Fora de Pauta
19/02/2010 às 10:10
Nassif, postei alguns comentários aqui no Blog sobre os riscos de uma assim chamada parceria “estratégica” com a França, pais membro da OTAN, citei até o que aconteceu com a Argentina na guerra das Malvinas, o “Blog do Poder Aéreo” publicou um texto de Fernando Arbache alertando sobre os riscos desta parceria e defendendo a opção pelo Gripen,
http://www.aereo.jor.br/2010/02/15/somo ... o-da-otan/
que parece ser realmente a preferida da FAB e do ministro Juniti Saito:
http://www.aereo.jor.br/2010/02/11/sait ... bre-cacas/
Mas também é interessante dar uma olhada nos comentários contrários ao Gripen, que alertam sobre a “salada de frutas” tecnológica que é o Gripen.
Notei que em todos os posts sobre o FX-2 colocados aqui no Blog pouco se discutiu o contexto geopolitico em que o Brasil vai estar inserido a médio prazo, quais os possíveis agressores que os caças da FAB irão enfrentar, de quem poder vir uma possível agressão.
Nos últimos dias tem-se noticiado bastante o aumento de tensão entre EUA e China, veja agora também a noticia de que a Inglaterra vai explorar petróleo nas Malvinas provocando reação no governo argentino,
http://defesabr.com/blog/index.php/18/0 ... os-reagem/
imaginemos também um possível confronte entre Venezuela e Colômbia, o futuro governo brasileiro se for do PT devera manter um apoio velado a Chavez, correndo o risco de atrair a ira dos EUA e um governo do PSDB que apóie os EUA neste conflito pode atrair a ira de Chavez, que até la poder até ter em mãos o PAK-FA, sim, porque a Russia tem deixado claro a opção de exportar o avião.
Saiu uma excelente analise técnica do PAK-FA em português, muito completa, no site “Sistemas de Armas”, quem tiver paciência vale a pena ler, mas alem das questões técnicas o autor cita possíveis compradores do PAK-FA:
http://sistemasdearmas.com.br/ca/pakfa.html
“O preço provável do PAK-FA é estimado entre US$ 80 a 100 milhões a unidade. É cerca do dobro das versões mais simples do Su-27. Os prováveis usuários, além da Rússia e Índia, são os usuários atuais do Flanker como a Venezuela, Indonésia, Vietnã, Malásia, Argélia, Angola, Eritréia e Etiópia. Mesmo sendo comprado em pequena quantidade pode fazer muita diferença.
A China é um grande comprador em potencial, mas a venda vetada pela Índia. Outras opções é ser vendido para países onde o Flanker concorreu para compra de caças como o Brasil e Coréia do Sul. Os vizinhos de Israel são outros prováveis compradores como o Irã, Síria, Arábia Saudita, Jordânia e Egito. Alguns operadores do Mig-29 também devem ser considerados. Coréia do Norte e Cuba tem poucas condições financeiras de comprar a aeronave, apesar de desejarem muito”
Parece que o fim da globalização e a emergência de uma era multi-polar se anunciam, é interessante sabermos a opinião dos candidatos a presidência sobre este assunto, especialmente da candidata Dilma, na qual se depositam as esperanças de um Brasil mais soberano.
Aqui o texto do “Blog do Poder Aéreo”:
http://www.aereo.jor.br/2010/02/15/somo ... o-da-otan/
Somos reféns de material bélico da OTAN
O debate sobre a concorrência da compra dos caças para a FAB – Força Aérea Brasileira, pelo governo brasileiro, é um assunto extremamente polêmico e envolve uma série de questões, sejam políticas, econômicas e militares. Para que possamos compreender o alcance e as implicações da decisão a ser tomada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva é preciso voltar um pouco no tempo e na história. Vamos relembrar a Guerra das Falklands/Malvinas que envolveu Argentina e Inglaterra. À época, ao manter dependência da França para suas aeronaves e mísseis, a Argentina perdeu a capacidade de combate, fator crucial que a fez perder a guerra.
Vale lembrar que no período anterior à guerra as forças armadas Argentinas utilizavam equipamentos franceses, americanos e ingleses. Os três países fornecedores das aeronaves eram membros da OTAN, que tem por conceito se ajudar em caso de guerra. Ao atacar território de um país membro, a Argentina passou a agredir na prática os países membros da OTAN, inclusive a Inglaterra, detentora da ilha, ficando vulnerável para adquirir armamentos para sobreviver a uma guerra prolongada, perdendo a possessão da ilha, o que agravou a péssima situação econômica do país, na qual já estava imerso.
