecnologia, o projeto do satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres CBERS entrou em seus 22 anos e foi protótipo da cooperação Sul-Sul.
Os dois países lançaram três satélites CBERS, que forneceram muitos dados úteis e o quarto satélite CBERS será lançado em 2011.
Os dois países também desfrutam a cada dia de um amplo intercâmbio cultural.
Dois institutos de Confúcio passaram a funcionar em São Paulo, a maior cidade do Brasil e em Brasília, capital do país.
O embaixador chinês no Brasil, Qiu Xiaoqi disse que, em novembro de 2010, a China celebrará um mês de sua cultura no Brasil para mostrar as atrações desse campo da China na nação sul-americana.
Como dois importantes países emergentes, China e Brasil compartilham posições em muitos assuntos internacionais.
Sobretudo, desde a crise financeira, os dois países experimentaram uma cooperação mais estreita em temas globais como economia mundial, reforma do sistema financeiro internacional e mudança climática.
Ambas as nações se esforçaram para ampliar a voz e aumentar o direito à tomada de decisão dos países em vias de desenvolvimento, para garantir seus benefícios e promover um mundo multilateral.
Entrevistado pela Xinhua, o vice-secretário de Assuntos Políticos e Asiáticos do Ministério de Relações Externas do Brasil, Roberto Jaguaribe, assinalou que as relações entre Brasiul e China ultrapassaram a categoria bilateral, pois "os dois países desempenharam um papel cada dia mais importante no cenário internacional".
Jaguaribe afirmou que as duas nações possuem muitos sistemas de diálogo para analizar os temas de interesse comum e que cooperam em muitos assuntos concretos.
Nos grupos de países BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China), BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e no Grupo dos 20, no tema da mudança climática, assim como na Organização Mundial de Comércio (OMC), Brasil e China tem boas relações de cooperação.
Qiu também considera que "como dois importantes países emergentes, China e Brasil terão uma perspectiva brilhante. Sob o esforço conjunto de ambas as partes, nossa cooperação em todas as esferas chegarão a um nível mais alto e esta relação de cooperação trará seguraente mais benefício a ambos os povos".
Fonte: Observatório de la política china (http://www.politica-china.org/)
9 de Abril de 2010 - 16h54
Relações entre China e Brasil ultrapassam a bilateralidade
Nos últimos anos, após o fortalecimento econômico de China e Brasil, se intensificaram os intercâmbios políticos, econômicos, comerciais, culturais e de cooperação internacional, apesar da grande distância geográfica entre as duas nações.
Diplomatas de ambos os países acreditam que as relações entre as duas nações ultrapassaram a bilateralidade, para ter a cada dia que passa maior influência global.
Os líderes de alto nível de ambos os países realizaram visitas mais frequentes, ação que reforçõu a confiança mútua política.
Na visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à China em 2009, os dois Estados conseguiram um amplo consenco em temas importantes e elevaram a Associação de Cooperação Estratégica a um nível mais alto.
Os dois governos concordaram em estabelecer um plano de ação para abrir novos passos de cooperação em todas as esferas e manter a coordenação e cooperação estreitas nos assuntos regionais e internacionais.
As economias da China e Brasil se complementam em muitos campos.
A China é um importante país produtor e possui uma grande reserva de divisas e o Brasil é um grande país exportador de recursos e produtos agrícolas.
Assim, as vantagens econômicas e comerciais das duas partes se satisfazem de maneira mútua.
De acordo com estatísticas brasileiras, o comércio bilateral entre as duas nações registrou US$ 9,151 bilhões em 2004 e cresceu para US$ 36,1 bilhões em 2009, ano em que a China ultrapassou os Estados Unidos para ser o maior parceiro sócio comercial do Brasil.
Os projetos de cooperação econômica entre os dois países se incrementaram e os investimentos são cada dia maiores.
Empresas estatais chinesas como a Gree, Traxx, Huawei, ZTE e CITIC já estabeleceram filiais no Brasil.
Empresas como a fabricante de automóveis Chery e a empresa petrolífera CNOOC já prospectam o mercado brasileiro.
