Olha Prick, tenho o maior respeito por vc, desde os tempos do SA. Mas vc tem que parar com essa paranóia de achar que só porque sai uma reportagem contra o PT, é aviso de golpe. Não é não. A imprensa pode não gostar do Lula/PT/esquerda, mas se está pagando os impostos, então basta que o Lula/PT/Esquerda caiam de pau com ações na justiça, caso alguma reportagem seja mentirosa. Mas fora disso, qq país do mundo, e eu faço questão de incluir os EUA, tem , ou sua imprensa "parceira", ou a inimiga mesmo... No Brasilsão, que não é melhor nem pior, vai ser assim tb.
Ruim mesmo, inaceitável, é não ter imprensa como na Venezuela, Cuba, casadocralhoestão e por aí vai...
Tu tá ficando velho, o post(apesar de concordar com ele) nem é meu!
Olha Prick, tenho o maior respeito por vc, desde os tempos do SA. Mas vc tem que parar com essa paranóia de achar que só porque sai uma reportagem contra o PT, é aviso de golpe. Não é não. A imprensa pode não gostar do Lula/PT/esquerda, mas se está pagando os impostos, então basta que o Lula/PT/Esquerda caiam de pau com ações na justiça, caso alguma reportagem seja mentirosa. Mas fora disso, qq país do mundo, e eu faço questão de incluir os EUA, tem , ou sua imprensa "parceira", ou a inimiga mesmo... No Brasilsão, que não é melhor nem pior, vai ser assim tb.
Ruim mesmo, inaceitável, é não ter imprensa como na Venezuela, Cuba, casadocralhoestão e por aí vai...
Tu tá ficando velho, o post(apesar de concordar com ele) nem é meu!
[]´s[/quote]
Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...
Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.
Os sábios PENSAM
Os Inteligentes COPIAM
Os Idiotas PLANTAM e os
Os Imbecis FINANCIAM...
30/03/2010 - 09h53 Lula faz homenagem a Octavio Frias de Oliveira
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O empresário Octavio Frias de Oliveira foi homenageado de forma póstuma ontem pelo governo com a Ordem do Mérito das Comunicações Jornalista Roberto Marinho, condecoração a personalidades que se destacaram no setor de comunicações no país.
A comenda foi concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no grau de grã-cruz, a mais elevada de suas cinco classes. Frias, publisher do Grupo Folha, morreu aos 94, em abril de 2007.
O governo homenageou também os jornalistas Alberto Dines e Armando Nogueira, que morreu ontem, aos 83. Maria Cristina Frias, colunista da Folha, recebeu no gabinete do presidente a homenagem a seu pai. O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, também participou da solenidade.
Pela Folha, estavam presentes Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal, e Melchiades Filho, diretor-executivo da Sucursal de Brasília.
"Uma das maiores contribuições do meu pai foi a de que um veículo de comunicação precisa ser independente e pluralista, porque o público quer conhecer todos os lados dos fatos e isso era muito da personalidade dele, uma pessoa sempre pronta a ouvir o outro lado", disse Maria Cristina.
"Escolhemos três nomes que são realmente ícones da imprensa brasileira. Convivi muito pouco com "seu" Frias, porém o bastante para me lembrar de seus gestos muito atenciosos", disse o ministro Hélio Costa (Comunicações).
Dines, que dirigiu o "Jornal do Brasil" nos anos 60 e introduziu a crítica regular do jornalismo no país, afirmou que "foi uma cerimônia sem grandes pompas, mas teve uma mensagem muito clara do presidente, que ele tem o maior respeito pela imprensa nas suas duas vertentes: um publisher e um jornalista de batente".
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem." João Guimarães Rosa
rodrigo escreveu:30/03/2010 - 09h53 Lula faz homenagem a Octavio Frias de Oliveira
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O empresário Octavio Frias de Oliveira foi homenageado de forma póstuma ontem pelo governo com a Ordem do Mérito das Comunicações Jornalista Roberto Marinho, condecoração a personalidades que se destacaram no setor de comunicações no país.
A comenda foi concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no grau de grã-cruz, a mais elevada de suas cinco classes. Frias, publisher do Grupo Folha, morreu aos 94, em abril de 2007.
O governo homenageou também os jornalistas Alberto Dines e Armando Nogueira, que morreu ontem, aos 83. Maria Cristina Frias, colunista da Folha, recebeu no gabinete do presidente a homenagem a seu pai. O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, também participou da solenidade.
Pela Folha, estavam presentes Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal, e Melchiades Filho, diretor-executivo da Sucursal de Brasília.
"Uma das maiores contribuições do meu pai foi a de que um veículo de comunicação precisa ser independente e pluralista, porque o público quer conhecer todos os lados dos fatos e isso era muito da personalidade dele, uma pessoa sempre pronta a ouvir o outro lado", disse Maria Cristina.
"Escolhemos três nomes que são realmente ícones da imprensa brasileira. Convivi muito pouco com "seu" Frias, porém o bastante para me lembrar de seus gestos muito atenciosos", disse o ministro Hélio Costa (Comunicações).
