GEOPOLÍTICA

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Centurião
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Re: GEOPOLÍTICA

#1066 Mensagem por Centurião » Dom Dez 06, 2009 3:22 pm

Marino escreveu:Relações brasileiras com Venezuela e Irã são questionadas


DA SUCURSAL DO RIO


Os acadêmicos que participam dos estudos do Pentágono com a Universidade Internacional da Flórida (FIU) afirmam que pretendem levar aos militares dos EUA uma visão mais matizada da América Latina, mas nem sempre é fácil.

Um dos autores do relatório sobre o Brasil, Alcides Vaz, da UnB, foi crivado de perguntas sobre as relações do país com Venezuela e Irã ao expor seu trabalho no Comando Sul, na semana retrasada.
Vaz percebeu "inquietação" quanto às posições brasileiras sobre o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o programa nuclear iraniano -o Brasil tem defendido o direito do Irã de enriquecer urânio para fins pacíficos. "No caso de Chávez, há expectativa de uma relação mais assertiva, de maior dureza", disse o professor da UnB.

Segundo Vaz, a inquietação em parte é fruto da perspectiva dos americanos de "compartilhar responsabilidades com o Brasil", visto como ator global e não apenas regional.
Para os militares dos EUA, é difícil entender a lógica brasileira, pela qual "é mais interessante atrair [a Venezuela] para o marco de organismos e instâncias regionais do que confrontá-la diretamente".
O relatório sobre o Brasil descreve uma "ambiguidade" tradicional da política externa do país, que cultiva a autonomia e a autossuficiência, mas entende que o multilateralismo é o meio mais eficiente de tentar moldar a ordem internacional em seu benefício.

Fala da ausência de guerras com vizinhos no século 20 e da habilidade brasileira para definir suas fronteiras de forma negociada como parte do seu "soft power". Descreve a "vocação atlântica" do país e de como foi "empurrado" pelas circunstâncias a assumir liderança na América do Sul.

O estudo cita o crescimento econômico recente e as reservas de petróleo no pré-sal como fatores que pressionam por "capacidades de defesa proporcionais à vulnerabilidade dos novos espaços estratégicos" brasileiros.

Ao questionarem posições do Brasil, os militares americanos também apontaram, segundo Vaz, o que consideram "percepções equivocadas" sobre eles.Mostraram dificuldade de assimilar a reação regional à Quarta Frota e ao acordo que permite o uso, por militares americanos, de bases na Colômbia.

"Tive oportunidade de discutir a preocupação brasileira com o aumento da presença militar extrarregional na América do Sul e a militarização do entorno sul-americano", disse o professor. "Mas eles olham essas iniciativas não sob o prisma das preocupações nacionais, mas da sua estratégia global."

Os militares do Comando Sul também acompanham a importância da Amazônia na doutrina militar brasileira e identificam convergência entre a política externa do governo Lula para a região e o pensamento das forças armadas. "[Eles percebem que] há uma sintonia grande entre o pensamento dos militares e as preocupações de política externa tal como refletidas na Estratégia Nacional de Defesa", relatou o professor Vaz. (CA)
Fez bem esse professor em ir lá e explicar nossas posições, mesmo que não-oficiais. O diálogo tem que estar sempre à frente.

Também é bom saber que os americanos estão procurando entender mais sobre a região.




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Marino
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Re: GEOPOLÍTICA

#1067 Mensagem por Marino » Dom Dez 06, 2009 4:34 pm

Centurião, para os militares é importante entendermos como pensa, o que é considerado importante, como é conduzido o raciocínio, o que é considerado ganho ou perda, o que motiva, um possível adversário.
É preciso "entrar na cabeça" do adversário.




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Penguin
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Re: GEOPOLÍTICA

#1068 Mensagem por Penguin » Dom Dez 06, 2009 7:27 pm

FSP, 06/12

Pentágono banca pesquisas sobre vizinhos
Brasil é 1 dos 10 países que têm sua "cultura estratégica" analisada em relatórios da Universidade Internacional da Flórida

Americanos se deram conta da necessidade de entender melhor as nuances de cada Estado da região, afirma o coordenador do projeto

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

O Departamento da Defesa dos Estados Unidos está financiando uma série de estudos acadêmicos que pretende analisar dez países da América Latina e do Caribe, incluindo o Brasil, do ponto de vista de sua "cultura estratégica" -isto é, das experiências históricas e influências externas e internas que moldam suas relações internacionais.
O objetivo dos relatórios, encomendados ao Centro de Pesquisa Aplicada da Universidade Internacional da Flórida (FIU), é, segundo seus participantes, ajudar os militares do Comando Sul, sediado em Miami, a lidar com os países em sua área de atuação levando em conta as diferenças entre eles.
"Eles [os militares] se deram conta da necessidade de entender melhor as nuances que diferenciam os Estados na América Latina, a dinâmica sócio-cultural de cada Estado. Se deram conta de que a região não pode ser tratada como um bloco homogêneo", diz Brian Fonseca, que é o coordenador do projeto na FIU.
O general Douglas Fraser, chefe do Comando Sul, "é um dos que entendem melhor essa necessidade", emenda.
O projeto tem como pano de fundo as mudanças da última década, com a fragmentação política sobretudo da América do Sul, a partir da ascensão de governos de esquerda ou centro-esquerda, e a diversificação das relações exteriores da região para incluir países como Rússia, China, Índia e Irã.
Até então, a maioria dos governantes latino-americanos tendia ao alinhamento com Washington. Reações negativas oficiais como as que se seguiram aos anúncios da reativação da Quarta Frota, no ano passado, e do acordo para o uso de bases colombianas, recentemente, inexistiam ou eram bem menos contundentes do que são agora.

"Liberdade acadêmica"
O projeto usa parte da verba de US$ 1 milhão de uma parceria entre a universidade e o Comando Sul. Fonseca afirma ter autonomia acadêmica para um trabalho sem facciosismo. "Há acordo sobre os tópicos, mas somos livres para adotar a abordagem que preferirmos."
No caso dos relatórios com foco na cultura estratégica, há cinco já prontos, sobre Brasil, Venezuela, Cuba, Haiti e Colômbia; dois em produção, sobre Equador e Nicarágua; e três a serem produzidos, sobre Bolívia, Chile e Argentina.
A dinâmica é a mesma nos dez casos. A universidade organiza um seminário, para o qual especialistas convidados levam textos. Depois, um ou dois deles resumem as conclusões em relatórios apresentados ao Comando Sul -e que logo estarão disponíveis na internet.
Fonseca, coautor do texto sobre o Haiti, diz que procura chamar especialistas "de vários lados do espectro político" e já recebeu negativas pelo fato de o projeto ser financiado pelo Pentágono.
Mas o Equador, por exemplo, com governo nacionalista de esquerda, enviou um vice-ministro da Defesa. Quando listados, os nomes dos participantes indicam maioria centrista, com alguns acadêmicos de centro-esquerda de universidades americanas.
O relatório da Venezuela não lista todos os participantes do seminário. O autor é o americano Harold Trinkunas, da Escola Naval de Pós-Graduação e do Centro Carter. O estudo da Colômbia é assinado por Victor Uribe-Uran, da FIU.
Crítico do "personalismo" do presidente Álvaro Uribe e da concentração de poder no Executivo em Bogotá, Uribe-Uran anota que "parece claro que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) receberam apoio" do governo venezuelano.
O estudo sobre o Brasil foi compilado por Luis Bitencourt, do Centro de Estudos da Defesa Hemisférica da Universidade Nacional da Defesa dos EUA, e Alcides Costa Vaz, da Universidade de Brasília. Outros convidados foram Clóvis Brigagão, da Universidade Candido Mendes (RJ), e o brasilianista Kenneth Serbin.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1069 Mensagem por Marino » Dom Dez 06, 2009 8:25 pm