Em março de 2010 foi inaugurado o maior gasoduto do Brasil, o Gasoduto de Integração Sudeste Nordeste (Gasene), em parceria entre as empresas Petrobras e Sinopec.
Brasil também investe na China
Empresas como a Embraer, fabricante de aeronaves reconhecidas mundialmente, obtiveram bons resultados com seus investimentos na China.
Em ciência e tecnologia, o projeto do satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres CBERS entrou em seus 22 anos e foi protótipo da cooperação Sul-Sul.
Os dois países lançaram três satélites CBERS, que forneceram muitos dados úteis e o quarto satélite CBERS será lançado em 2011.
Os dois países também desfrutam a cada dia de um amplo intercâmbio cultural.
Dois institutos de Confúcio passaram a funcionar em São Paulo, a maior cidade do Brasil e em Brasília, capital do país.
O embaixador chinês no Brasil, Qiu Xiaoqi disse que, em novembro de 2010, a China celebrará um mês de sua cultura no Brasil para mostrar as atrações desse campo da China na nação sul-americana.
Como dois importantes países emergentes, China e Brasil compartilham posições em muitos assuntos internacionais.
Sobretudo, desde a crise financeira, os dois países experimentaram uma cooperação mais estreita em temas globais como economia mundial, reforma do sistema financeiro internacional e mudança climática.
Ambas as nações se esforçaram para ampliar a voz e aumentar o direito à tomada de decisão dos países em vias de desenvolvimento, para garantir seus benefícios e promover um mundo multilateral.
Entrevistado pela Xinhua, o vice-secretário de Assuntos Políticos e Asiáticos do Ministério de Relações Externas do Brasil, Roberto Jaguaribe, assinalou que as relações entre Brasiul e China ultrapassaram a categoria bilateral, pois "os dois países desempenharam um papel cada dia mais importante no cenário internacional".
Jaguaribe afirmou que as duas nações possuem muitos sistemas de diálogo para analizar os temas de interesse comum e que cooperam em muitos assuntos concretos.
Nos grupos de países BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China), BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e no Grupo dos 20, no tema da mudança climática, assim como na Organização Mundial de Comércio (OMC), Brasil e China tem boas relações de cooperação.
Qiu também considera que "como dois importantes países emergentes, China e Brasil terão uma perspectiva brilhante. Sob o esforço conjunto de ambas as partes, nossa cooperação em todas as esferas chegarão a um nível mais alto e esta relação de cooperação trará seguraente mais benefício a ambos os povos".
Fonte: Observatório de la política china (http://www.politica-china.org/)
Re: GEOPOLÍTICA
9 de abril de 2010 às 9:44
O eixo do mundo roda para a Ásia. O Brasil deve apenas assistir?
por Luiz Carlos Azenha
Recentemente o Viomundo republicou um artigo de Otávio Frias Filho sobre a política externa brasileira. O estilo é elegante, como sempre, embora eu discorde do conteúdo. O publisher da Folha argumenta que a política externa é algo muito sério para ficar nas mãos de diplomatas ou ideólogos. Talvez devesse acrescentar os jornalistas nessa lista. Especialmente aqueles cuja curiosidade intelectual parece anestesiada ou subordinada a projetos eleitorais.
Há algumas semanas fui ao Rio de Janeiro entrevistar o historiador Alberto da Costa e Silva. Ele fez observações sobre a inserção da África no comércio internacional antes das grandes viagens de “descobrimento” dos europeus. Usei as aspas pelo fato de que, na verdade, foram os asiáticos que primeiro navegaram o oceano Índico em direção à África para fazer comércio, dominado então pelos mercadores árabes. Isso explica porque objetos chineses foram encontrados por arqueólogos em escavações feitas na costa africana do Índico, por exemplo.
Só muito mais tarde, a partir dos primórdios da revolução industrial, os europeus gradativamente assumiram o controle do comércio e colonizaram as Américas, a Ásia e a África, para levar os três C’s: Comércio, Civilização e Cristianismo.
