REVANCHISTAS
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Re: REVANCHISTAS
A ditadura não começou em 1968
Postado por Luiz Weis em 8/12/2008 às 6:27:18 PM
Boa sacada, a do Globo, de marcar os 40 anos do AI-5 com uma série de matérias sobre “o traje civil da ditadura militar”. Como diz a chamada da primeira delas, do repórter Chico Otavio, “a ditadura não estava sozinha quando iniciou os anos de chumbo no Brasil. Seja com apoio aberto ou indiferença, a sociedade civil fez sua parte”.
Fez a sua parte, antes de mais nada, para a consumação do golpe de 1964, de que o AI-5 foi o paroxismo – mas não uma excrescência, ou um desvio aberrante da lógica do regime.
O Estado de S.Paulo, a propósito, deu ao caderno especial sobre a infâmia de 13 de dezembro de 1968 o título “A liberdade assassinada”. Na realidade, o trucidamento começou no 1º de abril de quatro anos antes, com a derrubada do presidente João Goulart. Presidente “constitucional”, assinala em boa hora o texto de abertura de Carlos Marchi, no jornal que nunca se arrependeu de sua participação no golpe a que chamaria de “revolução”.
A rememoração desta semana, portanto, requer não só que se respeite o calendário da história, mas também, quando se destaca a pressurosa colaboração civil para a plenitude da ditadura, como faz o Globo, que não se omita a inestimável contribuição da mídia para o seu advento.
Se a recusa do Estado a se autocensurar, e a encobrir a censura que lhe foi imposta na sequência do Ato 5, foi o melhor momento de sua história, o pior momento da história da imprensa brasileira foi a sua cumplicidade ativa, em nome da democracia, na construção do seu oposto.
À época, é bem verdade, forças sociais antagônicas entre si compartilhavam no Brasil do pouco-caso pela democracia como valor universal.
Para a direita com que a imprensa se alinhara, a supressão das liberdades democráticas era um preço até módico a se pagar contra os projetos progressistas – as “reformas de base” – do governo Goulart. Para ampla parcela da esquerda, a democracia dita burguesa era uma barreira ao progresso social. “Liberdade sem comida/ é mentira/ não é verdade”, ensinava, antes do golpe, uma canção [“Zé da Silva é um homem livre”, música de Geni Marcondes e letra de Augusto Boal, gravada no disco “O povo canta”, de 1964].
Mas os ares dos tempos idos não podem servir para justificar o injustificável. Também houve época em que o trabalho escravo era aceito por muitos como parte da ordem natural das coisas. Nem por isso é menos abominável. Golpes de Estado, também.
A chamada grande imprensa, com uma única exceção, aceitou as violências do novo regime, os seus “excessos”, conforme o abjeto eufemismo em voga. Os jornais não se indignaram com a mais brutal manifestação a céu aberto do golpe recém-vitorioso: o desfile pelas ruas do Recife do sexagenário comunista Gregório Bezerra, amarrado a um veículo militar.
Estamos falando, repita-se, de 1964 – não de 1968.
A exceção foi o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. Golpista, tinha publicado na primeira página os editoriais “Chega”, “Basta”, “Fora”, clamando pela cabeça de Goulart. Mas, já na edição de 3 de abril de 1964, o editorial era “Terrorismo, não”, denunciando a truculência da polícia do governador carioca e arquigolpista Carlos Lacerda.
O Correio, em que escreviam jornalistas da estatura de Antonio Callado, Carlos Heitor Cony, Hermano Alves, Márcio Moreira Alves, Otto Maria Carpeaux e Paulo Francis, se transfigurou em porta-voz da oposição. Asfixiado pelo governo, morreu de inanição em junho de 1974.
Do que se publicou nestes dias sobre o AI-5, mantenha-se diante dos olhos, para que se conte a história como a história foi, o irrepreensível comentário do professor Daniel Aarão Reis, da Universidade Federal Fluminense, no Globo de domingo (7/12):
”A dimensão militar da ditadura está bem estudada. Mas ainda falta, e muito, estudar e refletir sobre a dimensão civil da ditadura. Pois a ditadura brasileira, sem nenhuma dúvida, em todos os seus momentos, foi uma ditadura militar e civil. Sem os civis, ela não teria começado, nem durado, como durou. Em uma palavra: sem os civis ela simplesmente não teria existido.”
Sem a imprensa, tampouco.
http://observatorio.ultimosegundo.ig.co ... D244B21DB6}
Postado por Luiz Weis em 8/12/2008 às 6:27:18 PM
Boa sacada, a do Globo, de marcar os 40 anos do AI-5 com uma série de matérias sobre “o traje civil da ditadura militar”. Como diz a chamada da primeira delas, do repórter Chico Otavio, “a ditadura não estava sozinha quando iniciou os anos de chumbo no Brasil. Seja com apoio aberto ou indiferença, a sociedade civil fez sua parte”.
Fez a sua parte, antes de mais nada, para a consumação do golpe de 1964, de que o AI-5 foi o paroxismo – mas não uma excrescência, ou um desvio aberrante da lógica do regime.
O Estado de S.Paulo, a propósito, deu ao caderno especial sobre a infâmia de 13 de dezembro de 1968 o título “A liberdade assassinada”. Na realidade, o trucidamento começou no 1º de abril de quatro anos antes, com a derrubada do presidente João Goulart. Presidente “constitucional”, assinala em boa hora o texto de abertura de Carlos Marchi, no jornal que nunca se arrependeu de sua participação no golpe a que chamaria de “revolução”.
A rememoração desta semana, portanto, requer não só que se respeite o calendário da história, mas também, quando se destaca a pressurosa colaboração civil para a plenitude da ditadura, como faz o Globo, que não se omita a inestimável contribuição da mídia para o seu advento.