Dines, que dirigiu o "Jornal do Brasil" nos anos 60 e introduziu a crítica regular do jornalismo no país, afirmou que "foi uma cerimônia sem grandes pompas, mas teve uma mensagem muito clara do presidente, que ele tem o maior respeito pela imprensa nas suas duas vertentes: um publisher e um jornalista de batente".
Enlil escreveu:Áff... são um cancêr no Brasil. Pior q no RS temos ainda o Grupo RBS da máfia Sirotsky q consegue se pior do q a Globo, dal qual é vassala.
O pessoal anda chamando eles de Famiglia Sirotsky e Famiglia Marinho...
Asco total. Mas deveria ser leitura obrigatória para nossos especialistas de plantão.
Há quem defenda essa máfia, mas isso ainda pode ser inocência/ignorância ou outra coisa.
Opinião do blog e-mail Imprimir comentar 17 de abril de 2010 às 19:31
Se você tem menos de 30 anos de idade hoje, significa que estava por perto dos 10 anos de idade em 1989. Por isso, não viveu a campanha presidencial daquele ano. Escrevo “viveu” no sentido de entender perfeitamente o que se passou à sua volta. Você leu a respeito ou ouviu dizer. Viver é outra coisa.
Antes, porém, vamos à origem deste post. Eu conversava com um colega jornalista a respeito de um texto que publiquei no Viomundo em que narrei minha experiência pessoal nos bastidores da TV Globo, emissora da qual eu era repórter na temporada eleitoral 2005/2006.
O post está aqui, mas eu resumo: descobri, por experiência vivida, que só cabiam denúncias contra o PT ou aliados do PT. Denúncias que batiam em outros partidos e especialmente no então candidato a governador de São Paulo, José Serra, eram menos denúncias.
Esta capa da Veja, por exemplo, mereceu repercussão acrítica na Globo. Ou seja, o Jornal Nacional reproduziu trechos do texto da revista sem confirmar de forma independente o conteúdo. Do ponto-de-vista factual, foi uma reportagem baseada em ilações e suposições. Nenhuma materialidade.
Já esta capa da IstoÉ não mereceu repercussão, acrítica ou crítica.
Na verdade, depois que colegas cobraram isonomia da direção da Globo em São Paulo — tratamento igual para iguais — confirmei de forma independente algumas informações contidas no texto, acrescentei outras e dei um número que, em minha opinião, fez a reportagem ser derrubada (jargão jornalístico para quando um trabalho vai para a gaveta do chefe): entre 2000 e 2004, a Planam comercializou 891 ambulâncias superfaturadas; 681 foram entregues antes do início do governo Lula, ou seja, no período em que José Serra e Barjas Negri eram ministros da Saúde. Isso, em si, não implica Serra, nem Negri diretamente no escândalo.
Mas deixa claro que um escândalo que se pretendia imputar ao governo Lula, para fins eleitorais, antes das eleições de 2006, teve sua gênese no governo de FHC (o mesmo se pode dizer do mensalão e da máfia dos sanguessugas, por exemplo), em ministério liderado por José Serra. Não se tratava de uma ilação ou de uma suposição, mas da verdade factual, registrada em documentos oficiais: 76% das ambulâncias superfaturadas foram entregues pela Planam no período Serra/Negri.
Para ler o que escrevi sobre isso, no meu caderninho de anotações, clique aqui.
Para ver os vídeos que faziam parte do famoso dossiê, clique aqui.
Na mesma campanha, além de viver pessoalmente a experiência das denúncias seletivas ou da repercussão seletiva das capas da revista Veja, eu também vivi o famoso episódio da compra (ou suposta compra) de um dossiê contra José Serra por parte de gente ligada ao PT. Há ainda muitos pontos obscuros sobre o episódio, inclusive sobre a origem do dinheiro.
Vivíamos a disputa entre o presidente Lula e o tucano Geraldo Alckmin quando estourou o escândalo: a apreensão em um motel de São Paulo de dinheiro vivo que seria usado para comprar o dossiê. A apreensão aconteceu no dia 15 de setembro de 2006. Mas as famosas fotos do dinheiro só apareceram na antevéspera do primeiro turno, em 29 de setembro de 2006, vazadas pelo delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno, com Lula (lembrem-se, candidato à reeleição) apresentado na Folha de sábado, 30 de setembro de 2006, véspera da eleição, no papel de trombadinha:
Curiosamente, todo o episódio dos aloprados mereceu extensa cobertura da mídia brasileira, com investimento dos melhores recursos disponíveis para esclarecer o que de fato aconteceu. Porém, o vazamento das fotos, em si, não recebeu o mesmo tratamento.
Narro o caso detalhadamente no livro do Viomundo e na versão antiga do site: o vazamento foi feito pelo delegado Edmilson Bruno a um grupo de repórteres. O delegado se comporta como um editor, sugerindo que os repórteres usem o photoshop. O delegado pede que as imagens recebam ampla disseminação. O delegado quer ver as imagens nos telejornais. O delegado informa aos repórteres que pretende mentir a um superior, jogando a culpa em uma faxineira.
No dia seguinte, os jornais publicaram trechos de uma entrevista do delegado Bruno quando muitos repórteres — pelo menos todos aqueles que receberam as fotos — já sabiam que ele estava mentindo. Para além de todas as questões éticas envolvidas no caso, que não pretendo abordar aqui, permanece uma curiosidade. A que “foto da Globo” o delegado se refere quando conversa com os repórteres? Foi feita uma foto especialmente para a Globo divulgar?