Podemos dizer, sem medo de errar, que o processo de descolonização ainda está em andamento e que será acelerado pela decadência relativa da Europa e dos Estados Unidos em relação a países ou grupos de países emergentes: China, Índia e Brasil, mas também Coréia do Sul, Indonésia e Irã. E as relações que estes países desenvolverão entre si, sem pedir licença a Washington, Londres ou Paris.
A política externa num mundo multipolar é muito mais complexa do que era no período da guerra fria, quando nossas escolhas ficavam limitadas a integrar o espaço geopolítico dos Estados Unidos ou da União Soviética. Diz-se que era a armadilha da “competição” entre Coca-Cola e Pepsi, quando muitos talvez tivessem feito outra escolha, se pudessem fazê-lo. Houve um ensaio, no movimento dos países não-alinhados, sem efeitos práticos consideráveis.
Mas o fim da guerra fria e a ascensão econômica da China promoveram a revolução mundial em andamento: os eixos de poder estão em deslocamento acelerado. Nos Estados Unidos se fala do século 21 como mais um século americano (estadunidense), mas não há como negar que este será o século da Ásia, pelo poder combinado de grandes populações consumidoras, educadas e dotadas de alta tecnologia.
É só juntar a China, a Índia, o Japão, a Indonésia, a Coréia do Sul, a Malásia, as Filipinas, o Vietnã , boa parte da Rússia e o Irã para vocês terem uma ideia do que estou falando.
O que me leva de volta àquela conversa com o historiador Alberto da Costa e Silva, que observou que a África estava voltando lentamente a ser o que foi antes dos grandes descobrimentos dos europeus: um espaço periférico do comércio asiático.
Tenho visto isso em minhas viagens à África. É um fenômeno que em breve abordaremos na revista Nova África: a penetração chinesa. Os três Cs da China na África são: Chineses, Comércio e Construção. Beijing incentiva a imigração de chineses para o continente, em busca de oportunidades de negócio. Eles já dominam o comércio em vários países, inclusive onde me encontro, Cabo Verde.
Trazem consigo mercadorias baratas. Existe algum ressentimento contra a presença dos chineses, mas muito menos do que quer fazer crer a mídia ocidental. A população local, pelo menos nesse primeiro momento, reconhece que entrou no mundo do consumo pelas mãos dos chineses. Outro dia chequei o preço de um DVD em uma loja chinesa: o equivalente a 100 reais. Famílias inteiras que antes não podiam calçar os filhos ou comprar material escolar para mandá-los à escola agora podem fazê-lo.
Além disso, em países onde os europeus só deixaram a infraestrutura básica necessária à exploração dos recursos locais, os chineses fazem obras fundamentais para o desenvolvimento. Aqui em Cabo Verde, um país árido, fizeram a primeira grande represa para capturar a água de chuva que corria para o oceano, o que poderá ter consequências notáveis para a produtividade agrícola. Tudo feito em tempo recorde, com mão-de-obra chinesa, por construtoras chinesas e financiamento chinês.
Neocolonialismo? É um debate interessante, com os chineses argumentando em sua defesa que não interferem na política local, não promovem ocupação territorial, nem cultural.
Também noto, em minhas viagens, o surgimento de fontes de informação que já não refletem mimeticamente as ideias de Washington, Londres ou Paris. A rede árabe Al Jazeera tem uma audiência notável, especialmente no norte da África. O jornal Asia Times Online, do qual frequentemente reproduzo artigos traduzidos pela Caia Fittipaldi, tem iluminado de forma notável o intrincado jogo diplomático e econômico nas relações entre China, Índia, Irã e Rússia. É parte do que eu definiria como “descolonização mental”.
Em seu artigo sobre a política externa brasileira, o publisher da Folha argumenta que o Brasil não deve “caçar” confrontos gratuitos com os Estados Unidos. Que eles virão naturalmente. Ele pode ter razão, não sei. Mas acho que a questão é muito mais complexa e que não deve ser tratada a partir da perspectiva de nossas relações com Washington. Trata-se de discutir qual é a inserção do Brasil em um mundo multipolar, no qual o eixo do poder se desloca para Ásia.
É nesse contexto que cabe avaliar as relações bilaterais do Brasil com países como a Rússia, a China, a Índia e o Irã.