Se a recusa do Estado a se autocensurar, e a encobrir a censura que lhe foi imposta na sequência do Ato 5, foi o melhor momento de sua história, o pior momento da história da imprensa brasileira foi a sua cumplicidade ativa, em nome da democracia, na construção do seu oposto.
À época, é bem verdade, forças sociais antagônicas entre si compartilhavam no Brasil do pouco-caso pela democracia como valor universal.
Para a direita com que a imprensa se alinhara, a supressão das liberdades democráticas era um preço até módico a se pagar contra os projetos progressistas – as “reformas de base” – do governo Goulart. Para ampla parcela da esquerda, a democracia dita burguesa era uma barreira ao progresso social. “Liberdade sem comida/ é mentira/ não é verdade”, ensinava, antes do golpe, uma canção [“Zé da Silva é um homem livre”, música de Geni Marcondes e letra de Augusto Boal, gravada no disco “O povo canta”, de 1964].
Mas os ares dos tempos idos não podem servir para justificar o injustificável. Também houve época em que o trabalho escravo era aceito por muitos como parte da ordem natural das coisas. Nem por isso é menos abominável. Golpes de Estado, também.
A chamada grande imprensa, com uma única exceção, aceitou as violências do novo regime, os seus “excessos”, conforme o abjeto eufemismo em voga. Os jornais não se indignaram com a mais brutal manifestação a céu aberto do golpe recém-vitorioso: o desfile pelas ruas do Recife do sexagenário comunista Gregório Bezerra, amarrado a um veículo militar.
Estamos falando, repita-se, de 1964 – não de 1968.
A exceção foi o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. Golpista, tinha publicado na primeira página os editoriais “Chega”, “Basta”, “Fora”, clamando pela cabeça de Goulart. Mas, já na edição de 3 de abril de 1964, o editorial era “Terrorismo, não”, denunciando a truculência da polícia do governador carioca e arquigolpista Carlos Lacerda.
O Correio, em que escreviam jornalistas da estatura de Antonio Callado, Carlos Heitor Cony, Hermano Alves, Márcio Moreira Alves, Otto Maria Carpeaux e Paulo Francis, se transfigurou em porta-voz da oposição. Asfixiado pelo governo, morreu de inanição em junho de 1974.
Do que se publicou nestes dias sobre o AI-5, mantenha-se diante dos olhos, para que se conte a história como a história foi, o irrepreensível comentário do professor Daniel Aarão Reis, da Universidade Federal Fluminense, no Globo de domingo (7/12):
”A dimensão militar da ditadura está bem estudada. Mas ainda falta, e muito, estudar e refletir sobre a dimensão civil da ditadura. Pois a ditadura brasileira, sem nenhuma dúvida, em todos os seus momentos, foi uma ditadura militar e civil. Sem os civis, ela não teria começado, nem durado, como durou. Em uma palavra: sem os civis ela simplesmente não teria existido.”
Sem a imprensa, tampouco.
http://observatorio.ultimosegundo.ig.co ... D244B21DB6}
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
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Re: REVANCHISTAS
''Não se corta erva daninha pelo caule''
Sebastião Curió Rodrigues de Moura: oficial do Exército sob o regime militar
Leonencio Nossa, MARABÁ (PA)
A Guerrilha do Araguaia, movimento armado na selva contra o regime militar, não marcou a memória dos que viveram nos anos 1970 nas grandes cidades. Nem poderia. A censura impediu que os brasileiros soubessem da existência de uma operação de guerra na floresta amazônica. No entanto, um personagem do lado da repressão, o oficial Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o Major Curió, 74 anos, virou mito antes mesmo que a história do conflito fosse revelada com detalhes. Com a redemocratização, Curió pôs a cara para bater e tornou-se o principal representante de uma legião de militares que acompanharam em silêncio a mudança de regime. Passou os últimos 30 anos em duelo com a esquerda, mas sempre recorreu a palavras moderadas para atacar e rebater acusações.
Foi como interventor do garimpo de Serra Pelada, nos anos 1980, que o líder populista de direita, como a esquerda o classifica, conquistou "massas" do sul do Pará e do sul do Maranhão, um feito que os adversários não realizaram.
O capítulo da história de Curió que mais desperta interesse de aliados e inimigos, no entanto, é anterior: é o Araguaia. "Esta é a parte mais delicada", diz. Numa franqueza que impressiona até quem o conhece há anos, afirma: "Num arrozal, quando se capina, não se corta a erva daninha só pelo caule. É preciso arrancá-la pela raiz, para que não brote novamente." Admite, parecendo falar para os companheiros de farda, que "este é o momento de revelar a história".
O senhor concorda que o fim da guerrilha coincidiu com o início do latifúndio e o aumento da pobreza no sul do Pará?
No final do relatório da Sucuri eu escrevi: a repressão por si aniquila, destrói, acaba com o movimento guerrilheiro. Mas não acaba com o movimento da subversão. Isso só se conseguirá com ações de governo em benefício da população. Foi exatamente o que não ocorreu. É preciso entender também que não estamos falando do Pará de hoje, mas do Pará de sempre, um Estado sempre marcado por conflitos sociais.
Que lições o combate à guerrilha trouxe para as Forças Armadas?
As Forças Armadas não conheciam a Amazônia. Tivemos muitos ensinamentos. Eu fui para o Araguaia com o curso de guerra na selva. Mas aprendi muito com os guias, os mateiros. Também desenvolvemos ensinamentos estratégicos, de como lidar com a população. Nas primeiras duas campanhas, os guias não conduziam as patrulhas para alcançar os objetivos. Eles davam voltas na selva, não estavam interessados em levar as patrulhas aos locais onde estavam os guerrilheiros. Já na terceira campanha tivemos uma equipe de mateiros que trabalhou de forma correta. Passamos a conversar com os guias, dar o valor que eles possuíam. É preciso ter humildade. Com os guias, aprendi a sobreviver com um pedaço de rapadura e fígado de uma jabota. Aprimorei o que aprendi nos bancos acadêmicos. Eu fui preparado para a guerra, mas a prática é um pouco diferente.