Santiago escreveu:FSP, 06/12

Pentágono banca pesquisas sobre vizinhos
Brasil é 1 dos 10 países que têm sua "cultura estratégica" analisada em relatórios da Universidade Internacional da Flórida

Americanos se deram conta da necessidade de entender melhor as nuances de cada Estado da região, afirma o coordenador do projeto

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

O Departamento da Defesa dos Estados Unidos está financiando uma série de estudos acadêmicos que pretende analisar dez países da América Latina e do Caribe, incluindo o Brasil, do ponto de vista de sua "cultura estratégica" -isto é, das experiências históricas e influências externas e internas que moldam suas relações internacionais.
O objetivo dos relatórios, encomendados ao Centro de Pesquisa Aplicada da Universidade Internacional da Flórida (FIU), é, segundo seus participantes, ajudar os militares do Comando Sul, sediado em Miami, a lidar com os países em sua área de atuação levando em conta as diferenças entre eles.
"Eles [os militares] se deram conta da necessidade de entender melhor as nuances que diferenciam os Estados na América Latina, a dinâmica sócio-cultural de cada Estado. Se deram conta de que a região não pode ser tratada como um bloco homogêneo", diz Brian Fonseca, que é o coordenador do projeto na FIU.
O general Douglas Fraser, chefe do Comando Sul, "é um dos que entendem melhor essa necessidade", emenda.
O projeto tem como pano de fundo as mudanças da última década, com a fragmentação política sobretudo da América do Sul, a partir da ascensão de governos de esquerda ou centro-esquerda, e a diversificação das relações exteriores da região para incluir países como Rússia, China, Índia e Irã.
Até então, a maioria dos governantes latino-americanos tendia ao alinhamento com Washington. Reações negativas oficiais como as que se seguiram aos anúncios da reativação da Quarta Frota, no ano passado, e do acordo para o uso de bases colombianas, recentemente, inexistiam ou eram bem menos contundentes do que são agora.

"Liberdade acadêmica"
O projeto usa parte da verba de US$ 1 milhão de uma parceria entre a universidade e o Comando Sul. Fonseca afirma ter autonomia acadêmica para um trabalho sem facciosismo. "Há acordo sobre os tópicos, mas somos livres para adotar a abordagem que preferirmos."
No caso dos relatórios com foco na cultura estratégica, há cinco já prontos, sobre Brasil, Venezuela, Cuba, Haiti e Colômbia; dois em produção, sobre Equador e Nicarágua; e três a serem produzidos, sobre Bolívia, Chile e Argentina.
A dinâmica é a mesma nos dez casos. A universidade organiza um seminário, para o qual especialistas convidados levam textos. Depois, um ou dois deles resumem as conclusões em relatórios apresentados ao Comando Sul -e que logo estarão disponíveis na internet.
Fonseca, coautor do texto sobre o Haiti, diz que procura chamar especialistas "de vários lados do espectro político" e já recebeu negativas pelo fato de o projeto ser financiado pelo Pentágono.
Mas o Equador, por exemplo, com governo nacionalista de esquerda, enviou um vice-ministro da Defesa. Quando listados, os nomes dos participantes indicam maioria centrista, com alguns acadêmicos de centro-esquerda de universidades americanas.
O relatório da Venezuela não lista todos os participantes do seminário. O autor é o americano Harold Trinkunas, da Escola Naval de Pós-Graduação e do Centro Carter. O estudo da Colômbia é assinado por Victor Uribe-Uran, da FIU.
Crítico do "personalismo" do presidente Álvaro Uribe e da concentração de poder no Executivo em Bogotá, Uribe-Uran anota que "parece claro que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) receberam apoio" do governo venezuelano.
O estudo sobre o Brasil foi compilado por Luis Bitencourt, do Centro de Estudos da Defesa Hemisférica da Universidade Nacional da Defesa dos EUA, e Alcides Costa Vaz, da Universidade de Brasília. Outros convidados foram Clóvis Brigagão, da Universidade Candido Mendes (RJ), e o brasilianista Kenneth Serbin.
Santiago, dá uma lida na página anterior. :mrgreen:




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Re: GEOPOLÍTICA

#1070 Mensagem por Penguin » Dom Dez 06, 2009 9:09 pm

Marino escreveu:
Santiago escreveu:FSP, 06/12

Pentágono banca pesquisas sobre vizinhos
Brasil é 1 dos 10 países que têm sua "cultura estratégica" analisada em relatórios da Universidade Internacional da Flórida

Americanos se deram conta da necessidade de entender melhor as nuances de cada Estado da região, afirma o coordenador do projeto

CLAUDIA ANTUNES
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O Departamento da Defesa dos Estados Unidos está financiando uma série de estudos acadêmicos que pretende analisar dez países da América Latina e do Caribe, incluindo o Brasil, do ponto de vista de sua "cultura estratégica" -isto é, das experiências históricas e influências externas e internas que moldam suas relações internacionais.
O objetivo dos relatórios, encomendados ao Centro de Pesquisa Aplicada da Universidade Internacional da Flórida (FIU), é, segundo seus participantes, ajudar os militares do Comando Sul, sediado em Miami, a lidar com os países em sua área de atuação levando em conta as diferenças entre eles.
"Eles [os militares] se deram conta da necessidade de entender melhor as nuances que diferenciam os Estados na América Latina, a dinâmica sócio-cultural de cada Estado. Se deram conta de que a região não pode ser tratada como um bloco homogêneo", diz Brian Fonseca, que é o coordenador do projeto na FIU.
O general Douglas Fraser, chefe do Comando Sul, "é um dos que entendem melhor essa necessidade", emenda.
O projeto tem como pano de fundo as mudanças da última década, com a fragmentação política sobretudo da América do Sul, a partir da ascensão de governos de esquerda ou centro-esquerda, e a diversificação das relações exteriores da região para incluir países como Rússia, China, Índia e Irã.
Até então, a maioria dos governantes latino-americanos tendia ao alinhamento com Washington. Reações negativas oficiais como as que se seguiram aos anúncios da reativação da Quarta Frota, no ano passado, e do acordo para o uso de bases colombianas, recentemente, inexistiam ou eram bem menos contundentes do que são agora.

"Liberdade acadêmica"
O projeto usa parte da verba de US$ 1 milhão de uma parceria entre a universidade e o Comando Sul. Fonseca afirma ter autonomia acadêmica para um trabalho sem facciosismo. "Há acordo sobre os tópicos, mas somos livres para adotar a abordagem que preferirmos."
No caso dos relatórios com foco na cultura estratégica, há cinco já prontos, sobre Brasil, Venezuela, Cuba, Haiti e Colômbia; dois em produção, sobre Equador e Nicarágua; e três a serem produzidos, sobre Bolívia, Chile e Argentina.
A dinâmica é a mesma nos dez casos. A universidade organiza um seminário, para o qual especialistas convidados levam textos. Depois, um ou dois deles resumem as conclusões em relatórios apresentados ao Comando Sul -e que logo estarão disponíveis na internet.
Fonseca, coautor do texto sobre o Haiti, diz que procura chamar especialistas "de vários lados do espectro político" e já recebeu negativas pelo fato de o projeto ser financiado pelo Pentágono.
Mas o Equador, por exemplo, com governo nacionalista de esquerda, enviou um vice-ministro da Defesa. Quando listados, os nomes dos participantes indicam maioria centrista, com alguns acadêmicos de centro-esquerda de universidades americanas.
O relatório da Venezuela não lista todos os participantes do seminário. O autor é o americano Harold Trinkunas, da Escola Naval de Pós-Graduação e do Centro Carter. O estudo da Colômbia é assinado por Victor Uribe-Uran, da FIU.
Crítico do "personalismo" do presidente Álvaro Uribe e da concentração de poder no Executivo em Bogotá, Uribe-Uran anota que "parece claro que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) receberam apoio" do governo venezuelano.
O estudo sobre o Brasil foi compilado por Luis Bitencourt, do Centro de Estudos da Defesa Hemisférica da Universidade Nacional da Defesa dos EUA, e Alcides Costa Vaz, da Universidade de Brasília. Outros convidados foram Clóvis Brigagão, da Universidade Candido Mendes (RJ), e o brasilianista Kenneth Serbin.
Santiago, dá uma lida na página anterior. :mrgreen:
Valeu! As vezes é complicado acompanhar a dinâmica...e come-se mosca!

