Lembrando mais uma vez, estou retornando agora, então perdi muita coisa do que já foi discutido. Me desculpem se algo já estiver discutido e superado. Queria dizer também que corroboro com as opinões de que esses posts recentes do Orestes, do Bender, JP, etc foram excepcionais. Dito isto, vamos aos meus dois centavos furados:
Que mal haveria a FAB apontar ao governo uma ordem de colocação entre as três aeronaves, baseado nos critérios que a Força acredita serem melhores para cumprir sua missão constitucional? Isso impede o Presidente de fazer a escolha de outra?
Acredito que seja isso na verdade o que se espera. Senão, não há necessidade de relatório algum. Se a escolha vai ser exclusivamente do Presidente, não precisa de relatório. Mas se precisa de relatório, é absolutamente natural que este aponte a visão da Força. Se esta visão compartilha a vontade política do Estado (note: Estado, não governo), ótimo. Se não, a Força vai operar o que tiver que operar segundo determina o Estado brasileiro.
Me preocupa a opção (ou por vezes por aqui quase obrigação) de crer que sempre, em qualquer sentido, que o governo (seja esse ou o(s) próximo(s)) terá sempre a sapiência de acertar sempre. De sempre estar bem intencionado. De nunca pensar em benefícios pessoais. A história mostra que não é bem assim. A política no Brasil mostra diariamente que não é bem assim. Aliás, a política no mundo mostra que não é bem assim.
Repito, o F-X é uma questão de ESTADO. Não é de governo. Governos passam. O Estado fica. A instituição permanente FAB fica. Penso que essa é uma escolha importante demais pra ser responsabilidade exclusiva de um governo, sem que se possa questionar. Democracia é poder fazer isso. Sendo assim, me intriga que defendam (não nos posts recentes necessariamente, estou apenas em meu devaneio) uma FAB praticamente sem poder de opinião em uma escolha fundamental para a defesa do Estado brasileiro. Afinal, ela será a operadora. Quando esse governo mudar, quando o Comando da Força atual mudar, o F-X vai estar lá. Pelos próximos 30 anos ele vai estar lá. Então é bom que se escolha o certo agora.
Claro, ninguém melhor que o governo para fazer isso. Não existe outra escolha. É responsabilidade de um governo democraticamente eleito. Mas esse governo tem instituições técnicas que precisam estar junto para respaldar as opções políticas. No caso da escolha de caças, é a FAB. É função dela. Da mesma forma como não me parece sensato que o governo determine a construção de uma usina hidrelética sem ouvir o Ministério das Minas de Energia, ANEEL, Furnas, Eletrobrás, seja quem for (não entendo nada dessa área), o mesmo vale para a compra de material militar.
Portanto, não só não vejo mal que o relatório da FAB - sendo ele criteriosamente técnico, objetivo e correto - aponte uma ordem de colocação, como acho isso o correto. E insisto, isso não invalida nem censura uma escolha diferente do poder político.
É o que penso.