Para ver + vídeos sobre o delegado e os jornalistas, clique aqui.
Como vocês, especialmente os jovens jornalistas, já devem ter notado, trata-se de um padrão: a seletividade. Seletividade de capas repercutidas. Seletividade dos denunciados. Seletividade dos ângulos investigados.
Seletividade a serviço de quem?
Mas, depois desta longa digressão, volto àquela conversa que tive com um colega, quando argumentei que 2006 estava de volta.
Ele: Não, vai ser pior, vai ser 1989.
E hoje, ao ler o blog do Evaldo Novelini, me dei conta de que eles (meu colega e o Novelini) têm razão.
Teremos 2006 + 1989.
O que o Novelini fez foi trazer de volta as capas da Veja, sempre ela.
Com medo do Lula (lembrem-se, meninos e meninas, Lula era candidato a presidente em 1989), a Veja ajudou a inventar no cenário político, em parceria com a TV Globo, o “caçador de marajás” Fernando Collor de Melo. Naquela época, essa era a dupla de ouro da mídia brasileira. O combo Globo + Veja era de fato formador de opinião. Não havia internet. A audiência das emissoras de TV era muito mais alta. Não havia DVD, nem TV a cabo.
Primeiro a Veja fez assim:
Depois, a Veja apresentou a solução (acompanhada, por exemplo, pelo Globo Repórter, que dedicou um programa completo ao governador de Alagoas):
Para ver mais, no blog do Novelini, clique aqui.
Pesquisem, que não pretendo me alongar por aqui:
1989 foi o ano em que Collor acusou Lula de ser dono de um aparelho de som muito sofisticado, injustificável para uma pessoa de origem humilde (não é brincadeira, é sério);
1989 foi o ano em que Collor levou à propaganda eleitoral Miriam Cordeiro, mulher com a qual Lula, viúvo, teve uma filha que reconheceu. Acusação? Lula teria pedido a Miriam que abortasse a criança e teria feito observações racistas em conversas cotidianas. Mas antes de aparecer na propaganda eleitoral de Collor, Miriam Cordeiro fez a denúncia diretamente no Jornal Nacional.
1989 foi o ano em que o jornal O Globo, para justificar o uso de Miriam Cordeiro na campanha eleitoral, produziu editorial em que defendeu parâmetros sobre a transparência na vida pessoal dos políticos que não aplicou mais tarde, quando escondeu durante quase duas décadas o filho de Fernando Henrique Cardoso com uma jornalista da empresa:
O Direito de Saber:
O povo brasileiro não está acostumado a ver desnudar-se a seus olhos a vida particular dos homens públicos.
O povo brasileiro também não está acostumado à prática da Democracia.
A prática da Democracia recomenda que o povo saiba tudo o que for possível saber sobre seus homens públicos, para poder julgar melhor na hora de elegê-los.
Nos Estados Unidos, por exemplo, com freqüência homens públicos vêem truncada a carreira pela revelação de fatos desabonadores do seu comportamento privado. Não raro, a simples divulgação de tais fatos os dissuade de continuarem a pleitear a preferência do eleitor. Um nebuloso acidente de carro em que morreu uma secretária que o acompanhava barrou, provavelmente para sempre, a brilhante caminhada do senador Ted Kennedy para a Casa Branca – para lembrar apenas o mais escandaloso desses tropeços. Coisa parecida aconteceu com o senador Gary Hart; por divulgar-se uma relação que comprometia o seu casamento, ele nem sequer pôde apresentar-se à Convenção do Partido Democrata, na última eleição americana.
Na presente campanha, ninguém negará que, em todo o seu desenrolar, houve uma obsessiva preocupação dos responsáveis pelo programa do horário eleitoral gratuito da Frente Brasil Popular de esquadrinhar o passado do candidato Fernando Collor de Mello. Não apenas a sua atividade anterior em cargos públicos, mas sua infância e adolescência, suas relações de família, seus casamentos, suas amizades. Presume-se que tenham divulgado tudo de que dispunham a respeito.
O adversário vinha agindo de modo diferente. A estratégia dos propagandistas de Collor não incluía a intromissão no passado de Luís Inácio Lula da Silva nem como líder sindical nem muito menos remontou aos seus tempos de operário-torneiro, tão insistentemente lembrados pelo candidato do PT.
Até que anteontem à noite surgiu nas telas, no horário do PRN, a figura da ex-mulher de Lula, Miriam Cordeiro, acusando o candidato de ter tentado induzi-la a abortar uma criança filha de ambos, para isso oferecendo-lhe dinheiro, e também de alimentar preconceitos contra a raça negra.
A primeira reação do público terá sido de choque, a segunda é a discussão do direito de trazer-se a público o que, quase por toda parte, se classificava imediatamente de ‘baixaria’.
É chocante mesmo, lamentável que o confronto desça a esse nível, mas nem por isso deve-se deixar de perguntar se é verdadeiro. E se for verdadeiro, cabe indagar se o eleitor deve ou não receber um testemunho que concorre para aprofundar o seu conhecimento sobre aquela personalidade que lhe pede o voto para eleger-se Presidente da República, o mais alto posto da Nação.