[]s




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Re: GEOPOLÍTICA

#1071 Mensagem por Tupi » Seg Dez 07, 2009 2:04 am

Não sei qual o melhor lugar para abordar este texto do MU sobre planejamento estratégico do Brasil.
Na minha opnião muito interessante.
[005]
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
OITO OPÇÕES QUE DEFINIRÃO O RUMO DO BRASIL


Roberto Mangabeira Unger


A tarefa do Brasil agora é começar a construir modelo de desenvolvimento baseado em ampliação de oportunidades para aprender, para trabalhar e para produzir. Modelo que faça da ampliação de oportunidades econômicas e educativas o motor do crescimento e que afirme a primazia do interesses do trabalho e da produção.

A construção deste modelo é a maneira -- a única maneira eficaz -- de superar a contradição que continua a acorrentar o Brasil. Num país que exibe vitalidade criativa e empreendedora desmesurada, a maior parte dos brasileiros continua sem ter os instrumentos para criar ou empreender. Por consequinte, desperdiça-se muito desta energia humana.

Para definir e desbravar e abrir este caminho, temos de resistir a uma tentação. Vista de um ângulo, é a tentação do rentismo. Por conta do grande rentismo financeiro, quem malogra como produtor pode continuar a prosperar como rentista. É a inversão da máxima de Keynes: a eutanásia dos produtores ocupa o lugar da eutanásia dos rentistas. Por conta do pequeno rentismo social, quem não consegue empregar-se ou qualificar-se ao menos não morre de fome porque recebe as migalhas dos programas sociais (justos e imprescindíveis como ponto de partida, porém inaceitáveis como ponto de chegada). Descobriram muitos que a combinação do grande rentismo financeiro e do pequeno rentismo social ganha eleições. Só que mata o país: desvia-nos do que haveria de ser a prioridade nacional: assegurar ao dinanismo brasileiro os instrumentos de que ele continua a carecer.

Considerada de outra perspectiva, é a tentação do açúcar. Na política brasileira, sobram partidos, mas faltam alternativas. Quase todos se apresentam como social-democratas ou social-liberais. O social arrisca ser o açúcar com que se doura a pílula do modelo econômico. Se o povo brasileiro vislumbrar oportunidade para reconstruir o existente, não se dará por satisfeito com o acúcar como substituto da reconstrução.

J[a existe a base social para erguer o novo modelo de desenvolvimento. É o desejo da maioria dos brasileiros de seguir o caminho da nova vanguarda de batalhadores e de emergentes que surgiu entre nós: classe média surpreendente, vinda de baixo, que encarna aos olhos da maioria de trabalhadores pobres, que lhe quer seguir o exemplo, o espírito da auto-ajuda e da iniciativa. Não o poderão seguir se deixarmos de inovar em nossas instituições, inclusive aquelas que constituem o mercado e a democracia.

Se existe base social para o projeto necessário ao país, ainda não está claro o caminho político. Os dois partidos que, a partir de seu centro de gravidade em São Paulo, polarizaram, nas últimas décadas, a disputa do poder central -- o PSDB e o PT -- pretendem-se arautos da modernidade. Atuaram com frequênciacomo agentes do atraso. Foram eles que chefiaram no Brasil a idéia hegemônica em nossa política: a inexistência de alternativas institucionais na organização da economia e da política, a conveniência da aliança entre o grande rentismo financeiro e o pequeno rentismo social, a redução do social ao papel do açúcar. O resultado, apesar da aparente bonança econômica, foi colocar-nos no caminho de virar combinação de grande fazenda, grande mina e montadora média.

Fora do eixo PSDB-PT, os partidos, grandes e pequenos, não acalentaram a alternativa do modelo de desenvolvimento que fizesse prevalecer os interesses do trabalho e da produção e que assegurasse a capacitação do povo brasileiro. Entregaram-se, as mais das vezes, a uma política programaticamente mesquinha e moralmente anárquica.

Em meio a esta abdicação generalizada, promoveu o governo Lula grandes avanços em cinco áreas principais. Consolidou a estabilidade macroeconômica, contra o espectro da hiper-inflação. Tirou milhões da pobreza extrema, ainda que não haja conseguido diminuir substancialmente a desigualdade. Abriu para outros milhões de jovens as portas da universidade e da escola técnica. Fêz obras indispensáveis ao desenvolvimento do país. Começou a construir escudo de defesa, orientado neste esforço pela Estratégia Nacional de Defesa, que promulgou.

Acima de todos estes avanços, ocorreu algo imensamente importante, ainda que impalpável. Ao se identificar com Lula, o povo brasileiro aceitou-se a si mesmo.

Tudo isso cria condições para a execução da tarefa diante da nação: a construção de modelo de desenvolvimento que dê à maioria os meios educativos e econômicos de que ela precisa para soerguer-se. Nada disso, porém, executa a tarefa. O tema da eleição de 2010 não é o passado. É o futuro.

Enumero oito série de opções que, encadeadas, definem o rumo do modelo de desenvolvimento que convém ao Brasil.

- 1.A posição do Brasil na divisão internacional do trabalho. Temos de optar contra um caminho, como o da Nova Zelândia ou do Chile, que pretenda combinar economia de produção e de exportação de produtos primários com elite internacionalizada de serviços. O Brasil é grande demais para isso. Não deve abandonar sua vocação industrial.

Ao manter-se fiel a ela, entretanto, precisa também optar contra estratégia como a que a China seguiu na maior parte de sua economia: apostar, por muito tempo, em trabalho e desqualificado. Não prosperaremos como uma China com menos gente. O Brasil está ameaçado, como qualquer país de renda média, de ficar preso numa prensa entre países de trabalho barato e países de alta produtividade. Interessa-nos escapar da prensa pelo lado alto, da escalada de produtividade e da qualificação do trabalho, não pelo lado baixo, do aviltamento salarial.

- 2.O financiamento interno de nossa estratégia de desenvolvimento. O capital estrangeiro é tanto mais útil quanto menos se precisa dele. Tratemos de dividir ao meio a seudo-ortodoxia econômica que os governos brasileiros abraçaram em décadas recentes. A parte boa -- o realismo e a responsabilidade fiscais -- haverá de ser vigorosamente reafirmada, mesmo à custa de adiar os instrumentos de uma política contra-cíclica. (As esquerdas que perderam a fé no marxismo costumam abraçar, para substitui-lo, o Keynesianismo bastardo.) A parte nociva -- a tolerância de um nível baixo de poupança pública e privada e a consequente dependência do capital estrangeiro para financiar nosso desenvolvimento -- deve ser repudiada. Nosso nível de poupança sempre esteve abaixo de 20%; o das economias asiáticas que admiramos sempre acima de 40%.

