Bender escreveu:
Olá Orestes,em uma matéria curta divulgada por volta da meia noite de ontem,existe uma "abertura condicionante" no discurso do presidente que cabe uma boa leitura de entrelinhas.
Lula sinaliza que decisão sobre caças pode sair neste ano
"
Pode ser este ano, o governo passado já deixou para mim", afirmou o presidente, referindo-se ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e
indicando também que não deseja deixar essa questão sem solução para o próximo governo .
"(No início do governo em 2003) eu tinha que escolher entre combater a fome ou comprar aviões", afirmou Lula.
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Existe uma dubiedade incrível,assim como o reporter acha que o "presidente indicou que quer solucionar",pode-se fazer uma leitura bem diferente,deixaram pra mim...se nao for possível deixo para o próximo.
É claro que o presidente demonstra vontade "pessoal" de comprar os caças,mas me parece,que a barriga também demonstra vontade de empurrar.
Agora sensacional é o "Pode ser este ano" ,
,na política é sempre bom deixar aberta a porta dos fundos,não existem certezas, só conveniências.
Abraços!
Entendo, amigo Bender, mas tenho uma leitura um pouco diferente. A frase dita pelo presidente é dúbia mesmo, mas em política é assim mesmo, deixa-se portas abertas. Primeiro porque o presidente deve ter ficado puto mesmo com o tal vazamento, segundo porque não foi tanto, pois não puniu ninguém (e o tempo pra isso, formal, já passou), terceiro porque dá o benefício da dúvida, produz temores de que poderia haver revanche e não comprar nada. Porém, acredito, o que ele fez foi claramente dizer que não tem pressa para comprar os caças, ou seja, que ele vai realmente comprá-los, mas no momento que achar mais oportuno (por exemplo, tão logo os franceses sejam enquadrados nos preços e custos).
Penso assim, não há mais espaços para se adiar estas compras, adiar no sentido de transferir para outro presidente (sucessor ou sucessores), aí o próprio presidente Lula estaria dando um tiro na política de Estado, indo contra os reais interesses da Nação e não acredito que faria tal coisa. Bem, poderia fazê-lo, como já fez, bem como o seu antecessor, mas os momentos eram outros e haviam, de fato, outras prioridades, prioridades estas até justificáveis, porém não mais.
Não me importa qual caça será comprado, não mesmo, porém o que vejo como jogo em cima da mesa é a questão de se comprar os caças, não apenas estes, mas todos os demais equipamentos que nos coloquem em condições "seguras". Cabe ao governo avaliar as questões geopolíticas, aquelas que diferenciam um país de um País, desta forma os caças são apenas reflexos de tais políticas, sendo as compras consequências de algo maior. Sob esta ótica, o governo não estaria comprando o equipamento Rafale, mas adquirindo o produto Rafale, que nada mais é do que consequência de uma nova geopolítica França-Brasil que redesenha todo o cenário sul-americano, causando, possivelmente, impactos em regiões outras.
Assim sendo, não se trata de comprar um equipamento para defesa, mas de reaparelhar o sistema como um todo, de forma tal que os reflexos redesenham a geopolítica regional. Portanto, como subproduto deste investimento de e no Estado, ganha-se um novo aparato tecnológico (P&D), uma nova base industrial (questão econômica), sem falar em um sem número de novos empregos (questão social), tudo isto impactando na estrutura de Estado, que é o que diferencia entre os grandes dos pequenos. Ser grande é isto, é criar condições macros, reais, concretas, específicas. Ora, se há espaço pra tudo isto, por que comprar um equipamento pensando apenas e tão somente em questões fronteiriças? Hoje as fronteiras do Brasil transcendem as linhas físicas que nos separa de nossos vizinhos, poucos conseguem percebê-las, vê-las é pedir muito.
Grande abraço!!!
PS: o texto ficou cheio de erros, desculpem-em pelos excessos de edit.