É de esperar que o debate desta noite não se macule por excessos no confronto democrático, e que se concentre na discussão dos problemas nacionais.
Mas a acusação está no ar. Houve distorção? Ou aconteceu tal como narra a personagem apresentada no vídeo? Não cabe submeter o caso a inquérito. A sensibilidade do eleitor poderá ajudá-lo a discernir onde está a verdade – e se ela deve influenciar-lhe o voto, domingo próximo, quando estiver consultando apenas a sua consciência.
EDITORIAL PUBLICADO EM O GLOBO NO DIA 14 DE DEZEMBRO DE 1989, QUINTA-FEIRA, DATA EM QUE LULA E COLLOR TRAVARAM O DEBATE FINAL ANTES DO SEGUNDO TURNO, EM 17/12/89
1989 foi o ano em que a polícia paulista vestiu uma camisa do PT em um dos sequestradores do empresário Abílio Diniz.
1989 foi o ano em que o então presidente da FIESP, Mário Amato, previu com ampla cobertura midiática que 800 mil empresários brasileiros fugiriam do país se Lula fosse eleito presidente.
1989 foi o ano da famosa edição deturpada do debate entre Lula e Collor, que foi ao ar no Jornal Nacional do dia 15 de dezembro faltando dois dias para o segundo turno, numa época em que o JN marcava mais de 60 pontos de audiência.
Tenho insistido que, mais do que a manipulação do conteúdo editorial, a violação mais flagrante da Globo naquela noite foi a divulgação, logo depois do compacto do debate, de uma pesquisa mostrando que Collor tinha “vencido” por ampla margem. A pesquisa incluiu uma pergunta que não tinha relação direta com o debate: o mais preparado para governar.
O Jornal Nacional omitiu que o Vox Populi, que fez a pesquisa, tinha trabalhado na construção da imagem de Collor.
E jogou os números no ar assim:
Collor, o mais preparado para governar por 48% a 30%, faltando apenas dois dias para o segundo turno.
Collor, o mais preparado para governar por 48% a 30%, numa eleição que ele venceu por margem inferior a 6%.
Sobre a edição do compacto, disse Armando Nogueira, em 1989 diretor de Jornalismo da emissora, em gravação incluída no documentário britânico “Beyond Citizen Kane”:
“Eu quando fui ao dono da empresa, protestar contra a exibição do compacto, que foi posto no ar à minha revelia, eu quando fui conversar com o dono da empresa, doutor Roberto Marinho, eu disse a ele — isso foi no dia seguinte à exibição do compacto — eu disse a ele doutor Roberto, eu não vi esse compacto, se eu tivesse visto teria impedido que fosse pro ar e se eu não pudesse ter impedido eu viria aqui ao senhor dizer o que eu vou dizer agora: a Rede Globo foi infeliz, fez uma edição burra, burra, porque não precisava ser burra”.
Vejam o que o Carlos Matheus, do Gallup, comentou a respeito do episódio:
“Havia uma tendencia de aproximação entre os dois candidatos e no dia do debate eles estavam a apenas 1% de diferença; com este… este resumo do debate na sexta-feira a pesquisa do sábado mostrou uma abertura de diferença e no domingo a diferença que era de um ponto apareceu com quatro pontos”.
Confiram no vídeo abaixo um trecho do documentário:
Para ver todo o documentário da TV britânica sobre a Globo, clique aqui.
Portanto, vocês podem notar que desde a redemocratização brasileira já temos uma certa tradição nos chamados “golpes de véspera” (aos quais os estadunidenses se referem como “october surprise”, já que as eleições lá acontecem no início de novembro). Como somos herdeiros do marketing eleitoral desenvolvido nos Estados Unidos, não é de estranhar que isso aconteça.
E a matriz dessa tradição está na seletividade das denúncias, das notícias e dos alvos de investigações.
Na manipulação e na divulgação de pesquisas de opinião.
Num próximo post pretendo explorar melhor essa linha histórica que fará da campanha deste ano 2006 + 1989.
20 de abril de 2010 às 2:24 Só rindo: Como a popularidade de Lula em 2010 não o ajudou em 1998
Datafolha e os escribas de Kafka
por Gilson Caroni
Picles não combinam com morangos, mas o jornalismo brasileiro, em anos eleitorais, é a cozinha das combinações intragáveis. Se for do agrado do paladar do patrão, titulares de carteirinha de jornalista se esmeram em preparar saladas que levam o agridoce ao paroxismo. Como já observou Alberto Dines, em artigo publicado no Observatório da Imprensa, “ampliam-se as insignificâncias, criam-se pseudofatos (os famosos factóides), e até confere-se relevância política às matérias produzidas pelos marqueteiros nos seus comerciais. É a inversão total de simples preceitos jornalísticos”
Ao ocultar os dados da mais recente pesquisa Vox Populi que, demonstrando um consistente crescimento da candidatura de Dilma Rousseff, desmente as últimas projeções do Datafolha, O Globo e Folha de São Paulo deixam claro que, dependendo do resultado, sondagens de opinião servem para tudo. Ou para nada, de acordo com a preferência da clientela.