Em minha modesta opinião, devemos buscar uma política multifacetada, que explore os consensos e mesmo as dissensões entre os diferentes protagonistas, mirando sempre no interesse econômico nacional e tirando proveito do papel sui generis do Brasil como uma potência diplomática, não militar. Não acho prudente subordinar a política externa brasileira, aqui ou ali, aos interesses de Washington ou Beijing, mesmo que no curto prazo isso represente ganhos econômicos.
Não sou especialista, apenas um curioso, mas me parece que chegou a hora de descolonizar nossas relações externas. O que começa pela descolonização mental.
O eixo do mundo roda para a Ásia. O Brasil deve apenas assistir?
por Luiz Carlos Azenha
Recentemente o Viomundo republicou um artigo de Otávio Frias Filho sobre a política externa brasileira. O estilo é elegante, como sempre, embora eu discorde do conteúdo. O publisher da Folha argumenta que a política externa é algo muito sério para ficar nas mãos de diplomatas ou ideólogos. Talvez devesse acrescentar os jornalistas nessa lista. Especialmente aqueles cuja curiosidade intelectual parece anestesiada ou subordinada a projetos eleitorais.
Há algumas semanas fui ao Rio de Janeiro entrevistar o historiador Alberto da Costa e Silva. Ele fez observações sobre a inserção da África no comércio internacional antes das grandes viagens de “descobrimento” dos europeus. Usei as aspas pelo fato de que, na verdade, foram os asiáticos que primeiro navegaram o oceano Índico em direção à África para fazer comércio, dominado então pelos mercadores árabes. Isso explica porque objetos chineses foram encontrados por arqueólogos em escavações feitas na costa africana do Índico, por exemplo.
Só muito mais tarde, a partir dos primórdios da revolução industrial, os europeus gradativamente assumiram o controle do comércio e colonizaram as Américas, a Ásia e a África, para levar os três C’s: Comércio, Civilização e Cristianismo.
Podemos dizer, sem medo de errar, que o processo de descolonização ainda está em andamento e que será acelerado pela decadência relativa da Europa e dos Estados Unidos em relação a países ou grupos de países emergentes: China, Índia e Brasil, mas também Coréia do Sul, Indonésia e Irã. E as relações que estes países desenvolverão entre si, sem pedir licença a Washington, Londres ou Paris.
A política externa num mundo multipolar é muito mais complexa do que era no período da guerra fria, quando nossas escolhas ficavam limitadas a integrar o espaço geopolítico dos Estados Unidos ou da União Soviética. Diz-se que era a armadilha da “competição” entre Coca-Cola e Pepsi, quando muitos talvez tivessem feito outra escolha, se pudessem fazê-lo. Houve um ensaio, no movimento dos países não-alinhados, sem efeitos práticos consideráveis.
Mas o fim da guerra fria e a ascensão econômica da China promoveram a revolução mundial em andamento: os eixos de poder estão em deslocamento acelerado. Nos Estados Unidos se fala do século 21 como mais um século americano (estadunidense), mas não há como negar que este será o século da Ásia, pelo poder combinado de grandes populações consumidoras, educadas e dotadas de alta tecnologia.
É só juntar a China, a Índia, o Japão, a Indonésia, a Coréia do Sul, a Malásia, as Filipinas, o Vietnã , boa parte da Rússia e o Irã para vocês terem uma ideia do que estou falando.
O que me leva de volta àquela conversa com o historiador Alberto da Costa e Silva, que observou que a África estava voltando lentamente a ser o que foi antes dos grandes descobrimentos dos europeus: um espaço periférico do comércio asiático.
Tenho visto isso em minhas viagens à África. É um fenômeno que em breve abordaremos na revista Nova África: a penetração chinesa. Os três Cs da China na África são: Chineses, Comércio e Construção. Beijing incentiva a imigração de chineses para o continente, em busca de oportunidades de negócio. Eles já dominam o comércio em vários países, inclusive onde me encontro, Cabo Verde.