É verdade que em teoria o nível de poupança é mais efeito do que causa do crescimento. Essa verdade teórica, entretanto, não leva em conta o significado estratégico da sequência: a mobilização inicial dos recursos nacionais representa condição para a rebeldia nacional -- para fazer o que nos convém e não o que os mercados financeiros querem. Instaurado cíclo de crescimento, o capital estrangeiro vem por acréscimo e em sua melhor forma; o país que mais recebe investimento estrangeiro é a China, que sempre primou por desrespeitar a religião dos mercados.

A elevação da poupança pública exige o fortalecimento da disciplina fiscal. Já para elevar a poupança privada teríamos de construir incentivos e obrigações capazes de assegurar poupança previdenciária progressivamente proporcional à renda dos cidadãos.

A elevação da poupança privada e pública pode, porém, ser indiferente ou nociva se não fôr complementada pela construção de mecanismos que canalizem a poupança de longo prazo para o investimento produtivo de longo prazo e não permitam que seu potencial produtivo se dissipe num casino financeiro. Uma de nossas preocupações deve ser mobilizar parte da poupança previdenciária para fazer o trabalho do “venture capital”: o investimento em empreendimentos emergentes. E para fazê-lo sob gestão profissional e competitiva, longe do conúbio entre o Estado e as grandes empresas.

- 3.O projeto estratégico da agricultura. Agropecuária continua a ser a principal atividade econômica do Brasil. Pode virar vanguarda e paradigma, ao exemplificar o vínculo entre diversificação da produção e democratização das oportunidades. Para isso, precisa pautar-se por três objetivos entrelaçados. O primeiro objetivo é superar o contraste, meramente, ideológico, entre agricultura empresarial e agricultura familiar. Assegurar atributos empresarias à agricultura familiar, sem que com isso ela tenha de perder seu vínculo com a policultura e seu compromisso com a democratização da propriedade da terra. Não há duas agriculturas no mundo; só há uma. O segundo objetivo é aprofundar a industralização rural, a agregação de valor aos produtos agropecuários no campo. Evitar o contraste entre cidade cheia e campo vazio. E promover vida rural variada e vibrante. O terceiro objetivo é construir em todo o país, não apenas no Sul, classe média rural forte como vanguarda de massa de trabalhadorea agrícolas mais pobres que avançara atrás dela.

O projeto agrícola orientado por tais objetivos poderá vingar no contexto da solução do maior problema físico de nossas agricultura: a recuperação de pastagens degradadas que hoje formam grande parte do território nacional. (No Brasil, para cada hectar sob lavoura há quatro entregues à pecuária extensiva.) Se recuperarmos parte desta área, dobraremos em pouco tempo a área cultivada e triplicararemos nosso produto agrícola sem tocar uma única árvore.

- 4. A reorientação da política industrial. A política industrial do Brasil consiste, há muito, tempo em entregar o dinheiro do trabalhador, açambarcado no FAT, a umas vinte grandes empresas, por mãos do BNDES, sob o pretexto de transformá-las em campeãs mundiais. O discurso é francês. A prática é koreana.

Se, ao contrário, tratássemos de abrir para as pequenas e médias empresas o acesso ao crédito, à tecnologia, ao conhecimento, aos mercados globais, criaríamos o que mais quer o país: dínamo de crescimento includente. São elas a parte mais importante de nossa economia; é ali que se gera a maior parte do produto e é ali que está a vasta maioria dos empregos.

O objetivo maior é organizar fora dos centros industriais uma travessia direta do pré-Fordismo industrial para o pós-Fordismo industrial, sem que o todo o país tenha de penar no purgatório de um paradigma de produção -- produção em grande escala de bens e sereviços padronizados, por meio de mão de obra semi-qualificados e processos produtivos rígidos e hierárquicos -- que já se vai tornando superado no mundo e que inibe nossa ascensão na escalada da produtividade. O Brasil todo não deve ter de virar a São Paulo de meados do século passado para depois tornar-se outra realidade.

O objetivo subsidiário é dotar nossas maiores empresas, parte indispensável de nossa estratégia de desenvolvimento, da periferia que lhes falta, de empresas menores porém vanguardista. Pois é nesta periferia, mais do que nas grandes empresas, que se costumam acalentar, em todo o mundo, as inovações tecnológicas e organizativas mais arrojadas.

- 5. Trabalho e capital. Não se toma no Brasil grande iniciativa institucional em matéria de relações entre trabalho e capital desde Vargas. Precisamos tomar, se quisermos fazer justiça aos trabalhadores e apostar em trabalho valorizado e qualificado como base de nosso desenvolvimento: a maior parte do povo brasileiro está fora do regime legal, de uma forma ou outra. Quase metade da população economicamente ativa continua presa na economia informal, obrigada a trabalhar nas sombras da ilegalidade. E parte crescente dos empregados na economia formal encontra-se em situações precarizadas, de trabalho temporário, terceirizado ou autônomo.

Nenhum dos dois discursos disponíveis a respeito do trabalho e do capital resolve o problema. O discurso neoliberal da flexibilização é corretamente interpretado pelos trabalhadores como eufemismo para descrever a corrosão de seus direitos. O discurso corporativista-sindical do direito adquirido resguarda a minoria que está dentro, porém não a maoiria que está fora.

O lugar para começar é a construção, ao lado do regime estabelecido de leis trabalhistas, de segundo corpo de regras, destinado a proteger, a organizar e a representar os trabalhadores inseguros das economias informal e formal. É obra cujo êxito depende de sua convergência com a reorientação das políticas agrícola, industrial e educativa.

- 6. Capacitação do povo brasileiro. Pelo menos tão importante quanto a democratização das oportunidades econômicas é a democratização das oportunidades educativas. Há duas prioridades.

A primeira prioridade é reconciliar, num país grande, desigual e federativo, a gestão local das escolas pelos estados e municípios com padrões nacionais de investimento e qualidade: federalizar -- na prática, não apenas na lei -- os padrões. A qualidade do ensino que uma criança recebe não deve depender do acaso do lugar onde ela nasce. Para reconciliar gestão local com padrões nacionais, não basta ter sistema nacional de avaliação, como já temos, e mecanismo para redistribuir recursos de lugares mais ricos para lugares mais pobres, como estamos começando a ter. É preciso forjar instrumento para consertar redes de escolas locais que caiam repetidamente abaixo do patamar mínimo aceitável de qualidade. O meio é associar os três níveis da federação em órgãos conjuntos que possam vir em socorro destas escolas, assumi-las temporariamente, confiá-las a gestores profissionais independentes (como se faria com empresas em processo de recuperação falimentar) e devolvê-las consertadas.

A segunda prioridade é mudar a maneira de aprender e de ensinar no Brasil. Substituir ensino ainda pautado por decoreba por ensino analítico e capacitador, com foco no básico: análise verbal e análise numérica. Não há por que escolher entre o enciclopedismo informativo superficial e os modismos pedagógicos.

O lugar para iniciar esta obra é o elo fraco do sistema escolar: a escola média. E o instrumento mais promissor é escola secundáriacom fronteira aberta entre o ensino geral de orientação analítica e ensino técnico que priorize o domínio de capacitações práticas flexíveis e genéricas em vez de priorizar a aprendizagem de ofícios rígidos.

Esta reorientação do paradigma pedgógico em todos os níveis do ensino, a partir da escola média, há de ocorrer em paralelo a esforço para avançar na pré-escola. Resgatar milhões de crianças pobres de uma insuficiência alimentar e cognitiva de efeitos duradouros.