Se o resultado é conveniente para os candidatos das corporações, números teoricamente transitórios são utilizados como tendência definitiva. Se ocorrer o contrário, trata-se de um retrato do momento” com alta probabilidade de ser modificado até o dia do pleito. Não peçam análise séria em exercícios de imaginação militante.
Pelos caminhos da ficção, Franz Kafka atingiu a realidade da incoerência e da solidão humana. Pelos caminhos da redação partidarizada, se chega com facilidade a uma literatura ridícula, inversamente hilária à verdade factual que pretende distorcer. É uma experiência humorística que não pode ser ignorada, sob pena de perdermos excelente oportunidade de divertimento. Vejamos dois casos recentes. São excelentes exemplos de genuflexão permanente.
Ainda no sábado (3/4), a jornalista Renata Lo Prete, editora da coluna Painel, da Folha de São Paulo, ciente de números que só seriam divulgados à noite pela TV Bandeirantes, lançou dúvidas sobre a metodologia da sondagem que desmontava o resultado obtido pelo instituto de pesquisa da família Frias:
“Chama a atenção, no questionário de pesquisa Vox Populi sobre a sucessão presidencial com campo em 30 e 31 de março, a inclusão de pergunta relativa aos cargos que os candidatos já ocuparam, quebrando o fluxo das respostas espontânea e estimulada sobre intenção de voto. Esse tipo de procedimento é conhecido por distorcer resultados”.
É questionável se a ordem da apresentação dos temas (menção espontânea, conhecimento dos candidatos, menção estimulada) pode ou não influenciar nas respostas ao último quesito. Justamente por isso é leviano insinuar, como faz a colunista, que tal procedimento tenha produzido qualquer distorção na pesquisa do Vox Populi. Consultar especialistas não faria mal algum se Lo Prete não soubesse o que querem seus senhores. Seria interessante lembrar que a lisura do processo eleitoral compreende principalmente a lisura da imprensa que o acompanha. E nesse ponto não resta dúvida que, para patrões e seus escribas, eleições ainda são um jogo que não pressupõe qualquer relação com amadurecimento democrático e cidadania ampliada.
Outro exemplo do burlesco travestido de análise pode ser encontrado no jornal O Globo. Em sua coluna de sexta-feira, 2/04, Merval Pereira oferece trechos memoráveis que merecem ser destacados. O servilismo, esteja ou não a serviço de fanfarras eleitorais, oferece imagens que nem de longe configuram um desenho ético ou qualquer propósito respeitável.
Tentando demonstrar traços de subalternidade na postura da ex-ministra Dilma Rousseff, o colunista não titubeia:” ela chegou a usar 28 vezes o tratamento de ” senhor” ao se referir ao presidente Lula no seu discurso de despedida, o que é um sinal de subserviência não candidata com o papel de candidata à Presidência da República”
É compreensível o espanto de Merval. Afinal, trabalha em uma organização que obriga jornalista a chamar patrão de colega. Mas, tirando a força do hábito, qual seria o tratamento adequado a ser dispensado a um presidente? Para responder, bastava uma consulta aos acadêmicos que sistematizam suas reflexões diárias. Mas o tempo das manobras não permite perda de tempo com esse tipo de questão.
Em seguida, misturando números, épocas e fatos, o sincero partícipe das convicções de quem lhe paga o sal, entra em transe e soçobra diante da falta de senso lógico que ilumina os seus escritos: Lula não tem se mostrado tão bom de voto quanto sua popularidade atual indica. Perdeu duas vezes no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, o que certamente é sua maior frustração, e venceu duas vezes no segundo turno”.
Impressionante! A popularidade de 2010 não foi capaz de eleger Lula em 1994 e 1998! Se Franz Kafka estivesse entre nós certamente abriria um largo sorriso ao ler o que vai nalma do jornalista global.Repetindo Odradeck, personagem de um breve conto seu, diria que o conjunto se apresenta sem sentido, mas no seu gênero é completo”
Renata Lo Prete, Merval Pereira e Datafolha não ganhariam apenas sentido. A semelhança alucinante entre as receitas aventadas por eles e os detalhes que deformam os homens na literatura kafkaniana ganharia contorno definitivo.
Gilson Caroni Filho é professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso, no Rio.
Na última quarta-feira, dia 14, Dilma Rousseff e Otávio Frias Filho, Diretor de Redação da Folha de São Paulo, se encontraram na capital paulista para uma longa e amigável conversa.
Foi em local neutro, segundo confidenciou a candidata a um amigo.
Uma semana antes, também em São Paulo e em local neutro, ela se reuniu com Roberto Civita, presidente do Conselho da Editora Abril e Editor do grupo.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem." João Guimarães Rosa
Esperei baixar a poeira. Em vão, porque a poeira existiu apenas na internet. E tudo porque me causou estranheza ler no diário carioca O Globo (18/3/2010) a seguinte declaração de Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e executiva do grupo Folha de S.Paulo:
"A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação e, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo."
E como a poeira não baixou resolvi colocar no papel as questões que foram se multiplicando, igual praga de gafanhotos, plantação de cogumelos, irrupção de brotoejas. Ei-las:
1. É função da Associação Nacional de Jornais, além de representar legalmente os jornais, fazer o papel de oposição política no Brasil?