Trazem consigo mercadorias baratas. Existe algum ressentimento contra a presença dos chineses, mas muito menos do que quer fazer crer a mídia ocidental. A população local, pelo menos nesse primeiro momento, reconhece que entrou no mundo do consumo pelas mãos dos chineses. Outro dia chequei o preço de um DVD em uma loja chinesa: o equivalente a 100 reais. Famílias inteiras que antes não podiam calçar os filhos ou comprar material escolar para mandá-los à escola agora podem fazê-lo.
Além disso, em países onde os europeus só deixaram a infraestrutura básica necessária à exploração dos recursos locais, os chineses fazem obras fundamentais para o desenvolvimento. Aqui em Cabo Verde, um país árido, fizeram a primeira grande represa para capturar a água de chuva que corria para o oceano, o que poderá ter consequências notáveis para a produtividade agrícola. Tudo feito em tempo recorde, com mão-de-obra chinesa, por construtoras chinesas e financiamento chinês.
Neocolonialismo? É um debate interessante, com os chineses argumentando em sua defesa que não interferem na política local, não promovem ocupação territorial, nem cultural.
Também noto, em minhas viagens, o surgimento de fontes de informação que já não refletem mimeticamente as ideias de Washington, Londres ou Paris. A rede árabe Al Jazeera tem uma audiência notável, especialmente no norte da África. O jornal Asia Times Online, do qual frequentemente reproduzo artigos traduzidos pela Caia Fittipaldi, tem iluminado de forma notável o intrincado jogo diplomático e econômico nas relações entre China, Índia, Irã e Rússia. É parte do que eu definiria como “descolonização mental”.
Em seu artigo sobre a política externa brasileira, o publisher da Folha argumenta que o Brasil não deve “caçar” confrontos gratuitos com os Estados Unidos. Que eles virão naturalmente. Ele pode ter razão, não sei. Mas acho que a questão é muito mais complexa e que não deve ser tratada a partir da perspectiva de nossas relações com Washington. Trata-se de discutir qual é a inserção do Brasil em um mundo multipolar, no qual o eixo do poder se desloca para Ásia.
É nesse contexto que cabe avaliar as relações bilaterais do Brasil com países como a Rússia, a China, a Índia e o Irã.
Em minha modesta opinião, devemos buscar uma política multifacetada, que explore os consensos e mesmo as dissensões entre os diferentes protagonistas, mirando sempre no interesse econômico nacional e tirando proveito do papel sui generis do Brasil como uma potência diplomática, não militar. Não acho prudente subordinar a política externa brasileira, aqui ou ali, aos interesses de Washington ou Beijing, mesmo que no curto prazo isso represente ganhos econômicos.
Não sou especialista, apenas um curioso, mas me parece que chegou a hora de descolonizar nossas relações externas. O que começa pela descolonização mental.
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Re: GEOPOLÍTICA
Cara, eu li "Venezuela" em vez no lugar de "Valenzuela" todas as vezes que esse nome apareceu.
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Re: GEOPOLÍTICA
Bolovo escreveu:Cara, eu li "Venezuela" em vez no lugar de "Valenzuela" todas as vezes que esse nome apareceu.
eu tambem!
só me toquei agora que tu comentou!
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Re: GEOPOLÍTICA
Brasil e EUA devem assinar acordo de defesa
Centro de coleta de informações do tráfico pode ser inaugurado
Fernando Eichenberg
WASHINGTON. Brasil e Estados Unidos deverão assinar esta semana, em Washington, um acordo de cooperação em matéria de defesa. Será o primeiro desde 1977, quando o Brasil, durante o governo do presidente Ernesto Geisel, renunciou ao acordo militar firmado em 1952. O acerto entre Brasil e EUA, no entanto, não é da mesma natureza da relação estabelecida entre os americanos e a Colômbia, fruto de desentendimentos entre Washington e Brasília no ano passado.
O documento que será provavelmente assinado pelo ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, e pelo secretário de Defesa americano, Robert Gates, não permite a instalação de tropas e operações militares específicas no país.