O que é uma guerra de guerrilha?
Uma guerra convencional já é um terror. Pode haver alguma surpresa, mas é difícil ser surpreendido na retaguarda. Já numa guerra de guerrilha você não sabe quem é o inimigo. É uma guerra feia, terrível. Só o terreno, a selva, é um enorme obstáculo. Não é fácil se movimentar no igapó, passar 15 dias sem tomar banho, sem se alimentar direito.
Quais os erros do PC do B?
O PC do B deslocou para a área de guerrilha pessoas que tinham curso na China, mas sem experiência em combate e sobrevivência na selva. As lideranças do partido se deslocaram para a área, a Elza Monnerat e o João Amazonas, mas logo no início abandonaram aquela juventude na mata. A Comissão Militar da guerrilha, cujo chefe era o Maurício Grabois, não tinha planejado contato com o partido fora da área. Foi uma aventura do partido. Amazonas e Elza fugiram e deixaram cada um por si e Deus para todos.
E os erros das Forças Armadas?
Na primeira campanha, não tinha um comando centralizado. Era cada equipe por si, chegando ao ponto de ocorrer choques entre militares. Na segunda campanha, mandaram tropas constituídas de elementos não especializados em selva, vindas de Brasília e de Goiânia, que nunca viram a floresta. Depois, as Forças Armadas cometeram o erro político de mascarar o movimento contra a guerrilha como uma manobra militar. E o erro mais grave: montaram uma operação de envergadura sem organizar um trabalho de informações. Não se sabia quem era o inimigo. Então, foi organizada a Operação Sucuri. Eu fui o coordenador na área, na linha de frente. Em quase cinco meses de operação, conseguimos saber tudo sobre os guerrilheiros, seus hábitos, seus armamentos. Foi uma das operações mais bem realizadas na América Latina.
Por que até hoje é difícil falar sobre essa história?
Existia na época o chamado Milagre Econômico, no governo Medici. O "milagre", segundo orientações de cima, tinha de ser preservado. Notícias sobre combates na selva poderiam manchar a imagem positiva da economia brasileira e do País no exterior. Depois, a guerrilha preocupava o governo porque o Partido Comunista tinha sim o objetivo de criar uma área livre a serviço do bloco comunista internacional, cuja ponte com o Brasil era a Albânia. A China, que formou os combatentes, não queria aparecer diretamente. Houve ordem expressa para que tudo ficasse em sigilo. Há muitas versões distorcidas, por má fé ou simples desconhecimento.
Qual é o momento de uma história ser revelada?
É o atual momento. Por quê? Quem participou dos combates por força das circunstâncias, cumprindo uma missão de Estado, está agora com a idade cronológica um pouco avançada. Estou com 74 anos, forte graças a Deus, mas acho que é hora de dar conhecimento. Como sairá um livro sobre a minha história, eu tinha de abrir o arquivo antes. Não me julgo dono da verdade, mas sei muita coisa porque vivi.
Como foi o combate travado pelo senhor e pelo agente Lício Maciel com a guerrilheira Lúcia Maria de Souza, a Sônia?
Estávamos numa patrulha na mata. Por volta de 17 horas, a luz começou a cair. Encontramos na beira de um pântano um par de coturno. Ouvimos uma conversa e assovios. Uma das vozes era de mulher. Sônia voltou inesperadamente, talvez para apanhar o coturno, e gritou para os companheiros de guerrilha, pensando que um deles tinha levado o calçado por brincadeira. Toda a patrulha estava dentro do pântano. Com o aumento do volume da voz de Sônia, Lício deu alguns passos à frente, a dez metros da gente. Foi quando a viu. Com água na cintura, ele gritou: "Quieta!". Sônia pôs as duas mãos para cima. Na verdade, apenas uma mão estava na cabeça, com a outra ela disparou o primeiro tiro contra ele. Os demais da patrulha abriram fogo. A Sônia voltou a atirar. De onde eu estava não conseguia enxergá-la. Atirei em dois vultos que escaparam por uma moita de açaizal, possivelmente dois companheiros dela. A penumbra dificultava a visão. Depois, eu gritei: "Cessa, cessa, cessa!", para prestar socorro a Lício. Olhei, o meu cotovelo direito, que estava ensanguentado. Eu, um sargento e um soldado seguimos mais à frente, no rumo de um murmúrio. Os galhos e folhas atingidas pelas rajadas ainda se desprendiam dos troncos, formando um eco. Começou o silêncio. Era quase noite. Ouvimos gemido. Logo depois, vi um rastro de corpo num barranco do igapó. Mais à frente, um revólver 38 no chão. Ela estava adiante, de bruços. Usava camiseta e bermuda curta, bem acima do joelho. As pernas claras, de quem não via o sol há tempo, estavam picadas por insetos. Ela ainda suspirava. (Sônia morreu no combate.)
As Forças Armadas pagaram um preço por não contar a história da guerrilha?
Pagaram. Tudo deveria ser contado na época, os motivos das operações, os riscos que o País corria. Só o Estadão furou essa estratégia do silêncio durante os combates. Mas quem pagou um preço alto nestes anos todos fui eu. Entrei no Araguaia cumprindo uma missão. Depois coordenei o garimpo de Serra Pelada. Só por força das circunstâncias fiquei mais conhecido entre os companheiros que participaram dos combates também cumprindo missão constitucional.
Por que matar prisioneiros?
Esta é a parte delicada.