2. É de sua expertise mensurar o grau de força ou de fraqueza dos partidos de oposição ao governo?
3. Expirou aquela visão antiquada que tínhamos do jornalismo como sendo o de buscar a verdade, a informação legítima, para depois reportar com a maior fidelidade possível todos os assuntos que interessam à sociedade?
4. Como conciliar aquela função antiquada, própria dos que desejam fazer o bom jornalismo no Brasil, como tentei descrever na questão anterior, com a atuação político-partidária, servindo como porta-voz dos partidos de oposição?
5. Sendo o Datafolha propriedade de um dos grandes jornais do Brasil e este um dos afiliados da ANJ, como deveríamos fazer a leitura correta das pesquisas de opinião por ele trabalhadas? O Datafolha estaria também a serviço de uma oposição "que no Brasil se encontra fragilizada"?
6. Na condição de presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) será que Maria Judith Brito não se excedeu para muito além de suas responsabilidades institucionais?
7. Ou será próprio de quem brande o estatuto da liberdade de imprensa que entidade de classe de veículos de comunicação assuma o papel de oposição política no saudável debate entre governo e oposição?
8. Historicamente, sempre que um dirigente ou líder de partido político de oposição desanca o governo, seja justa ou injustamente, é natural que o governo responda à altura e na mesma intensidade com que o ataque foi desferido. Mas, no caso atual, em que a ANJ toma si para a missão de atuar como partido político de oposição, não seria de todo natural esperar que o governo reaja à altura do ataque recebido?
9. E, neste caso, como deveria ser encarada a reação do governo? Seria vista como ataque à liberdade de expressão? Ou seria considerado como legítima defesa de da liberdade de expressão ou de ideologia?
Claro e transparente
10. Durante o período de 1989 a 2002, em que a oposição política no Brasil esteve realmente fragilizada, e ao extremo, não teria sido o caso de a ANJ ter tomado para si as dores daquela oposição, muitas vezes, capenga?
11. E, no caso acima, como a ANJ acha que teriam reagido os governos Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso?
12. Com o histórico de nossos veículos de comunicação, muitos deles escorados em sua antiguidade, como aferir se há pureza de intenções por parte da ANJ em sua decisão de tomar para si responsabilidade que só lhe poderia ser concedida pelo voto dos brasileiros depositados nas urnas periodicamente? Não seria uma usurpação de responsabilidade?
13. Afinal, não é através de eleições democráticas e por sufrágio universal e secreto que a população demonstra sua aprovação ou desaprovação a partidos políticos?
14. Será legítimo que, assinantes de jornais e revistas representados pela associação presidida por Maria Judith Brito passem, doravante, a esmiuçar a cobertura política desses veículos, tentando descobrir qual a motivação dessa ou daquela reportagem, dessa ou daquela nota, dessa ou daquela capa?
15. E quanto ao direito dos eleitores de serem livremente informados... que garantias estes terão de que serão informados, de forma justa e o mais imparcial possível, das ações e idéias do governo a que declaradamente se opõe a ANJ?
16. Para aqueles autoproclamados guardiães da liberdade de expressão e do Estado democrático de direito: será papel dos meios de comunicação substituir a ação dos partidos políticos no Brasil, seja de situação ou de oposição?
17. Em isso acontecendo... não estaremos às voltas com clássica usurpação de função típica de partido político? E não seria esta uma gigantesca deformação do rito democrático?
18. Repudiam-se as relações deterioradas entre governo e mídia na Venezuela, mas ao que tudo indica nada se faz para impedir sua ocorrência no Brasil. Ironicamente, os maiores veículos de comunicação do país demonizam o país de Hugo Chávez. A origem do conflito político na Venezuela não está umbilicalmente ligado ao fato que na Venezuela os meios de comunicação funcionam como partido político de oposição, abrindo mão da atividade jornalística?
19. Esta declaração da presidente da ANJ, publicada no insuspeito O Globo, traduz fielmente o objetivo de a ANJ estabelecer a ruptura com o governo, afetar a credibilidade da imprensa e trazer insegurança a todos os governantes, uma vez que serve também aos governos estaduais e dos municípios onde a oposição estiver fragilizada?
20. Considerando esta declaração um divisor de águas quanto ao sempre intuído partidarismo e protagonismo político dos grandes veículos de comunicação do país, será que não seria mais que oportuno e inadiável a ANJ vir a público esclarecer tão formidável mudança de atitude e de missão institucional? Por que não abordar o assunto de forma clara e transparente nas páginas amarelas da revista Veja? Por que não convidar a Maria Judith Brito para ser entrevistada no programa Roda Vida da TV Cultura? Por que não convidá-la para o Programa do Jô? E para ser entrevistada pelo Heródoto Barbeiro na rádio CBN? Por que não solicitar a leitura de "Nota da ANJ"sobre o assunto no Jornal Nacional? Por que não submeter texto para publicação na seção "Tendências/Debates" do jornal Folha de S.Paulo, onde a presidente trabalha? De tão interessante não seria o momento de a revista Época traçar o perfil de Maria Judith Brito? E que tal ser sabatinada pela bancada do Canal Livre, da Band?