Sistema seria gerido pela Polícia Federal
Fontes diplomáticas brasileiras em Washington negaram uma notícia que creditava ao secretário de Estado adjunto dos EUA para a América Latina, Arturo Valenzuela, uma declaração de que o acordo previa a instalação de uma base militar no Rio de Janeiro para o combate ao narcotráfico. A explicação é outra: o Brasil pretende criar um centro especial de coleta de informações do tráfico por vias aérea e marítima e nas fronteiras, gerido pela Polícia Federal, do qual poderão ser convidados a participar outros países.
A PF já tem um adido de inteligência instalado na base área e naval americana de Key West, na Flórida, que trabalha em conjunto com os departamentos de Defesa e de Segurança Nacional e agências federais principalmente no vigilância à produção, cultivo e transporte de narcóticos.
Brasil e Estados Unidos reativaram grupos de trabalho bilaterais de defesa (os chamados GTBD) há três anos. O novo acordo, que vem sendo costurado entre os dois países desde o governo de George W. Bush, pretende intensificar a cooperação estratégica militar entre os dois países
Centro de coleta de informações do tráfico pode ser inaugurado
Fernando Eichenberg
WASHINGTON. Brasil e Estados Unidos deverão assinar esta semana, em Washington, um acordo de cooperação em matéria de defesa. Será o primeiro desde 1977, quando o Brasil, durante o governo do presidente Ernesto Geisel, renunciou ao acordo militar firmado em 1952. O acerto entre Brasil e EUA, no entanto, não é da mesma natureza da relação estabelecida entre os americanos e a Colômbia, fruto de desentendimentos entre Washington e Brasília no ano passado.
O documento que será provavelmente assinado pelo ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, e pelo secretário de Defesa americano, Robert Gates, não permite a instalação de tropas e operações militares específicas no país.
Sistema seria gerido pela Polícia Federal
Fontes diplomáticas brasileiras em Washington negaram uma notícia que creditava ao secretário de Estado adjunto dos EUA para a América Latina, Arturo Valenzuela, uma declaração de que o acordo previa a instalação de uma base militar no Rio de Janeiro para o combate ao narcotráfico. A explicação é outra: o Brasil pretende criar um centro especial de coleta de informações do tráfico por vias aérea e marítima e nas fronteiras, gerido pela Polícia Federal, do qual poderão ser convidados a participar outros países.
A PF já tem um adido de inteligência instalado na base área e naval americana de Key West, na Flórida, que trabalha em conjunto com os departamentos de Defesa e de Segurança Nacional e agências federais principalmente no vigilância à produção, cultivo e transporte de narcóticos.
Brasil e Estados Unidos reativaram grupos de trabalho bilaterais de defesa (os chamados GTBD) há três anos. O novo acordo, que vem sendo costurado entre os dois países desde o governo de George W. Bush, pretende intensificar a cooperação estratégica militar entre os dois países
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Aquífero descoberto no Norte seria maior que Guarani
Reserva, sob Amazonas, Amapá e Pará, permitiria acesso mais fácil à água por ser mais espessa e menos profunda
Karina Ninni - O Estado de S.Paulo
Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) divulgarão oficialmente na semana que vem a descoberta do que afirmam ser o maior aquífero do mundo. A imensa reserva subterrânea sob os Estados do Pará, Amazonas e Amapá tem o nome provisório de Aquífero Alter do Chão - em referência à cidade de mesmo nome, centro turístico perto de Santarém.
"Temos estudos pontuais e vários dados coletados ao longo de mais de 30 anos que nos permitem dizer que se trata da maior reserva de água doce subterrânea do planeta. É maior em espessura que o Aquífero Guarani, considerado pela comunidade científica o maior do mundo", assegura Milton Matta, geólogo da UFPA. A capacidade do aquífero não foi estabelecida. Os dados preliminares indicam que ele possui uma área de 437,5 mil quilômetros quadrados e espessura média de 545 metros. "É menor em extensão, mas maior em espessura do que o Guarani."
Matta cita a porosidade da rocha em que a água está depositada como um dos indícios do potencial do reservatório. "A rocha é muito porosa, o que indica grande capacidade de reserva de água. Além do mais, a permeabilidade - a conexão entre os poros da rocha - também é grande."