Na terceira campanha, a Operação Marajoara, os guerrilheiros já não tinham armas. Por que matá-los?
Não estavam desarmados, estavam sem rumo.
Por que matar prisioneiros?
Todos os combatentes foram mortos em combate? Não. Exemplos típicos são os casos da Dina e da Tuca. Elas foram feitas prisioneiras por mim e entregues às autoridades.
Que autoridades foram essas?
Me reservo no direito de não citar nomes. Mas pelos dados do meu arquivo você poderá tirar suas conclusões.
O que aconteceu com a Dina e a Tuca?
Morreram. A ordem superior era não deixar rastros da guerrilha, para poupar o Brasil de uma guerrilha, de uma Farc, um movimento montonero (guerrilha argentina), um Sendero Luminoso.
Qual era o perfil dos guerrilheiros?
Porcentual considerável era de jovens idealistas que lutavam por uma sociedade mais justa, cujos objetivos não se diferenciavam dos objetivos das Forças Armadas. Só que fizemos caminhos ideologicamente diferentes para atingi-los. Não eram bandidos. Não eram mesmo. A cúpula da guerrilha era de raposas velhas.
Como o senhor, que obteve tantas vitórias militares, se sente como um derrotado pela história?
As Forças Armadas cumpriram uma missão constitucional, preservaram as instituições, a independência e a soberania da pátria e não permitiram um Estado independente no Brasil, o que no bojo da guerra de guerrilhas extirpou momentaneamente uma ideologia adversa, o comunismo. Então não me sinto derrotado.
Mas nem a Constituição de 1967, outorgada na ditadura, mandava matar.
Segundo a Lei de Newton, para toda ação há uma reação com a mesma força e intensidade no sentido contrário. Lembre-se de Stalin na União Soviética e de Fidel e seu paredão em Cuba. Os guerrilheiros do Araguaia realizaram execuções sumárias. É o caso de Pedro Mineiro, executado por cinco guerrilheiras, de Rosalindo, justiçado pela guerrilha, e do camponês Osmar.
Mas uma centena de pessoas maltrapilhas tinha a mesma força dos cinco mil homens das Forças Armadas?
Na terceira campanha eram 150 homens de forças especiais, preparados e bem armados. Se a guerrilha não fosse interceptada pelas Forças Armadas no estágio em que se encontrava, as centenas de apoios aliciados na massificação e no proselitismo formariam hoje uma Farc. Não era meia dúzia de pessoas. Tanto que na segunda campanha 3.200 homens das Forças Armadas não tiveram êxito. Os meus relatórios comprovam o trabalho de massificação: cerca de 200 moradores foram aliciados pela guerrilha.
Uma guerrilheira como a Áurea, por exemplo, uma simples estudante de 24 anos, e ainda por cima presa, oferecia risco?
A mulher pelo seu valor hoje ocupa funções delicadas que requerem alta competência como pilotar um jato, comandar as tropas, presidir tribunais de júri, e ela armada se equipara a um grande guerreiro, haja vista que hoje as Forças Armadas têm exímios combatentes do sexo feminino. Áurea era um exímio combatente.
Na base de Xambioá, onde ficou detida, Áurea não era mais uma combatente. Era uma prisioneira do Estado.
Não há dados concretos de fria execução na guerrilha.
Os papéis do arquivo do senhor podem levar à conclusão de que houve execução.
Eu disse que não houve fria execução. Num arrozal, quando se capina não se corta a erva daninha só pelo caule. É preciso arrancá-la pela raiz, para que não brote novamente.
Quem é:
Sebastião Curió
É tenente-coronel da reserva do Exército, foi prefeito de Curianópolis (PA) pelo PMDB,mas foi cassado pelo TSE
Ex-agente do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), coordenou o garimpo de Serra Pelada e foi deputado federal pelo extinto PDS, sigla de apoio ao regime militar
CUSTO: "Quem pagou um preço alto nesses anos todos fui eu. Entrei no Araguaia cumprindo uma missão"
AÇÃO: "A repressão por si aniquila, destrói, acaba com o movimento guerrilheiro. Mas não com a subversão"
ERROS: "Montaram uma operação de envergadura sem organizar um trabalho de informações"
Sebastião Curió Rodrigues de Moura: oficial do Exército sob o regime militar
Leonencio Nossa, MARABÁ (PA)
A Guerrilha do Araguaia, movimento armado na selva contra o regime militar, não marcou a memória dos que viveram nos anos 1970 nas grandes cidades. Nem poderia. A censura impediu que os brasileiros soubessem da existência de uma operação de guerra na floresta amazônica. No entanto, um personagem do lado da repressão, o oficial Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o Major Curió, 74 anos, virou mito antes mesmo que a história do conflito fosse revelada com detalhes. Com a redemocratização, Curió pôs a cara para bater e tornou-se o principal representante de uma legião de militares que acompanharam em silêncio a mudança de regime. Passou os últimos 30 anos em duelo com a esquerda, mas sempre recorreu a palavras moderadas para atacar e rebater acusações.
Foi como interventor do garimpo de Serra Pelada, nos anos 1980, que o líder populista de direita, como a esquerda o classifica, conquistou "massas" do sul do Pará e do sul do Maranhão, um feito que os adversários não realizaram.
O capítulo da história de Curió que mais desperta interesse de aliados e inimigos, no entanto, é anterior: é o Araguaia. "Esta é a parte mais delicada", diz. Numa franqueza que impressiona até quem o conhece há anos, afirma: "Num arrozal, quando se capina, não se corta a erva daninha só pelo caule. É preciso arrancá-la pela raiz, para que não brote novamente." Admite, parecendo falar para os companheiros de farda, que "este é o momento de revelar a história".
O senhor concorda que o fim da guerrilha coincidiu com o início do latifúndio e o aumento da pobreza no sul do Pará?