Premissa para tudo isso é a formação de carreira nacional de professor, construída por colaboração federativa e comprometida com a requalificação periódica dos quadros.

- 7.A reconstrução do Estado. Não existe ainda no Brasil o Estado capaz de executar o programa que aqui se esboça. Nosso Estado continua a ser balofo e incapaz.

Há três agendas de gestão pública a executar. Embora estejam associadas a três séculos diferentes, não nos podemos contentar em executá-las em sequência, aguardando a execução de cada uma para iniciar a execução da seguinte. Precisamos executá-las simultaneamente, ainda que passo por passo, porque todas três são necessárias ao avanço desta alternativa nacional.

A primeira agenda, a do profissionalismo burocrático, é a obra incompleta do século 19 em matéria de administração pública. Temos ilhas de profissionalismo no Estado que continuam a flutuar em oceano de discricionariedade política.

A segunda agenda, a da eficiência administrativa, está associada ao século 20. Reinventar para o setor público práticas de gestão tradicionalmente empregadas no setor privado: padrões de desempenho, garantias de transparência, mecanismos, dentro e fora do Estado, para avaliar, incentivar e cobrar resultados. Transformar radicalmente o direito e o processo administrativos. Metade do que temos é camisa-de-força, baseada em desconfiança. A outra metade é o oposto: a delegação de poderes discricionários a potentados administrativos. Ambas as metades teriam de ser substituídas por regras e procedimentos que subordinassem, de maneira flexível, a objetivos definidos o trabalho da administração pública em cada campo.

A terceira agenda, a tornar-se cada vez mais importante no curso do século 21, é a do experimentalismo na maneira de prover e de qualificar os serviços públicos, inclusive de educaçaõ e de saúde. Nada de escolher apenas entre a provisão burocrática de serviços padronizados de baixa qualidade e a privatização destes serviços em favor de empresas orientadas por objetivo de lucro. Há terceira possibilidade: o Estado ajudar a organizar, a equipar, a financiar, a coordenar e a monitorar a sociedade civil independente para que ela participe da provisão competitiva e experimental dos serviços prestados pelo Estado ao cidadão. É a melhor maneira de qualificá-los.

- 8. O aprofundamento da democracia brasileira por meio da institucionalização da cultura republicana. Há dois pontos de partida.

O primeiro ponto de partida é a reconstrução de nosso federalismo, pela qual passam quase todas as soluções de nossos problemas nacionais. Substituir federalismo de repartição rígida de competências entre os três níveis da federalismo por um federalismo cooperativo que os associe em ações conjuntas e em experimentos compartilhados. Substituiremos o velho movimento pendular -- mais poder para o governo central ou para os estados e municípios -- por mudança na natureza da relação.

O segundo ponto de partida é a adoção de medidas que comecem a tirar a política da sombra corruptora do dinheiro. A primeira medida é o financiamento público das campanhas eleitorais, que por sí acordo com a variabilidade da receita, para que o orçamento deixe de ser o só diminui a influência do dinheiro privado. A segunda medida é a revisão do processo orçamento: o orçamento para valer, ainda que com partes variáveis de acordo com a variabilidade da receita pública, para que o orçamento deixe de serpalco pantanoso da negociação entre os grandes interesses do país. A terceira medida é a substituição da grande maioria dos cargos comissionados, de nomeação política, por carreiras de Estado.

Estas oito séries de opções, que juntas definem rumo nacional capaz de basear o desenvolvimento na ampliação de oportunidades, têm seu complemento e sua contrapartida em grandes iniciativas regionais. A tarefa é abordar as grandes regiões não resolvidas do país -- o Nordeste, a Amazônia e o Centro-Oeste --, que compõem de longe a maior parte do território nacional, não como regiões atrasadas a mendigar favores senão como vanguardas potenciais na reoreintação da estratégia de desenvolvimento.

No Nordeste, que não tem projeto abrangente há cinquenta anos e onde vive um terço dos brasileiros, começar pela instrumentalização das duas maiores forças construtivas que já atuam: um emprendendorismo emergente encarnado em redes de pequenas e médias empresas, inclusive e sobretudo no semi-árido, e uma inventividade tecnológica popular, difusa porém desequipada. Entender que assim como não há caminho para o Brasil sem caminho para o Nordeste, não há solução para o Nordeste sem solução para o semi-árido.

Na Amazônia, tanto da floresta como cerrado, teimar em dar conteúdo prático ao consenso abstrato em favor de um desenvolvimento que seja ao mesmo tempo sustentável e includente. Em toda a Amazônia, persistir na dinâmica, já iniciada, da regularização fundiária e ambiental -- a base de tudo. Na Amazônia da floresta, lutar pelo soerguimento do extrativismo madereiro e não madereiro, montado na conjunção de ciência e tecnologia avançadas com escala econômica. O bioma amazônico não pode ser salvo pela polícia; só pode ser salvo por alternativas. Na Amazônia do cerrado, começar pela recuperação de pastagens degradadas e, portanto, pelo resgate do cerrado.

No Centro-Oeste, não permitir que esta versão concentrada do dinamismo brasileiro se transforme em celeiro maculado por desigualdades extremas. Insistir na combinação de diversificação produtiva, com agregação de valor aos produtos agropecuários, e democratização de oportunidades. Substituir progressivamente a pecuária extensiva por pecuária intensiva, agricultura de alto valor agregado, muitas escalas de propriedade e de produção, agrocombustíveis e manejo florestal sustentável. Trabalhar por rede de cidades médias e pela disponibilidade de serviços públicos e privados de alta qualidade. Junto com o aprofundamento da indstrialização rural, construirão as bases de sociedade diversificada e democrática no planalto.

Utopia? Tudo isso é factível com instrumentos que já temos à mão. Nada disso é mero amontoado de iniciativas desconcexas. Estas opções setoriais e regionais demarcam um rumo para o Brasil. E propõem os primeiros passos.

O objetivo que as unifica é dar braços, asas e olhos à vitalidade brasileira.





Se na batalha de Passo do Rosário houve controvérsias. As Vitórias em Lara-Quilmes e Monte Santiago, não deixam duvidas de quem às venceu!
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Re: GEOPOLÍTICA

#1072 Mensagem por GustavoB » Seg Dez 07, 2009 10:43 am

Wallerstein: O retorno da direita latino-americana

Algo estranho acontece na América Latina. As forças de direita dali podem se dar melhor na presidência de Barack Obama do que nos oito anos de George W. Bush. Este liderava um regime de extrema direita sem nenhuma simpatia pelas forças populares na América Latina. Pelo contrário, Obama lidera um regime centrista que tenta replicar a "política da boa vizinhança" com que Franklin Roosevelt anunciou o fim da intervenção militar direta dos Estados Unidos na América Latina.

Por Immanuel Wallerstein*

Durante a presidência de Bush, a única tentativa séria de golpe de Estado com o respaldo dos Estados Unidos ocorreu em 2002 contra Hugo Chávez na Venezuela, e essa tentativa falhou. Foi seguida por uma série de eleições em toda a América Latina e no Caribe, onde os candidatos de centro-esquerda ganharam em quase todos os casos. A culminação foi uma reunião no Brasil em 2008 - na qual os Estados Unidos não foram convidados e na qual o presidente de Cuba, Raúl Castro, recebeu tratamento de herói virtual.

Desde que Obama assumiu a presidência, conseguiu-se perpetrar um golpe de Estado: em Honduras. Apesar da condenação que o presidente expressou, a política norte-americana foi ambígua, e os líderes do golpe ganharam sua aposta de se manter no poder até as próximas eleições para presidente. Há apenas pouco tempo, no Paraguai, o presidente católico de esquerda Fernando Lugo pôde evitar um golpe militar. Mas seu vice-presidente, Federico Franco, de direita, está manobrando para obter de um Parlamento nacional hostil a Lugo um golpe de Estado que assuma a forma de um enjuizamento. E os dentes militares se afimam em uma série de outros países.

