NÃO COMETAM O ERRO QUE EU COMETI: GUARDEM SEUS DIPLOMAS DE BIXO!!!
Eu acabei perdendo o meu nas muitas mudanças de residência que fiz, me dá pena até hoje. Na UNISC (Campus), em 95, os trotes foram moderadíssimos, tipo nos botar em fila, pintar a cara e tacar um punhado de farinha (só farinha mesmo, nada de 'misturas') no topo da cabeça dizendo 'eu te batizo' e a seguir o apelido escolhido de antemão. Todos os calouros juntos, depois de receber o diploma, deviam erguer a mão direita e jurarem solenemente apresentar um comprovante de doação de sangue - ou atestado médico para não fazê-lo - até o fim da primeira semana de aulas 'de verdade'. Neste caso deviam pagar seis cervejas ao seu 'padrinho' no RU. Eu já era Doador e comprovei isso após o batismo, o que não me poupou de pagar bem mais de seis. Só que, como bebi junto...heheheheheh
O fato é que naquela época a imprensa do País todo não parava de falar de trotes violentos, com calouros morrendo, ficando feridos ou sofrendo humilhações aviltantes. Em Porto Alegre até estupro houve. Então, a Reitoria deve ter enquadrado os Veteranos. Só que eu não sabia e estava com o olho que era um pila.
Passaram uma semana nos aterrorizando, falando que em Porto Alegre eram santinhos perto deles e que era tradição na UNISC todo ano morrer alguém ou ao menos ficar aleijado. O que parecia o chefão - e que se tornou grande amigo meu até hoje, sendo atualmente Prefeito de sua cidade natal - me escolheu como seu 'peixe', me encarou e berrou algo como:
- Tu é meu! Tu mesmo, ô de preto. Vai ser minha mulherzinha por cinco anos!
Os outros Vets caíram na risada. Como eu disse, estava com medo. Já era AP, saía direto do Presídio para a Universidade, então, estava fardado e armado, não dava tempo de tomar banho e trocar de roupa, saía direto. A única kôza que fazia era enfiar a arma por dentro do macacão, nunca gostei de andar ostensivamente armado, me parece estar intimidando os outros. Levantei, saí para o corredorzinho entre as classes, bati com força uma das botas no chão e falei, com a cara mais feia que consegui fazer:
- Se tu é homem repete aqui na minha frente!
Puro cachorro, o que diabos eu ia fazer ali? Matar o cara? Mas já tinha quase dez anos de experiência em estar em inferioridade, assustado com isso e dar a impressão de que estava calmo porque dominava a situação. O cara, um baita dum Alemão, me olhou de alto a baixo, não lhe vi medo nos olhos mas espanto (algum tempo depois, no RU, entre uma cerveja e outra, ele me disse que pensou 'o que esse calouro de m* está pensando? Aliás, parece um coveiro de botas'. Ouviu mas não entendeu a provocação nem sacou que eu estava me borrando, apenas me achou meio biruta) e quis saber por que diabos estava vestido daquele jeito. Expliquei que era AP e o que era isso. Dali nasceu o meu 'nome de bixo' que, aliás, não é necessariamente nome de bi
CHO. Cada padrinho dá o nome que quer. Riu da explicação e, novamente fechando a cara, falou:
- Cara, tu é meu! Aliás, minha...
E ele e alguns foram embora rindo, ficaram outros zoando outros calouros.
Na semana seguinte eu levei dois tubos de gás CN e minha Stun (máquina de dar choque) 225 Kv dissimulados no macacão de doze bolsos. Deixei a arma no Presídio por medo de acabar matando alguém. Repito, a gente estava com medo MESMO, era muita história tenebrosa! Aliás, depois soube de dois outros caras da minha turma que foram armados de revólver (um Policial Civil que não se identificara até então como tale e um comerciante) além de outros com facas e tudo isso porque temiam ser feridos ou mesmo mortos ou testemunharem alguma garota ser estuprada. Terrorismo puro, em suma...
No fim, o anticlímax, trotes moderadíssimos e na base da zoação, nada de humilhação, seja moral, seja física. Havia um coroa observando, eu não sabia quem era então, depois soube: o Reitor em pessoa!
Assim, Veteranos, se liguem no 'clima' entre os calouros, nas notícias que circulam por aí sobre os trotes: alguém pode se assustar demais e, depois de feita a josta, não há mais retorno...
E NUNCA ESQUEÇAM: GUARDEM SEUS DIPLOMAS DE BIXO! VÃO SENTIR SAUDADES SE, COMO EU, PERDEREM...