No final do relatório da Sucuri eu escrevi: a repressão por si aniquila, destrói, acaba com o movimento guerrilheiro. Mas não acaba com o movimento da subversão. Isso só se conseguirá com ações de governo em benefício da população. Foi exatamente o que não ocorreu. É preciso entender também que não estamos falando do Pará de hoje, mas do Pará de sempre, um Estado sempre marcado por conflitos sociais.
Que lições o combate à guerrilha trouxe para as Forças Armadas?
As Forças Armadas não conheciam a Amazônia. Tivemos muitos ensinamentos. Eu fui para o Araguaia com o curso de guerra na selva. Mas aprendi muito com os guias, os mateiros. Também desenvolvemos ensinamentos estratégicos, de como lidar com a população. Nas primeiras duas campanhas, os guias não conduziam as patrulhas para alcançar os objetivos. Eles davam voltas na selva, não estavam interessados em levar as patrulhas aos locais onde estavam os guerrilheiros. Já na terceira campanha tivemos uma equipe de mateiros que trabalhou de forma correta. Passamos a conversar com os guias, dar o valor que eles possuíam. É preciso ter humildade. Com os guias, aprendi a sobreviver com um pedaço de rapadura e fígado de uma jabota. Aprimorei o que aprendi nos bancos acadêmicos. Eu fui preparado para a guerra, mas a prática é um pouco diferente.
O que é uma guerra de guerrilha?
Uma guerra convencional já é um terror. Pode haver alguma surpresa, mas é difícil ser surpreendido na retaguarda. Já numa guerra de guerrilha você não sabe quem é o inimigo. É uma guerra feia, terrível. Só o terreno, a selva, é um enorme obstáculo. Não é fácil se movimentar no igapó, passar 15 dias sem tomar banho, sem se alimentar direito.
Quais os erros do PC do B?
O PC do B deslocou para a área de guerrilha pessoas que tinham curso na China, mas sem experiência em combate e sobrevivência na selva. As lideranças do partido se deslocaram para a área, a Elza Monnerat e o João Amazonas, mas logo no início abandonaram aquela juventude na mata. A Comissão Militar da guerrilha, cujo chefe era o Maurício Grabois, não tinha planejado contato com o partido fora da área. Foi uma aventura do partido. Amazonas e Elza fugiram e deixaram cada um por si e Deus para todos.
E os erros das Forças Armadas?
Na primeira campanha, não tinha um comando centralizado. Era cada equipe por si, chegando ao ponto de ocorrer choques entre militares. Na segunda campanha, mandaram tropas constituídas de elementos não especializados em selva, vindas de Brasília e de Goiânia, que nunca viram a floresta. Depois, as Forças Armadas cometeram o erro político de mascarar o movimento contra a guerrilha como uma manobra militar. E o erro mais grave: montaram uma operação de envergadura sem organizar um trabalho de informações. Não se sabia quem era o inimigo. Então, foi organizada a Operação Sucuri. Eu fui o coordenador na área, na linha de frente. Em quase cinco meses de operação, conseguimos saber tudo sobre os guerrilheiros, seus hábitos, seus armamentos. Foi uma das operações mais bem realizadas na América Latina.
Por que até hoje é difícil falar sobre essa história?
Existia na época o chamado Milagre Econômico, no governo Medici. O "milagre", segundo orientações de cima, tinha de ser preservado. Notícias sobre combates na selva poderiam manchar a imagem positiva da economia brasileira e do País no exterior. Depois, a guerrilha preocupava o governo porque o Partido Comunista tinha sim o objetivo de criar uma área livre a serviço do bloco comunista internacional, cuja ponte com o Brasil era a Albânia. A China, que formou os combatentes, não queria aparecer diretamente. Houve ordem expressa para que tudo ficasse em sigilo. Há muitas versões distorcidas, por má fé ou simples desconhecimento.
Qual é o momento de uma história ser revelada?
É o atual momento. Por quê? Quem participou dos combates por força das circunstâncias, cumprindo uma missão de Estado, está agora com a idade cronológica um pouco avançada. Estou com 74 anos, forte graças a Deus, mas acho que é hora de dar conhecimento. Como sairá um livro sobre a minha história, eu tinha de abrir o arquivo antes. Não me julgo dono da verdade, mas sei muita coisa porque vivi.
Como foi o combate travado pelo senhor e pelo agente Lício Maciel com a guerrilheira Lúcia Maria de Souza, a Sônia?
Estávamos numa patrulha na mata. Por volta de 17 horas, a luz começou a cair. Encontramos na beira de um pântano um par de coturno. Ouvimos uma conversa e assovios. Uma das vozes era de mulher. Sônia voltou inesperadamente, talvez para apanhar o coturno, e gritou para os companheiros de guerrilha, pensando que um deles tinha levado o calçado por brincadeira. Toda a patrulha estava dentro do pântano. Com o aumento do volume da voz de Sônia, Lício deu alguns passos à frente, a dez metros da gente. Foi quando a viu. Com água na cintura, ele gritou: "Quieta!". Sônia pôs as duas mãos para cima. Na verdade, apenas uma mão estava na cabeça, com a outra ela disparou o primeiro tiro contra ele. Os demais da patrulha abriram fogo. A Sônia voltou a atirar. De onde eu estava não conseguia enxergá-la. Atirei em dois vultos que escaparam por uma moita de açaizal, possivelmente dois companheiros dela. A penumbra dificultava a visão. Depois, eu gritei: "Cessa, cessa, cessa!", para prestar socorro a Lício. Olhei, o meu cotovelo direito, que estava ensanguentado. Eu, um sargento e um soldado seguimos mais à frente, no rumo de um murmúrio. Os galhos e folhas atingidas pelas rajadas ainda se desprendiam dos troncos, formando um eco. Começou o silêncio. Era quase noite. Ouvimos gemido. Logo depois, vi um rastro de corpo num barranco do igapó. Mais à frente, um revólver 38 no chão. Ela estava adiante, de bruços. Usava camiseta e bermuda curta, bem acima do joelho. As pernas claras, de quem não via o sol há tempo, estavam picadas por insetos. Ela ainda suspirava. (Sônia morreu no combate.)