Para entender essa aparente anomalia devemos olhar a política interna dos Estados Unidos e como ela afeta sua política exterior. O Partido Democrata é a mesma coalizão ampla que sempre foi, mas o Partido Republicano se moveu mais para a direita. Isso significa que os republicanos têm uma base menor. O lógico seria que isso significaria muitos problemas eleitorais. Mas, como estamos vendo, isso não funciona exatamente desse modo.

As forças da extrema direita que dominam o Partido Republicano estão muito motivadas e são muito agressivas. Buscam purgar todos e cada um dos políticos republicanos que considerem muito "moderados" e tentam forçar os republicanos no Congresso a uma atitude negativa uniforme para com todas e cada um das coisas que o Partido Democrata, e particularmente o presidente Obama, propuser. Os acertos políticos de compromisso já não são visto como politicamente desejáveis. Pelo contrário. Os republicanos são pressionados para marchar no ritmo de um único tamboreiro.

Entretanto, o Partido Democrata age como sempre agiu. Sua ampla coalizão vai da esquerda para uma certa direita do centro. Os democratas no Congresso investem quase toda a sua energia política na negociação entre uns e outros. Isso implica no fato de que é muito difícil aprovar legislações significativas, como vemos atualmente com a tentativa de reformar as estruturas de saúde norte-americanas.

Então, o que isso significa para a América Latina (e de fato para outras parte do mundo)? Obama tem uma base diversa e uma agenda ambígua. Sua postura pública balança entre uma firme posição centrista e gestos moderados de centro-esquerda. Isso torna sua posição política essencialmente frágil. Obama desilude os eleitores de esquerda, e a realidade de uma depressão mundial faz com que alguns de seus eleitores centristas se afastem dele por medo a uma dívida nacional crescente.

Para Obama, da mesma forma que para Bush, a América Latina não está no topo das prioridades. Ele está muito preocupado com as eleições de 2010 e 2012. E isso não é algo insensato. O que a direita latino-americana faz é tirar vantagem das dificuldades políticas internas de Obama para pressioná-lo. Dão-se conta de que ele não conta com a energia política disponível para freá-los. Além disso, a situação econômica mundial tende a redundar contra os regimes no poder. E na América Latina de hoje são os partidos de centro-esquerda os que estão no poder. Se Obama conseguir triunfos políticos importantes nos próximos dois anos, isso frearia, de fato, o retorno da direita latino-americana. Mas ele irá conseguir esses triunfos?

* Sociólogo americano, 79, pesquisador e professor na Universidade de Yale; tradução de Moisés Sbardelotto




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Re: GEOPOLÍTICA

#1073 Mensagem por Crotalus » Seg Dez 07, 2009 1:26 pm

Pois é Suntsé, este é mais um paradoxo geopolítico, o de derrubarem Fugimore por ter "quase" acabado com a guerrilha terrorista maoista do sendero luminoso. Parece que prepararam uma cilada para o japa, porque cometeu esta heresia. E com participação de um informante da cia, lembram? Isto prova a complexidade das relações entre eua e América Latina e o comunismo maoista...




Save the Amazon!! Burn an english!!!
co ivi oguereco iara (esta terra tem dono)
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Re: GEOPOLÍTICA

#1074 Mensagem por Penguin » Seg Dez 07, 2009 10:25 pm

OESP, 07/12

ESPAÇO ABERTO
Ahmadinejad, atração fatal?
Lourdes Sola

A recente visita de Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil suscita questões que vão além dos objetivos
e das declarações oficiais. Ela trouxe para o centro do debate público os cálculos geopolíticos e as
ambições do atual governo. Parte dos quais permanecia mais obscura do que está hoje. O fato de ser
Ahmadinejad quem é deu novos contornos e novo impulso à discussão sobre questões de política
externa pertinentes para a formação de uma nova agenda pública.
Um ponto de partida conveniente é superar o que chamo de desinformação útil, porque abre
espaço para um alinhamento automático com o Terceiro Mundo. Cumpre eliminar a desinformação que
impede o bom debate com os estrategistas do governo e também entre seus críticos. O que já sabíamos,
graças à mídia independente? Recebemos um radical extremista que nega o Holocausto, demoniza o
Ocidente, financia movimentos terroristas, cujo governo quadruplicou as execuções em massa este ano
(359) de opositores e criminosos comuns.
Mas há um day after da visita. No plano simbólico e político, o currículo de Ahmadinejad tornou
bem mais ingrata a tarefa de projetar o Brasil e a liderança internacional do presidente Lula nos termos
simplistas usados até aqui: como porta-voz dos desvalidos, do Terceiro Mundo, solidário a governos
legitimados por movimentos populares. Bastou-me uma releitura das análises da crise de junho no Irã, de
colegas credenciados por suas raízes na cultura e na sociedade do país, para desconstruir a imagem de
Ahmadinejad que atrai as esquerdas, aqui e alhures: a de herói nacionalista dos islâmicos destituídos. As
dissonâncias são gritantes. Uma delas é que a fraude eleitoral legitimou a ala teocrática, que perigava
perder (de novo) sua hegemonia para a tendência reformista - alas em tensão permanente desde a
fundação da República Islâmica, por Khomeini, em 1979. O impulso reformista vem de dentro do Estado
teocrático, não do Ocidente liberal, e carrega um apelo popular forte.
A eleição de Ahmadinejad em 2002 significou a restauração teocrática, tutelada pelo Guia
Supremo (é assim que se diz por lá) e pela hierarquia superior das Forças Armadas, da qual nosso
visitante faz parte. Ela liquidou com os experimentos reformistas de seu antecessor (Khatami), que
deram visibilidade às demandas e à composição social dos movimentos pró-abertura: estudantes,
mulheres, intelectuais, artistas, homossexuais e minorias étnicas. O que as esquerdas globalizadas,
incautas, compraram são construções ideológicas que lhes permitem "enxergar" o Irã de Ahmadinejad
com suas próprias lentes. Quer dizer, como herói dos oprimidos, porque distribui as migalhas da riqueza
do petróleo entre eles, por seu Programa Nuclear e sua obstrução às inspeções internacionais como
exercício de um direito à soberania. Como toda idealização, esta facilita uma negação conveniente das
características perturbadoras para nossa sensibilidade democrática. A pior delas é a substituição do
regime oligárquico de Khatami por um regime autocrático que submete o corpo social a uma versão
fechada e excludente do Islã.
Por trás de Ahmadinejad há um aparelho de repressão sofisticado, um sistema de comunicação
ocidentalizado moderno e uma nova burguesia, cevada pela corrupção do regime. Suas milícias não são
populares, mas estão ancoradas nos centros de riqueza mais poderosos do país. Por isso soa tão
absurda a facilidade com que as esquerdas compraram a pecha que o presidente do Irã carimbou nos
movimentos de protesto e seus líderes, parte deles de classes médias: elites! Outra dissonância é
relacionada à forma de recrutamento das elites governamentais. O Guia Supremo tem a última palavra
sobre a política e a lei, enquanto o presidente e o Parlamento são eleitos por sufrágio universal. Mas só
depois de submeter os candidatos a duras provas, que testam sua "islamidade", pelo Conselho Guardião,
tutelado pelo Guia Supremo. Logo, não há como descredenciar os concorrentes de Ahmadinejad e os
movimentos que os apoiam por aderência a forças "anti-Islã". É outra manobra populista.
Está visto que o Irã de Ahmadinejad está nos antípodas de nossa sensibilidade e experiência
democrática. Então, por que a pompa e o pragmatismo desmesurados com que nosso governo, com sua
vocação midiática, promoveu uma visita que reverberou por toda a mídia internacional? Por que o
endosso a um Programa Nuclear condicionado a fins pacíficos, apesar das evidências em contrário,
quando bastava condicioná-lo às inspeções internacionais a que nos submetemos? Por que equacioná-lo
em termos de direito ao exercício da soberania, quando o mundo globalizado exige instituições de
governança e regulação globais? Senão, o que é que vamos fazer em Copenhague?
Parte da resposta é a desinformação conveniente que facilita a sonegação das evidências
perturbadoras. Ideologia. Mas o fator principal e mais problemático é o pragmatismo extremado, que
visa, bem mais que nossos interesses comerciais, o Conselho de Segurança da ONU, etc. Prevalece a
estratégia de projetar Lula como promotor e árbitro da paz no Oriente Próximo e Médio: agora e na era
pós-Lula. A qualquer custo. Uma estratégia arriscada, por duas razões. Ante a escalada exponencial da
repressão no Irã, o desconforto que a retórica farsesca de Ahmadinejad causa entre os próprios aiatolás
sugere uma abertura política. Como ficamos nós aos olhos dos democratas de lá e de cá? Segunda, um
hiperpragmatismo desavisado, em política externa, implica condicionar a interesses personalistas uma
tarefa histórica sem precedentes: a responsabilidade do Brasil - um dos dois países democráticos entre
os Brics - na construção de uma ordem internacional menos hierárquica.

Lourdes Sola, professora da USP, ex-presidente da Associação Internacional de Ciência
Política, é diretora do Global Development Network, do International Institute for Democracy e do
Conselho Internacional de Ciências Sociais.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1075 Mensagem por Penguin » Ter Dez 08, 2009 9:37 am

O Globo, 08/12

OPINIÃO
Brasil lava as mãos
Osias Wurman

A meteórica passagem pelo Brasil do tirano iraniano, inimigo das liberdades democráticas que
permeiam a sociedade brasileira, foi retratada de forma distorcida. Muita luz nos abraços oficiais, e uma
sombra sobre fatos, da maior relevância, que aconteceram alguns dias antes da visita de Ahmadinejad.
Refiro-me à desesperada mensagem deixada pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud
Abbas, no encontro com o presidente Lula.
Abbas condenou veementemente Ahmadinejad, Hammas e todo tipo de terrorismo, numa
reunião com a comunidade judaica da Bahia, cujo anfitrião foi o governador judeu-brasileiro Jaques
Wagner. Pediu a interferência do presidente Lula, junto a Ahmadinejad, para criticar o financiamento
iraniano ao Hammas, grupo fundamentalista que fomenta o terrorismo.
Acrescentou que realiza tratativas com o presidente de Israel, Shimon Peres, e que acredita na
negociação como instrumento para a paz. Relatou que faz reuniões com comunidades judaicas em todo
mundo, pois acredita que mais de 70% do povo israelense e do povo palestino querem a paz. Estes fatos
e afirmações relevantes de Abbas não mereceram destaque no noticiário oficial.
Parece também que, em Brasília, não tiveram efeito prático.
A recente votação promovida pela Agência Internacional de Energia Atômica mostra a posição de
nosso governo.
O Irã foi condenado por 25 das nações, incluindo seus parceiros comerciais chineses e russos.
Obteve três votos a favor, de Cuba, Malásia e Venezuela.
E seis nações se abstiveram, incluindo o Brasil. Abster-se de condenar é, na prática, lavar as
mãos. Quem não decide cala; e quem cala consente. Horas depois da votação na AIEA, o governo
iraniano já desdenhava ameaçadoramente, anunciando o início de construção de mais 10 instalações
com centrífugas para enriquecer urânio.
Assim é o governo do Irã, que espelha o espírito belicista e vingativo de seu líder Ahmadinejad.
Inocentes os que ainda nutrem qualquer tipo de simpatia ou esperança pacifista no regime que oprime,
discrimina e elimina a mídia não oficial, mulheres rebeldes, homossexuais e minorias religiosas.
Os apelos de Mahmoud Abbas, o único parceiro palestino com credibilidade e boa vontade para
negociar a paz, parece que não tiveram efeito prático, ou imediato, nos corredores de Brasília.
Esperamos que suas palavras e apelos, junto ao presidente Lula, não tenham caído como letras mortas
ou palavras ao vento. Quem está pela paz deve isolar Ahmadinejad e ficar com Abbas.

OSIAS WURMAN é jornalista e cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1076 Mensagem por Penguin » Ter Dez 08, 2009 9:43 am

São Paulo, terça-feira, 08 de dezembro de 2009

ELIANE CANTANHÊDE

Encantados, mas críticos

BRASÍLIA - Conversando daqui e dali com diplomatas estrangeiros em Brasília, confirma-se que, sim, os países ricos, pobres e mais ou menos estão encantados com Lula, mas também acham que ele tenta dar passos maiores do que as pernas na política externa.
No caso de Honduras, o mundo todo condenou o golpe, mas o Brasil se coloca como um herói isolado, o bastião da democracia, e agora se recusa a apoiar o resultado das eleições só para testar forças com os EUA na OEA. Soa infantojuvenil.
Em vez de agarrar-se à defesa de um princípio, a democracia, e de um país, Honduras, o Brasil agarra-se a um personagem: Zelaya. Não quer fechar uma página e abrir outra, acatando Porfírio Lobo e arrancando dele compromissos de um governo de pacificação e respeito ao presidente deposto.
No caso do Irã, as opiniões se dividiram entre os que simplesmente rechaçaram o encontro Lula-Ahmadinejad em Brasília e os que entendem a necessidade de integrar o regime iraniano às normas de convivência internacional. Mas ninguém engoliu o Brasil lavar as mãos no voto de censura da ONU ao Irã por causa da questão nuclear, principalmente depois de Lula dizer que a reação dos opositores em Teerã era chororô de "derrotados".
Além disso, a diplomacia instalada em Brasília vê Lula querendo ser o líder sempre, em toda a parte -hoje, na reunião sul-americana em Montevidéu; depois, na Conferência do Clima em Copenhague. Há um exagero, que gera ciúmes e ironias: "Por que ele não se ocupa mais em combater a corrupção no Brasil?", perguntaram-me ontem.
Uns e outros adoraram o vexame de Manaus, onde Lula esperava nove presidentes para brilhar e acabou fazendo Sarkozy atravessar o Atlântico para tomar cafezinho com um único presidente: o da Guiana Inglesa. Em alguns relatórios de embaixadas para suas chancelarias, o relato do episódio resvala para a mais pura chacota.

elianec@uol.com.br




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Re: GEOPOLÍTICA

#1077 Mensagem por kurgan » Qua Dez 09, 2009 4:28 pm

09/12/2009 - 16h00
Premiê grego admite que problemas financeiros ameaçam soberania do país

Atenas, 9 dez (EFE).- O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreu, admitiu hoje, em Atenas, que os problemas financeiros ameaçam a soberania nacional da Grécia e se comprometeu a fazer tudo o que for necessário para reduzir o déficit e a dívida pública, além de restaurar a confiança dos mercados.

"Ou acabamos com a dívida, ou a dívida acabará conosco", disse Papandreu, durante uma reunião no gabinete ministerial transmitida pela televisão estatal."Pela primeira vez desde 1974 (quando a democracia foi instaurada), a situação das finanças públicas ameaça nossa soberania nacional", ressaltou.

