Guerra escreveu:marcelo l. escreveu:Não concordo com o Guerra, as as vitimas foram vítimas, quem é executado como no caso do Cesare ou está sob a custódia de uma autoridade e sofre violência, é vítima, como foram vítimas os executados pela própria esquerda seus membros.
Não só as leis escritas condenam a execução de prisioneiros, mas o próprio código de honra militar, as razões que foi afrouxado em um momento que o Estado começou a diminuir os gastos com as escolas de excelência militar, já cria algumas perguntas.
Há sim muitas fortunas feitas na esteira do Combate de um lado como de outro, no livro do Gabeira ele cita que os roubos a banco, o dinheiro era um recolhido e o divulgado era substancialmente maior, hoje vemos políticos que ganharam como presente de casamentos prefeituras.
A imprensa é um caso a parte, por que foi durante regime que alguns grupos enriqueceram e pelas regras das concessões passaram a estar ligadas a grupos políticos, além de programas de compra de livros, empréstimos subsidiados, propaganda etc, há sim perguntas a serem respondidas, como a tão falada e combativa imprensa teve tão bons negócios com o Estado governado pelos militares?
Há biografias que aumentam sua participação e outras que escondem, depende do partido, há muita gente no exterior que arrecadava dinheiro para guerrilha aqui, um dos casos mais pitorescos é Brizola e a denúncia que ficou com a grana do Fidel ao ser perguntado teve uma resposta cortante, esse é um cada o resto?
Muitos que atacam a Dilma como guerrilheira tiveram uma participação muito mais relevante. Há também de se fazer um levantamento de uma geração que não lutou...mas queria e dizia que outra foi "frouxa", essa agora depois de vários discursos a esquerda do PT de 1980, hoje faz parte de um grupo que acusa o PT de 2000 ser um grupo de extrema esquerda, essa geração de revolucionários que pouco estudou, vivia de frases feitas, hoje tenta criar um quadro de luta do bem e do mal, são os rescaldos da guerra, seu discurso era que a responsabilidade de tudo era dos militares, hoje depende de quem paga.
Há necessidade sim de termos um arquivo descente para levantamento da história e como todo documento será reinterpretado dependendo das perguntas e interesses, portanto criar uma Comissão da Verdade é no mínimo falsear e não compreender o que é um documento, é até rudimentar citar Jacques LeGoff, mas jogar um pouco de luz para entender o presente até poderia ser útil. A ação pode parecer individual citando assim, mas ela é antes de tudo procurar atores e seus interesses, claro que teremos casos ricos de microhistória...pessoas que eram astrológas e hoje inventam teses esotéricas sobre o comunismo no mundo e planos mirabulantes até acredito que o Menocchio não é um personagem tão complexo.
Portanto criar uma Comissão da Verdade é no mínimo não querer entender o tema e como nos afeta até hoje depois de tantos anos o golpe de 1964 e suas repercussões. As questão são muitas e em história não há bandidos ou mocinhos, essa idéia inquisitorial de sim ou não existe, sociedades respondem as questões de forma ao que conhecem e dentro dos seus medos, o medo do comunisto é real em 1964, o medo de tropas mercenárias irem para Bastilha é paupável em 12 de julho de 1789 e faz a população de Paris se armar, em 64 faz parte da sociedade a solicitar a intervenção dos militares, esquecer disso é ao meu ver não querer lembrar nem o que deviam ter estudado o pessoal que propõe a Comissão.
Concluindo ao meu ver (denovo) criar uma Comissão da Verdade é perder a riqueza de interpretações de um dado momento, mas não fazer arquivos e pesquisa como é feita em todo país democrático é perder um pedaço do que fizeram alguns atores como agiram e sua influência nas gerações seguintes, o que precisamos é uma pesquisa sem maniqueísmo e paixões que será aprofundada pela qualidade do pesquisador e com o passar dos anos sem pressa, apenas procurando uma ciência e não construir mitos.
Eu não disse que foi certo executar e torturar. O que eu quis dizer é que no caso do Major, teve um cara que o acusou de torturador. Outro disse que levou uma cotovelada e sofreu pressão.
Se você colocar no google "dossiê indio do brasil", vai cair na pagina do texto. Só que o texto não fala sobre o que os caras fizeram.
O que eu disse sobre bomba, armas, formação de guerrilha, morte de militares, não esta na net. Se você colocar o nome do militar que morreu vai aparecer texto de um FDP falando merda sobre a morte do coitado.
Mas existem os documentos sobre esses cabras, porque eu sei que rolou um IPM na 5ª RM onde as duas figuras e o major depos. E nesse IPM estão todas as provas.
Guerra, vou tentar colocar a coisa do modo que considero correto, só sobre tortura e não qualquer outra coisa relacionada ao regime, por que aí o tema é mais rico.