As Forças Armadas pagaram um preço por não contar a história da guerrilha?
Pagaram. Tudo deveria ser contado na época, os motivos das operações, os riscos que o País corria. Só o Estadão furou essa estratégia do silêncio durante os combates. Mas quem pagou um preço alto nestes anos todos fui eu. Entrei no Araguaia cumprindo uma missão. Depois coordenei o garimpo de Serra Pelada. Só por força das circunstâncias fiquei mais conhecido entre os companheiros que participaram dos combates também cumprindo missão constitucional.
Por que matar prisioneiros?
Esta é a parte delicada.
Na terceira campanha, a Operação Marajoara, os guerrilheiros já não tinham armas. Por que matá-los?
Não estavam desarmados, estavam sem rumo.
Por que matar prisioneiros?
Todos os combatentes foram mortos em combate? Não. Exemplos típicos são os casos da Dina e da Tuca. Elas foram feitas prisioneiras por mim e entregues às autoridades.
Que autoridades foram essas?
Me reservo no direito de não citar nomes. Mas pelos dados do meu arquivo você poderá tirar suas conclusões.
O que aconteceu com a Dina e a Tuca?
Morreram. A ordem superior era não deixar rastros da guerrilha, para poupar o Brasil de uma guerrilha, de uma Farc, um movimento montonero (guerrilha argentina), um Sendero Luminoso.
Qual era o perfil dos guerrilheiros?
Porcentual considerável era de jovens idealistas que lutavam por uma sociedade mais justa, cujos objetivos não se diferenciavam dos objetivos das Forças Armadas. Só que fizemos caminhos ideologicamente diferentes para atingi-los. Não eram bandidos. Não eram mesmo. A cúpula da guerrilha era de raposas velhas.
Como o senhor, que obteve tantas vitórias militares, se sente como um derrotado pela história?
As Forças Armadas cumpriram uma missão constitucional, preservaram as instituições, a independência e a soberania da pátria e não permitiram um Estado independente no Brasil, o que no bojo da guerra de guerrilhas extirpou momentaneamente uma ideologia adversa, o comunismo. Então não me sinto derrotado.
Mas nem a Constituição de 1967, outorgada na ditadura, mandava matar.
Segundo a Lei de Newton, para toda ação há uma reação com a mesma força e intensidade no sentido contrário. Lembre-se de Stalin na União Soviética e de Fidel e seu paredão em Cuba. Os guerrilheiros do Araguaia realizaram execuções sumárias. É o caso de Pedro Mineiro, executado por cinco guerrilheiras, de Rosalindo, justiçado pela guerrilha, e do camponês Osmar.
Mas uma centena de pessoas maltrapilhas tinha a mesma força dos cinco mil homens das Forças Armadas?
Na terceira campanha eram 150 homens de forças especiais, preparados e bem armados. Se a guerrilha não fosse interceptada pelas Forças Armadas no estágio em que se encontrava, as centenas de apoios aliciados na massificação e no proselitismo formariam hoje uma Farc. Não era meia dúzia de pessoas. Tanto que na segunda campanha 3.200 homens das Forças Armadas não tiveram êxito. Os meus relatórios comprovam o trabalho de massificação: cerca de 200 moradores foram aliciados pela guerrilha.
Uma guerrilheira como a Áurea, por exemplo, uma simples estudante de 24 anos, e ainda por cima presa, oferecia risco?
A mulher pelo seu valor hoje ocupa funções delicadas que requerem alta competência como pilotar um jato, comandar as tropas, presidir tribunais de júri, e ela armada se equipara a um grande guerreiro, haja vista que hoje as Forças Armadas têm exímios combatentes do sexo feminino. Áurea era um exímio combatente.
Na base de Xambioá, onde ficou detida, Áurea não era mais uma combatente. Era uma prisioneira do Estado.
Não há dados concretos de fria execução na guerrilha.
Os papéis do arquivo do senhor podem levar à conclusão de que houve execução.
Eu disse que não houve fria execução. Num arrozal, quando se capina não se corta a erva daninha só pelo caule. É preciso arrancá-la pela raiz, para que não brote novamente.
Quem é:
Sebastião Curió
É tenente-coronel da reserva do Exército, foi prefeito de Curianópolis (PA) pelo PMDB,mas foi cassado pelo TSE
Ex-agente do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), coordenou o garimpo de Serra Pelada e foi deputado federal pelo extinto PDS, sigla de apoio ao regime militar
CUSTO: "Quem pagou um preço alto nesses anos todos fui eu. Entrei no Araguaia cumprindo uma missão"
AÇÃO: "A repressão por si aniquila, destrói, acaba com o movimento guerrilheiro. Mas não com a subversão"
ERROS: "Montaram uma operação de envergadura sem organizar um trabalho de informações"
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Re: REVANCHISTAS
eu só sei que tem muito COMUNISTA VAGABUNDO ganhando dinheiro de pensão.
Mas a história (ciclo) se repete...quando menos se espera... a história se repete
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Re: REVANCHISTAS
“Não me considero vítima do franquismo. As vítimas são aqueles que sofreram a repressão com passividade. É uma distinção um pouco exagerada que faço. Mas, como lutei contra, não me considero vítima, e sim ator nesse período histórico”.