Papandreu assegurou que seu Executivo socialista, que chegou ao poder após as eleições legislativas de 4 de outubro, "assumirá todas as medidas necessárias para tirar o país da crise" e reduzir seu alto déficit público."Essa é a única forma de assegurar que a Grécia não perderá seus direitos soberanos", disse o primeiro-ministro.

A degradação da dívida pública grega por parte da agência de análise de riscos Fitch Ratings causou alarme nos mercados internacionais, que ainda não se recuperaram dos problemas causados pelo consórcio Dubai World.A revisão de "A-" para "BBB+", o nível mais baixo da zona do euro, se deve às dúvidas sobre a capacidade da Grécia de reduzir seu déficit fiscal e sua dívida pública de forma duradoura.

Papandreu disse que, em janeiro, apresentará em Bruxelas um programa de estabilidade e de desenvolvimento que será uma "proposta confiável para enfrentar todos os problemas do país, da mesma forma que o grande peso do déficit e da dívida pública, que dispararam nos últimos anos".

http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 50319.jhtm




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Re: GEOPOLÍTICA

#1078 Mensagem por kurgan » Qui Dez 10, 2009 8:19 am

10/12/2009 - 04h59
Brasil destaca aspecto social de proposta peruana contra corrida armamentista

Lima, 10 dez (EFE).- O embaixador do Brasil em Lima, Jorge D'Escragnolle, destacou o aspecto social da proposta do governo peruano contra a corrida armamentista, e disse que "é muito provável" que o tema seja discutido durante a visita que o presidente Luiz Inácio Lula Da Silva fará amanhã ao Peru.

Em entrvista coletiva, o embaixador explicou que a ideia do presidente peruano, Alan García, é incentivar os países latino-americanos a destinar parte de suas despesas com defesa para o desenvolvimento social.

Segundo D'Escragnolle, este "é o típico assunto que comove o presidente Lula".A proposta está sendo promovida por García na União de Nações Sul-americanas (Unasul) e durante encontros com governantes da região.O embaixador disse, além disso, que o Brasil "não ingressou em uma corrida armamentista", embora atualmente esteja modernizando os equipamentos das Forças Armadas.

"O Brasil não se está rearmando porque não temos inimigos", justificou. "Este é um trabalho de muitos anos. Não estamos comprando armas para atacar ninguém e não vejo também a possibilidade de sermos atacados", acrescentou.

O presidente Lula chegará amanhã ao Peru para uma visita oficial com o objetivo de reforçar os laços entre os dois países. Junto com Alan García, o chefe de governo brasileiro deverá assinar um convênio para o Estabelecimento da Zona de Integração Fronteiriça Peru-Brasil e o Acordo Marco sobre Localidades Fronteiriças Vinculadas.

Além disso, os dois governantes analisarão o estado dos acordos firmados em Rio Branco do Acre, no dia 28 de abril deste ano.


http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 50344.jhtm




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Re: GEOPOLÍTICA

#1079 Mensagem por FOXTROT » Qui Dez 10, 2009 1:22 pm

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América Latina tem rápida recuperação com liderança do Brasil
10 de dezembro de 2009

SANTIAGO, 10 dez 2009 (AFP) - A recuperação econômica na América Latina será mais rápida que o previsto, firmou a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), que antecipou para 2010 uma expansão regional de 4,1%, liderada pelo Brasil.
"A recuperação das economias da América Latina e do Caribe da crise internaiconal será mais rápida que o previsto há alguns meses", afirmou a CEPAL, organismo subordinado à ONU, ao entregar em Santiago seu balanço anual das economias latino-americanas.

"O pior da crise ficou para trás", afirmou a secretária-geral do organismo, a mexicana Alicia Bárcena.

Brasil, a maior economia da região, liderará o crescimento regional no próximo ano, com uma expansão de 5,5%, seguido do Peru e Uruguai (5,0%) e Bolívia, Chile e Panamá (4,5%).

A Argentina se expandirá 4,0%, enquanto que o México registrará 3,5%, como a Costa Rica e República Dominicana.




"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: GEOPOLÍTICA

#1080 Mensagem por FOXTROT » Ter Dez 15, 2009 9:12 am

terra.com.br

Trem Belgrado-Sarajevo entra novamente em operação
14 de dezembro de 2009 •

Tiveram que se passar quase 18 anos para que uma das muitas feridas da guerra da Bósnia fosse fechada e aquela que foi uma popular ponte de troca entre os diferentes povos e culturas da extinta Iugoslávia voltasse a funcionar: a linha férrea entre Belgrado e Sarajevo.
O cordão entre as capitais da Sérvia e da Bósnia foi fechado no início da guerra, em 1992, e a partir de hoje voltará a circular diariamente, embora seu trajeto durará oito horas, dois mais que antes do conflito.

As fronteiras levantadas desde então e a obrigação de controle de passaportes e alfândega são as responsáveis por uma demora que não existia quando o trem percorria por um único país.

Embora não haja avaliações oficiais sobre o número de passageiros que usarão a linha, calcula-se que em um primeiro momento circulará a 50% de sua capacidade, e é pouco provável que alcance os níveis de antes, quando era o principal elo entre a então capital iugoslava e Sarajevo.

"Esperamos que a linha seja rentável. Seu restabelecimento é uma resposta a vários pedidos de potenciais clientes de nossos serviços", declarou à Agência Efe Tanja Cvorovic, do escritório de imprensa da empresa pública sérvia de ferrovias.

Com esta nova rota, com a qual se restabeleceram todas as formas de transporte entre as capitais da Sérvia e Bósnia, também se deu um passo na reconciliação e na melhora das relações entre os povos dos dois países vizinhos.

Há anos operam ônibus e vários voos semanais, embora também circulem trens entre Belgrado e Banja Luka, cidade bósnia do noroeste, sede administrativa do ente sérvio da Bósnia.

"A vantagem do trem é múltipla e se refere ao conforto e à comodidade que o ônibus não tem, à possibilidade de uso do restaurante, e outras coisas", acrescentou Cvorovic, ao explicar que esta nova linha poderá competir com boas expectativas com o ônibus, cujas passagens são mais caras.

Por enquanto, circularão trens "comuns", pouco modernos, mas a empresa ferroviária bósnia anunciou que introduzirá nesta linha trens Talgo de alta tecnologia, que adquirirá mediante um acordo com a Espanha e que espera obter a partir de 2010.

Demorou-se tanto em restabelecer viagens por trem entre as duas cidades devido à má infraestrutura ferroviária bósnia, que também sofreu grandes danos durante a guerra, e que se reconstrói agora com doações e créditos europeus.

A linha, inaugurada no último domingo com pouca publicidade, passa em um pequeno trecho também por uma região croata muito conflituosa durante a decomposição da Iugoslávia nas guerras nacionalistas, que acabaram com o Estado comum que durante 70 anos compartilharam Bósnia, Croácia e Sérvia.

Nas décadas de 1970 e 1980, os trens que uniam Belgrado e Sarajevo - Bosnia Express e Olympic Express, este segundo em lembrança dos Jogos Olímpicos de inverno realizados na capital bósnia em 1984 - foram muito populares e considerados dos mais modernos do então próspero país.

Belgrado era sua capital e o maior centro cultural, universitário e administrativo, sobre o qual gravitavam todo tipo de ideias e pessoas.

Sarajevo, por sua vez, era um centro multiétnico que ganhou uma grande popularidade no país por sua inovadora cena musical e artística livre, por seus cafés e outros lugares de entretenimento, sobretudo para os jovens.




"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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