Prudente e sábio
Já que comecei falando de estranheza, estranhamento etc., achei esquisito a não-repercussão ostensiva da fala da presidente da ANJ junto aos veículos de seus principais afiliados. Estratégia política? Opção editorial? Ou as duas coisas?
Finalmente, resta uma questão de foro íntimo: que critério deverei usar, doravante, para separar o que é análise crítica própria de um partido político, para consumo interno de seus filiados, daquilo que é matéria propriamente jornalística, de interesse da sociedade como um todo?
Todos nós, certamente, já ouvimos centenas de vezes o ditado "cada macaco no seu galho". E todos nós o utilizamos nas mais diversas situações. O ditado é um dos mais festejados da sabedoria popular, é expressão de conhecimento, nascido da observação de fatos; um aprendizado empírico. Vem de longa data e se estabelece porque pode ser comprovado através da vivência e mais recentemente foi citado por Michel Foucault e Jurgen Habermas. No caso aqui abordado, o ditado popular cai como luva assim como as palavras de Judith Brito ficarão por muito tempo gravadas no bronze incorruptível da nossa memória.
Mesmo assim sinto ser oportuno aclarar que entendo como papel da mídia atividades como registrar, noticiar os fatos, documentar, fiscalizar os poderes, denunciar abusos e permitir à população uma compreensão mais ampla da realidade que nos abarca. Neste rol de funções não contemplo o de ser porta-voz de partido político, seja este qual for. Ora, o governo tem limites de ação: operacionais, constitucionais, políticos. A mídia, quando não investida de poderes supraconstitucionais, também tem seus limites que não são tão flexíveis a ponto de atender as conveniências dos seus proprietários ou concessionários. É prudente e sábio reconhecer que em uma sociedade democrática todos os setores precisam de regulação – e a mídia não é diferente. E é bom que não seja. Afinal, a lei é soberana e a ela todos devem se submeter, já escrevia o pensador Shoghi Effendi (1897-1957) na segunda metade de 1950. Nada mais atual que isto.
Considerada mito sob os olhares mais críticos, a imparcialidade nos meios de comunicação sempre foi objeto de discussões infindáveis, sobretudo, do lado de dentro dos muros acadêmicos. Em tempos de corrida eleitoral, a questão, polêmica por excelência, volta a monopolizar os debates, na maioria das vezes, inflamados pelas paixões partidárias. Estaria a grande imprensa se portando de maneira equilibrada em relação aos candidatos, principalmente, no que diz respeito aos postulantes à cobiçada vaga de “comandante-mor” da nação? Na análise do sociólogo e jornalista Laurindo Leal Filho, professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), a resposta é não.
“A diferença entre quase todos os meios de comunicação do Brasil e os do exterior é que, no exterior, eles assumem, publicamente, o candidato ou o partido que estão apoiando”, afirma. Categórico, ele diz que a mídia brasileira esconde sua posição política.”É praticamente impossível a isenção total”, dispara.
Leal defende que a mesma postura adotada por outros países seja incorporada pelos veículos impressos daqui, para evitar que gatos e lebres sejam colocados em um balaio comum. “É o caminho mais honesto. Do contrário, você acaba enganando o leitor com a suposta imparcialidade que, na verdade, não existe.”
Terra Magazine – Como o senhor avalia a atual cobertura eleitoral feita pela mídia? Na sua opinião, os candidatos são retratados com equilíbrio?
Laurindo Leal Filho – Não. A mídia, de uma maneira geral, não só no Brasil, mas em todos os países mais desenvolvidos, sempre assume uma posição, principalmente, nos pleitos majoritários, como é o caso de uma eleição para presidente da República. É praticamente impossível a isenção total. Os meios de comunicação, na maioria dos países, não têm nenhuma preocupação com isso. A diferença entre quase todos os meios de comunicação do Brasil e os do exterior é que, no exterior, eles assumem, publicamente, o candidato ou o partido que estão apoiando. Isso não quer dizer que vão fazer uma cobertura distorcida do pleito. Eles não escondem que têm preferência por esse ou aquele candidato. Isso, na França, na Inglaterra, é muito comum. Os jornais acompanham uma determinada tendência política, e o leitor sabe disso.
Estabelece-se uma relação mais franca com o leitor…
Infelizmente, no Brasil, alguns jornais ou a maioria deles anuncia que é independente, equidistante dos candidatos, mas, na verdade, acabam exercendo isso, que é muito ruim. Acabam escondendo do leitor a sua posição política. Acho que duas honrosas exceções no Brasil, na mídia impressa, são o Jornal O Estado de S.Paulo – que, nas duas últimas eleições, tem apoiado os candidatos do PSDB explicitamente – e a revista Carta Capital, que tem apoiado os candidatos do PT.
O senhor acredita que esse deveria ser o caminho adotado pela mídia impressa de maneira geral?
É o caminho mais honesto. Do contrário, você acaba enganando o leitor com a suposta imparcialidade que, na verdade, não existe. Basta ver o que os jornais já estão fazendo hoje nesta eleição, com posições claramente a favor do candidato da oposição. Os três grandes jornais brasileiros, Globo, Folha (de São Paulo) e Estado (de São Paulo) estão nitidamente se colocando a favor do candidato da oposição. E as revistas semanais, com exceção da Carta Capital, também. Especialmente, a Veja. Claramente, estão fazendo uma cobertura da cena política brasileira muito favorável à oposição.