Jorge Semprun, escritor espanhol, ao comentar o pagamento de indenização pelo governo da Espanha às vítimas da ditadura franquista
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"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
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Re: REVANCHISTAS
Documentário conta história de vítima da violência da guerrilha durante o regime militar.
Pela primeira vez no Cinema Brasileiro, longa-metragem mostra histórias de violência dos 2 lados: da repressão militar e do terrorismo de extrema esquerda.
Até o FHC tira casquinha:
http://www.youtube.com/user/terranovafilmes
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Re: REVANCHISTAS
parece que vai ser interessante isso ai, tem muita gente que vai chiar......rodrigo escreveu:Documentário conta história de vítima da violência da guerrilha durante o regime militar.
Pela primeira vez no Cinema Brasileiro, longa-metragem mostra histórias de violência dos 2 lados: da repressão militar e do terrorismo de extrema esquerda.
Até o FHC tira casquinha:
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Re: REVANCHISTAS
Eu acho que já que temos o Lula , o Filho do Brasil , poderíamos ter o filme Dilma , a Sogra do Brasil , contando das suas atividades subversivas na VAR-Palmares e em outras grifes de meliantes , durante o período do governo militar.
Brotei no Ventre da Pampa,que é Pátria na minha Terra/Sou resumo de uma Guerra,que ainda tem importância/Sou Raiz,sou Sangue,sou Verso/Sou maior que a História Grega/Eu sou Gaúcho e me chega,p'ra ser Feliz no Universo.
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Re: REVANCHISTAS
Ninguém chia, mas deveriam colocar um especialista em direito e explicar a seguinte situação, qual é a responsabilidade do estado no presente caso?PQD escreveu:parece que vai ser interessante isso ai, tem muita gente que vai chiar......rodrigo escreveu:Documentário conta história de vítima da violência da guerrilha durante o regime militar.
Pela primeira vez no Cinema Brasileiro, longa-metragem mostra histórias de violência dos 2 lados: da repressão militar e do terrorismo de extrema esquerda.
Até o FHC tira casquinha:
http://www.youtube.com/user/terranovafilmes
A de um preso político ou comum sob o domínio, morto ou torturado é simples, ele está controle e dominado, o Estado só pode utilizar por lei a força necessária e depois de preso ele (estado) é o responsável pela integridade física, vale tanto para policiais como militares essa ação é só abrir os Códigos e vão ver que quem faz isso merece expulsão e repulsa dos seus pares.
Essa nova categoria de indenização do Estado, seria o mesmo que ao prender alguém por seus atos criminosos, caso ele venha a sofrer tortura ou morrrer, a vítima deverá também ser indenizada.
Fica a pergunta se as indenizações já não fazem sentido na maioria dos casos dentro do Direito e da lógica, por que criar mais uma escatologia?
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: REVANCHISTAS
EDITORIAL
Revanchismo
A conhecida ambiguidade do presidente Lula deriva de uma característica da montagem do seu governo, uma estrutura sem unidade, composta de capitanias hereditárias, sob controle de agrupamentos políticos de tendências disparatadas.
Há segmentos sob as ordens de conservadores, existem áreas doadas a organizações ditas sociais, e cargos influentes cedidos a egressos da luta armada dos tempos da ditadura. Daí a proverbial ambiguidade de Lula, obrigado a adotar um discurso multifacetado, para contentar a todos. Ou pelo menos continuar de pé sobre esta geleia político-ideológica.
Mas nem sempre Lula consegue reproduzir o chinês de circo que tenta manter pratos rodando na ponta de varetas de bambu. O grave caso da proposta do Programa Nacional de Direitos Humanos, razão do pedido de demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e dos chefes militares, significa que o presidente não conseguiu concluir com êxito mais este número de equilibrismo. Pediu a todos para ficar e embarcou rumo a alguns dias de descanso na Bahia — se é que isto será possível — , deixando em Brasília o embrião de uma crise militar, risco que se pensava fazer parte do passado. O problema era previsível, pois há algum tempo um desses núcleos do governo, o de esquerda, tenta rever a Lei da Anistia.
Autoridades de primeiro escalão, Paulo Vanucchi, ministro da Secretaria de Direitos Humanos, e Tarso Genro, ministro da Justiça, estão na linha de frente da operação.
E, ao assinar o decreto do tal programa, encaminhado a ele por Vanucchi, Lula avalizou a pressão do grupo pela revisão da anistia, em nome da punição de torturadores etc. Com razão, Jobim e os comandantes Enzo Peri (Exército), Júlio Moura Neto (Marinha) e Juniti Saito (Aeronáutica) colocaram os cargos à disposição.
Reabrir a questão é recriar uma zona de turbulência já superada pela sociedade brasileira. Por ter sido a anistia recíproca — para militares e militantes — , se, por um delírio, resolverem revê-la, os crimes cometidos por guerrilheiros, alguns hoje em cargos elevados na República, também precisarão ser reexaminados.
Nessa discussão não cabe fazer comparações com outros países latino-americanos, onde a anistia foi forjada com o objetivo de livrar da Justiça apenas um lado, os militares. No Brasil, ao contrário, a Lei da Anistia surgiu de uma negociação do regime com a oposição, para facilitar a caminhada de volta à democracia. Cabe agora ao presidente Lula fugir das usuais contemporizações com falanges do governo, dar um basta a essas reiteradas tentativas de revanchismo, e, como prometeu a Jobim, rever o decreto.
Não há alternativa.
Revanchismo
A conhecida ambiguidade do presidente Lula deriva de uma característica da montagem do seu governo, uma estrutura sem unidade, composta de capitanias hereditárias, sob controle de agrupamentos políticos de tendências disparatadas.
