A chuva de domingo para segunda-feira causou estragos em metade dos bairros de Volta Redonda. A afirmação é do secretário de Serviços Públicos, Carlos Roberto Paiva. Segundo ele, até hoje (25) de tarde a limpeza não tinha sido feita em todos os bairros atingidos por causa do grande estrago que a chuva provocou, e a prioridade na limpeza urbana estava sendo os bairros onde a água já havia baixado.
- Trabalhamos desde cedo. São 200 pessoas agindo simultaneamente em vários bairros dando auxílio aos moradores e fazendo a limpeza. Estamos com duas retroescavadeiras e duas pás mecânicas. Além disso, temos 16 caminhões e seis carros-pipas. Estamos fazendo o possível, mas as ocorrências são bem maiores que nossa capacidade - disse Paiva.
Pelo menos 11 bairros foram inundados. O Rio Paraíba do Sul subiu mais de três metros acima do normal. Dezenas de casas foram invadidas nos bairros São Luiz, Dom Bosco, Voldac, Santo Agostinho, Barreira Cravo, Aterrado, Vila Americana, Retiro, Água Limpa, Belmonte e Vila Santa Cecília.
Moradores se queixaram da falta de aviso da Defesa Civil e da demora na limpeza. A dona de casa Ana Paula Farias, moradora da Vila Americana, criticou o serviço da Defesa Civil. Segunda ela, mesmo o local estando alagado desde a noite de domingo, a Defesa Civil não deu aviso prévio aos moradores e quando apareceu deixou a população ainda mais alarmada.
- Ninguém deu aviso nenhum. Se imaginássemos que ia chover tanto e o rio fosse transbordar, com ao menos alguma antecedência, teríamos tirado as crianças de casa. Quando foi 23h é que a Defesa Civil veio falar que ia encher ainda mais - reclamou a moradora.
No bairro, várias vias foram alagadas e o muro que protege a linha férrea, na Rua Argentina, desabou em dois pontos com a força da água. Até às 12h de ontem, os moradores estavam sem telefone fixo e sem água potável.
No Dom Bosco, a inundação começou por volta da meia-noite e, mesmo com a força-tarefa de moradores para fazer a limpeza das ruas, o barro tomou conta de pelo menos 12 ruas. Moradores estavam revoltados e disseram que desde a madrugada pediam ajuda da prefeitura com o envio de carros-pipas, que até às 11h de ontem não haviam chegado ao local.
O vice-presidente da associação de moradores do bairro, Gilcélio Cassiano de Oliveira, disse que ele mesmo falou com representantes da Secretaria de Serviços Públicos, que teria o informado que não havia como mandar um carro-pipa ao local naquele momento.
- Acontece isso, pois somos de um bairro humilde. Na Vila Santa Cecília já havia quatro carros-pipas ajudando na limpeza hoje (ontem), enquanto nós temos que gastar água nossa para fazer um serviço público - reclamou o morador.
O São Luiz foi outro bairro da cidade que teve várias ruas alagadas. Moradores afirmaram que também não tiveram nenhum aviso sobre o possível alagamento e que ao tentar ligar para a Defesa Civil só dava ocupado.
- Nem sinal de aviso passou por aqui. Tentamos ligar a madrugada toda e o número da Defesa Civil só dava ocupado. Precisamos que nos avise com antecedência. Não podemos passar por esta situação a cada chuva forte - reclamou o morador Sebastião de Souza.
O coordenador da Defesa Civil, Rodrigo Ibiapina, afirmou que chegou a avisar com um carro equipado com aparelhos de som a possibilidade de alagamento nos bairros Barreira Cravo e Dom Bosco, mas, como foi uma chuva inesperada, seria impossível avisar todos os moradores.
- Conseguimos ao menos alertar os locais que normalmente alagam que as chuvas poderiam provocar enchentes. Mas acontece que Volta Redonda ainda não possui um sistema de alarme. O que estamos fazendo é estudando maneiras de como esse sistema poderá ser implantado na cidade - explicou.
Ibiapina disse que existe um projeto para colocar alarmes espalhados em pontos estratégicos da cidade, mas que isso tudo ainda será levado ao prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB).
Cinco casas são interditadas
O coordenador da Defesa Civil, Rodrigo Ibiapina informou que na madruga de domingo para segunda-feira choveu 56,8 milímetros na cidade. Muito acima do esperado para um único dia - cuja média é de no máximo seis milímetros.
Segundo ele, ontem já haviam sido interditadas cinco residências na cidade, quatro no São Geraldo, em decorrência da queda de um muro, e uma no Retiro.
Seis deslizamentos de terra de pequeno porte foram registrados no Retiro. Até ontem de noite, várias ruas em toda o município continuavam interditadas.
De acordo com Ibiapina, ainda não existe um número exato de pessoas desalojadas ou desabrigadas, mas ontem várias famílias foram orientadas a ir para casas de parentes.
Segundo ele, a chuva foi atípica e os alagamentos não tiveram ligação com a quantidade de água liberada pela Represa do Funil, que em decorrência das chuvas chegou a diminuir a vasão de suas comportas para 200 metros cúbicos de água por segundo. Em dias comuns a liberação costuma ser se 768 metros cúbicos por segundo.
- Todos os registros de alagamento que houve na cidade nada têm a ver com a Represa do Funil. É bom que fique claro, que se há uma liberação de água acima do nível normal, a Defesa Civil de Volta Redonda é prontamente avisada. O que aconteceu é que choveu muito e o nível do rio chegou a subir 3,67 metros acima do normal - explicou.
Segundo informações do secretário de Serviços Públicos, Carlos Roberto Paiva, uma árvore com raiz desceu o Rio Brandão e tapou a saída no cruzamento da Rua 18A com a 41, na Vila Santa Cecília. Equipes usaram um caminhão munck (braço hidráulico) para tirar a árvore.
Paiva disse que o sistema de drenagem funcionou, mas houve o entupimento causando o alagamneto. O secretário falou ainda que hoje vai mandar equipes de limpeza para 13 bairros alagados.