saullo escreveu:Mas Sky, o papel higiênico tinha que ser venezuelano e iraniano ?
Abraços
Lógico, quanto mais áspero, melhor.
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saullo escreveu:Mas Sky, o papel higiênico tinha que ser venezuelano e iraniano ?
Abraços
O ministro NJ viaja hoje para iniciar viagem oficial à India (passando pela europa), depois da sua volta é só esperar a vinda e a ida do casal real da Suécia (24/03) e está tudo liberado para o anúncio...WalterGaudério escreveu:Agora faltam 14 dias..., de novo, pela segunda vez esse ano...
Nã,nã, caro lôbo dos mares,o mui habilidoso min. Nelson Jobim declarou ontem em entrevista a Rede TV,que o anuncio deverá ser feito no inicio do mes de Abril,após ele ter enviado o relatório a FAB para anuência,e sua posterior devolução para ser apresentado ao presidente e CND.WalterGaudério escreveu:Agora faltam 14 dias..., de novo, pela segunda vez esse ano...
Não seja por isso,eu posto a Caralhavela do Salvador Dali de novo.Skyway escreveu:Se não aparecer nenhuma flame war nesse tópico, acho que o FX acaba antes dos 3 mil.
Retirado da Revista ASAS nº 53.PLANO DE VÔO
Por Flávio Flores da Cunha Bierrenbach
CONTRASTES E CONFRONTOS
Faz um século que morreu Euclides da Cunha, um dos maiores prosadores do português escrito no Brasil, sem o qual a nação não descortinaria a dimensão mais trágica da sua história militar. Agora, a convite de ASAS, ao inaugurar uma coluna de assuntos gerais, não consigo imaginar título melhor do que este, em homenagem e tomado de empréstimo ao autor de Os Sertões. Motivos para contrastes e confrontos, aliás, não faltam em nosso país. Na aviação, por exemplo, o confronto da vez é a competição que envolve a novela da aquisição de novos caças para a FAB, já com atraso de mais de dez anos. O contraste, para começar, pode ser feito em a fórmula que o Ministério da Aeronáutica usou, em 1953, para comprar seus primeiros aviões a jato.
No início da década de 50, o Brasil via com enorme preocupação o acelerado reequipamento das Forças Armadas Argentinas, especialmente sua Força Aérea, já dotada de um componente estratégico que a FAB nunca teve até hoje. Era natural, pois no século 19, ao tempo do Império, o Brasil envolveu-se em sete conflitos armados na Bacia do Prata. Embora desde 1870 o país não tenha disparado um só tiro contra os seus vizinhos, desde a proclamação da República, tanto a Marinha quanto o Exército, e mais tarde a Força Aérea, contemplaram a possibilidade, senão a perspectiva, de um cenário bélico no Cone Sul. Quando a 2ª Guerra Mundial terminou, caiu a ditadura Vargas, no Brasil, e na Argentina teve início o regime do gal. Perón. Em 1950, quando Getúlio Vargas voltou ao poder, a FAB detinha uma experiência de guerra, colhida no teatro de operações da Itália, que os aviadores argentinos só vieram a adquirir mais de 30 anos depois, na guerra das Malvinas/Falklands. Contudo, a Força Aérea Argentina já era dotada de dois esquadrões de bombardeio estratégico, com Avro Lancaster e Avro Lincoln, e acabara de adquirir no Reino Unido 100 aviões de caça Gloster Meteor Mk.4. Ademais, Perón acolheu antigos ases da Luftwaffe e contratou técnicos da indústria aeronáutica germânica, entre eles o gal. Adolf Galland, o projetista Kurt Tank (responsável pelo Focke-Wulf Fw-190) e o engenheiro de motores Ferdinand Brandner, para desenvolver um caça a jato moderno, de segunda geração. Quando o protótipo do Pulqui II voou, em meados dos anos 50, equipado com turbina importada Rolls-Royce, não ficava atrás dos dois aviões mais modernos em operação no mundo, os velozes e elegantes F-86 Sabre, norte-americano, e MIG-15, soviético, que se enfrentavam num lugar distante e inverossímil chamado Coréia, no limite da velocidade do som.
Foi esse quadro desfavorável que o brig. Nero Moura encontrou quando assumiu a pasta da Aeronáutica, no segundo governo Vargas. Sabia que os P-47 Thunderbolt, que comandara com competência, dignidade e bravura na Itália, estavam definitivamente ultrapassados, praticamente obsoletos, e que urgia integrar o Brasil à modernidade da era do jato, além de restabelecer o equilíbrio regional. Propôs ao governo a compra de um avião da mesma “família”, que tão bons serviços havia prestado à FAB, o Republic F-84 Thunderjet, no qual alguns pilotos brasileiros já haviam voado nos Estados Unidos. O F-84 era um jato de primeira geração, mas tinha sido testado em combate e, sua última versão, G, era considerada multimissão, com capacidade de interceptação e de ataque. O governo Eisenhower, entretanto, vetou a compra. Claro que as circunstâncias da Guerra Fria e o alinhamento do Brasil no período posterior à 2ª Guerra Mundial excluíam qualquer possibilidade de equipamento fora do Ocidente. E no Ocidente, embora a França já produzisse aviões competitivos, ainda não os tinha para vender. Assim, restou ao Brasil dirigir-se à Inglaterra, que oferecia três aeronaves de caça: o Gloster Meteor Mk.8 (birreator, praticamente igual aos argentinos, porém mais moderno, mais reforçado e dotado de assento ejetável), o monorreator De Havilland Vampire e o Supermarine Attacker, também monorreator, logo descartado por ser um avião naval, com trem de pouso convencional.
Havia outra circunstância favorável. Os britânicos aceitavam trocar os aviões pelo algodão que precisavam e o Brasil tinha de sobra (creio que 15.000 t). E foi assim que a FAB obteve seus primeiros jatos. Sessenta caças Gloster Meteor, aqui denominados F-8, e mais dez na versão de dois lugares, de treinamento, sem armamento e sem assento ejetável. Pelo preço pago e nas mesmas condições, o Brasil poderia ter optado por mais de 100 Vampires, mais baratos, em ambas as versões, de caça e treinamento.
Foi uma boa escolha. Rápida e segura. Mais do que a correlação de forças frente à Argentina, contou a capacidade de sobrevivência do birreator, sobretudo no ambiente operacional brasileiro, em que o impacto de pássaros representa alto fator de risco. Alguns anos depois, cogitou-se numa esquadrilha de Gloster Mk. 13, caça-noturno, com nariz comprido e radar, mas ficou nisso e foi pena. Durante 20 anos, até a chegada dos Mirage, o Brasil ficou sem uma aeronave com competência de interceptação all-weather. No governo JK, o Brasil voltou a pensar em sério em caças mais modernos, de asas em flecha, com capacidade transônica. Para substituir os Gloster, a Argentina conseguiu seus F-86, mas nós não. A FAB tinha pensado no F-84F Thunderstreak, mas os norte-americanos nos empurraram o superadíssimo F-80, de segunda mão, talvez o pior avião que já tenha voado com o leme verde e amarelo.
No regime do Estado Democrático de Direito, é a Constituição da República que diz o que o Brasil quer de suas Forças Armadas. Cabe ao governo dizer como quer.
FLÁVIO FLORES DA CUNHA BIERRENBACH é piloto e ministro aposentado do Superior Tribunal Militar.
O Sabre na América Latina:AlbertoRJ escreveu:Retirado da Revista ASAS nº 53.PLANO DE VÔO
Por Flávio Flores da Cunha Bierrenbach
CONTRASTES E CONFRONTOS
Faz um século que morreu Euclides da Cunha, um dos maiores prosadores do português escrito no Brasil, sem o qual a nação não descortinaria a dimensão mais trágica da sua história militar. Agora, a convite de ASAS, ao inaugurar uma coluna de assuntos gerais, não consigo imaginar título melhor do que este, em homenagem e tomado de empréstimo ao autor de Os Sertões. Motivos para contrastes e confrontos, aliás, não faltam em nosso país. Na aviação, por exemplo, o confronto da vez é a competição que envolve a novela da aquisição de novos caças para a FAB, já com atraso de mais de dez anos. O contraste, para começar, pode ser feito em a fórmula que o Ministério da Aeronáutica usou, em 1953, para comprar seus primeiros aviões a jato.
No início da década de 50, o Brasil via com enorme preocupação o acelerado reequipamento das Forças Armadas Argentinas, especialmente sua Força Aérea, já dotada de um componente estratégico que a FAB nunca teve até hoje. Era natural, pois no século 19, ao tempo do Império, o Brasil envolveu-se em sete conflitos armados na Bacia do Prata. Embora desde 1870 o país não tenha disparado um só tiro contra os seus vizinhos, desde a proclamação da República, tanto a Marinha quanto o Exército, e mais tarde a Força Aérea, contemplaram a possibilidade, senão a perspectiva, de um cenário bélico no Cone Sul. Quando a 2ª Guerra Mundial terminou, caiu a ditadura Vargas, no Brasil, e na Argentina teve início o regime do gal. Perón. Em 1950, quando Getúlio Vargas voltou ao poder, a FAB detinha uma experiência de guerra, colhida no teatro de operações da Itália, que os aviadores argentinos só vieram a adquirir mais de 30 anos depois, na guerra das Malvinas/Falklands. Contudo, a Força Aérea Argentina já era dotada de dois esquadrões de bombardeio estratégico, com Avro Lancaster e Avro Lincoln, e acabara de adquirir no Reino Unido 100 aviões de caça Gloster Meteor Mk.4. Ademais, Perón acolheu antigos ases da Luftwaffe e contratou técnicos da indústria aeronáutica germânica, entre eles o gal. Adolf Galland, o projetista Kurt Tank (responsável pelo Focke-Wulf Fw-190) e o engenheiro de motores Ferdinand Brandner, para desenvolver um caça a jato moderno, de segunda geração. Quando o protótipo do Pulqui II voou, em meados dos anos 50, equipado com turbina importada Rolls-Royce, não ficava atrás dos dois aviões mais modernos em operação no mundo, os velozes e elegantes F-86 Sabre, norte-americano, e MIG-15, soviético, que se enfrentavam num lugar distante e inverossímil chamado Coréia, no limite da velocidade do som.