Há segmentos sob as ordens de conservadores, existem áreas doadas a organizações ditas sociais, e cargos influentes cedidos a egressos da luta armada dos tempos da ditadura. Daí a proverbial ambiguidade de Lula, obrigado a adotar um discurso multifacetado, para contentar a todos. Ou pelo menos continuar de pé sobre esta geleia político-ideológica.
Mas nem sempre Lula consegue reproduzir o chinês de circo que tenta manter pratos rodando na ponta de varetas de bambu. O grave caso da proposta do Programa Nacional de Direitos Humanos, razão do pedido de demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e dos chefes militares, significa que o presidente não conseguiu concluir com êxito mais este número de equilibrismo. Pediu a todos para ficar e embarcou rumo a alguns dias de descanso na Bahia — se é que isto será possível — , deixando em Brasília o embrião de uma crise militar, risco que se pensava fazer parte do passado. O problema era previsível, pois há algum tempo um desses núcleos do governo, o de esquerda, tenta rever a Lei da Anistia.
Autoridades de primeiro escalão, Paulo Vanucchi, ministro da Secretaria de Direitos Humanos, e Tarso Genro, ministro da Justiça, estão na linha de frente da operação.
E, ao assinar o decreto do tal programa, encaminhado a ele por Vanucchi, Lula avalizou a pressão do grupo pela revisão da anistia, em nome da punição de torturadores etc. Com razão, Jobim e os comandantes Enzo Peri (Exército), Júlio Moura Neto (Marinha) e Juniti Saito (Aeronáutica) colocaram os cargos à disposição.
Reabrir a questão é recriar uma zona de turbulência já superada pela sociedade brasileira. Por ter sido a anistia recíproca — para militares e militantes — , se, por um delírio, resolverem revê-la, os crimes cometidos por guerrilheiros, alguns hoje em cargos elevados na República, também precisarão ser reexaminados.
Nessa discussão não cabe fazer comparações com outros países latino-americanos, onde a anistia foi forjada com o objetivo de livrar da Justiça apenas um lado, os militares. No Brasil, ao contrário, a Lei da Anistia surgiu de uma negociação do regime com a oposição, para facilitar a caminhada de volta à democracia. Cabe agora ao presidente Lula fugir das usuais contemporizações com falanges do governo, dar um basta a essas reiteradas tentativas de revanchismo, e, como prometeu a Jobim, rever o decreto.
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Re: REVANCHISTAS
Com a palavra , os 80% (ou mais) de apoiadores do Lula e sua troupe de Lamarcas , Marighellas ,Franklin Martins , Dilmas e outros terroristas sobre esse ABSURDO decreto que quer revogar a anistia SOMENTE quanto os militares e deixar esses terroristas livres. PIADA . SE QUEREM REVOGAR A LEI DE ANISTIA , julguemos os militares que cometeram excessos .Mas também vamos levar Dona Dilma e demais terroristas ao banco dos réus .Seria interessante a candidata a presidente e seu promoter F. Martins respondendo processo sobre execuções , assaltos a banco , sequestros , atentados...
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Re: REVANCHISTAS
Achei que esse assunto de rever a lei de anistia iria bombar , com os defensores do Lulismo arguindo que é isso mesmo , tem que julgar só os militares porque os terroristas civis eram guerreiros da liberdade , etc...Mas não.....o que se vê e ouve é um saariano silêncio , um amazônico mutismo dos 80% apoiadores de Lula aqui do DB ...SÓ FALTA DIZEREM QUE O LULA NÃO SABIA DE NADA, COMO NO CASO MENSALÃO.....que foi só mais um costumeiro ato delinquente dos ministros Tarso Genro , Dilma , Franklin Martins e Vannuchi , todos ligados a entidades terroristas , até algumas décadas atrás...seguirei aguardando uma manifestação das esquerdas do DB sobre esse Decreto....tanto da esquerda branda , do socialismo utópico mas bem intencionado , que é minoritária , quanto das outras.....a das massas ignaras , stalinistas , totalitárias , bolivarianas , MSTs , anarco-sindicais e gremistas.
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Re: REVANCHISTAS
Fica falando isso, fica.Dieneces escreveu:Eu acho que já que temos o Lula , o Filho do Brasil , poderíamos ter o filme Dilma , a Sogra do Brasil , contando das suas atividades subversivas na VAR-Palmares e em outras grifes de meliantes , durante o período do governo militar.
Ela se enraivece e te chamas às falas! E teremos: Dieneces, o guapo que apanhou da Dilma!
De bota e cuia.
Não se provoca uma gaúcha, sem sofrer conseqüências. Você deveria saber disso.
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
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Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
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Re: REVANCHISTAS
Ela é mineira...Ilya Ehrenburg escreveu:Fica falando isso, fica.Dieneces escreveu:Eu acho que já que temos o Lula , o Filho do Brasil , poderíamos ter o filme Dilma , a Sogra do Brasil , contando das suas atividades subversivas na VAR-Palmares e em outras grifes de meliantes , durante o período do governo militar.
Ela se enraivece e te chamas às falas! E teremos: Dieneces, o guapo que apanhou da Dilma!
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Não se provoca uma gaúcha, sem sofrer conseqüências. Você deveria saber disso.
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Re: REVANCHISTAS
Muito pior.Dieneces escreveu:Ela é mineira...Ilya Ehrenburg escreveu: Fica falando isso, fica.
Ela se enraivece e te chamas às falas! E teremos: Dieneces, o guapo que apanhou da Dilma!
De bota e cuia.
Não se provoca uma gaúcha, sem sofrer conseqüências. Você deveria saber disso.
Re: REVANCHISTAS
Ao invés dos caras se preocuparem com o futuro do país ficam cavando picuinhas no passado. Vou te contar viu, quando vão aprender a parar de patinar na merda?
Tão parecendo aquelas criancinhas que quando apanham pegam raiva e ficam tentando se vingar depois.
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