Posso estar enganado, mas o tema está muito envenenado por uma série de razões. Não dá para responsabilizar as forças armadas como instituição pelo ocorrido, mesmo quem agiu deve-se tornar cuidado e lembrar que existem razões psico-sociais (de mentalidade) que levavaram a pessoas bem estruturadas que se envolveram a cometer o que cometeram (isso vale para dois lados).
Havia uma constituição, leis, e a moral me diz que é errado matar ou torturar (houve dos dois lados), mas não vejo menor sentido de se gastar dinheiro para saber quem o fez até por que o crime se houve está prescrito ou perseguir isso, sei que o Paulo Vanucchi quer o contrário, mas nem levo a sério essa parte do plano de direitos humanos dele.
Para uma pesquisa mais importante que a pessoa é o fato e o que desencadeou para ele ocorrer, você tem dois planos:
- Curta duração - que é o fato em si,
- Longa duração - o que levou a ele, qual era a mentalidade, o que remanesce daquele pensamento etc. E principalmente quais estruturas de poder foram criadas ou reforçadas naquele momento.
Fiz bem esquematicamente o que seria é bem mais que isso, mas abertos os documentos eles serão interrogados com algumas perguntas que serão embaraçosas para muita gente da esquerda, muitos que posam de verdadeiros lamarcas não o são, muitos que fingem ser bons moços tiveram um papel de maior relevo, mas o interesse é meramente eleitoral já que faturam com isso.
Do ponto de vista do interesse público a quem ficou do lado do regime, há sim muito leviandade com algumas pessoas e pessoas sendo acusadas de forma inapropriada, nisso eu concordo. Mas nem por isso os arquivos um dia não tenham que ser abertos. Há coisas inexplicáveis, nem vou falar do campo do combate em si, mas muito dos nossos atuais políticos tornaram-se verdadeiros oligarcas devido a seu apoio como Sarney, ACM etc. Do lado empresarial como alguns grupos financiaram operações e ganharam grandes benesses.
Eu tenho por mim que quando um historiador isento procurar e ver aqueles episódios chegará a conclusão que sempre se torturou no Brasil em processos criminais, a diferença é que agora tem várias pessoas da classe média. Isso é o simples, agora a razão que leva a pessoas bem formadas a serem torturadores me é estranha, até por que a inquisição os religiosos deixavam para braço civil. Mas, as minhas perguntas podem não ser as mesmas que quem está com o documento em mãos até por que outros mais tarde terão novas idéias.
Na verdade o que se deve fazer é que tudo tenha seu rumo, ou seja, deixa a pesquisa sair...como deve está ocorrendo...é de forma gradual, indolor etc.
Mas, há vítimas desde o caminhoneiro que atropelou um guerrilheiro em fuga (no livro do gabeira dá que acham de propósito, ele está errado), militar sob poder da guerrilha que foi executado, guerrilheiros que foram torturados e/ou mortos etc, civis etc. E o erário que assumiu uma forma estranha de não se discutir o passado e paga pensões por tudo, já que só deveria ressarcir quem estava sobre controle e ocorreu algo alheio a lei.
Outros casos deveriam ser julgado pelo poder competente que é o judiciário por que pode existir excessão a essa regra, agora quem largou a profissão para lutar, morreu em combate não faz sentido.
Se há vítimas, também existem heróis? Essa pergunta é incomoda para os dois lados, mas não consigo ver apesar de ter conhecido pessoas que sei se envolveram no conflito, acho que isso que irrita a todos, mesmo os algozes (de ambos lados) tem algumas atitudes explicáveis dentro do campo racional.
No fundo abrir os arquivos será salutar para quem é acusado injustamente apenas, por que as pesquisas vão demorar anos e anos até hoje um país que investe muito como os EUA sempre aparece algo de novo sobre o conflito do Vietnã...advinha o Brasil.
As perguntas como se havia gente se preparando antes para guerrilha, é daqueles pontos que acredito que todos aqui queiram saber e até entender por que eles pensavam assim, já que hoje vivemos em mundo pós-muro de Berlin.
Eu vejo mais essa discussão dos arquivos como da guerra fria nos EUA, que se tinha medo de algumas revelações e na verdade as poucas que apareceram são esquecidas como uma facilidade incrível, agora isso não faz gastar-se dinheiro com Comissão da Verdade e outras coisas alienígenas, mais do que tudo o que o Brasil necessita é virar a página e começar a discutir e reforçar valores ligados aos direitos humanos e cívicos, coisa que desde a década de 1970 nunca fizemos juntas e não são antagônicas como demonstra a atuação eficiente das forças armadas no Haiti e apoio a população na região amazônica.
Concluindo, ontem dei uma lida no PNDH e o que faltou foi isso, mesmo eu não concordando com muita coisa, se ele quisesse ser ambicioso deveria discutir valores cívicos e como reforçar dentro de uma idéia de nação e não do partido governante ou do presidente de plantão.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant