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Mensagem
por Booz » Qua Fev 17, 2010 6:35 am
meu vizinho, e meu sólido aliado de odes a Baco, é um gaudério cel. da reserva do EB 9não declino nome), que serviu praticamente toda sua vida militar na região norte oscilando entre os batalhões de fronteira. Uma das coisas que sempre me chamou atenção nele é o fato dele, sendo gaucho, parecer amar mais aquela região que seu próprio RS. tanto é que até hoje ele incursiona por lá (eu já fui duas vezes companheiro de suas aventuras - a última mandei-o pastar, pois ele queria ir em local que quase me perdi e ainda é corredor do tráfico e talvez das FARC)). Isto, para mim, é um exemplo de amor ao Brasil, como um todo, sem igual.
O caso é que sentar-se com ele e ouvir suas estórias é uma aula de Brasil e de fatos que nem sequer sonhávamos ocorrer em nosso território. Há episódios que adentram entre o assassinato de um cacique (coisas de forças ocultas) que ele investigou e presidiu o IPM, até a vigilância de uma enormidade de "missionários" e de "onguistas" que infestam áquela região do Brasil.
Trocamos nossas figurinhas e até lhe forneci coisa que o espantou - e que tenho a certeza que alguns daqui sabem (sobre o enorme avião da Heinz que caiu carregado de... "pedras". Mas isto é outra estória).
Especificamente sobre o episódio. Ele, que já estava em BSB, foi "convidado" a participar em face de sua experiência na região. Ele me disse o seguinte:
1) O EB fez um esforço hercúleo e só comparado á luta no Araguaia.
2) Demostrou-se o que os militares previam desde os tempso dos governos militares, da extrema e imperiosa necessidade em ocupar mais a região, tanto militarmente tanto com civis e o poder público em geral (onde anda o "Calha Norte" da era "Sir Ney"?).
3) Expôs a grande fragilidade, e falta de estrutura logística, se houvesse a necessidade em ampliar o contingente.
4) Houve uma demosntração de força, quase cinematográfica (mas não "pirotécnica"), onde procurou se passar a resposta que viria de um jeito ou de outro. mas, quem fez o trabalho foram poucos.
5) O trabalho foi feito e se alcançou, TODOS, os objetivos da missão e mais alguns opcionais.
Ele possui um grande acervo de fitas magnéticas (áudio e vídeo), mapas feitos à mão, fotos. O bagual é um museu vivo. Pena que muitas coisas não podem ser dadas a público.
Quanto a região, comparando-se o antes e o depois, ainda há muito por fazer.
Reparem que a preocupação em se "ocupar" a região só agora começa, efetivamente, a se listada como prioridade absoluta. Atentem que talobjetivo está implícito às coordenadas da END. Ou seja, a coisa vem sendo maturada há tempos.
Contudo, não é fácil, tanto do ponto de vista institucional como financeiro, movimentar e assentar grandes efetivos de tropa. Há óbices, como citei, enormes. Há militares, como também civis, que movem céus e terras para não sairem do "sul maravilha". sem dizer, obviamente, dos elevados custos para tal empreitada. Será coisa de anos.
Para se ter uma idéia: eu, quando na ativa, estive em uma missão com mais três colegas (saindo de Tabatinga pelo Solimões em direção ao Purus). Imaginem: 4 federais, 2 fuzis e 2 MPA5, 01 rádio que não pegava nem resfriado e um célular por satélite (que descobrimos no caminho que a bateria havia descarregado pouco depois de sairmos). Havia um GPS (modelo bem ruinzinho, pois a coisa era "nova") que pertencia a um dos dos colegas, mas que não sabia usá-lo. A bússola (do DPF) só era "lida" por mim e um colega (isto porque fizemos CPOR). Resultado, ficamos perto do fim do mundo e dias sem ver viva alma. Quando avistamos gente eram traficantes e trocamos tiros. Levou três dias até um helicóptero da FAB nos regatar, e foi graças a persistência de um sargento que já antevia nossa desgraça. Estávamos escondidos a beira de um igarapé e próximo ao Juruá (erramos o rio), sem comida, pouca munição e "mudos e surdos" para o mundo.
Só isto demonstra a imensidão que é a região. Se imaginam grande e desocupada podem multiplicar. E isto nem é da época do meu vizinho, isto não faz muitos anos.
O que eu vi soma-se aos relatos dele. A região é uma "avenida", por lá passa boi passa boiada e vai levar tempo para por ordem naquilo lá. Mas iremos disciplinar aquela terra sim, tenho certeza. A transferência de unidades de elite para lá (que já anda atrasada) vai fomentar maior ocupação e vigilância, além de apoiar ações do DPF. (O EB, a FAB e a MB, são imprescindíveis ao trabalho do DPF na região).