Para o senhor, isso torna a disputa desleal?
Contribui. No Brasil, é pior ainda, porque os jornais impressos têm uma abrangência de cobertura relativamente pequena em relação à população, mas eles acabam pautando o rádio e a televisão. Estes, sim, atingem, praticamente, toda a população brasileira. Acompanham essa tendência não só por serem pautados nas suas linhas editoriais, nas suas coberturas, pelos grandes jornais, mas por também assumirem as candidaturas da oposição. Estou falando das grandes redes, o que é pior, porque se trata de uma ação ilegal. A televisão e o rádio são concessões públicas, diferente da mídia impressa, que são empresas particulares. São concessões públicas que estão usando o espaço público para interesses privados, que são os interesses políticos em relação a determinados candidatos. Então, eu acho que, para responder claramente, há uma distorção do processo eleitoral brasileiro no que diz respeito à cobertura da imprensa. Jornais impressos e revistas deveriam claramente divulgar para o leitor qual é a sua posição, e o rádio e a televisão deveriam se abster de fazer esse tipo de opção. Deveriam buscar o máximo possível a insenção, coisa que não fazem.
Na sua opinião, a imprensa tem o poder de eleger um candidato?
Não tem poder absoluto, porque se defronta com outras variáveis, mas contribui. Em outros momentos, a imprensa já teve mais força. Hoje, no caso específico das últimas eleições, está provado que a ação política do governo tem superado o jogo eleitoral da imprensa, mas não de uma forma absoluta.
Quais seriam essas variáveis?
Por exemplo, ações do governo que atingem diretamente o cidadão e melhoram sua condição de vida.
O Bolsa Família (programa de transferência de renda do Governo Federal), por exemplo?
Bolsa Família, projetos urbanos de habitação, de transporte. O Bolsa Família talvez seja o principal. Eles atingem de forma tão direta o cidadão que, por mais que a imprensa tome posição contrária, não consegue mudar a tendência de voto. Agora, não que isso seja absoluto. Nas eleições de 2006, a ação da imprensa foi decisiva para levar o candidato Geraldo Alckmin para o segundo turno. No final do primeiro turno, quando se previa uma vitória de Lula, a ação concentrada dos meios de comunicação a favor do candidato Geraldo Alckmin mudou o panorama. Não determinou a vitória dele, mas o levou ao segundo turno. A história do dossiê, que supostamente o PT teria comprado, colocada nas primeiras páginas dos jornais. Mas não foi só. Foi colocada no Jornal Nacional. Em outros momentos mais antigos, como no famoso debate Lula x Collor, foi decisiva a ação da televisão, editando o debate na véspera da eleição, mostrando que um dos candidatos tinha melhores condições e qualidade do que o outro. A ordem da Globo foi editar o debate com todos os momentos ruins de Lula e os minutos bons do Collor. Aquilo foi decisivo. Acho que a imprensa não define 100% um pleito, mas ela influi bastante.
O senhor acha que o eleitor brasileiro está preparado para fazer uma leitura crítica disso tudo?
Infelizmente, não. Temos no Brasil um processo de concentração da mídia que impede ao leitor, ao telespectador, ao ouvinte estabelecer comparações, alternativas. Temos uma mídia praticamente homogênea. Então, isso dificulta muito o que chamamos de leitura crítica da comunicação. Há a possibilidade de estabelecer essa crítica de que você está falando ou nos bancos escolares, o que não existe, ou então através de um outro leque de opções de meios de comunicação, que deem a possibilidade de você perceber que um trata a política de um jeito e outro, de outro jeito. Aí, você pode fazer escolha crítica. No Brasil, não existe isso. Há uma situação quase que homogênea dos veículos, então, o telespectador, o leitor, o ouvinte têm dificuldade para fazer a crítica.
Isso, de certa forma, não compromete o processo democrático?
Sem dúvida. Tenho convicção de que, enquanto não tivermos uma redefinição do quadro de comunicação no Brasil, uma legislação, por exemplo, no caso do rádio e da TV, que estabeleça critérios mais rígidos, não para censurar, mas para aumentar a diversidade. No caso dos meios impressos, que se tenha mais atores nesse processo, jornais de outras tendências, enquanto não tivermos isso, nós não teremos completado o processo democrático. A democracia continuará meio capenga.
Para o senhor, a internet pode ser um instrumento nesse processo, uma vez que ela abre espaço para o debate?
Ela já é uma alternativa. Só que é muito restrita no Brasil. Às vezes, as pessoas acham, porque é na classe média onde os formadores de opinião circulam, que toda a população está sendo beneficiada pela internet. A internet só atinge, hoje, 18% da população brasileira. É uma parcela muito pequena. Ainda vai demorar um bom tempo para a democratização dela, 18% é o acesso domiciliar à internet, e não são 100% que têm acesso à banda larga. Acho que, no Brasil, a internet é um instrumento de democratização, mas ainda limitado a uma parcela pequena da sociedade