Segundo ele, apesar de as dimensões da reserva não terem sido mapeadas, sai do aquífero a água que abastece 100% de Santarém e quase toda Manaus. "A vazão dos poços perfurados na região do aquífero é outro indício de que sua reserva é muito grande", afirma Matta.
Para o geólogo Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, a comparação com o Guarani é interessante como referência, mas complicada. "O Guarani é um aquífero extremamente importante para o Brasil e para a América Latina, mas não é o maior do mundo. Há pelo menos um aquífero, na Austrália, que é maior que o Guarani", contesta
Para Hirata, também se deve levar em conta a localização das reservas ao se comparar as duas. "Pela alta demanda e pela baixa disponibilidade de água que temos nas Regiões Sudeste e Sul, podemos dizer que o Guarani é estrategicamente muito mais importante do que um aquífero no Norte, mesmo que imenso."
Matta afirma categoricamente que o Aquífero Alter do Chão pode abastecer toda a população do mundo por centenas de anos. Afirma também que o acesso à água da reserva nortista é fácil. "Aqui, o sujeito encontra água a uma profundidade de 300, 350 metros. Para chegar até a reserva do Guarani, às vezes é preciso cavar mais de mil metros.""
O próximo passo do pesquisador é conseguir financiamento para um estudo sistemático da reserva subterrânea. Matta já concluiu um projeto para pedir recursos ao Banco Mundial
Reserva, sob Amazonas, Amapá e Pará, permitiria acesso mais fácil à água por ser mais espessa e menos profunda
Karina Ninni - O Estado de S.Paulo
Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) divulgarão oficialmente na semana que vem a descoberta do que afirmam ser o maior aquífero do mundo. A imensa reserva subterrânea sob os Estados do Pará, Amazonas e Amapá tem o nome provisório de Aquífero Alter do Chão - em referência à cidade de mesmo nome, centro turístico perto de Santarém.
"Temos estudos pontuais e vários dados coletados ao longo de mais de 30 anos que nos permitem dizer que se trata da maior reserva de água doce subterrânea do planeta. É maior em espessura que o Aquífero Guarani, considerado pela comunidade científica o maior do mundo", assegura Milton Matta, geólogo da UFPA. A capacidade do aquífero não foi estabelecida. Os dados preliminares indicam que ele possui uma área de 437,5 mil quilômetros quadrados e espessura média de 545 metros. "É menor em extensão, mas maior em espessura do que o Guarani."
Matta cita a porosidade da rocha em que a água está depositada como um dos indícios do potencial do reservatório. "A rocha é muito porosa, o que indica grande capacidade de reserva de água. Além do mais, a permeabilidade - a conexão entre os poros da rocha - também é grande."
Segundo ele, apesar de as dimensões da reserva não terem sido mapeadas, sai do aquífero a água que abastece 100% de Santarém e quase toda Manaus. "A vazão dos poços perfurados na região do aquífero é outro indício de que sua reserva é muito grande", afirma Matta.
Para o geólogo Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, a comparação com o Guarani é interessante como referência, mas complicada. "O Guarani é um aquífero extremamente importante para o Brasil e para a América Latina, mas não é o maior do mundo. Há pelo menos um aquífero, na Austrália, que é maior que o Guarani", contesta
Para Hirata, também se deve levar em conta a localização das reservas ao se comparar as duas. "Pela alta demanda e pela baixa disponibilidade de água que temos nas Regiões Sudeste e Sul, podemos dizer que o Guarani é estrategicamente muito mais importante do que um aquífero no Norte, mesmo que imenso."
Matta afirma categoricamente que o Aquífero Alter do Chão pode abastecer toda a população do mundo por centenas de anos. Afirma também que o acesso à água da reserva nortista é fácil. "Aqui, o sujeito encontra água a uma profundidade de 300, 350 metros. Para chegar até a reserva do Guarani, às vezes é preciso cavar mais de mil metros.""
O próximo passo do pesquisador é conseguir financiamento para um estudo sistemático da reserva subterrânea. Matta já concluiu um projeto para pedir recursos ao Banco Mundial
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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