No caso do Brasil, a concorrência para a compra dos FX-2 para nossa Força Aérea tem como participante dois países da OTAN, Estados Unidos e França, que oferecem produtos prontos, e não parceria no desenvolvimento de projeto, que beneficiaria o parque industrial nacional como é o caso da Suécia, o terceiro concorrente. De acordo resultados de recente audiência pública realizada no Congresso Nacional sabe-se que nem franceses nem os norte-americanos oferecem a propriedade intelectual compartilhada, apenas a sueca SAAB oferece esta oportunidade ao governo brasileiro.
Além disso, caso o Brasil entre em disputa com um país membro da OTAN, qual seria a conseqüência na produção e reposição de peças destas aeronaves para o país? Certamente poderíamos sucumbir como aconteceu com a Argentina diante do esgotamento de sua capacidade de combate. Um país, ao se tornar candidato à potência econômica, se torna concorrente de diversas Nações, disputando a conquista de acordos comerciais no mundo. Devemos lembrar que o Brasil teve difíceis disputas na OMC com os Estados Unidos, Canadá, etc. Fora o conflito com a França referente aos subsídios agrícolas, que impedem a entrada de produtos brasileiros na União Européia.
No meu entender, este é o momento de o Brasil tornar efetiva sua soberania, mantendo a tradição de ser uma nação não alinhada, país neutro e capacitado a reagir a qualquer ameaça a seu território, ao seu povo e ao seu desenvolvimento e crescimento econômico.
Vamos relembrar um fato importante para o país e que mostra quã grande é a dependência a que me refiro. Ao substituir o antigo porta-aviões Minas Gerais pelo São Paulo, a Marinha Brasileira criou mais um laço de dependência com a França, já que o aeródromo é de origem francesa, servindo a esta Marinha desde 1957 com o nome Foch. O mesmo foi substituído pelo moderníssimo porta-aviões nuclear Charles de Gaulle, nome do presidente Francês, dono de uma das frases mais agressivas contra o nosso país – “Le Brésil n’est pas um pays sérieux” (O Brasil não é um país sério) [*] – mencionada no auge da crise política entre Brasil e França, nos anos 60. Além desta belonave, a Marinha dispõe de mísseis franceses e ingleses, fragatas de projetos inglês, submarinos de origem alemã e aeronaves construídas nos Estados Unidos.
Com a assinatura recente do contrato para a compra dos submarinos, fora o arsenal já existente de origem francesa, em caso de eventual retaliação seria um colapso na defesa nacional e desastre de proporções incalculáveis na vida da população brasileira. O Brasil é, pois, absolutamente dependente de países membros da OTAN. Situação que pode ser mudada agora, a depender da decisão do Presidente da República.
Fernando Arbache – Doutor em Inteligência de Mercado pelo ITA, docente das cadeiras de Logística e Administração de Projetos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Professor do Alto Comando da Marinha de Guerra Brasileira, nas cadeiras de Logística e Sistemas de Informação. Pesquisador do ITA, em Inteligência de Mercado e Simulação, e do CNPq. Além disso, é autor do livro Logística empresarial, da editora Petrobras, e Gestão de Logística, Distribuição e Trade Marketing, da Editora FGV.
Alguns comentários ao texto de Fernado Arbache são um contraponto interessante:
“Fico impressionado como um professor pode falar tanta “simplicidade”! na verdade ele não falou, falou “lobyando” mesmo! e isto é claro!
Quer dizer que se o Brasil entrar em conflito com um membro a OTAN, seremos salvos por uma tecnologia Sueca que nem mesmo deles é??? tá bom! me engana que eu gosto Sr Fernando! motores, radar, sensores, componentes diversos dos Gripens ou são Americanos ou são Ingleses, Italianos, Alemães e… Franceses!… além de outros claro! o Gripen é uma salada de tecnologias internacionais! como pode a Suécia garantir propriedade intelectual do que ela não tem?!”
Comentei aqui antes sobre o Gripen servir de base a um projeto nacional, temos já um protótipo de turbina desenvolvido pela vale e agora no ITA, com esforço e determinação, este protótipo pode ser desenvolvido para uso futuro num primeiro caça nacional desenvolvido a partir do Gripen, eliminado assim uma dependência, a de motores, parta-se então para fornecedores de avionicos fora do eixo EUA-União Europeia atá conseguirmos ter um caça 100% nacional.