Foi esse quadro desfavorável que o brig. Nero Moura encontrou quando assumiu a pasta da Aeronáutica, no segundo governo Vargas. Sabia que os P-47 Thunderbolt, que comandara com competência, dignidade e bravura na Itália, estavam definitivamente ultrapassados, praticamente obsoletos, e que urgia integrar o Brasil à modernidade da era do jato, além de restabelecer o equilíbrio regional. Propôs ao governo a compra de um avião da mesma “família”, que tão bons serviços havia prestado à FAB, o Republic F-84 Thunderjet, no qual alguns pilotos brasileiros já haviam voado nos Estados Unidos. O F-84 era um jato de primeira geração, mas tinha sido testado em combate e, sua última versão, G, era considerada multimissão, com capacidade de interceptação e de ataque. O governo Eisenhower, entretanto, vetou a compra. Claro que as circunstâncias da Guerra Fria e o alinhamento do Brasil no período posterior à 2ª Guerra Mundial excluíam qualquer possibilidade de equipamento fora do Ocidente. E no Ocidente, embora a França já produzisse aviões competitivos, ainda não os tinha para vender. Assim, restou ao Brasil dirigir-se à Inglaterra, que oferecia três aeronaves de caça: o Gloster Meteor Mk.8 (birreator, praticamente igual aos argentinos, porém mais moderno, mais reforçado e dotado de assento ejetável), o monorreator De Havilland Vampire e o Supermarine Attacker, também monorreator, logo descartado por ser um avião naval, com trem de pouso convencional.
Havia outra circunstância favorável. Os britânicos aceitavam trocar os aviões pelo algodão que precisavam e o Brasil tinha de sobra (creio que 15.000 t). E foi assim que a FAB obteve seus primeiros jatos. Sessenta caças Gloster Meteor, aqui denominados F-8, e mais dez na versão de dois lugares, de treinamento, sem armamento e sem assento ejetável. Pelo preço pago e nas mesmas condições, o Brasil poderia ter optado por mais de 100 Vampires, mais baratos, em ambas as versões, de caça e treinamento.
Foi uma boa escolha. Rápida e segura. Mais do que a correlação de forças frente à Argentina, contou a capacidade de sobrevivência do birreator, sobretudo no ambiente operacional brasileiro, em que o impacto de pássaros representa alto fator de risco. Alguns anos depois, cogitou-se numa esquadrilha de Gloster Mk. 13, caça-noturno, com nariz comprido e radar, mas ficou nisso e foi pena. Durante 20 anos, até a chegada dos Mirage, o Brasil ficou sem uma aeronave com competência de interceptação all-weather. No governo JK, o Brasil voltou a pensar em sério em caças mais modernos, de asas em flecha, com capacidade transônica. Para substituir os Gloster, a Argentina conseguiu seus F-86, mas nós não. A FAB tinha pensado no F-84F Thunderstreak, mas os norte-americanos nos empurraram o superadíssimo F-80, de segunda mão, talvez o pior avião que já tenha voado com o leme verde e amarelo.
No regime do Estado Democrático de Direito, é a Constituição da República que diz o que o Brasil quer de suas Forças Armadas. Cabe ao governo dizer como quer.
FLÁVIO FLORES DA CUNHA BIERRENBACH é piloto e ministro aposentado do Superior Tribunal Militar.
A revista está excelente, como sempre.
Abraços
Vejam que interessante:Santiago escreveu: O Sabre na América Latina:
h[url]ttp://www.ecsbdefesa.com.br/fts/NAF-86.pdf[/url]
[]'sO Pulqui II não passou do estágio de protótipo e foram construídos cinco que tiveram seu desenvolvimento demorado, e quando sua produção em série estava para ser iniciada, com uma previsão de cem exemplares, em 1956, houve a derrubada do General Perón e uma oferta atribuída aos norte-americanos de cem jatos F-86 com turbinas “Orenda” com entrega imediata. Pelo brigadeiro Ahrens como justificativa para cancelar a produção dos Pulqui II que deveria demorar cinco anos.
A FMA – Fábrica Militar de Aviones poderia ter entregue 10 aviões imediatamente, sendo que suas asas e fuselagens já estavam prontas e havia a licença para produzir as turbinas dos aviões na Argentina. Ao final, a Força Aérea Argentina recebeu apenas 28 caças F-86F de segunda mão, sem turbinas “Orenda” demorando quatro anos para serem entregues. Os primeiros F-86F argentinos foram entregues em setembro de 1960 e participaram em 1962 do combate à tentativa de golpe de estado contra o governo.